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Balancemento de Molde

Você tem problemas com cavidades do seu molde que


apresentam rebarbas enquanto outras preenchem normalmente ou
mesmo não são preenchidas por completo? Tem dificuldade em
obter uma homogeneidade de qualidade entre as diferentes
cavidades do seu molde? Percebe uma inconsistência dimensional e
de aparência de uma cavidade para outra?

Uma das possíveis causas para estes problemas é o


desbalanceamento do molde de injeção. Neste artigo eu comento
sobre o que é o balanceamento, as possíveis consequências de não
obtê-lo e como garantir que seus moldes sejam balanceados e
evitem os problemas relatados acima.

Molde balanceado
Na Figura 1 você pode ver a imagem de uma simulação
computacional na qual todas as cavidades foram preenchidas ao
mesmo tempo. Esta é a primeira evidência do balanceamento de
cavidades de um molde.

Figura 1 - Molde balanceado


Contudo, este não é o único critério a ser levado em conta. A
simetria geométrica das cavidades é importante. Juntamente com
esta simetria, vem a distribuição uniforme de pressões em toda a
área projetada do molde. Esta uniformidade assegura uma maior
sobrevida ao molde, minimizando desgastes. Também garante uma
maior durabilidade para a máquina injetora.

Uma forma de se conseguir moldes balanceados é posicionar


as cavidades e pontos de injeção de forma que as distâncias entre a
bucha de injeção e cada um dos pontos de injeção seja idêntica.
Lembre-se de que a simetria é importante (veja a Figura 2 - ambas
as imagens possuem a mesma distância da bucha de injeção
(centro da imagem) ao ponto de injeção, porém a da direita
também é simétrica).

Para que isso seja possível sempre, procure construir seu


molde com um número de cavidades que seja uma potência de 2.
Em outras palavras, o número de cavidades de um molde, deve ser
igual a 2n. Dessa forma, sempre será possível bifurcar o canal de
alimentação e manter as distâncias iguais.

Figura 2 - Balanceamento de distância e simetria

Número de cavidades diferente


Em alguns casos, a escolha do número de cavidades do molde
segue um critério econômico. É calculado para atender a uma certa
demanda de produção otimizada, ou para minimizar os custos e
maximizar os lucros de produção. Se este for o seu caso e se o
número calculado não seguir a regra da potência de 2, uma saída é
realizar a disposição das cavidades de forma circular como na
Figura 3.

Figura 3 - Balanceamento circular

Balanceamento artificial
Nos casos em que, por qualquer motivo, não puder ser
realizada a disposição das cavidades a uma mesma distância da
bucha de injeção, em que o número de cavidades não puder ser
uma potência de 2 ou naqueles casos onde uma disposição circular
não é viável, pode-se recorrer ao balanceamento artificial.

Este balanceamento é conseguido com diferentes diâmetros


de canais de alimentação de forma a favorecer o fluxo de material
para as cavidades mais distantes primeiro.

O problema com este tipo de abordagem é assegurar o


perfeito funcionamento do sistema. Simulações computacionais
podem ajudar a determinar os diâmetros adequados (alguns
sistemas até calculam automaticamente este valor). Moldes
protótipo também contribuem para a avaliação da funcionalidade.

De qualquer forma é uma alternativa a ser explorada como


último recurso.

Molde família
Moldes família são aqueles que contêm múltiplas cavidades de
peças diferentes. Em geral, peças que compõe um sistema e que
são diferentes em volume geometria e características de
preenchimento.

Para este tipo de molde as condições de balanceamento se


assemelham às dos moldes que necessitam de balanceamento
artificial. De fato, trata-se exatamente disto, utilizar canais de
alimentação diferenciados criando um padrão de fluxo diferenciado
que acaba levando ao preenchimento por igual (ou quase) de todas
as peças.

Consequências de molde desbalanceado


A Figura 4 mostra um molde desbalanceado. Note que a
disposição das cavidades é a mesma da Figura 1, porém a
construção do canal de alimentação torna as distâncias entre a
bucha de injeção e cada cavidade bastante diferentes.

Figura 4 - Molde desbalanceado


Como consequência, algumas cavidades preenchem antes das
outras (neste caso específico, a combinação de espessura da peça,
dimensionamento do pontos de injeção e canais de alimentação, fez
com que as peças centrais preenchessem primeiro, mas é bem
possível que o contrário ocorra em outras condições).

Essa diferença no tempo de preenchimento é só a ponta o


iceberg. As cavidades que enchem primeiro ficam mais tempo sob
pressão, por outro lado as cavidades que enchem por último estão
suscetíveis aos picos de pressão de fim de fluxo... Cada uma dessas
situações pode levar ao aparecimento de rebarbas, desgaste do
molde, variações dimensionais de cavidade para cavidade, má
aparência superficial e até mesmo pode impedir que algumas das
cavidades sejam preenchidas.

Seja qual for o caso, a principal consequência de um molde


desbalanceado é a falta de qualidade e produtividade. Estas
consequências têm impacto direto no custo e potencial de sucesso
de uma aplicação.

Conclusão
O conceito de balanceamento de molde é bastante difundido.
Uma das primeiras coisas que se aprende nas escolas de formação
em processamento de polímeros. Mesmo assim, constantemente
encontro moldes desbalanceados que poderiam facilmente ser
concebidos de outra forma aumentando a qualidade e
produtividade.

Por este motivo, é importante ter estes conceitos, embora


simples, cruciais sempre em mente. Mais do que isso, devem ser
aplicados e verificados constantemente. Muitas vezes, a solução de
um problema complexo está na aplicação das regras mais básicas!

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