Você está na página 1de 7

The AGE/Fairfax Media/Getty Images

Um trem é obrigado a parar em uma


ferrovia de Melbourne, na Austrália,
em 28 de janeiro de 2009, em razão
da alta temperatura, que acabou
deformando os trilhos.
CaPÍTuLO
12
Introdução à
Termodinâmica
A foto acima mostra a deformação sofrida pelos trilhos de uma ferrovia por causa da alta
temperatura. a inexistência de juntas de dilatação nas ferrovias modernas exige a rígida
fixação dos trilhos ao solo (nas ferrovias antigas eles eram apenas apoiados sobre dormentes)
para que eles resistam às intensas tensões térmicas resultantes do aumento da temperatura, o
que, como se vê, nem sempre é feito adequadamente. neste capítulo iniciamos o estudo da
termodinâmica apresentando o conceito de temperatura, sua medida e uma de suas principais
consequências físicas: a expansão térmica.

200

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd200 3/26/131:44PM
Bettmann/Corbis/Latinstock
1. Introdução
A palavra Termodinâmica sugere que, a partir de
agora, nosso estudo vai agregar o calor ao estudo da
Dinâmica. Na verdade, como vamos ver logo adiante,
calor é energia; portanto, pode-se dizer que a Termo-
dinâmica apenas aprofunda os estudos que iniciamos
na Dinâmica e dá a eles uma nova dimensão.
Talvez você não tenha notado, mas, durante o estu-
do da Mecânica, embora houvesse movimento, forças e
energia, não tratamos de nada que lembrasse ou ti-
vesse vida. Um universo em que só existissem proces-
sos mecânicos seria eterno e monótono, sem passado,
sem futuro, sem vida. Sabemos que a natureza não é
assim — existe vida, existe passado, presente e futuro.
A Física, como ciência que se propõe a estudar e com-

Album/akg-Images/Latinstock
preender a natureza, não pode ignorar esses proces-
sos — e, em última análise, são esses processos que
orientam o estudo da Termodinâmica.
De agora em diante, você vai notar que a Física não
é mais a mesma. As incertezas não aparecem apenas
nas medidas, mas na própria definição dos conceitos.
Os conceitos não se aplicam mais a indivíduos, a partí-
culas isoladas. Aplicam-se a multidões, a sistemas com
milhões e milhões de partículas. As leis não dizem mais
como as coisas são, mas como elas não podem ser.
As três leis em que a Termodinâmica se fundamen-
ta compõem um curto e conciso código de limitações
ou proibições que, segundo os físicos, estão estabele-
cidas pela natureza. De acordo com esse código: Dois motos-perpétuos idealizados nos séculos
XVI (acima) e no século XVII (abaixo).
• é “proibida” a existência de transformações de
energia sem que parte dela se dissipe ou se trans- Nas gravuras acima, ao mesmo tempo que a roda
forme em energia não aproveitável; se move — pela água (acima) ou pela queda de balas
de canhão (abaixo) —, ela eleva a água ou as balas, que
• são proibidos ainda quaisquer dispositivos que se
voltam a cair sobre a roda, indefinidamente. Se isso
movimentem continuamente e realizem trabalho,
fosse possível, a mesma fonte forneceria energia pa-
sem consumo de energia, como o moto-perpétuo
ra realizar trabalho e para mover-se a si própria, o que
(veja as ilustrações ao lado);
a natureza não permite, por isso esse processo foi
• é proibida a transferência espontânea de calor dos “proibido” pela Termodinâmica.
corpos mais frios para os mais quentes. A transfe- A Termodinâmica, assim como a Física moderna,
rência no sentido oposto é o sentido natural e se ampliou e transformou radicalmente a nossa com-
processa até que todos os corpos atinjam o mesmo preensão do Universo, com implicações filosóficas
estado térmico; que, para alguns, têm trazido assombro e perplexi-
• é impossível, por qualquer processo natural ou arti- dade, sobretudo pela explicitação dessas “proibi-
ficial de resfriamento, atingir o mais baixo nível tér- ções” estabelecidas pela natureza. Para compreen-
mico do Universo. Ele existe, tem valor numérico co- dê-las melhor, há um bom caminho a percorrer, que se
nhecido, mas não pode ser alcançado. inicia nes te capítulo.

cap í t u lo 12 â i n t ro d u ção à t e r m o d i nâm i ca 201

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd201 3/26/131:44PM
2. Equilíbrio térmico 3. Medida da temperatura
e temperatura Algumas das primeiras referências à medida da
O estudo da Termodinâmica exige a utilização de temperatura citam Heron de Alexandria (10-70), inven-
palavras ou conceitos fundamentais que certamente tor e matemático que teria construído termoscópios,
você já conhece, mas que ainda não definimos. Eles termômetros primitivos a ar. Muitos instrumentos como
serão empregados provisoriamente e definidos ao esses foram construídos posteriormente, até que, no
longo do nosso estudo. São ideias interdependentes início do século XVII, o médico italiano Santorio Santo-
e só podem ser compreendidas ou construídas, com rio (1561-1636) construiu o que parece ter sido o pri-
clareza, em conjunto. Esse é o caso do equilíbrio tér- meiro termômetro capaz de medir o que na época se
mico e da temperatura. entendia como temperatura. Veja figura:
Vamos supor um ambiente termicamente isolado,
como o freezer da geladeira abaixo:
Reprodução/<www.fsis.usda.gov/>. Acesso em: 13 fev. 2013.

Fac-símile/Arquivo da editora
Termômetro de Santorio:
a escala ao lado permitia
associar um valor
numérico à temperatura.

Pode-se dizer que esse foi o primeiro termôme-


tro-padrão e essa a primeira escala de temperatura.
Nele foram colocados diferentes mantimentos a
Muitos outros padrões ou escalas foram propostos ao
diferentes temperaturas. Haja ou não contato entre
lon go do tempo.
eles, os corpos quentes vão esfriar e os frios vão aque-
O padrão atual, adotado pelo SI, data de 1954. Tra-
cer até que, depois de algum tempo, todos atinjam o
ta-se do ponto tríplice da água, ao qual se atribuiu a
mesmo estado térmico. Nessas condições, dizemos
temperatura de 273,16 kelvin, por definição.
que todos os corpos estão em equilíbrio térmico e atin-
giram a mesma temperatura. Essa lei que os físicos
atribuem à natureza denomina-se lei zero da termodi- d e f i n i ç ã o d o p a d rã o
d e t e m p e ra t u ra
nâmica e pode ser enunciada da seguinte forma:
Durante qualquer mudança de estado de uma
Se um corpo A está em equilíbrio térmico com substância, a determinada pressão, a temperatura
um corpo B, e este está em equilíbrio térmico permanece constante. Essa propriedade tem sido
com um corpo C, então A está em equilíbrio tér- utilizada para definir o padrão de temperatura des-
mico com C. de o início do século XVIII.
A partir de ç954, adotou-se como padrão o ponto
Se todos os corpos num ambiente termicamente tríplice da água, temperatura em que a água coexis-
te nos três estados — sólido, líquido e vapor. Isso
isolado tendem a atingir a mesma temperatura, é
ocorre à temperatura de á,áç °C ou â7ã,ç6 K, por defi-
possí vel criar um instrumento para medi-la. Basta co- nição, e à pressão de 6çç,â Pa.
locar um dispositivo sensível à variação da temperatu- Esses valores foram adotados e ajustados para
ra e o valor que esse dispositivo marcar no equilíbrio que houvesse concordância com aqueles que já
estavam sendo utilizados a partir dos antigos pon-
térmico definirá a temperatura do ambiente. Esse é o
tos fixos correspondentes à fusão do gelo e à ebuli-
processo de medida da temperatura, e esse dispositivo ção da água.
é o termômetro.

202 u n i dad e 3 â t e r m o d i nâm i ca

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd202 3/26/131:44PM
Esse padrão é a base das duas escalas de tempera- A temperatura 273,15 K a que se refere o quadro
tura adotadas pelo SI: a escala Kelvin, que homenageia costuma ser representada por T0; assim, a definição
lorde Kelvin, denominada escala termodinâmica de tem- nele expressa pode ser escrita na forma:
peraturas, em que a temperatura é medida em kelvin,
cujo símbolo é K, e a escala Celsius (que leva o nome do t 5 T 2 T0
astrônomo sueco Anders Celsius, 1701-1744), derivada
em que T0 5 273,15 K.
da escala Kelvin, em que a temperatura é medida em
graus Celsius, cujo símbolo é °C. Por definição, o inter- Essa definição tem origem em antigas referências
valo de temperatura correspondente à unidade de tem- para a medida de temperatura, conhecidas como pon-
peratura é o mesmo nas duas escalas: tos fixos: a temperatura de fusão do gelo e a tempera-
tura de ebulição da água, ambas à pressão atmosféri-
1 K 5 1 °C ca normal. Deve-se destacar que o padrão de
temperatura adotado pelo SI é o kelvin, mas a unidade
grau Celsius foi mantida não só por tradição, mas
l o rd e ke lv i n
também por seus valores serem mais cômodos, so-
William Thomson, lor- Royal Astronomical Society/
bretudo na vida cotidiana. A tabela a seguir mostra al-
Science Photo Library/Latinstock
de Kelvin (çóâ4-ç9á7), fí- guns valores de temperaturas em kelvin.
sico e engenheiro elétrico
De acordo com o site <www.answer.com> (acesso
inglês, notabilizou-se por
sugerir a criação da escala em novembro de 2012), apenas os Estados Unidos e
absoluta de temperatura. Belize ainda adotam a escala Fahrenheit, nome dado
No início de sua carreira, em homenagem ao seu criador, o físico alemão Daniel
exerceu a função de en- Gabriel Fahrenheit (1686-1736), mas apenas para uso
genheiro, tendo dirigido
o trabalho de colocação do
não científico. Todos os demais países do mundo ado-
primeiro cabo submarino de William Thomson, lorde tam a escala Celsius.
comunicação entre a Europa Kelvin (1902). Foto de
e os Estados Unidos, que co- J. Annan, The Royal
Astronomical Society. Alguns valores de temperaturas (em kelvin)
meçou a operar em çó66.
Quando esteve em Paris, logo depois de forma- Fusão do núcleo do hélio < 108
do, Kelvin havia tomado conhecimento do trabalho
de Sadi Carnot, percebendo então que o chamado Interior do Sol < 107
ciclo de Carnot (tratado no capítulo ç7) possibilita-
va a construção de uma escala de temperaturas que Superfície do Sol 6 000
não dependia de substância alguma — a escala
absoluta de temperaturas, proposta em çó4ó. Fusão do ouro 1 340
Em çó9â, foi designado barão, escolhendo como
título o nome do pequeno rio que passa pela uni- Ebulição da água a 1 atm 373
versidade de Glasgow, o rio Kelvin.
Temperatura ambiente mais alta registrada
331
na superfície da Terra
definição de temperatura celsius
Corpo humano 310
De acordo com o Quadro Geral de Unidades
aprovado pela Resolução nº çâ/óó do Conmetro, Congelamento da água a 1 atm 273
Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial, a temperatura Celsius é o Temperatura ambiente na superfície de Marte 220
“intervalo de temperatura unitário igual a ç kelvin,
Temperatura ambiente mais baixa registrada
numa escala de temperaturas em que o ponto á na superfície da Terra
185
coincide com â7ã,çê kelvins. (Unidade de base ratifi-
cada pela ç㪠CGPM – ç967. Kelvin e grau Celsius são Hélio líquido 4,2
ainda unidades de intervalo de temperaturas.)
A relação entre essas temperaturas é, por defi- Radiação de fundo do Universo 3
nição:
t (°C) 5 T (K) 2 â7ã,çê”. Menor temperatura obtida em laboratório < 1026

cap í t u lo 12 â i n t ro d u ção à t e r m o d i nâm i ca 203

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd203 3/26/131:44PM
Ainda é muito útil saber como se constroem escalas Nessas expressões, por razões históricas, abri-
termométricas com dois pontos fixos e como se esta- mos uma exceção em relação ao uso de algarismos
belecem as relações entre elas. Para isso, suponha que significativos. Por isso escrevemos 5, 9 e 32, em vez
existam duas escalas, A e X, como as representadas na de 5,00, 9,00 e 32,0 — o que deveria ser feito por cau-
figura a seguir. Atribuem-se valores numéricos para a sa do valor 212 °F. Podemos justificar essa exceção
temperatura de cada ponto fixo. Entre esses pontos, tanto pela tradição como pelo caráter transitório des-
estabeleceu-se um número de divisões igual à dife- sa relação que, como a própria escala Fahrenheit, ten-
rença entre esses valores. de ao desaparecimento.
escala A escala X
O estabelecimento ou a criação de escalas ter-
B Y 2‚ ponto fixo (água em ebulição)
mométricas permite a medida da temperatura por
meio da escolha de grandezas físicas que com ela va-
riam e que possibilitam a construção de diferentes ti-
pos de termômetro.

tA tX escalas termomÉtricas:
um pouco de História

Até ç9ê4, adotavam-se dois pontos fixos arbitrá-


C Z 1‚ ponto fixo (gelo fundente) rios como referências para a medida de temperatura
Escalas termométricas construídas com dois pontos fixos: o gelo — a temperatura do gelo fundente e a da água em
fundente e a água em ebulição sob pressão normal. ebulição, à pressão atmosférica normal.
Vamos supor que se atribuam os valores numéricos De acordo com o valor atribuído a cada um
desses pontos, obtinha-se determinada escala de
B e C para esses dois pontos fixos para construir a es-
temperatura. Assim, na escala centígrada, esses
cala A, e os valores Y e Z para construir a escala X. Su-
valores eram á °C e çáá °C (essa escala, redefinida
ponha que um termômetro graduado na escala A assi- em ç967, passou a se chamar Celsius); na escala
nale a temperatura tA e outro termômetro graduado na Fahrenheit, esses valores são ãâ °F e âçâ °F; e na
escala X assinale o valor tX para a mesma temperatura. escala Réaumur, usada na França no século XIX,
Como os pontos fixos são os mesmos, essas escalas esses valores eram á °R e óá °R.
podem ser relacionadas pela expressão: A conclusão de que deveria existir uma tem-
peratura mínima na natureza, resultante das leis
tA C t Z da Termodinâmica, deu origem a duas novas
5 x
B C Y Z escalas que adotaram para essa temperatura o
zero absoluto — não há nessas escalas tempera-
Os pontos fixos da escala Celsius são, historica- turas negativas.
mente, 0 °C e 100 °C, e os da escala Fahrenheit são A primeira, que se tornou a escala-padrão atual,
32 °F e 212 °F. Da expressão dada acima pode-se foi a escala absoluta ou Kelvin. Nessa escala, ado-
concluir que a relação entre a temperatura (tF) medida tou-se como á °K (atualmente á K) o valor cor-
em graus Fahrenheit e a temperatura (t)* medida em respondente ao zero absoluto na escala Celsius,
graus Celsius é: –â7ã,çê °C.
Assim, a temperatura do gelo fundente, á °C,
9
tF 5 t 1 32 passou a ser â7ã,çê °K (atualmente á,áç °C e â7ã,ç6
5 K), e a da água em ebulição, çáá °C, passou a ser
ou, reciprocamente: ã7ã,çê °K (atualmente ã7ã,ç6 K). Para a segunda,
chamada escala Rankine, hoje em desuso, ado-
5 tou-se o mesmo procedimento, mas com referên-
t 5 (tF 2 32)
9 cia à escala Fahrenheit — a temperatura do gelo
fundente tornou-se 49ç,67 °R, e a da água em ebu-
* Da resolução do Conmetro (página anterior), fica implícito que o símbolo da lição, 67ç,67 °R.
temperatura kelvin deve ser T e da temperatura em graus Celsius, t.

204 u n i dad e 3 â t e r m o d i nâm i ca

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd204 3/26/131:44PM
Veja as figuras abaixo: E X E R C Í C I O S R E S O LV I D O S
1. Um turista brasileiro trouxe dos Estados Unidos
um termômetro clínico de cristal líquido — uma fi-
ta plástica em que existem pequenos retângulos

Sergej Razvodovskij/Shutterstock/Glow Images


que se tornam coloridos quando a fita é colocada
na testa do paciente. Embora graduado nas escalas
Celsius e Fahrenheit, a maioria dos valores não se
correspondem. Veja a figura:
94 96 98 100 102 104 °F

35 36 37 38 39 40 °C

Figura a Determine:
a) as temperaturas limites dessa fita, em graus Cel-
sius, assinaladas com os valores 94 °F e 104 °F;
b) a temperatura, em graus Fahrenheit, do valor
equivalente a 37 °C.
Paulo Manzi/Arquivo da editora

V 0 R e s o lu ç ã o
a) Para tF 5 94 °F, vem:
gás
h 5 5
t 5 (tF 2 32) ⇒ t 5 (94 2 32) ⇒ t 5 34 °C
9 9
T
Para tF 5 104 °F, vem:
R 5 5
t 5 (tF 2 32) ⇒ t 5 (104 2 32) ⇒ t 5 40 °C
9 9
mercúrio
b) Para t 5 37 °C, vem:
9 9
tF 5 t 1 32 ⇒ tF 5 ? 37 1 32 ⇒ tF 5 99 °F
5 5
Observação: Como já foi dito no texto, nos exercícios
Figura b
que envolvem a escala Fahrenheit não levaremos em
A figura a mostra um termômetro de líquido em conta o número correto de algarismos significativos.
vidro. A dilatação do líquido contido no bulbo, causa-
2. Suponha que, num livro de Física muito antigo, você
da pela variação de temperatura ambiente, faz com
encontre a referência a uma escala termométrica
que o líquido suba ou desça ao longo da coluna, o que
G, cujos pontos fixos adotados sejam 220 °G para
permite a medida da temperatura na escala Celsius
a fusão do gelo e 130 °G para a água em ebulição.
ou Fahrenheit. Na figura b, está representado um
Determine:
termômetro de gás a volume constante. A pressão
a) a relação entre a escala Celsius e a escala G;
do gás contido no bulbo varia quando este é coloca-
b) a temperatura, em graus Celsius, que corres-
do em um recipiente a temperatura T, fazendo com
ponde a 70 °G.
que o desnível h do mercúrio no tubo em formato de
U também varie. Por meio desse desnível, pode-se R e s o lu ç ã o
medir a temperatura do gás, uma vez que ele é man-
De início, representamos °C °G
tido a volume constante (V) graças à variação do ní- 100 130
esquematicamente essas
vel do mercúrio no recipiente R. Dada a uniformidade
escalas e seus pontos
das variações de pressão com a temperatura, esse
fixos:
termômetro é adotado como um padrão por meio do
qual se calibram os demais. 0 –20

cap í t u lo 12 â i n t ro d u ção à t e r m o d i nâm i ca 205

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd205 3/26/131:44PM
a) Considerando a escala Celsius como a escala A e 4. Dilatação térmica
a escala G como a X, temos:
Dilatação térmica é o aumento das dimensões do
tA 2 C t 2Z
5 X ⇒ corpo com o aumento da temperatura. Ocorre com quase
B 2C Y 2Z
todos os materiais, no estado sólido, líquido ou gasoso. A

t 20 t 2 (220
5 G ⇒
) foto de abertura deste capítulo é um exemplo de uma das
100 2 0 130 2 (220 ) mais frequentes consequências dessa propriedade.
t t 1 20 2

100
5 G
150
⇒ t 5 (tG 1 20
3
) A relação entre a variação da temperatura e a varia-
ção das dimensões dos corpos nos permite obter a pri-
b) Aplicando a expressão acima, obtemos para meira indicação do que é temperatura. Ou do que esta-
tG 5 70 °G: mos medindo quando medimos a temperatura de um
2 corpo. Para isso, vamos supor um corpo sólido cristali-
t 5 (70 1 20) ⇒ t 5 60 °C no. Os sólidos cristalinos são formados por células uni-
3
tárias de forma geométrica definida cujos vértices são
EXERCÍCIOS ocupados por partículas (moléculas, átomos ou íons).
1. No quarto de um estudante há livros sobre a mesa, e Sabemos, ainda, que os sólidos cristalinos mantêm
um termômetro na parede marca 25 oC. Qual a tem- forma geométrica praticamente invariável mesmo
peratura mais provável desses livros? Justifique. quando a temperatura varia. Isso nos permite sugerir
2. Celsius propôs sua escala atribuindo 0 oC à água em um modelo mecânico útil, embora muito simplificado,
ebulição e 100 oC para o gelo fundente. Que incon- para a compreensão do comportamento dessas partí-
venientes você vê nessa escolha? Há alguma van- culas e do que é temperatura. Veja as figuras abaixo. As
tagem? Justifique. esferas representam os átomos, presos uns aos outros
3. Há várias versões fantasiosas sobre a escolha de como se estivessem ligados por molas numa célula
Fahrenheit para os pontos fixos de sua escala. cristalina cúbica (a). Quando a temperatura varia, varia
Segundo uma delas, ele queria que a temperatura a amplitude de oscilação dessas esferas. As esferas
do corpo de sua mulher fosse 100 oF. Se isso fosse sombreadas em lilás representam o espaço “disponí-
verdade, qual a temperatura do corpo da mulher de vel” para essas oscilações (b).

Ilustrações: Formato Comunicação/Arquivo da editora


Fahrenheit em graus Celsius?
4. A escala de Römer, que originou a escala Fahrenheit,
adotava como pontos fixos os valores 8,0 oR para a
fusão do gelo e 60 oR para a água em ebulição.
a) Estabeleça uma relação de conversão entre a
escala Celsius e a escala de Römer.
b) Römer queria que Copenhague, sua cidade na-
tal, nunca tivesse temperaturas negativas. Qual
a menor temperatura, em oC, que Copenhague Figura a
poderia ter?
Niels Poulsen Jul/Alamy/Other Images

Parque em Copenhague, capital da Dinamarca. Foto de 2010. Figura b


Modelo mecânico de sólido cristalino.

206 u n i dad e 3 â t e r m o d i nâm i ca

CompreendFisica_Fisica_vol2_PNLD2015_198a218_U3_C12.indd206 3/26/131:44PM

Você também pode gostar