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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

Mestrado em Equipamentos e Sistemas Mecânicos

2010/2011

Desgaste e Corrosão

Trabalho elaborado por:

Nuno Jorge - 21160574

Orientado por:
Eng.º João Carrapichano
1. ÍNDICE
2. INTRODUÇÃO______________________________________________3
3. LUBRIFICAÇÃO_____________________________________________4
3.1. Regimes de Lubrificação___________________________________________5
3.2. Técnicas de Lubrificação___________________________________________6
3.3. Organizações que estudam a Lubrificação_____________________________7
4. LUBRIFICANTES_____________________________________________8
4.1. Tipos de lubrificantes_____________________________________________8
4.2. Óleos Lubrificantes_______________________________________________8
4.2.1. Produção__________________________________________________________8
4.2.2. Propriedades_______________________________________________________9
4.2.3. Métodos de Aplicação_______________________________________________10
4.3. Massas Lubrificantes_____________________________________________11
4.3.1. Produção_________________________________________________________11
4.3.2. Propriedades______________________________________________________11
4.3.3. Métodos de aplicação_______________________________________________12
4.3.4. Vantagens e Desvantagens___________________________________________13

5. EMPILHADORAS___________________________________________14
5.1. Empilhador Linde H 25T / H 30 T / H 35 T com motor a gás_______________14
5.1.1. Tipos de Lubrificantes_______________________________________________15
5.1.2. O que Lubrificar?___________________________________________________16
5.2. Empilhadora retráctil Paletrans PR 20_______________________________20
5.3. Empilhadora eléctrica traccionária PT16_____________________________21
5.4. Outros empilhadores_____________________________________________22
6. BIBLIOGRAFIA_____________________________________________24
7. ANEXOS__________________________________________________25

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2. INTRODUÇÃO

Tudo começou no Antigo Egipto, com a necessidade de “transportar” gigantes blocos


para a construção de Esfinges e Pirâmides. Como a Lubrificação era desconhecida, os escravos
egípcios usavam galhos de árvores para arrastar e puxar os trenós com aproximadamente 60
toneladas de blocos. A função dos galhos de árvore (roletes), era reduzir o atrito de
deslizamento entre o trenó e o solo, transformando-os em atrito de rolamento.
Em 2600 a.C. foi encontrado o primeiro vestígio de Lubrificação nas rodas do trenó que
pertenceu a Ra-Em-Ka (Rei do Egipto), comprovado por análise que o lubrificante era sebo de
boi ou de carneiro. Após esta descoberta, concluiu-se que no Antigo Egipto utilizou-se este
sebo como lubrificante em baixo dos trenós, para facilitar o deslizamento. Desde 776 a.C. até o
século XV, o lubrificante mais usual foi sempre a gordura animal, não só o sebo mas também
gordura de baleia usada pelos Vikings (Noruega) para lubrificar o suporte de articulação das
velas e o eixo do leme dos seus barcos à vela. Até que foi descoberto a utilidade do petróleo,
não só para fins medicinais que já vinha desde a antiguidade, mas também para a Lubrificação.

A Lubrificação é uma área importante da tribologia, cujo desenvolvimento advém


fundamentalmente do reconhecimento dos fenómenos do atrito e do desgaste de materiais e
componentes mecânicos, tendo como primeiro objectivo a sua minimização.
Os primeiros estudos científicos no âmbito da lubrificação datam dos fins do século XIX
pelo inglês Osborne Reynolds que pela primeira vez apresentou, em 1886, uma explicação
teórica dos mecanismos de geração de pressões em películas de pequena espessura.
Para conservar a forma geométrica dos elementos de máquinas, isto é, para evitar o
desgaste das superfícies de contacto, estes elementos de contactos tribológicos devem ser
eficientemente separados através de lubrificantes, ou seja, deve-se evitar o contacto metal-
metal durante o movimento de rodagem ou deslizamento.
Os lubrificantes são substâncias que, colocadas entre duas superfícies móveis ou uma
fixa e outra móvel, formam uma película protectora que tem por função principal reduzir o
atrito, o desgaste, bem como auxiliar no controle da temperatura e na vedação dos elementos
de máquinas e motores, proporcionando a limpeza das peças, protegendo contra a corrosão
decorrente dos processos de oxidação, evitando a entrada de impurezas, podendo também ser
agente de transmissão de força e movimento.
Os lubrificantes apresentam-se principalmente nos estados líquido minerais, vegetais,
sintéticos e aditivados (óleos lubrificantes).
Os óleos podem ser utilizados tais como são feitos, se a viscosidade for adequada, ou
misturados com óleos de diferentes viscosidades para se obter uma viscosidade intermediária.
Existem também os compostos de substâncias especiais que conferem novas características.
Contudo, a pureza do óleo lubrificante é crucial para manter os vários elementos sem
problemas a um custo/benefício vantajoso. Muitas das peças desses componentes são
dispendiosas e é necessária uma consideração especial na selecção do óleo lubrificante e do
sistema de filtragem. Quando o óleo começa o seu ciclo de Lubrificação, começa também o
processo de deterioração, isto porque, a sujidade, as partículas metálicas, combustível e água
começam a deteriorar a qualidade do óleo e as suas respectivas propriedades lubrificantes.
A maioria dos lubrificantes comercializada hoje, ainda é, a base de óleos minerais,
devido ao seu baixo custo de aquisição. Contudo, com a crescente procura da exigência de
preservar o meio ambiente os produtos biodegradáveis ganham cada vez mais importância.

Com este trabalho pretendo dar uma visão geral do “mundo” da Lubrificação, como os
tipos, os vários lubrificantes usados e seus tipos, métodos de aplicação, etc.
Finalmente, e mais concretamente, este trabalho falará dos sistemas de Lubrificação
de vários tipos de Empilhadora, todo o tipo de lubrificantes utilizados e a sua manutenção.
3. LUBRIFICAÇÃO

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A Lubrificação consiste em introduzir uma substância apropriada entre superfícies
sólidas que estão em contacto entre si e em movimento relativo. Essa substância (lubrificante)
é normalmente um óleo ou uma massa lubrificante que impede o contacto directo entre as
superfícies sólidas.
O contacto directo entre superfícies origina uma elevada força de atrito e um grande
desgaste, mesmo que essas superfícies estejam bem polidas, visto que elas apresentam
sempre rugosidades, como é ilustrado na figura seguinte.

Figura 1 - Perfil ampliado de uma superfície

Além dessa redução do atrito, outros objectivos são alcançados com a lubrificação:
 Menor dissipação de energia na forma de calor;
 Redução da temperatura;
 Redução da corrosão;
 Redução de vibrações e ruídos;
 Redução do desgaste;

Quando os pontos de atrito das superfícies são cobertos por um lubrificante, o atrito
sólido é substituído pelo atrito fluido, isto é, passa a existir atrito entre as superfícies e o
lubrificante. Nestas condições, o atrito entre as superfícies será bastante reduzido.

SEM LUBRIFICAÇÃO

COM LUBRIFICAÇÃO

Figura 2 - Atrito sem e com Lubrificação

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3.1. Regimes de Lubrificaçã o

4.2.1.
Lubrificação por película espessa

Lubrificação
Elastohidrodinâmica
Lubrificação Limite

Lubrificação Mista

Figura 3 - Gráfico dos regimes de Lubrificação


O critério de classificação do regime de lubrificação ocorrendo num contacto sob
determinadas condições de funcionamento, é o da área real de contacto entre as superfícies, a
qual afecta o valor do coeficiente de atrito.
A área real de contacto está, por outro lado, relacionada com a espessura da película
lubrificante e com a rugosidade das superfícies oponentes.
Na figura 3 podemos observar a influência do parâmetro ( R ) – razão de espessura de
película – no valor do coeficiente de atrito e as três zonas correspondentes a três regimes de
lubrificação.
O parâmetro (R) é assim definido:

h
R=
∑ Ra
Sendo h a espessura da película lubrificante e R a a rugosidade das superfícies.
A espessura da película lubrificante (h) está representada na figura seguinte.

Figura 4 - Definição da espessura de película (h)

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Na figura 3, pode-se definir três zonas, correspondentes a três regimes de lubrificação:

 Uma zona para a qual R > 4-5 que corresponde à separação completa das duas
superfícies por uma película lubrificante. Este regime de lubrificação é
denominado “Lubrificação por película espessa”.

 Uma zona em que R  1. Nestas condições a extensão do contacto metálico é


comparável à área de contacto na ausência de lubrificante. Este regime é
designado por “Lubrificação Limite”.

 Uma zona intermédia em que existe algum contacto metálico suportando parte da
carga, sendo a outra parte suportada por efeito hidrodinâmico. Este regime é
designado por “Lubrificação Mista”.

Figura 5 - Regimes de Lubrificação

3.2. Técnicas de Lubrificaçã o


Uma lubrificação eficiente só será possível se for garantido o uso do lubrificante em
quantidade e a intervalos correctos. Esse uso deve ser contínuo e automático, evitando-se o
processo manual devido à sua baixa confiabilidade. As Figuras 6 e 7 mostram os dois tipos de
gráficos de fornecimento de lubrificante, automático e manual, relacionando a quantidade de
fluido com o tempo.
Na Figura 6, vê-se a inconstância do fornecimento que, geralmente, é causada por
esquecimento do operador. Notam-se, ainda, as situações de excesso de lubrificação, rápido
escoamento e falta de lubrificação.

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Na Figura 7, observa-se o uso constante, a quantidade e os intervalos correctos. Logo,
com o sistema de fornecimento automático, evita-se o atrito sólido e prolonga-se a vida útil do
equipamento.

Figura 6 – Gráfico do fornecimento manual

Figura 7 - Gráfico do fornecimento automático

3.3. Organizaçõ es que estudam a Lubrificaçã o


ASTM American Society for Testing and Materials (Sociedade Americana para testes e
materiais)  Organismo que definiu grande parte dos ensaios normalizados que estabelecem
as propriedades de Lubrificação.

ISO International Organization for Standardization (Organização Internacional para


Standartização)  Organismo emissor de numerosas classificações de normalização, entre as
quais as que dizem respeito a classificações de óleos segundo a sua viscosidade e classificações
de fluidos hidráulicos.

SAE Society of Automotive Engineers (Sociedade de Engenheiros do Automóvel)  organismo


emissor de classificações de óleos segundo a sua viscosidade, tanto para óleos de motor como
para óleos de transmissões.

NLGI National Lubricating Grease Institute (Instituto Nacional de Massas Lubrificantes dos
EUA)  Organismo emissor de classificações de massas segundo a sua consistência.

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4. LUBRIFICANTES

4.1. Tipos de lubrificantes

Para a lubrificação de qualquer elemento de máquina precisamos em primeiro lugar


definir quais os tipos de lubrificantes que vamos aplicar. Por exemplo, um parafuso pode ser
lubrificado com diversos produtos como por exemplo com óleo, massa, pasta de montagem
com lubrificantes sólidos ou com lubrificante seco (verniz).
Para facilitar a escolha adequada precisamos de saber em primeiro lugar, qual será o
ambiente onde o parafuso vai ser montado. Por exemplo se este parafuso for usado numa
montagem de caldeira aonde temos altas temperaturas, um óleo mineral ou sintético jamais
vai trazer resultados esperados devido as altas temperaturas do ambiente. Futuramente, na
hora da desmontagem, na maioria dos casos, praticamente vai ser impossível desaparafusá-lo
sem quebrar.
Neste caso o tipo de lubrificante mais adequado seria uma massa de montagem com
lubrificantes sólidos ou um verniz lubrificante. O óleo da massa evapora com as temperaturas
elevadas e o lubrificante seco garante um filme de separação dos flancos de roscas evitando
assim a soldagem.

De modo geral podemos escolher entre 3 tipos de lubrificantes:

1. Lubrificantes oleosos, líquidos e fluidos lubro-refrigerantes (emulsões);


2. Massas Lubrificantes;
3. Lubrificante seco (pó ou verniz).

4.2. Ó leos Lubrificantes

4.2.1. Produção

Os óleos lubrificantes apresentam certas características próprias que lhes são


conferidas pela sua composição química (resultante do petróleo bruto), pelo tipo de refino,
pelos tratamentos adicionais realizados e pelos aditivos utilizados.

Figura 8 – Processo de produção de Óleos Lubrificantes

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4.2.2. Propriedades

a) Viscosidade
É a resistência ao movimento (fluxo) que um fluido apresenta a uma determinada
temperatura.
O método de medição mais empregado
actualmente é o de viscosidade cinemática. Neste
método, é medido o tempo que um volume de líquido
gasta para fluir (sob acção da gravidade) entre dois
pontos de um tubo de vidro capilar calibrado. A
unidade de viscosidade cinemática é expressa em
mm2/s, conforme o sistema internacional.
A viscosidade é uma das propriedades mais
importantes a serem consideradas na selecção de um
lubrificante, pois este deve ser suficientemente viscoso
para manter uma película protectora entre as peças
Figura 9 - Viscosímetros
em movimento relativo, e também não ser tão viscoso
que ofereça resistência excessiva ao movimento entre
as peças. As análises de viscosidade por capilaridade são reguladas pelas normas ASTM D445 e
D2161.

b) Indíce de Viscosidade (IV)


É um número empírico que expressa a taxa de variação da viscosidade com a variação
da temperatura. Quanto mais alto o IV de um óleo lubrificante, menor é a variação da sua
viscosidade ao se variar a temperatura.

c) Ponto de Fluidez
É a menor temperatura que um óleo flui livremente, sob condições pré-estabelecidas
de ensaio. Esta característica é bastante variável, e depende de diversos factores como: origem
do óleo cru, tipo de óleo e processo de fabricação.

d) Densidade
É a relação entre o peso do volume do óleo medido a uma determinada temperatura e
o peso de igual volume de água destilada. Também é conhecida como massa específica.
A maior parte dos produtos líquidos de petróleo são manipulados e vendidos por
volume, porém, em alguns casos, é necessário conhecer o peso do produto. Conhecendo-se a
densidade, é possível converter volume para peso e vice-versa.

e) Cor
A coloração por transparência, pode fornecer indicações quanto ao tipo
de refinação mais ou menos rigorosa a que o óleo foi
submetido:
 Uma coloração forte num óleo novo
indica tratamento pouco rigoroso;
 Uma coloração leve significa boa
refinação;
Em óleos usados se a cor se encontrar
bastante carregada em relação ao óleo novo será Figura 10 - Óleos e as várias cores
sinal de forte oxidação.

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f) Outras propriedades importantes são: Ponto de Inflamação, Ponto de
Combustão, Ponto de Inflamação, Estabilidade à oxidação, etc.

4.2.3. Métodos de Aplicação

Os métodos de aplicação dos Óleos Lubrificantes mais usuais são:

 Por gravidade
 Por capilaridade
 Por salpico
 Por imersão
 Por sistema forçado

Figura 12 - Óleo Lubrificante

Figura 11 - Exemplos de aplicação de Óleos Lubrificantes

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4.3. Massas Lubrificantes

Uma massa lubrificante pode ser definida como um material sólido a semi-sólido,
constituindo por um agente espesso (sabão metálico) disperso num lubrificante líquido (óleo).
O lubrificante líquido, que em geral compõe 70 a 95% em peso da massa, proporciona a
lubrificação propriamente dita, enquanto o agente oferece uma consistência semelhante ao
gel para manter o lubrificante líquido no lugar. Muitas vezes, acrescenta-se aditivos para
intensificar certas propriedades à massa. Devido a sua consistência semelhante ao gel, prefere-
se as massas em vez dos óleos em aplicações onde ocorreria um derrame de óleo, onde a
acção de vedação natural da massa é necessária ou onde é requerida a espessura extra da
película da massa.
Em geral, quase todas as massas amolecem em serviço, porém recuperam sua
consistência original quando deixadas em repouso.

4.3.1. Produção

Figura 13 - Processo de produção de Massas Lubrificantes

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4.3.2. Propriedades
a) Penetração
É a resistência oferecida por uma massa à sua penetração. É
determinada pelo método que consiste em medir a penetração (em
décimos de milímetros) exercida por um cone sobre uma amostra de
massa, sob acção de carga padronizada durante 5 segundos e à
temperatura de 25°C. O aparelho utilizado nesta medição é chamado
penetrómetro.
Com base nos resultados obtidos no penetrómetro, o
National Lubricating Grease Institute (NLGI) criou um sistema de
classificação para as massas definidos de consistência trabalhada em
60 ciclos que variam de 000 (muito macia) a 6 (muito dura).

Figura 14 - Ensaio de
Penetração

b) Ponto de Gota
Indica a temperatura em que a graxa passa do estado sólido ou semi-sólido para o
líquido. Na prática, esta medida serve como orientação para a mais alta temperatura a que
certa massa pode ser submetida durante o trabalho. Deve-se considerar como limite
operacional uma temperatura 20% inferior ao seu ponto de gota.

c) Estabilidade de massa

Esta característica é um aspecto fundamental das massas lubrificantes. As massas


apresentam uma boa estabilidade quando não escorre, quando sucede o contrário a massa
apresenta uma fraca estabilidade. Diz-se que uma massa é estável quando esta consegue
manter por mais tempo a sua consistência.

d) Resistência à lavagem com água

Afere a resistência de uma massa aplicada em rolamentos ao efeito de um jacto de


água sob pressão (a massa é “lavada” com água a duas temperaturas e calcula-se a
percentagem de perdas da massa que foram arrastadas pela água).

4.3.3. Métodos de aplicação


Existem vários métodos de lubrificação, entre eles destacam-se os seguintes:
i. Lubrificação manual com pincel ou espátula
ii. Lubrificação manual com pistola
iii. Copo Stauffer
iv. Lubrificação por enchimento
v. Sistema centralizado
vi. Sistema operado manualmente
vii. Sistema automatizado

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Figura 15 - Exemplos de aplicação de Massas Lubrificantes

4.3.4. Vantagens e Desvantagens


 As massas apresentam melhores propriedades de vedação, por possuírem alta
afinidade com as superfícies metálicas;
 Necessidade de acrescentar novas quantidades de lubrificantes;
 Quando em presença de atmosfera poluídas ou húmidas, as massas apresentam
vantagens em relação aos óleos, pois agem como elementos de vedação;

 As massas não dissipam o calor tão bem quanto o óleo;


 Menor tendência para se dispersar do sistema;
 As massas têm maior capacidade de resistência a cargas elevadas e maior
amortecimento de vibrações;

Figura 16 - Massa Lubrificante

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5. EMPILHADORAS

Define-se empilhadora como um veículo auto propulsor de três rodas (pelo menos),
projectado para levantar, transportar e posicionar materiais. As empilhadoras constituem um
dos equipamentos mais versáteis no transporte interno. Destina-se tanto à movimentação
vertical quanto horizontal de praticamente todos os tipos de materiais, sem limitações de
trajecto. As cargas são carregadas em garfos, com movimento para cima e para baixo, sobre
um quadro situado na parte dianteira do veículo. As rodas traseiras são direccionadas e as
frontais são de tracção, podem ser motorizadas ou manuais. É uma máquina onde o peso da
carga movimentada é balanceado por um contrapeso colocado na parte traseira do veículo.
As empilhadoras podem ser: a gasolina, a diesel, a gás, a álcool e a electricidade.

5.1. Empilhador Linde H 25T / H 30 T / H 35 T com motor a gá s

Os componentes principais
destas empilhadoras são: motor,
sistema hidráulico, comando
eléctrico/electrónico, travões,
direcção e instalação eléctrica. No
nosso caso, será objecto de estudo
o Motor e o Sistema Hidráulico,
porque são os componentes que
utilizam mais a Lubrificação para o
seu funcionamento.

 MOTOR Figura 17 - Empilhador Linde

São equipadas com motores a gás de 4 cilindros a quatro tempos. O motor, além de
promover o movimento da empilhadora, também acciona as bombas hidráulicas, através de
um certo número de rotações dependente das cargas. Através de um circuito de refrigeração
fechado, estes motores são arrefecidos. Para a lubrificação do motor, é usada uma bomba de
lubrificação no cárter através de um canal de circulação.
Os motores de combustão interna montados nestes empilhadores caracterizam-se
pela sua tecnologia mais moderna e têm as seguintes vantagens:
 Alto binário do motor;
 Poupança de combustível;
 Poucas emissões de gases de escape;
 Silencioso

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Figura 18 - Esquema do Motor de uma empilhadora Linde

SISTEMA HIDRÁULICO

Utiliza o óleo para elevar e inclinar a torre, através da pressão.


Para o movimento de translação, o sistema é composto por uma bomba hidráulica de
deslocamento variável, dois motores hidráulicos constantes e por mais uma bomba hidráulica
constante para a parte hidráulica da direcção e do movimento do garfo.
Em Anexo está um esquema do Sistema Hidráulico detalhado.

Figura 19 - Sistema hidráulico

5.1.1. Tipos de Lubrificantes

Óleo do Motor

1000 Horas de funcionamento: Óleos minerais tipo “Longlife”


Norma VW 503 00 ou 503 01
Classe de viscosidade = 0W - 30
500 Horas de funcionamento: Óleos minerais tipo “Longlife”
Norma VW 500 00, 501 01 ou 502 00
Classe de viscosidade (veja a Tabela seguinte)
300 Horas de funcionamento: Óleos minerais tipo “Longlife”
Classe de Qualidade API SF/SG ou ACEA A 2 / A 3
Classe de

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Figura 20 - Tabela da Viscosidade
Características típicas MÉTODO UNIDADES VALOR
Densidade relativa a 15°C ASTM D4052 g/ml 0,838
Viscosidade Cinemática a 100°C ASTM D445 mm²/s 12,8
Viscosidade Cinemática a 40°C ASTM D445 mm²/s 75,7
Viscosidade, CCS -35°C (0W) ASTM D5293 cP 5850
Ponto de inflamação, v.f. ASTM D93 °C 244
Cinzas Sulfatadas ASTM D874 % peso 0,7
Alcalinidade Total, TBN ASTM D2896 mg KOH/g 7,0

[Valores retirados do catálogo de produtos da BP de 2003]

Óleo Hidráulico

Aplicação normal: Óleo hidráulico ISO-L-HM 68 segundo ISO 6743 - 4


Temperatura média constante = [60 – 80] °C

Aplicação mais dura: Óleo hidráulico ISO-L-HM 100 segundo ISO 6743 - 4
Temperatura média constante> 80°C

Aplicação mista: Óleo hidráulico ISO-L-HV 68 segundo ISO 6743 - 4

Características típicas MÉTODO UNIDADES VALOR


Densidade relativa a 15°C ASTM D1298 g/ml 0,885
Viscosidade Cinemática a 40°C ASTM D445 mm²/s 70
Ponto de inflamação ASTM D92 °C 208
Indíce de viscosidade ASTM D2270 - 142

[Valores retirados do catálogo de produtos da BP de 2003]

Gama de fluidos hidráulicos de base mineral, de elevado rendimento com


elevado índice de viscosidade, contendo aditivos anti-desgaste isentos de zinco aliado a uma
excelente capacidade de filtragem. Estes óleos estão em conformidade com as normas DIN
51524 Parte 3 – tipo HVLP e ISSO 6743/4 tipo HV.

Massa Lubrificante

Massa lubrificante saponificada com Lítio


(para cargas pesadas com aditivos para pressão extrema)

Características típicas MÉTODO UNIDADES VALOR


Espessante - - Lítio
Viscosidade Cinemática a 100°C ASTM D445 mm²/s 12,8
Grau NLGI ASTM D217 - 2
Cor - - Preta
Ponto de gota ASTMD566 °C 190
Viscosidade do Óleo base a 40°C ASTM D445 mm²/s 180

[Valores retirados do catálogo de produtos da BP de 2003]

É uma massa lubrificante com bissulfureto de molibdénio contendo aditivo


anti-oxidante e anticorrosão. A temperatura de operação deverá situar-se entre os -25°C e
130°C.

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5.1.2. O que Lubrificar?

 Lubrificar as correntes do mastro elevatório;

Lubrificar as superfícies de guia, as roldanas de deflexão e a corrente com


spray para correntes. Caso a empilhadora seja utilizada na indústria alimentar, deve
utilizar-se óleo ligeiro admitido na indústria alimentar.

 Inspeccionar o
nível de óleo do motor e
do sistema hidráulico
o No mínimo, óleo
Figura 21 - Lubrificação das Correntes
do motor deve ser mudado todos os 12 meses;

Figura 22 - Inspeccionar o óleo do motor

 Lubrificar as chumaceiras do eixo de direcção com massa lubrificante;

Quando o veículo é empregado em locais fechados, limpos e secos a


manutenção a todas as 1000 horas de serviço é suficiente;
Se houver muita poeira, sujidade, água ou mesmo sal e produtos químicos é
necessário lubrificar as articulações todas as semanas para aumentar a vida útil destas;

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Aplicar a massa lubrificante com uma pistola nos copos de lubrificação da barra
de direcção e nas mangas de eixo, até que saia um pouco de massa fresca nos pontos
de apoio.

Figura 23 - Lubrificação do eixo de direcção

 Lubrificar o deslocador lateral

Antes de ser aplicada a massa consistente, a sujidade deverá ser limpa com um
jacto de vapor;
Lubrifique através nos niples de lubrificação até que a massa lubrificante saia
lateralmente.

Figura 24 - Lubrificação do deslocador lateral

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 Lubrificar o mecanismo dos pedais

Figura 25 - Lubrificação do mecanismo dos pedais

Em anexo, encontra-se um quadro com a manutenção para este Empilhador e também


um relatório de uma análise a um óleo lubrificante.

Figura 26 - Empilhador Linde

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5.2. Empilhadora retrá ctil Paletrans PR 20

Figura 27 - Empilhador retráctil PR 20

Lubrificação
· Lubrificar todas as peças móveis
· Lubrificar rolamentos dos roletes que suportam a bateria.
· Lubrificar correntes de elevação com spray para correntes.
· Lubrificar as pistas de rolamento dos perfis da torre de elevação
· Engraxar rolamentos das polias das correntes e das mangueiras
· Engraxar engrenagem e pinhão do motor de direcção eléctrica / redutor da tracção.

 Lubrificantes utilizados no equipamento operando em ambientes com temperaturas


positivas:

Sistema hidráulico

Óleo mineral
Viscosidade de 46cSt @ 40°C, DIN 51524

Redutor de tracção

Massa lubrificante de Lítio Figura 28 - Sistema hidráulico


Classe NLGI 2
Oléo multiviscoso 75W80, 75W85 ou 75W90

Spray para correntes

Fluido lubrificante semi-sintético,


Viscosidade 215mm²/s @ 40°C
Temperatura de serviço - 15°C a 150°C
Figura 29 - Comando hidráulico
Perfis da torre de elevação

Massa lubrificante de Lítio


Classe NLGI 2

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5.3. Empilhadora eléctrica traccioná ria PT16

Figura 30 - Empilhadora eléctrica

Sistema Hidráulico
Óleo mineral
Viscosidade 40ºC cSt68

Redutor de tracção
Óleo mineral
Viscosidade 40ºC cSt90

Corrente de Elevação
Óleo 90/Molysil

Guia Ascendente
Massa lubrificante de Lítio NLGIo

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5.4. Outros empilhadores

CATERPILLAR DP20N (Lubrificantes BP)


Motor (Diesel)  Vanellus Multi-Fleet 10W-40
Especialmente desenvolvido para oferecer elevados nível de protecção em
motores Diesel pesados de fabrico europeu. É formulado utilizando óleos base não
convencionais, combinados com aditivos de alta performance, combinação esta, que oferece
excelente protecção contra o desgaste, boa fluidez a baixa temperatura, retenção da película
lubrificante a altas temperaturas e controlo de volatibilidade. Tem como densidade a 15 °C =
0,871 g/ml (ASTM D1298).

Transmissão  Autran MBX


Lubrificante universal, especialmente recomendado para caixas de velocidades
automáticas modernas. Tem como características principais: densidade a 15 °C = 0,870 g/ml
(ASTM D1298); Indíce de viscosidade = 163 (ASTM D2270); e viscosidade cinemática a 100 °C =
7,5 mm2/s (ASTM D445).

Hidráulica  Bartran HV 32
Fluído hidráulico de base mineral, de elevado rendimento com elevado índice
de viscosidade, contendo aditivos anti-desgaste isentos de zinco aliado a uma excelente
capacidade de filtragem. As suas características principais são: densidade a 15 °C = 0,872 g/ml
(ASTM D1298); Indíce de viscosidade = 155 (ASTM D2270); e viscosidade cinemática a 40 °C =
22 mm2/s (ASTM D445).

Pontos de lubrificação  Energrease LS-EP 2


Massa lubrificante espessada com sabão de Lítio, com eleveado nível de
protecção das superfícies metálica e resistente à água. Usadas na lubrificação de chumaceiras
planas ou de rolamentos porque estes elementos são sujeitos a cargas elevadas ou de choque.
A temperatura normal de operação situa-se entre -25ºC e 140ºC. A viscosidade do óleo base a
40ºC é de 150 mm2/s (ASTM D445) e o seu ponto de gota é de 200ºC (ASTM D566).

Transmissão manual  Energear SHX-M 75W-90


Lubrificante sintético 100% sintético para engrenagens, é um produto versátil,
com um campo de aplicação muito vasto em caixas de velocidades, diferenciais, reduções
finais, etc. Tem como características principais: densidade a 15 °C = 0,890 g/ml (ASTM D1298);
Indíce de viscosidade = 156 (ASTM D2270); e viscosidade cinemática a 100 °C = 15,1 mm2/s
(ASTM D445).

Figura 31 - Empilhador Caterpillar DP20N

Mestrado em Equipamentos e Sistemas Mecânicos Desgaste e Corrosão 22


STILL R70-80 (Lubrificantes BP)
Transmissão  Energear SHX 30
Lubrificante sintético de elevada qualidade (SAE 75W-85) aplicável na grande
maioria das transmissões manuais dos veículos pesados. Tem uma grande resistência à
oxidação e à degradação térmica a altas temperaturas, reduzindo significativamente os
depósitos carbonosos e prolonga a vida útil dos vedantes. Assegura uma superior resistência
da película lubrificante mesmo nas mais severas condições de trabalho. Tem como
características principais: densidade a 15 °C = 0,837 g/ml (ASTM D1298); Indíce de viscosidade
= 184 (ASTM D2270); e viscosidade cinemática a 100 °C = 11,8 mm2/s (ASTM D445).

Hidráulica  Energol HLP-HM 46


Fluído hidráulico de base mineral, com características anti-corrosão, anti-
desgaste e anti-espuma, sendo compatível com materiais elastómeros vulgarmente utilizados.
A densidade a 15°C é de 0,879 g/ml (ASTM D1298), a viscosidade cinemática a 40 °C = 46 mm2/s
(ASTM D445) e o índice de viscosidade é de 105 (ASTM D2270).

Pontos de lubrificação  Energrease LC 2


É uma massa lubrificante composta por hidrocarbonetos sintéticos altamente
refinados e espessada com sabão de lítio/cálcio. Esta massa contém aditivos que lhe conferem
excelente adesividade, protecção contra a corrosão e desgaste e boa capacidade de carga. A
sua temperatura de operação situa-se entre os -40°C e +120 °C. A viscosidade do óleo base a
40°C é de 40 mm2/s (ASTM D445) e o seu ponto de gota é de 165 °C (ASTM D566).

Figura 32 – Empilhador Still R70-80

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6. BIBLIOGRAFIA

Instruções de funcionamento de um Empilhador Linde;

Apontamentos de Tribologia fornecidos por Eng.º João


Carrapichano;

http://www.sintetica.pt

http://www.crowmatec.com.br

http://www.nordhydraulic.se/

http://www.bp.pt

http://www.total.pt/

http://barloworld.stet.pt/index.cfm?sec=1302040400

http://www.grupovei.pt/detalhe.aspx?fid=1222

http://www.lubrificantes.net/lub-001.htm

http://www.bozza.com/quem/hist_lub.asp

http://www.linde-mh.pt/lindept/content?

http://www.motorep.com.br/partec.asp

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7. ANEXOS

ESQUEMA DO SISTEMA HIDRÁULICO (LEGENDA)

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ESQUEMA DO SISTEMA HIDRÁULICO

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QUADRO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO

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QUADRO DE INSPECÇÃO E MANUTENÇÃO (CONTINUAÇÃO)

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RELATÓRIO DE UMA ÁNALISE A UM ÓLEO

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