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Administração Do Circulante
Administração Do Circulante
DO
CIRCULANTE ADMINISTRAÇÃO
Fluxo de Caixa.........................................................................................................75
Planejamento de ingressos e desembolsos......................................................................................76
Controle do Fluxo de Caixa.....................................................................................................................83
Gabarito.................................................................................................................. 161
Referências............................................................................................................ 169
Apresentação
O objetivo da disciplina Ativo Circulante é inserir o
aluno no campo de estudos da Administração Financeira
a curto prazo nas organizações e, para isso, oferece uma
base necessária para que você compreenda o importante
papel do administrador no contexto econômico-financei-
ro. Através dessa disciplina, você utilizará os conhecimen-
tos adquiridos na contabilidade para analisar as empresas
do ponto de vista financeiro, criando indicadores para rea-
lizar o planejamento do Capital de Giro.
Na sequência, por volta de 1940, o foco das finanças foi direcionado para a gestão de
curto prazo, centrada no Capital de Giro e no planejamento financeiro de curto prazo.
dos das finanças se direcionam para as operações de rotina, ou seja, para o con-
trole orçamentário, a previsão de vendas, a determinação de preços de produtos
e serviços, o planejamento do fluxo de caixa, a análise de custo de despesas e
seu respectivo controle.
1
controller: funcionário responsável pelas atividades contábeis da empresa, tais como administração tributária, informática, contabilidade de custos e finan-
ceira (GITMAN, 2002).
12
Da década de 1940 até meados dos anos 1950, as finanças voltaram a enfocar
as empresas com base em decisões externas, estudando-as do ponto de vista de um
emprestador (aplicador) de recursos, sem atribuir maior destaque às decisões de orga-
nização interna (ASSAF NETO, 2003).
A partir do início da década de 1990, a grande evolução da teoria das finanças prio-
rizou outro importante segmento de estudo: a gestão de risco (ASSAF NETO, 2003).
Uma ferramenta importante e moderna que vem sendo utilizada no campo finan-
ceiro é o gerenciamento holístico do risco. Trata-se de uma abordagem sistemática,
segundo a qual, os fatores de risco são considerados em relação ao negócio da firma e
suas implicações com o consumidor e o mercado como um todo.
emergência ambiental; e
incorporações e parcerias;
finanças pessoais;
banking; e
13
Como praticamente toda ciência, as finanças incorporaram em seu escopo as
grandes evoluções do mundo contemporâneo. Seus métodos de avaliação e conteú-
do conceitual assumiram um caráter bem mais abrangente, elevando sua importância
para as empresas. O administrador financeiro, por seu lado, passou a ser mais exigi-
do, identificando uma necessidade de especialização e atualização cada vez maiores
(ASSAF NETO, 2003).
Saiba mais...
Para saber mais sobre a história da Administração Financeira, recomendamos a
leitura do capítulo 1 do livro:
Administração Financeira
Praticamente todos os indivíduos e organizações realizam movimentações finan-
ceiras cotidianamente. As empresas necessitam captar recursos, por meio de vendas,
empréstimos, investidores, entre outros; e realizar os seus investimentos, como compra
de matérias-primas, imobilizados, e todos os outros recursos necessários ao funciona-
mento das atividades.
Dessa forma, Assaf Neto (2003) afirma que a Administração Financeira é o campo
de estudo teórico e prático que objetiva, essencialmente, assegurar um melhor e mais
eficiente processo empresarial de captação e alocação de recursos financeiros. A área
das finanças traz consigo métodos e técnicas capazes de tornar a gestão financeira o
mais eficiente possível.
Além do que, a área financeira possui uma visão sistêmica das organizações. As
pessoas de todas as áreas de responsabilidade da empresa – contabilidade, produção,
marketing, recursos humanos, materiais, pesquisas e assim por diante – necessitam
Administração do Circulante
interagir com o pessoal de finanças para realizar seu trabalho. Todos têm de justifi-
car necessidades de acréscimos de funcionários, negociar orçamentos operacionais,
preocupar-se com a avaliação do desempenho financeiro e defender propostas que
tenham, pelo menos em parte, méritos financeiros, para conseguir recursos da alta
administração. Naturalmente, o pessoal de finanças, para fazer previsões úteis e tomar
decisões, precisa ter a disposição e a capacidade de conversar com todos dentro da
empresa (GITMAN, 2002).
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É por isso que o departamento financeiro está relacionado diretamente à alta
cúpula da organização. Já que a maioria das decisões empresariais são medidas em
termos financeiros, o administrador financeiro desempenha um papel crucial na ope-
ração da empresa.
Neste caso sim! Uma vez que os juros cobrados pelo banco são menores do que
os cobrados pela seguradora.
Ou seja, numa análise custo/benefício, o benefício nessa decisão foi maior que o
custo. Portanto, a decisão positiva do administrador financeiro é aceitável.
Introdução à Administração Financeira
Como destaca Assaf Neto (2003), esse processo decisorial básico ao sucesso de
toda empresa vem assumindo complexidade e riscos cada vez maiores na economia
brasileira. Desequilíbrios nas taxas de juros, desajustes no mercado, ausência de pou-
pança de longo prazo, intervenções nas regras de mercado da economia, comporta-
mento das taxas de inflação, desafios do crescimento da economia, entre outros as-
pectos, vêm exigindo uma capacidade mais questionadora e analítica das unidades
decisórias, principalmente a financeira.
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Administrador financeiro
O gestor financeiro tem um campo de trabalho muito amplo para atuar nos mais
diversos tipos de organizações. Empresas industriais, varejistas, atacadistas, prestado-
ras de serviços, quer sejam de pequeno, médio ou grande porte, quer tenham fina-
lidade lucrativa ou não, necessitam dos serviços de um financista. Essa necessidade
ocorre porque, independentemente do segmento de atuação, em toda entidade há
um constante fluxo de recursos financeiros (entradas e saídas de caixa), que requer
atenção rigorosa para que o capital investido tenha o maior retorno possível (no caso
de visar o lucro) ou para que os recursos disponíveis consigam suprir as carências da
entidade (no caso de não ter finalidades lucrativas) (WERNKE, 2008).
O mesmo autor sugere uma estrutura típica da função financeira na empresa, que
você pode observar na figura 1.
Tesoureiro Controlador
A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso
do dinheiro, a sua manipulação e a posse real de fundos, enquanto a do controlador
preocupa-se com os controles e os fluxos de informações dentro da empresa. A primei-
ra área tem contato com o público e a segunda possui tarefas quase exclusivamente
voltadas para dentro da empresa (SANVICENTE, 1987).
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Cabe ressaltar que a área de finanças está intimamente ligada ao departamento
de contabilidade. Isso porque as decisões do administrador financeiro são baseadas
quase que exclusivamente nas informações contábeis. Os gerentes financeiros avaliam
as demonstrações contábeis, desenvolvem dados adicionais e tomam decisões com
base em sua avaliação dos retornos e riscos associados (GITMAN; MADURA, 2003).
Além da análise dos dados contábeis, Assaf Neto (2003) aponta algumas funções
do gestor de finanças dentro do ambiente empresarial.
Planejamento financeiro – procura evidenciar as necessidades de expansão da
empresa, assim como identificar eventuais desajustes futuros. Por meio do pla-
nejamento, ainda, é possível ao administrador financeiro selecionar, com maior
margem de segurança, os ativos mais rentáveis e condizentes com os negócios
da empresa, de forma a estabelecer mais satisfatória rentabilidade sobre os
investimentos.
Controle financeiro – dedica-se a acompanhar e avaliar todo o desempenho da
empresa. Análises de desvios que venham a ocorrer entre os resultados previs-
tos e realizados, assim como propostas de medidas corretivas necessárias, são
algumas das funções básicas da controladoria financeira.
Administração de ativos – deve perseguir a melhor estrutura, em termos de
risco e retorno, dos investimentos empresariais, e proceder a um gerenciamen-
to eficiente de seus valores. A administração dos ativos acompanha também as
defasagens que podem ocorrer entre as entradas e saídas de dinheiro de caixa,
o que é geralmente associado à gestão do Ativo Circulante.
Administração de passivos – volta-se para a aquisição de fundos (financiamen- Introdução à Administração Financeira
to) e o gerenciamento de sua composição, procurando definir a estrutura mais
adequada em termos de liquidez, redução de seus custos e risco financeiro.
Cabe ao administrador financeiro a tarefa de utilizar seu conhecimento técnico
e as ferramentas gerenciais disponíveis com a finalidade de aumentar a riqueza dos
investidores. No caso de organizações sem fins lucrativos, o objetivo é a utilização efi-
ciente dos recursos disponíveis.
Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que
seja o título específico de seu cargo – diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-
-presidente de finanças, gerente financeiro etc. – é o indivíduo ou grupo de indivíduos
preocupado com:
17
a obtenção de recursos monetários para que a empresa desenvolva as suas
atividades correntes e expanda a sua escala de operações, se assim for de-
sejável; e
Texto complementar
Muda o cenário
(BARR, 2000)
18
indicadores não-financeiros, como, por exemplo, o posicionamento da marca. [...]
sua tarefa atual se parecia mais com a missão que lhe fora confiada em 1980, quando
se viu à frente de uma tropa do exército na Coreia do Sul, estando autorizado a lançar
mísseis se os norte-coreanos disparassem contra seu pelotão. [...] Sem medo de errar,
é possível dizer que podemos perceber em Monaghan as diversas funções que os
diretores financeiros terão de desempenhar: estrategista, tecnólogo, negociador de
acordos, financista e sócio da presidência. [...]
De uns poucos anos para cá, à medida que os mercados financeiros se globali-
zavam, os investidores foram se tornando mais exigentes. E a internet também refor-
mulou a maneira de criar valor. Os diretores financeiros enfrentaram uma montanha
de novos desafios. “Para se manter atualizado”, diz Frank Gatti, diretor financeiro da
Educational Testing Service, com sede em Princeton, Nova Jersey, “o diretor financei-
ro deve ter uma visão mais integrada do negócio, maior compreensão do impacto
da tecnologia e habilidade para alinhar as pessoas aos objetivos da organização.
Sem essas qualidades, é impossível fornecer o apoio indispensável às necessidades
futuras da empresa, e até mesmo às necessidades atuais”. [...]
[...] Quando se perguntou aos diretores financeiros qual a única mudança que
fariam em relação ao trabalho, eles se queixaram da quantidade de horas. Três de
cada quatro entrevistados trabalham mais de 50 horas por semana. E um quarto
supera as 60 horas. [...]
19
Previsão 6 – A web estimulará as transações financeiras.
[...] “Os mercados serão mais amplos”, diz John Mahoney, diretor financeiro da
Staples, “e a disposição das pessoas para considerar novas relações terá grande im-
pacto na maneira de vermos a estrutura do capital.” [...] “As relações se desenvolve-
rão com mais rapidez e menos investimentos, porque tudo está acontecendo muito
rapidamente.”
[...] A busca da sinergia é uma tarefa que dará dor de cabeça em muitos dire-
tores financeiros. E as empresas que não conseguirem chegar rapidamente a um
equilíbrio se envolverão em um novo ciclo de vendas de unidades de negócios e
consolidação.
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Previsão 12 – Os bons comunicadores se destacarão.
[...] “Não imagino um mesmo conjunto de regras para todos os países”, diz
Dennis Beresford, ex-presidente do Financial Accounting Standards Board e profes-
sor de Contabilidade da University of Georgia, “mas haverá mais semelhanças que
diferenças.” Ele duvida, contudo, que possa existir um único conselho internacional
de contabilidade, pela mesma razão de não haver no mundo um idioma único ou
uma moeda única. [...]
Nos últimos cinco anos, 440 das empresas da Fortune 500 mudaram de diretor
financeiro. Segundo nossa pesquisa, as pessoas que ocupam esse posto têm idade
média de 44 anos, e se prevê uma rotatividade ainda maior. Os cargos mais altos na
hierarquia, segundo Peter Crist, da Crist Partners, ficarão com as pessoas que logra-
rem concretizar mais acordos e tenham experiência no manejo de uma unidade de
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negócios, exposição estratégica e mundial, habilidades tecnológicas comprovadas
e sensibilidade a respeito de clientes e mercados. “Qualquer um que não preencha
esses requisitos terá de abandonar a carreira”, afirma Crist. Ele acrescenta que as fun-
ções dos executivos serão mais difusas. Com mais de um foco operacional, a próxima
geração de diretores financeiros pode ocupar o lugar do diretor de operações. E a
grande maioria dos novos executivos financeiros não virá das empresas de serviços
contábeis. Crist espera vê-los surgir, principalmente, nos bancos de investimento e
nas empresas de capital de risco e de consultoria. [...]
[...]
Quanto a aposentar-se, tudo bem; mas trate de não ficar doente. Nos últimos
dois anos os preços da assistência médica aumentaram, em média, 10% ao ano. E
nada indica que o ritmo arrefecerá. Os principais fatores que impulsionam esses
preços, como maior custo dos medicamentos, envelhecimento da população e uma
tecnologia cara, não tendem a desaparecer. Devido à escassez de profissionais no
mercado dos EUA, os diretores financeiros administram ativamente esses custos,
sem transferi-los para os funcionários. Contudo, essa situação não durará muito
tempo.
nomia demandasse a redução de custos. Haverá então quem diga que os ativos in-
tangíveis adquirirão uma importância maior e que as regras de contabilidade estão
irremediavelmente obsoletas. Quando o ciclo econômico mudar, é provável que os
diretores financeiros voltem a recomendar a apuração de lucros baseada nos ganhos
tradicionais e não em “receitas de caixa”, “ganhos operacionais” e outros padrões que
excluam as amortizações consideradas irrelevantes na chamada “nova economia”.
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Atividades
2. Cite três atividades comuns aos gestores financeiros de organizações com fins
lucrativos.
3. Por que a área financeira interage com todos os outros departamentos da em-
presa?
Introdução à Administração Financeira
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Decisões do Administrador Financeiro
Neste capítulo serão apresentadas as três principais decisões do administrador
financeiro: decisão de investimento, de financiamento e de operação. Para cada uma
delas, você conhecerá indicadores para análise, o que dá subsídios para os administra-
dores tomarem suas decisões, de forma a maximizar o retorno aos proprietários, além
de utilizar os recursos financeiros de forma eficiente.
De acordo com Sanvicente (1987) a gestão financeira tem como função assessorar
a empresa como um todo, proporcionando-lhe os recursos monetários exigidos. O ad-
ministrador financeiro necessita ter uma visão sistêmica da organização, interagindo
com todas as áreas da empresa – contabilidade, produção, marketing, recursos huma-
nos, pesquisas e assim por diante. Todos precisam justificar necessidades de acrésci-
mos de funcionários, negociar orçamentos operacionais, preocupar-se com a avaliação
do desempenho financeiro e defender propostas que tenham, pelo menos em parte,
méritos financeiros, para conseguir recursos da alta administração. Naturalmente, o
gestor de finanças, para fazer previsões úteis e tomar decisões, precisa ter a disposição
e a capacidade de conversar com todos dentro da empresa (GITMAN, 2002).
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O objetivo básico implícito nas decisões financeiras é a maior rentabilidade pos-
sível sobre o investimento efetuado por indivíduos ou instituições caracterizados
como proprietários. Porém, Sanvicente (1987) faz uma ressalva quanto a rentabilidade
máxima, desde que não seja comprometida com a liquidez da empresa.
Os autores.
Balanço Patrimonial Demonstração do resultado do exercício
Ativos Passivos Receitas
Circulantes Circulantes
õe e
aç s d
(–) Custos
s
er õe
en e
op cis
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(–) Despesas
De
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fin Dec
Lucro
in ec
D
Passivo Exigível a
Ativos
Longo Prazo
Permanentes
e Patrimônio Líquido
Quando o administrador financeiro toma qualquer tipo de decisão, ele está pauta-
do em uma análise custo/benefício, e deve considerar que um dos principais objetivos
das finanças da empresa é a maximização da riqueza dos proprietários, ou seja, espera-se
que todo investimento feito no negócio tenha um retorno positivo. Além do que, a cria-
ção de valor econômico é indispensável à sobrevivência de qualquer organização.
Administração do Circulante
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Por fim, comum a todas as decisões financeiras é o conceito de compensação eco-
nômica que deve ser objeto de ponderação antes de cada decisão, ou seja, a análise da
relação entre custos e benefícios monetários gerados, assim como os riscos e retornos
envolvidos na operação.
Para planejar e tomar as decisões que lhe são cabíveis, o gestor financeiro busca
informações da contabilidade, por meio dos Demonstrativos Financeiros1. As três deci-
sões financeiras são ligadas diretamente ao Balanço Patrimonial (BP) e a Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE).
A seguir veremos cada uma das três funções da Administração Financeira e seus
postulados estratégicos.
Decisões de financiamento
Conforme visto anteriormente, uma questão crucial a ser desenvolvida pela área
financeira é a captação de fundos para sustento da organização, ou seja, a decisão
de financiamento: quais serão as fontes de recursos utilizadas pela empresa e quanto
custará à empresa.
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Nível de endividamento
Trata-se de definir uma composição ideal de Passivo e Patrimônio Líquido em-
presarial, entendendo que esta estrutura financeira é composta por capital de tercei-
ros (Passivo Circulante e Passivo Exigível a Longo Prazo) e capital próprio (Patrimônio
Líquido).
Patrimônio Líquido
Kp = = Proporção de capital próprio na estrutura financeira
Passivo Total
Os autores.
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Circulante Circulante
Capital de Terceiros (Kt)
Ativo Realizável Passivo Exigível Estrutura
a Longo Prazo a Longo Prazo financeira
tese japonesa – defende que para a empresa alcançar uma estrutura de finan-
ciamento ideal, na qual minimizaria o seu custo e contribuiria na maximização
da sua riqueza, o Passivo Total deve ser constituído de, aproximadamente, 30%
de capital de terceiros (kt) e 70% de capital próprio (kp);
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tese tradicional – essa tese estipula que a estrutura financeira ideal, em média,
constitui-se de, aproximadamente, 40% de capital de terceiros (kt) e 60% de ca-
pital próprio (kp);
29
Risco financeiro
O risco financeiro ou a variabilidade dos retornos para os proprietários de capital
aborda um dos conceitos mais importantes do estudo da estrutura financeira. Esse
risco é determinado pela utilização de capital de terceiros (Passivo Circulante e Exigível
a Longo Prazo) no financiamento das atividades da empresa, ou seja, o uso de recursos
que exigem uma remuneração fixa (taxa de juros) e prioritária.
Custo de capital
Toda fonte de financiamento das empresas possui um custo. Quando tratamos
do nível de endividamento, já nos referimos ao custo de capital. Nesse momento nos
interessa identificar os custos de uma estrutura financeira (Passivo Total). Esses custos
estão divididos em:
custo do capital de terceiros (Ckt) – esse custo está relacionado ao Passivo Cir-
culante (principalmente os empréstimos para financiar o Capital de Giro) e Passi-
vo Exigível a Longo Prazo. A taxa de juros cobrada por um empréstimo realizado
é um exemplo típico do custo de capital de terceiros; e
Alavancagem financeira
O conceito de alavancagem financeira está sustentada no fato de que o retorno
sobre o Patrimônio Líquido da organização deve ser superior ao custo do capital de
Administração do Circulante
terceiros a longo prazo. De acordo com Gitman (2002), a alavancagem financeira acon-
tece quando os capitais de terceiros de longo prazo produzem efeitos positivos sobre
o Patrimônio Líquido.
30
RsPL
GAF = =%
RsA
Sendo:
Nos casos em que o GAF for igual a 1, o grau de alavancagem será considera-
do nulo. Se o GAF for maior que 1, o grau de alavancagem financeira será considera-
do favorável. Sendo o GAF menor que 1, o grau de alavancagem financeira terá sido
desfavorável.
Decisões de investimento
Os investimentos realizados por uma empresa podem determinar o sucesso ou o
fracasso do seu negócio. Essa decisão consiste em determinar uma estrutura ideal na
composição dos ativos – Ativo Circulante, Ativo Realizável a Longo Prazo e Patrimônio
Líquido – para que estes estejam alinhados ao objetivo estratégico da organização.
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timentos do Ativo Circulante possuem essa característica: as disponibilidades, o contas
a receber e os estoques. Já um investimento rentável é aquele que gera lucrativida-
de para a empresa. Como exemplo, podemos apontar os investimentos permanentes
como máquinas, equipamentos, imobilizados.
Para fins de controle, a liquidez de uma empresa pode ser calculada a partir da
equação a seguir:
AC
ILC = = n.° índice
PC
Para realização de uma análise mais minuciosa, você ainda pode utilizar o Índice
de Liquidez Seca (ILS), conforme a equação abaixo:
AC – Estoques
ILS = = n.° índice
PC
O ILS elimina a conta Estoques dos cálculos, uma vez que essa conta é a menos
líquida do Ativo Circulante.
Administração do Circulante
Outro índice de liquidez imediata é o Índice de Liquidez Absoluta (ILA), que anali-
sa a liquidez da empresa exclusivamente a partir do que a empresa tem disponível no
Caixa, Bancos e Aplicações Financeiras a Curto Prazo, para saldar suas dívidas a curto
prazo. Veja a fórmula do ILA:
Disponibilidades
ILA = = n.° índice
PC
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Para visualizar o cálculo desses índices, apresentamos o quadro 1 que traz o Ba-
lanço Patrimonial da empresa “Polis”.
Os autores.
Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
1 Ativo Circulante = R$100.000,00 1 Passivo Circulante = R$50.000,00
Isso significa que para cada R$1,00 de obrigações da empresa a curto prazo, ela
dispõe de R$2,00 disponível no Ativo Circulante.
Essa situação é segura para o gestor, mas observe que há um desperdício fi-
nanceiro em manter o dobro do que é preciso em um investimento sem retornos
consideráveis.
Decisões do Administrador Financeiro
Índice de Liquidez Seca (ILS)
AC – Estoques R$100.000,00 - R$50.000,00 = 1,00
b. ILS = =
PC R$50.000,00
Já no cálculo do ILS, a situação muda, ou seja, para cada R$1,00 de dívidas a curto
prazo, a empresa dispõe de R$1,00 no Ativo Circulante. Apesar dessa análise apon-
tar para uma situação equilibrada, sabemos que os estoques serão vendidos, gerando
maior volume monetário no Caixa ou no Contas a receber.
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Índice de Liquidez Absoluto (ILA)
LLE
Rsl = =%
AT
O retorno esperado pelos proprietários de uma empresa deve ser maior que o
obtido no mercado de capitais, uma vez que investindo em um negócio, os investido-
res apostam riscos e esforços para tanto.
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Decisões operacionais
A decisão operacional reflete as principais estratégias da empresa. Essas estraté-
gias devem ter como foco uma utilização eficiente e eficaz dos recursos financeiros a
fim de atingir os objetivos traçados pela organização.
Além disso, essa decisão remete aos efeitos sobre o valor das ações da empresa
no mercado de capitais. Os potenciais investidores averiguam quanto a empresa paga
de lucros aos seus acionistas.
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Estratégias-chave operacionais
Neste ambiente de decisões operacionais são identificadas as seguintes variáveis
financeiras: estratégia de preços, mercado e posição competitiva, alavancagem opera-
cional e eficácia nos custos.
Medidas-chave operacionais
São partes integrantes desse processo as seguintes técnicas financeiras: índices
financeiros, análise das relações custo-volume-lucro, dados comparativos financeiros
(EBITDA – Geração Operacional de Caixa; EVA – Demonstração do Valor Agregado e
Balance Scorecard).
Conclusão
Esse capítulo trouxe a oportunidade de conhecer o relevante papel do adminis-
trador financeiro como um agente responsável por tomar as decisões baseando-se nas
informações contábeis. Viu também que as três principais decisões são: as decisões de
investimento, financiamento e de operações. Essas três decisões traduzem todas as ati-
vidades realizadas pelos gestores financeiros no ambiente das organizações, portanto,
devem ser planejadas e acompanhadas durante todo ciclo de vida empresarial.
Ao proceder essa revisão da função financeira da empresa, assentada nas três de-
cisões básicas (decisão de investimento, decisão de financiamento e decisão de ope-
rações), recomendamos ao gestor financeiro atentar para o estudo profundo desse co-
nhecimento teórico, a fim de facilitar sua aplicabilidade nas organizações brasileiras.
Isso porque uma gestão competente da área financeira contribui de forma ex-
pressiva no alcance dos objetivos organizacionais, uma vez que toda estratégia em
organizações lucrativas são convertidas em termos financeiros.
mentos nela.
36
Texto complementar
37
geralmente, os analistas dependem do trabalho de terceiros, que, se não for
bem feito, pode afetar a análise financeira utilizada nas decisões empresariais;
há uma diferença entre precisão e exatidão, que pode ser disfarçada por
informações sólidas e pelos sofisticados métodos quantitativos que estão à
disposição do analista. É possível ser muito preciso no uso do método, mas
errar muito no resultado.
O processo
O analista pode coletar os dados necessários para os seis elementos respon-
dendo a algumas perguntas específicas.
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fazer a diferenciação entre clientes atuais – os que estão comprando os produtos ou
serviços – e clientes potenciais que a empresa esteja trabalhando, que podem não
ser idênticos.
[...] o modelo reúne as oportunidades e os riscos de determinado ambiente com- Decisões do Administrador Financeiro
petitivo em uma matriz que apresenta a empresa em relação aos principais concor-
rentes, segundo os fatores que influenciam as decisões de compra. Ao identificar a
natureza desses fatores e organizar as informações na matriz, o analista pode avaliar
cada um deles individualmente, bem como sua inter-relação. Ao preencher a matriz,
o analista obtém dois insights críticos. Primeiro, as vulnerabilidades da empresa tor-
nam-se bastante evidentes (e são, coincidentemente, representativas das vantagens
para os concorrentes). Segundo, os pontos fracos de cada concorrente também se
tornam evidentes, o que dá à empresa a oportunidade de explorá-los como vanta-
gens competitivas.
39
4. Desempenho: “Qual é o índice de crescimento da receita?”; “Qual é a mar-
gem de contribuição ou a margem bruta?”; “Qual é o retorno do investimento?”
Entre os elementos que podem ser úteis ao analista estão a comparação entre
o crescimento das vendas unitárias e o do valor das vendas, e também o cômputo
dos efeitos das aquisições e revendas de ativos sobre as vendas.
Dessas duas medições, a margem de contribuição deve ser preferida porque realça
a capacidade da empresa de cobrir encargos fixos, os quais se tornam particularmente
importantes em firmas em recuperação, em início de atividade ou altamente alavan-
cadas. Entretanto, a margem bruta é uma excelente substituta quando as informações
sobre os custos variáveis não estão disponíveis de imediato ou quando a empresa tem
poucos custos variáveis (como é comum nas empresas de tecnologia da informação).
Retorno sobre capital. O índice de retorno sobre capital (ROC, do inglês return
on capital) informa como está a saúde financeira global da empresa e indica o nível
de eficiência com que ela utiliza o total do capital confiado aos dirigentes para gerar
lucros, independentemente de o capital provir de acionistas ou de instituições de
empréstimo. Além disso, conforme afirmação do livro básico Graham & Dodd’s Se-
curity Analysis, “a medida mais abrangente do sucesso de uma empresa é a porcen-
tagem auferida sobre o capital investido”. Essa análise deixa claro que as empresas
precisam obter um retorno aceitável sobre o capital, caso contrário, suas perspecti-
vas começarão a se desvanecer muito rapidamente. [...]
Administração do Circulante
A avaliação dos dirigentes é elemento menos preciso e mais difícil de qualquer ava-
liação empresarial, embora seja o mais crítico. Os investidores profissionais, principal-
mente os especializados em transações que envolvem alto nível de falta de liquidez, ca-
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pital de risco e aquisições alavancadas, geralmente concordam em que a qualidade dos
dirigentes é o melhor indicador do sucesso ou fracasso de uma empresa. A qualidade
da gestão e de seus comandantes é importante porque as empresas são férteis em
riscos. Os mercados mudam rapidamente de rumo, e essas mudanças geralmente são
alimentadas pelas novas tecnologias e pela concorrência acirrada, interna e externa.
Portanto, as perspectivas da empresa geralmente dependem da capacidade de seus
dirigentes de enfrentar e superar os períodos de turbulência e tumulto. Na medida
em que existe uma singularidade que diferencia as empresas quanto a setor, escala,
maturidade, desempenho histórico e desafios e oportunidades específicos, também
os dirigentes precisam ser singulares. A habilidade e a personalidade da equipe de
dirigentes devem complementar a empresa. Em geral, a verdadeira excelência da lide-
rança está na cultura corporativa, principalmente na maneira de selecionar e formar os
talentos jovens e na forma de preparar os sucessores dos dirigentes.
41
Atividades
42
3. Porque o princípio da correspondência cronológica dos recursos financeiros
deve ser utilizado?
43
Gestão do Ativo Circulante
Uma das maiores dificuldades das organizações brasileiras consiste na obtenção
e administração do Ativo Circulante ou Capital de Giro. Apesar de muitas técnicas e
processos para facilitar a gestão do Ativo Circulante, a grande maioria das empresas
não aplica ou desconhece estas ferramentas. Neste capítulo estudaremos os conceitos
de capital circulante, fluxo de caixa operacional, financeiro e econômico e mostrare-
mos abordagens para o financiamento do Capital de Giro.
Introdução
As operações financeiras de uma empresa envolvem tanto aspectos de curto
quanto de longo prazo. Por curto prazo, entendemos os recursos que circulam nas
contas da empresa dentro de um período, que no Brasil é chamado de Exercício
Social1.
Como bem destaca Assaf Neto e Silva (1997), o termo giro refere-se aos recursos
correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles capazes
de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano.
1
Exercício Social: período, quase sempre de 12 meses, para o qual a empresa monta e executa seu orçamento, fecha o balanço e demais demonstrativos
financeiros e calcula o resultado, os impostos etc. (LACOMBE, 2004).
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Quadro 1 – Balanço Patrimonial
Os autores.
Balanço Patrimonial
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Salários
Contas a Receber Fornecedores
Estoques Impostos
A gestão do Ativo Circulante é uma das mais importantes e também das mais
complexas e abrangentes áreas financeiras de uma organização. Martins e Assaf Neto
(1991) afirmam que, em média, o capital circulante em uma empresa varia de 50%
a 85% dos investimentos em ativos, salientando-se que este percentual depende do
setor em que a empresa atua. Com isso, observa-se o Ativo Circulante como base na
sustentação das operações das empresas pelo significativo nível das aplicações efetuadas
nos itens de curto prazo.
Assaf Neto e Silva (1997) apontam para a importância em se ter em conta que a
administração do Capital de Giro trata de ativos e passivos correntes como decisões
interdependentes. Por exemplo, a perda da liquidez pela maior participação dos es-
toques no Ativo Circulante deve ser compensada por um maior volume de caixa; a
presença de passivos de prazos mais curtos exige, por seu lado, ativos correntes mais
líquidos, e assim por diante.
46
sazonalidade dos negócios – determina variações nas necessidades de recur-
sos ao longo do tempo;
Caixa
Recebimentos
Compras de
dos clientes
matéria-prima
Contas Vendas
Estoque de
a receber (à vista)
matéria-prima
Gestão do Ativo Circulante
Vendas Produção
(a prazo)
Produto
acabado
47
iniciar o processo de produção. Com os produtos acabados, realizam-se as vendas, que
podem ser à vista (o dinheiro volta para a conta caixa, finalizando o ciclo operacional)
ou a prazo. Sendo as vendas realizadas a prazo, o crédito cedido aos clientes é armaze-
nado no Contas a Receber, onde os recursos financeiros ficarão “estocados” até a data
do recebimento, momento em que o dinheiro volta para a conta Caixa, encerrando o
ciclo operacional.
Imagine você uma empresa que fabrica e comercializa cadeiras. A política de cré-
dito da empresa determina que os clientes paguem em até 30 dias após a venda. Ela
compra matéria-prima, em média, 30 dias antes do começo da produção. Os cálculos
da empresa revelam que, em média, ela demora 15 dias para produzir, estocar e finali-
zar uma venda de produto acabado. Portanto,
CO = PME (30 dias) + PMP (15 dias) + PMR (30 dias) = 75 dias
Ciclo operacional
Ciclo econômico
48
Como você pode observar, enquanto o ciclo operacional se inicia na aquisição das
matérias-primas para a produção e finaliza no recebimento pela venda do produto
final, o ciclo financeiro mede exclusivamente as movimentações de caixa, abrangendo
o período inicial de caixa (pagamento de fornecedores) e o recebimento da venda do
produto. Isto é, o período de tempo de financiamento que a empresa irá necessitar
efetivamente para suas atividades (ASSAF NETO; SILVA, 1997).
Capital de Giro Bruto (CGB) que é representado pelo Ativo Circulante (AC).
CGB = AC
Capital de Giro Líquido (CGL) determinado pela diferença entre Ativo Circulan-
te (AC) e Passivo Circulante (PC).
CGL = AC – PC
Gestão do Ativo Circulante
49
Os autores.
AC PC
$110 $70
CGL Positivo
ELP
$40
AP
PL
$90
$90
Os autores.
AC PC
$70 $110
CGL Negativo
AP ELP
$130 $40
PL
$50
Sendo o CGL positivo, ou seja, AC > PC, temos o Capital de Giro Líquido Positivo,
representado por essa folga financeira a curto prazo. Podemos concluir que, sendo
positiva essa diferença, o CGP é financiado com recursos de Longo Prazo. Além disso,
concluímos que, quanto maior o CGP, maior a liquidez da empresa, pois a mesma con-
segue saldar suas dívidas de curto prazo com ativos circulantes com suficiente folga
financeira.
Na situação contrária, ou seja, quando AC < PC, temos uma necessidade de finan-
ciamento do Capital de Giro ou Capital de Giro de Terceiros.
Para esclarecer melhor sua compreensão de CGB e CGL, veja os exemplos apre-
sentados no quadro 2:
50
Quadro 2 – Balanço Patrimonial da empresa “Sai da Frente” em 31/12/200x
Os autores.
Balanço Patrimonial
ATIVO PASSIVO
1 Ativo Circulante = R$100.000,00 1 Passivo Circulante = R$50.000,00
2
PELP: Passivo Exigível a Longo Prazo.
51
No dilema risco-retorno, as decisões relativas ao financiamento do Capital de Giro
assumem grande importância. Nesse processo, o passivo deve ser composto de forma
que se mantenha, da melhor maneira possível, o equilíbrio entre o risco e o retorno.
O Capital de Giro variável, por sua vez, é determinado pelas variações temporá-
rias que ocorrem normalmente nos negócios de uma empresa. Segundo o exemplo
acima, teríamos R$5.000,00 de Ativo Circulante variável em janeiro, zero em fevereiro
e R$10.000,00 em março.
Investimentos
Capital de Giro
Necessários ($) Variável
Capital de Giro
Administração do Circulante
Capital de Giro
Permanente
Tempo
52
Você pode observar que o Capital de Giro permanente, em média, permanece
constante ao longo do tempo. Enquanto que o Capital de Giro Variável, dependendo
do período, pode sofrer flutuações significativas.
Tempo
53
No entanto, ao adotar essa abordagem, a empresa não teria recursos dispendio-
sos aplicados em itens sem nenhum retorno (ASSAF NETO, 2003).
54
Texto complementar
Nessa luta para sobreviver, a empresa acaba sendo arrastada pelos problemas
de gestão do Capital de Giro e tende a sacrificar seus objetivos de longo prazo. Os
empresários conhecem bem esse fenômeno. Boa parte de seu tempo é consumido
“apagando incêndios”, onde o foco mais perigoso reside no Capital de Giro.
55
Os tópicos seguintes apresentam algumas alternativas de solução para essas
questões.
Quando a empresa encurta seu ciclo econômico – este pode ser definido como
o tempo necessário à transformação dos insumos adquiridos em produtos ou servi-
ços – suas necessidades de Capital de Giro se reduzem drasticamente.
3. Controle da inadimplência
56
No primeiro caso, a contração geral da atividade econômica e a consequente
diminuição da renda das pessoas tendem a aumentar a inadimplência. Nessa situa-
ção, a empresa tem pouco controle sobre o problema.
tabilidade da empresa.
6. Reduzir custos
57
Uma vez que a empresa com problema de Capital de Giro também estará com
sua capacidade de investimento comprometida, a redução de custos em atividades
como modernização, automação ou informatização não será possível.
7. Substituição de passivos
Solução definitiva
É evidente que existe um forte entrelaçamento entre a administração do Capi-
tal de Giro da empresa e sua administração estratégica.
Por isso, a solução definitiva para o problema do Capital de Giro consiste na re-
cuperação da lucratividade da empresa e a consequente recomposição de seu fluxo
de caixa.
Essa solução exige a adoção de medidas estratégicas de grande alcance que vão
desde o lançamento de novos produtos ou serviços e a eliminação de outros, adoção
de novos canais de venda ou até mesmo a reconfiguração do negócio como um todo.
Administração do Circulante
Desse modo, a solução dos problemas de Capital de Giro de uma empresa requer
muito mais do que medidas financeiras. Estratégias, operações e práticas gerenciais,
entre outras, precisarão ser repensadas para que o Capital de Giro volte ao estado de
normalidade.
58
Atividades
59
Gestão das Disponibilidades
As disponibilidades representam as contas mais líquidas da empresa, ou seja, as
contas que se convertem em dinheiro rapidamente. Essa conta abrange tanto o Caixa
da empresa como a conta Bancos, sendo que, por vezes, engloba a conta chamada
Títulos Negociáveis ou Aplicações Financeiras de Curto Prazo, que são títulos do mer-
cado financeiro com liquidez imediata.
A conta Caixa pode ser considerada a quantia em dinheiro “vivo” que a empresa
mantém para operacionalizar seu negócio. Em um supermercado, por exemplo, o di-
nheiro que cada um dos funcionários utiliza para fornecer o troco pode ser considera-
do recursos dessa conta.
A conta Bancos tem características muito semelhantes à conta Caixa, sendo que
essa é mantida por uma instituição financeira. A fim de transacionar os negócios, todas
as empresas devem ter, no mínimo, uma conta bancária para receber de seus clientes,
pagar os fornecedores, realizar empréstimos, utilizar talões de cheques, entre outros.
61
Portanto, gerir as disponibilidades tem como objetivo primordial trabalhar o con-
trole e a eficiente utilização dos recursos líquidos da empresa, afim de proporcionar
imediatos recursos financeiros quando se fizer necessário.
Isso porque o dinheiro contido no Caixa, nos Bancos ou nas Aplicações de Curto
Prazo tem como característica a alta liquidez. Em contrapartida, esse investimento não
gera grandes rendimentos à empresa. Para ilustrar esse caso, imagine que você é dono
do seu próprio negócio e precisa pagar contas diariamente. É muito bom e conveniente
contar com um bom saldo bancário para não se preocupar com possíveis imprevistos.
Porém, esse montante não gera um rendimento considerável, visto que você recebe
juros da poupança, na casa de 0,5% ao mês. Você decide então que, com esse dinheiro,
irá adquirir uma nova máquina para aumentar a sua produção e, consequentemente,
seu faturamento, o que reflete no lucro da empresa se bem administrado. Dessa forma,
podemos concluir que a escolha da compra da máquina vai lhe gerar maiores ganhos,
certo? Certo. Porém, como você irá pagar suas contas cotidianas?
Por isso, cabe ao administrador financeiro manter níveis adequados das disponi-
bilidades, ou seja, que não haja falta a ponto de não saldar suas obrigações em dia e
nem exceda para que perca rentabilidade.
Numa situação ideal, em que uma empresa tem um controle total sobre sua li-
quidez, o saldo de caixa e banco poderia ser zero. Isso porque os disponíveis represen-
tam perda de rentabilidade do recurso financeiro, pois são aplicações que não reme-
tem ao risco, uma vez que a empresa necessita contar com elas a qualquer momento
(ASSAF NETO; SILVA, 1997). Portanto, os saldos de caixa e bancos funcionam como um
amortecedor entre os ingressos e os desembolsos previstos sob as condições opera-
cionais normais.
Porém, a realidade é distinta da situação ideal, pois fatores como alto custo do
dinheiro, inflação, incerteza do fluxo de caixa, entre outros, fazem com que qualquer
organização precise manter, em magnitudes diferentes, um nível mínimo de caixa.
uma organização.
62
Podemos visualizar um exemplo de um cliente que não realizou o pagamento
em dia, ou então a necessidade de uma despesa inesperada.
Outro motivo para o qual Cherry (1977) chama atenção é o desejo de cultivar as
boas relações com os bancos, pois a existência de saldo médio dá a empresa uma in-
fluência favorável para negociar acordos de crédito com os bancos.
Os autores.
Entradas Disponibilidades
R$
Nível 1
Níveis superavitários
de caixa ( I > D )
Nível 2
Quando os Ingressos (I) são maiores que os Desembolsos (D), observe a existência
de níveis superavitários de caixa, ou seja, temos uma situação financeira positiva. Ao
contrário, quando os Desembolsos (D) são maiores que os Ingressos (I), os níveis de
caixa são deficitários, isto é, há uma situação negativa para a movimentação financeira
da empresa.
Gestão das Disponibilidades
63
Alguns fatores influenciam os saldos em disponibilidades. Podemos citar como
primeiro fator o fluxo líquido de caixa previsto pela empresa, se esse fluxo é eficiente
ou sofre desvios constantemente.
Além disso, outro fator que influencia é a estrutura de vencimento das exigibilida-
des, ou seja, as obrigações com terceiros a curto prazo. Não é recomendável concentrar
esses pagamentos em apenas uma época do mês, isso porque é bem provável que
ocorra uma falta de caixa nesse período. Se a empresa recebe de seus clientes ao longo
do período, os desembolsos devem acompanhar esses recebimentos.
64
O gestor financeiro também deve saber que investir ou manter disponibilidades
na empresa gera alguns benefícios, a saber:
custos economizados por ter bons saldos em mãos. Isso porque não haverá
necessidade de empréstimos financeiros, o que acarreta custos à organização
quanto ao pagamento de juros;
necessidades constantes de empréstimos por não ter bons saldos. Esses em-
préstimos geram custos como, por exemplo, os juros. Esses custos financeiros
influenciam diretamente a perda de lucro;
O caixa mínimo exigido dependerá de uma séria de fatores. Assaf Neto e Silva
(1997) apresentam alguns deles:
65
em pagamentos e recebimentos e das características operacionais de atuação
da empresa, sendo que o fluxo de caixa projetado pode ser um importante ins-
trumento para reduzir as diferenças temporais de entrada e saída de recursos da
empresa;
possibilidade de furtos e desfalques, sendo que estes fatos podem ser minimiza-
dos através de controle mais acurado sobre os recebimentos e pagamentos de
caixa;
66
nível da taxa de inflação. Por um lado, em ambientes inflacionários a perda de-
corrente da manutenção de um caixa mínimo tende a aumentar. Por outro lado,
ambientes inflacionários tendem a gerar mais oportunidades de investimento,
aumentando a demanda de dinheiro pelo motivo especulativo;
Dessa forma, o administrador tem à sua disposição ferramentas para gerir as dis-
ponibilidades, elaborando alguns cálculos para se manter um nível mínimo de caixa.
Gitman (2002) sugere que as empresas podem utilizar-se tanto de abordagens subjeti-
vas como de modelos quantitativos para determinar saldos de caixa apropriados.
Modelo de Baumol
O modelo de Baumol estipula os saldos de caixa transacionais considerando os
custos implícitos de sua manutenção. O modelo considera caixa como um item de esto-
que, cuja demanda futura para concretizar as transações pode ser prevista com certeza
(GITMAN, 2002). Esse modelo parte da premissa que os recebimentos concentram-se num
determinado período do mês, enquanto que os desembolsos ocorrem no decorrer do
período. Assim sendo, aplica-se parte do recebimento inicial em um investimento de
Gestão das Disponibilidades
Porém, investir e sacar esse dinheiro gera alguns custos à organização, como
taxas, impostos de transações financeiras e até o custo do tempo que o funcionário da
empresa leva para fazer a operação de ligar para o banco e solicitar a transferência de
recursos da conta investimento.
67
Através do confronto entre os rendimentos obtidos com investimentos de curto
prazo e o custo de cada operação de aplicação e resgate, a empresa pode determinar
em quantos montantes iguais o recebimento original será dividido, de modo a maxi-
mizar seu lucro. Esse valor pode ser obtido por:
Onde:
Para melhor entendimento vejamos um exemplo: seja uma empresa que presta
serviços contratados por outra organização, cuja data de recebimento é sempre no
quinto dia útil de cada mês, no valor de R$1.000.000,00. Supondo um mês com 20
dias úteis, pode-se afirmar que os desembolsos médios diários da empresa montam
R$50.000,00 (=R$1.000.000,00 / 20). A taxa de juros de mercado é de 1% ao mês e cada
vez que é feita uma operação, seja de investimento ou de pagamento, a empresa des-
pende R$50,00 referentes ao custo vinculado a esta operação. Assim:
Isso quer dizer que a empresa deverá realizar 10 resgates no período para maximi-
zar o seu investimento, ou seja, a cada dois dias úteis. Porém, Assaf Neto e Silva (1997)
lembram que o modelo de Baumol deve ser aplicado somente em situações em que o
fluxo de pagamento é relativamente constante e o recebimento é periódico. Isso nem
sempre é uma característica das empresas no dia-a-dia.
Administração do Circulante
68
O modelo de Miller e Orr parte da existência de dois ativos: o caixa e um investi-
mento, caracterizando-se o último por ter baixo risco e alta liquidez. De acordo com o
comportamento do fluxo de caixa no tempo (pois considera-se esse aleatório), poderá
existir transferência de recursos do caixa para o investimento a curto prazo (aplicação
de recursos) ou do investimento para o caixa (resgate) (ASSAF NETO; SILVA, 1997).
Uma ferramenta bastante utilizada para realização do controle dos saldos míni-
mos e máximos é o Fluxo de Caixa, que contrapõe todas as entradas e saídas de caixa
de um período determinado.
Texto complementar
(JULIBONI, 2008)
Com a crise, empresas que querem investir em 2009 têm procurado parceiros
que injetem capital em troca de fatias minoritárias
69
companhias é a busca de novos sócios ou de parcerias estratégicas para reforçar o
caixa e conseguir musculatura para continuar investindo e crescendo em 2009. Antes
de a turbulência internacional tornar-se aguda, muitos negócios não seguiam adiante
porque a ponta vendedora acreditava que conseguiria manter o ritmo de expansão,
seja com recursos próprios, seja com o capital levantado no mercado financeiro. Mas
desde agosto, quando o pânico se alastrou pelo mundo e o crédito secou, as empresas
que antes davam um chá de cadeira em potenciais parceiros mudaram de ideia.
Desde agosto, quatro negócios foram retomados pela ponta vendedora no es-
critório de advocacia Barbosa, Müssnich e Aragão (BMA), uma das maiores bancas
dedicadas a fusões e aquisições do Brasil. “Há empresas que perceberam que podem
não ter um bom ano de 2009, e buscar um parceiro é uma opção interessante”, afirma
a advogada Fabiana Fagundes. No total, a equipe de Fabiana trabalha atualmente
em 11 transações. Já a consultoria Deloitte foi procurada por pelo menos cinco com-
panhias no mesmo período interessadas em receber aportes de capital por meio
da entrada de um novo sócio. “O interesse por essas operações se intensificou nos
últimos tempos”, diz José Paulo Rocha, sócio da Deloitte para a área de Finanças.
A piora do cenário para 2009 é o que mais pesa na decisão dessas empresas
em aceitar um novo sócio ou parceiro. No início do ano, o relatório Focus do Banco
Central, que condensa as expectativas dos bancos para os principais indicadores
da economia, mostrava uma projeção de crescimento do PIB de 4,03% para 2009.
No último relatório divulgado, a expectativa já caiu para 3,35%, na esteira do temor
de que importantes países, como os Estados Unidos, Inglaterra, China, Japão, além
da Europa, freiem bruscamente no próximo ano ou até mesmo mergulhem numa
recessão – o que fatalmente prejudicaria os demais países.
A falta de crédito também atrapalha os planos de quem quer tocar seus proje-
tos. Com a liquidez empoçada no sistema financeiro mundial devido à desconfiança
generalizada sobre a saúde dos bancos, empresários e executivos estão mais flexí-
veis a acordos como a venda de fatias minoritárias para fundos de investimentos ou
sócios estratégicos.
Todos os portes
Administração do Circulante
70
As empresas mais atraentes a esses fundos são as de médio e grande porte,
que apresentem algum tipo de liderança no setor em que atuam e boa governança
corporativa. É consenso no mercado que esses investidores não aceitam menos que
30% da empresa, se forem pôr seu dinheiro lá. “Geralmente, um private equity vai
injetar pelo menos 50 milhões de reais na empresa. Por isso, a empresa tem de ter
um valor de mercado de, no mínimo, 150 milhões de reais”, afirma Luís Motta, sócio
da KPMG para Corporate Finance.
Isso não significa que empresas menores não estejam procurando essa saída
nesse momento. “Temos empresas que, após serem capitalizadas, vão chegar a
um valor de mercado de 20 milhões de reais”, diz Fabiana, da BMA. Ok, o escritório
também trabalha num acordo de 2 bilhões de reais, mostrando que as parcerias
despertam o interesse de um amplo leque de companhias.
Fusões e aquisições
Já as trocas de controle das empresas ou fusões – outro modo de juntar forças
para enfrentar 2009 – tendem a desacelerar nos próximos meses, de acordo com
Motta, da KPMG. “Até setembro, quem tinha de fechar negócio já fechou. Se com-
pararmos trimestre a trimestre com 2007, vemos que os negócios foram caindo ao
longo do ano. Devemos terminar 2008 um pouco abaixo do ano passado”, diz.
A forte queda das ações de muitas empresas na bolsa, por conta da crise, e
a disparada do dólar – que torna as companhias brasileiras mais baratas para os
estrangeiros – abrem uma janela de oportunidade para novos negócios nesse mo-
mento. Mas Motta alerta que há forças antagônicas atuando no mercado. Se, por um
lado, o preço das companhias está mais barato, por outro, o risco de alguém com-
prar um mico cresceu. “Além disso, para comprar uma empresa é necessário captar
dinheiro e se endividar”, diz.
Gestão das Disponibilidades
O que pode ser visto nos próximos meses, segundo Fabiana, da BMA, são fusões
que não envolvam propriamente aporte de capital, como a troca de ações. “Nesse
caso, as empresas estão mais juntando forças do que buscando recursos financei-
ros”, afirma. Outro modo de as empresas buscarem um copiloto para atravessar 2009
– um ano que parece cada vez mais árido para os negócios.
71
Atividades
1. Conceitue disponibilidades.
72
3. Qual o objetivo da gestão de disponibilidades?
73
Fluxo de Caixa
Nesta aula iremos conhecer umas das ferramentas mais eficientes na gestão
dos itens do Ativo Circulante: o fluxo de caixa. Por meio dele, o administrador finan-
ceiro planeja e controla as disponibilidades, a fim de otimizar a utilização dos recursos
financeiros.
Sabemos que uma boa gestão dos recursos financeiros reduz substancialmente a
necessidade de Capital de Giro, promovendo maiores lucros pela redução de custos e
despesas, principalmente das despesas financeiras.
75
(ZDANOWICZ, 2002, p. 27)
$
$ Recursos $
Recursos de terceiros Vendas a
próprios prazo
$
Vendas à
vista
Ingressos
$
Mercado
financeiro
Desembolsos
$
$ $ Custos de
$ Investimentos Amortizações Operações
Ativo
Permanente
76
é satisfatória a rentabilidade do capital empregado;
(ZDANOWICZ, 2002)
DESEQUILÍBRIO FINANCEIRO
EQUILÍBRIO FINANCEIRO
SIC + I - D = SFC
Fluxo de Caixa
77
Onde:
I = Ingressos
D = Desembolsos
78
Quadro 1 – Modelo de fluxo de caixa
APLICAÇÕES FINANCEIRAS
11. SALDO FINAL
DE CAIXA PROJETADO
79
Zdanowicz (2002) explica que os ingressos são todas as entradas de caixa e bancos
em qualquer período. Os principais ingressos no caixa são: vendas à vista, recebimento
de vendas a prazo, aumentos de capital social, vendas de itens do Ativo Imobilizado,
receitas de aluguéis, empréstimos e resgates de aplicações no mercado financeiro.
Os desembolsos compõem-se das compras à vista e das compras a prazo que ne-
cessitam de mapas auxiliares para posterior transporte para o fluxo de caixa. Acrescen-
tam-se, como desembolsos, os salários com os encargos sociais de mão-de-obra direta
e indireta, além de todas as despesas indiretas de fabricação. A compra de itens do
Ativo Permanente também representa uma saída de caixa ou bancos. Nesses termos,
constituem-se desembolsos todas as operações financeiras decorrentes de pagamen-
tos gerados pelo processo de produção, comercialização e distribuição de produtos
pela empresa.
80
Além disso, o autor disponibiliza mapas auxiliares para programação do fluxo de
caixa. O quadro 2 apresenta um mapa auxiliar de recebimento das vendas. Para melhor
visualizar, imaginemos uma empresa que tem como política de vendas: 40% a 30 dias,
30% a 60 dias e 30% a 90 dias, fora o mês.
Quadro 2 – Mapa auxiliar de recebimentos das vendas a prazo $
NOV X X ♦
DEZ X X X
JAN X X X
FEV X X X
MAR X X X
ABR X X X
MAI X X X
JUN X X X
JUL X X X
AGO X X X
SET X X X
Total
O somatório mensal de cada linha deverá ser transportado para o fluxo de caixa,
representando o total de ingressos advindos das vendas no período.
81
previsões internas – baseiam-se no consenso acerca das projeções realizadas
pelos canais de venda da empresa. Os históricos de vendas são muito utilizados
pelas empresas para projetar as vendas do período seguinte;
NOV X X ♦
DEZ X X X
JAN X X X
FEV X X X
MAR X X X
ABR X X X
MAI X X X
JUN X X X
JUL X X X
AGO X X X
SET X X X
Total
Administração do Circulante
O somatório mensal de cada linha deverá ser transportado para o fluxo de caixa
representando os desembolsos de matérias-primas a serem feitas no período.
82
Após o planejamento e a elaboração do fluxo de caixa, uma importante função
do administrador financeiro é fazer o seu acompanhamento, com a finalidade de
controle. Ou seja, é muito importante comparar o que foi planejado (P) com o que
está sendo realizado (R) e a defasagem (D). Com isso, o financista tem a sua disposi-
ção um arsenal de informações que o fluxo de caixa pode proporcionar para tomar
suas decisões cotidianas.
83
Texto complementar
O fluxo de caixa é um dos instrumentos utilizados para uma eficaz gestão em-
presarial. Esse instrumento faz o casamento do que a empresa tem que pagar, com
o que ela tem disponível em caixa ou para receber.
– “Melhor comprar com o maior prazo possível, vamos negociar 90 dias com
nosso fornecedor, porque até lá teremos caixa para pagar!”
Linhas Mil!”
Claro que essas são ideias que podem ser viáveis, mas para esta decisão é pre-
ciso avaliar o fluxo de caixa da confecção – ou seja, como vai se comportar o caixa da
empresa no futuro, e não somente avaliar o momento atual.
84
Administração dos recursos em caixa
O objetivo do fluxo de caixa é acompanhar as entradas e saídas previstas de
dinheiro, bem como a sua manutenção. O fluxo de caixa deve registrar todas as en-
tradas e saídas, considerando um período de tempo determinado. A partir desse
minucioso registro, a situação da empresa, positiva ou negativa, é apresentada.
identificar, com antecedência, que volume de fundos terá que ser procura-
do em fontes de crédito;
85
Atividades
86
3. No que consistem os desembolsos de um caixa?
Fluxo de Caixa
87
Política de Crédito e Cobrança
Qualquer organização empresarial que comercializa bens ou presta um tipo de
serviço, deve ter claras as suas políticas de crédito e cobrança para poder atuar no
mercado.
Crédito diz respeito à troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma
empresa que concede crédito troca produtos ou serviços por uma promessa de pa-
gamento futuro. Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos ou serviços e
assume o compromisso de efetuar o pagamento futuro (ASSAF NETO; SILVA, 1997).
Estamos nos referindo, nada mais, nada menos, à possibilidade de utilizar os serviços
de fatores de produção (matérias-primas, mão-de-obra, equipamentos e até recursos
financeiros) sem contrapartida (isto é, sem pagamento pelo seu uso), até um momento
adequado.
Aliado a isso, a organização que cede crédito aos seus clientes deve estabelecer
critérios de cobrança. Para tanto, pode utilizar instrumentos como a duplicata a rece-
ber, a nota promissória, o cheque pré-datado, o comprovante de venda de cartão de
crédito, entre outros.
Assaf Neto e Silva (1997) apontam quatro possíveis explicações para a existência
de vendas a prazo. Em primeiro lugar, o acesso ao mercado de capitais é diferente para
compradores e vendedores por diversos motivos, tornando o custo do financiamento
e a quantidade de recursos obtida um inibidor à comercialização de produtos.
89
Finalmente, a venda a prazo pode ser justificada como importante estratégia de
mercado. É bastante comum o uso da venda a prazo visando proporcionar um volume
médio de venda superior à venda à vista. Nessa situação, a empresa pode optar por
oferecer crédito como uma forma de incentivar as vendas por impulso.
Política de crédito
Segundo os critérios geralmente utilizados no mercado, o estabelecimento de
uma política de crédito envolve o estudo de quatro elementos básicos, a saber: análise
dos padrões de crédito, prazos de concessão, descontos financeiros por pagamentos
antecipados e políticas de cobrança (ASSAF NETO, 2003).
gasto em cobrança para efetivar o recebimento dos possíveis inadimplentes, e, por fim,
podem aumentar as perdas com devedores duvidosos.
Dessa forma, o administrador financeiro deve se ater a toda essa análise, verifican-
do quais os custos e quais os benefícios decorrentes da venda a crédito. A partir daí,
tomará a melhor decisão sobre a política de crédito da empresa.
90
Antes de propor qualquer concessão de crédito aos seus clientes, a empresa ne-
cessita também de uma análise interna, a fim de verificar sua capacidade de financiar
esse crédito e por quanto tempo.
Seleção de clientes
A primeira questão a ser resolvida é selecionar quem poderá comprar com crédito
na empresa. Trata-se de uma avaliação do risco que o potencial cliente gera em face do
aumento das vendas e lucros que ele pode proporcionar.
91
Normalmente, as empresas atribuem pontuações a cada critério apresentado.
Essa pontuação depende de cada empresa e qual critério julga ser o mais adequado
para análise. No dia-a-dia, podemos ilustrar esses critérios como, por exemplo, exigên-
cias do mercado como: consultas a entidades como o Serasa e SPC, comprovação de
renda, tempo mínimo de conta bancária, referências, entre outras. Todos esses itens,
certamente, fazem parte da seleção dos clientes na política de crédito da empresa.
Prazo de crédito
Depois de selecionar os clientes para os quais a empresa concederá crédito, ela
deverá informar o prazo para o pagamento das vendas. Trata-se de delimitar quanto
tempo disporá o cliente para efetuar o pagamento.
Dado certo volume de vendas a prazo, além da relação entre custo direto e preço
unitário de venda, o prazo concedido determina não só a rotação do investimento em
contas a receber, como também o valor aproximado desse investimento (SANVICENTE,
1987). Isso significa que, quanto maior o prazo para o efetivo recebimento das vendas,
maior tenderá a ser o montante investido em contas a receber.
Limite de crédito
Após a definição de quem poderá obter crédito na empresa e quanto tempo dis-
porá para o efetivo pagamento, os gestores devem definir qual é o montante que será
cedido, ou seja, “até quanto”.
Essa decisão deve considerar o risco de perder o valor que a empresa assume ao
ceder crédito, em face da probabilidade de não-pagamento. Trata-se de comparar o que
a empresa ganha com o montante cedido ao cliente e o risco que ela corre por ceder.
Além disso, a empresa deve analisar quais são seus próprios limites, ou seja,
qual sua capacidade financeira de conceder o montante desejado pelo cliente. Al-
gumas empresas não possuem Capital de Giro suficiente para arcar com concessões
Administração do Circulante
consideráveis.
92
Várias empresas utilizam sistemas de pontuação que determinam, automatica-
mente, a soma que o potencial cliente tem disponível em forma de crédito. Instituições
financeiras possuem sofisticados sistemas de análise e liberação de crédito.
Matias (2007) estabelece um quadro que abrange o que deve ser identificado
para formulação da política de crédito e seus objetivos. Veja:
(MATIAS, 2007)
Identificar e fixar padrões para Tendo como objetivos
1) A solicitação de crédito Aumentar receitas e reduzir perdas
93
A empresa precisa processar três solicitações que foram recebidas recentemente e
avaliadas por um de seus analistas. O número de pontos de cada um dos solicitantes, de
acordo com suas características financeiras e creditícias é apresentado no quadro 3:
Quadro 3
Solicitante
Características financeiras A B C
e creditícias
(De 0 a 100 pontos)
Referência de crédito 60 90 80
Nível de escolaridade 70 70 80
Casa própria 100 90 60
Nível de renda 75 80 80
Histórico de pagamento 60 85 70
Tempo de emprego 50 60 90
Solicitante
Características financeiras
e creditícias A B C
(De 0 a 100 pontos)
Referência de crédito 15 22,5 20
Nível de escolaridade 10,5 10,5 12
Casa própria 10 9 6
Nível de renda 7,5 8 8
Histórico de pagamento 18 25,5 21
Tempo de emprego 5 6 9
Total 66 81,5 76
94
Um ponto que deve ser ressaltado é a necessidade de agilidade na operação de
concessão de crédito. Conforme Braga (1989, p. 117) “não se pode aplicar muito tempo
no levantamento e análise das informações, sob pena de o cliente desistir ou do custo
das investigações tornar-se muito elevado em face do valor do crédito”. Portanto, a
aplicação da empresa na sondagem das informações é proporcionalmente relevante
em relação ao valor financiado.
Concessão de desconto
Uma importante alternativa para acelerar os recebimentos advindos das vendas é
fornecer um desconto para o cliente que deseja pagar à vista ou antes do vencimento.
Porém, para que o desconto seja atrativo ao cliente, deverá ser, no mínimo, maior
do que o retorno de uma possível aplicação feita pelos compradores. Já para a empre-
sa, esse desconto não deve comprometer a lucratividade.
Para ilustrarmos essa situação, considere que uma organização necessita de recur-
sos financeiros no curto prazo para operacionalizar seu negócio. Dessa forma, propôs
ao seu cliente um desconto de 5% ao mês se esse antecipasse o pagamento de sua
duplicata no período de 30 dias. Visto que essa mesma organização possui à sua dis-
posição crédito a curto prazo de uma instituição financeira com juros de 3,2% ao mês,
você considera a proposta uma boa negociação?
95
Política de cobrança
Após a realização das vendas a prazo, o próximo passo é receber devidamente
pela venda efetivada. Para isso, é importante conhecer os três tipos de clientes apon-
tados por Matias (2007):
Nos casos em que o crédito está vencido, os contatos com o cliente devem levar
em consideração o histórico de relacionamento, e segundo Matias (2007), podem
seguir um roteiro:
cobrança judicial.
Lembre-se que o sistema de cobrança das empresas gera custos e, como quase
tudo na administração financeira, o gestor necessita analisar a relação custo/benefício
entre esse custo e os benefícios dos programas de cobrança, ou seja, deve garantir que
Administração do Circulante
o gasto com a cobrança não seja maior que o montante devido pelo cliente.
96
Há três programas futuros alternativos, sendo admitida a hipótese de que o
volume de vendas não se altera. Os três programas provocam perdas diferentes com
dívidas incobráveis; no programa atual usado, as perdas são de R$90.000,00 e a co-
brança custa R$20.000,00.
Quadro 5 – Alternativas de planos de cobrança
Dos três programas, o B é sem dúvida o melhor, pois acresce R$15.000,00 ao lucro
líquido da empresa, porque o aumento das despesas em cobrança (R$25.000,00 em
relação ao atual) mais do que compensa a redução das perdas (R$40.000,00).
Texto complementar
O calote está batendo recordes. Saiba o que fazer para evitar o problema
Nada pode ser pior do que passar o mês sem fechar nenhuma venda, certo?
Errado. Pior do que isso é vender e não receber. Essa é a dura realidade que muitas
Política de Crédito e Cobrança
empresas estão enfrentando agora. Em maio de 2003, foram emitidos 10,6 milhões
de cheques sem fundo no país, 15,4% a mais que no mesmo período de 2002, se-
gundo dados do Banco Central. Ou seja, de cada 1 000 cheques compensados, 57
bateram e voltaram.
97
segunda é a necessidade de cobrar novamente a fatura ou trazer o produto de volta
para a loja – ou seja, consertar o passado em vez de cuidar do futuro do negócio.
98
consultas por mês e o cheque que está em suas mãos é a trigésima consulta em 20
dias, mau sinal. Seu negócio pode estar prestes a receber um cheque sem fundo.
“Empresa também tem seus hábitos de consumo”, diz João Papp Junior, diretor da
CheckOK, empresa que fornece informações de crédito. “Uma movimentação fora
do normal pode indicar problema.”
Corte o mal pela raiz – Quando a relação com seus clientes é muito estreita,
como acontece com um franqueador e seus franqueados, a inadimplência pode re-
querer tratamento mais, digamos, invasivo. A DryWash é uma empresa com sede em
São Paulo que criou um sistema de lavagem a seco de automóveis. Lida com consu-
midores finais, nos sete lava-rápidos que mantém, e com 120 franqueados distribuí-
dos por 19 estados brasileiros. A rede fatura 20 milhões de reais por ano. A DryWash
praticamente não sofre calote de consumidores, já que os valores que recebe de cada
um deles são baixos (perto de 16 reais). A relação com os franqueados – que pagam
royalties e material de consumo – é diferente. “Eles ficam inadimplentes quando estão
com problemas na gestão da loja”, diz Lito Rodrigues, diretor da DryWash. Para evitar
esses casos, a empresa está implantando um sistema de gestão informatizado, que
permitirá acompanhar o fluxo financeiro do franqueado em tempo real. “Só ensinar a
polir o carro não basta, é preciso orientar a gestão do caixa também”, diz.
99
(IBETEC, Adriano Blatt)
DERRUBE O CHEQUE VOADOR
As recomendações para fugir dos maus pagadores
1. Mantenha seu cadastro atualizado
9. Confira sempre as informações fornecidas por clientes novos, até mesmo com visitas a suas
instalações
Atividades
100
3. Como ocorre a concessão de crédito pelas empresas que utilizam sistema de
pontuação?
101
Gestão do Contas a Receber
Essa conta está presente em quase todas as organizações que vendem um bem
ou prestam um serviço à sociedade. Diz respeito a créditos1 concedidos aos clientes
em troca de uma promessa de pagamento futuro.
Os autores.
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Salários
Contas a Receber Fornecedores
Estoques Impostos...
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
103
mações nas organizações que acompanham os padrões e concessões de crédito de
que, em tese, a venda à vista representa até 20% das vendas totais e a venda a crédito
algo em torno de 80%, para a maioria das organizações.
A partir disso, você pode visualizar a importância da gestão eficiente desse item
no Ativo Circulante das organizações.
104
custo de cobrança – inclui todos os gastos adicionais da empresa decorrentes
da cobrança, como as despesas do departamento de cobranças, cartas, telefo-
nemas, até ações judiciais. Os custos de cobrança devem ser analisados sob a
ótica custo/benefício do gestor financeiro. Se o custo da cobrança for maior que
o recebimento previsto, não é aconselhável dispensar esforços onerosos nesta
operação.
O administrador financeiro deve ter em mente que todo crédito concedido é, para
a empresa, um risco. Além disso, o risco de crédito possui duas dimensões: a quantida-
de do risco e a qualidade do risco. A quantidade refere-se ao montante que pode ser
potencialmente perdido nas operações de crédito e a qualidade diz respeito à proba-
bilidade ou aos sinais de possíveis perdas.
(MATIAS, 2007)
Regra Efeito positivo Efeito negativo
Clientes insatisfeitos
Prazos menores Diminuição do risco podem procurar opções na
concorrência
É importante que o gestor financeiro saiba que conceder crédito gera vantagens
e desvantagens. Com isso, ele tomará decisões baseando-se na análise custo/benefício
e risco/retorno nas operações financeiras.
105
Dentre os indicadores existentes, vamos estudar o Período Médio de Recebimen-
to (PMR), o ROCORE (Rotação do Contas a Receber) e o Saldo Médio de Contas a Re-
ceber (SMCR). Todos esses indicadores estão interligados, sendo que um influencia os
resultados dos outros, como se pode observar.
ou
Onde:
Por exemplo: a empresa Beta vende a prazo R$36.000,00 por ano e, segundo seus
cálculos, o saldo médio mantido no Contas a Receber é de R$3.000,00. Segundo a
equação acima, teríamos:
O PMR, para fins de análise, pode ser comparado com os seguintes indicadores:
prazos de crédito concedidos pela empresa – sendo o PMR maior que o prazo
concedido pela empresa, significa que está ocorrendo inadimplências por parte
Administração do Circulante
dos clientes. Na situação contrária, em que o PMR é menor que o prazo de cré-
dito concedido pela empresa, os clientes estão pagando antecipadamente. Pe-
guemos nosso exemplo anterior: considere que na política de crédito da em-
presa Beta, o prazo de crédito seja estipulado em 25 dias para pagamento. Isso
quer dizer que, em média, está ocorrendo inadimplência de 5 dias por parte dos
compradores.
106
Período Médio de Pagamento (PMG) – refere-se ao pagamento efetuado pela
empresa aos seus fornecedores. Uma vez que deve haver sincronização dos rece-
bimentos e pagamentos da empresa, é recomendado que se receba dos clientes
para, posteriormente, efetuar o pagamento junto aos fornecedores. Caso con-
trário, poderá ter sérios problemas no seu fluxo financeiro. Voltando ao nosso
exemplo: constatamos que o PMR da empresa Alfa é de 30 dias. Portanto, para
fins de negociação junto aos fornecedores, devemos solicitar um prazo maior
que 30 dias para pagamento. Claro que devemos levar em consideração os valo-
res pagos, para sincronizar as contas no nosso fluxo de caixa.
Saldo Médio em Contas a Receber (SMCR): esse índice mostra qual o montante
médio investido pela empresa no contas a receber. Obtemos o SMCR a partir da se-
guinte equação:
ou
Onde:
ou
ROCORE = total de vendas a prazo / SMCR = n.º de vezes que as vendas a prazo
giram no período
Onde:
Nesse caso, o SMCR tem um giro de 12 vezes no ano. Isso porque os clientes tendem
a pagar a cada 30 dias. Quanto maior o ROCORE, mais rápido circulam os recursos no ciclo
operacional e, consequentemente, mais líquida estará a organização.
Conforme destaca Assaf Neto e Silva (1997), uma tendência de crescimento desse
índice revela uma consequente redução no prazo do crédito concedido pela empresa.
Ao contrário, uma retração no giro dos valores a receber indica maior expansão nos
prazos de concessão de crédito.
De um modo geral, quanto maior for o giro do Contas a Receber, mais beneficiada
será a posição de liquidez da empresa. Entretanto, como bem nos mostra Assaf Neto e
Silva (1997), os índices de rotação não devem ser analisados isoladamente, fora do con-
texto amplo de desempenho da empresa. Uma elevação no giro, por exemplo, apesar
Administração do Circulante
de poder sugerir inicialmente um resultado positivo, pode ter sido construído com
elevado sacrifício do preço de venda e, consequentemente, da margem de lucro. Por
outro lado, um crescimento no prazo de cobrança, em princípio uma indicação geren-
cial desfavorável, pode ser financeiramente justificado por suas repercussões positivas
108
sobre o volume de vendas ou, ainda, ser lastreado por maiores prazos de pagamento
concedidos pelos fornecedores dos produtos vendidos.
Devedores duvidosos
Índice de Inadimplência = = %
Vendas totais
Como exemplifica Assaf Neto e Silva (1997), se o DVR for igual a 18, isto indica que
18 dias das vendas realizadas pela empresa ainda não foram recebidas, constando no
investimento do Contas a Receber. Ou seja, para o momento considerado, o montante
que consta no Contas a Receber equivale a 18 dias de vendas.
custo das mercadorias vendidas representa 60% do valor de venda. Acrescenta-se que
o Custo de Oportunidade (COP) em Contas a Receber é de 20% e o Custo com Devedo-
res Duvidosos (CDD) é de 1% sobre o Saldo Médio de Contas a Receber (SMCR). Temos
a seguinte situação (quadro 3):
109
Quadro 3 – Situação atual do Contas a Receber
Os autores.
Vendas R$5.000.000,00
Custo direto (60%) R$3.000.000,00
Margem de Lucro Bruta R$2.000.000,00
ROCORE 360 / 72 = 5 vezes por ano
PMR 72 dias
Saldo Médio em Contas a Receber R$5.000.000,00 / 5 = R$1.000.000,00
Custo de oportunidade R$1.000.000,00 x 20% = R$200.000,00
Custo com devedores duvidosos R$5.000.000,00 x 1% = R$50.000,00
Índice de inadimplência R$50.000,00 / R$5.000.000,00 = 1%
Lucro incremental R$2.000.000,00 – (R$200.000,00 + R$50.000,00) =
R$1.750.000
Relação Custos / Margem de Lucro (MALU) (R$200.000,00 + R$50.000,00) / R$2.000.000,00 = 12,5%
Os autores.
Vendas R$5.500.000,00
Custo direto (60%) R$3.300.000,00
Margem de Lucro Bruta R$2.200.000,00
ROCORE 360 / 90 = 4 vezes por ano
PMR 90 dias
Saldo Médio em Contas a Receber R$5.500.000,00 / 4 = R$1.375.000,00
Custo de oportunidade R$1.375.000,00 x 20% = R$275.000,00
Custo com devedores duvidosos R$5.500.000,00 x 3% = R$165.000,00
Índice de inadimplência R$165.000,00 / R$5.500.000,00 = 3%
Lucro incremental R$2.200.000,00 – (R$275.000,00 + R$165.000,00) =
R$1.760.000
Administração do Circulante
A princípio, a situação proposta seria mais vantajosa, uma vez que o lucro incre-
mental sofreu um acréscimo de R$10.000,00. Porém, perceba que os custos cresceram
em R$190.000,00. Enquanto na primeira situação os custos abocanhavam 12,5% da
margem de lucro, na situação proposta eles consomem 20%. A definição dessa situ-
ação irá depender da política de venda da empresa em relação ao aumento da sua
participação versus o aumento dos custos da gestão em Contas a Receber.
110
Texto complementar
na faixa intermediária, a chamada classe C, com renda mensal entre 1.062 e 2.017
reais. De acordo com pesquisa realizada pelo instituto Ipsos para a financeira Ce-
telem, em apenas dois anos, de 2005 a 2007, um contingente de 23,5 milhões de
pessoas passou a fazer parte desse estrato. Com esse deslocamento, a classe C
tornou-se a maior em número absoluto de pessoas na pirâmide social brasileira,
superando os 86 milhões do ano passado. Somada aos 28 milhões que formam as
111
classes A e B, isso significa que já são 114 milhões os brasileiros que podem ser con-
siderados consumidores. Outro estudo, da consultoria Value Partners, estima que,
numa hipótese conservadora, o número de consumidores no país aumentará pelo
menos 7,5 milhões até 2010. A ascensão de milhões de pessoas à classe C não é um
fenômeno que se esgota em si mesmo. Mais pessoas consumindo na base significa
que quem produz e vende – normalmente aqueles que estão no topo da pirâmi-
de social – também tem mais chance de enriquecer. Essa progressão da renda é o
único lado bom de eventos que viraram notícia nos últimos tempos – como o caos
nos aeroportos ou o virtual estrangulamento no trânsito de metrópoles como São
Paulo. A frota de veículos no país aumenta 2,5 milhões por ano. E as viagens aéreas
deixaram de ser artigo de luxo, premissa que anos atrás levou à criação da Gol e
que hoje atrai novos nomes para o país, como a americana JetBlue. “Nos próximos
cinco a sete anos o mercado brasileiro vai dobrar de tamanho”, afirma David Barioni,
presidente da TAM. Se Barioni estiver certo, o número de passageiros nesse período
passará de 50 milhões para 100 milhões por ano. Segundo projeções da operadora
de telefonia Vivo, até 2012 o número de celulares no país superará 200 milhões. Até
lá, em média, cada brasileiro terá seu telefone móvel. Cifras de crescimento dessa
magnitude são inimagináveis em mercados maduros, mas fazem parte do dia-a-dia
dos negócios em países emergentes mais pujantes, como a China.
Um país em transformação
Ao mesmo tempo, a expectativa de vida no país cresceu da média de 51 anos
em 1950 para quase 73 atualmente. Nesse ritmo de avanço, em 2050, ao nascer, os
brasileiros terão uma esperança de vida de 81 anos – mesma taxa hoje verificada
112
entre os japoneses, o povo com a maior longevidade do mundo. A contínua queda
da taxa de nascimentos e o aumento da expectativa de vida têm ampliado o peso
dos adultos na população, criando um fenômeno demográfico favorável à econo-
mia do país: os brasileiros na faixa de idade mais ativa – entre 15 e 64 anos – já
são dois terços da população total, uma proporção inédita na história. Até 2040,
haverá acréscimo de 30 milhões de pessoas nessa faixa de idade produtiva. Co-
nhecido como bônus demográfico, o fenômeno ocorre porque a força de trabalho
cresce num ritmo maior do que a população que depende dela – ou seja, crianças
e idosos. Com menos dependentes, sobrarão mais recursos para que as famílias
aumentem o nível de consumo e de investimento. “Essa situação favorece negócios
dos mais diferentes setores”, diz o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE.
“O país e as empresas não podem desperdiçar este momento.”
[...]
113
Não será apenas o avanço etário no Brasil que representará novos desafios
às empresas. Novos arranjos sociais e familiares vão lentamente determinando
mudanças no comportamento dos consumidores. Uma categoria que se tornou
obsessão nos departamentos de marketing de muitas empresas é a dos casais sem
filhos. Nos Estados Unidos, esses casais são chamados de dinks – abreviatura de
double income, no kids (“dupla renda, sem filhos”). Nesse grupo estão incluídos os
jovens que protelam a chegada dos herdeiros, pessoas de meia-idade que já cria-
ram os filhos, os parceiros gays e os casais que não podem ou não querem se tornar
pais. A percepção sobre os dinks é que eles consomem mais porque somam dois
salários no orçamento doméstico e não têm gastos com dependentes. Portanto, é
uma turma que gasta mais com bens de consumo e lazer. No Brasil, a Pnad de 2006
identificou 8,6 milhões de residências de casais sem filhos – o que representa um
aumento de 60% sobre o número de 1996. “Essa parcela da população deve dobrar
na próxima década”, diz Diniz, do IBGE. No mesmo foco estão os que vivem sozi-
nhos. Assim como os dinks, eles têm uma renda que não precisa ser dividida. “No
mercado imobiliário, os solteiros e os sem-filhos já representam 27% das vendas de
imóveis novos”, diz Paulo Secches, diretor da empresa de pesquisa TNS InterScien-
ce. “Esses dois grupos têm perfis muito parecidos de consumo.”
ano deve ganhar outras 80, algumas delas em outras cidades grandes do país. A
nova marca do grupo é um misto de padaria e loja de conveniência, instalado em
áreas de passagem (próximas, por exemplo, às estações do metrô) e nos bairros de
renda mais alta. “Notamos que os solteiros e os sem-filhos não costumam ir a um
grande supermercado”, diz Sylvia Leão, diretora da Extra Fácil. Boa parte dos 3 000
itens oferecidos nas lojas é vendida nas menores porções disponíveis pelos fabri-
114
cantes. Pode parecer um mercado pequeno, mas não é. De acordo com a empresa
de pesquisa Nielsen, os supermercados com até quatro guichês movimentam 50
bilhões de reais por ano no Brasil e representam o segmento que mais cresce no
setor. O Carrefour testa em Porto Alegre o mesmo estilo de loja, sob a marca Car-
refour Express. Os dois varejistas não estão inventando a roda. Na França, o Casino
(acionista do Pão de Açúcar) tem 6 000 lojas com a marca Petit Casino.
envio de mimos em uma caixa. “Mulheres adoram caixas”, diz Carlos Alberto Julio,
presidente da empresa. Uma semana após fechar um negócio, a Tecnisa manda à
casa de seus novos clientes, por exemplo, uma caixa com duas taças e uma garrafa
de champanhe. “Cada vez mais, vemos as mulheres tomando as decisões de con-
sumo em vários setores”, diz Franck Rosez, diretor de marketing da financeira Cete-
lem. “Descobrimos que isso se dá até em produtos voltados para os homens.” Foi o
115
que pôde ser constatado na análise do banco de dados dos cartões de crédito de
um dos clientes da financeira, a Camisaria Colombo, rede de moda masculina com
128 lojas em 17 estados. “Dos 300 000 nomes cadastrados com nosso cartão, 30%
são mulheres”, afirma Álvaro Jabour, dono da rede. “Elas são clientes assíduas, com
renda própria para comprar roupas para marido e filhos.” A descoberta fez com que
a empresa abandonasse uma antiga tradição de ter apenas vendedores homens.
Hoje, metade de seus atendentes nas lojas são mulheres.
Captar os humores do mercado será cada vez mais importante daqui em diante
– tudo indica que o país vive os primeiros contornos de uma mudança radical na
economia. A teoria econômica ensina que o tamanho dos mercados importa, pois
só a escala permite oportunidades de segmentação e sofisticação. A emergência
de milhões de consumidores à classe C abre espaço para crescimento de padrão
chinês em inúmeros segmentos, mas a mudança vai muito além desse fato. Para-
lelamente, os segmentos mais abastados da classe C estão migrando para a B – e
o mesmo ocorre da B para a A. Ou seja, oportunidades de negócios vão surgir dos
mercados populares aos artigos de alto luxo. Vai se dar bem quem souber entender
o que quer, afinal, seu consumidor. Recentemente, a TAM detectou, com base em
pesquisas, a necessidade de um programa de bandas tarifárias para oferecer pro-
dutos que se encaixem às necessidades e possibilidades de diferentes clientes. “Há
desde passagens mais baratas, para quem não faz questão de acumular milhas, de
levar muita bagagem ou de flexibilidade para mudar horários, até mais caras, para
o consumidor de altíssimo padrão, que quer o conforto da primeira classe para ir a
Paris”, diz Barioni. Ou seja, não dá para cobrar muito de quem quer viajar barato –
mas não dá para oferecer um serviço muito simples a quem quer conforto. Na nova
etapa de pujança do mercado brasileiro, decifrar o que quer o novo consumidor
brasileiro virou questão de sobrevivência.
Atividades
116
2. Quais as desvantagens na concessão de crédito?
117
Gestão de Estoques
Este capítulo estuda o item menos líquido do Ativo Circulante: os Estoques. A
administração de estoques deve ser acompanhada com muita propriedade pelo
gestor financeiro, uma vez que esse investimento interfere diretamente nas finanças
corporativas.
A gestão dos estoques é um relevante item dentro do Capital de Giro e precisa ser
analisado. Ainda que essa área não seja de responsabilidade direta da administração
financeira, essa deve estar à parte de suas particularidades, visto que os estoques são
os investimentos menos líquidos do Ativo Circulante e que acarretam em custos consi-
deráveis às organizações, especialmente às industriais.
Os autores.
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Salários
Contas a receber Fornecedores
Estoques Impostos ...
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
119
Para estabelecer os níveis desejados de estoques, é imprescindível ter uma noção
em relação à previsão das vendas. Dependendo do montante que a empresa progra-
ma vender em um determinado período, serão determinados os níveis de estoque, ou
seja, o que é necessário manter na empresa para assegurar as vendas programadas.
seus produtos;
produtos acabados – itens que foram produzidos e ainda não foram vendidos.
120
Pode-se entender estoques como amortecedores das entradas e saídas dos pro-
cessos de comercialização (produtos acabados) e produção (matérias-primas e produ-
tos em elaboração). Assim, os estoques podem diminuir os efeitos de erros de plane-
jamento e variações inesperadas de oferta e demanda, bem como ajudar a isolar ou
diminuir a interdependência de todas as partes da organização (SANVICENTE, 1987).
121
custo de qualidade – considera as falhas e inconformidades, as trocas em ga-
rantias e assistência técnica, a imagem e a reputação da empresa, assim como o
tempo ocioso.
forma todos os pedidos seriam atendidos rapidamente e não haveria perda de vendas
por escassez de produtos.
122
gerente se beneficia de níveis altos de estoques de matérias-primas, o que evita atra-
sos na produção, além da fabricação de grandes lotes, diminuindo os custos unitários
de produção. Já o gerente de compras se preocupa basicamente com o estoque de
matérias-primas, sendo sua responsabilidade garantir o atendimento da produção em
quantidades adequadas, nos prazos desejados e a preços favoráveis (GITMAN, 2002).
Sistema ABC
O Sistema ABC classifica os estoques em três grupos: A, B e C. O grupo A inclui
os itens que necessitam maior investimento. Tais itens demandam maior atenção por
parte dos administradores, pelo alto investimento e sua importância no processo
produtivo.
123
Curva ABC
Categoria B
Categoria A
De acordo com Assaf Neto e Silva (1997), o Lote Econômico de Compra busca a
melhor estratégia para determinar a quantidade adequada que deve ser mantida em
estoques e em quanto tempo um novo pedido deve ser realizado. Assim, o LEC auxilia na
determinação de quantidade ótima de cada pedido, de modo que os custos totais, com-
preendidos pelo custo do pedido e o custo de estocagem, sejam os menores possíveis.
2 X D X Cp
LEC = = n.o em unidades
Cun
Administração do Circulante
Onde:
124
Exemplo:
2 X 1 600 X R$50,00
LEC = = 400 unidades
R$1,00
D
NP = = n.o de pedidos no período
LEC
Onde:
NP = Número de pedido
Voltando ao nosso exemplo em que a demanda era de 1 600 pneus e o LEC de 400
unidades, temos:
1 600
NP = = 4 pedidos
400
360
ND = = n.o de dias por período
4
Gestão de Estoques
360
ND = = 90 dias
4
125
Agora já temos as informações completas: a empresa Volant’s, a fim de minimizar
os seus custos de estoque, necessita realizar 4 pedidos de 400 pneus com intervalos de
90 dias entre os pedidos.
Ponto de reencomenda
No cálculo anterior, o número de dias para pedir não considera o tempo de en-
trega do fornecedor, ou seja, assim que o pedido é emitido a encomenda chega à em-
presa. Todavia, na maioria dos casos, existe um tempo entre o pedido e o recebimento
dos itens. Assim, o ponto de reencomenda considera tal espera e pode ser obtido pela
seguinte equação:
Assim, sabemos que, para minimizar os custos totais dos estoques, a empresa
Volant’s deverá fazer pedidos de 400 unidades cada vez que seu estoque chegar a um
nível de 50 unidades.
Sistema Just-in-Time
O sistema Just-in-Time (JIT) é utilizado na administração de estoques e tem como
objetivo quantificar e minimizar o investimento nessa conta. De acordo com Gitman
(2002), a filosofia do Just-in-Time é de que os insumos precisam ser recebidos exata-
Administração do Circulante
Para adoção desse modelo por uma organização, suas atividades de compra, pro-
dução e comercialização devem ser altamente coordenadas. Além do mais, as relações
com os fornecedores precisam ser altamente especificadas, objetivando sobretudo a
qualidade do que é fornecido, isso porque o sistema Just-in-Time não admite erros.
126
Empresas que operam com sistemas de encomendas adotam o sistema Just-in-Time
com maior facilidade.
Na administração financeira dos estoques, tarefa árdua dos gestores das orga-
nizações, cabe ressaltar que não há uma fórmula exata que determine os níveis de
estoques de todas as organizações. Isso depende da sua atividade, seus recursos dis-
poníveis, do mercado no qual está inserida, dos seus concorrentes e de muitos outros
fatores que influenciam direta e indiretamente a administração empresarial.
Texto complementar
O segredo da Toyota
A empresa japonesa ameaça a liderança da GM e, em breve, se tornará
a maior montadora do mundo. Como ela conseguiu isso?
A indústria automobilística vive uma das maiores crises de sua história. Líder mun-
dial na produção de veículos, a General Motors luta para evitar a concordata. A Ford
anunciou seu segundo grande plano de reestruturação em menos de uma década.
Gestão de Estoques
A Volks vai demitir 20 mil funcionários. Poucas empresas de grande porte no setor
têm escapado do prejuízo ou do risco de quebrar. Uma, em especial, tem passado ao
largo da maré. Trata-se da Toyota, montadora que mais cresce no mundo. Desde o
ano 2000, metade do aumento da produção mundial saiu de suas fábricas. A Toyota
lucrou no ano passado US$11,4 bilhões, mais que as 12 principais concorrentes juntas.
127
Em seu atual ritmo de expansão, deve chegar ao fim do ano como a maior fabricante
de automóveis do mundo, ultrapassando a GM. Para completar, a Toyota é a pioneira
na produção dos carros híbridos, tecnologia-chave para o futuro da indústria.
Esse estilo único pode ser visto em qualquer unidade, da chamada Cidade da
Toyota, em Nagoya, à filial brasileira em Indaiatuba, interior de São Paulo. Em suas
fábricas, tudo é sincronizado e medido. A cada minuto, sai um novo carro da linha de
montagem. A busca incessante por melhorias não fica só no discurso. É incorporada
à rotina de trabalho. Os 265 mil funcionários são treinados para resolver qualquer
problema e têm autonomia para interromper a produção quando necessário. Tudo
de forma rápida, evitando paralisações demoradas e perda de tempo. O treinamen-
to é contínuo. Há equipes de instrutores que viajam pelas 53 fábricas, em 27 países,
divulgando os mesmos conceitos. Os empregados são desafiados a atingir metas
ambiciosas. O desafio atual é elevar a participação no mercado mundial de 10% para
15%. ‘Vamos atingir esse objetivo até 2010’, disse a ÉPOCA Ai Ishiota, porta-voz da
montadora no Japão. Há quem aposte que essa meta será cumprida em dois anos.
128
se expandir. Enquanto a GM e a Ford fecham fábricas nos EUA, a Toyota abre novas
unidades lá, no México, na Tailândia, na Rússia e na China.
O Brasil é um dos poucos lugares onde a imagem da Toyota ficou durante muito
tempo associada ao atraso. Durante anos, ela manteve aqui um modelo ultrapassa-
do, o jipe Bandeirantes, que nada tinha a ver com sua fama de empresa de ponta.
De acordo com um concorrente, a fabricação do jipe foi a maneira encontrada para
manter os contatos no mercado brasileiro sem correr maiores riscos. Na virada da
década, a Toyota resolveu voltar a investir no país, desta vez seguindo à risca seu
padrão internacional. Deu prioridade à rentabilidade. Em vez de entrar nas áreas
mais congestionadas, como a dos carros populares, especializou-se no segmento de
modelos acima de R$40 mil. Lançou no Brasil o Corolla, o carro mais vendido da his-
tória (30 milhões de unidades), e passou a exportá-lo para outros países da América
do Sul, América Central e Caribe. A Toyota ainda detém menos de 5% do mercado
brasileiro, mas foi uma das únicas montadoras no país a dar lucro no ano passado,
ao lado de Ford e Fiat. ‘A Toyota tem bala para ser mais agressiva no Brasil. Mas sua
estratégia é ir devagar, pensar no longo prazo’, diz Corrado Capelano, analista da
consultoria Roland Berger.
é o mesmo dilema que se repete em outros países. A Toyota cresce rápido demais
e já produz mais carros no exterior que no Japão. Em seu processo de globalização,
ela até abriu mão de uma velha tradição e nomeou executivos estrangeiros para
fazer parte da diretoria mundial. Também ampliou seu raio de ação para o setor de
129
financiamentos. Seu braço financeiro dobrou de tamanho em cinco anos e já tem
ativos de US$46 bilhões. O grande desafio é continuar crescendo em ritmo acelera-
do sem perder a essência de sua filosofia de trabalho. A Toyota se tornou a montado-
ra de maior sucesso no mundo porque nunca se acomodou. Para continuar no topo,
terá de se manter incomodada.
Atividades
130
3. Quais os principais objetivos da gestão de estoques?
Gestão de Estoques
131
Fontes de Financiamento
para o Ativo Circulante
Este capítulo aborda o lado direito do Balanço Patrimonial, ou seja, o Passivo Cir-
culante. Você estudará as possibilidades de financiar o Ativo Circulante por meio das
atividades operacionais da empresa, da obtenção de recursos financeiros de terceiros
de curto prazo e de recursos de longo prazo.
fontes internas; e
fontes externas.
Lucros retidos
Fontes
Recursos próprios
Externas
Recursos de terceiros
133
de empréstimos e financiamentos obtidos junto a instituições de crédito, cha-
madas de fontes financeiras. Esse tipo de fonte é externa à organização;
Observe o quadro 1:
Quadro 1 – Balanço Patrimonial
Os autores.
Ativo Circulante Passivo Circulante
Disponibilidades Salários
Contas a Receber Fornecedores Fontes operacionais
Estoques Impostos
Ativo Realizável a Longo Prazo Passivo Exigível a Longo Prazo
Financiamentos Fontes financeiras
Ativo Permanente Patrimônio Líquido
Máquinas e equipamentos Capital Social
Recursos próprios
Imóveis Lucros Retidos
Neste capítulo estudaremos essas três formas de financiar as atividades das em-
presas. Primeiramente abordaremos o financiamento proveniente da atividade ope-
racional da empresa. Em seguida será abordada a forma de financiamento a partir de
instituições financeiras (capital de terceiros) e, por último, o financiamento a partir de
recursos próprios.
Para ilustrar melhor essa situação, considere que uma empresa precisa adquirir
R$10.000,00 em matérias-primas hoje. Uma alternativa é realizar um empréstimo ban-
cário, incorrendo juros, e comprar os itens do seu fornecedor. Outra forma é comprar
desse mesmo fornecedor a prazo, ou seja, o fornecedor está financiando as atividades
da empresa até a data do pagamento, e a empresa está livre de juros.
134
Como principais fontes operacionais de recursos financeiros, pode-se citar: forne-
cedores, salários, impostos a pagar e adiantamento de clientes.
Crédito mercantil
Trata-se, neste caso, do que se pode denominar fonte espontânea de recursos finan-
ceiros, ou seja, provém da atividade normal da empresa. Basicamente, o crédito mercan-
til, como fonte espontânea, é representado pela possibilidade que a empresa tem de ad-
quirir o uso de fatores de produção sem o pagamento instantâneo (SANVICENTE, 1987).
135
Pode-se classificar os salários a pagar também como uma fonte espontânea de
financiamento.
Salários a pagar
A conta Salários a pagar também é uma fonte espontânea de financiamento que
surge das atividades operacionais da empresa. Resulta de serviços recebidos que ainda
deverão ser pagos.
Para Gitman (2002), a empresa pode, de certa forma, manobrar os salários a pagar,
quando obtém um empréstimo a custo zero de seus empregados, na medida em que
estes recebem somente algum tempo depois de terem realizado seu trabalho. O perío-
do de pagamento para empregados em regime horário é muitas vezes controlado por
regulamentos de sindicatos ou por legislação estadual e federal. Contudo, em outros
casos, a frequência de pagamento fica a critério da empresa.
Adiantamento de clientes
A empresa tem um adiantamento de clientes quando recebe valores antecipada-
mente por uma entrega futura do produto. Isso ocorre normalmente quando o produ-
to é feito por encomenda ou quando a demanda é maior que a oferta (MATIAS, 2007).
gerados pelo pagamento em atraso são de alto custo e devem ser considerados inviá-
veis se não se justificarem (MATIAS, 2007).
136
Antes de adentrar nas formas de financiamento a partir de capitais de terceiros,
vamos identificar o papel das instituições financeiras no mercado monetário.
Unidades
investidoras
A figura 2 mostra uma transação direta, em que poupadores cedem seus recur-
sos a investidores que adquirem uma obrigação para com eles. Porém, na maioria dos
casos, há a figura de um intermediário financeiro para efetuar tais transações. Podemos
analisar o papel do intermediário financeiro na figura 3.
(VITAL; RESS JR., 1973 apud
POUPANÇAS SANVICENTE, 1987. Adaptado)
Unidades
poupadoras
Intermediários
financeiros
OBRIGAÇÕES
DIRETAS
Unidades
investidoras
FINANCIAMENTOS E
EMPRÉSTIMOS
Figura 3 – Funcionamento de um mercado financeiro com intermediários.
137
Na figura 3, as unidades que desejam investir (procuram poupanças) colocam os
seus títulos junto aos intermediários financeiros, que por sua vez lhe transferem recur-
sos conseguidos graças à colocação de suas próprias obrigações (diretas) aos agentes
poupadores (agentes da oferta de poupanças) (SANVICENTE, 1987). O mesmo autor
ilustra a seguinte situação: o nosso depósito pessoal a prazo fixo num banco de in-
vestimento é a nossa poupança e o certificado de depósito bancário é uma obrigação
direta do banco de investimento para conosco. Esses recursos, por sua vez, podem ser
emprestados a uma empresa, com base numa nota promissória por ela emitida. Desse
modo, a poupança de um indivíduo chega indiretamente à empresa, graças ao contato
estabelecido pelo intermediário.
Empréstimos bancários
Esse é um tipo de serviço mediante o qual o banco comercial se compromete a
conceder à uma empresa um crédito numa conta que pode ser movimentada à vista.
Trata-se, assim, do que também é chamado de linha de crédito, ou adiantamento em
conta corrente (SANVICENTE, 1987).
Nesse caso, os fundos são obtidos pela empresa na medida das suas necessida-
des, isto é, após a promessa e disponibilidade de saldo na conta bancária, a empresa
fará uso dos recursos sempre que precisar efetuar os seus diversos tipos de pagamento
(SANVICENTE, 1987).
Para que uma empresa obtenha crédito junto a uma instituição financeira é ne-
cessário que seja feita uma análise das informações qualitativas, das informações res-
Administração do Circulante
138
Quadro 2 – Classificação de risco de crédito
Outro ponto que merece destaque é a cobrança de algumas taxas para operacio-
nalizar as transações financeiras de empréstimos. Uma delas diz respeito ao IOF (Impos-
to de Operações Financeiras). O IOF é cobrado tanto de pessoas físicas como de pessoas
jurídicas e sua base de incidência depende do montante emprestado e do prazo de pa-
gamento. Seu cálculo é linear, ou seja, proporcional ao prazo de pagamento. Para opera-
ções em bases mensais a alíquota é obtida dividindo-se a alíquota anual por doze. Para
operações em bases diárias a alíquota é obtida pela divisão da alíquota anual por 365. O
imposto incide somente no primeiro ano, ou seja, para operações com prazos superio-
res a 12 meses paga-se o imposto relativo apenas ao primeiro ano (MATIAS, 2007).
139
Ao vender a prazo, a empresa coloca-se na posição de espera até a data do venci-
mento da fatura, caso não se utilize da operação de desconto. Porém, se tiver a neces-
sidade de recursos para o giro normal de suas operações, poderá efetuar o desconto
desta duplicata. É nesse sentido que o desconto pode ser considerado um adianta-
mento, bem como uma operação de empréstimo de curto prazo (SANVICENTE, 1987).
Hot Money
Hot Money é um financiamento de curtíssimo prazo, geralmente de um a dez dias,
por meio de contrato, garantido por duplicatas ou nota promissória e taxa de juros
em relação ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), mais um spread1 que varia
de acordo com a instituição financeira. A transferência de recursos ao cliente pode
efetuar-se através de uma comunicação telefônica ou eletrônica (internet), desde que
existam regras no contrato que a permitam (MATIAS, 2007).
1
Spread: entendemos spread como a diferença entre o que o banco cobre quando empresta recursos ao cliente e a taxa que paga quando adquire dinheiro.
(LIMA, 2007).
140
Banco do Brasil (BB) – é o maior banco comercial do país, sendo de natureza
mista, oferece linhas de desconto de duplicatas às empresas. Deve ser destacado
que o Banco do Brasil também gera fundos especiais provenientes de convênios
com países estrangeiros para a importação de equipamentos, bem como fundos
destinados ao financiamento de exportações, dentro da ênfase da política eco-
nômica brasileira deste setor;
141
Texto complementar
mente, à expansão de 24,9% assinalada nas operações realizadas por meio de repas-
ses às instituições financeiras credenciadas, que totalizaram R$79 bilhões em outu-
bro, estimuladas pela elevação de 19% observada nas linhas de crédito no âmbito
da Agência Especial de Financiamento Industrial (Finame), destinadas ao financia-
mento da produção e da comercialização de máquinas e equipamentos novos.
142
A relevância das operações amparadas pela Finame para o dinamismo das ope-
rações do BNDES torna-se evidente quando se analisa a trajetória dos desembolsos,
que representam a liberação efetiva dos recursos dos financiamentos contratados.
Nesse sentido, enquanto os desembolsos do BNDES acumulados em doze meses
totalizaram R$66,6 bilhões em outubro de 2007, com expansão de 37% em relação
aos doze meses anteriores, os relativos às operações com a Finame somaram R$19,5
bilhões, aumentando 62,8% na mesma base de comparação.
[...]
143
Atividades
144
3. Explique o financiamento do Capital de Giro a partir do capital próprio.
145
Gestão Tributária do Capital de Giro
Vamos tratar neste capítulo da questão dos tributos e encargos, de como funcio-
nam atualmente e de como impactam no Capital de Giro da empresa. Os tributos e
encargos das empresas dependem, em grande parte, do porte dessas empresas e das
suas formas.
As empresas limitadas são constituídas por dois ou mais sócios, os quais pos-
suem responsabilidade limitada sobre a empresa. Isso significa que suas obrigações
se limitam ao capital investido na empresa. Por esse motivo, é uma forma bastante
encontrada.
147
número de ações que possui. Esse tipo de organização sofre muita intervenção gover-
namental, pelo seu porte e relevância das atividades.
(MATIAS, 2007)
2000 2001
PIB 1.086,70 1.184,00
No Brasil, onde a carga tributária é de, aproximadamente 34%, esse aspecto não
pode ser deixado de lado quando se trata da gestão estratégica do Capital de Giro,
uma vez que, em sua maioria, essas contas estão representadas no Passivo Circulante.
Quantos aos tributos, esses podem ser determinados segundo algumas alterna-
tivas, como:
lucro arbitrado – ditado pelo próprio fisco, que impõe alíquotas e bases de cál-
Administração do Circulante
lucro real – calculado com base no lucro realmente obtido por meio da apura-
ção contábil.
148
tributos sobre valor agregado;
Principais tributos
Tributo sobre a receita
Alguns tributos são estimados a partir da receita das empresas. Dentre eles, pode-
se citar: Imposto de Renda (IR), Contribuição Social (CS), Contribuição Social para Finan-
ciamento da Seguridade (COFINS) e Contribuição ao Programa de Integração Social (PIS)
sobre o Lucro Presumido e Arbitrado, Imposto sobre Serviços (ISS) e Sistema Integra-
do de Pagamento de Impostos e Contribuições de Microempresas de Pequeno Porte
(SIMPLES).
Matias (2007) critica esse tipo de tributo por ter uma característica cumulativa:
uma vez que incide sobre a receita, os tributos vão se acumulando, incorporando-se ao
preço do produto dentro da cadeia produtiva, ou seja, a empresa que compra do seu
fornecedor não pode aproveitar o que já foi pago de imposto por ele, e sobre o que vai
vender haverá nova incidência do mesmo tributo.
PIS
O PIS para empresas que optaram pela tributação do IR pelo lucro presumido é
um tributo federal e também incide sobre as receitas. Para empresas que optaram pela
tributação do lucro real, a incidência ocorre sobre o valor agregado.
149
Há três modalidades de contribuição:
sobre a receita mensal, para pessoas jurídicas com fins lucrativos: 0,65% da re-
ceita bruta, que compreende não só as receitas das vendas, mas também outras
receitas como descontos obtidos, juros de mora recebidos, resultado de aplica-
ções financeiras e operações de mercado futuro;
sobre o valor da folha de pagamento para entidades sem fins lucrativos: 1%;
COFINS
A COFINS é mais um tributo federal para empresas que optaram pela tributação
do IR pelo lucro presumido. Também incide sobre a receita bruta. É a mesma base de
cálculo do PIS para empresas optantes pelo lucro presumido, sendo de 3% sobre a
receita bruta.
ISS
O ISS é de competência dos municípios e do Distrito Federal e incide sobre o valor
de determinadas prestações de serviços. Cada município estabelece as alíquotas para
cada serviço e as regras de cobrança. A alíquota máxima é de 5% sobre o preço do
serviço, e a apuração é mensal.
SIMPLES
O SIMPLES substitui o IR, a CS, o PIS, a COFINS, o INSS da empresa e o IPI, além da
possibilidade de substituir o ICMS e o ISS caso seja firmado convênio entre a União, os
Estados e os municípios.
150
Tributo sobre o valor agregado
Os tributos sobre valor agregado incidem sobre o que foi adicionado de valor pela
empresa dentro de sua cadeia produtiva.
Como incidem sobre o valor agregado, esses tributos são considerados não cumu-
lativos, uma vez que o comprador pode aproveitar os tributos pagos pelo fornecedor,
reduzindo seu custo e evitando que seja repassado ao preço de venda.
ICMS
O ICMS é um imposto sobre o valor agregado de competência dos Estados e da
Federação. Cada Estado tem poder de estabelecer as regras de cobrança do tributo, mas
obedecendo a certas regras contidas no Código Tributário Nacional e outras normas fe-
derativas, que valem para todos os Estados.
O imposto é calculado sobre o valor dos produtos vendidos pela empresa mas, ao
contrário dos tributos sobre a receita, é possível creditar o imposto pago pelos forne-
cedores nos produtos adquiridos pela empresa.
IPI
O IPI é de competência da União e também é um tributo sobre o valor agregado.
Incide sobre produtos saídos de estabelecimento industrial ou equiparado a indústria,
além de produtos importados. Ele tem alíquotas seletivas, com menor tributação sobre
produtos mais essenciais. Gestão Tributária do Capital de Giro
151
PIS e COFINS
O PIS e a COFINS, para as empresas que optam pela tributação do IR pelo lucro
real, incidem também sobre o valor agregado, embora em bases ligeiramente diferen-
tes das do IPI e ICMS.
PIS e COFINS possuem bases de incidência idênticas. O débito dos tributos é cal-
culado sobre o total das receitas mensais. O cálculo é efetuado sobre bens e serviços
adquiridos, energia elétrica, aluguéis, despesas financeiras e despesa de depreciação.
IR e CS
Na opção pelo lucro real, a tributação incide sobre o lucro apurado contabilmente
ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela le-
gislação tributária. As adições são ajustes de despesas que o fisco considera como inde-
dutíveis, além de outros itens que reduziram o lucro contábil, mas que a legislação não
permite que sejam deduzidos. Assim, essas despesas devem ser adicionadas ao lucro
tributável. Por outro lado, as exclusões são itens que não foram considerados no lucro
contábil, mas que devem ser reduzidos do lucro real, basicamente por incentivos fiscais.
As compensações são ajustes em função de prejuízos anteriores. A legislação atual só
permite a compensação de prejuízos até o limite de 30% do lucro real do período.
Existem duas formas de apuração do Imposto de Renda pelo lucro real: a apura-
ção trimestral e a anual.
da CS é a mesma do IR.
152
A receita financeira, tanto pelo lucro real como pelo presumido, é somada à base
de cálculo do IR e da CS, sendo tributados, portanto, à mesma alíquota. Há aplicações
que têm Imposto de Renda Retido na Fonte pagadora dos rendimentos (IRRF), à alí-
quota de 15%. Nesse caso, o imposto retido é apenas um adiantamento, podendo ser
descontado do IR a pagar. Além do IR, há a incidência de PIS e COFINS, pois a receita
financeira faz parte da receita bruta.
INSS
A Contribuição ao INSS pode ser separada em duas partes: a do empregado e a
do empregador.
O empregado deve contribuir ao INSS de acordo com a seguinte tabela: Gestão Tributária do Capital de Giro
153
Esses percentuais são descontados dos salários pelos empregadores, que têm
de repassá-los ao INSS. Essa contribuição serve para o financiamento da seguridade
dos empregados. Além disso, também é descontado o IRRF, de acordo com a seguinte
tabela:
Tabela 2 – Cálculo do IRRF
SEBRAE – 0,6%;
SENAC/SENAI – 1,5%;
INCRA – 0,2%;
FGTS
Segundo a Caixa Econômica Federal, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
(FGTS) foi criado em 1967 pelo Governo Federal com o objetivo de proteger o traba-
Administração do Circulante
lhador demitido sem justa causa, mediante a abertura de uma conta aberta vinculada
ao contrato de trabalho. No início de cada mês, as empresas depositam na CAIXA, em
nome de seus empregados, o valor correspondente a 8% do salário de cada um.
154
O FGTS é constituído pelo total desses depósitos mensais. Os valores do Fundo
pertencem exclusivamente aos empregados que, em situações específicas, podem
dispor do total depositado em seus nomes.
Além disso, quando demitido, a empresa paga ao governo mais 10% para contri-
buição social.
Outros encargos
Além de uma série de outros benefícios menores estabelecidos em lei, como as
horas extras com acréscimos e os adicionais noturnos e de insalubridade, a lei estabe-
lece que devem ser pagos aos empregados o 13º salário e as férias remuneradas.
Na contramão, muitas empresas hoje disputam seus clientes com foco no baixo
custo. Dessa forma, a alta carga tributária é uma variável que interfere diretamente na
lucratividade das empresas e, consequentemente, no seu desenvolvimento.
No que tange o Capital de Giro, o pagamento desses encargos requer uma aten- Gestão Tributária do Capital de Giro
ção especial. Enquanto a empresa mantém operações, há tributos a pagar. À medida
que as operações vão se realizando, os tributos devidos vão se acumulando no Passivo
Circulante, afetando a gestão do Capital de Giro (MATIAS, 2007).
155
Texto complementar
156
menos um erro, cometido por 94% das empresas analisadas, nada tem a ver com
tentativa de sonegação: as empresas simplesmente deixaram de utilizar créditos de
ICMS a que tinham direito – ou seja, pagaram ao Fisco mais do que deveriam. Qual-
quer engano desse tipo será detectado pelo Sped, resultando em mais autuações.
Além da nota eletrônica, o Sped terá duas outras grandes fontes de informa-
ção. As empresas convocadas terão de enviar pela internet seus dados contábeis
(todos os pagamentos e recebimentos realizados, o que inclui vendas, compras e sa-
lários de funcionários, entre outros) e fiscais (todos os registros de notas fiscais que
geraram débitos e créditos de tributos). Ambas as tarefas já são exigidas das com-
panhias, mas na base da papelada. Agora, essas informações serão confrontadas
com os dados fornecidos pelas notas fiscais eletrônicas, deixando, aí sim, a empresa
praticamente nua sob o ponto de vista tributário. O que as empresas acham disso?
“Será um enorme avanço para quem trabalha corretamente, pois, quanto maior for
a exposição, mais empresas terão de cumprir as mesmas regras e mais justa será a
concorrência”, diz Welson Teixeira, diretor de relação com o investidor da Sadia.
De fato, o Sped tem o potencial de ser uma arma poderosa contra a informali- Gestão Tributária do Capital de Giro
dade. Nem as micro e pequenas empresas, fora do sistema, passarão incólumes pelas
transformações. Pela lei brasileira, nenhuma companhia pode vender ou comprar
de outra que esteja desabilitada pelos fiscos devido a alguma pendência tributária
grave. Ocorre que, na prática, há milhares de empresas que continuam operando e
emitindo notas apesar de desabilitadas. Isso deve mudar. A nota fiscal eletrônica con-
segue verificar online se vendedor e comprador estão autorizados a funcionar. Não
há, pelo menos inicialmente, intenção de bloquear a emissão da nota eletrônica em
caso de irregularidade. Porém, as informações ficarão registradas no banco de dados
157
e certamente gerarão autuações futuras. Na Wickbold, uma das maiores fabricantes
de pães do país, o setor fiscal está levantando a situação tributária dos 5 000 clientes
e fornecedores. “Vamos procurar todos os que tiverem problemas e pedir que eles os
solucionem”, afirma Ronaldo Wickbold, dono da empresa. “Não queremos deixar de
negociar com ninguém, mas também não queremos ser autuados pelo Leão.”
[...]
Essa é apenas uma das mudanças que o novo sistema acarretará às empresas.
Uma alteração positiva é que os formulários e relatórios eletrônicos servirão tanto para
o Fisco federal quanto para os estaduais. Hoje, cada estado tem uma maneira de pedir
informações contábeis e fiscais das empresas. “Com o Sped, a interação será com um
único agente do Fisco”, diz Oda, da Receita. Outro avanço é a extinção dos livros fiscais
e contábeis. Hoje, eles têm de ser impressos, armazenados e mantidos pela empresa
por, pelo menos, cinco anos. “O sistema acaba com a maior parte da papelada que
somos obrigados a guardar”, afirma Paulo Penido, diretor de finanças da Usiminas. A
siderúrgica mineira, a primeira companhia a fazer a prestação de informações contá-
beis pelo Sped durante a fase piloto, em um ano deixou de imprimir, encadernar e ar-
mazenar 343 000 folhas preenchidas frente e verso. O volume de papel, se empilhado,
formaria uma coluna de 42 metros, altura equivalente à de um prédio de 14 andares.
[...]
órgão passou a trabalhar com agendamentos pela internet, o que reduz a fila física,
mas não a demora das respostas. Por essas e outras, muitos erros acontecem, e com
eles vêm as indigestas autuações. Como tecnologia, o Sped pode ser muito bom.
Mas é urgente que o sistema tributário seja reformulado, a começar pelo emaranha-
do de leis, a toda hora alteradas.
158
Atividades
159
Gabarito
161
por diante – necessitam interagir com o pessoal de finanças para realizar seu
trabalho. Todos têm de justificar necessidades de acréscimos de funcionários,
negociar orçamentos operacionais, preocupar-se com a avaliação do desempe-
nho financeiro e defender propostas que tenham, pelo menos em parte, méri-
tos financeiros, para conseguir recursos da alta administração. Naturalmente,
o pessoal de finanças, para fazer previsões úteis e tomar decisões, precisa ter a
disposição e a capacidade de conversar com todos dentro da empresa.
3. Esse princípio nos informa que os recursos (fontes) de curto prazo devem finan-
ciar operações de curto prazo (Ativos e Passivos Circulantes se inter-relacionam)
e, recursos de longo prazo, devem financiar operações de longo prazo (Ativo
Realizável e Permanente se inter-relacionam com o Passivo Exigível e Patrimô-
nio Líquido).
Como bem destaca Assaf Neto e Silva (1997), o termo giro refere-se aos recur-
sos correntes (curto prazo) da empresa, geralmente identificados como aqueles
capazes de serem convertidos em caixa no prazo máximo de um ano.
162
O Capital Circulante é representado pelo Ativo Circulante, isto é, pelas aplica-
ções correntes, identificadas geralmente pelas: Disponibilidades, Contas a Re-
ceber e Estoques.
3.
163
Gestão das Disponibilidades
1. As disponibilidades representam as contas mais líquidas da empresa, ou seja, as
contas que se convertem em dinheiro rapidamente. Essa conta abrange tanto o
Caixa da empresa como a conta Bancos, sendo que, por vezes, engloba a conta
chamada Títulos Negociáveis ou Aplicações Financeiras de Curto Prazo, que são
títulos do mercado financeiro com liquidez imediata.
Isso porque o dinheiro contido no Caixa, nos Bancos ou nas Aplicações de Curto
Prazo tem como característica a alta liquidez. Em contrapartida, esse investi-
mento não gera grandes rendimentos à empresa.
Fluxo de Caixa
1. Um instrumento que relaciona as entradas e as saídas de recursos monetários
de uma empresa em determinado intervalo de tempo, possibilitando o plane-
jamento e o controle dos recursos financeiros da empresa.
164
Política de Crédito e Cobrança
1. Para fixar os parâmetros da empresa em termos de venda a prazo, consideran-
do que é na política de crédito que se encontram os elementos fundamentais
para a concessão, a monitoria e a cobrança de crédito.
2. A primeira questão a ser resolvida é selecionar quem poderá comprar com cré-
dito na empresa. Trata-se de uma avaliação do risco que o potencial cliente gera
em face do aumento das vendas e lucros que ele pode proporcionar.
3. A empresa utiliza pesos para cada característica que julga necessário analisar.
Depois disso, os sistemas informatizados avaliam se o potencial cliente pode
receber o crédito e qual o valor a ser cedido.
2.
3. Crédito: troca de bens presentes por bens futuros. De um lado, uma empresa
que concede crédito troca produtos por uma promessa de pagamento futuro.
Já uma empresa que obtém crédito recebe produtos e assume o compromisso
de efetuar o pagamento no futuro.
Gabarito
165
Gestão de Estoques
1. Os estoques podem ser definidos como materiais, mercadorias ou produtos
mantidos fisicamente disponíveis pela empresa, na expectativa de ingressarem
no ciclo de produção, de seguir seu curso produtivo normal, ou de serem co-
mercializados.
quando concedem prazos para pagamento das mercadorias, com juros zero.
166
Outra forma, muito utilizada, é a retenção do lucro do período anterior. Após
a apuração do lucro líquido obtido, parte desse valor é repassado aos proprie-
tários, em forma de dividendos ou distribuição dos lucros, e parte é retido na
empresa para novos investimentos.
As empresas limitadas são constituídas por dois ou mais sócios, os quais pos-
suem responsabilidade limitada sobre a empresa. Isso significa que suas obri-
gações se limitam ao capital investido na empresa. Por esse motivo, é uma for-
ma bastante encontrada.
2. Quantos aos tributos, esses podem ser determinados segundo algumas alter-
nativas, como:
lucro arbitrado é ditado pelo próprio Fisco, que impõe alíquotas e bases de cál-
culo às empresas que não estão atendendo às obrigações com o mesmo;
lucro real é calculado com base no lucro realmente obtido por meio da apura-
ção contábil.
3.
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2000.
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