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A MENSAGEM ESCONDIDA EM MANGÁS E ANIMES: UMA

ANÁLISE DA IMAGEM PARA A CONSTRUÇÃO DE VALORES


QUANTO AO GÊNERO
A HIDDEN MESSAGE IN MANGA AND ANIME: AN ANALYSIS OF THE IMAGE FOR THE
CONSTRUCTION OF VALUES ON THE GENDER

Verônica Klepka1
Rebeca Pilegi Dada2
Gilmar Farias Junior3

KLEPKA, V.; DADA, R. P.; FARIAS JUNIOR, G. A mensagem


escondida em mangás e animes: uma análise da imagem para a
construção de valores quanto ao gênero. Akrópolis Umuarama,
v. 21, n. 1, p. 79-88, jan./jun. 2013.

Resumo: A referência a padrões de beleza empregada pela mídia


possibilita a construção de pontos de vista acerca do próprio corpo
que acabam sendo vigiados, entretanto isso não sufoca a curiosida-
de apenas limita o acesso, instigando fantasias, dúvidas e busca do
prazer em segredo e privado. Essa cultura repressiva ocidental busca
ser despertada, expressa de modo que tal catarse localizada em Man-
gás e Animes permite as fantasias pelo corpo feminino, tornando-se
objeto de desejo, padrão. Nesse estudo, observamos a influência de
quatro personagens da série Ikkitousen na construção do gênero por
meio da análise semiótica das suas representações corporais. Nota-
1
Mestrado em Educação para a Ciência e
o Ensino de Matemática pela Universidade mos que essas imagens sensualizadas são a fonte pela qual a mídia
Estadual de Maringá. Docente da Universi- vende seus produtos, além de atribuir concepções de perfeição, pos-
dade Federal do Triângulo Mineiro. se, fetiche, erótico, concepções que podem influenciar construções de
veronicaklepka@gmail.com gênero.
2
Gruaduada em Ciências Biológicas pela Palavras-chave: Rotulação; Mangás; Gênero.
UEM.
rebeca.pilegi@hotmail.com Abstract: The reference to beauty standards used by the media ena-
bles the construction of views about the body that end up being wa-
3
Graduado em Ciências Biológicas pela
UNIPAR. tched, however it does not stifle curiosity only limited access instigating
junior_ias@hotmail.com fantasies, doubts, and the pursuit of pleasure in secret and private. This
repressive Western culture seeks to be aroused, expressed in ways
that catharsis located in Manga and Anime costumes allows the female
body becomes an object of desire, pattern. In this study, we observed
the influence of four characters in the series Ikkitousen construction of
gender through the semiotic analysis of their body representations. We
note that these sensual images is the source for which the media sells
its products, and give ideas of perfection, possession, fetish, erotic,
concepts that may influence gender constructions.
Keyworks: Tagging; Manga; Gender.

Recebido em Março de 2013


Aceito em Agosto de 2013

Akrópolis, Umuarama, v. 21, n. 2, p. 79-88, jul./dez. 2013 79


KLEPKA, V.; DADA, R. P.; FARIAS JUNIOR, G.

INTRODUÇÃO gênero, sexo e sexualidade vem do contexto em


que estão inseridas, a partir dos seus sentidos,
Vivemos em uma sociedade que repri- o que vêm e ouvem. Desse modo, observamos
me desejos enquanto o poder cria seus valores. que esses/essas leitores/as não são pessoas
Assim ao mesmo tempo em que culturalmente passivas diante do que a mídia e o mercado de
somos sobrepujados/as, a mídia agrega valores consumo veiculam, além disso, muitas vezes a
e rótulos a nossa maneira de viver. opção por determinado desenho ou personagem
Fontes de entretenimento e por vezes ob- é um reflexo dos signos1 com os quais se identi-
jetos da fantasia reprimida, as histórias em qua- ficam, agindo de acordo com suas preferências
drinhos estão disponíveis ao público em geral. e necessidades (FURUKAWA et al, 2005).
Entre elas destacamos os animes e mangás. A Nesse aspecto, faz-se importante conhe-
riqueza de detalhes e a complexa interpretação cer um pouco mais do reflexo causado pelas
exigida fascinam leitores/as ocidentais mediante imagens femininas adotadas pelas personagens
desenhos ricos em formas, cores e expressões. de histórias em quadrinhos, no que diz respeito
Outros atrativos são os/as personagens guerrei- à formação de gênero.
ros/as, as batalhas e o caráter sensual das ima-
gens femininas. BREVE RETOMADA HISTÓRICA DOS ANI-
Entre os/as leitores/as seria muito fácil MES E MANGÁS
perceber o motivo do gosto pela história, pelas
imagens, pela forma dos desenhos, mas como As histórias em quadrinhos fazem parte
destaca Vasconcellos (2006) pode ser muito da juventude de meninos e meninas desde o sé-
mais que isso. Pode ser pelo conhecimento ad- culo XIX quando nos Estados Unidos, sua cria-
quirido ou ainda pela sua linguagem visual, sim- ção, visava a disseminação da leitura. Porém,
bólica que se apropria da fantasia e interesses no Brasil só chegaram por volta de 1905.
ocultados para gerenciar, manipular, produzir A linguagem direta aliada à imagens atra-
uma mensagem uma vez que dialoga com di- tivas, ricas em movimento e vivacidade de cores,
versas manifestações culturais japonesas sem faz com que crianças, jovens e até mesmo adul-
agregar hierarquia de valores, diferente das nos- tos evadam-se de sua realidade, tomando forma
sas. nos personagens e aventuras imaginárias. Para
Acreditamos que a imagem vendida por a cultura japonesa as cores possuem significa-
figuras femininas em mangás e animes contri- dos associados aos sentimentos, intuição, como
buem para fortalecer um estereótipo e pode conta Vasconcellos (2006) justificando o desta-
influenciar na formação do gênero. Buscando que dado aos seus desenhos.
refletir sobre esta hipótese, nossa pesquisa pro- Imagem e movimento automaticamente
curou analisar – através da semiótica, basean- nos reportam aos famosos quadrinhos japone-
do-nos na metodologia de Joly (2004) – imagens ses chamados mangás. O nome mangá corres-
de quatro personagens do gênero feminino per- ponde a histórias em quadrinhos, revistas em
tencentes à série IKKITOUSEN. quadrinhos, desenhos animados, caricaturas ou
Portanto, temos como objetivo analisar cartoons conforme discorre Luyten (2000) e lite-
essas imagens para desta forma discutir a pos- ralmente significa “a imagem a partir de si mes-
sível influência delas na formação de gênero de ma” (MOLINÉ, 2004, p. 218).
nossa sociedade, visto que pesquisas apontam O termo foi utilizado pela primeira vez
que crianças e jovens passam cerca de 8 ho- no século XIX pelo ilustrador, cartunista e pintor
ras por dia assistindo TV, muitas vezes sem a Katsushika Hokusai, produtor – entre os anos de
companhia de pais e/ou mães, tornando-se este 1814 e 1849 – de sequências verticais chama-
meio de comunicação fonte de entretenimento das Hokusai Manga (SOUZA, 2006). Conforme
da maior parte da população brasileira, inclusive Luyten (2004) a forma caricatural dos desenhos
em virtude das condições socioculturais em que- relacionavam-se a temas corriqueiros da vida
esse meio de comunicação em massa torna-se
o único objeto de lazer (OLIVEIRA, 2010). 1
Em seu significado linguístico, signos são sinais, símbolos, re-
montando uma relação entre significado e significante. Portanto
Sendo assim, os autores Levin; Kilbour- os signos são responsáveis pela representação das ideias, poden-
ne (2009) acreditam que o que as crianças sa- do ser palavras que por meio da fala ou da escrita associamos a
bem a respeito do mundo, inclusive a respeito de ideias. Joly (2004) vai dizer que signo é uma representação, onde
também se enquadram as imagens.

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como a sociedade, a natureza além da perso- nalidade é dos menores do mundo e casos de
nificação animal. No entanto, o nome foi con- estupro são raros (ROSA, 2005).
sagrado com o desenhista Rakuten Kitazawa Nos mangás e animes japoneses a alu-
que analisando o ideograma chinês notou que são ao sexo se faz presente, porém não sen-
a divisão das silabas man - ga reportava-se aos do considerado erótico ou pornográfico. Luyten
termos: involuntário e imagem, respectivamente, (2000) destaca que o simbolismo sexual apre-
nos conta Moya (1993). Podem significar ainda sentado não passa de produtos da cultura em
“desenhos irresponsáveis” como descreve Na- que o sexo não é algo pecaminoso, mas sim
gado (2002, p. 1). mágico. Além disso, a homossexualidade não é
O estilo do conhecido mangás se esta- um tabu, sendo discutida até mesmo com crian-
beleceu na década de 50 com Osamu Tezuka, ças. Dessa forma, os desenhos japoneses são
considerado o “deus do mangá”. Diferente do idealizados para sua cultura, fato que tem feito
mangá, os animes são desenhos animados ja- com que os Estados Unidos comprem direitos
poneses que nos Estados Unidos e também aqui autorais para embutir padrões ocidentalizados,
no Brasil chamamos de cartoons. Muitos deles descaracterizando o legítimo mangá (VASCON-
são baseados nos mangás e compartilham his- CELLOS, 2006, p. 35).
tórias e personagens.
Nagado (2002) discorre que os animes A SEXUALIDADE
fazem parte da TV brasileira desde a década de
60 e também se classificam por faixas etárias e Característica do Ocidente a repressão
gênero. Fonseca (2006) completa que a maior sexual é muito influenciada pela religião. Segun-
audiência gira em torno do gênero masculino do Foucault (1988, p. 9-10)
com idade entre 18 e 24 anos, estudantes de ní-
vel médio a superior de classe alta e com grande [...] A sexualidade é, então, cuidadosamente
interesse na tecnologia, cultura urbana, música, encerrada. Muda-se para dentro de casa. A
sexo e ação. família conjugal a confisca. E absorve-a, in-
A publicação do mangás no Japão bus- teiramente, na seriedade da função de repro-
duzir. Em torno do sexo, se cala. O casal, le-
ca atender diferentes clientelas, faixas etárias
gítimo e procriador, dita a lei. Impõe-se como
e gêneros visto que a maioria da população lê modelo, faz reinar a norma, detém a verda-
os quadrinhos. São muitos os enfoques: didáti- de, guarda o direito de falar, reservando-se
cos para as escolas, culinária, direito, histórias o principio do segredo. [...] Ao que sobra só
de samurais, robôs, comédias românticas entre resta encobrir-se; o decoro das atitudes es-
outros, enfatiza Souza (2006). Tudo vira histó- conde os corpos, a decência das palavras
ria em quadrinho no Japão até mesmo a vida limpa os discursos. E se o estéril insiste, e
cotidiana de desempregados, donas de casa e se mostra demasiadamente, vira anormal:
agiotas. receberá este status e deverá pagar sanções
Conforme Moliné (2004) são comuns te- (FOUCAULT, 1988, p. 9-10).
mas como pedofilia, incesto, sexo com profes-
sores/as, policiais, freiras, empregadas domés- Nesse sentido, Foucault (1988, p.10) ain-
ticas, monstros e com animais, além das orgias, da complementa que uma vez que as crianças
estupros e homossexualidade praticada tanto não tem sexo, faz-se um bom motivo para in-
por homens quanto por mulheres. Histórias que terditá-lo, “razão para proibi-las de falarem dele,
muitas vezes representam a realidade de uma razão para fechar os olhos e tapar os ouvidos
cultura machista socialmente aceita e que evo- onde quer que venham manifestá-lo, razão para
ca o tratamento dispensado às mulheres japo- impor um silêncio geral e aplicado. “[...] assim,
nesas, salienta Souza (2006). Para Rosa (2005) não há nada para dizer, nem para ver, nem para
não há limites para o erotismo japonês, o que saber” (FOUCAULT, 1988, p.10).
se difere da sexualidade ocidental sempre mais A crítica do autor à repressão é também
vigiada. pautada no discurso de poder e que “dizer que
Enquanto o Brasil e os demais países o sexo não é reprimido” ou até “dizer que entre
ocidentais criticam a violência exacerbada e o sexo e o poder a relação não é de repressão,
apelo sexual evidente nos mangás o mesmo não corre o risco de ser apenas um paradoxo estéril.
ocorre no Japão, local em que o índice de crimi- Seria ir de encontro a toda economia, a todos os

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“interesses” discursivos que a sustentam” (FOU- bre as relações humanas, no caso, relações
CAULT, 1988, p. 13-14). entre homens e mulheres. Tal saber não é
Por outro lado, há quem considere a absoluto ou verdadeiro, mas sempre relati-
questão da repressão algo mais que apenas um vo. [...] O saber não se relaciona apenas a
ideias, mas a instituições e estruturas, prá-
discurso de poder, mas algo preocupante uma
ticas cotidianas e rituais específicos, já que
vez que mensagens de cunho sexual podem todos constituem relações sociais. O saber
atrapalhar o desenvolvimento da criança cau- é um modo de ordenar o mundo e, como tal,
sando uma “confusão entre o que é real e o que não antecede a organização social, mas é in-
é imaginário” (OLIVEIRA, 2010, p. 9). separável dela (SCOTT, 1994, p. 12).
Muito embora acreditem na grande força
do mercado publicitário, a negação à sexualida- Em concordância com Joan Scott, Silva
de faz crer que a superexposição de mensagens (2007, p. 11) salienta que gênero se “refere à
sexualizadas vem afetando o desenvolvimento construção dos papéis feminino e masculino em
das crianças, uma vez que estão sendo constan- uma dada sociedade, pressupondo-se, num pri-
temente bombardeadas por mensagens explíci- meiro momento, que essa organização binária
tas de sexo. Assim, as indústrias vêm crescen- seria incontornável”. Jane Flax3 (1991, p. 230
do exponencialmente, ou seja, dada a procura, apud Silva, 2007, p.11) discorre que este concei-
fomenta-se o mercado (OLIVEIRA, 2010). to é parte de uma “relação social prática” e que
Já Mendonça; Mendes; Souza (2005, existe uma necessidade de avaliar o significa-
p. 7) acreditam que os desenhos animados são do de “feminino” e o “masculino” dentro de uma
importantes para o desenvolvimento infantil no sociedade (FLAX, 1991, p. 230). Dessa forma,
qual, a criança “pode satisfazer suas necessi- por meio do gênero “(...) dois tipos de pessoas
dades de diversão, medos, aventuras e vive de são criadas” frutos de uma construção social as
forma imaginária conflitos, em um processo de “(...) divisões e atribuições diferenciadas e (por
amadurecimento cognitivo e emocional” (MEN- enquanto) assimétricas de traços e capacidades
DONÇA; MENDES; SOUZA, 2005, p. 7). humanas.” (FLAX, 1991, p. 228- grifos do origi-
Faz-se necessário destacar aqui que a nal).
sexualidade não deve ser vista como um pro- Como destaca Louro (1997) o conceito
blema, mas como algo natural, inerente ao ser gênero tem uma história pautada no movimen-
humano, entretanto a decorrência do apelo a to feminista que implica uma linguística, lutas,
esta, gerando a sensualidade é que por vezes momentos e significados, portanto é algo muito
preocupa. Tendo o assunto sexo sendo aborda- maior de que uma definição ou conceito.
do, já basta para a audiência ser conquistada,
com isso a mídia “evoca uma cobrança” em que OS CÓDIGOS SUBLIMINARES À IMAGEM
“ninguém pode guardar-se”, deve ser “soltar o
mais cedo e rápido possível” do contrário será Quanto ao sexo, historicamente Foucault
“excluído do grupo ao qual deseja ardorosamen- (1988, p. 57) trata de dois pontos relacionados à
te participar” (Oliveira et al, 2008, p. 16). verdade, sendo um deles as sociedades (China,
Japão, Índia, Roma e as nações Árabes-Muçul-
FORMAÇÃO DO GÊNERO manas) como dotadas de ars erótica, esta que
constitui-se de uma arte, onde a verdade é ex-
Ao se falar em desenvolvimento, deve- traída do prazer,
mos pensar também no processo de construção
do gênero que pode acontecer desde a infân- [...] encarado como prática e recolhido como
cia e estar sendo contida, por isso Joan Scott2 experiência; não e por referencia a uma lei
(1994, p. 12 apud Silva, 2007, p. 11) nos diz que absoluta do permitido e do proibido, nem a
um critério de utilidade, que o prazer é leva-
[...] gênero significa saber a respeito das dife- do em consideração, mas, ao contrário, em
renças sexuais. Uso saber, seguindo Michel relação a si mesmo: ele deve ser conheci-
Foucault, com o significado de compreensão do como prazer, e portanto, segundo sua
produzida pelas culturas e sociedades so-
3
FLAX, Jane. Pós-moderno e relações de gênero na teoria feminis-
SCOTT, Joan. Prefácio a Gender and Politics of History. Cadernos
2
ta. In: BUARQUE DE HOLANDA, Heloísa (org.). Pós-modernidade
Pagu (3) 1994, p. 11-27 e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1991, p. 217-250.

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intensidade, sua qualidade especifica, sua internas do produto (o que não chega a ser
duração, suas reverberações no corpo e na um ponto ‘negativo’, mas deve ser levado em
alma. Os efeitos dessa arte magistral, bem consideração em qualquer análise) [...] é pre-
mais generoso do que faria supor a aridez de ciso manter a mente aberta às possibilidades
suas receitas, devem transfigurar aquele so- culturais que acompanham esses produtos.
bre quem recaem seus privilégios: o domínio A questão da regulamentação por faixa etá-
absoluto do corpo, gozo excepcional, esque- ria, por exemplo, é um fator marcante e de
cimento do tempo e dos limites, elixir de lon- grande influência na hora de se analisar a
ga vida, exílio da morte e de suas ameaças produção gráfica japonesa; [...] nós tende-
(FOUCAULT, 1988, p. 57). mos a ver vários aspectos da sexualidade
sob um véu de preconceito e censura, fun-
Ainda segundo Foucault (1988, p. 57) damentados em dogmas religiosos, algumas
nossa civilização ocidental não possui tal ars tradições e definições absolutas que, apesar
erótica, em princípio devido à submissão à reli- de já terem sido ultrapassadas, ainda persis-
tem no imaginário popular; [...] a existência
gião. “Daí decorre também o fato de que o ponto
de ficções literárias (fanfic) ou artísticas (fa-
importante será saber sob que formas, através nart) de origem japonesa, contendo alguma
de que canais, fluindo através de que discursos conotação homossexual, não confirma nem
o poder consegue chegar às mais tênues e mais justifica automaticamente a presença de tais
individuais das condutas” (FOUCAULT, 1988, p. elementos nos produtos originais. Muito do
16). que se imagina no Brasil, sobre os produtos
Em imagens de mangás e animes existe japoneses, fala mais sobre o imaginário e a
um código de linguagem, caracterizado por seus cultura do Brasil, do que sobre as obras es-
traços visuais e até mesmo mensagens submi- trangeiras propriamente ditas (PERET, 2009,
nares a esses traços como vemos nas figuras p. 3-4).
abaixo:
Com esse foco, escolhemos nosso obje-
to do nosso estudo, a série de ação IKKITOU-
SEN conhecida no ocidente e no Brasil como
BATTLE VIXENS constitui-se de uma versão
atual do Romance dos Três Reinos, livro chinês
sobre o período dos reinos Wei, Shu e Wu entre
os anos de 220 a 280 d.C.
Criado como mangá em 2000, IKKITOU-
SEN apresenta quatro séries com pouco mais
de 10 episódios cada, hoje como animes. Em
resumo, a história compõe de sete escolas que
Figura 1: Personagens femininas de Mangás e Ani- simulam os reinos da história verídica e cada
mes e suas mensagens visuais. Em (A) seios de escola possui um chefe encarnando um impera-
tamanho exagerado desproporcional ao rosto infan-
dor. Os estudantes das escolas também são en-
tilizado. Em (B) menina representando submissão e
objeto sexual. carnações dos personagens do período antigo.
Fontes: (A) http://gamehall.uol.com.br/site/garotas- O enredo se faz em torno de batalhas entre as
-de-animes-15/ Acesso em 08 de junho de 2012. escolas pela supremacia e que um dia chegue o
(B) http://mvp-animes.blogspot.com.br/search/label/ mestre dos mestres para unir o fragmentado rei-
Imagens Acesso em 28 de maio de 2012. no. A versão da série apresenta uma aproxima-
ção ao público jovem quanto ao uso de celular
De acordo com Peret (2009, p. 3-4) exis- para receber as mensagens e ordens dos chefes
tem diversas narrativas para a sexualidade em a seus súditos/as (GRASEL, 2009).
animes e mangás, principalmente, no que diz A série apresenta-se cheia de lutas, mas
respeito a homo e a bissexualidade, citamos al- estas ficam em segundo plano como discorre
gumas enfatizadas pelo autor: Grasel (2009), porque o aspecto principal são as
garotas. Estas se apresentam com um padrão
[...] essas obras não foram feitas para a nossa de beleza característico da mídia: altas, magras,
cultura e sim para a cultura japonesa; portan- grandes seios, uso de roupas curtas e sensuais.
to, qualquer apropriação nossa poderá não Nas batalhas as roupas são facilmente rasgadas
corresponder à realidade e verossimilhança

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deixando ver partes dos seios e as saias muito METODOLOGIA


curtas permitem que a cada movimento apareça
suas calcinhas. O autor comenta que “mais sa- Joly (2004) nos diz que a imagem per-
fadio e machista impossível” (GRASEL, 2009, p. tence a categoria das representações em que,
1- grifo do original). sua função é de evocar algo, significar outra
As garotas mais importantes segundo coisa que não ela mesma. Nesse sentido, a au-
Grasel (2009; 2011) são: Sonsaku Hakufu: per- tora enfatiza que existem imagens fabricadas e
sonagem principal, a mestre dos mestres, forte, as manifestadas e que as primeiras imitam um
linda, mas considerada idiota e estúpida. Ryo- modelo, tornando-as virtuais, ilude-se à própria
mou Shimei: personagem que usa tapa olho realidade, tornam-se ícones perfeitos.
branco, mas não é cega, considerada neurótica Nesse aspecto corroboramos com Joly
e amargurada, utiliza o uniforme do colégio nas (2004, p. 42) que enfatiza “que uma análise não
lutas ou uniforme sensual de empregada além deve ser feita só por fazer, mas a serviço de um
de um crucifixo no pescoço. Seu golpe é imobi- projeto”, entretanto apoiamo-nos novamente na
lizar o adversário pendurando-se nele. Kannei: autora, pois, reconhecer um motivo não signi-
anda armada com uma lança. Kaku: conselhei- fica que compreendamos a imagem, uma vez
ra e desconfiada. Ryofu Housen: considerada que ela pode ter um significado muito particular,
safada e em um dos episódios é amante de um ligada a seu contexto interno, às expectativas,
personagem masculino e molesta adversários interpretações e conhecimentos do receptor. Por
após derrubá-los, ressuscita com comporta- isso, utilizamos da semiótica para melhor com-
mento inocente e educado e depois volta a suas preender as “intenções do autor” (JOLY, 2004,
características principais. Ukitsu: morena e mis- p. 45).
teriosa. Kakouen Myousai: misteriosa com um Dessa forma, escolhemos quatro per-
uniforme chinês. Kan’u Unchou: poderosa, me- sonagens, as consideradas principais na série
lancólica e atraente, na última temporada apai- IKKITOUSEN para realizar a análise de suas
xona-se pela amiga Ryuubi. Ryuubi Gentoku: imagens, que nos permite aumentar conheci-
meiga, inocente, adora ler e detesta lutar. Cho- mentos, instruir, permitir a leitura ou conceber
chi Ekitoku: corajosa, invocada e inconsequen- de forma eficaz as mensagens visuais (JOLY,
te. Chou’um: tranquila e espadachim. Koumei: 2004), assim nossa análise possibilitou as ob-
garota sensata. Sonken Chuubou: fraca, edu- servações destacadas no quadro 1 abaixo:
cada, inteligente, filosófica, sensível, boa cozi-
nheira e recatada. Bachou Mouki: ruiva, tem
pavor a cobras, é impulsiva, adora doces e é
bastante atrapalhada. Soujin Shikou: estudan-
te considerada metida que usa touca, reclamona
e convencida. Shikou Kyoscho: usa uniforme
de jogadora de vôlei, é meiga e protetora. Mou-
yuu: espadachim, melancólica, usa tapa-olho e
casaco sobre o top e short. Moukaku: irônica,
violenta, usa curto uniforme de motoqueira.
Conforme discorre Grasel (2009) a se-
rie é rica em insinuações e nudez semiexplícita,
além de cenas de amor discretas e lesbianismo.
Em uma das temporadas há cenas de corpos
nus com todas as garotas da série inclusive as
mortas. O autor comenta que no Brasil trata-se
de um anime polêmico não só pelas cenas, mas
pelo sistema educacional retratado na série.
Aqui ele foi dublado com o nome Anjos Guer-
reiros e comprado pelo canal Cartoons Network,
mas nunca exibido, no entanto são encontrados
com facilidade por meio da internet e em jogos
para videogame.

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A mensagem escondida...

Quadro 1: Análise semiótica das imagens.


IMAGEM MENSAGEM PLÁSTICA MENSAGEM ICÓNICA
Sonsaku Hakufu 4
Moldura ausente, imaginária; Enquadramen-
-Bastão ou ferro concretado: força,
to próximo; Ângulo do ponto de vista diago-
violência;
nal, local esquecido; Escolha da objetiva à
-Saia curta de pregas: feminilida-
direita, desfocagem do segundo plano na
de, erotismo;
parte inferior; Composição oblíqua descen-
1 -Seios exageradamente grandes:
dente para a direita, queda, esmagamento,
fetiche, erotismo;
regressão; Formas com linhas curvas, ar-
-Pose: em luta, batalha, ao mesmo
redondadas, feminilidade e suavidade; Di-
tempo sensual;
mensão grande; Cores, dominante fria, luz
-Olhos nos olhos: relação interpes-
obliqua, manhã, tarde, força, violência; Ilumi-
soal.
nação violenta, orientada; Textura lisa.

Ryomou Shimei5 Moldura ausente, imaginária; Enquadramen- -Algemas: posse, fetiche, controle;
to próximo; Ângulo do ponto de vista vertical, -Roupa de empregada: fetiche,
de frente, sensação de realidade; Escolha da erótico, à serviço;
objetiva conota profundidade, visão natural; -Pose de observação: olhos nos
Composição vertical descendente, retidão, olhos, buscando distância no olhar.
equilíbrio; Formas com linhas curvas, arre-
2 dondadas, feminilidade e suavidade; Dimen-
são grande; Cores, dominante frias; Ilumina-
ção difusa; Textura lisa.

Kaku6 Moldura presente, concreta; Enquadramen- Roupas: que querem esconder o


to afastado; Ângulo do ponto de vista fron- corpo mas ao mesmo tempo mos-
tal; Escolha da objetiva frontal; Composição trá-lo;
oblíqua ascendente para a direita; Formas -Meias: sugerem saber o que há
com linhas curvas, arredondadas, feminili- por baixo da saia;
dade e suavidade; Dimensão grande; Cores, -Crucifixo: submissão;
3 dominante quentes, luz violenta e orientada; -Cabelos: em laços laterais, infân-
Textura lisa. cia, meiguice;
-Óculos: intelectualidade;
-Pose: erótica, de espera, convite,
olhos nos olhos.

Ryofu Housen7 Moldura presente; Enquadramento distante; -Cabelos: presos laterais, infância;
Ângulo do ponto de vista frontal; Escolha -Rosto meigo: olhos nos olhos;
da objetiva sem profundidade; Composição -Pose: erótica, sensual, espera,
vertical; Formas com linhas curvas, arredon- convida;
dadas, feminilidade e suavidade; Dimensão -Decote atrevido: querendo abrir-
pequena; Cores, dominante quente; Ilumi- -se;
4 nação violenta, orientada; Textura lisa. -Saia curta: com ar de estar le-
vantando com o vento;
-Mão na orelha: conquista, inte-
resse.

4
Fonte: http://myanimelist.net/forum/?topicid=132808&show=20
5
Fonte: http://gallery.minitokyo.net/view/546241
6
Fonte: http://gallery.minitokyo.net/view/303973
7
Fonte: http://gallery.minitokyo.net/view/417685

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KLEPKA, V.; DADA, R. P.; FARIAS JUNIOR, G.

RESULTADOS E DISCUSSÃO da a divulgação, a imagem torna-se ferramenta


que por meio da propaganda ativa percepções e
A imagem trata-se de uma mensagem comportamentos com base em apelos.
visual carregada por diferentes signos, portan- Assim as imagens do corpo feminino da
to, torna-se uma linguagem. Ela sempre conte- série IKKITOUSEN analisadas só vem a confir-
rá uma “mensagem para o outro” como discorre mar com os autores Reichert e Ramirez 1(2000
Joly (2004, p. 55) e, portanto requer um contex- apud PETROLL; ROSSI, 2008) que dizem que
to, um destino, um destinatário, um código e um os apelos sexuais podem ser de diversas for-
canal. mas, seja pelo físico, pelos movimentos, pela
As imagens que analisamos pertencem a interação física na imagem ou pelo voyeurismo
um contexto moderno de batalha entre escolas, que são as fantasias que a propaganda desperta
mas concebidas como reinos cujo único objeti- (PETROLL; ROSSI, 2008).
vo é a espera do “mestre” para unificá-los. No Tais interpretações diferem-se nas cultu-
entanto, as personagens que se destacam são ras, existe uma clara diferenciação do real e do
garotas. imaginário na mente oriental, fato que no Brasil
A análise possibilitou percebermos que não ocorre, sendo o leitor facilmente influencia-
elementos como ausência de moldura como do pela história. Os leitores brasileiros tendem
ocorrido nas figuras 1 e 2 permite a imaginação a absorver o simbolismo do mangá tanto na lin-
do espectador para completá-la, aliada a essa guagem, vestimenta quanto nos valores sociais
imaginação, as cores, iluminação e traços como e familiares além das ideologias e filosofias de
os arredondados de nossas imagens atraem o vida.
olhar a um ponto estratégico de visão que de- Até mesmo a questão do sexo erotizado
monstram feminilidade, erotismo, fetiche. Joly pelo fetiche a adolescentes colegiais tipicamen-
(2004) infere que a interpretação depende do te fardadas, o que acaba por ser transmitido em
espectador e que pode variar com significações forma de desejo para as personagens de man-
diferentes. gás tem sido justificado pelo relacionamento por
Entretanto, essas imagens nos passam conveniência posto na cultura japonesa tornan-
a ideia estereotipada de uma mulher poderosa, do a vida conjugal sem espaço para o sexo con-
além de ter força, é extremamente sensual e que forme discorrem Souza (2006); Barral (2000) e
por isso torna-se desejada, podendo também Luyten (2000).
ceder à submissão. A esse respeito, Lourenço Concordamos com Machado (2006) que
(2009, p. 314) completa que, mangás e animes diz que é por meio dessas representações que
passaram a constituir “uma dimensão cultural se aprendem comportamentos, exclusões, hie-
objetiva, fornecendo o substrato a partir do qual rarquias, verdades a respeito do feminino e do
os jovens, em função de seus desejos, podem masculino. Além disso, a autora ainda enfatiza
ser capazes de construir seu próprio saber”. que a imagem e suas representações, tem pro-
Além disso, essas imagens corroboram porcionado uma “disciplinarização dos corpos,
com o padrão de corpo norte americano vendido das atitudes e, até mesmo, dos sonhos e das
aqui em nossa sociedade que induzem concep- fantasias das pessoas, dinamizando os imaginá-
ções associadas à magreza, a boa anatomia, rios” (MACHADO, 2006, p. 229), portanto, cons-
fortes e bonitos, de perfeição e de que esta é truindo gêneros.
a realidade. É importante destacar que as ima- Dessa forma, conforme Kellner (2001)
gens de mangás e animes veiculadas hoje no salienta, a mídia domina ideologicamente con-
Brasil são em sua maioria adaptações para uma tribuindo para fortalecer as relações de poder as
versão americana, portanto não devemos tecer quais hoje somos submetidos. Portanto, confir-
críticas contra a cultura oriental a esse respei- mando as concepções que obtivemos, Machado
to. Mas com essa ocidentalização vemos que (2006, p. 233) enfatiza a ideia de que
o fato de ter enormes seios e bumbuns tornam
as mulheres perfeitas, conceito empregado pela [...] a mídia é uma eficaz tecnologia de gê-
mídia como sendo o ideal para a realidade, co- nero, pois, ao mesmo tempo em que ela re-
notando uma rotulação feita pelos produtos e
padrões. Esse resultado vai ao encontro com o 1
REICHERT, Tom; RAMIREZ, Artemio. Defining sexually oriented
encontrado por Petroll; Rossi, (2008), onde alia- appeals in advertising: a grounded theory investigation. Advances
in Consumer Research, v. 27, p. 267-273, 2000.

86 Akrópolis, Umuarama, v. 21, n. 2, p. 79-88, jul./dez. 2013


A mensagem escondida...

presenta os gêneros, institui valores sobre o ikkitousen-xtreme-xecutor.html>. Acesso em: 11


certo e o errado, sobre o que deve ser con- fev. 2013.
siderado e o que deve ser descartado. A mí-
dia propõe estilos de vida e informa sobre as JOLY, M. Introdução à análise da imagem.
coisas com que se devem sonhar e desejar. São Paulo: Papirus, 2004.
Sua eficácia pedagógica é obtida por meio
da repetição exaustiva dos discursos e tam- KELLNER, D. A cultura da mídia. Bauru:
bém pelos não ditos, pelas ausências (MA-
Edusc, 2001.
CHADO, 2006, p. 233).
LEVIN, D. E.; KILBOURNE, J. A infância
CONSIDERAÇÕES FINAIS perdida: como orientar nossas crianças na era
da sexualidade precoce. São Paulo: Gente,
Essa pesquisa permitiu notar que a ima- 2009.
gem gera grande influência, atraindo interesse
e compondo desejos. Nas palavras de Louro LOURENÇO, A. L. C. Otakus. Construção
(2007, p. 26) ao percebemos tantas “oscilações, e representação de si entre aficionados
contradições e fragilidades” nesse aparato cultu- por cultura pop nipônica. 2009. 365 f.
ral, “a sociedade busca, intencionalmente [...] ‘fi- Tese (Doutorado em Antropologia Social) -
xar’ uma identidade masculina ou feminina ‘nor- Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
mal’ e duradoura” (LOURO, 2007, p. 26 - grifos Janeiro, 2009.
do original).
Faz-se necessário trabalhar em nossas LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e
escolas com as temáticas de gênero e identida- educação. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
de para que esses conceitos sejam compreendi-
dos, assim, as concepções a respeito do mundo ______. O corpo educado: pedagogias da
e de si mesmo possam ser abrangidos gerando sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
maior autoconfiança em se expressarem tanto fi-
sicamente quanto aceitarem seus corpos e suas LUYTEN, S. M. B. Mangás, o poder dos
diferenças. quadrinhos japoneses. São Paulo: Hedra,
2000.
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São Paulo: Brasiliense, 1993. propio cuerpo que terminan siendo observados, sin
embargo, eso no sofoca la curiosidad, sólo limita el
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Disponível em: <http://www.omelete.com.br> placer en secreto y privado. Esa cultura occidental
Acesso em: 26 maio 2012. represiva pretende ser despertada, expresa de una
cierta forma que tal catarsis localizada en Mangas y
OLIVEIRA, E. M. et al. Da sensualidade à Animes permita la fantasía por el cuerpo femenino,
convirtiéndose objeto de anhelo, estándar. En este
sexualidade: uma interferência pedagógica
estudio, se observó la influencia de cuatro personajes
frente aos preceitos impostos pela mídia. de la serie Ikkitousen en la construcción del género,
Revista Científica de Educação Athena, v. 10, a través del análisis semiótico de sus representacio-
n. 10, jan./jun. 2008. nes corporales. Observamos que esas imágenes con
sensualidad son la fuente por la cual los medios de
OLIVEIRA, F. L. Análise das mensagens de comunicación venden sus productos, además de atri-
sexualidade no anime Naruto. 2010. 79 f. buir concepciones de perfección, posesión, fetiche,
(Monografia) - Departamento de Jornalismo erotismo, conceptos que pueden influenciar construc-
Faculdade Cearense, Fortaleza, 2010. ciones de género.
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MENSAJE OCULTO EN MANGAS Y ANIMES:


UN ANÁLISIS DE IMAGEN PARA LA
CONSTRUCCIÓN DE VALORES CUANTO AL
GÉNERO

Resumen: La referencia a los estándares de belle-


za utilizados por los medios de comunicación, per-
miten la construcción de puntos de vista acerca del

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