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Fundamentos de

Fisioterapia e Ética
Profissional
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona

Indaial – 2019
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

L864f

Lopes, Karina

Fundamentos de fisioterapia e ética profissional. / Karina


Lopes; Laura de Oliveira Carmona. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.

242 p.; il.

ISBN 978-85-515-0412-3

1. Fisioterapia. - Brasil. I. Carmona, Laura de Oliveira. II. Centro


Universitário Leonardo Da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Apresentação
Caro acadêmico!

Quando pensamos na Fisioterapia, pensamos como profissão e como


Ciência. Neste sentido, a Fisioterapia que é o estudo do movimento humano uti-
liza a Ciência como forma de otimizar a busca pela recuperação do mesmo. As-
sim, esse caderno objetiva oferecer diversas formas de conhecer a Fisioterapia e
suas áreas de atuação, a qual pode atuar em todas as fases de atenção em saúde.

Esse livro será um divisor de águas para que você, acadêmico, enten-
da o que a Fisioterapia como Ciência possui como ferramentas para promo-
ver a saúde, prevenir agravos e reabilitar o paciente, seja na área Ortopédica,
Traumatológica, Esportiva, Gerontológica, Dermatofuncional, Neurofuncio-
nal, Respiratória, Cardiovascular, entre outras.

Mas será que foi sempre assim? Será que a Fisioterapia foi desde o
início considerada uma Ciência e Profissão regulamentada?

Não. O caminho percorrido foi longo, tortuoso, de idas e vindas, de ten-


tativas, acertos, retrocessos, avanços, até que finalmente em 1969, através do De-
creto Lei 938, a Fisioterapia foi reconhecida e regulamentada como profissão.

Antes disso, na Antiguidade e mesmo nas épocas seguintes já se pratica-


va a Fisioterapia sem mesmo se ter noção disso. As chamadas desordens físicas,
atualmente conhecidas como disfunções e patologias, eram tratadas através do
uso de agentes físicos como o calor, a massagem, os exercícios respiratórios, a
ginástica, as descargas elétricas vindas do peixe elétrico, entre outras fontes te-
rapêuticas.

Conforme a civilização foi evoluindo, a visão acerca do corpo e da


saúde também foi se modificando. Houve modificações sobre a percepção
da importância do corpo físico, da saúde, a relação da fé e do corpo físico, a
organização da sociedade em camadas.

Esse livro está dividido em três unidades de forma a permitir que você
acadêmico, consiga entender a linha histórica da prática da Fisioterapia, desde
os primórdios até a atualidade, possibilitando compreender as trasnformações
sofridas ao longo dos anos e como atualmente econtra-se o mercado de trabalho,
necessitando que legamente o profissional esteja apto a realizar sua atividade
profissional, dentro de suas atribuições.

Na primeira unidade você compreenderá os fundamentos históricos


da Fisioterapia. Na segunda unidade será dada ênfase na apresentação das
especialidades da Fisioterapia e suas atribuições profissionais e na terceira e
III
última unidade, dividida em cinco tópicos, será apresentado a você, os as-
pectos bioéticos e seus princípios, a deondotologia e sua importância no dia
a dia profissional, além da abordagem do que é ética e moral.

Agora convidamos você para iniciarmos juntos esse estudo por toda
a trajetória da profissão de Fisioterapeuta que há 50 anos vem contribuindo
para a melhoria da qualidade de vida das pessoas em diversas áreas.

Bons estudos!
Prof. ª Karina Lopes
Prof. ª Laura de Oliveira Carmona

IV
NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

V
VI
LEMBRETE

Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela


um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer teu conhecimento, construímos, além do livro


que está em tuas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terás
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares,
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar teu crescimento.

Acesse o QR Code, que te levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nessa caminhada!

VII
Sumário
UNIDADE 1 – FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA...........................................1

TÓPICO 1 – AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE


TRABALHO E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS
DE SUA CONSTITUIÇÃO................................................................................................3
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................................................3
2 A ANTIGUIDADE E O TRATAMENTO DE DESORDENS FÍSICAS ATRAVÉS DA
UTILIZAÇÃO DE AGENTES FÍSICOS.................................................................................................5
2.1 DEFINIÇÃO DE DESORDENS FÍSICAS........................................................................................8
2.2 QUAIS ERAM OS TIPOS DE DESORDENS FÍSICAS...................................................................9
2.3 QUAIS OS TIPOS DE AGENTES FÍSICOS UTILIZADOS NOS TRATAMENTOS DAS
DESORDENS FÍSICAS.......................................................................................................................9
3 A IDADE MÉDIA E O OLHAR PARA AS DESORDENS FÍSICAS............................................11
3.1 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS . ..........................................................11
3.2 A FÉ X O CORPO FÍSICO................................................................................................................12
4 O RENASCIMENTO E A PREOCUPAÇÃO COM O CORPO ....................................................12
4.1 A RETOMADA DO OLHAR AO CORPO FÍSICO......................................................................13
4.2 FATOS MARCANTES DO MOVIMENTO LITERÁRIO E ARTÍSTICO...................................14
4.3 A RELAÇÃO DAS DESORDENS FÍSICAS COM O CORPO SÃO E A PRÁTICA DE
EXERCÍCIOS......................................................................................................................................14
5 A INDUSTRIALIZAÇÃO, O SURGIMENTO DE DOENÇAS E DAS ESPECIALIDADES
MÉDICAS...................................................................................................................................................15
5.1 DEFINIÇÃO DO NOVO PROCESSO FABRIL.............................................................................15
5.2 O SURGIMENTO DE PROBLEMAS DE SAÚDE RELACIONADOS À
INDUSTRIALIZAÇÃO....................................................................................................................15
5.3 A DESCOBERTA DE NOVOS MÉTODOS DE TRATAMENTO DAS DOENÇAS E
DE SUAS SEQUELAS....................................................................................................................... 18
5.4 INICIAÇÃO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS.......................................................................19
6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL E NO MUNDO NA TRANSIÇÃO ENTRE
OS SÉCULOS XIX, XX e XXI............................................................................................................21
6.1 A TRANSIÇÃO DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI EM RELAÇÃO
AOS OBJETOS DE TRABALHO E DE ESTUDO..........................................................................24
6.2 O CUIDADO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS E A PREOCUPAÇÃO COM
A DOENÇA INSTALADA...............................................................................................................25
6.3 A FISIOTERAPIA FAZENDO PARTE DA EQUIPE DE SAÚDE...............................................25
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................27
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................28

TÓPICO 2 – A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA....................................................29


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................29
2 O SURGIMENTO DA FISIOTERAPIA COMO CIÊNCIA E PROFISSÃO...............................29
2.1 A FUNDAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE MÉDICA DA FACULDADE
DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (FMUSP)..........................................30

VIII
2.2 A INSTALAÇÃO DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA NO HOSPITAL CENTRAL DA SANTA
CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO..............................................................................32
2.3 O SURGIMENTO DO PRIMEIRO CURSO DE FISIOTERAPIA A NÍVEL TÉCNICO
NO BRASIL NO INSTITUTO CENTRAL DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE
SÃO PAULO......................................................................................................................................34
2.4 A EVOLUÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA.........................................................................34
2.4.1 A fundação da ABBR e a iniciação do curso técnico em reabilitação...............................35
2.4.2 O curso de Fisioterapia da FMUSP........................................................................................37
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................38
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................39

TÓPICO 3 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA


PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA COM BASE NA
CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)........................................................................... 41
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................41
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO
SUPERIOR (CES)...................................................................................................................................41
2.1 O PROJETO DE LEI DE FEVEREIRO DE 1963 E A TENTATIVA DE
REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO......................................................................................41
2.2 O DECRETO LEI 938/69: CONTRIBUIÇÕES PARA A EXPANSÃO DO ENSINO DE
FISIOTERAPIA NO BRASIL...........................................................................................................44
2.3 A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE FISIOTERAPIA E DA ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA: MARCOS IMPORTANTES À PROFISSÃO E AO ENSINO
DA FISIOTERAPIA...........................................................................................................................45
2.4 ASPECTOS LEGAIS DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA NO BRASIL ...............45
2.4.1 A expansão do ensino em fisioterapia: houve planejamento adequado?........................46
2.4.2 Distribuição de cursos por região em 2003..........................................................................46
2.4.3 Relação da distribuição de cursos por região comparado à distribuição populacional em
2003......................................................................................................................................................46
2.4.4 A influência do parecer 388/63 aprovado pelo mec em 10/12/1963, sobre a
expansão do ensino.................................................................................................................47
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................50
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................51

TÓPICO 4 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS A


ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69....................................................................53
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................53
2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL APÓS A ASSINATURA DO DECRETO LEI..............................53
2.1 O QUE REPRESENTA A LEI 6.316/1975 NA PROFISSÃO DE FISIOTERAPEUTA...............54
2.2 O COFFITO COMO ÓRGÃO REGULAMENTADOR DA PROFISSÃO..................................55
2.3 A HIERARQUIA COFFITO – CREFITOS......................................................................................55
2.4 OS CREFITOs ...................................................................................................................................56
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................58
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................59

TÓPICO 5 – O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO


CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE
OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM
AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS).....................................61
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................61
2 O PARECER CNE/CES 1210/2001........................................................................................................61

IX
2.1 DEFINIÇÃO DE CNE, SUA IMPORTÂNCIA E RELAÇÃO COM CES,
MEC E DCNs.........................................................................................................................................61
2.2 O PAPEL DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, DA CÂMARA
DE ENSINO SUPERIOR E DO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
NO ENSINO SUPERIOR.................................................................................................................62
2.3 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS EM FISIOTERAPIA.........................................64
2.3.1 Princípios das diretrizes curriculares nacionais em Fisioterapia......................................64
2.3.2 Objetivos das diretrizes curriculares nacionais em Fisioterapia.......................................65
2.3.3 A formação profissional segundo as DCNS e o perfil do
formando-egresso-profissional....................................................................................................65
2.3.3.1 Competências e habilidades do egresso em Fisioterapia – competências e
habilidades gerais.....................................................................................................................65
2.3.3.2 Competências e habilidades específicas...................................................................65
2.4 CONTEÚDOS CURRICULARES...................................................................................................66
3 ESTÁGIOS E ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE FISIOTERAPIA..........66
3.1 ORGANIZAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA.....................................................................67
3.2 FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A REFORMULAÇÃO DAS DCNs........................67
4 A INFLUÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NAS DCNS .................................................69
4.1 COMO A LEI ORGÂNICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE Nº 8.080 DE 19/09/1990
INFLUENCIOU NA REFORMULAÇÃO DAS DCNs.................................................................69
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................72
RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................76
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................77

UNIDADE 2 – APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA E


ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS.............................................................................79

TÓPICO 1 – APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA.........................81


1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................81
2 APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA.............................................84
2.1 FISIOTERAPIA EM ACUPUNTURA............................................................................................86
2.2 FISIOTERAPIA AQUÁTICA...........................................................................................................86
2.3 FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR...........................................................................................86
2.4 FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL..................................................................................87
2.5 FISIOTERAPIA ESPORTIVA..........................................................................................................87
2.6 GERONTOLOGIA............................................................................................................................87
2.7 TRABALHO.......................................................................................................................................88
2.8 FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL........................................................................................88
2.9 FISIOTERAPIA ONCO FUNCIONAL..........................................................................................88
2.10 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA.................................................................................................89
2.11 FISIOTERAPIA TRAUMATO ORTOPÉDICA FUNCIONAL..................................................89
2.12 FISIOTERAPIA EM OSTEOPATIA..............................................................................................89
2.13 FISIOTERAPIA EM QUIROPRAXIA...........................................................................................90
2.14 FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER...............................................................................90
2.15 FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA...............................................................................90
3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS......................................................................................................90
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................92
AUTOATIVIDADE..................................................................................................................................93

TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE


FISIOTERAPÊUTICA.......................................................................................................95
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................................95

X
2 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS POR ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA................95
2.1 FISIOTERAPIA EM TRAUMATO ORTOPEDIA E EM REUMATOLOGIA............................95
2.1.1 Avaliação em Traumato Ortopedia e Reumatologia...........................................................98
2.2 RECURSOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM TRAUMATO ORTOPEDIA
E REUMATOLOGIA......................................................................................................................102
2.3 FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA . .........................................................................................105
2.3.1 Escalas de Avaliação Neurofuncional.................................................................................108
2.3.2 Abordagens terapêuticas em Fisioterapia Neurofuncional.............................................113
2.4 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA.................................................................................................117
2.5 FISIOTERAPIA EM UROGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA..................................................122
2.5.1 Atuação fisioterapêutica em Urologia e Ginecologia........................................................122
2.5.2 O programa terapêutico........................................................................................................123
2.6 FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL.................................................................................127
2.6.1 Avaliação em Fisioterapia Dermatofuncional....................................................................128
2.6.2 Recursos terapêuticos em Fisioterapia Dermatofuncional..............................................130
2.7 FISIOTERAPIA EM ERGONOMIA.............................................................................................132
2.7.1 Ergonomia como ciência.......................................................................................................133
2.7.2 A prática de Ginástica Laboral dentro da Saúde do Trabalhor.......................................134
2.8 FISIOTERAPIA EM SAÚDE DO IDOSO ....................................................................................135
2.9 FISIOTERAPIA AQUÁTICA.........................................................................................................139
2.10 FISIOTERAPIA ESPORTIVA......................................................................................................141
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................146
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................147

TÓPICO 3 – O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A


PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA..................................................................149
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................149
2 O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA.........................................................................149
2.1 COMO PROCEDER COM O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA........................149
2.1.1 Resolução 207/2000 e 208/2000.............................................................................................150
2.1.2 Resoluções 377 e 378..............................................................................................................151
2.2 SITUAÇÕES QUE DISPENSAM O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA
PROFISSIONAL E O EXAME NACIONAL PARA A CONCESSÃO DE TÍTULOS DE
ESPECIALISTA PROFISSIONAL.................................................................................................151
3 A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA: REFERENCIAL NACIONAL DE
PROCEDIMENTOS E JORNADA DE TRABALHO....................................................................151
3.1 DEFINIÇÃO DE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS
FISIOTERAPÊUTICOS (RNPF).....................................................................................................152
3.2 VALOR ATUALIZADO DO REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS
FISIOTERAPÊUTICOS...................................................................................................................153
3.3 RELAÇÃO ENTRE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDIMENTOS
FISIOTERAPÊUTICOS E COEFICIENTE DE HONORÁRIOS
FISIOTERAPÊUTICOS (CHF).......................................................................................................156
3.4 A JORNADA DE TRABALHO DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA . ..........................157
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................158
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................160
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................162

UNIDADE 3 – REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA.........165

TÓPICO 1 – REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA.............167


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................167

XI
2 ÓRGÃOS QUE REGULAMENTAM A PROFISSÃO...................................................................167
2.1 CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
(COFFITO).............................................................................................................................................167
2.2 CONSELHOS REGIONAIS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL
(CREFITOS)............................................................................................................................................168
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................170
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................171

TÓPICO 2 – CÓDIGO DE ÉTICA...................................................................................................173


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................173
2 ASPECTOS PRINCIPAIS DOS CAPÍTULOS DO CÓDIGO DE ÉTICA ...................... 173
2.1 RESPONSABILIDADES FUNDAMENTAIS............................................................................174
2.2 RELACIONAMENTO COM CLIENTE/PACIENTE/USUÁRIO.....................................178
2.3 RELACIONAMENTO COM A EQUIPE.....................................................................................180
2.4 RESPONSABILIDADES NO EXERCÍCIO DA FISIOTERAPIA.....................................183
2.5 SIGILO PROFISSIONAL...................................................................................................................185
2.6 FISIOTERAPEUTA PERANTE AS ENTIDADES DE CLASSE........................................187
2.7 HONORÁRIOS........................................................................................................................................188
2.8 DOCÊNCIA, PRECEPTORIA, PESQUISA E PUBLICAÇÃO ..........................................189
2.9 DIVULGAÇÃO PROFISSIONAL...................................................................................................191
2.10 DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................................194
2.11 IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO DE ÉTICA NA VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO...........195
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................197
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................198

TÓPICO 3 – DEONTOLOGIA PROFISSIONAL....................................................................199


1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................199
2 DEONTOLOGIA NA PRÁTICA DIÁRIA PROFISSIONAL
DA FISIOTERAPIA.......................................................................................................................199
RESUMO DO TÓPICO 3.................................................................................................................201
AUTOATIVIDADE...........................................................................................................................202

TÓPICO 4 – ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL..................................................................203


1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................203
2 MORAL VERSUS ÉTICA.............................................................................................................203
RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................205
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................206

TÓPICO 5 – BIOÉTICA......................................................................................................................207
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................................207
2 IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DA BIOÉTICA....................................................................207
3 MODELOS DE DISCURSOS BIOÉTICOS....................................................................................208
4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA.................................................................................................................209
4.1 BIOÉTICA NO BRASIL..................................................................................................................210
5 BIOÉTICA PRINCIPIALISTA...........................................................................................................210
6 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA............................................................................................................211
7 DIRETRIZES INTERNACIONAIS PARA PESQUISA EM SERES HUMANOS...................214
7.1 PRINCIPAIS DIRETRIZES INTERNACIONAIS EM PESQUISA (CIOMS, 1993).................217
7.2 LIMITES DA PESQUISA EM SERES HUMANOS NO BRASIL..............................................221
LEITURA COMPLEMENTAR..............................................................................................................225
RESUMO DO TÓPICO 5......................................................................................................................232
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................233
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................234
XII
UNIDADE 1

FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
DA FISIOTERAPIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender quais foram as modificações que ocorreram acerca do objeto


de trabalho (Fisioterapia) em vários períodos da história, desde a Antigui-
dade até o final do século XX, tendo marcos importantes na prática da Fi-
sioterapia, mesmo não sendo ainda uma ciência nem profissão;

• conhecer que, em cada uma dessas fases, houve visões diferentes sobre o
corpo, sobre a saúde e o autocuidado;

• perceber que depois do surgimento de doenças que até então não existiam
houve um impacto da mecanização sobre a saúde e, por fim, o surgimento
de estudos e pesquisas sobre a prática da Fisioterapia;

• verificar que em tempos remotos agentes físicos eram utilizados como tra-
tamento de algumas desordens e qual a sua analogia com a atualidade;
• saber como e quando a Fisioterapia surgiu como objeto de estudo e de tra-
balho junto à classe médica, o impacto da atuação na prática clínica fazendo
com que a mesma passasse mais tarde a ser ofertada como curso superior;

• conhecer a organização didática e pedagógica da oferta de cursos de Fisio-


terapia no ensino superior, a organização das disciplinas e dos conteúdos
curriculares, permitindo formar profissionais com perfil voltado às habili-
dades e competências em saúde;

• informar-se sobre a regulamentação da profissão baseada na Constituição


Federal e nos princípios do SUS;

• entender as atribuições profissionais do Fisioterapeuta.

1
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE


TRABALHO EM FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA
CONSTITUIÇÃO

TÓPICO 2 – A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

TÓPICO 3 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMEN-


TAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA
COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

TÓPICO 4 – ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS


A ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69

TÓPICO 5 – O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE
NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE
OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS
DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS)

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE


TRABALHO E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS
DE SUA CONSTITUIÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Neste primeiro tópico, a abordagem será sobre as modificações que ocor-


reram em relação ao objeto de trabalho e em relação à Fisioterapia. O conheci-
mento dessas modificações vividas em diferentes períodos da História permitirá
que você tenha condições de entender como foi o período, as descobertas, as difi-
culdades, os avanços, enfim, a evolução de toda a trajetória até a atualidade.

Situações relatadas na História farão você, leitor, compreender que todas


as fases foram de extrema importância a nível social, cultural, humano, político
e econômico. Houve progressos em diversas áreas e claro que junto com todo o
progresso também se têm efeitos “colaterais”.

A trajetória histórica a seguir conduzirá você a uma aproximação desses


aspectos, principalmente levará a perceber como a Fisioterapia foi pouco a pouco
sendo vista como Ciência, como profissão regulamentada, tendo o respeito e a
valorização que se busca manter até o atual momento.

A linha cronológica representada pelas Figuras 1 e 2, a seguir, foram dis-


ponibilizadas ao leitor para melhor visualização dos períodos da História, faci-
litando o entendimento acerca do surgimento das civilizações, do modo como
viviam, do que se alimentavam, como era o uso dos recursos naturais, as desco-
bertas, os avanços, o surgimento das moléstias, a influência da arte e da cultura
sobre a vida, dentre tantas outras percepções. Vamos começar? Bons estudos!

3
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

FIGURA 1 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA HUMANIDADE

FONTE: <https://images.app.goo.gl/SST2T51ycjxogXBu8>. Acesso em: 5 jul. 2019.

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

FIGURA 2 – TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA HUMANIDADE

FONTE: <https://images.app.goo.gl/FQ5CYQqyerdtdi6A9>. Acesso em: 5 jul. de 2019.

2 A ANTIGUIDADE E O TRATAMENTO DE DESORDENS FÍSICAS


ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE AGENTES FÍSICOS
Os primeiros registros, que sem tem acesso, sobre a utilização de agentes fí-
sicos com finalidades terapêuticas vêm da China e são datados no ano de 2.698 a.C.,
especialmente por meio da prática de exercícios. Em todo o período que compreen-
deu a Antiguidade, porém, há descrições acerca dos banhos de sol, do uso das águas
termais e das massagens como formas medicinais de tratamento (GAVA, 2004).
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

FIGURA 3 – REGISTROS DE ANTIGAS CIVILIZAÇÕES QUE JÁ UTILIZAVAM A MASSAGEM COMO


FORMA DE BEM-ESTAR

FONTE: <http://bit.ly/37WCSut>. Acesso em: 5 jul. 2019.

Há indícios de que a Fisioterapia surgiu quando o homem pré-histórico, para


aliviar a dor por traumatismos, esfregava a mão no local atingido de forma instintiva
e, assim, estava realizando, mesmo que nos primórdios, a técnica hoje conhecida como
Massoterapia. Na época, era utilizado o movimento de deslizamento (esfregar). Anos
mais tarde somou-se ao deslizamento outros movimentos clássicos como vibração,
percussão, amassamento, rolamento, pinçamento, entre outros (KURBAN, 2005).

Inicialmente o uso da ginástica era exclusividade dos sacerdotes que a utiliza-


vam com finalidades terapêuticas. Mais adiante, na Idade Média, o clero (representado
pelos sacerdotes) como detentor do poder entendeu que os fenômenos naturais seriam
causados por interferência divina e se fossem eventos negativos, como as desordens
físicas, seria por atuação demoníaca. Assim, caberia ao clero o uso do exercício para
exorcizar os “demônios” em alguns membros da sociedade (GALVAN, 1998).

Na mesma época, na Índia, utilizavam-se exercícios respiratórios para evitar a


constipação intestinal. Na era cristã, por intermédio de sacerdotes, os movimentos do
corpo eram racionalizados e planejados como ginástica para o tratamento de disfun-
ções orgânicas já estabelecidas (CARVALHO et al., 2014).

A preocupação com as diferenças incômodas promoveu a utilização de recur-


sos, técnicas e procedimentos que as eliminassem. Há registros de exercícios e do uso
do peixe elétrico como agentes físicos para eliminar as morbidades que assolavam a
humanidade naquela época (REBELATTO; BOTOME, 1999).

Os fundamentos da Eletroterapia estão amparados numa longa trajetó-


ria do emprego da corrente elétrica com fins terapêuticos, mesmo nos
remotos tempos em que os reais efeitos dessa energia eram desconhe-
cidos dos seus adeptos. Podemos começar a ilustrar o uso da corrente
elétrica de forma muito natural, onde o agente gerador nada mais era
que um peixe capaz de produzir uma desacarga efetiva relatada como
analgésica. Esse fato faz referência a Galeno (+/- 130 a.C) e ao médico
Scribonius Largus (+/- 50 d.C) os quais indicavam aos seus pacientes por-
tadores de gota. Entre as espécies mais citadas temos a arraia elétrica
da família Torpedinidae por isso conhecido como peixe torpedo, o peixe
“gato” da família Malapteruridae, o bagre elétrico do Congo e Nilo clas-
sificado como Malapterus electricus (AGNE, 2013, p. 11).

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

FIGURA 4 – PEIXE ELÉTRICO

FONTE: <http://bit.ly/2LgddmS>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

No século X a.C., o médico romano Scribonuius Largo utilizava as enguias


para tratar os pacientes com doenças da mente enquanto que Antero, um nobre
romano, ao caminnar pela praia de forma acidental pisou em um peixe elétrico,
vindo, assim, a descobrir a corrente elétrica como meio de aliviar a dor. Mais tarde,
a Eletroterapia foi sendo estudada e conhecidas as suas particularidades e os seus
benefícios (KURBAN, 2005).

A palavra Fisioterapia tem sua origem no grego (physis: natureza; therapeia:


tratamento) e suas raízes estão na Antiguidade no período compreendido entre
4.000 a.C. a 395 d.C., época em que os médicos já tinham o conhecimento sobre os
agentes físicos, entre eles o sol, a luz, o calor, a água e a eletricidade. Esses recursos
serviam para eliminar as morbidades que assolavam a humanidade naquela época
(CARVALHO et al., 2014).

O uso da água com finalidades terapêuticas também começou na Antigui-


dade, com Hipócrates, um dos pioneiros na sua utilização, e com os romanos e suas
famosas casas de banho. Mas, somente no final do século passado e começo des-
te, o efetivo emprego da água em seus diferentes estados e temperaturas passou a
ser utilizado com finalidade dietética, profilática e terapêutica. Nomes como Floyer,
Hahn, Einternitz, Kneipp são responsáveis pelo início das duchas, saunas, piscinas
terapêuticas, walking tank, turbilhões e equipamentos hoje indispensáveis nas clíni-
cas de reabilitação. Os povos primitivos também conheciam os efeitos curativos da
Helioterapia, pois adoravam expor-se ao Sol. Os romanos foram os primeiros a cons-
truir um sollarium para a prática curativa através da radiação natural. Mas somente
em meados do século passado, a investigação e o fomento da Helioterapia permiti-
ram que, em Zurich (Alemanha), fosse construído o primeiro Intituto da Luz, para
o tratamento da tuberculose cutânea. Hoje a Fisioterapia utiliza a fototerapia para o
tratamento de inúmeras patologias, através de dispositivos como o infravermelho, o
ultravioleta e o raio laser (KURBAN, 2005).

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FIGURA 5 – TERMAS ROMANAS

FONTE: <http://bit.ly/37XxIOT>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

Desde o seu surgimento, não existiu na Fisioterapia um objeto de estudo ou


de intervenção claramente definido. O que confusamente foi considerado objeto de
trabalho da Fisioterapia desenvolveu-se por caminhos diversos que dariam sentido
e autonomia à Fisioterapia como área de conhecimento, de estudo ou como profis-
são (REBELATTO; BOTOME, 1999).

2.1 DEFINIÇÃO DE DESORDENS FÍSICAS


Na Antiguidade, o olhar era voltado às pessoas que possuíam as chama-
das diferenças incômodas. Esse termo, de forma equivalente, poderia ser utiliza-
do para definir as desordens físicas ou doenças em nossa atualidade (REBELAT-
TO; BOTOME, 1999).

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

FIGURA 6 – A SÍNDROME DE DOWN APARECE DOCUMENTADA NA HISTÓRIA, PELO PINTOR


RENASCENTISTA ANDREA MANTEGNA (1431 – 1506)

FONTE: <http://bit.ly/2P5BblP>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

A preocupação estava em como eliminar essas alterações, e os médicos


desse período conheciam e já utilizavam os recursos físicos, como a eletroterapia
sob a forma de descargas elétricas, por meio do peixe elétrico, para tratar doenças
com fins analgésicos e os exercícios sob a forma de ginástica.

2.2 QUAIS ERAM OS TIPOS DE DESORDENS FÍSICAS


Não há registros claros de quais eram especificamente essas desordens físi-
cas, ou as ditas diferenças incômodas. Se formos pela linha de pensamento, o que
diferente é aquilo que “foge dos padrões e da normalidade” as desordens físicas
poderiam, comparativamente, ser definidas atualmente como todas as alterações fí-
sicas: os devios posturais (escoliose, hipercifose torácica e hiperlorode lombar), as
alterações de pé (pé cavo ou pé plano) e de pisada (supinada ou pronada), as defor-
midades e alterações ósseas (dedo em martelo, dedo em pescoço de cisne, joelhos va-
ros ou valgos), as deformidades de caixa torácica decorrente de doenças respiratórias
como as DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crôncia), entre outras alterações que
causassem dor ou desconforto, levando o indivíduo a não ser visto como uma pessoa
“normal” pela sociedade.

2.3 QUAIS OS TIPOS DE AGENTES FÍSICOS UTILIZADOS


NOS TRATAMENTOS DAS DESORDENS FÍSICAS
No ano de 2.698 a.C. o imperador chinês Hoong-Ti criou um tipo de ginásti-
ca curativa que continha exercícios respiratórios e exercícios para evitar a obstrução
de órgãos (REBELATTO; BOTOME, 1999). Lindemann (1970) citado por Rebelatto
e Botome (1999), afirma que Galeno (130 a 199 d.C.) informou que conseguiu, por
meio de uma ginástica planificada de tronco e dos pulmões, corrigir o tórax defor-
mado de um rapaz até lograr condições normais.
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FIGURA 7 – CLÁUDIO GALENO (130 – 200 D.C.)

FONTE: <http://bit.ly/2DrtZv7>. Acesso em 5 jul. 2019.

FIGURA 8 – O BADUANJIN, UMA DAS FORMAS DO CHI KUNG EM UM MANUAL DA DINASTIA


QING

FONTE: <http://bit.ly/2Oiq3CO>. Acesso em 5 de jul. 2019.

Percebe-se, através de registros da época, que os médicos conheciam os


agentes físicos e os utilizavam como forma de tratamento de morbidades. A ênfa-
se estava na ação de tratar, e eram prescritos os banhos de sol e as saunas, o que
hoje seria a Termoterapia; as descargas elétricas do peixe elétrico, a Eletroterapia
de hoje; além da utilização de movimentos corporais racionalizados e planejados,
que hoje, dentro da Fisioterapia, podem ser entendidos como a Cinesioterapia, a
Reeducação Postural Global (RPG) e o Pilates.

Todas as informações trazidas anteriormente nos remetem para uma prá-


tica com poucas ou nenhuma evidência científica, ou seja, o emprego de métodos
e técnicas sem atribuição à Ciência, mas que eram utilizados com finalidades de

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

tratamento na doença instalada, perceptível e incômoda. O olhar era apenas cura-


tivo e não havia o enfoque preventivo.

3 A IDADE MÉDIA E O OLHAR PARA AS DESORDENS FÍSICAS


Na Idade Média surge a concepção de uma ordem social estabelecida no plano
divino em que os homens se organizavam hierarquicamente: clero (detentor do poder),
nobreza (guerreiros) e camadas populares (força braçal) (CARVALHO et al., 2014).

FIGURA 9 - SOCIEDADE ESTRATIFICADA E DIFERENÇAS SOCIAIS NA IDADE MÉDIA

FONTE: <https://images.app.goo.gl/RuChDtLmmAbqZABu8>. Acesso em: 5 jul. 2019.

Nesse período da História, compreendido entre os séculos IV a XV, a vi-


são sobre as diferenças incômodas estava modificando e os estudos iniciados na
Antiguidade, a respeito do emprego dos agentes físicos nas desordens físicas,
estavam sendo interrompidos. Isso se deu por dois motivos: a mudança na con-
cepção do que era desordem física e a visão do corpo humano, bem como pela
organização da sociedade. Aqui as desordens físicas ou as diferenças incômodas
precisavam ser “exorcizadas” (REBELATTO; BOTOME, 1999).

3.1 A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE EM CAMADAS


Na Idade Média a organização da sociedade acontecia de forma hierár-
quica representada pelo clero, o qual detinha o poder, pela nobreza que guerrea-
va e, por fim, pelas camadas populares que realizavam o serviço através da força
física (braçal). Além disso, havia uma organização providencial e uma ordem so-
cial estabelecida pelo plano divino (GALVAN, 1998).

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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

3.2 A FÉ X O CORPO FÍSICO


As camadas hierárquicas tinham dentro desse aspecto organizacional direi-
tos e deveres estabelecidos por uma ordem: a divina. Enquanto os camponeses traba-
lhavam, a nobreza participava de guerras e o clero executava o serviço divino. A fé,
nessa época, era vista como algo imprescindível ao homem, fazendo o clero ter um
poder decisivo nas escolhas da sociedade.

Na época chamada de Idade Média o corpo era apenas um recipiente. O


valor estava voltado para os conceitos religiosos do período que cultuava a alma
e o espírito (GALVAN, 1998).

Com toda essa organização social em camadas (cada qual com suas fun-
ções específicas e o forte papel do clero e da fé do homem) percebe-se que as
diferenças incômodas ou as desordens físicas têm correlação com o jeito de viver
dessa hierarquia. O exterior refletia o interior, ou seja, se o homem de determi-
nada classe dentro de suas atribuições “fugisse” dos padrões organizacionais, ou
mesmo se o seu lado religioso estivesse comprometido por falta de fé, sua desor-
dem física ocorria por influência demoníaca, ou seja, o que acontecia por fora era
ocasionado por aquilo que trazia por dentro.

Diferente do que ocorria na Antiguidade, como forma de tratamento atra-


vés da atividade física, o exercício físico na Idade Média era feito com propósitos
diferentes: os nobres o faziam para melhor se defender nas lutas e proteger os bens,
já a camada popular fazia exercício como uma forma barata de lazer. Nessa época,
os hospitais localizavam-se dentro de mosteiros e as enfermarias ficavam ao lado de
capelas.

FIGURA 10 – PRÁTICA DE ESGRIMA AJUDA NA SOBREVIVÊNCIA E MELHORA O DESEMPENHO


NAS GUERRAS

FONTE: <https://images.app.goo.gl/8gHY8So2oVEDDUpS9>. Acesso em 5 de jul. 2019.

4 O RENASCIMENTO E A PREOCUPAÇÃO COM O CORPO


O período do Renascimento, inicialmente ocorrido na Itália e mais tarde
difundido por toda a Europa, foi marcado por um crescente nas áreas da arqui-

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

tetura, escultura, pintura, decoração, literatura, música e política (REBELATTO;


BOTOME, 1999).

FIGURA 11 - RENASCIMENTO, MOVIMENTO INTELECTUAL CUJO AUGE OCORREU NA ITÁLIA


NOS SÉCULOS XV E XVI

FONTE: <https://images.app.goo.gl/QPbzmfibmc28rfpw7>. Acesso em 5 de jul. 2019.

4.1 A RETOMADA DO OLHAR AO CORPO FÍSICO


Foi no período do Renascimento que começou a retomada dos estudos
sobre o corpo humano e o culto ao exterior (físico) (GALVAN, 1998).

O Renascimento é um período compreendido entre os séculos XV e XVI


e é descrito como um momento de crescimento científico e literário por meio do
Humanismo e das Artes. Há a retomada dos estudos na área da saúde como uma
concepção curativa e de manutenção do estado normal existente em indivíduos
sãos. A atividade física passa a servir então para a manutenção da saúde, trata-
mento de enfermidades, reeducação de convalescentes e correção de deformida-
des (CARVALHO et al., 2014).

FIGURA 12 – RENASCIMENTO

FONTE: <http://bit.ly/2P3Gt1f>. Acesso em: 5 de jul. 2019.


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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

4.2 FATOS MARCANTES DO MOVIMENTO LITERÁRIO E


ARTÍSTICO
O homem dessa época teve seu interesse voltado ao mundo que o cercava
e passou a ter mais liberdade de expressão.

A beleza física do homem, de modo geral, passou a ser mais valorizada


e os valores morais da Idade Média, que eram cobrados pelo clero, começaram
a decair. A independência ganhou visibilidade, surgiram as universidades e as
pessoas que as buscavam ansiavam pela compreensão do mundo e pela busca de
conhecimento.

O movimento literário e a arte foram expressos através do naturalismo e


isso ocorreu justamente pela queda das restrições estabelecidas na Idade Média.

O humanismo e as artes passaram a se desenvolver fazendo com que os


estudos sobre o corpo, iniciados na Antiguidade e abandonados na Idade Média,
fossem retomados. Tal atitude se deu pela necessidade de cuidado com o corpo,
marcado pelo culto ao físico.

Pode-se observar que a mentalidade de cuidado com o corpo não era diri-
gida apenas ao tratamento ou cuidados com as situações já instaladas, mas havia
a preocupação com a manutenção das condições existentes em organismos sãos.
Fica claro aqui a mudança de visão do conceito de saúde: enfoque curativo x en-
foque preventivo.

4.3 A RELAÇÃO DAS DESORDENS FÍSICAS COM O CORPO


SÃO E A PRÁTICA DE EXERCÍCIOS
Foi no final do período do Renascimento que o interesse pela saúde corporal
começou a se tornar mais específico. Ao fim de 1550, o movimento renascentista na
Itália começa a declinar, entretanto em países como Alemanha, França e Inglaterra,
isso não ocorreu. Nesses três países, os estudos e trabalhos foram se solidificando.

Um estudo publicado pela Sociedade Médica de Berlim, em 1864, relata


que a prática de exercícios físicos para pessoas enfermas deveria ser distinta dos
executados em pessoas sãs. O texto traz alguns trechos como: “os enfermos e
aqueles cuja coluna vertebral sofre deformidades ou alterações posturais de om-
bros e cadeiras, correspondem às salas de cura e não às lições de ginástica para
sãos”. Essa publicação mostra a mudança na forma de praticar a atenção com a
saúde das pessoas, contribuição importantíssima para identificar o objeto de tra-
balho da Fisioterapia, que dava passos lentos para mais tarde tornar-se profissão.

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

5 A INDUSTRIALIZAÇÃO, O SURGIMENTO DE DOENÇAS E


DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS
Na Revolução Industrial ocorreu uma transformação social determinada
pela produção em larga escala. O desenvolvimento das cidades produziu condições
sanitárias precárias, jornadas de trabalho estafantes e condições alimentares insatisfa-
tórias que provocou a proliferação de novas doenças (CARVALHO et al., 2014).

FIGURA 13 – MULHERES TRABALHANDO EM MÁQUINAS TÊXTEIS, INSPECIONANDO FIOS, NA


AMERICAN WOOLEN COMPANY, BOSTON (1910)

FONTE: <http://bit.ly/2QBfH2x>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

5.1 DEFINIÇÃO DO NOVO PROCESSO FABRIL


O período entre os séculos XVIII e XIX foi historicamente caracterizado por
uma transformação social na Inglaterra. Foi uma época determinada pela produção
em larga escala, através do processo de mecanização e do trabalho operário, o cha-
mado modelo fabril (REBELATTO; BOTOME, 1999).

O processo de Industrialização foi uma época de transformação social em


que as diferenças incômodas voltam a despertar o interesse dos estudiosos, assim
como o encaminhamento para o surgimento das especialidades e seus tratamentos
(GALVAN, 1998).

5.2 O SURGIMENTO DE PROBLEMAS DE SAÚDE


RELACIONADOS À INDUSTRIALIZAÇÃO
Embora a industrialização fosse uma forma de otimizar a produção de
bens e de serviços, tornando-os mais acessíveis a todos, sua formação contribuiu
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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

para um período histórico e social em que predominou a divisão da sociedade em


classes sociais bem definidas.

As pessoas com maior poder aquisitivo eram donas das terras e o povo era
dono de sua força de trabalho. A obtenção de lucros tornou-se uma obsessão para os
que controlavam a sociedade e a população de baixa renda pagava o preço para esse
crescimento.

Nos ambientes de trabalho dentro da indústria era comum a violência exer-


cida pelos chefes e mestres contra os trabalhadores. As vítimas dessa violência eram
mulheres e crianças que sofriam desde multas, castigos corporais, até brutalidade
explícita (KURBAN, 2005).

Ao passo que a industrialização ia se instalando, o ritmo de trabalho aumen-


tava e muitos trabalhadores perdiam os seus empregos. Os camponeses migravam
das áreas rurais e se fixavam ao redor das cidades.

As pesquisas eram voltadas para o aperfeiçoamento de máquinas para me-


lhorar a performance do sistema de produção e mais tarde, trazer soluções para os
diversos problemas oriundos do próprio processo de industrialização como por
exemplo, os acidentes de trabalho.

O processo de industrialização, além dos acidentes de trabalho, trouxe pro-


blemas relacionados às condições sanitárias da época, bem como as extensas e can-
sativas jornadas de trabalho, as quais não eram diferenciadas por sexo nem idade
(jornadas chegavam a 16 horas diárias). Houve epidemias de cólera e de tuberculose,
além do forte hábito do uso de álcool.

Tanto nas indústrias têxteis como nas chapelarias as condições de trabalho


eram insatisfatórias e não havia água potável, iluminação e ventilação adequadas.
As máquinas não tinham proteção e suas engrenagens e correias ficavam muito pró-
ximas aos trabalhadores, além da disposição das mesmas não ser apropriada, pois
ficavam em corredores apertados, dificultando a locomoção das pessoas que ainda
inalavam poeira e muitos resíduos (KURBAN, 2005).

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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

FIGURA 14 – O JOVEM RAOUL JULIEN TRABALHANDO EM CHACE COTTON MILL,


BURLINGTON, VERMONT, EM 1909

FONTE: <http://bit.ly/3490Cco>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

FIGURA 15 – CRIANÇAS TRABALHANDO NAS FÁBRICAS DURANTE A INDUSTRIALIZAÇÃO

FONTE: <http://bit.ly/2O5ItH6> Acesso em: 5 de jul. 2019.

As classes sociais dominantes tinham suas atenções voltadas ao sistema pro-


dutivo e às atividades que geravam lucros por meio do uso do trabalho da população
operária. A preocupação dessas classes dominantes era não perder ou diminuir a fonte
de ganhos gerados pela classe econômica mais baixa e socialmente dominada. Para a
classe dominante não interessava como a classe dominada vivia e sim, apenas tratar as
doenças quando as condições de saúde prejudicassem a produção e os ganhos.

Fora da indústria, as condições de vida não eram muito diferentes, pois


essa mão de obra não especializada era basicamente formada por escravos livres
e imigrantes italianos. Alguns, com mais sorte pelo bom comportamento e alta
produtividade, conseguiam morar em vilas operárias junto às fábricas, com uma

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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

infraestrutura mais adequada de subsistência. Outros, entretanto, acabavam mo-


rando em cortiços ou favelas, onde as condições de higiene e salubridade eram
péssimas. Sem poder reverter esse quadro, devido aos baixíssimos salários e uma
grande concorrência, essa população padecia miseravelmente (KURBAN, 2005).

FIGURA 16 – PATRÃO E CLASSE OPERÁRIA

FONTE: <http://bit.ly/2Orz3oa>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

5.3 A DESCOBERTA DE NOVOS MÉTODOS DE TRATAMENTO


DAS DOENÇAS E DE SUAS SEQUELAS
O abuso da exploração até os limites das possibilidades de vida dos operá-
rios e camponeses fazia explodir as “patologias” que desconhecidas naquelas di-
mensões impressionavam.

As explicações e “teorias” que predominavam — e convinham às classes


dominantes — não indicavam os determinantes das “patologias” (ou “diferenças
incômodas”) no ambiente físico ou social (no sistema econômico e social do regime
político, por exemplo) e sim no próprio “indivíduo doente”. Esse tipo de expli-
cação era conveniente às classes dominantes, assim como convinha “tratar” essas
patologias para não perder ou diminuir a fonte de riqueza e de bem-estar, gerados
pela força de trabalho das classes de poder econômico mais baixo (e socialmente
dominadas) (REBELATTO; BOTOME, 1999).

A medicina teve muitos desafios na tentativa de intervir nas patologias que


surgiam em função do advento da mecanização e industrialização. Inovações me-
todológicas começaram a ser implantadas nas faculdades de Medicina, assim como
o surgimento de novos equipamentos e novas formas de observar e de identificar
as doenças.

Essa época foi muito marcada pela assistência curativa e reabilitadora, não
havia preocupação com a prevenção ou mesmo com a manutenção da saúde, até
porque, nessa época cabia essa responsabilidade ao empregador e não ao Estado e
o empregador tinha apenas visão de lucro.
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TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

5.4 INICIAÇÃO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS


Foi assim que a clínica, a cirurgia, a farmacologia, a aplicação de recursos
elétricos, térmicos e hídricos, além da prática de exercícios físicos evoluiram e a ideia
do atendimento hospitalar surgiu. Nessa fase, a medicina se subdividiu e iniciaram
as especialidades. Surgiram a Dermatologia, a Pediatria, a Obstetrícia, seguidas da
Psiquiatria, da Oftalmologia e da Otorrinolaringologia.

FIGURA 17 - CESÁREA (OBSTETRÍCIA)

FONTE: <http://bit.ly/2OtjDQs>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

FIGURA 18 - LOUCURA: DIRETO AO PROBLEMA (PSIQUIATRIA)

FONTE: <http://bit.ly/2KFXr4n>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

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UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

FIGURA 19 – CATARATA (OFTALMOLOGIA)

FONTE: <http://bit.ly/2O5ZCjH>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

Os doentes da época eram tratados por profissionais treinados e em locais


propícios para o desenvolvimento de pesquisas e estudos anátomo clínicos da época.

Durante a guerra, escolas de cinesioterapia surgiram a partir de clínicas uni-


versitárias ortopédicas. Além disso, as lesões, a mutilações, as alterações físicas de
várias naturezas e gravidades fizeram com que tratamentos fossem necessários para
recuperar os combatentes ou mesmo reabilitá-los para que tivessem condições de
vida social e produtiva.

Como consequência das guerras eram necessárias as mínimas condições


de retorno às atividades sociais de forma integradora e com produtividade, devido
à presença de mutilações e de alterações físicas de vários tipos e graus (GALVAN,
1998).

É possível perceber pelos relatos da época que a preocupação maior não


era em ter a percepção geral dos problemas nem de suas determinantes, mas sim,
como “consertá-los”, a fim de que o indivíduo pudesse voltar para a sua função.

Na Revolução Industrial houve o predomínio de uma assistência curativa,


recuperativa e reabilitadora. A Fisioterapia passou, mesmo sem ter sido ciência e
muito menos vista como profissão, por quatro importantes acontecimentos históri-
cos (CARVALHO et al, 2014).

A partir desse contexto houve um interesse mundial pelo termo reabilita-


ção. O que contribuiu para esse interesse foram alguns aspectos históricos como: o
processo acelerado de industrialização e de urbanização, trazendo os acidentes de
trabalho e o processo tecnológico e social, além das duas grandes guerras mundiais.

20
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL E NO MUNDO NA TRANSIÇÃO


ENTRE OS SÉCULOS XIX, XX e XXI
Diversos materiais internacionais fazem uma analogia entre as duas grandes
guerras mundiais e a poliomielite, afirmando que a polio seria equivalente ou superior
às guerras e contribuiram para que, através de suas técnicas e métodos, a fisioterapia se
desenvolvesse a nível mundial (BARROS, 2008).

A Fisioterapia teve seu nascimento na metade do século XIX, na Europa. As


primeiras escolas apareceram na Alemanha, nas cidades de Kiel, em 1902, e Dresdem,
em 1918. Depois disso, a Fisioterapia, na Inglaterra, apareceu em destaque no cená-
rio mundial, com os trabalhos de massoterapia realizados pelos doutores Mendell e
J. Cyriax, os trabalhos de cinesioterapia respiratória feitos por Winifred Linton, no
Brompton Hospital, em Londres, e, sobretudo, os trabalhos de Fisioterapia neurológi-
ca realizados em conjunto com a fisioterapeuta Berta Bobath e o neurofisiologista Karel
Bobath que criaram o Método Bobath, para tratamento de pacientes com paralisia cere-
bral (SANCHES, 1984 apud GAVA, 2004).

FIGURA 20 – JAMES CYRIAX, ORTOPEDISTA BRITÂNICO QUE DESENVOLVEU A TÉCNICA DE


MASSAGEM CYRIAX

FONTE: <https://iphysio.files.wordpress.com/2010/04/dr_cyriax_j.gif>. Acesso em: 6 jul. 2019.

21
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

FIGURA 21 - KAREL E BERTA BOBATH, CRIADORES DO MÉTODO BOBATH

FONTE: <http://bit.ly/37od7mq>. Acesso em: 6 jul. 2019.

O surgimento da Fisioterapia em nosso país deu-se pela necessidade de


se reabilitar os portadores de sequelas decorrentes da poliomielite, do crescente
aumento do número de casos de acidentes de trabalho e das mutilações em muitos
combatentes da Segunda Guerra Mundial (CARVALHO et al, 2014).

“A história da profissão de fisioterapeuta a nível nacional tem sido objeto


de estudo de professores e pesquisadores, principalmente fisioterapeutas vincu-
lados a programas de pós-graduação e áreas como saúde coletiva, educação e na
própria fisioterapia” (BARROS, 2008, p. 942). O autor ainda continua sua linha de
pensamento afirmando que o marco histórico da profissão, de caráter institucional,
é o Decreto Lei 938, porém, no período que o antecedeu, pouco se tem de material
e relatos de como o processo foi viabilizado. Seu foco principal é utilizar outro
momento da História, partindo da criação e do reconhecimento da Escola de Rea-
bilitação do Rio de Janeiro (ERRJ).

O profissional fisioterapeuta surgiu em decorrência das grandes guer-


ras fundamentalmente para tratar de pessoas fisicamente lesadas. As
perdas totais ou parciais dos membros, atrofias e paralisias são exem-
plos do objeto de trabalho da fisioterapia em sua gênese. Naquelas
circunstâncias, porém, a preocupação fundamental, ou mesmo única,
com doenças ou lesões e suas consequências, parecia adequada. A de-
corrência natural das condições existentes na época fez toda a atuação
profissional ficar voltada para atenuar ou diminuir o sofrimento, reabi-
litar organismos lesados ou, quando possível, recuperar as condições
de saúde preexistentes dos organismos cujas condições haviam sido
alteradas. Então ocorrem os princípios militares do condicionamento e
o esforço físico e a incrementação das técnicas com recursos de tecnolo-
gia como a Mecanoterapia (máquinas e equipamentos para exercícios)
e a eletroterapia (corrente elétrica para fins terapêuticos), substituindo
gradativamente a Cinesioterapia (terapia por exercícios físicos) da har-
monia dos movimentos. Neste enfoque a profissão segue o caminho da
especialização fragmentada, afastando-se da visão do homem como um
todo, visível no Ocidente, e bem forte nos Estados Unidos da América
(GALVAN, 1998, p. 54-55).

22
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

FIGURA 22 – CENTRO DE TRATAMENTO PARA ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS


ATINGIDAS PELA POLIOMIELITE NA DÉCADA DE 50

FONTE: <http://f.i.uol.com.br/livraria/capas/images/12110329.jpeg>. Acesso em: 6 jul. 2019.

FIGURA 23 – CRIANÇAS COM SEQUELAS MOTORAS DEVIDO À POLIOMIELITE

FONTE: <http://bit.ly/2D0iI4m>. Acesso em: 6 de jul. 2019.

No final do século XIX, no Brasil, a Fisioterapia inicia suas atividades por


meio da criação do Serviço de Eletricidade Médica e Hidroterapia na cidade do Rio
de Janeiro. E em 1884, no Hospital de Misericórdia, na mesma cidade, é criado o
primeiro Serviço de Fisioterapia da América do Sul, através do médico Arthur Silva
(GAVA, 2004).

23
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

FIGURA 24 – O MÉDICO ARTHUR SILVA PARTICIPA DA CRIAÇÃO DO PRIMEIRO SERVIÇO DE


FISIOTERAPIA DA AMÉRICA DO SUL NO HOSPITAL DE MISERICÓRDIA DO RIO DE JANEIRO

FONTE: <http://bit.ly/2OuFrLh>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

6.1 A TRANSIÇÃO DO SÉCULO XX PARA O SÉCULO XXI


EM RELAÇÃO AOS OBJETOS DE TRABALHO E DE ESTUDO
Os tipos de preocupação e olhar em cada época da História passaram por
oscilações de grande impacto. Todas essas preocupações contribuíram para que
houvessem estudos e reflexões, decorrentes das próprias situações em cada perío-
do, resultando no modo de enxergar a doença e o modo de tratá-la (REBELATTO;
BOTOME, 1999).

Na Antiguidade surgiram os primeiros estudos para entender os distúrbios


que acometiam o homem, bem como a tentativa de explicar o surgimento e as pro-
postas de solucionar esses problemas.

A Idade Média foi marcada pela interrupção de pesquisas relativas à saúde


e o interesse por ações práticas, substituídas por concepções religiosas.

O Renascimento permitiu que esses estudos fossem retomados, além da


descoberta de novas formas de olhar a saúde, cuja preocupação era preservar as
condições de saúde que o indivíduo apresentasse.

A Industrialização foi caracterizada por precárias condições de vida e a


proliferação de doenças fazendo com que surgissem as especialidades médicas,
mantendo a preocupação com a doença instalada.

Os diferentes momentos da História determinaram a influência das re-


lações de produção dentro da organização da sociedade e o direcionamento das
ações em saúde em cada momento. Ao passo que essas relações de produção per-
mitiram maior acesso da população à melhor condição de vida, o modo de assis-
tência disponível se alterou. Os problemas de saúde que a população apresentava

24
TÓPICO 1 | AS MODIFICAÇÕES NA CONCEPÇÃO DO OBJETO DE TRABALHO
E A FISIOTERAPIA NOS DIFERENTES MOMENTOS DE SUA CONSTITUIÇÃO

eram considerados o resultado de uma somatória de problemas individuais de


cada membro dessa população e não mais visto como unicausalidade.

6.2 O CUIDADO DAS ESPECIALIDADES MÉDICAS E A


PREOCUPAÇÃO COM A DOENÇA INSTALADA
Aos gabinetes de curiosidades do século XVII, tantas vezes entulhados de
quinquilharias, sucederão, após um intervalo de investigações puramente clínicas,
os laboratórios onde o saber médico encontrará um verdadeiro fundamento cientí-
fico (STAROBINSKI, 1967 apud REBELLATO; BOTOME, 1999). A citação acerca dos
laboratórios como caminho para o verdadeiro fundamento científico é o ponto de
partida para a prática da pesquisa, da descoberta de novas tecnologias e formas de
se tratar, do entendimento de novas doenças que foram surgindo com o avanço da
industrialização e com as áreas da Medicina que estão conectadas.

Anos mais tarde no século XX, precisamente em 1957, viria a descoberta da


vacina Sabin, pelo microbiologista Albert Bruce Sabin. De acordo com pesquisas de
dados no Acervo do jornal O Globo (2018), a primeira tentativa de erradicar a pa-
ralisia infantil (veremos mais a frente) aconteceu em 1952 quando o americano de
origem polonesa Jonas Edward Salk, que cultivara o vírus da poliomielite, produ-
ziu uma vacina injetável à base de vírus mortos. Na prática percebeu-se que os efei-
tos eram de curta duração. Na continuação das pesquisas cinco anos depois, outro
microbiologista: Albert Bruce Sabin desenvolveu uma nova vacina com benefícios
que a de Salk não apresentou como: era uma vacina oral, com tempo prolongado
de imunização e com custo reduzido.

FIGURA 25 – ALBERT SABIN E JONAS SALK (ÓCULOS), OS PESQUISADORES DA VACINA ANTI PÓLIO

FONTE: <http://bit.ly/2KGptg1>. Acesso em: 6 de jul. 2019.

6.3 A FISIOTERAPIA FAZENDO PARTE DA EQUIPE DE SAÚDE


A Fisioterapia integrada com a área da saúde sofreu os mesmos tipos de
alterações no decorrer da história. Basicamente todos os recursos e ações eram
voltados quase que de forma exclusiva ao indivíduo com a doença manifesta.
25
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DA FISIOTERAPIA

Mesmo com o conhecimento da tecnologia a atenção estava voltada, quando


a saúde se encontrava em seus piores estágios, para reabilitar ou recuperar as
condições perdidas pelo indivíduo (REBELATTO; BOTOME, 1999).

Então surge o questionamento sobre como a Fisioterapia foi se desenvol-


vendo e se modificando ao longo dos tempos, até vir a ser uma profissão e os
rumos que ela tomou para ser considerada o que hoje realmente é a Fisioterapia.

Parece que, conforme for entendido o que seja o objeto de trabalho da Fi-
sioterapia, serão desenvolvidos atenção, atividades, esforços e estudos
na direção das patologias (“diferenças” ou alterações incômodas nos
organismos) ou de atividades, estudos e esforços na direção de mais do
que apenas as patologias. O objeto de trabalho da Fisioterapia no Brasil,
de certa forma, não se apresenta de maneira diferente do que já pode ser
percebido até agora na história do desenvolvimento da concepção de
trabalho com a “saúde” das pessoas. Vale eliminar melhor o que pode
ser caracterizado como objeto de trabalho de estudo dessa área ou dessa
profissão no País (REBELATTO; BOTOME, 1999, p. 20).

Provavelmente esse questionamento, feito pelo autor e por muitos outros


autores, pesquisadores e ou profissionais que já o fizeram, ocorra devido ao fato de
que no surgimento da atuação do fisioterapeuta, sua profissão era codependente
de outras, como a do médico, por exemplo. Os médicos da época eram conhecidos
como reabilitadores e os fisioterapeutas ainda sem profissão regulamentada eram
denominados como auxiliares de médicos.

Nos anos 30, tanto na cidade do Rio de Janeiro como em São Paulo, os
primeiros serviços ligados à fisioterapia foram idealizados por médicos. Esses
estabelecimentos não visavam apenas a estabilidade clínica do paciente, como
em hospitais por exemplo, mas sim a recuperação física permitindo o retorno à
sociedade, com funções idênticas anteriores à lesão ou mesmo semelhantes. Essa
visão dos médicos fez com que eles fossem chamados de médicos de reabilitação e
os profissionais de fisioterapia de auxiliares de médico (CARVALHO et al., 2014).

DICAS

Acesse os links a seguir e leia algumas informações adicionais a respeito


da prática da Fisioterapia, mesmo sem ainda ser uma Ciência nem mesmo profissão
regulamentada:

• https://blog.inspirar.com.br/fisioterapia-na-idade-media/
• http://www.bodyworks.med.br/historia-da-fisioterapia/
• http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/CarolinaCristinadoNascimento.pdf/

26
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Antiguidade foi marcada por diferenças incômodas e a visão era muito curativa,
não tendo enfoque preventivo.

• A Idade Média foi caracterizada pela organização da sociedade em hierarquias e o


clero era uma classe que tinha um poder determinante nas decisões dos caminhos
escolhidos pela sociedade.

• O Renascimento foi marcado pela preocupação com o corpo saudável, em função


dos movimentos artísticos e literários, fazendo menção do culto ao corpo físico.

• A Industrialização foi o período no qual a mecanização e as extensas jornadas de


trabalho somada às condições precárias da população, propiciaram o surgimento
de acidentes de trabalho, epidemias e o surgimento das especialidades médicas.

• Cada fase da História teve uma visão e uma atuação característica sobre o conceito
de doença e de ação em saúde.

• Por fim, a Fisioterapia, no final do século XX, por ser área da saúde, sofreu as mes-
mas oscilações no decorrer da História. Desde o seu surgimento não existiu um ob-
jeto de estudo ou de intervenção pré-definido levando a profissão a caracterizar-se
ao longo de sua existência.

27
AUTOATIVIDADE

1 Quando se falou em Antiguidade, viu-se que o termo “diferenças incômodas”


foi mencionado. O que esse termo significava na época e como era feita a inter-
venção para ajudar o indivíduo que apresentasse essas alterações?

2 Comentou-se sobre a prática de ginástica curativa nas pessoas no período da


Antiguidade. Como era realizada e qual o seu objetivo?

3 Citou-se recursos físicos, como o uso da luz, do sol, dos banhos e do peixe elétri-
co, como agentes terapêuticos. Analogamente, hoje são utilizadas essas formas
de tratamento, mas com denominações e classificações diferentes. Como são
chamados, atualmente, esses agentes terapêuticos?

4 Quando a Industrialização foi citada como um período histórico, viu-se que


acidentes de trabalho fizeram parte do processo de mecanização e que muitas
vezes eram resultados de extensas jornadas de trabalho. Como isso poderia ser
freado? E atualmente, o que se faz em relação à repetição das funções durante as
jornadas de trabalho?

5 Em vários momentos da história viu-se que a visão da época era apenas cura-
tiva, sem haver o enfoque preventivo. O que você, como estudante da área da
saúde, entende sobre a importância da prevenção nos aspectos sociais e econô-
micos?

28
UNIDADE 1
TÓPICO 2

A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

1 INTRODUÇÃO

Neste segundo tópico, dar-se-á ênfase na trajetória da Fisioterapia em nos-


so país como Ciência e profissão iniciada em 1919 na cidade de São Paulo, com a
fundação do Departamento de Eletricidade Médica e, mais tarde, em 1929, com a
instalação do Serviço de Fisioterapia junto ao Hospital Central da Santa Casa de
Misericórdia. Paralelamente a esses marcos, o aparecimento de epidemias, entre
elas a Poliomielite que assolou o mundo, os acidentes de trabalho e as mutilações
dos combatentes de guerra, fizeram com que anos mais tarde começasse a ser ofer-
tado o primeiro Curso de Fisioterapia do Brasil, em 1951, no Instituto Central do
Hospital das Clínicas.

Toda essa trajetória fez com que a profissão de fisioterapeuta, até então não
regulamentada, começasse a ser vista como indispensável à sociedade, claro que
em um primeiro momento sem autonomia profissional e com pouca estrutura, mas
aos poucos o entendimento de que era necessário lutar pelo reconhecimento e va-
lorização da classe.

Aconteceram várias tentativas de reformular a oferta de cursos (disciplinas/


carga horária/ nível de ensino), afinal a demanda estava aumentando. Surgiram
associações e projetos de reconhecimento junto ao Congresso Nacional. Conhecen-
do essa retrospectiva histórica, você perceberá que através da apresentação e dis-
cussão de informações e documentos legais, houve a regulamentação do ensino e
exercício profissional, bem como a representatividade de órgãos de classe e norteio
aos profissionais da área. Vamos entender como tudo isso ocorreu?

2 O SURGIMENTO DA FISIOTERAPIA COMO CIÊNCIA E


PROFISSÃO
Baseado nos aspectos históricos vistos no Tópico 1, entende-se que o pro-
cesso sofrido ao longo do tempo culminou para o surgimento da Fisioterapia atra-
vés da necessidade primária de reabilitar.

A época colonial foi um momento decisivo para que a Fisioterapia tivesse


início. A saúde dos trabalhadores e dos escravos nos campos e lavouras, as con-
dições de vida precária, as frequentes mazelas da sociedade como a pneumonia,
a diarréia e a tuberculose não eram preocupação, exceto para aqueles escravos
que tinham perfil de rentabilidade e de maior produtividade (KURBAN, 2005).
29
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

No decorrer da História, várias passagens deixam claro que a prática se


dava através de recursos físicos, utilizados puramente como agentes curativos e
isso ocorreu desde a Antiguidade até o século XX, através dos marcos da Industria-
lização, da Poliomielite e da Segunda Guerra Mundial.

Veremos na sequência, as modificações que a Fisioterapia sofreu de acordo


com a realidade e a necessidade da época, iniciando com a atuação do fisioterapeuta
junto à classe médica (então chamado de auxiliar de médico); a oferta de cursos; a
epidemia que atingiu a população infantil em nível mundial; os acidentes de traba-
lho; as mutilações por bombas; as associações de classe; as indas e vindas com pedi-
dos de reconhecimento de classe profissional, até finalmente, em 1969, a Fisioterapia
ser regulamentada como profissão em que o fisioterapeuta atua de forma autônoma
e independente, através de métodos e técnicas privativos. Mais tarde, ao longo das
próximas seções, veremos de que modo a criação e a regulamentação de leis foram
importantes às atribuições profissionais e à fiscalização do exercício profissinal.

2.1 A FUNDAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE


MÉDICA DA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO (FMUSP)
A Fisioterapia começou a se desenvolver com maior atenção e cuidado no
Rio de Janeiro com a implantação dos serviços de Hidroterapia, na época chama-
da de Casa das Duchas e de Eletricidade Médica. Período por volta de 1879 que
coincidia com o processo de industrialização e com o surgimento dos acidentes
de trabalho (SANCHES, 1984 apud KURBAN, 2005).

A Casa das Duchas que existe até hoje foi tombada como patrimônio his-
tórico. Localiza-se em Petropólis, no estado do Rio de Janeiro e na época de fun-
cionamento atendia cerca de cinquenta pessoas por hora, com o intituito de tratar
enfermidades pelo uso da água. Era um dos pontos mais bem frequentados da
cidade. Integrantes do Império, homens de Estado e toda a elite da época iam
muito ao local, como por exemplo D. Pedro II, Joaquim Nabuco, Visconde de
Mauá, Paulo Barbosa, entre outros. Com a queda da Monarquia o estabelecimen-
to foi decaindo havendo então o colapso total de sua frequência.

30
TÓPICO 2 | A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

FIGURA 26 – CASA DAS DUCHAS NA ÉPOCA EM QUE FOI FUNDADA

FONTE: <http://bit.ly/33btS1a>. Acesso em: 5 jul. 2019.

FIGURA 27 – CASA DAS DUCHAS ATUALMENTE

FONTE: <http://bit.ly/2rgkVpJ>. Acesso em: 5 jul. 2019.

No período de 1879 a 1883, no Rio de Janeiro, a Eletroterapia e outros


agentes terapêuticos naturais, iniciados na Antiguidade com a prática e sem evi-
dência científica, tiveram início com a criação dos serviços de eletricidade e de
hidroterapia. Foi graças aos resultados e aos efeitos fisiológicos produzidos, além
dos esforços profissionais e de vários estudos que atualmente dipõem-se de vá-
rias tecnologias no âmbito da reabilitação (AGNE, 2013).

O médico e professor Raphael de Barros, em 1919, fundou o Departamento


de Eletricidade Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(USP) (GAVA, 2004).

31
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

FIGURA 28 – MÉDICO DR. RAPHAEL DE BARROS

FONTE: <http://bit.ly/2O4LyqC>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

O curso oferecido em 1950, e que levava o nome do médico Dr. Raphael


de Barros, tinha como objetivo capacitar profissionalmente pessoas que atuavam
como auxiliares dentro do serviço médico do Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo (BARROS, 2008).

2.2 A INSTALAÇÃO DO SERVIÇO DE FISIOTERAPIA NO


HOSPITAL CENTRAL DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE
SÃO PAULO
Aproximadamente em 1929, o médico Dr. Waldo Rolim de Moraes insta-
lou o Serviço de Fisioterapia do Radium Arnaldo Vieira de Carvalho em São Pau-
lo, cujo objetivo era atender de forma assistencial os pacientes carentes do Hospi-
tal Central da Santa Casa de Misericórdia e, posteriormente, organizou o Serviço
de Fisioterapia do Hospital das Clínicas. Ambos se tornaram grandes centros de
reabilitação e estão em atividade até hoje (KURBAN, 2005).

Em 1929, também em São Paulo, o médico Waldo Rolim de Moraes instala


o Serviço de Fisioterapia nas dependências do Hospital Central da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo (GAVA, 2004). Em 1951, esse importante médico pla-
nejou o primeiro curso de Fisioterapia do Brasil cuja intenção era formar técnicos
em fisioterapia.

32
TÓPICO 2 | A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

FIGURA 29 – DR. ROLIM EM 1951 PLANEJOU O PRIMEIRO CURSO DE FISIOTERAPIA DO


BRASIL, PATROCINADO PELO CENTRO DE ESTUDOS RAPHAEL DE BARROS

FONTE: <https://s3.amazonaws.com/s3.timetoast.com/public/uploads/photos/12176863/
historia_ rehabilitaci% C3%B3n_fisioterapia.jpg>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

Foi na década de 1950 que o perfil industrial e os cenários nacional e in-


ternacional, no que se refere à produção de bens e de serviços, modificaram-se.
A predominância de indústrias têxteis foi dando espaço à implantação do setor
automobilístico, de eletrodomésticos e de maquinarias. Mesmo assim, a realidade
salarial, assim como o esgotamento físico, as horas extras e o sistema de produção
baseado no Taylorismo ainda eram um desafio na relação com os acidentes de tra-
balho. Outro apontamento de grande importância feito pelo autor foi o surto de
Poliomielite no país e fora dele, forçando o estabelecimento de políticas voltadas à
construção de centros de reabilitação para tratamento e recuperação dos pacientes
(KURBAN, 2005).

Em 1951, o médico Dr. Waldo Rolim de Moraes organizou o Serviço de


Fisioterapia do Hospital das Clínicas iniciando-se o primeiro curso técnico (GAL-
VAN, 1998).

FIGURA 30 – DR. ARNALDO VIEIRA DE CARVALHO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A MEDICINA


PAULISTA

FONTE: <https://images.app.goo.gl/uifLPCR4khiQf7xs9>. Acesso em: 5 de jul. 2019.

33
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

2.3 O SURGIMENTO DO PRIMEIRO CURSO DE FISIOTERAPIA


A NÍVEL TÉCNICO NO BRASIL NO INSTITUTO CENTRAL DO
HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE SÃO PAULO
Conforme os anos foram passando, a prática da Fisioterapia foi se eviden-
ciando através da instalalação de vários serviços ligados à reabilitação. Foi assim
que surgiu também o primeiro curso de Fisioterapia a nível técnico.

Para suprir a demanda de técnicos em Fisioterapia, o Dr. Waldo Rolim


criou, em 1951, o primeiro curso Técnico em Fisioterapia do Brasil. O curso tinha
duração de um ano no formato de aulas em período integral e era necessário que
o aluno tivesse o segundo grau completo. Os professores eram médicos do Hos-
pital das Clínicas, local da realização das aulas (GAVA, 2004).

O curso tinha em seu corpo docente, médicos do próprio hospital e as au-


las eram ministradas no sétimo andar do Instituto Central do Hospital das Clíni-
cas. Ao final do curso, a fim de serem aprovados, os alunos realizavam uma ava-
liação, cujos avaliadores eram médicos e enfermeiros do Serviço de Fiscalização
Profissional do Estado de São Paulo. A oferta desse curso foi de grande impor-
tância, pois a nova classe profissional, ainda engatinhando, iniciaria o processo
de reflexão sobre a carreira e o futuro profissional (MARQUES; SANCHES, 1994).

Na década seguinte, para melhor adequação, pois a demanda de alunos


aumentou, a duração do curso passaria a ser de dois anos (CARVALHO et al., 2014).

2.4 A EVOLUÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA


A Fisioterapia foi evoluindo no cenário nacional e internacional, através de
sua contribuição com a sociedade. Fez-se necessário melhorar a oferta de cursos
com aprimoramento de técnicas e um número maior de pesquisas com evidências.

Os primeiros cursos ofertados no Brasil tinham o objetivo de auxiliar os


médicos, mas conforme a visão sobre o corpo humano, o conceito de saúde e de
doença foi sendo estabelecido, percebeu-se que os cursos deveriam ter formatos
diferentes que melhor atendessem a necessidade e a realidade da época.

[...] A motivação principal para sua criação foi o grande número de


portadores de sequelas da poliomielite - então com elevada incidência -
com distúrbios do aparelho locomotor, bem como o crescente aumento
de acidentes de trabalho. Considerada profissão recente, com menos de
quarenta anos de regulamentação, a formação em fisioterapia no Brasil
evoluiu de forma lenta nas décadas de 1970 e 1980, elevou considera-
velmente o número de cursos e de vagas na década de 1990 e atingiu
acelerada expansão a partir de 1997 (BISPO JÚNIOR, 2009, p. 3).

A epidemia de poliomielite exerceu grande influência no desenvolvimento


e fortalecimento da Fisioterapia no cenário mundial. No ano de 1916, nos Estados
34
TÓPICO 2 | A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

Unidos, um número alarmante de vinte e sete mil pessoas foram infectadas, em um


total de vinte e seis estados atingidos. Esses números significaram uma média de
seis mil óbitos e milhares de casos de pacientes portadores de sequelas motoras. No
período em que a poliomileite assolou os norte americanos, de 1916 a 1955, foram
cerca de trinta e oito mil infectados ao ano. No ano de 1952 eram quase trinta e cinco
habitantes infectados a cada cem mil habitantes (BARROS, 2008).

Conforme o cenário nacional e internacional ia sendo influenciado por inten-


sas mudanças, também se modificava a realidade da atuação do fisioterapeuta. Sur-
giram epidemias, sequelas e a preocupação com a saúde pública, mas também com
a economia, já que todas essas pessoas, crianças e adultos, precisariam de atenção e
cuidados especiais.

2.4.1 A fundação da ABBR e a iniciação do curso técnico


em reabilitação
Em 1954, no Brasil, a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR)
foi fundada, e em 1956, como parte de suas atividades, iniciou-se a oferta do Curso
Técnico em Reabilitação. Aqui, pela primeira vez na história, o fisioterapeuta foi visto
como auxiliar de médico, mas além disso, como profissional com formação de nível
técnico. As aulas do curso ocorriam nas dependências da própria associação e os alu-
nos deslocavam-se também para outras instituições, como, por exemplo, a Policlínica
do Rio de Janeiro, além dos Hospitais Carlos Chagas, Getúlio Vargas, Jesus e Pedro
Ernesto, além da Cruz Vermelha. O Regimento Interno da ABBR trazia a informação
de que deveria ser um centro de caráter beneficente, filantrópico e sem fins lucrati-
vos, cuja prioridade era a preparação para o exercício profissional (BARROS, 2008).

FIGURA 31 – DEPENDÊNCIAS DA ABBR, REFERÊNCIA EM REABILITAÇÃO NO JARDIM


BOTÂNICO, RIO DE JANEIRO

FONTE: <http://bit.ly/2OAQdQn>. Acesso em: 5 jul. 2019.


35
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

FIGURA 32 - CERIMÔNIA DE FORMATURA DA PRIMEIRA TURMA DE FISIOTERAPEUTAS E


TERAPEUTAS OCUPACIONAIS DO BRASIL GRADUADOS PELA ESCOLA DE REABILITAÇÃO DO
RIO DE JANEIRO – ERRJ, CRIADA PELA ABBR

FONTE: <http://bit.ly/2D4jJJ2>. Acesso em: 5 jul. 2019.

No dia da formatura da primeira turma da ABBR, em 1958, dos 23 alunos


formandos, 16 eram fisioterapeutas e 7 eram terapeutas ocupacionais. E, dos 23
formandos, quinze foram imediatamente contratados para trabalhar no centro de
reabilitação (BARROS, 2008).

A oferta do Curso da ABBR durou até quando a Lei n° 5.029 criou, anexo
à cadeira de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP – Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, o Instituto de Reabilitação. O curso formou inúmeros
fisioterapeutas de 1951 até 1958. Esse Instituto de Reabilitação iniciou suas ativida-
des através do engajamento de médicos do cenário nacional, entre eles, o brasileiro
Dr. Godoy Moreira, através de acordos com algumas organizações internacionais
(MARQUES; SANCHES, 1994).

• A fundação da Associação Paulista de Fisioterapia (APF)

Na época a realidade já era um pouco diferente, pois os técnicos formados


já encontrariam uma profissão mais organizada que os colegas anteriores, egres-
sos do Curso do Dr. Raphael de Barros. Esses fundaram a Associação Paulista de
Fisioterapia (APF) que foi a primeira associação de classe. A APF foi pioneira para
outras entidades (GAVA, 2004).

Entende-se que o Curso de Fisioterapia também era um curso da Uni-


versidade de São Paulo, contudo, isto confirmou-se somente em 7 de
abril de 1967, através da portaria G-R nº 347, quando a Universidade
de São Paulo regulamenta os Cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupa-
cional do Instituto de Reabilitação da Faculdade de Medicina. A Por-
taria nº 1025 de 16 de janeiro de 1970 afirma que os certificados de con-
clusão dos Cursos de Técnicos em Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
expedidos pelo Instituto de Reabilitação da Faculdade de Medicina,
da Universidade de São Paulo, nos anos de 1958 a 1966, consideram-
-se, para efeitos de direito equivalentes aos diplomas expedidos nos
termos deste regulamento (GALVAN, 1998, p. 55-56).

36
TÓPICO 2 | A ORIGEM E A EVOLUÇÃO DA FISIOTERAPIA

2.4.2 O curso de Fisioterapia da FMUSP


Em abril de 1967, a Universidade de São Paulo fixa o regulamento dos Cursos
de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional do Instituto de Reabilitação da Faculda-
de de Medicina. Como o curso estava vinculado a um Instituto em uma cadeira da
FMUSP, era considerado um curso da Universidade de São Paulo. Inicialmente, as
disciplinas ofertadas estavam mais voltadas à reabilitação, visão da época e eram
pouco específicas (MARQUES; SANCHES, 1994).

O curso de Fisioterapia da FMUSP, com duração de três anos, permaneceu


até 1979, período em que as disciplinas eram pouco específicas e voltadas à reabilita-
ção. No ano de 1980 o curso passaria a ter duração de quatro anos (GALVAN, 1998).

FIGURA 33 – PRÉDIO DO DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA DA USP NA ATUALIDADE

FONTE: <http://www.imagens.usp.br/?p=19971>. Acesso em: 5 jul. 2019.

DICAS

Acesse os links a seguir e leia algumas informações adicionais a respeito do


surgimento da Fisioterapia enquanto ciência e profissão:

• http://terapiadomovimento.blogspot.com/2009/05/fisioterapia-fisioterapia-e-o.html
• http://www.hcte.ufrj.br/downloads/sh/sh9/SH/trabalhos%20orais%20completos/
ATUALIZACOES-SOBRE-A-HISTORIA-DA-FISIOTERAPIA-NO-BRASIL.pdf

37
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Fisioterapia que já existia na Antiguidade, visto no tópico anterior, passou por


diversos momentos até ser caracterizada como ciência e profissão, tendo seu mar-
co com a fundação do Departamento de Eletricidade Médica da FMUSP.

• O serviço de Eletricidade Médica permitiu que, inicialmente, a atuação do fisiote-


rapeuta fosse considerada como auxiliar médico, sem ainda ser profissão autôno-
ma e reconhecida como tal.

• Importantes nomes da classe médica foram responsáveis pelo início de sua atuação.

• Com a evolução da prática fisioterapêutica junto à classe médica, foram surgindo


os cursos a nível técnico, como o do Instituto Central do Hospital das Clínicas de
São Paulo.

• Ao passo que a Fisioterapia ganhava visibilidade e importância junto à comunida-
de, foram surgindo associações de classe, como a ABBR, Associação Brasileira de
Reabilitação e a APF, Associação Paulista de Fisioterapia.

• O curso superior de Fisioterapia surgiu dentro da Faculdade de Medicina da Uni-


versidade de São Paulo, a FMUSP.

38
AUTOATIVIDADE

1 Qual a importância da instalação do Departamento de Eletricidade Médica


da FMUSP para a profissão de fisioterapeuta?

2 Tendo sido instalado o Departamento de Eletricidade Médica e mais tarde


o serviço de Fisioterapia na Santa Casa de Misericórida de São Paulo, qual a
necessidade de o fisioterapeuta não ser mais visto como um auxiliar médico
e sim como um profissional independente?

3 Qual a importância do surgimento das associações como a ABBR e a APF?

39
40
UNIDADE 1
TÓPICO 3

ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO


DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA
COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

1 INTRODUÇÃO
No terceiro tópico desta unidade, abordaremos a retrospectiva histórica
da regulamentação da profissão, bem como a oferta de cursos de Fisioterapia
em nosso país com base nas diretrizes da Câmara de Ensino Superior. De forma
correlacionada faremos apontamentos sobre a expansão do ensino e se nesse pro-
cesso houve planejamento adequado.

2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO


DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE FISIOTERAPIA COM
BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)
Os cursos de Fisioterapia foram surgindo no Brasil exclusivamente nos cen-
tros de reabilitação anexos às Faculdades de Medicina. A duração do curso era va-
riável de escola a escola. O profissional formado nessa época era visto como mero
auxiliar médico e sua participação estava voltada as tarefas concernentes ao trei-
namento prático em métodos e técnicas como a água, a eletricidade, a massagem
e os exercícios passivos, ativos e resistidos, faltando mentalidade profissional que
instruísse e educasse integralmente o estudante.

Foi em 10 de dezembro de 1963, através do Parecer 388 da Câmara de Ensi-


no Superior (CES) que foi fixado o currículo mínimo dos cursos. Além disso, nessa
época, foi feita a solicitação de considerar o profissional formado como Técnico em
Fisioterapia e não mais Auxiliar Médico (KURBAN, 2005).

2.1 O PROJETO DE LEI DE FEVEREIRO DE 1963 E A TENTATIVA


DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO
O projeto de lei de autoria do deputado João Veiga, em 1963, tinha o in-
tuito de regulamentar a formação acadêmica de fisioterapeutas e de terapeutas
ocupacionais. Nesse projeto, estaria fixada a carga horária mínima do curso em
um total de 2.500 horas, sendo 1.000 horas de aulas teórico-práticas e 1.500 ho-

41
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

ras de aulas de treinamento (estágio). No mês de março de 1967 o projeto foi


arquivado. A única alternativa que restava era a via administrativa para tentar a
regulamentação da profissão através do Conselho Nacional de Educação (CNE)
(BARROS, 2008).

FIGURA 34 – PROJETO DE LEI DO DEPUTADO JOÃO VEIGA DE N. 1.372/63, NA TENTATIVA DE


REGULAMENTAR A PROFISSÃO

FONTE: <http://bit.ly/349Rft3>. Acesso em: 5 jul. 2019.

FIGURA 35 – PROJETO DE LEI NA ÍNTEGRA, APRESENTADO NA CÂMARA DOS DEPUTADOS,


PARA REGULAMENTAR A PROFISSÃO

42
TÓPICO 3 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE
FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

43
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

FONTE: <http://bit.ly/347GJmj>. Acesso em: 5 jul. 2019.

2.2 O DECRETO LEI 938/69: CONTRIBUIÇÕES PARA A


EXPANSÃO DO ENSINO DE FISIOTERAPIA NO BRASIL
No ano de 1969, foi assinado o Decreto Lei n° 938/69 em que a junta mili-
tar do governo, na época, reconheceu e regulamentou as profissões de fisiotera-
peuta e de terapeuta ocupacional como nível superior (CARVALHO et al., 2014).

44
TÓPICO 3 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE
FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

A formação acadêmica em Fisioterapia foi modificando ao longo de sua his-


tória. Fatores políticos, econômicos e sociais foram os responsáveis por essa modifi-
cação. No ano de sua regulamentação, em 1969, existiam no Brasil apenas seis cursos
sendo ofertados. Em 15 anos surgiram mais 16, perfazendo um total de 22 cursos
em 1984. A oferta de vagas é considerada lenta e isso se explica por alguns motivos:
a repressão em função do regime militar da época e o pouco conhecimento sobre o
impacto da fisioterapia sobre a saúde da população. “Durante a década de 1980 e a
primeira metade da seguinte, a expansão dos cursos de fisioterapia seguiu a mesma
tendência de crescimento lento, atingindo o total de 63 em 1995” (BISPO, 2009, p. 3).

Nos períodos de 1960 e 1970, durante o regime militar, a ABF por meio
de estratégia política conseguiu uma das maiores conquistas da profis-
são. No ano de 1969, os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército
e da Aeronáutica assinaram o Decreto Lei n.938 de 13 de outubro de
1969 que reconhecia o fisioterapeuta e os cursos superiores de Fisiote-
rapia, reservando aos graduados nestes cursos o direito exclusivo da
profissão (GAVA, 1994, p. 34).

2.3 A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE FISIOTERAPIA


E DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA: MARCOS
IMPORTANTES À PROFISSÃO E AO ENSINO DA FISIOTERAPIA
Na década de 1950 aconteceu uma redução de fisioterapeutas, mas a pouca
quantidade não contribuiu para o conformismo dos problemas e perspectivas futu-
ras acerca da profissão. Pelo contrário, e, em 1957, paralelamente à oferta do primeiro
curso de Fisioterapia do Brasil no Instituto Central do Hospital das Clínicas de São
Paulo, iniciava a Associação Paulista de Fisioterapeutas (APF), cuja finalidade era a
de promover o aperfeiçoamento profissional e o embasamento técnico-científico e ju-
ridíco. Essa associação ganhou mais força após o estabelecimento da Resolução nº 4,
de 28 de fevereiro de 1983 e mantém-se ativa até hoje (MARQUES; SANCHES, 1994).

Os órgãos representativos de classe, as escolas de fisioterapia e os profissio-


nais já habilitados, lutaram pela Resolução nº 4 de 28 de fevereiro de 1983, em que foi
estabelecida a grade curricular e a duração do curso. Essa resolução determinou ain-
da disciplinas específicas da área como Sociologia, Antropologia, Psicologia, Saúde
Pública e Metodologia da Pesquisa.

2.4 ASPECTOS LEGAIS DA OFERTA DE CURSOS DE


FISIOTERAPIA NO BRASIL
O aspecto legal da profissão teve a finalidade de dar suporte à prática
profissional e surgiu dos esforços dos fisioterapeutas para que houvesse o
crescimento de suas atribuições (MARQUES; SANCHES, 2014). A seguir, tem-se
a Resolução publicada no Diário Oficial da União em 1978, na qual o COFFITO
estabelece algumas prerrogativas.

45
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

2.4.1 A expansão do ensino em fisioterapia: houve


planejamento adequado?
Como em qualquer área em expansão a Fisioterapia teve o número de cur-
sos e de vagas ofertadas de forma ampliada, porém desregulada. Dois aspectos
podem ter contribuído para essa expansão: a concentração geográfica dos cursos
e a privatização do ensino superior.

Como o curso de graduação em fisioterapia tem duração de quatro a cinco


anos, era esperado o crescimento do número de profissionais graduados
após o ano de 2001, mostrando o reflexo do plano de expansão do ensino
superior adotado em 1997. Em 1997, sob o pretexto de ampliar a oferta de
cursos o Governo Federal incentivou e promoveu a liberação do ensino à
iniciativa privada, sem, no entanto, incentivar a ampliação da rede pública,
em especial das instituições federais (SHIWA; SCHMITT; JOÃO, 2016, p. 7).

2.4.2 Distribuição de cursos por região em 2003


A distribuição de cursos por região, no ano de 2003 era assim (PEREIRA
et al., 2006 apud BISPO JÚNIOR, 2009):

• 181 cursos ofertados na região Sudeste, representando 60,7%;


• 57 cursos ofertados na região Sul, representando 19,1%;
• 35 cursos ofertados na região Nordeste, representando 11,7%;
• 17 cursos ofertados na região Centro Oeste, representando 5,8%;
• 8 cursos ofertados na região Norte, representando 2,7%.

2.4.3 Relação da distribuição de cursos por região


comparado à distribuição populacional em 2003
A distribuição da população residente por regiões no mesmo período
aponta: Sudeste, 42,62%; Sul, 14,69%; Centro-Oeste, 7%; Nordeste, 27,84 e
Norte, 27,84%. Compararando-se as distribuições de cursos e populações,
evidenciam-se grandes discrepâncias. Comparando-se as distribuições de
cursos e entre as regiões: enquanto Sul e Sudeste concentravam 80% dos
cursos e 57,31% da população, Norte e Nordeste, com 35,69% da popu-
lação do país, possuíam 14,4% dos cursos. A desigualdade na distribui-
ção dos cursos é algo preocupante, com potenciais reflexos na assistência
prestada à população, em virtude tanto da carência de profissionais em
algumas localidades, a exemplo da região Norte, quanto de divergências
corporativas nas regiões de maior concentração profissional, a exemplo
do Sudeste. (BISPO, 2009, p. 4).

46
TÓPICO 3 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE
FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

2.4.4 A influência do parecer 388/63 aprovado pelo


mec em 10/12/1963, sobre a expansão do ensino
[...] através da Portaria Ministerial nº 388 de 1963 em que seu relator consi-
derando a falta de experiência de professores habilitados, de instalações,
de laboratórios e de equipamentos, decidiu que os conteúdos que deve-
riam fazer parte do repertório dos futuros profissionais fisioterapeutas
(então denominados técnicos em Fisioterapia) deveriam basear-se em um
esquema modesto e exequivel. E, a partir dessas considerações, estabele-
ceu-se o primeiro Currículo Mínimo (GALVAN, 1998, p. 56).

“Em 23 de julho de 1964 o Ministério da Educação definiu pela primeira


vez o currículo mínimo dos cursos de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional, ba-
seando-se no Parecer nº 388/63” (BARROS, 2008, p.10).

Os cursos, até então, não eram padronizados nos seus currículos e nem sua
carga horária. Entretanto, o Conselho Federal de Educação resolveu, através do pa-
recer CES 388, de 10/12/1962, fixar os currículos mínimos e considerá-los análogos
aos dos Enfermeiros, e denominar seus formandos como Técnicos em Fisioterapia, e
não mais auxiliares médicos. Prevalecia a idéia de formação de intermediários para
atuarem sob a tutela médica, com competência apenas para as tarefas de caráter te-
rapêutico. O futuro técnico não adquiriria conhecimento sobre o ser humano, sua
constituição, interação de suas partes, seu desenvolvimento ontogênico e filogênico,
os principais agentes e mecanismos das patologias. Como poderia tratar o ser hu-
mano, sem nada entender sobre ele, a não ser a técnica de ligar, aplicar e desligar os
equipamentos fisioterapêuticos, mecanicamente, e tendo que confiar cegamente no
diagnóstico, prognóstico e prescrição do médico. Como se não bastasse, este curso
superior era totalmente desprovido da investigação científica e, portanto, não havia
condições de desenvolver consciência crítica da realidade nem perspectivas de evo-
lução (KURBAN, 2005).

O Conselho Federal de Educação, através de uma Comissão aprovou junto


ao Ministério da Educação (MEC), em 10 de dezembro de 1963, o Parecer 388/63 que
reconhecia que os cursos de Fisioterapia deveriam ter duração mínima de três anos,
caracterizando, nessa época, os chamados Técnicos em Fisioterapia, cujas funções
profissionais também estavam pré-estabelecidas no documento.

• A assinatura do Decreto Lei 938 de 13/10/1969 e a modificação da imagem da


profissão no Brasil a nível educacional e profissional

Em 1969, com a publicação do Decreto Lei nº 938 que reconheceu oficial-


mente as profissões de fisioterapeuta e de terapeuta ocupacional no país,
parecia finalmente superada a questão da denominação das profissões e
de sua relação com outras profissões da área de saúde, especialmente a
medicina. O decreto definiu como privativa do fisioterapeuta a atuação
na área de fisioterapia e o habilitou oficialmente, como profissional libe-
ral, a dirigir serviços em órgãos ou estabelecimentos públicos e privados,
além de exercer o magistério nas disciplinas de formação básica e/ou pro-
fissional (BARROS, 2008, p. 11).

47
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

A regulamentação da fisioterapia como profissão de nível superior ocor-


reu em 1969, com o Decreto Lei 938 (Brasil, 16 out. 1969), no auge da di-
tadura militar no país e quando se agravaram as condições de saúde da
população devido à sobrecarga epidemiológica e à deficiência do sistema
assistencial brasileiro. Também nesse período intensificou-se o agrava-
mento das condições de vida da população, em consequência do modelo
econômico concentrador de renda. A política de privilégio para as gran-
des corporações, com forte incentivo ao crescimento industrial, desenvol-
veu-se em paralelo à deterioração das conquistas da classe trabalhadora
[...] (PAIM, 2003 apud BISPO JÚNIOR, 2009, p. 658)

O Decreto Lei n° 938, de 13 de outubro de 1969, representou um marco


histórico para a classe profissional e, por isso, essa mesma data é alusiva ao Dia do
Fisioterapeuta. Em um dos seus artigos, mais especificamente no artigo segundo
do Decreto Lei 938/69, fica estabelecido que os fisioterapeutas diplomados em
escolas e cursos reconhecidos são profissionais de nível superior (GALVAN, 1998).

O intuito do firmamento do Decreto Lei regulamentando as profissões era


o de uma maior fiscalização e melhor acompanhamento da qualidade dos cursos já
oferecidos, pois a essa altura, já era necessário algo para resolver a reserva de mer-
cado. Esse mesmo documento serviria para analisar a autonomia profissional, já que
até o momento o fisioterapeuta era submisso a responsabilidade técnica do médico.

Após a publicação do Decreto Lei nº 938, em 1969, a situação parecia


finalmente estar superada, no sentido de denominação em relação com as outras
profissões. Porém, um mês depois, uma comissão formada por médicos, tentou
a promulgação do Decreto Lei, solicitando revisão do texto no que se referia à
denominação profissional. Os médicos não queriam que os fisioterapeutas tivessem
autonomia profissional. O Decreto Lei definiu a atividade do fisioterapeuta como
sendo privativa e o caracterizou como profissional liberal, com capacidade de dirigir
práticas de atendimentos em órgãos e em estabelecimentos públicos e privados.

Permitia também ao fisioterapeuta lecionar disciplinas de formação inicial


e profissional. Em tempo, o pedido da comissão de médicos para rever o texto
do Decreto Lei foi derrotado no Congresso Nacional sendo arquivado no mês de
maio de 1972 (BARROS, 2008).

O Decreto Lei 938/69, em todo o seu instrumento legal, diz que as profis-
sões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional são tratadas em conjunto e
que isso na época foi uma estratégia adotada com a finalidade de unir forças e ter
poder nas negociações (GAVA, 2004).

A junta militar que governava o país na época assinou o Decreto Lei e re-
gulamentou as profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional, ambas
profissões sendo reconhecidas como de nível superior (CARVALHO et al., 2014).

A importância da profissão veio a ser percebida quando o presidente


Arthur da Costa e Silva teve um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e precisou de

48
TÓPICO 3 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA TENTATIVA DE REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO E DA OFERTA DE CURSOS DE
FISIOTERAPIA COM BASE NA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR (CES)

fisioterapia durante o seu período de convalescência. Esse episódio fez com que
a junta militar da época, que sucedeu o governo de Costa e Silva, reconhecesse o
profissional fisioterapeuta, através do Decreto Lei 938/69 (KURBAN, 2005).

As duas profissões: a de Fisioterapeuta e a de Terapeuta Ocupacional, ainda


hoje, estão sob o mesmo Conselho Regional mesmo que em menor representativi-
dade para os Terapeutas Ocupacionais.

DICAS

Para auxiliar no entendimento do conteúdo, acesse o material disponibilizado


a seguir:
• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm
• http://legis.senado.leg.br/norma/524501

49
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• Houveram inúmeras tentativas antes da profissão ser regulamentada.

• O projeto de Lei apresentado em fevereiro de 1963 só veio a tornar-se o Decreto Lei


938/69, após uma luta incessante junto ao Senado.

• A assinatura do Decreto Lei, em 13 de outubro de 1969, tornou a Fisioterapia uma


profissão e permitiu atribuições na prática clínica e a expansão do ensino superior.

• Essa expansão ocorreu de forma não tão planejada, tendo em vista a distribuição
de cursos por região, bem como a sua relação com a distribuição populacional.

50
AUTOATIVIDADE

1 O que representou a assinatura do Decreto Lei 938/69 para a profissão?

2 Além do Decreto Lei 938/69 ter sido responsável pela regulamentação da pro-
fissão, também contribuiu para a expansão do ensino no Brasil. Qual a correla-
ção entre a permissão do exercício da profissão e a oferta de curso na área?

51
52
UNIDADE 1
TÓPICO 4

ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS A


ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69

1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior vimos que a regulamentação da profissão pelo Decreto
Lei 938, assinado em 13 de outubro de 1969, contribuiu para a definição da prática
clínica em Fisioterapia e exerceu influência direta na oferta de cursos permitindo a
expansão do ensino no país.

Toda tentativa de regulamentação e de reconhecimento traz consigo cresci-


mento, embora nem sempre proprocional e saudável para determinada área. Isso
se refletiu em 2003, quando foram analisadas as ofertas de curso por região e com-
paradas com a distribuição populacional no mesmo ano.

Este tópico, será responsável por trazer informações específicas sobre o que
é permitido ao fisioterapeuta executar em sua prática clínica e qual é o papel de
órgãos regulamentadores da profissão como COFFITO e CREFITO.

Boa leitura!

2 ATUAÇÃO PROFISSIONAL APÓS A ASSINATURA DO


DECRETO LEI
No artigo terceiro do Decreto Lei 938/69, tem-se a definição de fisioterapeu-
ta, como o profissional que exerce atividade privativa, através de métodos
e técnicas fisioterápicas no intuito de restaurar, desenvolver e conservar a
capacidade física do paciente. [...] Durante esse período, ocorreram muitas
evoluções legais e científicas, em que o fisioterapeuta atual pouco se asse-
melha ao “técnico de reabilitação” da década de 1950; é um profissional da
saúde atuante na promoção, na proteção e na recuperação da saúde, com
ampla área de atuação em diferentes níveis de assistência à saúde, da aten-
ção primária à alta complexidade (SHIWA; SCHMITT; JOÃO, 2016, p. 2).

A Fisioterapia é definida como uma ciência da saúde que estuda, previne


e trata os distúrbios cinéticos funcionais, os quais podem atingir órgãos e sistemas
do corpo humano, sendo causados por alterações de ordem genética, por traumas
ou por doenças adquiridas. Para alcançar os objetivos propostos, o fisioterapeuta
tem disponível recursos físicos e naturais, de ação isolada ou em conjunto nas áreas
de Eletroterapia, Crioterapia, Termoterapia, Hidroterapia, Fototerapia, Mecanote-
rapia e Cinesioterapia (CARVALHO et al., 2014).

53
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

[...] Dado o grande número de cursos de pós-graduação lato sensu, o va-


lor acessível [...] e a ansiedade do egresso em se especializar em uma área,
a pós-graduação não é vista como um diferencial para o mercado de tra-
balho, tornando-se quase “obrigatória”. Com esse contexto, observamos a
continuidade da formação voltada ao tecnicismo e não focada na atenção fi-
sioterapêutica, como membro de uma equipe multidisciplinar e com visão
ampliada de cuidado do seu usuário/cliente/paciente. Nota-se que as áreas
da acupuntura, fisioterapia esportiva, osteopatia e saúde coletiva apresen-
tam um declínio do número de alunos que realizam pós-graduação lato
sensu; em contrapartida, a fisioterapia dermatofuncional mostra-se em
ascensão as demais, ortopedia, neurologia, fisioterapia do trabalho, saú-
de da mulher e as especialidades ainda não reconhecidas pelo COFFITO
apresentam-se em frequências constantes no decorrer do tempo (SHIWA;
SCHMITT; JOÃO, 2016, p. 7).

2.1 O QUE REPRESENTA A LEI 6.316/1975 NA PROFISSÃO


DE FISIOTERAPEUTA
A Lei 6.316 datada de 17 de dezembro de 1975, foi decretada pelo Congres-
so Nacional e sancionada pelo então Presidente da República criando o Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, o COFFITO, bem como os Con-
selhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, os chamados CREFITOs
(MARQUES; SANCHES, 1994).

Com a organização dos Conselhos e suas regulamentações o desafio se tor-


naria maior, pois todo estabelecimento que ofertasse o serviço de reabilitação, de-
veria ter em seu quadro de funcionários um profissional formado em Fisioterapia
em nível superior. Esse profissional deveria ser registrado junto ao CREFITO, o
Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Essa formalidade servi-
ria para que o profissional respondesse como responsável técnico do setor.

Por outro lado, o da Fisiatria, seria um retrocesso para a classe médica, pois,
as clínicas que eram de propriedade médica e que utilizassem mão de obra não
qualificada para exercer a função do agora profissional Fisioterapeuta, e que pa-
gavam baixos salários, ficariam em perigo: ou não ofertariam mais o serviço ou
precisariam se adequar para a nova realidade.

Foi por isso que a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação


entrou com uma ação solicitando a revisão dos artigos 3 e 4 do Decreto Lei 938/69.
A decisão do STF, o Superior Tribunal Federal, julgou o pedido improcedente do
intuito da classe médica querer estabelecer o controle profissional sobre os fisio-
terapeutas (GAVA, 2004).

54
TÓPICO 4 | ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS A ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69

2.2 O COFFITO COMO ÓRGÃO REGULAMENTADOR DA


PROFISSÃO
De acordo com as informações encontradas na base de dados no site oficial
do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, a função dessa autarquia
federal é a de normatizar e exercer o controle ético, científico e social das profissões.

Desde a sua criação, até 1995, o COFFITO atuava junto ao Ministério do Tra-
balho e através da Lei nº 9.098 se desvinculou. A partir do momento em que foi san-
cionada a Lei nº 6.316 e criou-se essa autarquia federal, entende-se que o papel do
COFFITO a nível nacional é:

• Supervisionar a fiscalização do exercício legal da profissão de modo a zelar a práti-


ca dos que a exercem, fundamentando uma assistência profissional independente,
científica, ética e resolutiva.
• Funcionar como Tribunal Superior de Ética nas demandas profissionais.
• Defender os interesses corporativos das profissões.
• Acompanhar a inserção profissional no mercado de trabalho.
• Fomentar a formação técnica e humanista profissional, permitindo que a socieda-
de tenha acesso a serviços de excelência.

O COFFITO tem em seu histórico uma árdua luta em prol dos interesses da
saúde e do bem-estar da população brasileira e, desde a regulamentação profissional,
observa-se um crescente reconhecimento por parte da população, bem como das po-
líticas de saúde pública e privada de nosso país.

A Lei 6.316, de 17 de dezembro de 1975, foi sancionada pelo então presidente


da República, Ernesto Geisel, a qual criou o COFFITO e os CREFITOs. Na época, o
número de fisioterapeutas era insuficiente para se criar um conselho, portanto, foi ne-
cessário a junção com os terapeutas ocupacionais para que o mesmo fosse aprovado
(GALVAN,1998).

2.3 A HIERARQUIA COFFITO – CREFITOS


A criação dos Conselhos teve importância de caráter regulamentador e fisca-
lizador da profissão, no sentido de acompanhar o número de profissionais formados,
os cursos ofertados, bem como os locais que ofereciam os serviços de reabilitação.

Além disso, a Lei serviu para que os “conflitos” de interesse profissional en-
tre a Medicina Física de Reabilitação e a Fisioterapia fossem revistos e solucionados
(GAVA, 2004).

De forma hierárquica, abaixo do COFFITO existem dezoito CREFITOs, ou seja,


dezoito órgãos regionais que atuam por circunscrição (região) organizados através de
um conselho formado por presidente, vice-presidente, diretor(a) secretário(a) e dire-
tor(a) tesoureiro(a), além de efetivos e suplentes, todos escolhidos através de votação.

Todos os profissionais formados e atuantes nas profissões no estado de San-


ta Catarina pertencem ao CREFITO 10.

55
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

Essa jurisdição funciona desde 29 de maio de 2003. Anteriormente a essa


data, os profissionais catarinenses eram regulamentados com os profissionais gaú-
chos, pertencendo ao mesmo CREFITO de nº 5. Isso ocorreu devido a uma redistri-
buição profissional, levando em consideração as necessidades político-administra-
tivas, aumentando-se a representatividade da Autarquia.

2.4 OS CREFITOs
Na sequência estão listados os dezoito CREFITOs:

• Conselho Regional da Primeira Região: CREFITO 1, situado em Recife, estado de


Pernambuco (http://crefito1.org.br).
• Conselho Regional da Segunda Região: CREFITO 2, situado no Rio de Janeiro,
estado do Rio de Janeiro, com subsedes em localidades como Tijuca, Volta Redon-
da, Campos dos Goytacazes, Teresópolis, Cabo Frio e Nova Iguaçu (http://www.
crefito2.gov.br).
• Conselho Regional da Terceira Região: CREFITO 3, situado em São Paulo, estado
de São Paulo (http://www.crefito3.org.br/dsn).
• Conselho Regional da Quarta Região: CREFITO 4, situado em Belo Horizonte, esta-
do de Minas Gerais, com delegacias em localidades como Juiz de Fora, Uberlândia,
Pouso Alegre, Montes Claros e Governador Valadares (http://crefito4.org.br/site).
• Conselho Regional da Quinta Região: CREFITO 5, situado em Porto Alegre, estado
do Rio Grande do Sul, com seccionais em Caxias do Sul e em Santa Maria (www.
crefito5.org.br).
• Conselho Regional da Sexta Região: CREFITO 6, situado em Fortaleza, estado do
Ceará (https://www.crefito6.org.br).
• Conselho Regional da Sétima Região: CREFITO 7, situado em Salvador, estado da
Bahia, com subsede em Vitória da Conquista (https://crefito7.gov.br).
• Conselho Regional da Oitava Região: CREFITO 8, situado em Curitiba, estado do
Paraná (https://www.crefito8.gov.br).
• Conselho Regional da Nona Região: CREFITO 9, situado em Cuiabá, estado de
Mato Grosso (http://www.crefito9.org.br).
• Conselho Regional da Décima Região: CREFITO 10, situado em Florianópolis,
estado de Santa Catarina (http://www.crefito10.org.br).
• Conselho Regional da Décima Primeira Região: CREFITO 11, abrange a circuns-
crição dos estados do Distrito Federal e de Goiás, situado em Brasília, funcionando
como sede e em Goiâna, sendo sua subsede (www.crefito11.gov.br).
• Conselho Regional da Décima Segunda Região: CREFITO 12, situado em Belém,
estado do Pará (https://crefito12.org.br/).
• Conselho Regional da Décima Terceira Região: CREFITO 13, situado em Campo
Grande, estado do Mato Grosso do Sul (https://www.crefito13.org.br).
• Conselho Regional da Décima Quarta Região: CREFITO 14, situado em Teresina,
estado do Piauí (http://crefito14.org.br).
• Conselho Regional da Décima Quinta Região: CREFITO 15, situado em Vitória,
estado do Espírito Santo (http://www.crefito15.org.br).
• Conselho Regional da Décima Sexta Região: CREFITO 16, situado em São Luís,
estado do Maranhão (http://crefito16.gov.br/site).

56
TÓPICO 4 | ATRIBUIÇÕES DO PROFISSIONAL FISIOTERAPEUTA APÓS A ASSINATURA DO DECRETO LEI 938/69

• Conselho Regional da Décima Sétima Região: CREFITO 17, situado em Aracaju,


estado de Sergipe (antes pertencia ao CREFITO 7, juntamente com a jurisdição do
estado da Bahia).
• Conselho Regional da Décima Oitava Região: CREFITO 18, situado em Rio Branco,
estado do Acre.

FIGURA 36 – SEDE DO CREFITO 10, NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS, NO ESTADO DE SANTA


CATARINA

FONTE: <http://bit.ly/2XxFqdE>. Acesso em: 12 jul. 2019.

FIGURA 37 – PRESIDENTE DO CREFITO 10: DR. SANDROVAL TORRES, DA ESQUERDA PARA À


DIREITA

FONTE: <http://bit.ly/2O8KySH>. Acesso em: 12 jul. 2019.

DICAS

Lei nº 6.316 que criou o Conselho Federal e os Conselhos Regionais: http://


www.crefito.com.br/repository/legislacao/LEI%206.316.pdf.

57
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Decreto Lei 938 de 13 de outubro de 1969 permitiu que houvesse uma determi-
nação legal acerca das atribuições profissionais do fisioterapeuta.

• De forma conjunta à Lei 6.316 datada de 17 de dezembro de 1975, instituiu a


criação de uma autarquia federal: o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional (COFFITO).

• O COFFITO é a maior autarquia federal e abaixo dele existem os CREFITOs a


nível regional, totalizando 18 regiões.

• A função do COFFITO é a luta em prol dos interesses da saúde e do bem-estar da


população brasileira.

58
AUTOATIVIDADE

1 Qual o objeto de estudo da Fisioterapia?

2 Em quais níveis de atenção à saúde o fisioterapeuta pode atuar?

3 Qual o papel do COFFITO e do CREFITO na atuação profissional do fisiotera-


peuta?

4 De qual CREFITO o fisioterapeuta que se gradua e atua em Santa Catarina faz


parte?

59
60
UNIDADE 1
TÓPICO 5

O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO


CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR QUE
OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO
COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS)

1 INTRODUÇÃO
O último tópico da Unidade 1, será finalizado com a explanação do tema
Parecer CNE/CES e sua relação com as DCNs como forma de manter a qualidade
do ensino em Fisioterapia, levando em consideração o papel do MEC, definição das
diretrizes curriculares, quais os objetivos na formação acadêmica do futuro profis-
sional, as habilidades e as competências.

O curso de Fisioterapia está incluído dentro do contexto de Educação em


Saúde e deve ser organizado de forma a respeitar os modelos acadêmicos com seus
conteúdos curriculares, seus estágios e atividades, trabalhados de acordo com a
realidade local, regional e nacional.

Vamos começar?

2 O PARECER CNE/CES 1210/2001


Antes de abordar o Parecer CNE/CES 1210/2001 e sua relação com as
DCNs, é necessário que se entenda o que é CNE (Conselho Nacional de Educa-
ção) e o CES (Câmara de Educação Superior).

2.1 DEFINIÇÃO DE CNE, SUA IMPORTÂNCIA E RELAÇÃO


COM CES, MEC E DCNs
A pesquisa foi realizada na base de dados do site do MEC no Conselho
Nacional de Educação e obteve-se as seguintes informações:

• A tentativa inicial de se criar o Conselho foi no ano de 1842, no estado da Bahia,


porém a ideia de um Conselho Superior somente sairia do papel anos mais
tarde, em 1911, através do Decreto nº 8.659 de 5 de abril, com a criação do Con-
selho Superior de Ensino.

61
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

• Posteriormente criou-se o Conselho Nacional de Ensino através do Decreto nº


16.782-A, de 13 de janeiro de 1925, o Conselho Nacional de Educação cujo De-
creto é o de nº 19.850 datado de 11 de abril de 1931, o Conselho Federal de Edu-
cação e os Conselhos Estaduais de Educação através da Lei nº 4.024, de 20 de
dezembro de 1961, os Conselhos Municipais de Educação pela Lei nº 5.692, de
11 de agosto de 1971 e o Conselho Nacional de Educação (Medida Provisória nº
661, de 18 de outubro de 1994 convertida na Lei nº 9.131/95).
• O atual Conselho Nacional de Educação integra o Ministério da Educação instituí-
do pela Lei nº 9.131, de 25 de novembro de 1995, a fim de participar na formulação
da Política Nacional de Educação e exercer atribuições normativas e deliberativas,
assessorando o Ministro da Educação.
• As Câmaras de Educação Básica (CEB) e de Educação Superior (CES), as quais
compõem o Conselho Nacional de Educação (CNE), são formadas, cada uma, por
doze conselheiros, membros natos em cada Câmara, respectivamente, o Secretário
de Educação Fundamental e o Secretário de Educação Superior do Ministério da
Educação, nomeados pelo Presidente da República.
• É função do Conselho e das Câmaras atuar nas conformidades da Lei nº 9.131/95.
• A Câmara de Educação Básica dentro de suas atribuições analisa e emite parecer
sobre procedimentos e resultados de processos de avaliação da educação infantil,
fundamental, média, profissional e especial.
• A Câmara de Educação Superior teve algumas de suas atribuições modificadas na
forma dos artigos 20 e 21 da Medida Provisória nº 2.216-37, de 31 de agosto de 2001.
• Até a edição da Medida Provisória nº 2.216, a Câmara de Educação Superior, den-
tro de suas atribuições, autorizava, reconhecia e renovava o reconhecimento de
todos os cursos de graduação das instituições de ensino superior vinculadas ao
Sistema Federal de Ensino, bem como sobre a aprovação de Estatutos e Regimen-
tos provenientes dessas instituições.
• A partir da edição da Medida Provisória nº 2.216 e do Decreto 3.860/2001 que a re-
gulamentou, a Câmara de Educação Superior passou a se manifestar somente nos
processos relativos aos Cursos de Direito e aos da área de saúde. O credenciamen-
to das instituições que pretendem ministrar cursos na área jurídica e da saúde, o
credenciamento e o recredenciamento de Universidades e Centros Universitários.

2.2 O PAPEL DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO,


DA CÂMARA DE ENSINO SUPERIOR E DO MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO E CULTURA NO ENSINO SUPERIOR
Ficaria a cargo do próprio MEC a manifestação sobre os demais cursos de
graduação e o credenciamento e o recredenciamento das instituições de ensino
superior correspondentes. No que se refere aos Estatutos e Regimentos é papel
da Câmara restringir-se na aprovação dos Estatutos das Universidades e Centros
Universitários enquanto que a aprovação dos Regimentos das instituições não
universitárias ficou sob a responsabilidade do MEC.

As atribuições da Câmara de Educação Superior foram modificadas pela Me-


dida Provisória nº 147, de 15 de dezembro de 2003, convertida na Lei nº 10.861/2004.
62
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

A Figura 42 mostra a estrutura organizacional do MEC/CNE de forma hierárquica.

FIGURA 38 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL MEC/CNE

FONTE: <http://bit.ly/2OB76KR>. Acesso em: 12 jul. 2019.

O Conselho Nacional de Educação busca, de forma democrática, alternativas


e mecanismos institucionais que assegurem que a sociedade participe do desenvol-
vimento, aprimoramento e consolidação da educação nacional de qualidade. O CNE
promove o assessoramento garantindo que o desempenho de suas funções e atri-
buições como poder público federal em matéria de educação seja mantido. Cabe-lhe
formular e avaliar a política nacional de educação, zelando pela qualidade do ensino
e pelo cumprimento da legislação educacional.

É papel tanto do CNE como das Câmaras de Educação Superior (CES) e a de


Educação Básica (CEB) exercerem as atribuições conferidas pela Lei nº 9.131/95, emi-
tindo pareceres e decidindo privativa e autonomamente sobre os assuntos que lhe
são pertinentes cabendo no caso de decisões das Câmaras recurso ao Conselho Pleno.

São compromissos do CNE:

• Consolidar a sua identidade como Órgão de Estado através da construção cotidia-


na de ações, intervenções e interações com os demais sistemas de ensino.
• Comprometer-se com a qualidade social da educação brasileira cujo foco incide na
escola da diversidade.
• Articular e fazer parte de um diálogo permanente junto às Câmaras de Educação
Básica e de Educação Superior, correspondendo com as exigências de um sistema
que ultrapasse barreiras burocráticas mediante prática orgânica e unitária.

Aqui vale ressaltar que não há subordinação entre as Câmaras de Ensino, já


que as mesmas representam níveis de ensino de um único sistema nacional de edu-
cação. De forma estratégica a articulação e a integração permitem o aperfeiçoamento
das diferentes etapas do processo de escolarização aproximando-as, constituindo um
verdadeiro Conselho Nacional de Educação.

• Consolidar a estrutura de funcionamento do CNE tendo em vista que deve consti-


tuir um espaço de fortalecimento de suas relações com os demais sistemas de en-
sino e com os segmentos sociais, permitir audiências públicas e fóruns de debates.
• Cuidar da infra-estrutura, materiais necessários e do quadro de colaboradores.

63
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

• Permitir diálogo com todos os sistemas de ensino (em nível federal, estadual e
municipal), em compromisso com a Política Nacional de Educação, em regime de
colaboração e de cooperação.

A função do Conselho Nacional de Educação e das Câmaras de Ensino


ficou mais clara e há outro importante aspecto a se trabalhar: a relação com as
DCNs dos Cursos de Fisioterapia (Diretrizes Curriculares Nacionais).

2.3 DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS EM FISIOTERAPIA


Através de dados coletados no site do Ministério da Educação, no que se re-
fere ao Conselho Nacional de Educação, têm-se as seguintes informações sobre as
Diretrizes Curriculares Nacionais: as mesmas são definidas como orientações para
elaboração dos currículos que as instituições de ensino superior devem, obrigato-
riamente, adotar, assegurando flexibilidade, diversidade e qualidade de ensino aos
estudantes, preparando o futuro graduado para enfrentar desafios acerca das cons-
tantes transformações da sociedade, do mercado de trabalho e das condições do exer-
cício profissional.

Elas são discutidas, concebidas e fixadas pelo Conselho Nacional de Educa-


ção (CNE). Referindo-se ao ensino superior são todas as normas que regulamentam a
oferta de cursos de Fisioterapia por todas as instituições em território nacional.

Em 12 de setembro de 2001 foi aprovada a reformulação das DCNs e pu-


blicada no Diário Oficial da União (DOU) em 10 de dezembro de 2001 através do
Parecer CNE/CES 1.210/2001.

2.3.1 Princípios das diretrizes curriculares nacionais em


Fisioterapia
• Permitir ampla liberdade na composição da carga horária a ser cumprida tanto das
disciplinas em sala de aula como nos estágios curriculares.
• Evitar o prolongamento desnecessário da duração dos cursos de graduação.
• Incentivar uma sólida formação geral do graduado.
• Estimular práticas de estudo independente.
• Encorajar o reconhecimento de conhecimentos, habilidades e competências adqui-
ridas fora do ambiente escolar.
• Fortalecer a associação teórico prática valorizando a pesquisa individual e coletiva,
bem como a participação em atividades de extensão.

64
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

2.3.2 Objetivos das diretrizes curriculares nacionais em


Fisioterapia
As DCNs devem estimular a mudança na concepção do processo ensino-
-aprendizagem, as antigas concepções de prisões ou grades curriculares devem ser
abolidas, garantindo uma sólida formação, preparando o acadêmico para enfrentar
os desafios da profissão, suas rápidas trasnformações, tanto a nível social — merca-
do de trabalho — quanto no exercício profissional.

Deve ser trabalhada a competência do desenvolvimento intelectual e pro-


fissional, de forma autônoma e permanente, não finalizando esse processo quando
o acadêmico adquire o diploma da gradução.

2.3.3 A formação profissional segundo as DCNS e o perfil


do formando-egresso-profissional
O egresso/profissional fisioterapeuta deve ter formação generalista, huma-
nista, crítica e reflexiva, apto a atuar em todos os níveis de atenção em saúde, com
base no rigor científico e intelectual. O objeto de estudo é o movimento humano em
todas as formas de expressão e potencialidade, quer seja nas alterações patológicas,
cinético funcionais, quer nas alterações psíquicas e orgânicas cujo objetivo é pre-
servar, desenvolver, restaurar a integridade de órgãos, sistemas e funções, desde a
elaboração do diagnóstico cinético funcional até na escolha de métodos e técncias e
execução de procedimentos pertinentes para cada situação.

2.3.3.1 Competências e habilidades do egresso em


Fisioterapia – competências e habilidades gerais
• Atenção à saúde.
• Tomada de decisões.
• Comunicação.
• Liderança.
• Administração e gerenciamento.
• Educação permanente.

2.3.3.2 Competências e habilidades específicas


• Ética.
• Atuação em todos os níveis de atenção em saúde: primária, secundária e terciária.
• Atuação multi, inter e transdisciplinar: trabalhar em equipe de saúde cuja atenção
é integral ao indivíduo.
• Realizar consultas, avaliações e reavaliações coletando dados, executando e in-

65
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

terpretando testes específicos (ortopédicos, vasculares e nervosos) e exames com-


plementares (raio x, ultrassom, ressonância magnética, tomografia computadori-
zada), estabelecendo o diagnóstico cinético funcional e prognóstico, reavaliando
condutas e decidindo alta fisioterapêutica.
• Emitir laudos, pareceres, atestados e relatórios.
• Prestar esclarecimentos, solucionar dúvidas e orientar o paciente e seus familiares.
• Manter a confidencialidade das informações do paciente, na interação com outros
colegas da equipe e público em geral.
• Encaminhar, quando necessário, o paciente a outros profissionais.
• Manter controle sobre a eficácia e eficiência dos recursos utilizados, garantindo
qualidade e segurança.
• A formação do fisioterapeuta deverá atender ao sistema de saúde vigente no país,
a atenção integral em saúde no sistema regionalizado e hierarquizado de referên-
cia e contra referência e o trabalho em equipe.

2.4 CONTEÚDOS CURRICULARES


Os conteúdos imprescindíveis para o Curso de Graduação em Fisioterapia
devem estar relacionados com todo o processo de saúde-doença do indivíduo, de
sua família e comunidade, integrado com a realidade epidemiológica e profissio-
nal, a fim de proporcionar a integralidade do cuidar em fisioterapia. Esses conteú-
dos devem contemplar:

• Ciências biológicas e da saúde.


• Ciências sociais e humanas.
• Conhecimentos biotecnológicos.
• Conhecimentos fisioterapêuticos.

3 ESTÁGIOS E ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO


DE FISIOTERAPIA
Os estágios curriculares devem ocorrer sob supervisão docente, tendo como
carga horária mínima 20% da carga horária total do curso, com base no Parecer/Re-
solução específico da Câmara de Eduação Superior do Conselho Nacional de Edu-
cação. Essa carga horária deverá assegurar a prática de intervenções nos diferentes
níveis de atuação como ambulatorial, hospitalar, comunitário/unidades básicas de
saúde, entre outros.

As atividades complementares deverão ser estimuladas durante todo o cur-


so, criando mecanismos de aproveitamento dos conhecimentos, por meio de estudos
e práticas independentes presenciais ou não, como programas de iniciação científica,
programas de extensão e monitorias.

66
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

3.1 ORGANIZAÇÃO DO CURSO DE FISIOTERAPIA


O Curso de graduação em Fisioterapia deve ter um projeto pedagógico con-
feccionado de forma coletiva cujo centro da atenção deve ser o aluno, como sujeito do
processo de aprendizagem, apoiado no docente, como facilitador e mediador desse
processo.

O projeto deve buscar a formação integral do aluno e a organização do curso


de graduação em Fisioterapia é definido pelo colegiado do curso.

Para a conclusão do curso de graduação em Fisioterapia o aluno deverá ela-
borar um trabalho sob supervisão docente.

A carga horária mínima do curso de graduação em Fisioterapia deve, obri-


gatoriamente, atingir 4.000 horas. As atividades práticas que antecedem o estágio
curricular obrigatório devem ser realizadas ou na instituição de ensino superior na
qual o aluno faz parte, sob supervisão docente, ou em instituições conveniadas. As
avaliações dos discentes precisam estar baseadas nas competências, habilidades e
conteúdos curriculares desenvolvidos tendo como base as Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCNs).

3.2 FATORES QUE CONTRIBUÍRAM PARA A REFORMULAÇÃO


DAS DCNs
A formação geral e específica dos egressos deve ter ênfase em promoção, pre-
venção, recuperação e reabilitação da saúde, indicando as competências gerais do
perfil de formação contemporânea dentro dos referenciais nacionais e internacionais
de qualidade, com eficência e resolutividade.

O conceito de saúde e os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde


(SUS) são elementos fundamentais a serem enfatizados na articulação entre educação
superior e graduação na área da Saúde.

Os cursos de graduação na área da saúde visam aprender a aprender, apren-


der a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, garantindo
capacitar profissionais com autonomia e discernimento que assegurem atenção inte-
gral e humanização nos atendimentos prestados ao paciente, suas famílias e comu-
nidade em geral.

As normas são discutidas, concebidas e fixadas pelo Conselho Nacional de


Educação (CNE) que regulamenta a oferta de cursos de Fisioterapia das instituições
de ensino superior em território nacional.

A reformulação das DCNs visou aperfeiçoar as normas, adotou formato pre-


conizado pelo Parecer CNE/CES 583/2001 e incorporou aspectos fundamentais para
as áreas de conhecimento que integram a saúde quando se leva em consideração:
67
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

• Perfil do formando-egresso-profissional.
• Competências e habilidades.
• Conteúdos curriculares.
• Estágios e atividades complementares.
• Organização do curso.
• Acompanhamento e avaliação.

De acordo com os dados pesquisados no site do Ministério da Educação o


Conselho Nacional de Educação (CNE) e a Câmara de Educação Superior (CES) ana-
lisaram as propostas das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de gra-
dução da área da saúde, elaboradas pela Comissão de Especialistas de Ensino. O pa-
recer está sob o número 1210/2001, tendo sido aprovado em 12 de setembro de 2001.

As propostas foram encaminhadas ao Conselho Nacional de Educação tendo


como referência documentos como: Constituição Federal de 1988, Lei Orgânica do
Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990) e Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), instrumentos
legais que regulamentam o exercício profissional em saúde, entre outros.

Após ter sido feita a análise das propostas, a Comissão adotou o formato preco-
nizado pelo Parecer CNE/CES 583/2001 para as áreas de conhecimento que integram a
saúde, traçando o perfil do egresso, as competências e habilidades, o estágio e as ativi-
dades complementares, a organização do curso e acompanhamento/avaliação.

O Conselho Nacional de Educação e a Câmara de Educação Superior apro-


vou, em 12 de setembro de 2001, as DCNs para os Cursos de Fisioterapia, elaboradas
pelas CEEs (Comissões de Especialistas de Ensino). As DCNs foram enviadas para
os Cursos de Fisioterapia a nível nacional, a fim de serem discutidas e adaptadas
conforme e realidade regional e os Projetos Político Pedagógicos, os PPPs (KURBAN,
2005).

As Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Fisioterapia tiveram


aprovação no ano de 2002 após terem sido incansavelmente discutidas junto com as
Instituições de Ensino Superior.

No período compreendido entre 2002 e 2006 através de oficinas as DCNs


foram implementadas em todo o território nacional. As oficinas tinham o objetivo
principal de analisar os Projetos Políticos Pedagógicos (PPPs) dos cursos ofertados e
de suas matrizes curriculares, sempre no intuito de formar egressos com habilidades
e competências, preparados para a realidade do mercado de trabalho. O perfil de
egresso será abordado mais adiante.

O COFFITO, através da Portaria nº 45 de 2016, instituiu uma Comissão para


que fosse feita a análise e a reformulação das DCNs da Fisioterapia. A comissão foi
composta por fisioterapeutas que eram docentes e foram indicados tanto pelo órgão
federal como pela Associação Brasileira de Ensino em Fisioterapia (ABENFISIO). Fo-
ram feitos diversos debates e fóruns estaduais em diversas unidades federativas do

68
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

país, cujo objetivo maior era nortear as novas perspectivas profissionais, em conjunto
com COFFITO, CREFITOs e ABENFISIO.

4 A INFLUÊNCIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL NAS DCNS


A Constituição Federal é definida como um conjunto de leis fundamentais
que organiza e rege o funcionamento de um país. É considerada a lei máxima e obri-
gatória de todos os cidadãos de uma determinada nação, servindo como garantia dos
seus direitos e deveres. A atual Constituição Federal do país está na sétima edição,
desde a independência do Brasil em 1822, promulgada em 5 de outubro de 1988. A
definição e mais informações podem ser consultadas no site do governo federal.

No Artigo 198 da Consituição Federal (BRASIL, 1988, s.p.) são citadas: as


ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada
e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I- descentralização, com direção única em cada esfera de governo;


II- atendimento integral, com prioridade as atividades preventivas, sem prejuízo
dos serviços assistenciais;
III- participação da comunidade.

Já o Artigo 196 garante que “[...] a saúde é direito de todos e dever do Es-
tado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (BRASIL, 1988, s.p.).

4.1 COMO A LEI ORGÂNICA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE


Nº 8.080 DE 19/09/1990 INFLUENCIOU NA REFORMULAÇÃO
DAS DCNs
Quando se analisa o mercado de trabalho e o campo de atuação profissional
do fisioterapeuta é notável o contraste entre a quantidade de mão de obra existente
e as necessidades assitenciais da população brasileira (BISPO JÚNIOR, 2009).

E qual seria a solução? “A solução para esse descompasso é a intervenção de


um mediador coletivo” (FRENK, 1994 apud BISPO, 2009, p. 660).

Esse mediador é o Estado, precisamente o Sistema Único de Saúde (SUS),


como mostra a Figura 39:

69
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

FIGURA 39 – DEMONSTRAÇÃO DA PRESENÇA DO MEDIADOR COLETIVO NAS DEMANDAS DA


POPULAÇÃO E DA FISIOTERAPIA

FONTE: Frenk (1994 apud BISPO JÚNIOR, 2009, p. 660)

Vale ressaltar duas coisas: o SUS possui princípios como a Universalida-


de, a Integralidade e a Equidade, além disso, cabe ao Estado não somente a sua
regulação, mas também o financiamento e a prestação desse serviço.

De acordo com a base de dados do site do Governo Federal tem-se como


Princípios do SUS:

• Universalidade:  a saúde é direito de todos os cidadãos e é dever do Estado


assegurar este direito, independentemente de sexo, raça, ocupação ou outras
características sociais ou pessoais.
• Equidade: mesmo que o acesso à saúde seja universal, as pessoas não são iguais
e, por isso, têm necessidades diferentes. Em outras palavras, é dever do Estado
atender desigualmente os desiguais, investindo mais onde a carência é maior.
• Integralidade: considerando-se as pessoas como um todo, é dever do Estado
atender a todos os cidadãos, todas as suas necessidades, incluindo a promoção
da saúde, a prevenção de doenças, o tratamento e a reabilitação.

Baseado nos conceitos do SUS como mediador e de seus princípios, foram


feitas buscas no site governo federal sobre a Lei 8.080 e há informações sobre as con-
dições necessárias para a promoção, proteção e recuperação da saúde, assim como a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes. Em seu primeiro ar-
tigo diz que a lei regula todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, exe-
cutados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas
naturais ou jurídicas de direito público ou privado. Em seu parágrafo segundo, do
artigo quarto, diz que a iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de
Saúde (SUS), em caráter complementar.

70
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)
FIGURA 40 – PRINCÍPIOS DO SUS

FONTE: <http://repocursos.unasus.ufma.br/idoso_cap_20151/modulo_10/und1/3.html>. Acesso


em: 12 jul. 2019.

DICAS

Acesse os links a seguir e leia os materiais complementares, como forma de


fortalecer os seus estudos. Neste tópico foram vistos muitos conteúdos que requerem
o entendimento e o conhecimento dos aspectos legais da profissão, das atribuições
profissionais, dos direitos e deveres do profissional da área da saúde e qual o papel do
fisioterapeuta nos níveis assistenciais em saúde.

• Legislação do SUS: http://www.legislacaodosus.com.br.


• O fisioterapeuta do estado de São Paulo: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1809-
29502016000300301&script=sci_abstract&tlng=pt.
• Poliomielite, filantropia e fisioterapia: o nascimento da profissão de fisioterapeuta
no Rio de Janeiro dos anos 1950: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-
81232008000300016&script=sci_abstract&tlng=pt.
• Formação em fisioterapia no Brasil: reflexões sobre a expansão do ensino e os
modelos de formação: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-59702009000300005.

71
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

LEITURA COMPLEMENTAR

FISIOTERAPIA: HISTÓRIA E EDUCAÇÃO

Cristine Brandenburg
Aline Barbosa Teixeira Martins

Introdução

Este trabalho realiza um levantamento a cerca do surgimento da fisiotera-


pia como ciência e modalidade educacional, apontando as práticas realizadas pe-
los primeiros profissionais e cuidadores de saúde que posteriormente, passaram
a ser reconhecidos como fisioterapeutas.
A fisioterapia na história geral e no Brasil discorre sobre a regulamentação
e legislação da profissão, apresentando uma breve discussão sobre o conceito,
situando assim, sua importância no contexto da saúde.

Definição

Fisioterapia é uma ciência da saúde que estuda, previne e trata os distúrbios


cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano, gera-
dos por alterações genéticas, por traumas e por doenças adquiridas. Fundamenta
suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da
biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, das patologias, da bio-
química, da biofísica, da biomecânica, da cinesiologia, da sinergia funcional e da
cinesiopatologia de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comporta-
mentais e sociais (CREFITO).
Segundo o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COF-
FITO), a atuação da fisioterapia pode ser em clínicas, hospitais, ambulatórios, con-
sultórios, centros de reabilitação, em saúde coletiva, em educação e em indústria
de equipamentos. Na saúde coletiva, a atuação do fisioterapeuta é em programas
institucionais, ações básicas de saúde, saúde do trabalhador e vigilância sanitária.
Na educação, a atuação do fisioterapeuta é em docência (níveis médio e superior),
extensão, pesquisa, supervisão (técnica e administrativa), direção e coordenação de
cursos e ainda atua na indústria de equipamentos de uso fisioterapêutico e esporte.
As especialidades reconhecidas do fisioterapeuta são a acupuntura, a quiropraxia
e a osteopatia, a fisioterapia pneumofuncional, a fisioterapia neurofuncional e a
fisioterapia traumatortopédica funcional e a fisioterapia dermatofucional.

O Surgimento da Fisioterapia como Ciência

Não podemos começar esta revisão bibliográfica sem falar do inicio da


fisioterapia pois, se trata de uma ciência que teve seus primórdios na Antiguidade
(4.000 a.C. e 395 d.C.). Havia certa ansiedade em abolir as doenças das pessoas que
as apresentavam por meio de alternativas, utensílios que existiam na época como,
por exemplo, o peixe elétrico como eletroterapia, usado, entre outros, como meio

72
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

de terapia e tratamento de morbidades. Acredita-se que, nesta época, a ginástica


estava nas mãos dos sacerdotes que a utilizavam como fins terapêuticos, ou seja,
os movimentos do organismo humano, quando estudados, eram utilizados para
o tratamento de doenças instaladas (REBELATO e BOTOMÉ, 1999).
Em 2.698 a.C., aparecem na China os primeiros registros do uso de meios
físicos com o desígnio terapêutico no caso exclusivo da cinesioterapia; logo de-
pois, na Índia. Contudo, recursos físicos naturais, como banhos de sol, são apre-
sentados como tratamentos medicinais em toda antiguidade (GAVA, 2004).
A fisioterapia surge na metade do século XIX na Europa com as primeiras
escolas na Alemanha, nas cidades de Kiel, em 1902, e Dresdem, em 1918. Surge com
grande evidência no cenário mundial na Inglaterra, com os trabalhos de massotera-
pia desempenhados pelos autores Mendell e Cyriax, os trabalhos de cinesioterapia
respiratória realizados por Winifred Linton em Londres e especialmente os traba-
lhos de fisioterapia neurológica desempenhadas em conjunto com a fisioterapeuta
Berta Bobath e o neurofisiologista Karel Bobath, que instituíram o método Bobath,
para o tratamento de pacientes com paralisia cerebral (GAVA, 2004).
Em 1948, em Londres, foi criada a World Confederation for Physical The-
rapy (WCPT), que se aliou à Organização Mundial da Saúde (OMS), com o intui-
to de ativar a fisioterapia no mundo (GAVA, 2004).

A Fisioterapia no Brasil

O surgimento da Fisioterapia no Brasil teve influência da chegada da fa-


mília Real ao Brasil. Napoleão Bonaparte foi responsável, indiretamente pelo de-
senvolvimento dos primeiros serviços organizados de saúde no Brasil, quando
Portugal invadiu o Brasil e a família real portuguesa desembarcou no país em
1808. Junto com a família real vieram cerca de quinze mil pessoas para servi-la,
fazendo com os serviços de saúde no Brasil se modernizasse com os avanços já
existentes na Europa, obrigando que os profissionais aqui existentes se adequas-
sem à esses avanços (NOVAES, 1998).
De acordo com Novaes (1998) a fisioterapia enquanto prática reabilitado-
ra se desenvolveu após a 2ª Guerra Mundial a partir do momento em que teve
que atuar diante das sequelas físicas de guerra. Houve a modernização dos servi-
ços de Fisioterapia no Rio de Janeiro e em São Paulo e criação de novos em outras
capitais do país.
Assim, em 1951 é criado em São Paulo, na USP, o primeiro curso de for-
mação de técnicos em Fisioterapia (Novaes,1998), sendo reconhecida como curso
superior em 1969 pelo Decreto-Lei nº. 938, art. 3º (Brasil, 1969) e, para legislar e
estabelecer o código de ética regularizando a atuação do fisioterapeuta, criou-se
o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e, com a
função de legalizar e fiscalizar o serviço do fisioterapeuta, criou-se os Conselhos
Regionais (CREFITO) conforme a Lei no 6.316 de 17 de dezembro de 1975( HOU-
AISS, 2001; REBELATO E BOTOMÉ, 1999).
O Conselho possui como uma das principais responsabilidades a de exer-
cer função normativa, onde emitiu, em fevereiro de 1978, a Resolução COFITTO
nº 08, aprovando as normas para habilitação ao exercício da profissão de fisiote-

73
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS HISTÓRICOS

rapeuta que, refletindo o movimento da saúde então vigente, definiu como atos
desse profissional, “[...] planejar, programar, ordenar, coordenar, executar e su-
pervisionar métodos e técnicas fisioterápicos que visem à saúde nos níveis de
prevenção primária, secundária e terciária” (BRASIL, 1978).
Em relação ao Decreto-Lei nº 938/69, a Resolução COFITTO nº 08/78 am-
pliou consideravelmente o campo de atuação do fisioterapeuta, tanto em relação
aos níveis de assistência (prevenção primária, secundária e terciária) quanto ao
foco da atenção, passando a apreender a saúde do indivíduo como um todo e não
mais apenas no que diz respeito à sua capacidade física.

Estas alterações conceituais, embora importantes, demonstram-se frágeis


quando mencionada Resolução, no seu Art. 3º, fixa o ato profissional na
terapia física: “prescrever, ministrar e supervisionar terapia física que ob-
jetive preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgão,
sistema ou função do corpo humano (BRASIL, 1978)” posto que o termo
“terapia” está diretamente relacionado ao substantivo “terapêutica” que
se refere à “parte da medicina que estuda e põe em prática os meios ade-
quados para aliviar ou curar os doentes (FERREIRA, 2004).

Em 1984, no Rio de Janeiro, foi criada a Associação Brasileira Beneficente de


Reabilitação (ABBR), onde começa a ser ministrado o curso de técnico em reabilitação
(GAVA, 2004).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nᵒ 9.394/96) constitui normas
gerais para a educação no Brasil. No período de 1998 e 1999, COFFITO, CREFITO,
coordenadores de cursos, docentes e discentes foram convidados para sugerir ao
MEC as normas gerais para orientar o ensino da fisioterapia no Brasil; essas normas
receberam críticas e propostas impostas pela comunidade, sendo conduzida ao Con-
selho Nacional de Educação. Este conselho instituiu, em 19 de fevereiro de 2002, as
diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em fisioterapia.
Em maio de 1987, após a 8ª CNS e antes da criação do Sistema Único de Saú-
de, a Resolução COFFITO nº 80, por meio de atos complementares, buscou ampliar as
atribuições do fisioterapeuta expressas na Resolução nº 08/78, numa perspectiva que
procurou adequar a Fisioterapia ao novo momento do cenário sanitário brasileiro.
A partir do momento em que os fisioterapeutas ampliaram seu campo de
atuação e apresentaram-se como aptos a contribuir, também, na prevenção primária,
eles criaram a necessidade de rever e reestruturar sua prática. O processo de trans-
formação, no entanto, ficou incompleto, na medida em que faltou atribuir a si, na
regulamentação, ações de educação em saúde e prevenção de doenças (REZENDE et.
al, 2009; BISPO JUNIOR, 2010).
O grande crescimento da fisioterapia desde o seu reconhecimento pelo De-
creto – lei 938/69, nos remete a algumas reflexões. Apesar do fisioterapeuta ser reco-
nhecido como profissional indispensável na área da saúde, este ainda é visto, mui-
tas vezes, como tratador/reabilitador mascarando, com isso, uma de suas funções
principais que é a atuação no campo preventivo e de promoção à saúde (MENDES e
MORAIS, 2002).
Segundo Rebelatto e Botomé (1999), a própria origem da Fisioterapia dire-
cionou as definições do campo profissional para atividades recuperativas/reabi-
litadoras. O surgimento desse profissional, como uma decorrência das grandes
guerras, faz-se, fundamentalmente, para tratar de pessoas fisicamente lesadas.

74
TÓPICO 5 | O PARECER CNE/CES 1210/2001 COMO DETERMINANTE NO CREDENCIAMENTO DE INSTITUIÇÕES DE ENSINO
SUPERIOR QUE OFERTAM A GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA E SUA RELAÇÃO COM AS DCNs (DIRETRIZES CURRICULARES
NACIONAIS)

Atualmente, o fisioterapeuta vem ampliando sua área de atuação (BISPO JU-


NIOR, 2010). Schwingel (2002) sugere que para se alcançar um trabalho delimitado
pela integralidade é necessário agregar cinco diferentes pontos à prática profissional: a
prevenção, a assistência, a recuperação, a pesquisa e a educação em saúde.
O fisioterapeuta vem adquirindo crescente importância nos serviços de aten-
ção primária à saúde como é o caso do PSF. Entretanto, sua inserção nesses serviços
ainda é um processo em construção (SILVA; TRELHA; ALMEIDA, 2005).
Para inserir-se no contexto da formação e da atenção básica, a competência do
fisioterapeuta precisa ir além da boa técnica; é preciso estar sensível às necessidades e
às circunstâncias de vida das famílias envolvidas e dos colegas de trabalho. Apesar de
o próprio mercado de trabalho estar mudando na direção de um trabalho integrador,
isso não significa somente buscar equipes com profissionais de diversas áreas, integra-
dos, acenando para uma perspectiva que atualmente está sendo chamada de interdisci-
plinaridade (FUJISAWA; GARANHAMI, 2001). Deve se considerar que a intervenção
não depende da atuação de somente um profissional, mas da flexibilidade dos atores
sociais envolvidos.
A partir de 2002, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para
os Cursos de Graduação em Fisioterapia, que dizem que os conteúdos curriculares po-
dem ser diversificados desde que assegurem o equilíbrio de conhecimento nas dife-
rentes áreas, níveis de atuação e recursos terapêuticos, a fim de assegurar a formação
generalista. Além disso, os cursos devem apresentar projeto pedagógico que tenha sido
construído coletivamente, centrado no aluno como sujeito da aprendizagem e apoiado
no professor como facilitador desse processo (Resolução Nᵒ CNE/CES 4, 2002).

75
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você aprendeu que:

• O aspecto legal da Fisioterapia veio a dar suporte à atuação profissional.

• Diretrizes Curriculares Nacionais são orientações para elaborar os currículos


adotados por todas as instituições de ensino superior, os princípios, os objetivos
gerais e específicos.

• Dentro do contexto de suas competências e habilidades, como é a organização


dos cursos da área da saúde e em especial, o curso de Fisioterapia.

• Quais os conteúdos curriculares, os estágios, as atividades complementares, a


organização do curso, acompanhamento e avaliação.

DICAS

Para auxiliar no entendimento do conteúdo, acesse o material disponibilizado


a seguir:
• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm
• http://legis.senado.leg.br/norma/524501

76
AUTOATIVIDADE

1 Com base no seu entendimento sobre as DCNs (Diretrizes Curriculares Na-


cionais) qual é a carga horária total da sua Instituição de Ensino Superior
em Fisioterapia? E no estágio curricular obrigatório?

2 Dentro do contexto do perfil profissional preconizado pelas DCNs o que se-


riam as habilidades trabalhadas durante a graduação? E as competências?

3 Existem muitas particularidades dentro do âmbito acadêmico e profissio-


nal do fisioterapeuta. Para cada órgão e lei citados a seguir, escreva qual a
importância desse órgão ou lei sobre a profissão.

a) Decreto Lei 938/69:


b) COFFITO:
c) CREFITO:
d) DCN em Fisioterapia:
e) Constituição Federal 1988:
f) Princípios doutrinários e organizacionais do SUS:

77
78
UNIDADE 2

APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES


DA FISIOTERAPIA E ATRIBUIÇÕES
PROFISSIONAIS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• entender o que são e quais são os níveis de atenção em saúde na Fisioterapia;

• conhecer as áreas de atuação profissional do fisioterapeuta;

• aprender sobre os recursos fisioterapêuticos, as técnicas e os métodos que


o profissional fisioterapeuta dispõe em cada área de atuação;

• infomar-se a respeito do registro profissional, da jornada de trabalho, dos


honorários fisioterapêuticos, bem como de toda a prática profissional base-
ada em resoluções e leis.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

TÓPICO 2 – ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A


ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

TÓPICO 3 – O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL


E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

79
80
UNIDADE 2
TÓPICO 1

APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

1 INTRODUÇÃO
Apesar de a Fisioterapia ter sido considerada, em sua gênese, uma profissão
reabilitadora, os recentes avanços rompem esse paradigma e buscam sua redefini-
ção como profissão de saúde em um contexto mais amplo e de atenção em todos
os níveis das condições de saúde, manutenção e prevenção da doença, em busca da
qualidade de vida das pessoas.

O fisioterapeuta, enquanto profissional da área da saúde, está habilitado a


atuar em todos os níveis de atenção à saúde: promoção, prevenção de agravos e na
reabilitação. Suas ações desenvolvem-se nos níveis primário, secundário e terciário.
O fisioterapeuta é o profissional de primeiro contato que avalia através do diagnós-
tico cinético fisioterapêutico, o qual prescreve, planeja e executa o tratamento e enca-
minha o paciente para a alta ou para outros profissionais, se necessário.

O Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional — CREFITO —


da 5ª Região criou uma Cartilha de Políticas Públicas em sua gestão, no período de
2010 a 2014, com o intuito de informar os níveis de atenção em saúde em fisiotera-
pia e suas ações. O objetivo do material foi o de divulgar aos Secretários de Saúde,
Profissionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, políticas públicas que favoreces-
sem o acesso da população aos serviços de saúde. Buscou ainda, instrumentalizar os
profissionais de possibilidades de estruturar serviços e programas de saúde visando
a promoção da saúde, prevenção de doenças/agravos/acidentes e reabilitação das
condições de saúde da população.

DICAS

A Cartilha de Políticas Públicas pode ser acessada em: http://www.crefito5.


org.br/wp-content/uploads/2014/04/cartilha_politicas_publicas.pdf.

A cartilha traz como informação inicial:

81
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

O fisioterapeuta pode ser definido como um profissional de nível supe-


rior da área de saúde, pleno, autônomo que atua isoladamente ou em
equipe em todos os níveis de assistência à saúde, incluindo a prevenção,
promoção, desenvolvimento, tratamento e recuperação da saúde em in-
divíduos, grupos de pessoas ou comunidades. É o profissional de saú-
de que se ocupa do movimento humano em toda sua plenitude, com o
objetivo de preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade de
órgãos, sistemas e funções corporais (CREFITO 5, 2014, p. 6)

Na sequência, o material informativo traz as ações permitidas ao fisiotera-


peuta em seus níveis de atenção à saúde, demonstrados a seguir:

FIGURA 1 – ATENÇÃO PRIMÁRIA EM FISIOTERAPIA

FONTE: <http://bit.ly/2QEP4d3>. Acesso em: 2 set. 2019.

FIGURA 2 – ATENÇÃO SECUNDÁRIA EM FISIOTERAPIA

82
TÓPICO 1 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

FONTE: <http://bit.ly/2QEP4d3>. Acesso em: 2 de setembro de 2019.

FIGURA 3 – ATENÇÃO TERCIÁRIA EM FISIOTERAPIA

FONTE: <http://bit.ly/2QEP4d3>. Acesso em: 2 de setembro de 2019.

A Cartilha de Políticas Públicas traz ainda informações acerca das Portarias


e Leis e, dentre elas, destaca-se a Portaria 154/2008, que cria o Núcleo de Apoio à
Saúde da Família (NASF) e determina a inserção do profissional fisioterapeuta junto
à equipe.

83
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 4 – FISIOTERAPEUTA FAZENDO PARTE DA EQUIPE DO NASF

FONTE: <http://bit.ly/2QEP4d3>. Acesso em: 2 de setembro de 2019.

A fim de fortalecer o modelo de atenção o Ministério da Saúde assu-


miu, em 1994, a Estratégia Saúde da Família (ESF) na qual, por meio
de assistência integral e multiprofissional centrada na comunidade, a
atenção primária tem reafirmada sua inserção na rede de saúde. Mais
recentemente em 2008, surgiram os Núcleos de Apoio à Saúde da Famí-
lia (NASF) que têm por objetivo prestar auxílio às equipes da ESF e am-
pliar a oferta do cuidado no nível primário reafirmando a integralidade,
qualidade e resolubilidade do sistema. A fisioterapia como potencial
integrante da equipe multidisciplinar do NASF também necessita refor-
mular-se de modo que a reabilitação dedicada ao seu objeto de estudo,
compartilhe espaço com atividades de promoção, educação em saúde e
prevenção de riscos de modo a desvincular-se do paradigma de assis-
tência restrita ao nível de atenção terciária e aproximar-se da atenção
primária (FONSECA et al., 2016, p. 289).

A fisioterapia teve início como classe profissional na área de traumato


ortopedia, porém, com o passar do tempo, evoluiu nas mais diversas áreas de
atuação na saúde, contemplando o indivíduo como um todo, independente de
idade, sexo ou classe social (CARVALHO et al., 2014).

Após você, acadêmico, ter visto que a profissão de fisioterapeuta permite


atuar em todos os níveis de atenção em saúde, que tal aprender também sobre
todas as especialidades profissionais legalmente regulamentadas? Bons estudos!

2 APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA


Como viu-se na Unidade 1, o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional — COFFITO —, foi criado com a finalidade de normatizar e exercer
o controle ético, científico e social das profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta
Ocupacional, por meio da Lei nº 6316, de 17 de dezembro de 1975.

84
TÓPICO 1 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

DICAS

As especialidades reconhecidas pelo COFFITO estão no site do Conselho,


disponível em: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2350. Acesso em: 18 nov. 2019.

As especialidades reconhecidas pelo COFFITO apresentadas no site, são:

• Fisioterapia Neuro Funcional, através da Resolução COFFITO 189, de 8 de dezem-


bro de 1998.
• Fisioterapia Respiratória, através da Resolução COFFITO 188, de 9 de dezembro
de 1998 com complementação da Resolução COFFITO 318, de 30 de junho de 2006.
• Acupuntura, através da Resolução COFFITO 201, de 24 de junho de 1999.
• Osteopatia e Quiropraxia, através da Resolução COFFITO 220, de 23 de maio de
2001.
• Fisioterapia Traumato Ortopédica Funcional, através da Resolução 260, de 11 de
fevereiro de 2004.
• Fisioterapia Esportiva, através da Resolução COFFITO 337, de 8 de novembro de
2007.
• Fisioterapia do Trabalho, através da Resolução COFFITO 351, de 13 de junho de
2008.
• Fisioterapia Dermato Funcional, através da Resolução COFFITO 362, de 20 de
maio de 2009.
• Fisioterapia em Saúde Coletiva, através da Resolução COFFITO 363, de 20 de maio
de 2009.
• Fisioterapia Onco Funcional, através da Resolução COFFITO 364, de 20 de maio
de 2009.
• Fisioterapia Urogineco Funcional, através da Resolução COFFITO 365, de 20 de
maio de 2009.

DICAS

Acesse o banco de dados do COFFITO, por meio do site www.coffito.org.


br. No banco de dados obtém-se a informação do surgimento de novas especialidades e
reformulações para as já existentes.

Pode-se perceber isso, quando se trata da Acupuntura.

85
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

2.1 FISIOTERAPIA EM ACUPUNTURA


Através da Resolução 219, de 14 de dezembro de 2000, publicada no D.O.U.
nº 248 de 27 de dezembro de 2000, seção I, página 70, dispõe sobre o reconhecimento
da Acupuntura como Especialidade do Fisioterapeuta.

O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – CO-


FFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o delibera-
do em sua 90ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 13 e 14 de dezembro de 2000, na
sede do COFFITO, na conformidade com a competência prevista nos incisos II, III e
XII do Art. 5º, da Lei n.º 6.316, de 17 de dezembro de 1975, considera que:

• o profissional fisioterapeuta exerce a Acupuntura no Brasil desde 1985, autorizado


pelo COFFITO, através da Resolução 60, 1985, sem qualquer ocorrência de dolo
social comprovado;
• as Resoluções 97, de 22 de abril de 1988 e 201, de 26 de junho de 1999, estabelece-
ram um maior rigor acadêmico para a concessão de autorização ao Fisioterapeuta
para a prática da Acupuntura;
• as Resoluções 60/85, 97/88 e 201/99 pelos positivos efeitos éticos e científicos produ-
zidos, legitimam e justificam a ascensão da Acupuntura ao grau de especialidade.

2.2 FISIOTERAPIA AQUÁTICA


O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, COF-
FITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, cumprindo o deliberado
em sua 245ª Reunião Plenária Ordinária, realizada no dia 29 de agosto de 2014, em
sua sede, por meio da Resolução 443, de 3 de setembro de 2014, disciplina a especia-
lidade profissional de Fisioterapia Aquática e dá outras providências.

Parágrafo único. Para todos os efeitos, considera-se como Fisioterapia


Aquática a utilização da água nos diversos ambientes e contextos, em
quaisquer dos seus estados físicos, para fins de atuação do fisioterapeuta
no âmbito da hidroterapia, hidrocinesioterapia, balneoterapia, crenotera-
pia, cromoterapia,  termalismo, duchas, compressas, vaporização/inala-
ção, crioterapia e talassoterapia (COFFITO, 2014, s.p.).

2.3 FISIOTERAPIA CARDIOVASCULAR


O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, CO-
FFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, cumprindo o delibe-
rado em sua 257ª Reunião Plenária Ordinária, realizada no dia 25 de abril de 2015,
em conformidade com a competência prevista nos incisos II, III e XII do art. 5º da
Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975, reconhece e disciplina a especialidade pro-
fissional de Fisioterapia Cardiovascular, através da Resolução 454, de 25 de abril de
2015, tendo sido publicada no D.O.U Nº 90, Seção 1, em 14 de maio de 2015,  nas
páginas  96 e 97.  
86
TÓPICO 1 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

Art.1º  Reconhecer e disciplinar a atuação do Fisioterapeuta Cardiovas-


cular, que se caracteriza pelo exercício profissional em todos os níveis de
atenção à saúde, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, e nos
diversos grupos populacionais e atenção aos que necessitam do enfoque
de promoção, prevenção, proteção, educação, intervenção terapêutica e
recuperação funcional de indivíduos com doenças cardíacas e vasculares
periféricas e síndrome metabólica, nos ambientes ambulatorial, domici-
liar e hospitalar, independentemente da sua natureza administrativa.
[...]
Art. 7º  São consideradas áreas afins da Fisioterapia Cardiovascular, da
Fisioterapia Respiratória e da Fisioterapia em Terapia Intensiva (COFFI-
TO, 2015).

2.4 FISIOTERAPIA DERMATO FUNCIONAL


A RESOLUÇÃO COFFITO nº 362, de 20 de maio de 2009, publicada no
D.O.U nº 112, Seção I, em 16 de junho 2009, páginas 41 e 42, reconhece a Fisio-
terapia Dermato Funcional como especialidade do profissional fisioterapeuta
considerando a necessidade de prover, por meio de uma assistência profissional
adequada e específica, as exigências clínicas, cinesiológicas e funcionais dos indi-
víduos com alterações nas funções da pele e estruturas relacionadas.

2.5 FISIOTERAPIA ESPORTIVA


O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o
deliberado em sua 164ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 7 e 8 novembros
de 2007, em sua sede, [...] reconhece a Especialidade de Fisioterapia Esportiva e
dá outras providências, através da Resolução Nº 337, de 8 de novembro de 2007,
publicada no D.O.U nº. 21, Seção 1, em 30/01/2008, página 184.

Seu reconhecimento se deu, considerando-se a importância do esporte para


a saúde, além da atividade física ser voltada para a promoção, ao restabelecimento
e/ou manutenção do estado de saúde, seja a prática esportiva amadora, profissional
ou para o lazer.

2.6 GERONTOLOGIA

O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, CO-
FFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, em sua 272ª Reunião
Plenária Ordinária, realizada no dia 20 de dezembro de 2016, em sua subsede, reco-
nhece e disciplina a especialidade profissional de Fisioterapia em Gerontologia e dá
outras providências, através da Resolução 476, de 20 de dezembro de 2016.

87
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Art. 7º A Atuação na Especialidade Profissional de Fisioterapia em Ge-


rontologia se caracteriza pelo exercício profissional em todos os níveis
de atenção à saúde, seja público, privado e filantrópico, assim como
nos setores da previdência social, educação, trabalho, judiciário e pre-
sidiário, em todas as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações
de prevenção, promoção e reabilitação (COFFITO, 2016, s.p.).

2.7 TRABALHO

O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, CO-
FFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o delibe-
rado em sua 265ª Reunião Plenária Ordinária, realizada nos dias 20 e 21 de maio de
2016, em sua subsede reconhece e disciplina a especialidade profissional de Fisiote-
rapia do Trabalho e dá outras providências.

O Fisioterapeuta do Trabalho deverá realizar a avaliação e o diagnóstico


cinético-funcional, por meio da consulta fisioterapêutica, solicitando e realizando
interconsulta e encaminhamento, para exames ocupacionais complementares, rea-
bilitação profissional, perícia judicial e extrajudicial.

2.8 FISIOTERAPIA NEURO FUNCIONAL


O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
o COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cum-
prindo o deliberado em sua  83ª Reunião Ordinária, realizada nos dias
8  e 9 de dezembro de 1998, na Secretaria Geral do COFFITO, reconhece
e disciplina a especialidade de Fisioterapia Neuro Funcional e dá outras
providências, através da Resolução 189, de 9 de dezembro de 1998, pu-
blicada no D.O.U n. 237, de 10 de dezembro de 1998, Seção I, página 59
(COFFITO, 1998, s.p.).

O reconhecimento se deu considerando a conclusão da primeira turma de


Pós-Graduação realizada na modalidade Residência, treinamento em serviço, da
Universidade Estadual de Londrina — UEL —, do Estado do Paraná, destinado a
qualificar fisioterapeutas na condução de uma assistência profissional específica
aos distúrbios cinéticos funcionais, decorrentes de síndromes neurológicas, inci-
dentes em órgãos e sistemas.

2.9 FISIOTERAPIA ONCO FUNCIONAL



Considerando a necessidade de prover, por meio de uma assistência pro-
fissional adequada e específica, as exigências clínicas, cinesiológicas e funcionais
dos indivíduos portadores de débitos funcionais, decorrentes de doenças oncoló-
gicas, o Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no
uso das atribuições conferidas pelo art. 5º da Lei nº. 6.316, de 17 de dezembro de
1975, em sua 183ª Reunião Plenária Extraordinária, realizada no dia 20 de maio

88
TÓPICO 1 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

de 2009, em sua subsede, reconhece através da Resolução Nº 364, de 20 de maio


de 2009, a especialidade profissional e dá outras providências.

A mesma foi alterada para Resolução 391, de 2011.

2.10 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA


“O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o
deliberado em sua 154ª Reunião Ordinária, realizada no dia 30 de agosto de 2006”
(COFFITO, 2006, s.p.),  através da resolução 318/2006, anteriormente estabelecida
na Resolução 188, de 9 de dezembro de 1998 e determina outras providências,
tendo sido publicada no D.O.U Nº 33, Seção I, de 15 de fevereiro de 2007:

“Artigo 1º – Designar pela nomenclatura Fisioterapia Respiratória a


especialidade própria e exclusiva do profissional Fisioterapeuta, em seu campo
de atuação, anteriormente designada Fisioterapia Pneumo Funcional” (COFFITO,
2006, s.p.).

2.11 FISIOTERAPIA TRAUMATO ORTOPÉDICA FUNCIONAL



O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o de-
liberado em sua 116ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 11 e 12 de fevereiro de
2004, na Sede  do COFFITO, [...] reconhece a especialidade e dá outras providên-
cias, através da Resolução 260, de 11 de fevereiro de 2004, Seção I, páginas 66 e 67.

2.12 FISIOTERAPIA EM OSTEOPATIA



“O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no
uso das atribuições legais e regimentais e cumprindo o deliberado em sua 213ª Reu-
nião Plenária Ordinária, realizada no dia 3 de agosto de 2011, em sua sede”, atra-
vés da Resolução 398 (COFFITO, 2011a, s.p.), reconhece a Osteopatia como uma das
especialidades fisioterapêuticas e estabelece que o fisioterapeuta possa, através do
diagnóstico cinético funcional, identificar alterações da mobilidade visceral, de ten-
sões das fáscias cranianas e das cavidades internas do corpo humano. Além disso,
possa prescrever e aplicar ajustamentos articulares, recursos manipulativos, recursos
proprioceptivos, adaptações funcionais, técnicas de normatização funcional.

Artigo 6º - A atuação do Fisioterapeuta Osteopático se caracteriza pelo


exercício profissional em todos os níveis de atenção à saúde, em to-
das as fases do desenvolvimento ontogênico, com ações de prevenção,
promoção, proteção, educação, intervenção, recuperação e reabilitação
do cliente/paciente (COFFITO, 2011a, s.p.).

89
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

2.13 FISIOTERAPIA EM QUIROPRAXIA


“O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional,
COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprin-
do o deliberado em sua 213ª Reunião Plenária Ordinária, realizada no dia
3 de agosto de 2011, em sua sede” (COFFITO, 2011b, s.p.),  através da Re-
solução 399 reconhece a especialidade de Quiropraxia e estabelece que o
profissional fisioterapeuta possa: prescrever e executar o tratamento fisiote-
rapêutico quiropráxico bem como estabelecer, definir a frequência e tempo
de intervenção, preparar programas de atividades e exercícios físicos com
intenção terapêutica ou preventiva e programas integrativos de qualidade
de vida. Permite temabém, atuar de maneira preventiva com ações de pro-
moção à saúde, prevenção de agravos e morbidade, assim como reabilitar
fisicamente, recuperar e readaptar funcionalmente o paciente, oferecendo a
ele totais condições para reinserção ao mercado de trabalho e à sociedade.
Tudo isso, através de ajustamentos articulares, recursos manipulativos, re-
cursos proprioceptivos, adaptações funcionais e reeducação postural.

2.14 FISIOTERAPIA NA SAÚDE DA MULHER


O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, no
uso das atribuições conferidas pelo art. 5º da Lei nº 6316, de 17 de setembro de
1975, em sua 191ª Reunião Plenária Ordinária, realizada no dia 6 de novembro
de 2009, em sua subsede, [...] reconhece a especialidade profissional através da
Resolução 372, de 6 de novembro de 2009, tendo sido publicada no D.O.U, n 228,
Seção I, página 101, em 30 de novembro de 2009.

2.15 FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA



O Plenário do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, COF-
FITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais e cumprindo o deliberado
em sua 213ª Reunião Plenária Ordinária, realizada no dia 3 de agosto de 2011, em sua
sede, reconhece e disciplina a especialidade profissional e dá outras providências,
através da Resolução nº 402, de 3 de agosto de 2011 (COFFITO, 2011c, s.p.).

3 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS
Carvalho et al. (2014), lista algumas das áreas da Fisioterapia e cita algumas
atribuições profissionais:

90
TÓPICO 1 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES DA FISIOTERAPIA

a) Fisioterapia em Pediatria: área profissional que faz uso de métodos e de técnicas


exclusivas para tratar enfermidades no neonato, em crianças e em adolescentes.
b) Fisioterapia em Gerontologia: área que estuda, previne e trata as disfunções
advindas do processo de envelhecimento.
c) Fisioterapia em Dermato Funcional: área que estuda, diagnostica e trata as
afecções dermatológicas e tegumentares.
d) Fisioterapia Uroginecológica e Obstétrica: na área de uroginecologia, pre-
venção e tratamento das disfunções urinárias, fecais e sexuais; na área de obs-
tetrícia, o objetivo é preparar o corpo da mulher e a própria mulher ao parto,
adaptando-a às mudanças nesse período.
e) Fisioterapia Neuro Funcional: área que estuda, diagnostica e trata os distúr-
bios neurológicos, recuperando a função, a coordenação, a força e o equilíbrio.
f) Fisioterapia Traumato Ortopédica Funcional: estuda, diagnostica e trata as dis-
funções músculo esqueléticas, de natureza ortopédica ou por traumas, e mesmo
as de origem reumática. Objetiva a recuperação e à manutenção da capacidade
de movimentação, estimulo circulatório, diminuição de dores, entre outros.
g) Fisioterapia Respiratória: através de procedimentos que buscam a melhora
da dinâmica respiratória, utilizam-se técnicas manuais e equipamentos, re-
movendo secreções brônquicas.
h) Fisioterapia Esportiva: atua diretamente nas lesões decorrentes do esporte,
reabilitando atletas em clubes, times, academia.
i) Acupuntura: prática com base na Medicina Tradicional Chinesa, é possível
tratar dor, comportamento depressivo e a reorganização corporal.
j) Fisioterapia Onco Funcional: com objetivos de preservar, manter, desenvol-
ver e restaurar a integridade de órgãos e sistemas.
k) Fisioterapia Cardio Funcional: reabilita pacientes em diversas situações como
os que tiveram infarto, os que estão em fase de pós-operatório de cirurgias car-
díacas, os portadores de doenças cardíacas crônicas.
l) Fisioterapia do Trabalho: atuação em empresas, nos postos de trabalho, com
ação preventiva e ou reabilitadora, na busca pela diminuição de redução dos
índices de doenças relacionadas ao trabalho.
m) Fisioterapia na Saúde Pública: atuação em comunidade, visando à prevenção
e ao tratamento, através de visitas domiciliares, formação de grupos com práti-
cas de educação em saúde.

DICAS

A Fisioterapia na atenção primária à saúde: uma revisão integrativa de


FONSECA J. M. et al. Rev Bras Promoç Saúde, Fortaleza, v. 29, n. 2, p. 288-294, abr./
jun., 2016. Disponível em: https://periodicos.unifor.br/RBPS/article/download/4593/pdf.
Acesso em: 4 nov. 2019.

91
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Apesar de a Fisioterapia ter sido considerada, em sua gênese, uma profissão rea-
bilitadora, os recentes avanços rompem esse paradigma e buscam sua redefinição
como profissão de saúde em um contexto mais amplo e de atenção em todos os
níveis das condições de saúde, manutenção e prevenção da doença, em busca da
qualidade de vida das pessoas.

• O fisioterapeuta, enquanto profissional da área da saúde, está habilitado a atuar


em todos os níveis de atenção à saúde: promoção, prevenção de agravos e na rea-
bilitação.

• Suas ações desenvolvem-se nos níveis primário, secundário e terciário.

• O fisioterapeuta é o profissional de primeiro contato que avalia através do diag-


nóstico cinético fisioterapêutico, o qual prescreve, planeja e executa o tratamento e
encaminha o paciente à alta ou a outros profissionais, se necessário.

• A fisioterapia teve início como classe profissional na área de Traumato Ortopedia,


porém, com o passar do tempo, evoluiu nas mais diversas áreas de atuação na
saúde, apresentando cerca de quinze diferentes especialidades regulamentadas.

92
AUTOATIVIDADE

1 (ENADE, 2007) Um Fisioterapeuta da equipe do PSF de uma cidade de por-


te médio do interior identificou, numa visita domiciliar, uma paciente de
78 anos com história de queda na semana anterior, acamada, com sinais e
sintomas de fratura do quadril direito, queixa de dor local à palpação e à
movimentação passiva. Apesar de um quadro de fragilidade física, caracte-
rizado por perda de peso não intencional, fadiga autorelatada e diminuição
da força de preensão da mão dominante, a paciente apresentava condições
cognitivas preservadas. Dadas as condições apresentadas pela paciente,
quais as condutas do Fisioterapeuta mais plausíveis e recomendadas?

Assinale a alternativa CORRETA:

FONTE: <http://bit.ly/37xoOYm>. Acesso em 2 de set. 2019.

a) ( ) Orientar os familiares da paciente sobre posicionamento no leito, colocação


de compressas úmidas quentes no local da dor e exercícios passivos nos mem-
bros inferiores.
b) ( ) Incentivar a compra de uma cadeira de rodas enquanto espera o resultado
da aplicação do programa de exercícios terapêuticos.
c) ( ) Encaminhar o caso para o serviço de assistência social do município, uma
vez que se trata de um caso de negligência por parte da família.
d) ( ) Estabelecer um protocolo de exercícios terapêuticos baseado em movimen-
tos passivos e ativo-assistidos para ser realizado diariamente durante 30 dias.
e) ( ) Solicitar uma avaliação do paciente por parte dos outros profissionais da
equipe para tomada de decisão sobre os procedimentos do caso clínico da pa-
ciente.

2 (ENADE, 2007) Dirceu, 45 anos, é portador de hipertensão arterial. Faz
uso regular de medicamento anti-hipertensivo, segue dieta apropriada e
participa de um grupo de hipertensos, com o qual são realizadas técnicas
cinesioterapêuticas indicadas para auxiliar no controle da pressão arterial.
No quadro relatado desse paciente, as atividades cinesioterapêuticas reali-
zadas se enquadram no(s) nível(eis) de prevenção:

FONTE: <http://bit.ly/37xoOYm>. Acesso em 2 de set. 2019.

Assinale a alternativa CORRETA:


a) ( ) Primária, somente.
b) ( ) Secundária, somente.
c) ( ) Terciária, somente.
d) ( ) Primária e terciária, somente.
e) ( ) Secundária e terciária, somente.

93
3 O Ministério Público Federal (MPF) em Uberlândia (MG) recomendou ao
Conselho Federal de Medicina (CFM) e ao Conselho Regional de Medici-
na em Minas Gerais (CRM/MG) que se abstenham de afirmações públicas,
quer por meio da imprensa, quer nas publicações em seus portais, no sen-
tido de que a acupuntura no Brasil deve ser exercida exclusivamente por
médicos. Em abril deste ano, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) chegou a
divulgar nota desmentindo tal exclusividade e afirmando que “a acupuntu-
ra é praticada no Brasil de forma multiprofissional há mais de 100 anos em
todos os níveis de atenção à saúde e que informações contrárias à difusão
desta prática não condizem com a verdade”.

FONTE: <http://bit.ly/2OBty6n>. Acesso em: 11 nov. 2019.

De que modo a Acupuntura, aplicada como conduta coadjuvante, pode trazer


benefícios ao paciente durante o tratamento fisioterapêutico?

4 (CESPE/UNB, 2013) No tratamento de um paciente idoso, o fisioterapeuta op-


tou pela fisioterapia aquática, em piscina terapêutica, como parte do progra-
ma de reabilitação. Na situação em apreço, considerando que o fisioterapeuta
tenha aplicado o programa de dez pontos, que envolve a aprendizagem psi-
comotora, restauração do equilíbrio, inibição, facilitação e o ajuste mental, é
correto afirmar que ele utilizou:

FONTE: <http://bit.ly/2D8q31W>. Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) A hidroterapia.
b) ( ) O método Watsu.
c) ( ) O método Bad Ragaz.
d) ( ) O método Halliwick.
e) ( ) A natação.

94
UNIDADE 2 TÓPICO 2

ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A


ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

1 INTRODUÇÃO
A seguir serão trabalhadas algumas das quase quinze especialidades fisio-
terapêuticas reconhecidas e regulamentadas pelo COFFITO. Para cada especialida-
de, será dada ênfase na atuação fisioterapêutica, nas patologias mais comumente
atendidas, na avaliação fisioterapêutica e nos recursos terapêuticos disponíveis.
Quando for possível citar alguma associação científica correlacionada à área de
atuação, assim será feito.

Vamos começar?

2 ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS POR ESPECIALIDADE


FISIOTERAPÊUTICA
Nesse tópico, o leitor passará a conhecer as especialidades fisioterapêuticas
e suas atribuições profissionais, reconhecidas pelo COFFITO, Conselho Federal de
Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Dentro do contexto de apresentação de cada
especialidade, será possível entender qual a importância e a contribuição para a
profissão, a partir do conhecimento e entendimento das patologias tratáveis em
cada área, como são avaliadas, quais os recursos, as técnicas e os métodos existen-
tes que contribuem para a reabiltação e prevenção de agravos.

2.1 FISIOTERAPIA EM TRAUMATO ORTOPEDIA E EM


REUMATOLOGIA
As doenças osteomioarticulares representam um desafio na área de
reabilitação devido ao grande impacto sócio econômico e emocional que
exerce sobre a população. Esses distúrbios comprometem a função, levando à
incapacidades e limitações, gerando afastamento das atividades laborais.

Acredita-se que esse seja um dos muitos fatores que levam, na fase de
conclusão do curso de graduação, os graduados a escolherem essa área de atuação.

Segundo Carvalho et al. (2014), as estruturas do aparelho locomotor


(ossos, músculos, articulações, ligamentos e tendões) representam uma média de
30 a 40% dos motivos de ida às unidades de pronto atendimento.
95
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Ainda de acordo com o mesmo autor, as patologias ortopédicas mais fre-


quentemente atendidas pela Ortopedia são:

• Escoliose: desvio lateral da coluna.


• Osteoporose: diminuição da massa óssea, podendo levar a um número maior
de quedas e consequentemente fraturas.
• Hérnias de disco: lesões em discos intervertebrais, que são estruturas que servem
para amortecimento, podendo estar associadas à postura incorreta, excesso de car-
ga no trabalho, desgastes articulares, mais comum em regiões cervical e lombo
sacral.
• Síndromes dolorosas miofasciais: são pontos de tensão muscular, que podem
ou não representar pontos gatilhos de dor referida.
• Síndrome do impacto do ombro: quadro doloroso, gerado por atividades de
um ou dos dois membros superiores, mantidas em contração estática, acima da
linha de 90 graus do ombro, podendo levar à processos inflamatórios.
• Capsulite adesiva de ombro: por processos inflamatórios persistentes, rup-
turas parciais ou totais de tendões entre outras situações, pode ocorrer rigidez
articular e diminuição da mobilidade, levando ao “congelamento” do ombro.
• Epicondilites: no trajeto dos tendões que se originam no cotovelo, tanto lateral
como medialmente, por repetições nas funções laborais ou desportivas, pode
haver processos inflamatórios, levando à dor e à diminuição de força muscular
no antebraço, punho e mão, gerando incapacidades funcionais.
• Síndromes nervosas compressivas: podem surgir por processos inflamatórios
inicialmente em tendões, em que o espessamento do tendão, pode pressionar o
trajeto do nervo. Destacam-se a síndrome do túnel do carpo (compressão do n.
mediano, na altura do punho, em região flexora) e a síndrome do túnel ulnar,
gerando dor, parestesia (formigamento) e diminuição da função.
• Síndrome de D´Quervain: acomete o I metacarpo (primeiro dedo da mão), em
especial quando se faz a abertura e a extensão do dedo, gerando dor que pode
ser localizada ou irradiada para o trajeto do punho.
• Condromalácea patelar: associada a desalinhamentos patelares (condições de
patela alta ou lateralizadas), pode gerar aumento do contato entre patela e fê-
mur, levando à dores, em especial quando se sobe ou desce escadas e mesmo ao
abaixar-se com o joelho muito flexionado, condicionando lesões de cartilagem.
• Metatarsalgias: dores em dedos dos pés, devido à alteração de pisada e tipos
de pé, uso de calçados que alteram o centro de equilíbrio, excesso de peso cor-
poral, atividades mantidas na postura em pé, entre outras situações.
• Doenças ortopédicas congênitas: pé torto congênito, joelhos varo e valgo (res-
pectivamente, joelhos com descarga de peso nos compartimentos fêmoro ti-
biais laterais, o famoso joelho arqueado e joelhos com descarga de peso nos
compartimentos fêmoro tibiais mediais).

Em 27 de agosto de 2005, durante a Jornada Paranaense de Fisioterapia Orto-


pédica e Traumatológica, foi fundada a Sociedade Sul Brasileira de Fisioterapia Trau-
mato Ortopédica, a SULBRAFITO. Considerada uma sociedade sem fins lucrativos e
de caráter técnico científico e cultura, abrangia na época apenas os estados da região
sul do país.

96
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

Durante oito anos de existência a SULBRAFITO, cujo objetivo maior era tor-
nar a especialidade de Fisioterapia Traumato Ortopédica cada vez mais científica
e com qualidade, realizou muitos eventos, entre eles quatro a nível sul brasileiro e
outros como jornadas, palestras e manhãs científicas.

Essa trajetória levou à sociedade a ser ainda mais reconhecida, fazendo com
que houvesse uma motivação ainda maior para criar-se uma associação nacional,
hoje a ABRAFITO.

Foi em 22 de agosto de 2013 que foi criado o Estatuto Social da ABRAFITO


durante o Congresso Sul Brasileiro de Fisioterapia Traumato Ortopédica, sediado em
Curitiba, no estado do Paraná. Esse marco histórico, foi a pedra fundamental para
que todos os profissionais fisioterapeutas atuantes nessa área se filiassem à Associa-
ção, visando o desenvolvimento de técnicas, pesquisas científicas e culturais em prol
da excelência na prestação de serviços fisioterapêuticos.

DICAS

A ABRAFITO possui um site oficiial em que essas e outras informações podem


ser acessadas através do endereço eletrônico: http://www.abrafitobr.com.br/abrafito.

Uma área intimamente relacionada à Ortopedia é a Traumatologia, a qual é


responsável pela reabilitação de todos os traumas sofridos, seja em situações ligadas
ao trabalho como os acidentes de trabalho, seja no trânsito, nos afazares domésticos
ou mesmo no lazer e no desporto.

O grande desafio da Traumatologia quando se fala em acidentes de trânsito,


ultrapassa o atendimento clínico e nos leva a refletir sobre o tema como um outro
grande problema de saúde pública: os gastos emergenciais com esses pacientes como
o uso de placas, parafusos, pinos, órteses e próteses, fixadores externos, as interna-
ções, o acamamento, o afastamento das funções laborais, o auxílio doença junto ao
INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) e em muitos casos, as amputações e o
pedido de aposentadoria por invalidez. Destacam-se aqui:

• Fraturas e luxações.
• Rupturas ligamentares e meniscais.
• Lesões nervosas advindas de traumas ortopédicos, como as de plexo braquial
(lesões dos nervos que passam pelos membros superiores, ao nível da clavícula,
região axilar, região de cotovelo e punho), levando a interrupção do estímulo
nervoso, inativação muscular, alterações circulatórias e incapacidade funcional
de todo a parte do membro superior afetado.

97
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

• Esmagamento e compressão de partes moles e ou estruturas articulares, que


podem levar o paciente a entrar em choque, por conta de processos hemorrá-
gicos.

No campo da Reumatologia, o cuidado é voltado às doenças que afetam o


tecido conjuntivo e as articulações (e muitas dessas são chamadas de autoimunes).
Essas doenças podem atingir pacientes de todas as idades e apresentar as mais
diversas causas.

As doenças reumatoides promovem inflamações, agudas ou crônicas, em


um ou mais componentes da articulação. Esse processo inflamatório consiste em
um mecanismo de defesa do próprio organismo. Muitas vezes, no entanto, provoca
desequilíbrios no sistema imunológico, causando problemas autoimunes e, conse-
quentemente, repercussões em vários sistemas corporais, além dos sistemas osteo-
muscular e articular, como é o caso da espondilite anquilosante, artrite reumatóide,
gota úrica e lúpus eritematoso sistêmico, entre outras (CARVALHO et al., 2014).

2.1.1 Avaliação em Traumato Ortopedia e Reumatologia


É competência do fisioterapeuta elaborar o diagnóstico fisioterapêutico
compreendido como avaliação físico funcional, sendo esta um proces-
so pelo qual, através de metodologias e técnicas fisioterapêuticas, são
analisados e estudados desvios físico-funcionais intercorrentes, na sua
estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de detectar e para-
metrar as alterações apresentadas, considerando os desvios de grau de
normalidade para os de anormalidade; prescrever, baseado no consta-
tado na avaliação físico-funcional as técnicas próprias da Fisioterapia,
qualificando-as e quantificando-as; dar ordenação ao processo terapêu-
tico baseando-se nas técnicas fisioterapêuticas indicadas; induzir o pro-
cesso terapêutico no paciente; dar altas nos serviços de Fisioterapia, uti-
lizando o critério de reavaliações sucessivas que demonstrem não haver
alterações que indiquem necessidades de continuidade destas práticas
terapêuticas (COFFITO, 1987 apud GAVA, 2004, p. 138 -139).

A avaliação é fundamental, uma vez que é a partir dos dados coletados que
se pode pensar no tratamento fisioterapêutico. A avaliação pode ser dividida em três
partes: a coleta de dados do paciente, que incluem a queixa principal, história da
doença, antecedentes pessoais e familiares, utilização ou não de medicação, órteses e
próteses e o nível de dor; exame físico, composto por inspeção, palpação, perimetria,
goniometria e testes específicos; e os exames complementares (CARVALHO et al.,
2014).

98
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 5 – ETAPAS DA AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA

FONTE: <http://bit.ly/2saCZlX>. Acesso em: 30 ago. 2019.

Ainda de acordo com as citações de Carvalho et al. (2014), qualquer que seja
o distúrbio, seja ele ortopédico, traumatológico ou reumático, haverá alteração da
postura do corpo no espaço. Isso ocorre devido ao quadro de hipotrofia muscular,
levando à diminuição da força, o que gera por consequência, uma postura débil, com
sobrecarga mecânica. Nesse sentido, faz-se necessário o diagnóstico cinético funcio-
nal, verificando-se:

• presença de cicatrizes, edema e vermelhidão (inspeção);


• verificação do tônus muscular, presença de pontos de tensão;
• goniometria, na qual se avalia o grau de mobilidade de cada segmento corporal;
• testes de força muscular e de comprimento muscular;
• análise da marcha, de forma dinâmica.

99
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 6 – AVALIAÇÃO GONIOMÉTRICA DA PLANTI FLEXÃO DO PÉ

FONTE: <http://bit.ly/2rkE9dO>. Acesso em: 30 ago. 2019.

QUADRO 1 – ESCALA DE MENSURAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR MRC (MEDICAL RESEARCH


COUNCIL)
 Anexo 1. Escala de Avaliação da Força muscular (MRC-Medical Research Council)²⁰.

0 Não se percebe nenhuma contração.


1 Traço de contração, sem produção de movimento
2 Cotnração fraca, produzindo movimento com a eliminação da gravidade
3 Realiza movimento contra a gravidade, porém sem resistência adicional
4 Realiza movimento contra a resistência externa moderada e gravidade
5 É capaz de superar maior quantidade de resistência que o nível anterior

FONTE: <https://docplayer.com.br/88108796-Livro-eletronico-aula-00-fisioterapia-respiratoria-e-
uti-p-pm-mg-fisioterapia.html>. Acesso em: 30 de ago. 2019.

100
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 7 – PERIMETRIA

FONTE: <https://docplayer.com.br/11635003-Aula-3-perimetria-dobras-cutaneas-e-protocolos.
html>. Acesso em: 30 ago. 2019.

FIGURA 8 – TESTE ESPECIAL DE DISCREPÂNCIA DE MEMBROS

FONTE:<https://docplayer.com.br/docs-images/40/2458890/images/page_18.jpg>. Acesso em:


30 ago. 2019.

101
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 9 – TESTE ESPECIAL DE OMBRO

A – Procedimento = Teste de Neer


B – Procedimento = Teste de Hawkins
Condição Detectada = Ruptura ou Impacto do Manguito Rotador do Ombro

FONTE: <http://bit.ly/2XDkRfR>. Acesso em: 30 ago. 2019.

FIGURA 10 – ANÁLISE DAS FASES DA MARCHA

Contato Resposta Apoio Apoio Pré- Balanço Balanço Balanço


Inicial à Carga Médico Terminal Balanço Inicial Médio Terminal

FONTE: <http://bit.ly/2OadJVm>. Acesso em: 30 ago. 2019.

2.2 RECURSOS TERAPÊUTICOS UTILIZADOS EM TRAUMATO


ORTOPEDIA E REUMATOLOGIA
De acordo com Carvalho et al. (2014), o tratamento fisioterapêutico pode
ser dividido segundo o modelo de Poterfield e de Rosa, que seria uma forma di-
dática de reabilitação, cujas fases são:

• Proteção máxima: importante quadro álgico, perda ou diminuição da mobilidade


e da força muscular, com consequente alteração da capacidade funcional e laboral.

102
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

• Proteção moderada: o foco do tratamento é o ganho/restauração da mobilidade


articular, já que o quadro álgico não se encontra exacerbado como na fase anterior,
a partir do entendimento que para ganhar ADM (amplitude de movimento arti-
cular), é preciso melhora da mobilidade e da flexibilidade, articular e muscular,
respectivamente.
• Proteção mínima: essa fase é iniciada apenas quando o paciente apresenta ADM
normal ou próxima do normal e a ênfase agora, é o reestabelecimento da força
muscular.
• Liberação: caracterizada pelo treino gestual das AVD´s (atividades de vida diária),
com enfoque no retorno físico e funcional do paciente.

Quando se entende as fases da lesão e seus objetivos, pode-se escolher de


forma mais coerente os recursos terapêuticos mais apropriados.

GAVA (2014), nos traz a informação de que nas doenças ortopédicas, o trata-
mento fisioterapêutico pode incluir utilização de recursos eletrotermofototerápicos,
os quais promovem reações físicas, biológicas e químicas nos tecidos. Essas reações
levam a uma diminuição do quadro álgico e do processo inflamatório. Sendo assim,
dentre os recursos terapêuticos mais utilizados na Fisioterapia em Ortopedia e Trau-
matologia, destacam-se:

• Estimulação nervosa transcutânea (TENS).


• Ultrassom terapêutico.
• Laser.
• Crioterapia.

a) TENS

“TENS é uma corrente que produz pulsos elétricos com frequência de até 200
Hz capaz de influenciar processos de neurocondução da dor e seu mecanismo fisio-
lógico de analgesia depende da modulação da corrente aplicada à região afetada”
(RUSHTON, 2002 apud MACIEL et al. 2014, p. 250).

“[...] a corrente elétrica ativa as fibras nervosas Aβ aferentes, que são mielini-
zadas, de grosso calibre e de condução rápida, inibindo na medula a passagem dos
estímulos dolorosos conduzidos pelas fibras Aδ e C, ambas de pequenos diâmetros,
não mielinizadas e de condução lenta” (MELZACK; WALL, 1965 apud MACIEL et al.
2014, p. 250).

b) Ultrassom

“O Ultrassom teve sua descoberta em 1880, quando o casal Pierre e Marie


Curie descobriu o efeito piezoelétrico através da aplicação de uma corrente elétrica
senoidal sobre um cristal de quartzo colocado entre duas placas metálicas” (FREITAS
et al. 2007 apud FREITAS; FREITAS; STRECK, 2011, p. 89).

103
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Na Fisioterapia, a terapia ultrassônica é definida pelas os-


cilações de ondas cinéticas ou mecânicas produzidas pelo trans-
dutor vibratório, que aplicado sobre a pele atravessa e penetra no
organismo em diferentes profundidades, dependendo da frequ-
ência, que varia de 0,75 a 3,0 MHz, sendo utilizado no tratamento
de pequenas lesões musculares, acelerando o processo de cicatri-
zação muscular e epitelial (HAAR, 2007, apud FREITAS; FREITAS;
STRECK, 2011, p. 90).

c) Laser

“A sigla LASER possui sua origem na língua inglesa, abreviando light am-
plification by stimulated emission of radiation” (SALCIDO, 2007 apud ANDRADE;
CLARCK; FERREIRA, 2014, p.129, grifo nosso).

Os lasers são classificados em alta e baixa potência. Os primeiros geral-


mente aplicados para a remoção, corte e coagulação de tecidos, enquan-
to que os lasers de baixa potência são mais comumente aplicados em
processos de reparação tecidual, tais como traumatismos musculares,
articulares, nervosos, ósseos e cutâneos (BARRETO, 2010 apud ANDRA-
DE; CLARCK; FERREIRA, 2014, p. 130).

A terapia com laser tem sido administrada com o objetivo de promover


melhor resolução de processos inflamatórios, redução da dor, evitar a
ocorrência de edema, bem como, preservar tecidos e nervos adjacentes ao
local da injúria. Tais efeitos podem ser alcançados através de comprimen-
tos de onda entre 600 e 1000nm e potências de 1mW a 5W/cm (HUANG,
2009 apud ANDRADE; CLARCK; FERREIRA, 2014, p. 130).

d) Crioterapia

A crioterapia, o uso do frio como uma modalidade benéfica, é talvez a


mais simples e mais antiga modalidade terapêutica no tratamento de le-
sões agudas de tecidos moles e possui indicação no tratamento de lesões
musculoesqueléticas. Propõem-se que, diminuindo a temperatura do te-
cido, o gelo pode diminuir a dor, a condução nervosa, o metabolismo e o
espasmo muscular, minimizar o processo inflamatório, a lesão por hipó-
xia e a liberação de mediadores inflamatórios e, conseqüentemente, ajuda
na recuperação do tecido após trauma, além de reduzir o consumo de
medicamentos (SILVA et al. 2007 apud MOREIRA et al. 2011, p. 80).

Podem estar indicadas ainda a Terapia Manual, com as técnicas de Pompa-


gem e de compressão isquêmica para liberar pontos tensionais e a Drenagem linfática
manual nas situações de edema e de congestão do sistema linfático. Posteriormente,
mobilizações, manipulações e cinesioterapia (exercícios de fortalecimento e de alon-
gamento, propriocepção).

Em relação aos pacientes reumatológicos, a finalidade do tratamento é a de


controlar o processo instalado e evitar a piora progressiva do quadro, tendo em vista
que se trata de doenças crônico degenerativas, que têm como característica a instala-
ção progressiva e insidiosa.

104
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

Muitas vezes o paciente procura tratamento quando os sintomas já vêm interfe-


rindo a algum tempo na rotina de vida e não no início. Quando se fala em reumatismo,
há uma distância entre o surgimento do sintoma, as manifestações clínicas e a confir-
mação diagnóstica. Então, quando o paciente vem em busca do tratamento, muitas
vezes, com deformidades já instaladas, não é possível a remissão completa do quadro
clínico. O tratamento aqui seguirá a mesma sequência de eventos como dentro da área
de Ortopedia e Traumatologia, porém o que se deve ter em mente, é um cuidado ainda
maior na escolha dos recursos, tendo em vista que se trata de uma doença crônica de-
generativa. O foco deve ser sempre a melhora da sintomalogia clínica e da qualidade de
vida do paciente, permitindo que o mesmo consiga se gerir nas AVD´s dentro de suas
limitações já estabelecidas.

2.3 FISIOTERAPIA EM NEUROLOGIA


A Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional — ABRAFIN — foi
fundada em 16 de outubro de 2009, durante o XVIII Congresso Brasileiro de Fisio-
terapia na cidade do Rio de Janeiro. É uma entidade sem fins lucrativos, destinada
a divulgar o conhecimento científico e a integrar os fisioterapeutas com atuação
especializada na área Neurofuncional. De acordo com as informações contidas no
site oficial, a associação:

[...] conduz suas ações com idoneidade, mantendo-se afastada de possí-


veis conflitos de interesse. Por causa disso, esta Associação não faz apo-
logia a métodos, não recomenda cursos nem serviços, limitando-se a ins-
trumentalizar os que a procuram a escolher cursos, serviços e métodos de
acordo com a legislação brasileira e levando em conta o maior nível de
evidência científica existente (ABRAFIN, 2018, s.p.).

Antes de falarmos sobre a especialidade e a aplicabilidade da Fisioterapia


na área de Neurofuncional, é preciso entender um pouco sobre o que é o Sistema
Nervoso, sua função e como ele pode ser afetado.

O tecido nervoso encontra-se distribuído pelo organismo, mas está in-


terligado, resultando no sistema nervoso. Forma órgãos como o encéfa-
lo e a medula espinal, que compõem o sistema nervoso central (SNC).
O tecido nervoso localizado além do sistema nervoso central é denomi-
nado sistema nervoso periférico (SNP) e é constituído por aglomerados
de neurônios, os gânglios nervosos, e por feixes de prolongamentos dos
neurônios, os nervos (MONTANARI, 2016, p. 85).

105
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 11 – ESQUEMATIZAÇÃO DO TECIDO NERVOSO E DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO EM


SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO (SNP)

FONTE: <http://bit.ly/34oFqPG>. Acesso em: 30 ago. 2019.

Girolami et al. (1996 apud CARVALHO et al., 2014) cita que o Sistema Ner-
voso exerce funções únicas, as quais produzem respostas às lesões e que as doenças
neurológicas têm diversas causas, podendo ocorrer em qualquer momento da vida
do paciente, seja durante a gestação, no parto, na infância e mesmo de forma tardia.

A avaliação fisioterapêutica do paciente neurológico é imprescindível para


que se estabeleça o melhor plano de tratamento. O fisioterapeuta deve compreender
a fisiopatologia da doença e os mecanismos das lesões e estar apto a examinar as
funções mais importantes. Deve-se deixar o paciente à vontade para participar ativa-
mente da anamnese e não induzir suas respostas. Após a avaliação dessas funções, “o
fisioterapeuta é capaz de definir o diagnóstico físico-funcional do paciente e estabe-
lecer o termo apropriado que identifique a distribuição das principais alterações das
funções musculares observadas” (CARVALHO et al., 2014, p. 51-52).

Segundo informações encontradas no site da Associação Brasileira para o De-


senvolvimento e Divulgação do Conceito Neuroevolutivo Bobath — ABRADIMENE
—, o Conceito de Tratamento Neuroevolutivo Bobath se refere a uma abordagem
interdisciplinar, cuja proposta é o manuseio do paciente neurológico baseado na aná-
lise do movimento.

O site (ABRADIMENE, 2019) aborda que o Conceito Neuroevolutivo Boba-


th é voltado ao tratamento dos distúrbios do SNC (Sistema Nervoso Central), com
alteração das funções sensoriais, perceptivas e cognitivas e foi criado e desenvolvido
no início dos anos 1940 pelo casal que trabalhavam em Londres: Dr. Karel Bobath,
psiquiatra e neurofisiologista e Berta Busse Bobath, fisioterapeuta. Em 1965, a fisio-
terapeuta Berta Bobath publicou seu primeiro livro intitulado Atividade postural refle-
xa anormal causada por lesões cerebrais. O casal descreve o tratamento e sua aplicação
como sendo um conceito de vida, como uma forma de lidar com o problema.
106
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 12 – CASAL KAREL E BERTA QUE CRIOU E DESENVOLVEU O CONCEITO


NEUROEVOLUTIVO BOBATH

FONTE: <http://bit.ly/2qMLiUz>. Acesso em: 30 ago. 2019.

O Conceito Neuroevolutivo Bobath, desenvolvido pelo casal, é praticado


no mundo inteiro desde 1950 e desde então, vem evoluindo e se aprimorando. Um
exemplo disso são os estudos desenvolvidos em crianças jovens e bebês, através da
fisioterapeuta Mary Quinton e da Dra. Eda Köng, neuropediatra, de Berna, na Suiça.

Ainda, de acordo com o site (ABRADIMENE, 2019), a avaliação do paciente


assim como a intervenção terapêutica, provém do conhecimento do desenvolvimen-
to motor normal e atipias, definidas como padrões alterados de movimento e de tô-
nus muscular, utilizando como ponto de partida a análise do controle postural e do
movimento, além da interação do paciente em seu meio familiar e social. O manuseio
por parte do fisioterapeuta durante toda a avaliação e intervenção terapêutica, atra-
vés de uma dinâmica recíproca entre paciente e examinador, permite uma ativação
adequada do sistema sensório motor, uma melhora do desempenho da atividade e a
aquisição de habilidades motoras, otimizando as funções do paciente.

107
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 13 – MARY QUINTON UTILIZANDO O CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH EM


MANUSEIO COM PACIENTE INFANTIL

FONTE: <http://bit.ly/2XOF42r>. Acesso em: 30 ago. 2019.

2.3.1 Escalas de Avaliação Neurofuncional



Como em qualquer área da Fisioterapia, instrumentos avaliativos são uti-
lizados no sentido de mensurar a funcionalidade do paciente. Dentro da Fisio-
terapia Neurofuncional existem escalas que podem ser utilizadas para avaliar a
comunicação, a cognição, os deficits físicos e as AVD´s (atividades de vida diária).
A seguir, tem-se algumas dessas escalas em Neurofuncional.

a) CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

A OMS — Organização Mundial de Saúde —, desenvolveu essa escala


para avaliar e descrever a deficiência, a saúde e a qualidade de vida do paciente.
Essa escala permite identificar, a partir do conceito de função dos órgãos, siste-
mas e estruturas corporais, a limitação das atividades e a participação social no
108
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

ambiente em que o indivíduo está inserido, verificando o que “ele consegue ou


não fazer em sua vida diária”.

Através de consulta ao site, a Classificação Internacional de Funcionalida-


de (CIF), Incapacidade e Saúde, conhecida como CIF, tem a finalidade de descre-
ver a saúde e o estado relacionado à saúde, através de uma linguagem unificada
e padronizada. Essa classificação define os componentes da saúde e alguns outros
componentes relacionados à saúde, tais como educação e trabalho. Seus domí-
nios são descritos com base na perspectiva do corpo, do indivíduo e da sociedade
em duas listas básicas:

• Funções e estruturas do corpo.


• Atividades e participação.

Atuando como uma classificação, a CIF reúne, de forma sistemática, o que


uma pessoa portadora de uma doença ou transtorno faz ou consegue fazer. O ter-
mo Funcionalidade abrange todas as funções do corpo, atividades e participação. De
forma similar, o termo incapacidade abrange limitação de atividades ou restrição na
participação delas. Nesse sentido, ela permite registrar perfis úteis da funcionalida-
de, incapacidade e saúde dos indivíduos em vários domínios. 

Todos os domínios classificados na ferramenta CIF (funções e estruturas do


corpo, atividades e participação e fatores ambientais) são quantificados através da
uma escala genérica. Um problema pode significar uma deficiência, limitação, res-
trição ou barreira, dependendo do construto. São fornecidas faixas de porcentagens
para aqueles casos nos quais os instrumentos de avaliação calibrados ou outros pa-
drões estão disponíveis para quantificar a deficiência, limitação de capacidade, pro-
blema de desempenho ou barreira. Um exemplo disso seria, "nenhum problema" ou
"problema completo", a codificação tem uma margem de erro de até 5%. "Problema
moderado" é definido como até a metade do tempo ou metade da escala de dificul-
dade total.

QUADRO 2 – CIF

FONTE: <http://www.pcd.mppr.mp.br/pagina-14.html>. Acesso em: 30 ago. 2019.

109
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

b) EMA - Escala Modificada de Ashworth

Utilizada em pacientes com aumento do tônus, como nos casos de hiper-


tonia espástica, é uma ferramenta graduada em valores de zero a quatro, sendo
zero quando não há alteração do tônus e quatro quando o segmento avaliado se
encontra em padrão rígido de flexão ou extensão.

Na sequência, é demonstrada a ferramenta, apresentando-se os graus e sua


classificação.

QUADRO 3 – EMA (ESCALA MODIFICADA DE ASHWORTH)

FONTE: <http://bit.ly/2XKDmz0>. Acesso em: 30 ago. 2019.

c) EEB – Escala de Equilíbrio de Berg

Esta ferramenta é utilizada para avaliar o equlíbrio durante o executar de


tarefas, como nas funções de transferência e de alcance, como nos casos de AVE (Aci-
dente vascular encefálico), Ataxias cerebelares e Parkinson. Apresenta quatorze do-
mínios, pontuados de zero a quatro, totalizando 56 pontos. Zero seria a graduação
voltada à necessidade máxima de assitência do paciente em executar a tarefa e quatro
a indepedência e segurança por parte do paciente na atividade. As atividades ou
tarefas citadas envolvem situações como deambular, transferir-se de posição e ficar
na posição em pé. A interpretação dos pontos é baseada no tempo (duração) em que
o paciente mantém a posição, no tempo em que ele precisa para completar a tarefa e
também na distância em que o membro superior alcança à frente do corpo. Se o score
(pontuação) for baixo, maior é o risco de queda do paciente.

110
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

TABELA 1 – ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG (EEB)

(4) capaz de levantar-se sem utilizar as mãos e estabili-


zar-se independentemente
(3) capaz de levantar-se independentemente utilizando
1) Posição sentada para posição em pé. as mãos
Instrução: Por favor, levante-se. Tente (2) capaz de levantar-se utilizando as mãos após diversas
não usar suas mãos para não se apoiar. tentativas
(1) necessita de ajuda mínima para levantar-se ou estabi-
lizar-se
(0) necessita de ajuda moderada ou máxima para levar-se
(4) capaz de permanecer em pé com segurança por 2
2) Permanecer em pé sem apoio. minutos
Instrução: Por favor, fique em pé por 2 (3) capaz de permanecer em pé por 2 minutos com
minutos sem se apoiar. supervisão
Se o paciente for capaz de permanecer (2) capaz de permanecer em pé por 3 segundos
em pé por 2 minutos sem apoio, dê o sem apoio
número total de pontos o item Nº 3. (1) necessita de várias tentativas para permanecer
Continue com o item Nº 4. em pé por 30 segundos sem apoio
(0) incapaz de permanecer em pé por 30 segundos
sem apoio
(4) capaz de permanecer sentado com segurança e com
3) Permanecer sentado sem apoio nas firmeza por 2 minutos
costas, mas com os pés apoiados no chão (3) capaz de permanecer sentado por 2 minutos sob
ou num banquinho. supervisão
Instrução: Por favor, fique sentado sem (2) capaz de permanecer sentado por 30 segundos
apoiar as costas com os braços cruzados (1) capaz de permanecer sentado por 10 segundos
por 2 minutos. (0) incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10
segundos
(4) senta-se com segurança com uso mínimo das mãos
(3) controla a descida utilizando as mãos
(2) utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira
4) Posição em pé para posição sentada.
para controlar a descida
Instrução: Por favor, sente-se.
(1) senta-se independentemente, mas tem descida sem
controle
(0) necessita de ajuda para sentar-se
(4) capaz de transferir-se com segurança com uso
5) Transferências mínimo das mãos
Intruções: Arrume as cadeiras perpendi- (3) capaz de transferir-se com segurança com o uso das
cularmente ou uma de frente para a ou- mãos
tra para uma transferência em pivô. Peça (2) capaz de transferir-se seguindo orientações verbais
ao paciente para transferir-se de uma e/ou supervisão
cadeira com apoio de braço para uma (1) necessita de uma pessoa para ajudar
cadeira sem apoio de braço, e vice-versa. (0) necessita de duas pessoas para ajudar ou supervi-
sionar para realizar a tarefa com segurança

111
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

(4) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com


segurança
6) Permanecer em pé sem apoio com os (3) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com
olhos fechados. supervisão
Instrução: Por favor, fique em pé e feche (2) capaz de permanecer em pé por 3 segundos
os olhos por 10 segundos. (1) incapaz de permanecer com os olhos fechados duran-
te 3 segundos, mas mantém-se em pé
(0) necessita de ajuda para não cair

(4) capaz de posicionar os pés juntos independen-


temente e permanecer por 1 minuto com segurança
(3) capaz de posicionar os pés juntos independente-
mente e permanecer por 1 minuto com supervisão
7) Permanecer em pé sem apoio com os (2) capaz de posicionar os pés juntos indepen-
pés juntos. dentemente e permanecer por 3 segundos
Instrução: Junte seus pés e fique em pé (1) necessita de ajuda para posicionar-se, mas é
sem se apoiar. capaz de permanecer com os pés juntos durante
15 segundos
(0) necessita de ajuda para posicionar-se e é in-
capaz de permanecer nessa posição por 15 se-
gundos

(4) pode avançar a frente > 25 cm com segurança


8) Alcançar a frente com o braço
(3) pode avançar a frente > 12,5 cm com segurança
estendido permanecendo em pé.
(2) pode avançar a frente > 5 cm com segurança
Instrução: Levante o braço 90º. Estique
(1) pode avançar a frente mas necessita de supervisão
os dedos e tente alcançar a frente o mais
(0) perde o equilíbrio na tentativa, ou necessita de apoio
longe possível.
externo

(4) capaz de pegar o chinelo com facilidade e segurança


(3) capaz de pegar o chinelo, mas necessita de supervisão
9) Pegar um objeto do chão a partir de (2) incapaz de pegá-lo, mas se estica até ficar a 2-5 cm do
uma posição em pé. chinelo e mantém o equilíbrio independentemente
Instruções: Pegue o sapato/chinelo que (1) incapaz de pegá-lo, necessitando de supervisão enquan-
está na frente dos seus pés. to está tentando
(0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não per-
der o equilíbrio ou cair
(4) olha para trás de ambos os lados com uma boa
distribuição do peso
(3) olha para trás somente de um lado, o lado contrário
10)Virar-se e olhar para trás por cima dos demonstra menor do peso
ombros direito e esquerdo enquanto per- (2) vira somente para os lados, mas mantém o equilí-
manece em pé. brio
(1) necessita de supervisão para virar
(0) necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou
cair
(4) capaz de girar 360 graus com segurança em 4
11) Girar 360 graus. segundos ou menos
Instrução: Gire-se completamente ao re- (3) capaz de girar 360 graus com segurança somente
dor de si mesmo. Pausa. Gire-se comple- para um lado com 4 segundos ou menos
tamente ao redor de si mesmo em sentido (2) capaz de girar 360 graus com segurança, mas
contrário. lentamente
(1) necessita de supervisão próxima ou orientação

112
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

(4) capaz de permanecer em pé independentemente


12) Posicionar os pés alternadamente no e com segurança, completando 8 movimentos em 20
degrau ou banquinho enquanto permane- segundos
ce em pé sem apoio. (3) capaz de permanecer em pé independentemente e
Instrução: Toque cada pé alternadamente completar 8 movimentos em > 20 segundos
no degrau/banquinho. Continue até que (2) capaz de completar 4 movimentos sem ajuda
cada pé tenha tocado o degrau/banquinho (1) capaz de completar > 2 movimentos com o mínimo de
quatro vezes. ajuda
(0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair
(4) capaz de colocar um pé imediatamente à frente do ou-
tro, independentemente, e permanecer por 30 segundos
13) Permanecer em pé sem apoio com um (3) capaz de colocar um pé um pouco mais à frente do
pé na frente. outro e levemente para o lado, independentemente, e
Instrução: Coloque um pé diretamente à permanecer por 30 segundos
frente do outro na mesma linha, se você (2) capaz de dar um pequeno passo, independentemente,
achar que não irá conseguir, coloque o pé e permanecer por 30 segundos
um pouco mais à frente do outro pé e le- (1) necessita de ajuda para dar o passo, porém permane-
vemente para o lado. ce por 15 segundos
(0) perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de

(4) capaz de levantar uma perna independentemente e
permanecer por > 10 segundos
(3) capaz de levantar uma perna independentemente e
permanecer por 5-10 segundos
14) Permanecer em pé sobre uma perna.
(2) capaz de levantar uma perna independentemente e
Instrução: Fique em pé sobre uma perna
permanecer por > 3 segundos
o máximo que você puder sem segurar.
(1) tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permane-
cer por 3 segundos, embora permaneça em pé indepen-
dentemente
(0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair

FONTE: <http://www.scielo.br/img/revistas/rbme/v14n2/01t1.gif>. Acesso em: 31 ago. 2019.

d) Escala do Rancho dos Amigos

Para pacientes que tiveram TCE (Traumatismo Crânio Encefálico), a ferra-


menta determina o estado comportamental e cognitivo, o que permite o acompa-
nhamento e o direcionamento ao planejamento fisioterapêutico. Através de dez
domínios, constituído por fases como: despertar, adequar e reorganizar, é possível
estabelecer qual a situação em que o paciente se encontra, sempre levando em consi-
deração a gravidade, o local e o tempo da lesão. A seguir, a escala será demonstrada.

2.3.2 Abordagens terapêuticas em Fisioterapia Neurofuncional


Carvalho et al. (2014), comenta que algumas técnicas específicas dentro da
Fisioterapia Neurofuncional, voltadas à estimulação da função, à facilitação de movi-
mentos, ao favorecimento da flexibilidade e ao fortalecimento muscular, bem como a
uma maior independência, podem ser utilizadas. Dentro desse contexto, cita:

a) FNP – Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva

113
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Essa técnica, também conhecida como diagonais de Kabat, se refere à uti-


lização de movimentos em espiral e em diagonais, no plano sagital, em que ocor-
rem a flexão e a extensão, no frontal em que a abdução e adução são permitidas
e no plano transversal em que ocorrem as rotações. A seguir, a demonstração da
realização da técnica.

FIGURA 14 – FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (FNP) PARA MEMBROS


SUPERIORES

FONTE: <http://bit.ly/2QYwEnU>. Acesso em: 31 ago. 2019.

FIGURA 15 – FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (FNP) PARA MEMBROS


INFERIORES

FONTE: <http://bit.ly/2QYwEnU>. Acesso em: 31 ago. 2019.

Através de consulta realizada nas Bases do Método Kabat (19--), encontrou-se


que além dos movimentos em diagonais e em espiral (padrões de facilitação), nos
planos sagital, frontal e transversal, são utilizados estímulos proprioceptivos, visuais
e auditivos, comandos verbais, contato manual, máxima resistência, sequência e rit-
mo de movimento.

b) Conceito Neuroevolutivo Bobath

114
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

Conforme mencionado em outro momento desta unidade, o casal Karel e


Berta Bobath foi quem desenvolveu o Conceito, sendo muito mais que um méto-
do para tratar crianças com limitações funcionais advindas de paralisia cerebral
e adultos com sequelas decorrentes de AVE (Acidente Vascular Encefálico) e TCE
(Traumatismo Crânio Encefálico).

A partir da avaliação e da percepção da postura e do movimento, o con-


ceito tem a finalidade de verficar como é o desempenho do paciente para então,
facilitar a função.

O Conceito Neuroevolutivo Bobath tem como base o controle e a aprendi-


zagem motora, aplicados aos padrões de movimentos típicos e atípicos, utilizan-
do-se informações sensoriais e proprioceptivas através do manuseio (toque) do
terapeuta ativando grupos musculares específicos do paciente.

Na sequência, uma demonstração da técnica.

FIGURA 16 - CONCEITO NEUROEVOLUTIVO BOBATH

FONTE: <http://bit.ly/2XW3R4S>. Acesso em: 31 ago. 2019.

c) Mobilização neural

Através de movimentos oscilatórios ou mantidos de forma breve, os mes-


mos servem para restaurar a função do Sistema Nervoso, no quesito elasticidade e
mobilidade.

Partindo do princípio de que o Sistema Nervoso atua de forma integrada,


única, contínua, mecânica, elétrica e química, entende-se que qualquer distúrbio na
transmissão de força e de movimento, ocasionará mudanças corporais e irá afetar
os padrões de movimento. Isso ocorre porque quem distribui essas forças e emite
a transmissão do movimento, são os envoltórios conjuntivos das células nervosas,
respectivamente, as Células de Schawnn e os Neurônios, sem esquecer é claro, da
bainha de mielina, a qual acelera a velocidade de condução do estímulo nervoso.
115
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 17 – SISTEMA NERVOSO E MOBILIZAÇÃO NEURAL

FONTE: <http://bit.ly/37N2ytq>. Acesso em: 31 ago. 2019.

A contraindicação da técnica será para condições neurológicas malignas, in-


feccções do Sistema Nervoso, inflamações agudas, quadros neurológicos apresentan-
do instabilidade, alterações de controle urinário e fecal relacionados à medula.

Testes de tensão básicos são utilizados dentro do contexto de Mobilização


Neural, entre eles: nervo mediano, nervo radial, flexão passiva da cabeça, elevação da
perna estendida, inclinação anterior de tronco e flexão de joelho, alguns desses tam-
bém utilizados nas rotinas clínicas de radiculopatias (compressão de raiz nervosa) e
hérnias discais. A seguir, são apresentados alguns dos testes de tensão básica.

FIGURA 18 – TESTE DE TENSÃO BÁSICA EM MOBILIZAÇÃO NEURAL PARA NERVO MEDIANO

FONTE: <http://bit.ly/37N2ytq>. Acesso em: 31 ago. 2019.

116
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 19 – TESTE DE TENSÃO BÁSICA EM MOBILIZAÇÃO NEURAL PARA NERVO MEDIANO (A)
E PARA NERVO RADIAL (B)

FONTE: <http://bit.ly/37N2ytq>. Acesso em: 31 ago. 2019.

2.4 FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA


Em 1998, o COFFITO — Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupa-
cional — reconhece a especialidade denominada fisioterapia pneumofuncional, a
qual teve seu nome modificado para fisioterapia respiratória a partir da Resolução
318, de 30 de agosto de 2006, após intenso trabalho da Associação Brasileira de Fi-
sioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva — ASSOBRAFIR
(CARVALHO et al., 2014).

Através de consulta no site da ASSOBRAFIR (2019) percebe-se que a fisiote-


rapia respiratória teve uma crescente valorização nos anos 80, em função da evolução
técnico-científica. O campo de atuação profissional, nessa época, se diferenciava e
expandia cada vez mais nos atendimentos ambulatoriais em clínicas e em centros de
reabilitação de forma gradativa, foi sendo implantado no âmbito hospitalar.

A intervenção feita pelo fisioterapeuta respiratório pode ser realizada em


condições de afecções cardiorrespiratórias, através de técnicas que visam:

• Manter e restaurar o volume e a capacidade pulmonar, utilizando-se manobras


de expansão pulmonar.
• Remover secreções, através de manobras de higiene brônquica.
• Melhorar a força muscular ventilatória, através do treino muscular inspiratório.
• Melhorar a capacidade funcional, dentro de programas de reabilitação cardior-
respiratória.

117
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Dentre dos benefícios clínicos, destacam-se a melhora das trocas gasosas,


a diminuição do trabalho/gasto energético muscular ventilatório, otimização da
mecânica respiratória, assim como da força e resistência dos músculos respirató-
rios e melhora da qualidade de vida do paciente.

FIGURA 20 – RESPIRON

FONTE: <http://bit.ly/2R4mzG6>. Acesso em: 31 ago. 2019.

FIGURA 21 – VOLDYNE

FONTE: <http://bit.ly/2RdXIjh>. Acesso em 31 de agosto de 2019.

a) a EPAP, que seria a utilização de pressão expiratória positiva, através de uma


interface bucal ou máscara, em que uma válvula expiratória com resistência
ajustável (PEEP), auxilia no recrutamento de unidades alveolares;

118
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 22 – EPAP

FONTE: <http://bit.ly/37LrHoh>. Acesso em: 31 ago. 2019.

b) a CPAP, que seria a utilização de um mesmo nível de pressão positiva nas duas
fases do ciclo ventilatório: inspiração e expiração, através de sistemas geradores
de fluxo.

FIGURA 23 – CPAP

FONTE: < http://bit.ly/34zL7dM>. Acesso em: 31 ago. 2019.

Em relação às técnicas de remoção de secreção, estas são empregadas devi-


do às muitas patologias respiratórias promoverem aumento da produção de secre-
ção, bem como modificar sua viscosidade. Isso ocorre muito comumente nos casos
de bronquite crônica, asma brônquica, bronquiectasia, fibrose cística, entre outras.
Essas alterações, somadas ao fato dos mecanismos de proteção das vias aéreas es-
tarem deficientes, geram complicações pulmonares. Essas técnicas são imprescin-
díveis na melhora da mecânica respiratória e das trocas gasosas. Pode-se destacar
as técnicas denominadas:

a) Huff: é a simulação do mecanismo reflexo de tosse, sendo feita com a glote aberta
e para tal execução, sugere-se o uso de um bocal para facilitar o entendimento do
paciente na correta realização da ténica.

b) ETGOL: expiração lenta e total com a glote aberta em infralateral, é uma técnica
ativa assistida em que o paciente é colocado em posição de decúbito lateral, rea-
lizando expirações lentas com a glote aberta. A cada expiração do paciente, o fi-
sioterapeuta realiza uma pressão abdominal infra lateral e apóia a região inferior
do hemitorax contralateral.

119
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 24 – POSICIONAMENTO E MANOBRA ETGOL

FONTE: <https://i.ytimg.com/vi/l3B6YYie7Mc/maxresdefault.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2019.

c) OOAF: oscilação oral de alta frequência, refere-se à utilização de dispositivos


que melhoram o efeito trixotrópico do muco (menos viscoso) e a ventilação
contralateral. Exemplos de dispositivos destacam-se o flutter, o shaker e o aca-
pella. Os dois primeiros em especial, apresentam a particularidade de a frequ-
ência de oscilação ser influenciada pelo ângulo de inclinação do dispositivo, o
que não ocorre com o acapella, por exemplo.

FIGURA 25 – SHAKER, FLUTTER E ACAPELLA

FONTE: <http://bit.ly/2R2JeCt>. Acesso em: 31 ago. 2019.

120
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

d) Treinamento muscular inspiratório: a avaliação feita por manovacuometria, da


função muscular ventilatória, ocorre em função dos músculos respiratórios, após
período prolongado de ventilação mecânica ou mesmo na presença de DPOC
(Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e de uso prolongado de medicamentos.
O treino muscular pode ser feito utilizando-se dispositivos geradores de carga
linear, através de molas, ou por carga alinear em que há orifícios. Os geradores
de carga linear trabalham com cargas constantes ao passo que os de carga alinear
variam com o fluxo inspiratório e o tamanho do orifício utilizado. O threshold é
um exemplo de dispositivo para treino muscular com carga linear.

FIGURA 26 – THRESHOLD

FONTE: <http://bit.ly/2Dw9QUo>. Acesso em: 31 ago. 2019.

FIGURA 27 – MANOVACUOMETRO

FONTE: <http://bit.ly/35G1Iga>. Acesso em: 31 ago. 2019.

Quando o público alvo for pacientes portadores de pneumopatias, doenças


cardiovasculares, diabetes e doenças renais crônicas, a atuação do fisioterapeuta car-
diorrespiratório será na elaboração de programas de reabiltiação pulmonar, cardio-
vascular e metabólico. Este programa e aplicação de protocolos de exercícios físicos,
engloba os aeróbicos e os de treino de força muscular, incluindo a utilização de ca-
minhadas, bicicleta ergométrica, esteiras, halteres e faixas elásticas. Os objetivos são:

121
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

• Melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida do paciente.


• Otimizar o condicionamente aeróbico, reduzindo a sensação de dispnéia (falta
de ar) e do risco cardiovascular.
• Normalizar os níveis pressóricos e glicêmicos.

2.5 FISIOTERAPIA EM UROGINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA


O profissional especialista na área atua nas diversas patologias da saúde
da mulher, desde a fase da adolescência, passando pela fase adulta reprodutiva
ou não, no processo saúde-doença, além de estar inserido junto à equipe
interdisciplinar, em todos os níveis de atenção à saúde.

Consistem em exemplos de atuação: problemas como dor pélvica crônica,


incontinências urinária e fecal, disfunções sexuais, gestação, pós-parto e climatério,
sempre buscando a melhora da qualidade de vida das pacientes.

O fisioterapeuta que atua nessa área, ao especializar-se, pode contar com a


Associação Brasileira de Fisioterapia em Saúde da Mulher (ABRASFIM), cuja funda-
ção ocorreu em 2005, na cidade de São Paulo. Ao acessar a base de dados da ABRAS-
FIM (2013), no site oficial, é possível verificar que o papel da Associação, sem fins
lucrativos, junto à Saúde da Mulher, é:

• Promover a cooperação entre os fisioterapeutas que trabalham na


área, encorajando a promoção de saúde e à melhora na assistência fisio-
terapêutica prestada à Saúde da Mulher.
• Contribuir para definir o papel da Fisioterapia em Saúde da Mulher
no âmbito público e privado, além de difundir a atuação fisioterapêutica
junto à equipe de saúde e à comunidade, através de fóruns, debates,
campanhas, simpósios e congressos.
• Facilitar o aprimoramento da prática fisioterapêutica em Saúde da
Mulher através da troca de informações em nível nacional e internacio-
nal, incentivando a pesquisa científica, colaborando para o desenvolvi-
mento de novos conhecimentos na área de Saúde da Mulher.
• Colaborar para ampliação e preservação do mercado de trabalho do
fisioterapeuta na área de Saúde da Mulher (ABRASFIM, 2013, s.p.).

2.5.1 Atuação fisioterapêutica em Urologia e Ginecologia


A atuação da fisioterapia em uroginecologia consiste em prevenir e tratar
clinicamente, por meio de recursos e técnicas fisioterapêuticas, as disfunções mic-
cionais, fecais, sexuais e algias pélvicas femininas. Dentre as principais patologias
que o fisioterapeuta pode tratar nessa área podem ser citadas: incontinência uri-
nária de esforço, de urgência e mista, bexiga hiperativa, incontinência fecal, cons-
tipação por obstrução de saída, contração paradoxal puborretal e algias pélvicas
(CARVALHO et al., 2014, p.156).

122
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

Leite e Poças (2015 apud RIBEIRO et al., 2016) descrevem que a fisioterapia
uroginecológica é de extrema importância na prevenção de disfunções do assoa-
lho pélvico.

As disfunções urinárias, como um todo, são de extrema relevância para a


Área da Saúde por se tratarem de patologias que geram bastante constran-
gimento, apresentando graves complicações, sendo estas de caráter social,
ocupacionais, psicológicas, físicas (de saúde), sexuais e /ou econômicas
(STEPHENSON; O’CONNOR, 2004 apud RIBEIRO et al., 2016, p. 2).

2.5.2 O programa terapêutico


Para Carvalho et al. (2014), a conduta adotada depende do diagnóstico
clínico e cinético funcional e para tal, no exame físico, as ferramentas utilizadas
são: inspeção (visual), palpação, exames específicos do MAP (músculos do assoa-
lho pélvico), testes de verificação da qualidade de vida. Já as técnicas disponíveis
podem ser:

a) Eletroestimulação

Na década de 1970 trabalhos foram publicados dando conta de que uma


corrente interrompida de média frequência (2500 Hz) foi utilizada para
prover maior ganho de força muscular que aquela obtida através da con-
tração muscular voluntária. Esta forma de corrente foi denominada de
corrente russa e sua técnica terapêutica foi chamada de estimulação russa.
Tudo isso justificado pelo fato do seu uso ter sido investigado por um
pesquisador soviético chamado Yakov Kots (BORGES et al., 2007, p. 2).

DICAS

Veja mais informações sobre a eletroestimulação do assoalho pélvico no


endereço: https://www.einstein.br/estrutura/centro-incontinencia-doencas-assoalho-pelvico/
tratamentos/fisioterapia-incontinencia-urinaria-feminina.

A eletroestimulação do assoalho pélvico descritas são:

• A eletroestimulação é uma técnica utilizada na reabilitação do asso-


alho pélvico como forma de tratamento na incontinência urinária, po-
dendo ser realizada com eletrodos vaginais ou de superfície.
• A eletroestimulação intracavitária é realizada principalmente para
pacientes que não conseguem realizar a contração do assoalho pélvico e
tem como objetivo reestabelecer conexões neuromusculares e melhorar
a função das fibras musculares, com consequente melhora do mecanis-
mo de contração muscular, além de inibir as contrações involuntárias
do detrusor, diminuindo os números de micções, aumentando a capa-
cidade vesical (OLIVEIRA; NASCIMENTO, 2019, s.p.).
123
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

A escolha da frequência da corrente elétrica baseia-se no tipo de músculo. Os


músculos do assoalho pélvico (MAP) são compostos de unidades motoras de con-
tração lenta (70%) e contração rápida (30%), as quais costumam responder melhor às
frequências de 10 a 20 Hz e 30 a 60 Hz, respectivamente. A largura do pulso também
varia, geralmente, de 200 us a 1 ms. Não existe na literatura especializada concordân-
cia quanto a esses parâmetros. Entretanto, a imensa maioria dos trabalhos científicos
e publicações considera ideais os parâmetros supracitados (CARVALHO et al., 2014).

Uma pesquisa feita acerca da indicação e dos efeitos fisiológicos do recurso


terapêutico anteriormente citado, encontra-se em sites de empresas que revendem
produtos e equipamentos para fisioterapia, a seguinte descrição:

[...] equipamento destinado ao tratamento de distúrbios uroginecoló-


gicos e coloproctológicos através de técnicas de estimulação elétrica
transcutânea, transanal e transvaginal; [...] com a aplicação de estimu-
lação elétrica através de eletrodos de silicone condutivo ou de uma
sonda de teflon vaginal ou anal. Já no biofeedback manometricoperi-
neal têm-se orientações que relacionam a força de contração perineal
através da captação dos níveis de pressão de ar na parte interior da
sonda de látex vaginal ou anal (NEURODYN, 2019, s.p.).

FIGURA 28 – ELETROESTIMULAÇÃO ATRAVÉS DA CORRENTE RUSSA COM ELETRODOS DE


SILICONE CONDUTIVO

FONTE: <http://bit.ly/2sudUT2>. Acesso em: 31 ago. 2019.

b) Treinamento do MAP através da cinesioterapia

Carvalho et al. (2014), cita o ginecologista americano Dr. Arnold Kegel como
o inventor do método que leva o seu nome, no fortalecimento muscular. O ginecolo-
gista em questão, observou em sua prática clínica de consultório, que suas pacientes
após a gestação apresentavam incontinência urinária. Além de criar esse método de
exercícios do MAP, o ginecologista também inventou o perineomêtro, precussor do
biofeedback.

124
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

Os objetivos do método de Kegel incluem, além do fortalecimento mus-


cular:

• Diminuição do quadro álgico.


• Redução de edema.
• Estimulação da circulação.

É de extrema importância que o fisioterapeuta oriente o paciente que associe


a respiração com a contração da musculatura do MAP, durante a fase expiratória.

FIGURA 29 – DR. KEGEL, INVENTOR DO MÉTODO

FONTE: <http://bit.ly/35Nc0ve>. Acesso em: 31 ago. 2019.

FIGURA 30 – PONTE COMO EXERCÍCIO DE KEGEL NA MELHORA DA FORÇA MUSCULAR DO


MAP

FONTE: <http://bit.ly/2OvT4es>. Acesso em: 31 ago. 2019.

c) Biofeedback

A técnica é definida como o uso de sensores intravaginais ou perianais capa-


zes de captar a contração muscular perineal realizada e transformá-la em estímulos
visuais e auditivos. Essa abordagem prática é destinada às mulheres que tem difi-

125
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

culdade de entender como realizar a contração ou precisam ser ensinadas a evitar o


emprego de musculatura acessória, melhorando a propriocepção, a força e a inibição
por mecanismo de hiperatividade detrusora.

Carvalho et al. (2014) cita o biofeedback como uma terapia comportamental,


em que o equipamento monitora, mede e mostra a atividade elétrica da musculatura
do assoalho pélvico através da tela do computador. Quando o paciente consegue
atingir a contração pré estabecida, o aparelho emite um aviso sonoro, confirmando
que a meta foi atingida. Sensores especiais, conhecidos como eletrodos, podem ser
dispostos na região perineal e ou perianal ou serem intracavitários, sendo introduzi-
dos no ânus ou na vagina.

FIGURA 31 – BIOFEEDBACK

FONTE: <http://bit.ly/2L5DJPO>. Acesso em: 31 ago. 2019.

d) Cones vaginais

A finalidade da utilização dos cones é enviar a informação sensório motora


e induzir a contração dos músculos do assoalho pélvico. A indicação de uso, bem
como a orientação deve ser realizada por um profissional especializado para que
possa ser feita em casa também, de acordo com a necessidade de cada paciente.

Carvalho et al. (2014), comenta que a paciente introduz o cone vaginal com
sua porção cônica repousando sobre a superfície perineal, tentando segurar a contra-
ção por cerca de 15 minutos. A manutenção da contração para reter o cone vaginal
aumenta a força dos MAP. O peso do cone fornece um feedback proprioceptivo para
a contração muscular.

126
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 32 – CONES VAGINAIS

FONTE: <http://bit.ly/33wmHR6>. Acesso em: 31 ago. 2019.


e) Ginástica hipopressiva

Essa técnica foi desenvolvida inicialmente no exterior, mais precisamente na


Bélgica e consiste na estimulação da musculatura respiratória acessória, relaxando o
diafragma. Essa técnica diminui a pressão abdominal, tonificando-a de forma reflexa,
assim como ao MAP.

FIGURA 33 – GINÁSTICA HIPOPRESSIVA

FONTE: <http://bit.ly/37M7BdE>. Acesso em: 31 ago. 2019.

2.6 FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL


Por meio de diversos recursos terapêuticos, essa área da fisioterapia
abrange tratamentos corporais e faciais, realizando intervenções na fla-
cidez muscular e tissular, na gordura localizada, na estria, no fibroede-
ma gelóide, no pré e pós operatório de cirurgias plásticas e de câncer de
mama, em casos de queimadura, obesidade, rugas, acne e úlceras de de-
cúbito, entre outros (CARVALHO et al., 2014, p. 153).

No site da Associação Brasileira de Fisioterapia Dermatofuncional (ABRA-


FIDEF, 2012) pesquisou-se algumas informações a respeito da especialidade e da
realidade do fisioterapeuta dermatofuncional no mercado nacional:

• No início, a área que hoje corresponde à Fisioterapia Dermatofuncional foi desig-


nada como Fisioterapia Estética, porém, a prática clínica envolve um espectro bem

127
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

mais amplo de atuação, abrangendo todas as disfunções tegumentares e endócri-


no metabólicas, visando a capacidade funcional do paciente.
• Partindo dessa reflexão e após alguns anos de luta em prol do reconhecimento
da especialidade profissional, em 20 de maio de 2009, através da Resolução 362, o
COFFITO a regulamentou.

O fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Dermatofuncional, dentro de


sua atuação profissional, utiliza o exame físico como ponto de partida para avaliar o
paciente, estabelecendo diagnóstico e traçando o planejamento terapêutico.

Assim como em outras áreas, o fisioterapeuta realiza inspeção, palpação, tes-


tes específicos, classificação e graduação das disfunções, recursos avaliativos próprios
como Adipometria, Perimetria, Luz de Wood, Goniometria (em casos de queimadu-
ras e de pós-operatórios de cirurgias de câncer de mama e plásticas), entre outros.

A partir do diagnóstico, pensando no planejamento terapêutico, o profissio-


nal basear-se-á nos ciclos de lesão, já vistos nesta Unidade quando se falou em Fisio-
terapia em Traumato Ortopedia e em Reumatologia. Fala-se dessa associação entre
conduta terapêutica e ciclos de lesão, pois o tecido alvo, o tegumento, seja em trata-
mentos conservadores, em queimados ou mesmo em pós-operatórios, passará por
modificações histofisiológicas, até voltar ao seu estado de normalidade ou próximo.

Como citado anteriormente: gordura localizada, estria, fibroedema geló-
ide (popularmente conhecida como celulite), flacidez muscular e tissular (pele),
acne, rugas, além de manchas que ainda não haviam sido citadas, são as disfun-
ções comumente apresentadas pelos pacientes em consultório. Para cada uma das
disfunções, haverá classificações quanto à forma de apresentação e ao grau de
acometimento e consequentemente, uma forma de tratamento, com ou sem asso-
ciações de recursos terapêuticos. Caberá ao profissional, eleger o plano de trata-
mento mais adequado, correlacionando o quadro clínico com o recurso escolhido,
respeitando as fases da lesão (toda disfunção dermatofuncional, para ser tratada,
necessita que o profissional cause uma injúria, ou seja, uma lesão pré-programa-
da que deve ser monitorada), para dar sequência à próxima etapa do tratamento.

2.6.1 Avaliação em Fisioterapia Dermatofuncional


Como a Perimetria e a Goniometria foram citadas e demonstradas nesta
Unidade, na especialidade de Fisioterapia em Traumato Ortopedia e em Reuma-
tologia, aqui será abordada a Adipometria e a Luz de Wood.

a) Adipometria: utiliza-se o adipômetro ou plicômetro para verificar as dobras cutâ-


neas. Recomenda-se que seja feito sempre nas dobras cutâneas no hemicorpo di-
reito (lado direito) do paciente, na posição ortostática (em pé), exceto quando for
em região de panturilha (sentado), para obter-se em mm a espessura do tecido.
Além disso, orienta-se que sejam feitas três medições por local e feito a média.

128
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

A seguir, serão demonstrados o recurso avaliativo e a realização da técnica.

FIGURA 34 – ADIPÔMETRO

FONTE: <http://bit.ly/2L7Rb5w>. Acesso em: 1º set. 2019.

FIGURA 35 – ADIPOMETRIA ESCAPULAR

FONTE: <http://bit.ly/2Y0soG3>. Acesso em 01 de setembro de 2019.

b) Luz de Wood: através do uso de lâmpada com luz ultravioleta (UV), com com-
primento de luz próximo a 365 nm é possível enxergar discromias (alterações
de cor). Diversos modelos estão disponíveis no mercado atualmente, seja atra-
vés de um equipamento manual portátil (lupa de mão), seja por uma cabine de
mesa em que diversas condições dermo epidérmicas podem ser observadas,
entre elas, desidratação cutânea, presença de células mortas, alterações melâni-
cas, entre outras. Para cada cor percebida, é posssível que se tenha uma causa
correlacionada. A seguir, o significado das possíveis alterações:

• Azul: pontos normais e saudáveis.


• Branco: camada grossa de células epiteliais mortas.
• Roxo fluorescente: desidratação.
• Marrom: pigmentação.
• Laranja: oleosidade.
• Amarelo claro/Laranja claro: acne ou comedões (porfirina).
• Branco amarelado/Cobre alaranjado: pitiríase versicolor.
• Verde fluorescente: pseudomonas.
• Vermelho coral: eritrasma.
• Roxo escuro em grandes áreas: maquiagem, base ou protetor solar.
129
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 36 – LUZ DE WOOD (CABINE)

FONTE: <http://bit.ly/2OSKrJY>. Acesso em: 1º set. de 2019.

2.6.2 Recursos terapêuticos em Fisioterapia Dermatofuncional


Para cada disfunção apresentada, seja na área corporal ou facial, estão dis-
poníveis recursos físicos, mecânicos, elétricos, químicos e manuais. A seguir estão
listados e organizados de modo que o leitor entenda a classificação, utilidade, modo
de ação e indicações.

a) Eletrolifiting

• Através de uma corrente contínua, polarizada e de baixa frequência, esse recur-


so elétrico pode ser indicado em rugas, linhas de expressão e estrias.
• São utilizados 2 eletrodos: um passivo (placa acoplada ao paciente) e outro
ativo, geralmente uma caneta com agulha descartável na ponta.
• Produz um processo inflamatório agudo, porém previsível (esperado) e con-
trolado, para reparar a disfunção, facial ou corporal.

b) Dermoabrasão

• Também chamado de peeling mecânico de cristal, o nome se refere a um “lixa-


mento” da pele, em que a mesma é esfoliada, a fim de afinar o estrato córneo e
promover uma renovação celular.
• Um equipamento que utiliza sistema de vácuo, possuindo pressão negativa e
positiva, apresenta um mecanismo que jorra óxido de alumínio na pele através
de uma mangueira e com a outra, as células mortas juntamente com o óxido
utilizado, são sugadas e vão a um reservatório.
• Pode ser utilizada em tratamentos faciais e corporais, como no caso de protoco-
los de rejuvenescimento facial, preparo da pele para clareamento de manchas
e nas estrias.
• Apresenta ponteiras de diferentes diâmetros, fazendo esfoliação mecânica su-
perficial e muito superficial.

130
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

c) Vacuoterapia

• Através de um equipamento pressurizado com pressão negativa e diferentes


cabeçotes com pressão positiva, o equipamento produz uma mobilização teci-
dual.
• Pode ser utilizado em atendimentos corporais para remodelamento como nos
casos de gordura localizada, assim como nas estrias e na feg, para melhora da
circulação e estímulo fibroblástico.
• Em queimados, pode ser utilizado através das manoplas de vidro, desde que
não haja cicatriz vascularizada, sensível ou que apresente ferida aberta.

d) Ultrassom

• Recurso de termoterapia profunda, o ultrassom utilizado nas afecções corpo-


rais como feg e gordura localizada fica na faixa dos 3MHZ de frequência, po-
dendo ser modulado nos modos contínuos (efeito térmico) ou pulsado (efeito
mecânico).
• No modo contínuo o objetivo é o incremento da circulação e no modo pulsado
é a reorganização tecidual.
• Cada vez mais modernos, os ultrassons disponíveis no mercado apresentam
ERA (área de radiação efetiva) maior, o que otimiza o tempo de aplicação, além
da potência estar mais elevada.

e) Radiofrequência

• Através de atividade eletromagnética, o recurso objetiva a reorganização teci-


dual.
• Com a elevação da temperatura tecidual, pelo movimento do cabeçote, ocorre
uma retração do colágeno inicialmente, pela indução do processo inflamatório
e após, dentro de alguns dias, ocorre a neocolagênese (formação de novo colá-
geno).
• Pode ser de uso facial (rugas, linhas de expressão e flacidez tissular) e corporal
(feg, estrias, gordura localizada e flacidez tissular).

f) Corrente russa

• Já citada na especialidade de Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia e em


Reumatologia, a modalidade acontece através de corrente elétrica de média
frequência na faixa dos 2500 Hz de frequência.
• Pode ser utilizada em casos de flacidez tissular facial e corporal.
• Para cada tipo de fibra, é necessário modular a corrente em parâmetros de ram-
pa de subida (rise), tempo de contração (on), rampa de descida (decay) e tempo
de relaxamento (off).

g) Drenagem linfática manual

131
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

• A técnica de DLM (Drenagem Linfática Manual) classificada dentro da Terapia


Manual, é um recurso que pode ser utilizado tanto em casos de pré e pós-ope-
ratório de cirurgias plásticas como em tratamentos conservadores, atuando
como um recurso coadjuvante em casos de feg.
• As manobras realizadas são direcionadas às cadeias linfáticas ou às anasto-
moses linfáticas (caminhos alternativos à drenagem tradicional em casos de
cirurgias de grande porte quando apresentam grandes incisões), objetivando
normalizar o fluxo linfático.

h) Laser

• Classificado como uma fototerapia, o laser é um tipo de emissão de luz colima-


da e corrente, unidirecional, com grande concentração de energia, emitida em
joules.
• Dentro da Fisioterapia, o laser terapêutico é o de baixa potência, podendo ser
utilizado em casos em que se busca a melhora da cicatrização e a reorganização
tecidual.
• Casos de pós-operatório (cicatriz) e de queimaduras são algumas das indica-
ções do laser.

i) Terapia manual

Através do toque vaginal, que geralmente é utilizado na fase inicial do


tratamento, essa técnica é uma forma de sentir e controlar a atividade muscular
do assoalho pélvico. Essa técnica faz parte do processo de reeducação.

2.7 FISIOTERAPIA EM ERGONOMIA


De acordo com o site oficial do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia
Ocupacional, a especialidade de Fisioterapia do Trabalho foi reconhecida em 20
de maio de 2016 através da Resolução nº 465 e permite:

• Realizar diagnóstico cinético - funcional, através de consulta fisioterapêutica, so-


licitando sempre que necessário, exames ocupacionais complementares, reabilita-
ção, perícias judiciais e extrajudiciais.
• Utilizar recursos terapêuticos através da aplicação da cinesioterapia, massoterapia,
termoterapia, mecanoterapia, crioterapia, fototerapia, eletroterapia, entre outros.
• Realizar Análise Ergonômica do Trabalho (AET), emitir laudo ergonômico, proce-
der com perícia ergonômica, de acordo com a legislação em vigor.
• Ser membro da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidente do Trabalho),
auxiliar e participar da SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Tra-
balho), SIPATR (Semana Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural),
atuar na elaboração e atividades do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Am-
bientais) entre outros.
• Estar envolvido em ações de correção, concepção e conscientização em Saúde do
Trabalhador, bem como realizar prática de Ginástica Laboral.

132
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

A Associação Brasileira de Ergonomia — ABERGO — foi fundada com o


objetivo do estudo, da prática e da divulgação das interações das pessoas com a
tecnologia, organização e ambiente, considerando as suas necessidades, habilida-
des e limitações, partindo-se do princípio da Ergonomia que é estudar a relação
do homem com o ambiente laboral, respeitando a saúde do trabalhador.

DICAS

No site oficialda ABERGO há mais informações, notícias úteis e de relevância


para a prática clínica. Acesse: http://www.abergo.org.br.

De acordo com CAVALHO et al. (2014), todas as atribuições listadas ante-


riormente vêm ao encontro do que é definido como sendo o trabalho: conjunto de
atividades que geram bens individuais e coletivos, os quais levam ao desenvolvi-
mento pessoal, familiar e de um povo, sendo uma condição básica de subsistên-
cia. A saúde do trabalhador é primordial na obtenção de maior produtividade e
de desenvolvimento sócio econômico.

A base de dados Organização Pan Americana de Saúde cita como desafios


para a saúde do trabalhador os problemas de saúde relacionados às novas tecno-
logias, às novas substâncias químicas e energias físicas, aumento da expectativa
de vida da população trabalhadora, acometimento de grupos específicos (porta-
dores de doenças crônicas e os de necessidade especial). Quando se fala em saúde
ocupacional, além da atenção com a saúde do trabalhador, o foco é a produtivida-
de, a motivação e a satisfação com o trabalho. Para que isso seja alançado, existe
a Ergonomia, a qual busca a adpatação do meio ao homem.

2.7.1 Ergonomia como ciência



Carvalho et al. (2014), define Ergonomia como sendo o conjunto de ciên-
cias e tecnologias, cujo caráter é multidisciplinar. Ainda de acordo com o mesmo
autor, foi a partir da Segunda Guerra Mundial que a Ergonomia foi reconhecida
tendo em vista que o processo de modernização do trabalho gerou ínumeras mu-
danças no desempenho das atividades laborais, as quais tornaram-se cada vez
mais repetitivas, com exigências mentais como atenção e concentração.

133
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

2.7.2 A prática de Ginástica Laboral dentro da Saúde


do Trabalhor
A fisioterapia em ergonomia utiliza principalmente da ginástica laboral que
atua como forma de prevenção, promoção e tratamento da saúde no local de traba-
lho (CARVALHO et al., 2014).

As modalidades de ginástica laboral mais utilizadas são três e se diferen-


ciam pelos objetivos e pelo momento em que ocorrem em relação à jornada de
trabalho. São elas:

a) Preparatória: realizada antes do início do expediente, tem como objetivo pre-


parar o trabalhador para sua atividade e os exercícios são de aquecimento e de
flexibilidade, em especial, dos grupos musculares que serão solicitados duran-
te a jornada de trabalho, objetivando a disposição, a concentração, prevenindo
as lesões por esforço repetitivo e mesmo, diminuindo a probabilidade de erros/
lesões.
b) Compensatória: realizada durante o expediente, tem como objetivo quebrar
a monotonia, através de pausa nas atividades, evitando a fadiga pela manu-
tenção de posturas compensatórias (inadequadas, por cansaço), atuando na
ativação de músculos inativos e no relaxamento dos músculos em uso.
c) Relaxamento: realizada ao término do expediente, cujo objetivo é relaxar o cor-
po e a mente, utilizando técnicas de alongamento, massagem (automassagem
ou em duplas) e outras de relaxamento em geral, proporcionando bem-estar
físico e mental.

FIGURA 37 – PRÁTICA DE GINÁSTICA LABORAL

FONTE: <http://bit.ly/2DzII6V>. Acesso em: 2 set. 2019.

134
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

2.8 FISIOTERAPIA EM SAÚDE DO IDOSO


O processo de envelhecimento se dá de maneira natural, caracterizado
como uma fase da vida do indivíduo em que ocorrem mudanças psicológicas,
físicas e sociais. “Trata-se de uma etapa em que o idoso apresenta conhecimentos e
caracterísitcas próprias e peculiares, resultantes da terajetória de vida. Ele conclui
que alcançou seus objetivos, mas ao mesmo tempo, sofreu danos no âmbito social,
econômico e familiar, além da saúde, considerado um dos aspectos mais afetados”
(CARVALHO et al., 2014, p. 201).

De acordo com a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia — SBGG


—, se a população deseja que o processo de envelhecimento seja algo positivo e quer
ter uma vida mais longa, essa etapa da vida deve ser acompanhada de oportuni-
dades contínuas de saúde. Desse modo, surge o termo envelhecimento ativo, como
sendo um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segu-
rança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida em que as pessoas
ficam mais velhas.

O objetivo do envelhecimento ativo é contribuir para o aumento da


expectativa de vida de forma saudável e com qualidade para todas as pessoas
que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e
que requerem cuidados.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a saúde é definida como


não sendo apenas ausência de doença, mas sim, como a interação entre bem-
estar físico, mental e social. Por isso, em um projeto de envelhecimento ativo, as
políticas e programas que promovem a saúde mental e as relações sociais são tão
importantes quanto aquelas que melhoram as condições físicas de saúde. Manter
a autonomia e a independência das pessoas durante o processo de envelhecimento
é fundamental. A criança de ontem será o idoso de amanhã e para que esse
processo seja acompanhado com qualidade de vida, é necessário que não somente
os riscos e oportunidades que experimentaram durante a vida sejam levados em
consideração, mas também a maneira como as gerações posteriores oferecerão o
suporte necessário (SBGG, 2019).

Dentro desse contexto, aumenta-se a importância de ações preventivas, de


assistência e de reabilitação, através de uma equipe multidisciplinar, em que o fi-
sioterapeuta faça parte. O olhar cuidadoso da equipe está na condição de perda da
capacidade funcional do idoso que, na maioria das vezes, o impede de realizar suas
atividades cotidianas.

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, SBGG, preconiza a im-


portância de se fazer uma avaliação multidimensional no idoso, conhecida também
por AGA – Avaliação Geriátrica Ampla —, em que se determinam as limitações e
incapacidades do idoso, estabelecendo-se as necessidades, metas com o cuidado e o
planejamento a longo prazo. A AGA é composta de escalas e testes, que juntamente
com exames clínicos, auxiliam na elaboração do programa de tratamento.
135
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Na sequência, gráficos mostram como está o processo de envelhecimento


no Brasil e no estado de Santa Catarina, estimado para os próximos 50 anos.

GRÁFICO 1 – POPULAÇÃO TOTAL NO BRASIL E EM SC NO PERÍODO DE 2010 A 2060

FONTE: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 2 set. 2019.

Pode-se perceber nos gráficos anteriores que se tratando de Brasil, espera-


-se um total de 240 milhões de pessoas até 2058 ao passo que em Santa Catarina o
esperado seja um total de quase 10 milhões até o mesmo período.

136
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

GRÁFICO 2 – TAXAS BRUTAS DE NATALIDADE E DE MORTALIDADE NO BRASIL E EM SC, NO


PERÍODO DE 2010 A 2060

FONTE: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 2 set. 2019.

Quando o assunto são as taxas de natalidade e de mortalidade, tanto no Bra-


sil como em Santa Catarina, para o ano de 2058, estima-se uma diminuição do núme-
ro de nascimentos quando comparados ao número de óbitos.

137
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

GRÁFICO 3 – EXPECTATIVA DE VIDA AO NASCER NO BRASIL E EM SC, NO PERÍODO ENTRE


2010 A 2060

FONTE: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/>. Acesso em: 2 set. 2019.

Quando se fala em expectativa de vida, ao analisar-se os gráficos seja a ní-


vel nacional como estadual, teem-se uma média de 75 anos de vida, tanto para os
homens como para as mulheres.

Ao se avaliar o idoso em sua totalidade, que é o que se faz de forma multi-


dimensional, utilizam-se escalas, como por exemplo:

a) Barthel: através da análise de dez itens com o autocuidado, é avaliado o


nível de independência. Para cada item avaliado, existe uma pontuação em
que o máximo são 100 pontos, identificando que esse idoso é autônomo para
todas as atividades ao passo quer 20 pontos ou menos, indicam um aumento
exponencial para o índice de mortalidade.
b) Lawton: nessa escala, utilizam-se análise composta por nove questões e sua
pontuação máxima é de 27 pontos, em relação à atividade instrumental, como
usar o telefone, por exemplo.
138
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

c) Eficácia de quedas: através de 16 perguntas relacionadas às suas atividades de


vida diária, o idoso é questionado quanto à sua preocupação em realizar cada
atividade. A pontuação varia entre 16 e 64 pontos.

A especialidade de Fisioterapia em Gerontologia, reconhecida em 20 de


dezembro de 2016, pela Resolução nº 476, permite ao fisioterapeuta, no âmbito de
suas atribuições:

I – Realizar consulta e diagnóstico fisioterapêutico/cinesiológico-funcio-


nal, com ênfase na capacidade funcional, referente à autonomia e inde-
pendência das pessoas em processo de envelhecimento [...];
II – Solicitar, aplicar e interpretar escalas, questionários e testes funcionais
unidimensionais e multidimensionais para a população idosa, no cam-
po interdisciplinar, fazendo uso de regras de ligação para a codificação e
qualificação com a CIF dos respectivos resultados;
III – Solicitar, realizar e interpretar exames complementares necessários
ao estabelecimento do diagnóstico e prognóstico fisioterapêuticos e pres-
crição de conduta fisioterapêutica;
IV – Determinar o diagnóstico e o prognóstico fisioterapêutico;
V – Planejar e executar medidas de prevenção e redução de risco, medidas
de promoção de saúde, manutenção da capacidade funcional, prevenção
de doenças/agravos próprios do processo de envelhecimento, para recu-
peração das funções e limitação das deficiências, buscando o estado de
máxima funcionalidade (COFFITO, 2016a).

2.9 FISIOTERAPIA AQUÁTICA


A Resolução nº 443, de 3 de setembro de 2014, disciplina a especialidade
profissional de Fisioterapia Aquática e dá outras providências. Entende-se que, para
todos os efeitos, o fisioterapeuta com essa especialidade, utiliza o recurso água nos
diversos ambientes e contextos, em quaisquer dos seus estados físicos, para fins de
atuação profissional, no âmbito da hidroterapia, hidrocinesioterapia, balneoterapia,
crenoterapia, cromoterapia, termalismo, duchas, compressas, vaporização/inalação,
crioterapia e talassoterapia. Diante de suas atribuições, é permitido ao fisioterapeuta
aquático:

I – Realizar consulta fisioterapêutica tanto no ambiente externo como


no ambiente da Fisioterapia Aquática, para prescrever parâmetros de
indicação e intervenção;
II – Avaliar a condição física e cinesiológica-funcional específica do
paciente e sua acessibilidade no ambiente e contexto da Fisioterapia
Aquática;
III – Avaliar as habilidades aquáticas, individuais ou em grupo e o ní-
vel de adaptação ao meio líquido, com vistas a estabelecer o programa
de intervenção em Fisioterapia Aquática;
IV – Solicitar, aplicar e interpretar escalas, questionários e testes fun-
cionais [...] (COFFITO, 2014).

De acordo com Carvalho et al. (2014), para que o fisioterapeuta assuma as


funções profissionais dentro do ambiente aquático, é necessário que ele entenda al-
gumas propriedades físicas da água.

139
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

Os métodos terapêuticos utilizados no meio aquático mais comuns são Bad


Ragaz, Halliwick e Watsu. Eles podem ser utilizados em várias áreas da Fisioterapia,
como Reumatologia, Neurologia, Traumato Ortopedia, Esportiva, Pediatria, Geria-
tria, entre outros. A seguir, falaremos mais sobre eles.

O método Bad Ragaz utiliza exercícios de fortalecimento e de mobilizações


com o paciente em posição horizontal, através do auxílio de flutuadores ao redor do
pescoço, braços, pelve e pernas. Baseia-se na técnica de facilitação neuromuscular
proprioceptiva (FNP), sendo utilizada de forma bastante comum para aumentar a
amplitude de movimento ativa e passiva.

FIGURA 38 – MÉTODO AQUÁTICO BAD RAGAZ

FONTE: <http://acquabrasil.org/o-metodo-bad-ragaz/>. Acesso em: 2 set. 2019.

Conforme pesquisa no banco de dados da Sociedade Beneficente Isra-


elita Brasileira (Albert Eisntein, 2019) o Centro de Reabilitação Einsten oferece
serviços de Hidroterapia e de Pós-Graduação em Fisioterapia em Reabiltiação
Aquática. Dentro desse contexto, o grupo desenvolve pesquisas e ensino. Através
dessa busca por informações, encontrou-se sobre os métodos terapêuticos Watsu
e Halliwick. O método terapêutico aquático chamado de Halliwick é constituído
de movimentos que envolvem a aprendizagem psicomotora, o ajuste mental, a
restauração do equilíbrio, a inibição de movimentos anormais ou padrões e a
facilitação de movimentos fisiológicos. E por último, o método aquático Watsu, é
o método que deve ser feito com: temperatura média de 34 °C, já que é “uma tem-
peratura semelhante à temperatura do corpo humano, o que gera conforto e ajuda
no relaxamento, além de evitar choques de temperatura”, afirma o fisioterapeuta
Fábio Jakaitis, especialista em hidroterapia do  Centro de Reabilitação Einstein
(apud ALBERT EINSTEIN, 2019). Como forma de auxiliar no âmbito emocional,
algumas posturas remetem aos movimentos do feto dentro do útero, o que gera
uma conexão com os sentimentos do paciente. O ambiente precisa ser silencioso e
calmo, não podendo ter outras atividades acontecendo ao mesmo tempo no local.
Músicas relaxantes podem estar presentes, mas em volumes que não atrapalhem
a concentração, assim como diminuir a luminosidade auxilia na prática.

140
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 39 – MÉTODOS TERAPÊUTICOS AQUÁTICOS

FONTE: <http://bit.ly/35NgSAw> Acesso em: 2 set. 2019.

2.10 FISIOTERAPIA ESPORTIVA


O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, através da Reso-
lução nº 337, de 8 de novembro de 2007, reconhece a especialidade de Fisioterapia Es-
portiva e dá outras providências. O reconhecimento foi publicado no D.O.U, através
do nº. 21, seção 1, em de 30 de janeiro de 2008, p. 184.

Considerando os termos da Resolução COFFITO Nº 336, de 8 de no-


vembro de 2007:
Considerando a importância do esporte para a saúde, bem como a ma-
nutenção da saúde funcional do indivíduo para a prática esportiva.
Considerando a atividade física voltada para a promoção, o reestabe-
lecimento e/ou manutenção do estado de saúde, para a prática espor-
tiva amadora e profissional e para o lazer como área de atuação do
Fisioterapeuta, amplamente estudada e reconhecida.
Considerando a organização sócio-cultural da área de atuação, a rea-
lização de eventos nacionais e internacionais, a vasta produção cien-
tífica, bem como a crescente demanda social para a intervenção desta
área de atuação (COFFITO, 2007, s.p.).

141
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

A seguir, listam-se as atribuições profissionais do Fisioterapeuta Esportivo:

• Acompanhar a atividade física no contexto da saúde, do esporte e do lazer.


• Utilizar o exercício físico e condicionamento físico dentro do processo da recu-
peração funcional, seguindo os critérios de retorno à prática esportiva.
• Manter e preservar a relação do esporte e atividade física no contexto da saúde
coletiva e da prevenção das lesões.
• Respeitar a fisiologia do exercício, propriedades biomecânicas do tecido mús-
culo-esquelético e características biomecânicas das lesões esportivas.

DICAS

A Sociedade que representa a classe fisioterapêutica no esporte é a Sociedade


Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física — SONAFE —, cujas informações
podem ser obtidas em: http://www.sonafe.org.br/site/institucional.

A Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física foi fun-


dada em 8 de novembro de 2003. É uma sociedade de caráter científico-cultural cujos
objetivos (SONAFE BRASIL, 2016, s.p.) estão listados a seguir:

• Reunir, científica e culturalmente, fisioterapeutas registrados no


Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, dedicados
à Fisioterapia Esportiva.
• Promover o desenvolvimento técnico-científico dos fisioterapeutas
que congrega, visando introduzir a qualidade nos procedimentos e ro-
tinas operacionais nas áreas da Fisioterapia Esportiva.
• Promover a divulgação do papel do fisioterapeuta do esporte, assim
como de sua efetiva importância para a área de saúde.
• Conceder aos seus associados, título de especialista em Fisioterapia
Esportiva, conforme critérios definidos pela Comissão de Concessão de
Títulos.
• Colaborar, no que for pertinente, com o COFFITO e respectivos Con-
selhos Regionais.
• Organizar e realizar Congressos Nacionais e Internacionais e Jorna-
das Estaduais de cunho técnico ou científico.
• Promover intercâmbio, parcerias e convênios com profissionais, en-
tidades congêneres e universitárias no país e no exterior, de interesse
para a prática profissional de seus associados.
• Coordenar a publicação de livros, revistas, boletins e organizar o
acervo relacionado à Fisioterapia Esportiva.

142
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 40 – LOGOMARCA SONAFE

FONTE: <http://bit.ly/37OL6ou>. Acesso em 02 de setembro de 2019.

Carvalho et al. (2014) cita que a avaliação físico funcional em Fisioterapia


Esportiva, é utilizada para traçar o perfil físico do atleta, de forma a preparar o
programa terapêutico adequado às suas condições e limitações específicas.

A periodização do treinamento pode ocorrer em fases:

• Período pré preparatório (primeira semana): compreendida pelos testes físicos e


exames médicos.
• Período preparatório (fase básica 3 semanas): consiste na preparação geral, deven-
do ser enfatizado atividades de grande intensidade e de baixo volume, objetivan-
do a resistência e a força muscular. Cerca de 60% das atividades são voltadas ao
trabalho físico, 30% aos trabalhos técnicos e 10% aos treinamentos táticos.
• Período preparatório (fase específica 3 semanas): aqui ocorre o aumento da inten-
sidade e diminuição de 20 a 30% do volume. Será enfatizada a parte técnica, com
cerca de 40% do volume dos treinos, os outros 30% voltada à parte física e o restan-
te, 30%, à parte tática.
• Período de competição (manutenção até o final da competição): aqui preconiza-se
o aperfeiçoamento das qualidades físicas e técnicas, trabalhadas nos períodos ante-
riores, no intuito de manter os resultados obtidos. Devem fazer parte dessa etapa:
fisiologista, fisioterapeuta, nutricionista e psicólogo.
• Período de transição: é o último período cujo objetivo é a recomposição do Sistema
Nervoso Central e Periférico. Ocorre após o período competitivo e irá até o perí-
odo pré preparatório da próxima temporada. Haverá aqui, por conta do recesso
(férias), uma perda parcial do condicionamento físico.

Dentre os recursos que podem ser utilizados na Fisioterapia Esportiva,


destacam-se:

a) Recursos proprioceptivos: cama elástica, bozu, balancer e prancha de equlíbrio


que atuam no sistema sensório motor, pois fornecem conhecimento, coordena-
ção e feedback a fim de manter estabilidade. A propriocepção é definida como
sendo o mecanismo de percepção corporal que tem a capacidade de perceber a
posição e o movimento.

143
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FIGURA 41 – RECURSOS PROPRIOCEPTIVOS

FONTE: <https://i.ytimg.com/vi/anPpHKl0QWs/hqdefault.jpg>. Acesso em: 2 set. 2019.

b) Bandagens funcionais: fornecem apoio, suporte e proteção aos tecidos moles e


articulações, sem limitar as funções. Podem ser as rígidas, as elásticas e as semi
elásticas.

Além desses recursos, todos os outros citados em outras áreas de atuação


do fisioterapeuta, como termoterapia, crioterapia, eletroterapia, fototerapia, cine-
sioterapia, são permitidos o uso na Fisioterapia Esportiva.

A seguir encontram-se listadas as figuras que mostram os recursos de


bandagens funcionais rígidas (esparadrapo), elásticas tappings e elásticas com-
pressivas elásticas.

FIGURA 42 – BANDAGENS FUNCIONAIS RÍGIDAS

FONTE: <http://bit.ly/37Mj7po>. Acesso em: 2 set. 2019.

144
TÓPICO 2 | ATRIBUIÇÕES PROFISSIONAIS DE ACORDO COM A ESPECIALIDADE FISIOTERAPÊUTICA

FIGURA 43 – BANDAGENS FUNCIONAIS ELÁSTICAS (TAPPINGS)

FONTE: <http://bit.ly/33w6b3M>. Acesso em: 2 set. 2019.

DICAS

Materiais de apoio para você acessar:

Fisioterapia na Saúde do Idoso: Sociedade Brasileira de Fisioterapia em Geriontologia:


https://sbgg.org.br.
Fisioterapia Dermatofuncional: Associação Brasileira de Fisioterapia Dermatofuncional:
http://www.abrafidef.org.br.
Fisioterapia Neurofuncional: Associação Brasileira de Fisioterapia Neurofuncional: http://
abrafin.org.br.
A revista Neuroreabilitação Brasil,  idealizada pelo Núcleo de Estudos Avançados em
Neuroreabilitação, destina-se à publicação de artigos científicos na área da reabilitação
neurológica: http://abrafin.org.br/revista-neuro/
Fisioterapia em Ortopedia e Traumatologia: Associação Brasileira de Fisioterapia Traumato
Ortopédica: http://www.abrafitobr.com.br.
A ABRAFITO se associou ao CW Brasil, Chossing Wisely, e iniciou o desenvolvimento de
metodologias na construção de informações e recomendações nos tratamentos das
disfunções traumato ortopédicas, pautadas em evidências científicas.
Artigos que trazem alguns dos recursos terapêuticos utilizados em Fisioterapia Traumato
Ortopédica:
Efeitos da estimulação elétrica nervosa transcutânea e da crioterapia sobre o limiar de dor
induzida por pressão: www.scielo.br/pdf/fp/v21n3/pt_1809-2950-fp-21-03-00249.pdf.
Ultra-som terapêutico no mecanismo de cicatrização: uma revisão: http://www.acm.org.
br/revista/pdf/artigos/854.pdf.
Efeitos da laserterapia de baixa potência na cicatrização de feridas cutâneas: http://www.
scielo.br/pdf/rcbc/v41n2/pt_0100-6991-rcbc-41-02-00129.pdf.
A influência da crioterapia na dor e edema induzidos por sinovite experimental: http://
www.revistas.usp.br/fpusp/article/view/12240/14017.

145
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Fisioterapia possui especialidades regulamentadas pelo COFFITO e que cada


especialidade permite atribuições profissionais específicas.

• Dentro do contexto de especialidade, viu-se deforma específica, patologias,


modo de avaliação, recursos fisioterapêuticos, assim como métodos e técnicas.

• Cada especialidade da fisioterapia, de forma a ser melhor representada, possui


uma associação de classe, na busca pelo fomento do estudo, da pesquisa, da
cientificidade e do esforço em manter o valor, a ética e a moral da profissão.

146
AUTOATIVIDADE

1 (UPENET, 2017) Uma complicação frequentemente enfrentada por pacien-


tes acamados é a ulceração de pressão, área lesioanda visível na pele ou nos
tecidos subjacentes, tendo como causa principal o longo período de perma-
nência no leito. Sobre o tema, assinale a alternativa INCORRETA:

FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/19814146-2b>.
Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) As úlceras de pressão ocorrem geralmente em áreas de proeminência ós-


sea como a região sacral, trocantérica, maleolar, nos calcanhares, nos epicôn-
dilos dos joelhos e cotovelos.
b) ( ) O laser pode favorecer a cicatrização de feridas cutâneas por atuar na pele,
aumentando a migração de fibroblastos e a formação de colágeno pormovidos
pela vasoconstrição, facilitando a neovascualrização dos vasos já existentes.
c) ( ) A úlcera pode vir acompanhada de odor, drenagem e desfiguração; em
alguns casos pode ser fonte de dor e o tratamento, quando já está instalada, é
a base de curativos e desbridamentos que nem sempre alcançam a cura.
d) ( ) O fisioterapeuta atua na prevenção das úlceras de pressão, promovendo
mudança de decúbito, exercícios ativos e passivos, observação do estado geral
do paciente, bem como a integridade física da pele e deambulação precoce.
e) ( ) Sua ocorrência é facilitada ou agravada por fatores intrínsecos, como esta-
do nutricional, a idade, o uso de alguns medicamentos, a perfusão tecidual, o
diabetes mellitus, as doenças cardiovascualares e a falta de sensibilidade.

2 (FAUEL, 2016) A aplicação da crioterapia não deve ser realizada em:

FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/482802>.
Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) Entorse de tornozelo.
b) ( ) Síndrome de Raynaud.
c) ( ) Contusões por trauma.
d) ( ) Traumatismos agudos.

3 (UFPR, 2008) Sobre o processo diagnóstico na avaliação fisioterapêutica do


idoso é CORRETO afirmar que:
FONTE: <http://www.nc.ufpr.br/concursos_externos/guaratuba2008/provas/015_
Fisioterapeuta.pdf>. Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) O diagnóstico depende de uma investigação clínica pelo médico, que defi-


ne os recursos fisioterapêuticos a serem utilizados com o idoso.
b) ( ) O diagnóstico fisioterapêutico é fundamental no processo de maximização
dos resultados na terceira idade e envolvem aspectos cinético funcionais.

147
c) ( ) O diagnóstico, como parte da avaliação do fisioterapeuta, auxilia no es-
tabelecimento do prognóstico do idoso e determina a medicação a ser usa-
da.
d) ( ) Após a avaliação fisioterapêutica, a equipe de saúde estabelece os obje-
tivos para o fisioterapeuta tratar o idoso.
e) ( ) A anamnese de pacientes idosos requer um tempo maior e o foco do
exame é o estado sensorial.

4 (UFPR, 2008) A estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS) é usada


para o controle da dor. Sobre esse tema é CORRETO afirmar que:

FONTE: <http://www.nc.ufpr.br/concursos_externos/guaratuba2008/provas/015_
Fisioterapeuta.pdf>. Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) A Tens é um dos recursos terapêuticos de controle de dor aguda e crônica e


depende de um algoritmo clínico para o fisioterapeuta indicar seu uso.
b) ( ) A avaliação da dor deve envolver parâmetros como estado (dor aguda ou
crônica), origem (central ou perfiérica) para então o fisioterapeuta contraindicar a
TENS.
c) ( ) A presença de um marcapasso cardíaco de demanda (sincrônico) é contrain-
dicação ao uso da TENS e o fisioterapeuta deve ter esse conhecimento para evitar
complicações clínicas.
d) ( ) O TENS deve ser usado em conjunto com outros procedimentos da Fisio-
terapia para ser efetivo e assim diminuir o limiar de sensibilidade dolorosa do
paciente.
e) ( ) A técnica bipolar usada no TENS pode auxiliar na estimulação seletiva de
fibras do músculo denervado.

5 Cite os três métodos terapêuticos utilizados na Fisioterapia Aquática e


explique-os de forma breve.

148
UNIDADE 2 TÓPICO 3

O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL


E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

1 INTRODUÇÃO
Neste último tópico da Unidade 2, será apresentado ao leitor, algumas parti-
cularidades relacionadas ao registro de especialidade profissional, à necessidade de
realizar o exame nacional para a concessão de títulos de especialista profissional, o
que representa o Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos e qual a
jornada de trabalho permitida.

Este tópico é relevante no sentido de conter informações relacionadas à ativi-


dade profissional, condizente com a realidade econômica, com as inovações tecnoló-
gicas e de pesquisas, permitindo a prática clínica através de recursos e técnicas com
evidências, garantindo a oferta de serviços fisioterapêuticos com respeito e seguran-
ça a sociedade (ao paciente) e à classe profissional (valorizando a profissão). Bons
estudos!

2 O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA


Neste tópico, o leitor poderá compreender que após graduar-se em Fisio-
terapia e posteriormente buscar uma especialização profissional, é preciso sub-
meter-se a uma prova. Sendo aprovado, o profissional obterá o título de especia-
lista na área e poderá solicitar o registro em sua carteira profissional, bem como
inclusão do título associado ao seu nome, como por exemplo em cartão de visita,
carimbo ou mesmo em alguma placa de identificação de consultório.

2.1 COMO PROCEDER COM O REGISTRO DE TÍTULOS DE


ESPECIALISTA
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional esclarece que o fi-
sioterapeuta que se enquadra nos termos das Resoluções COFFITO nº 207/2000 e nº
208/2000, as quais dispõem sobre o reconhecimento de Certificados, Diplomas e
Títulos conferidos a fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, não necessita realizar o
Exame de Conhecimento para obtenção do Título de Especialista.
149
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

2.1.1 Resolução 207/2000 e 208/2000


As Resoluções 207 e 208, referentes à concessão de Títutos de Especialista
Profissional, foram criadas a fim de normatizar e legalizar os registros, como po-
de-se observar:

• Considerando a necessidade de disciplinar a concessão, o reconhecimento, o re-


gistro e os efeitos legais de certificados, diplomas e títulos outorgados a Terapeu-
ta Ocupacional.
• Considerando a existência da concessão de títulos de Especialistas a Terapeutas
Ocupacionais, sem fundamentação legal.

A seguir, em seus artigos, é explicado como funcionam na prática, a con-


cessão e o registro dos títulos (COFFITO, 2000b).

Art. 1º Serão reconhecidos pelo COFFITO, com finalidade acadêmica


e/ou profissional, os Certificados  obtidos em cursos de especialização,
emitidos sob a égide do Parecer CNE/CES 908/98 e Resolução CNE/CES
03/99, bem como, os Diplomas de Mestrado, Doutorado e Títulos de Livre
Docência na área do conhecimento da Fisioterapia e afins, desde que ou-
torgados por IES – Instituição de Ensino Superior ou Instituição Científica
de Referência Nacional como tal, reconhecido pelo meio acadêmico e pelo
Estado.

I- A afinidade de áreas do conhecimento será analisada e deliberada pelo


COFFITO;
II- Somente serão aceitos Certificados, Diplomas e Títulos de IES que es-
tejam em conformidade com o disposto na Lei 9.394, de 20 de dezembro
de 1996.

Art. 2º Serão reconhecidos como Especialistas, os portadores de Títulos de


Pós-Graduação, realizados na modalidade Residência – Treinamento em
Serviço em 2 anos – cujo projeto, tenha obtido a aprovação e o reconheci-
mento do COFFITO.

I - As especialidades serão reconhecidas pelo COFFITO, através da edição


de Resoluções específicas, de acordo com os projetos aprovados quando
então, os Títulos poderão obter o seu reconhecimento e registro;
II - O Fisioterapeuta só estará autorizado a anunciar-se como Especialista,
após todo o trâmite protocolar do registro de seu Título no COFFITO;
III - Após reconhecida a especialidade pelo COFFITO e registrada em
Livro próprio, o CREFITO fará as anotações respectivas no Livro de Ins-
crição de Fisioterapeuta e o lançamento na Carteira de Identidade Profis-
sional, tipo livro.

Art. 3º As Instituições mantenedoras de Pós-Graduação na modalidade


Residência, deverão obter para fins de reconhecimento de seus Títulos,
prévia aprovação de seu projeto pedagógico junto ao COFFITO. 

Conforme o parecer da Procuradoria Jurídica do Conselho Federal de Fisiote-


rapia e Terapia Ocupacional, o PROJUR, o exame de conhecimentos estará dispensá-
vel apenas aos profissionais que obtiveram a certificação de cursos previamente re-

150
TÓPICO 3 | O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

conhecidos pelo COFFITO, por meio de atos normativos próprios, exarados pelos
diferentes órgãos da Autarquia. De forma concomitante, o profissional somente será
dispensado do exame se iniciou os cursos, com reconhecimento pretérito, antes da
vigência das Resoluções nº 377 e 378, ambas publicadas no dia 14 de julho de 2010
(DOU nº 133, Seção 1, páginas 921-923 e 923-924, respectivamente), bem como cum-
prido os termos das resoluções específicas que regulavam as especialidades já reco-
nhecidas.

2.1.2 Resoluções 377 e 378


As Resoluções 377 e 378 de 2010, relacionadas à normatização e à legali-
zação da obtenção de títulos e registros profissionais foram publicadas conside-
rando aspectos como:

• A evolução técnica e científica da fisioterapia para atender a demanda da popula-


ção.
• O disposto no Decreto-Lei 938, de 13 de outubro de 1969.
• A vontade manifesta das Entidades Associativas de Caráter Nacional da Fisioterapia,
que no âmbito de sua existência legal e nos limites representativos de seus membros
associados, firmaram convênio com o COFFITO, visando subsidiar tecnicamente a
criação, reconhecimento e normatização das especialidades profissionais.
• A consulta aos Conselhos Regionais sobre a necessidade da criação, reconheci-
mento e normatização das especialidades profissionais.

2.2 SITUAÇÕES QUE DISPENSAM O REGISTRO DE TÍTULOS DE


ESPECIALISTA PROFISSIONAL E O EXAME NACIONAL PARA A
CONCESSÃO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL
Aos demais profissionais que não iniciaram quaisquer dos cursos reconheci-
dos antes da vigência das normas referenciadas anteriormente, ou seja, antes do dia
14 de julho de 2010, a concessão e o registro do Título de Especialista nas áreas da
Fisioterapia e da Terapia Ocupacional requerem a submissão ao Exame para Con-
cessão de Título de Especialista Profissional, promovido pelo COFFITO em parceria
com as associações de especialidades.

3 A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA: REFERENCIAL


NACIONAL DE PROCEDIMENTOS E JORNADA DE TRABALHO
Neste tópico, o leitor será apresentado para duas questões muito impor-
tantes na prática clínica profissional: o referencial nacional de procedimentos
fisioterapêuticos e jornada de trabalho. É imprescindível que o profissional co-
nheça e entenda que para uma Fisioterapia mais valorizada, não apenas financei-

151
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

ramente, mas no sentido de respeito e de credibilidade, ambos sejam praticados.


O referencial nacional de procedimentos fisioterapêuticos refere-se à cada área
de atuação, seja a nível hospitalar, ambulatorial ou domiciliar do paciente, bem
como a cada técnica, método ou recurso terapêutico utilizado e faz menção aos
valores que mais se adequam à cada nível de atenção/tratamento utilizado. Essa
prática evita a concorrência desleal na prestação de serviços.

Já em relação à jornada de trabalho, o objetivo de seu conhecimento e a


luta por sua prática, é a fixação justa de horas semanais de trabalho, evitando-se
jornadas exaustivas, o que muitas vezes levaria à uma maior probabilidade de
sobrecarga física e mental e erros na prática clínica.

3.1 DEFINIÇÃO DE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCEDI-


MENTOS FISIOTERAPÊUTICOS (RNPF)
A Resolução de nº 482, de 1º de abril de 2017, fixa e estabelece o Referen-
cial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos, o RNPF. O artigo 1º da referida
Resolução estabelece: “Fica aprovado, conforme os incisos II e XII do artigo 5º da
Lei nº 6.316, de 17 de dezembro de 1975, o Referencial Nacional de Procedimentos
Fisioterapêuticos, nos termos constantes desta Resolução” (COFFITO, 2017, s.p.).

O Artigo 4, por sua vez, define:

O Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos – RNPF, que


deve ser utilizado como parâmetro mínimo econômico e deontológico,
em atenção à Resolução-COFFITO nº 367, de 20 de maio de 2009, tem
como base a linguagem da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde – CIF, a fim de compatibilizar as nomenclaturas
dos procedimentos com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde
– OMS (COFFITO, 2017, s.p.).

Informações adicionais acerca do Referencial como as que seguem a se-


guir, determinam uma prática clínica condizente com o cenário econômico e com
a devida valorização profissional.

III- A precificação do RNPF está expressa em reais, através da interpre-


tação dos valores do Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos – CHF,
com base econômica de estudos, já citados nesta Resolução, que designa-
ram custos operacionais médios dos procedimentos fisioterapêuticos, sob
a ótica da sustentabilidade;

IV- A inclusão de novos procedimentos no RNPF terá por base a rela-


ção custo-efetividade, devendo fundamentar-se em evidências científicas
e/ou demandas epidemiológicas. Qualquer tecnologia a ser inserida no
RNPF deverá ter evidência científica. O COFFITO, após análise desta
evidência, enviará o processo à consultoria especializada para análise
técnico-financeira do custo operacional e inferência de preço mínimo do
procedimento, permissivo para oferta ao sistema de saúde brasileiro, com
vista à sustentabilidade econômica do prestador do respectivo serviço
(COFFITO, 2017).
152
TÓPICO 3 | O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

A última revisão do CHF foi realizada pela Comissão de Referencial


Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (CRNPF) e o valor atualizado do
CHF corresponde a, no mínimo, R$ 0,60 de acordo com o COFFITO.

3.2 VALOR ATUALIZADO DO REFERENCIAL NACIONAL DE


PROCEDIMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS
Como citado anteriormente, o valor de CHF é de R$ 0,60 (expressos em reais)
e devem ser multiplicados pela quantidade de CHF para obter-se o valor final. A se-
guir, seguem os valores das consultas e de exames, lembrando sempre que antes de
qualquer atendimento é obrigatório a realização de consulta fisioterapêutica.

É considerada consulta fisioterapêutica o momento que antecede a realização


do tratamento fisioterapêutico. É na consulta que se estabelece o primeiro contato
com o paciente e com algum familiar, se necessário, a fim de conhecer a história clí-
nica e realizar o exame físico. É imprescindível e ao mesmo tempo, obrigatório a
realização da consulta já que, é nessa ocasião que se realizam a anamnese (entrevista)
e o exame físico, composto de inspeção, palpação de tecidos moles e de estruturas
osteoarticulares, realização de testes específicos, análise da amplitude de movimento
articular (ADM) e da força muscular (FM), análise e interpretação de exames comple-
mentares, entre outros recursos.

Para cada área da Fisioterapia, dentro da consulta fisioterapêutica, utilizam-


-se recursos avaliativos próprios.

Os Quadros 4 e 5, apresentam o valor das consultas fisioterapêuticas, bem


como dos exames chamados funcionais, característicos de cada área em especial, cujo
objetivo é auxiliar na formulação do Diagnóstico Cinético Funcional, permitindo
mensurar e classificar o comprometimento do paciente. A partir do diagnóstico é que
se consegue planejar a conduta terapêutica e se estabelecer um prognóstico.

QUADRO 4 – VALOR DAS CONSULTAS FISIOTERAPÊUTICAS

FONTE: <http://bit.ly/2sEKmlT>. Acesso em: 2 set. 2019.

153
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

No próximo quadro constam os valores dos exames funcionais. Cada um


dos exames objetiva avaliar uma função específica do paciente.

Antes de acessar o quadro, será dada uma breve explanação acerca de


alguns desses exames:

• Dinamometria: avalia a força muscular, podendo ser mecânico ou computadori-


zado.
• Eletromiografia de superfície: avalia a atividade muscular, através de eletrodos
que podem ser de superfície (contato), acoplados a um computador.
• Baropodometria: avalia a pressão descarregada sobre as plantas dos pés, através
de uma plataforma acoplada a um computador.
• Estabilometria: avalia o deslocamento do centro de pressão, nos planos sagital (la-
teral E e lateral D) e frontal (anterior e posterior), enquanto o indivíduo se mantém
na postura de pé, com e sem o auxílio da visão, sobre uma plataforma apoiada em
transdutores de força, que captam as variaçõesde peso.
• Ventilometria: avalia a mecânica pulmonar, através de mensuração do volume
corrente (representa o volume normal do ar circulado entre uma inalação e exa-
lação normal, sem um esforço suplementar) e do volume minuto (é a quantidade
total de ar novo que entra nas vias respiratórias a cada minuto e equivale ao volu-
me corrente multiplicado pela frequência respiratória).
• Manovacuometria: avalia a função muscular respiratória através da mensuração
da pressão inspiratória máxima e da pressão expiratória máxima.

QUADRO 5 – VALORES DE EXAMES FUNCIONAIS

154
TÓPICO 3 | O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

155
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

FONTE: <http://bit.ly/2sEKmlT>. Acesso em: 2 de set. 2019.

Para cada área de atuação, haverá valores expressos em reais, sendo di-
ferenciados para atendimentos em nível ambulatorial, hospitalar e domiciliar. O
mesmo ocorre para atendimentos como:

• pré e pós-operatório a nível ambulatorial e hospitalar, na recuperação de tecidos;


• nos atendimentos de pacientes com hemodiálise, a nível ambulatorial e hospitalar;
• em unidades de terapia intensiva e em unidades críticas, em pacientes oncológicos;
• em nível domiciliar, para algumas das disfunções já citadas.

3.3 RELAÇÃO ENTRE REFERENCIAL NACIONAL DE PROCE-


DIMENTOS FISIOTERAPÊUTICOS E COEFICIENTE DE HO-
NORÁRIOS FISIOTERAPÊUTICOS (CHF)
Os valores do referencial de remuneração dos procedimentos fisioterapêuti-
cos estão expressos em reais, através da interpretação dos valores do Coeficiente de
Honorários Fisioterapêuticos — CHF.

Através do seu artigo 8 na Resolução n° 482/2017, é citado que o referencial


nacional de honorários fisioterapêuticos tem como objetivo a viabilização de uma
assistência fisioterapêutica adequada ao Sistema de Saúde Brasileiro. Os valores são
baseados nas demandas epidemiológicas atuais e estabelece seus respectivos índices
mínimos de preços por procedimentos, os quais foram estudados através da relação
científico-financeiro. A precificação do RNPF tem propósito ético-deontológico, de-
monstrando valores mínimos de sustentabilidade econômica dos serviços de Fisiote-
rapia, necessários para subsidiar a qualidade e a segurança na assistência.

Os artigos 9 e 10 da mesma Resolução trazem, respectivamente, as informa-


ções que somente o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional poderá
alterar, o Referencial em sua estrutura, nomenclatura e precificação dos procedimen-
tos. O RNPF tem como princípio elencar o rol de procedimentos cuja remuneração
profissional deve ser de acordo com o exercício fisioterapêutico adequado, na pro-
moção de saúde, prevenção e recuperação da funcionalidade e incapacidades apre-
sentadas em cada caso.

156
TÓPICO 3 | O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

E, por fim, os últimos artigos da Resolução 482/2017 são demonstrados a seguir:

Art. 14. Os valores poderão ter redução de até 20% (vinte por cento), con-
siderando-se as características regionais.
Art. 15. Os procedimentos fisioterapêuticos terão precificação acrescida
de 50% (cinquenta por cento) nos atendimentos de urgência e emergência
realizados no período das 19h às 7h do dia seguinte, e 100% (cem por
cento) em qualquer horário de domingos e feriados, conforme previsto na
legislação trabalhista e nos Acordos Coletivos de Trabalho.
Art. 16. Os procedimentos fisioterapêuticos terão precificação acrescida
de 20% (vinte por cento) nos atendimentos realizados por especialistas
profissionais na área de atuação, com certificação chancelada pela asso-
ciação científica respectiva e registrada pelo COFFITO.

3.4 A JORNADA DE TRABALHO DO PROFISSIONAL FISIO-


TERAPEUTA
O COFFITO, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, de-
termina que deverá ser repeitada a prestação máxima de 30 horas semanais de
trabalho, dos profissionais fisioterapeutas.

Essa determinação é estabelecida de acordo com a Lei nº 8.856/94, que fixa


a Jornada de Trabalho dos Profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional.
A referida lei foi aprovada em 1º de março de 1994 e determina que: “Art. 1º Os
profissionais Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional ficarão sujeitos à prestação
máxima de 30 horas semanais de trabalho”.

DICAS

Materiais de apoio:

• Especialidades regulamentadas pelo COFFITO: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_


id=2350.
• Registros de títulos: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=5416.
• RNPF (Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos) e CHF (Coeficiente de
Honorários Fisioterapêuticos): https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2353.
• Jornada de trabalho: https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2355.
• Associações:
o https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=6996;

o https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=6988.

157
UNIDADE 2 | APRESENTAÇÃO DAS ESPECIALIDADES

LEITURA COMPLEMENTAR

FISIOTERAPEUTA TEM DIREITO A JORNADA SEMANAL DE 30 HORAS

Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região

Uma fisioterapeuta conseguiu na Justiça do Trabalho o reconhecimento do


direito à jornada semanal de 30 horas. Contratada em 1994 para trabalhar 44 horas
semanais, a trabalhadora teve a carga horária reduzida para 30 horas em 2001, por
meio de um termo aditivo ao contrato de trabalho.

Na mesma data, firmou outro termo aditivo para trabalhar como monitora de
reabilitação, com jornada estipulada em 10 horas semanais. Ao analisar as provas, a
juíza substituta Juliana Campos Ferro Lage, em exercício na 11ª Vara do Trabalho de
Belo Horizonte, verificou que as atividades desenvolvidas pela trabalhadora nunca
se alteraram. E chegou à conclusão de que o desmembramento do contrato foi mera-
mente formal, visando apenas a fraudar a legislação trabalhista.

Por essa razão, a ex-empregadora, associação gestora da Rede Sarah de Hos-


pitais de Reabilitação, foi condenada ao pagamento das horas extras excedentes à 30ª
semanal, com reflexos.

A julgadora explicou que a Lei nº 8.856/94 fixou a jornada de trabalho máxi-


ma dos profissionais fisioterapeuta e terapeuta ocupacional em 30 horas semanais de
trabalho.

Diante disso, caberia à reclamada adequar a jornada de trabalho, reduzindo
a carga horária da trabalhadora, sem diminuir o salário, conforme previsto no arti-
go 468 da CLT.

Mas o que a ré fez foi simplesmente desmembrar as atividades em duas fun-
ções, sem promover qualquer modificação real nas condições do contrato de traba-
lho. O próprio representante da ré afirmou que atividades funcionais da reclamante
não se alteraram ao longo do período contratual.

Uma testemunha confirmou que a divisão em fisioterapeuta e monitor de
reabilitação foi apenas formal, não havendo alteração prática nas atividades. A recla-
mante continuou trabalhando 40 horas semanais.

Diante dessa realidade, a magistrada não teve dúvidas de que a jornada espe-
cial de 30 horas semanais foi descumprida. "Ora, se o legislador ordinário estabeleceu
jornada reduzida para os profissionais fisioterapeutas, em função da especificidade
de seu mister, tal disposição deve ser observada pelo empregador", registrou a julga-
dora.

A juíza substituta considerou inválidos os aditivos contratuais, por desres-


peitarem disposições legais de proteção à saúde do trabalhador.
158
TÓPICO 3 | O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALISTA PROFISSIONAL E A PRÁTICA CLÍNICA EM FISIOTERAPIA

Diante da fraude reconhecida no contrato de trabalho, não deu qualquer im-


portância ao fato de a reclamante não ter sofrido perda financeira com a cisão de
contrato, tese levantada pela defesa para tentar afastar a condenação.

Diante desse quadro, a julgadora condenou a gestora da Rede Sarah ao paga-


mento, como extras, das horas excedentes à 30ª semanal, com os reflexos pertinentes.
A condenação foi mantida pelo Tribunal de Minas.

FONTE: https://trt-3.jusbrasil.com.br/noticias/100032264/fisioterapeuta-tem-direito-a-jornada-
semanal-de-30-horas. Acesso em: 15 nov. 2019.

159
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O COFFITO esclarece que o profissional fisioterapeuta que se enquadra nos ter-


mos das Resoluções COFFITO nº 207/2000 e nº 208/2000, as quais dispõem sobre
o reconhecimento de Certificados, Diplomas e Títulos conferidos a fisioterapeuta
e terapeuta ocupacional, não necessita realizar o Exame de Conhecimento para
obtenção do Título de Especialista.

• Os demais profissionais que não iniciaram quaisquer dos cursos reconhecidos an-
tes da vigência das normas acima referenciadas, ou seja, antes do dia 14 de julho
de 2010, a concessão e o registro do Título de Especialista nas áreas da Fisioterapia
e da Terapia Ocupacional requerem a submissão ao Exame para Concessão de Tí-
tulo de Especialista Profissional, promovido pelo COFFITO em parceria com as
associações de especialidades.

• A Resolução de nº 482, de 1º de abril de 2017, fixa e estabelece o Referencial Nacio-


nal de Procedimentos Fisioterapêuticos —RNPF.

• O RNPF é definido como o valor mínimo que deve ser praticado ao ser realizado
o serviço fisioterapêutico, em suas diversas áreas de atuação, modalidade, circusn-
tância e ambiente.

• O RNPF tem como princípio elencar o rol de procedimentos cuja remuneração
profissional deve ser de acordo com o exercício fisioterapêutico adequado, na
promoção de saúde, prevenção e recuperação da funcionalidade e incapacidades
apresentadas em cada caso.

• Os valores do referencial de remuneração dos procedimentos fisioterapêuticos


estão expressos em reais, através da interpretação dos valores do Coeficiente de
Honorários Fisioterapêuticos – CHF.

• O valor praticado do CHF em 2019 é expresso em reais e tem o custo de R$ 0,60


(sessenta centavos).

• Antes de excecutar qualquer atendimento fisioterapêutico, é obrigatório a reali-


zação de consulta fisioterapêutica, sendo esta definida como o momento em que
se estabelece o diagnóstico cinético funcional através da utilização de ferramentas
avaliativas e a partir desta etapa é que o profissional pode planejar e executar o
tratamento.

160
• O COFFITO, Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, determina
que deverá ser repeitada a prestação máxima de 30 horas semanais de trabalho,
aos profissionais fisioterapeutas, sendo essa jornada de trabalho estabelecida em
1º de março de 1994, no governo do então Presidente da República Itamar Franco.

DICAS

Para auxiliar no entendimento do conteúdo, acesse o material disponibilizado


a seguir:
• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm
• http://legis.senado.leg.br/norma/524501

161
AUTOATIVIDADE

1 (IADES, 2019) O Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia trata dos


deveres do fisioterapeuta no que tange ao controle ético do exercício da
respectiva profissão, sem prejuízo dos direitos e prerrogativas assegurados
pelo ordenamento jurídico. Em relação ao Capítulo III do referido código,
que trata do relacionamento com o cliente/paciente/usuário, assinale a al-
ternativa CORRETA:

FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/4e2d9fde-28>.
Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) O fisioterapeuta deve elaborar o diagnóstico fisioterapêutico, porém pode


encaminhar o plano de tratamento para ser realizado pelo respectivo estagiá-
rio ou outro profissional, eximindo a própria responsabilidade final quanto ao
caso.
b) ( ) A informação quanto a consulta fisioterapêutica e diagnóstico e prognós-
tico fisioterapêuticos é de caráter exclusivo do profissional e da respectiva em-
presa.
c) ( ) É permitido ao fisioterapeuta dar consulta ou prescrever tratamento fisiote-
rapêutico de forma não presencial, especialmente por aplicativos como What-
sApp, Skype, Instagram e Facebook.
d) ( ) Inserir anúncio ou divulgação profissional, bem como expor, no próprio
local de atendimento/trabalho, nome, iniciais de nomes, endereço, fotografia,
inclusive aquelas que comparam quadros anteriores e posteriores ao tratamen-
to realizado, é um direito do profissional/empresa, não exigindo autorização
formal prévia do cliente/paciente/usuário ou do responsável legal.
e) ( ) O fisioterapeuta deve zelar para que o prontuário do cliente/paciente/usu-
ário permaneça fora do alcance de estranhos à equipe de saúde da instituição,
salvo quando outra conduta seja expressamente recomendada pela direção da
instituição e tenha amparo legal.

2 (VUNESP, 2017) O parâmetro básico para fixação de honorários do


fisioterapeuta, de acordo com o Código de Ética Profissional, é:

FONTE: <https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/fisioterapia-
fisioterapia/codigo-de-etica/questoes?page=4>. Acesso em: 2 set. 2019.

a) ( ) O salário-base de enfermeiros.
a) ( ) O piso salarial da FENAFITO.
a) ( ) O salário-mínimo nacional.
a) ( ) O salário-base de profissionais de saúde.
a) ( ) A referência nacional de procedimentos fisioterapêuticos.

162
3 Com base no que foi visto no Tópico 3 da Unidade 2, em relação ao RNPF e
ao CHF (valor 2019: R$ 0,60), analise a tabela a seguir e preencha os valores
expressos em reais (última coluna da tabela), dos serviços fisioterapêuticos
representados por:

FONTE: <http://www.crefito10.org.br/conteudo.jsp?ids=57>. Acesso em: 2 set. 2019.

4 Explique o é Dinamometria e cite sua finalidade.

5 Explique o que é Eletromiografia de superfície e cite sua finalidade.

163
164
UNIDADE 3

REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA
PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer sobre as regulamentações e ética profissional da Fisioterapia;

• saber quais os órgãos responsáveis pela organização da profissão;

• conhecer o códio de ética da profissão;

• deferenciar ética de moral;

• compreender o que é bioética.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL


DA FISIOTERAPIA

TÓPICO 2 – CÓDIGO DE ÉTICA

TÓPICO 3 – DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

TÓPICO 4 – ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL

TÓPICO 5 – BIOÉTICA

CHAMADA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos


em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá
melhor as informações.

165
166
UNIDADE 3
TÓPICO 1

REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA
PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Dando continuidade ao conteúdo deste Livro Didático, che-
gamos à Unidade 3, que abordará questões referentes a regulamentação da profissão
de Fisioterapia e Ética Profissional.

Neste tópico falaremos sobre dois órgãos fundamentais para a organização


da profissão de Fisioterapia que são os responsáveis por fiscalizar o exercício da pro-
fissão definida no Decreto-Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969.

São eles: o Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional — COFIT-


TO — e os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional — CREFITTO.
Ambos originados pela Lei nº 6.316 de 17 de setembro de 1975.

2 ÓRGÃOS QUE REGULAMENTAM A PROFISSÃO


Muitos futuros profissionais, por não compreenderem a importância destes
órgãos, os julgam erroneamente como ferramentas apenas de punição ou fiscaliza-
ção. Porém, é importante salientar que suas atribuições estão primariamente relacio-
nadas com a organização e planejamento da evolução da profissão, através de ações
que visam a valorização e garantem os direitos dos Fisioterapeutas de forma geral.

2.1 CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA


OCUPACIONAL (COFFITO)
A Lei nº 6.316 de 17 de setembro de 1975 cria o Conselho Federal de Fisiote-
rapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), órgão que possui a incumbência de fiscali-
zar o exercício das profissões de Fisioterapeuta e de Terapeuta Ocupacional (GAVA,
2004).

167
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Acadêmico, conforme já visto na Unidade 1 deste Livro Didático, até o ano


de 1995, o COFFITO e os CREFITOS, juntos, constituíam uma autarquia federal vin-
culada ao Ministério do Trabalho. Desde 1995 até os dias atuais, houve uma desvin-
culação do Ministério do Trabalho, passando o COFFITO a representar um órgão de
última instância recursal.

O COFFITO possui como objetivos principais relacionados às profissões


de Fisioterapia e Terapia Ocupacional:

• Normatização.
• Controle ético.
• Controle científico.
• Controle social.

De forma resumida, o COFFITO possui como competências:

• Cumprimento de atos normativos relativos à Lei nº 6.316/1975.


• Supervisão e fiscalização do exercício profissional da Fisioterapia e Terapia Ocupa-
cional a nível de território nacional.
• Função de Tribunal Superior de Ética nas demandas profissionais da Fisioterapia
e Terapia Ocupacional.
• Defesa dos interesses corporativos das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupa-
cional.
• Fomento à boa formação técnica e humanista das profissões de Fisioterapia e Te-
rapia Ocupacional.

Todas as ações desenvolvidas pelo COFFITO visam diretamente a valoriza-


ção da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, tanto pela sociedade quanto pelos seus
pares da área de saúde.

Indiretamente, a partir do trabalho do COFFITO, a população pode receber


uma prestação de serviços resolutivos e de excelência, interferindo positivamente na
sua qualidade de vida.

2.2 CONSELHOS REGIONAIS DE FISIOTERAPIA E TERAPIA


OCUPACIONAL (CREFITOS)
Os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFI-
TOS), possuem a mesma origem de criação que o COFFITO, ou seja, a Lei nº
6.316, de 17 de setembro de 1975 (GAVA, 2004).

As competências dos Conselhos Regionais de acordo com a Lei nº 6.316/1975


são, de forma resumida:

168
TÓPICO 1 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA

• Expedição da carteira de identidade profissional.


• Fiscalização do exercício profissional das áreas de sua jurisdição.
• Fiscalizar o cumprimento da Lei nº 6.316/1975 nas áreas de sua jurisdição;
• Função de Tribunal Regional de Ética.
• Estímulo à valorização das profissões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Conforme já visto neste livro, atualmente, existem dezoito CREFITOS, co-


brindo e atuando em todas as regiões do país.

NOTA

Acadêmico, cabe aqui salientar que ao longo do tempo os CREFITOS


passaram por mudanças e desmembramentos para que os profissionais de estados antes
ligados a um determinado CREFITO, pudessem ter maior autonomia, criando seus próprios
conselhos regionais.

A Figura 1 ilustra as jurisdições de cada CREFITO:

FIGURA 1 – MAPA DOS CREFITOS NO BRASIL

FONTE: <https://www.crefito11.gov.br/conselhos-1>. Acesso em: 28 out. 2019.

169
RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• O COFFITO possui como objetivos principais relacionados às profissões de Fisio-


terapia e Terapia Ocupacional: normatização, controle ético, controle científico e
controle social.

• As ações desenvolvidas pelo COFFITO visam diretamente a valorização da Fisio-


terapia, tanto pela sociedade quanto pelos seus pares da área de saúde.

• Os Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (CREFITOS), pos-


suem a mesma origem de criação que o COFFITO.

• Atualmente existem dezoito CREFITOS em todo o território Nacional.

• Os CREFITOS possuem inúmeras funções, como por exemplo: expedição da car-


teira de identidade profissional, fiscalização do exercício profissional das áreas de
sua jurisdição, fiscalizar o cumprimento da Lei nº 6.316/1975 nas áreas de sua juris-
dição, função de Tribunal Regional de Ética, estímulo à valorização das profissões
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional etc.

170
AUTOATIVIDADE

1 Qual a importância do COFFITO e dos CREFITOS na construção da va-


lorização da profissão de fisioterapeuta?

2 Em relação às competências e funções, quais são as diferenças existentes


entre o COFFITO e os CREFITOS?

171
172
UNIDADE 3
TÓPICO 2

CÓDIGO DE ÉTICA

1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, chegamos agora em um ponto crucial, em que abordaremos a
importância e o papel da ética no âmbito profissional. Começaremos observando
cada capítulo do nosso código de ética e como podemos relacioná-los com o exercício
profissional de forma prática.

Antes mesmo de compreender os conceitos de ética, moral, deontologia e


bioética é necessário conhecer e compreender a importância de cada parte do código.
Porém, conforme avançamos, tais conceitos serão explicados e diferenciados no de-
correr dessa unidade.

Conhecer e compreender cada artigo do código de ética possibilitará a você,


futuro profissional, evitar gafes e constrangimentos diante dos seus colegas de pro-
fissão, atuar de forma condizente com a legislação e ainda proteger os direitos dos
seus futuros pacientes. Infelizmente, muitos profissionais, por desconhecimento ou
interpretação errônea do código de ética da Fisioterapia, cometem uma série de atos
transgressivos, que por sua vez prejudicam toda a sociedade e a profissão como um
todo.

O presente tópico é uma tentativa de facilitar o entendimento de partes es-


senciais do nosso código de ética e ilustrar situações nas quais este entendimento tor-
na-se necessário. Para cada subtópico, faremos a transcrição do mesmo e comentários
para exemplificar sua aplicação e importância no dia a dia do exercício profissional,
vamos lá?

2 ASPECTOS PRINCIPAIS DOS CAPÍTULOS DO CÓDIGO DE


ÉTICA
Veremos, primeiramente, sobre as disposições preliminares:

173
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Artigo 1º O Código de Ética e Deontologia da Fisioterapia, trata


dos deveres do fisioterapeuta, no que tange ao controle ético do exercício
de sua profissão, sem prejuízo de todos os direitos e prerrogativas
assegurados pelo ordenamento jurídico.
§ 1º Compete ao Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia
Ocupacional zelar pela observância dos princípios deste código, funcionar
como Conselho Superior de Ética e Deontologia Profissional, além de
firmar jurisprudência e atuar nos casos omissos.
§ 2º Compete aos Conselhos Regionais de Fisioterapia e de Terapia
Ocupacional, em suas respectivas circunscrições, zelar pela observância
dos princípios e diretrizes deste código e funcionar como órgão julgador
em primeira instância.
§ 3º A fim de garantir a execução deste Código de Ética e Deontologia
da Fisioterapia, cabe aos inscritos e aos interessados comunicar e observar
as normas relativas ao Código de Processo Ético, para que os Conselhos
Regionais e Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional possam atuar
com clareza e embasamento, fatos que caracterizem a não observância
deste Código de Ética.
Artigo 2º O profissional que infringir o presente código, se sujeitará
às penas disciplinares previstas na legislação em vigor (COFFITO, 2013).

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Após a leitura das disposições preliminares, fica bastante claro que o


código de ética tem como objetivos principais:

• Nortear o exercício profissional da Fisioterapia no que diz respeito ao rigor ético.


• Assegurar os direitos dos profissionais.
• Nortear as ações fiscalizatórias.
• Nortear as ações punitivas.

Veremos a seguir, com mais aprofundamento, cada uma das partes que com-
põe o código de ética da Fisioterapia, para que você, acadêmico e futuro Fisiotera-
peuta, seja capaz de compreender como cada uma delas se relacionará com o seu
cotidiano profissional.

2.1 RESPONSABILIDADES FUNDAMENTAIS

Artigo 3º Para o exercício profissional da Fisioterapia é obrigatória a


inscrição no Conselho Regional da circunscrição em que atuar na forma da
legislação em vigor, mantendo obrigatoriamente seus dados cadastrais atuali-
zados junto ao sistema COFFITO/CREFITOS.

174
TÓPICO 2 | Código de ética

§ 1º O fisioterapeuta deve portar sua identificação profissional sempre


que em exercício.
§ 2º A atualização cadastral deve ocorrer minimamente a cada ano, res-
peitadas as regras específicas quanto ao recadastramento nacional.
Artigo 4º O fisioterapeuta presta assistência ao ser humano, tanto no pla-
no individual quanto coletivo, participando da promoção da saúde, prevenção
de agravos, tratamento e recuperação da sua saúde e cuidados paliativos, sem-
pre tendo em vista a qualidade de vida, sem discriminação de qualquer forma
ou pretexto, segundo os princípios do sistema de saúde vigente no Brasil.
Artigo 5º O fisioterapeuta avalia sua capacidade técnica e somente
aceita atribuição ou assume encargo quando capaz de desempenho seguro
para o cliente/paciente/usuário, em respeito aos direitos humanos.
§ Único No exercício de sua atividade profissional o fisioterapeuta deve
observar as normatizações e recomendações relativas à capacitação e à titulação
emanadas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
Artigo 6º O fisioterapeuta protege o cliente/paciente/usuário e a insti-
tuição/programa em que trabalha contra danos decorrentes de imperícia, ne-
gligência ou imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde,
advertindo o profissional faltoso.
§ Único Se necessário, representa à chefia imediata, à instituição, ao Con-
selho Regional de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional e/ou outros órgãos com-
petentes, a fim de que sejam tomadas as medidas cabíveis para salvaguardar a
saúde, a participação social, o conforto e a intimidade do cliente/paciente/usuá-
rio e das famílias ou a reputação profissional dos membros da equipe.
Artigo 7º O fisioterapeuta deve comunicar à chefia imediata da insti-
tuição em que trabalha ou à autoridade competente, fato que tenha conheci-
mento que seja tipificado como crime, contravenção ou infração ética.
Artigo 8º O fisioterapeuta deve se atualizar e aperfeiçoar seus conheci-
mentos técnicos, científicos e culturais, amparando-se nos princípios da benefi-
cência e da não maleficência, no desenvolvimento de sua profissão, inserindo-
-se em programas de educação continuada e de educação permanente.
Artigo 9º Constituem-se deveres fundamentais do fisioterapeuta, se-
gundo sua área e atribuição específica:
I- Assumir responsabilidade técnica por serviço de Fisioterapia, em
caráter de urgência, quando designado ou quando for o único profissional do
setor, atendendo a Resolução específica;
II- Exercer sua atividade com zelo, probidade e decoro e obedecer aos
preceitos da ética profissional, da moral, do civismo e das leis em vigor, preser-
vando a honra, o prestígio e as tradições de sua profissão;
III- Utilizar todos os conhecimentos técnico-científicos a seu alcance e
aprimorá-los contínua e permanentemente, para promover a saúde e prevenir
condições que impliquem em perda da qualidade da vida do ser humano;
IV- Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em
razão de sua atividade profissional e exigir o mesmo comportamento do pes-
soal sob sua direção, salvo situações previstas em lei;

175
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

V- Colocar seus serviços profissionais à disposição da comunidade em


caso de guerra, catástrofe, epidemia ou crise social, sem pleitear vantagem pes-
soal incompatível com o princípio de bioética de justiça;
VI- Oferecer ou divulgar seus serviços profissionais de forma compa-
tível com a dignidade da profissão e a leal concorrência;
VII- Cumprir os Parâmetros Assistenciais e o Referencial Nacional de
Procedimentos Fisioterapêuticos normatizados pelo COFFITO;
VIII- Cumprir e fazer cumprir os preceitos contidos neste Código, in-
dependente da função ou cargo que ocupa, e levar ao conhecimento do Conse-
lho Regional de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional o ato atentatório a qual-
quer de seus dispositivos, salvo as situações previstas em legislação específica.
Artigo 10º É proibido ao fisioterapeuta:
I- Negar a assistência ao ser humano ou à coletividade em caso de in-
dubitável urgência;
II- Recomendar, prescrever e executar tratamento ou nele colaborar,
quando:
a) desnecessário;
b) proibido por lei ou pela ética profissional;
c) atentatório à moral ou à saúde do cliente/paciente/usuário;
d) praticado sem o consentimento formal do cliente/paciente/usuário ou
de seu representante legal ou responsável, quando se tratar de menor ou incapaz.
III- Praticar qualquer ato que não esteja regulamentado pelo Conselho
Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
IV- Autorizar a utilização ou não coibi-la, mesmo a título gratuito, de
seu nome ou de sociedade que seja sócio, para atos que impliquem na mercan-
tilização da saúde e da Fisioterapia em detrimento da responsabilidade social
e socioambiental.
V- Divulgar, para fins de autopromoção, declaração, atestado, imagem
ou carta de agradecimento emitida por cliente/paciente/usuário ou familiar
deste, em razão de serviço profissional prestado;
VI- Deixar de atender a convocação do Conselho Regional de Fisio-
terapia e de Terapia Ocupacional a que pertencer ou do Conselho Federal de
Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
VII- Usar da profissão para corromper a moral e os costumes, cometer
ou favorecer contravenções e crimes, bem como adotar atos que caracterizem
assédios moral ou sexual;
VIII- Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas e
religiosas quando no exercício de suas funções profissionais.
IX- Deixar de comunicar ao Conselho Regional de Fisioterapia e de
Terapia Ocupacional, recusa, demissão ou exoneração de cargo, função ou em-
prego, que foi motivada pela necessidade de preservar os legítimos interesses
de sua profissão.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

176
TÓPICO 2 | Código de ética

Este trecho trata de responsabilidades fundamentais do Fisioterapeuta e to-


dos os aspectos aqui contidos devem ser seriamente observados e cumpridos pelos
profissionais. Porém, três pontos serão aqui destacados a fim de ilustrar a importân-
cia do código de ética para a prática profissional diária.

O primeiro deles é o fato de que o Fisioterapeuta trabalha nos três níveis de


atenção à saúde, ou seja, somos profissionais que além de reabilitar e tratar de pro-
blemas já instalados, temos, também, o dever de observar a questão de prevenção
de problemas e distúrbios inerentes a qualquer campo de atuação da Fisioterapia
(GAVA, 2004).

Para ilustrar melhor como podemos atuar no campo da prevenção, é possível


realizar atividades como palestras em instituições de ensino (desde a educação básica
até a educação superior, seja de caráter privado ou público), intervenções ergonômi-
cas em empresas (pequeno, médio e grande portes) e até mesmo orientar pacientes e
familiares quanto aos fatores de risco para queda em idosos, por exemplo.

Desde a sua criação e por muitos anos, a Fisioterapia era vista como uma pro-
fissão que atuava no âmbito de reabilitação. Mas a partir da reformulação do curso
de Fisioterapia em 1983, de acordo com Gava (2004), este caráter cura-reabilitação co-
meça a ser transformado para dar espaço também ao caráter preventivo da profissão,
que possibilitou sua inserção como um verdadeiro agente de saúde na sociedade.

Um segundo aspecto que merece atenção neste tópico é a questão da im-


portância da atualização profissional. É cada vez mais notável que a expansão da
Fisioterapia como profissão vem alcançando proporções crescentes, especialmente
no que tange à concorrência, por isso é extremamente necessário que o profissional
se mantenha atualizado.

A atualização profissional, por meio de cursos de extensão, cursos livres, par-


ticipação em eventos como: congressos, simpósios, pós-graduações, além de man-
ter o profissional ciente das descobertas científicas e de novas técnicas e tecnologias
existentes no seu campo de atuação, também resguarda o bem-estar e segurança dos
pacientes, corroborando com os princípios bioéticos da beneficência e não-malefi-
cência os quais abordaremos mais adiante neste livro (BRASIL, 2014; ERDMANN;
LENTZ, 2002).

E o terceiro ponto a ser cuidadosamente observado é a questão do Referencial


Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos (RNPF), temática já abordada na Uni-
dade 2 deste livro. Leia a seguir um trecho da Resolução nº 482, de 1º de abril de 2017,
que fixa e estabelece o RNPF:

Art. 4º  O Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêuticos –


RNPF, que deve ser utilizado como parâmetro mínimo econômico e
deontológico, em atenção à Resolução-COFFITO nº 367, de 20 de maio
de 2009, tem como base a linguagem da Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde – CIF, a fim de compatibilizar
as nomenclaturas dos procedimentos com as diretrizes da Organização
Mundial de Saúde – OMS (COFFITO, 2017, s.p.).

177
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Relembrando, o RNPF tem por objetivo principal elencar o rol de procedi-


mentos fisioterapêuticos e dispor sobre a remuneração profissional da Fisioterapia.

Os valores do RNPF estão expressos em reais, através da interpretação dos


valores do Coeficiente de Honorários Fisioterapêuticos – CHF, com valor de R$ 0,39
(trinta e nove centavos de real), na época da publicação da Resolução. Além disso, os
valores deverão ser cobrados em reais e terão reajuste anual, com base no índice do
IPC/FIP- Setor Saúde, ou outro que o substitua, desde que responda as perdas infla-
cionárias do período. Os valores hoje propostos pelo nosso referencial estão compa-
tíveis com o custo médio unitário por procedimento, proposto pela pesquisa FGV.

DICAS

Para acessar a resolução do COFFITO 482/2017 na íntegra, bem como ler o


RNPF atualizado, acesse: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=6857.

Cabe lembrar que é dever do Fisioterapeuta conhecer todas as proibições ine-


rentes ao código de ética profissional incluindo as do artigo 10. Pois, ao cometer uma
ação considerada proibida, estará cometendo infração que pode gerar desde adver-
tências até a cassação da sua licença profissional.

2.2 RELACIONAMENTO COM CLIENTE/PACIENTE/USUÁRIO

Art. 11. O fisioterapeuta deve zelar pela provisão e manutenção de ade-


quada assistência ao seu cliente/paciente/usuário, amparados em métodos e
técnicas reconhecidos ou regulamentados pelo Conselho Federal de Fisiotera-
pia e de Terapia Ocupacional.
Art. 12. O fisioterapeuta deve se responsabilizar pela elaboração do
diagnóstico fisioterapêutico, instituir e aplicar o plano de tratamento e conceder
alta para o cliente/paciente/usuário, ou, quando julgar necessário, encaminhar
o mesmo a outro profissional.
Art. 13. O fisioterapeuta deve zelar para que o prontuário do cliente/
paciente/ usuário permaneça fora do alcance de estranhos à equipe de saúde da
instituição, salvo quando outra conduta seja expressamente recomendada pela
direção da instituição e que tenha amparo legal.
Art. 14. Constituem-se deveres fundamentais dos fisioterapeutas rela-
cionados à assistência ao cliente/paciente/usuário:
I- Respeitar a vida humana desde a concepção até a morte, jamais coo-
perando em ato em que voluntariamente se atente contra ela, ou que coloque
em risco a integridade física, psíquica, moral, cultural e social do ser humano;

178
TÓPICO 2 | Código de ética

II- Prestar assistência ao ser humano, respeitados a sua dignidade e os


direitos humanos de modo a que a prioridade no atendimento obedeça a ra-
zões de urgência, independentemente de qualquer consideração relativa à raça,
etnia, nacionalidade, credo sociopolítico, gênero, religião, cultura, condições
sócios-econômicas, orientação sexual e qualquer outra forma de preconceito,
sempre em defesa da vida;
III- Respeitar o natural pudor e a intimidade do cliente/paciente/usuário;
IV- Respeitar o princípio bioético de autonomia, beneficência e não male-
ficência do cliente/paciente/usuário de decidir sobre a sua pessoa e seu bem-estar;
V- Informar ao cliente/paciente/usuário quanto à consulta fisioterapêuti-
ca, diagnóstico e prognóstico fisioterapêuticos, objetivos do tratamento, condutas
e procedimentos a serem adotados, esclarecendo-o ou o seu responsável legal.
VI- Prestar assistência fisioterapêutica respeitando os princípios da bio-
ética.
Art. 15. É proibido ao fisioterapeuta:
I- Abandonar o cliente/paciente/usuário em meio a tratamento, sem a
garantia de continuidade de assistência, salvo por motivo relevante;
II- Dar consulta ou prescrever tratamento fisioterapêutico de forma não
presencial, salvo em casos regulamentados pelo Conselho Federal de Fisiotera-
pia e de Terapia Ocupacional;
III- Divulgar e prometer terapia infalível, secreta ou descoberta cuja efi-
cácia não seja comprovada;
IV- Prescrever tratamento fisioterapêutico sem realização de consulta,
exceto em caso de indubitável urgência;
V- Inserir em anúncio ou divulgação profissional, bem como expor em
seu local de atendimento/trabalho, nome, iniciais de nomes, endereço, fotogra-
fia, inclusive aquelas que comparam quadros anteriores e posteriores ao trata-
mento realizado, ou qualquer outra referência que possibilite a identificação de
cliente/paciente/usuário, salvo para divulgação em comunicações e eventos de
cunho acadêmico científico, com a autorização formal prévia do cliente/pacien-
te/usuário ou do responsável legal.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Acadêmico, após a leitura do trecho anterior, é possível abordar uma temá-


tica bastante delicada e atual: a utilização da internet, sobretudo das redes sociais,
na divulgação dos serviços fisioterapêuticos.

A partir da última década, houve um crescimento exponencial no número


de usuários da internet, principalmente no que diz respeito às redes sociais. Se-
gundo Kemp (2019) no Relatório Digital 2019: Brazil, o número de brasileiros com
acesso à internet aumentou em 10 milhões, um crescimento de 7,2% em relação ao
relatório do ano de 2018. Ainda segundo este mesmo relatório, existem 7,7% mais
usuários ativos nas mídias sociais no Brasil, totalizando 140 milhões de usuários.

179
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Tal crescimento na utilização das mídias sociais traz consigo uma neces-
sidade de nos atentarmos para a utilização delas para fins profissionais. Ainda
existem muitas lacunas em relação à divulgação dos serviços de Fisioterapia via
internet. Um exemplo disso é a publicação dos famosos “antes e depois” dos tra-
tamentos em redes sociais, como Facebook e Instagram (BATTISTI, 2006).

Ao abrir o feed do Facebook e Instagram, é possível observar a quantidade


avassaladora de profissionais e Empresas divulgando seus serviços, incluindo Fisio-
terapeutas e Clínicas de Fisioterapia nas mais diversas especialidades. Contudo, é
importante ressaltar que tal divulgação deve estar de acordo com as regras e prin-
cípios éticos da profissão, não devendo ser comparada à publicidade de produtos e
práticas meramente comerciais (MARTORELL; NASCIMENTO; GARRAFA,
2016).

É necessário lembrar que clientes não podem ser equiparados a produtos,


a Fisioterapia não deve ser comparada com uma atividade de caráter comercial
que visa somente o lucro (BATTISTI, 2006).

Acadêmico, a discussão sobre os aspectos legais da utilização das redes


sociais como meio de divulgação de serviços fisioterapêuticos ainda trará à tona
muitos capítulos, não sendo possível esgotar as situações e polêmicas neste livro.
Porém, na dúvida, recorra ao código de ética e ao CREFITO de sua região para
evitar atos infracionais e primar sempre pela defesa da vida.

DICAS

Pensando em nortear as ações da Especialidade de Dermatofuncional nas


mídias sociais, o CREFITO 7 elaborou uma espécie de cartilha bastante interessante sobre
este assunto: Guia Prático do Fisioterapeuta Dermatofuncional nas Mídias Sociais. O
download deste documento pode ser realizado em: http://crefito7.gov.br/wp-content/
uploads/2019/08/GUIA-PR%C3%81TICO-FISIOTERAPIA-DERMATOFUNCIONAL-2.pdf.

2.3 RELACIONAMENTO COM A EQUIPE

Art. 16. O fisioterapeuta, enquanto participante de equipes multiprofis-


sionais e interdisciplinares constituídas em programas e políticas de saúde, tanto
no âmbito público quanto privado, deve colaborar com os seus conhecimentos na
assistência ao ser humano, devendo envidar todos os esforços para o desenvolvi-
mento de um trabalho harmônico na equipe.
Art. 17. É dever fundamental do fisioterapeuta, incentivar o pessoal sob a
sua direção, coordenação, supervisão e orientação, na busca de qualificação con-

180
TÓPICO 2 | Código de ética

tinuada e permanente, em benefício do cliente/paciente/usuário e do desenvolvi-


mento da profissão, respeitando sua autonomia.
Art. 18. A responsabilidade do fisioterapeuta por erro cometido em sua
atuação profissional, não é diminuída, mesmo quando cometido o erro na cole-
tividade de uma instituição ou de uma equipe, e será apurada na medida de sua
culpabilidade.
Art. 19. O fisioterapeuta deve reprovar quem infringir postulado ético ou
dispositivo legal e representar ao Conselho Regional e Federal de Fisioterapia e
de Terapia Ocupacional, de acordo com o previsto no Código de Processo Ético-
-disciplinar e, quando for o caso, aos demais órgãos competentes.
Art. 20. O fisioterapeuta, ao participar de eventos culturais, científicos e
políticos com colega ou outros profissionais, deve ser respeitoso e cordial para
com os participantes, evitando qualquer referência que possa ofender a reputa-
ção moral, científica e política dos mesmos.
Art. 21. O fisioterapeuta deve tratar os colegas, membros e não membros
da equipe de saúde e outros profissionais, com respeito e urbanidade, sejam ver-
balmente, por escrito ou por via eletrônica, não prescindindo de igual tratamento
de suas prerrogativas.
Art. 22. O fisioterapeuta solicitado para cooperar em diagnóstico ou
orientar em tratamento considera o cliente/paciente/usuário como permanecen-
do sob os cuidados do solicitante.
Art. 23. O fisioterapeuta que solicita para cliente/paciente/usuário sob sua
assistência os serviços especializados de colega, não deve indicar a esta conduta
profissional.
Art. 24. O fisioterapeuta que recebe o cliente/paciente/usuário confiado
por colega, em razão de impedimento eventual deste, deve reencaminhar o clien-
te/paciente/usuário ao colega uma vez cessado o impedimento.
Art. 25. É proibido ao fisioterapeuta:
I- Concorrer a qualquer título, para que outrem pratique crime, contra-
venção penal ou ato que infrinja postulado ético profissional;
II- Pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, bem como
praticar ato que importe em concorrência desleal ou acarrete danos ao desempe-
nho profissional de colega, ou aos legítimos interesses da profissão;
III- Utilizar de sua posição hierárquica para induzir ou persuadir seus
colegas subordinados a executar condutas ou atos que firam princípios éticos ou
sua autonomia profissional.
IV- Utilizar de sua posição hierárquica para impedir, prejudicar ou difi-
cultar que seus subordinados realizem seus trabalhos ou atuem dentro dos prin-
cípios éticos;
V- Concorrer, de qualquer modo para que outrem exerça ilegalmente ati-
vidade própria do fisioterapeuta;
VI- Permitir, mesmo a título gratuito, que seu nome conste do quadro
de pessoal de hospital, casa de saúde, ambulatório, consultório, clínica, policlí-
nica, escola, curso, entidade desportiva ou qualquer outra instituição, pública ou
privada, ou estabelecimento congênere, similar ou análogo, sem nele exercer as
atividades de fisioterapeuta;

181
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

VII- Permitir que trabalho que executou seja assinado por outro profis-
sional, bem como assinar trabalho que não executou, ou do qual não tenha par-
ticipado;
VIII- Angariar ou captar serviço ou cliente/paciente/usuário, com ou sem
a intervenção de terceiro, utilizando recurso incompatível com a dignidade da
profissão ou que implique em concorrência desleal;
IX- Desviar de forma antiética, para outro serviço, cliente/paciente/usuá-
rio que esteja em atendimento fisioterapêutico em instituição;
X- Desviar de forma antiética para si ou para outrem, cliente/paciente/
usuário de colega;
XI- Atender a cliente/paciente/usuário que saiba estar em tratamento com
colega, ressalvadas as seguintes hipóteses:
a) A pedido do colega;
b) Em caso de indubitável urgência;
c) Quando procurado espontaneamente pelo cliente/paciente/usuário.
FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Neste trecho do código de ética fica evidente a preocupação em fornecer as


bases de relacionamento com os colegas de profissão e demais colegas da área de
saúde. Tal preocupação é fruto da necessidade de fortalecer a profissão e assegurar
os princípios da ética e da moral entre os profissionais e entre as profissões (JARDI-
LINO, 1998).

Manter uma relação saudável, seja entre membros de uma mesma profissão,
ou até mesmo de forma interdisciplinar, é uma das chaves para evolução da profis-
são como um todo.

Mais uma vez a necessidade da atualização profissional constante é frisada


para que o atendimento fisioterapêutico prestado seja cada vez mais qualificado, ge-
rando transformações positivas na vida dos pacientes.

Acadêmico, observe a importância dada aos limites éticos dos atendimentos


prestados a pacientes de outros colegas. Para ilustrar melhor tal temática, imagine
que você teve conhecimento de um paciente que está sendo atendido por um colega
Fisioterapeuta. Numa conversa informal com você o paciente relata o tratamento ao
qual está sendo submetido e você, por algum motivo, discorda desse tratamento para
aquele caso em questão. Porém, o paciente não procurou você para ser atendido e o
profissional que o está atendendo também não pediu sua opinião profissional sobre
o caso. Mesmo que seu julgamento profissional seja negativo sobre o tratamento que
está sendo realizado, é seu dever ético respeitar a conduta do colega, jamais devendo
criticá-lo ao paciente e jamais convidar o paciente para ser tratado por você.

Nesse caso a conduta adequada seria se manter neutro e explicar que, por
questões éticas, você não pode criticar a conduta do colega. Agir baseado no código
de ética da profissão é sempre a melhor saída.

182
TÓPICO 2 | Código de ética

Na dúvida de como agir nesse tipo ou em outros tipos de situações profissio-


nais, você também pode procurar um conselheiro do CREFITO de sua região para
sanar dúvidas. O atendimento com um conselheiro do CREFITO pode ser feito via
telefone, e-mail ou até mesmo pessoalmente nas sedes e subsedes, geralmente me-
diante agendamento.

2.4 RESPONSABILIDADES NO EXERCÍCIO DA FISIOTERAPIA

Art. 26. O fisioterapeuta deve atuar em consonância à política nacional


de saúde, promovendo os preceitos da saúde coletiva no desempenho das suas
funções, cargos e cidadania, independentemente de exercer a profissão no setor
público ou privado.
Art. 27. O fisioterapeuta deve empenhar-se na melhoria das condições
da assistência fisioterapêutica e nos padrões de qualidade dos serviços de Fisio-
terapia, no que concerne às políticas públicas, à educação sanitária e às respecti-
vas legislações.
Art. 28. O fisioterapeuta deve ser solidário aos movimentos em defesa
da dignidade profissional, seja por remuneração condigna, seja por condições
de trabalho compatíveis com o exercício ético profissional e seu aprimoramento.
Art. 29. O fisioterapeuta deve ser pontual no cumprimento das obriga-
ções pecuniárias inerentes ao exercício da Fisioterapia.
Art. 30. É proibido ao fisioterapeuta:
I- Promover ou participar de atividade de ensino ou pesquisa que não
esteja de acordo com as normas reguladoras da ética em pesquisa.
II- Divulgar e declarar possuir títulos acadêmicos que não possa com-
provar ou de especialista profissional que não atenda às regulamentações espe-
cíficas editadas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
III- utilizar para fins de identificação profissional titulações outras que
não sejam aquelas reconhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Tera-
pia Ocupacional, salvo titulação acadêmica strictu sensu, ou omitir sua titulação
profissional sempre que se anunciar em eventos científicos, anúncio profissional
e outros;
IV- Substituir a titulação de fisioterapeuta por expressões genéricas, tais
como: terapeuta corporal, terapeuta de mão, terapeuta funcional, terapeuta mor-
foanalista, terapeuta holístico, repegista, quiropraxista, osteopata, pilatista, bo-
batiano, esteticista, entre outros;
V- Exigir de maneira antiética, de instituição ou cliente/paciente/usuário,
outras vantagens além do que lhe é devido em razão de contrato, honorários ou
exercício de cargo, função ou emprego, como também receber, de pessoa física
ou jurídica, comissão, remuneração, benefício ou vantagem por encaminhamen-
to de cliente/paciente/usuário ou que não corresponda a serviço efetivamente
prestado;
VI- Deixar de comunicar formalmente ao Conselho Regional de Fisio-
terapia e de Terapia Ocupacional da região da recusa do registro por parte de
instituição ou serviços obrigados a tal registro.

183
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

VII- Deixar de comunicar formalmente à instituição onde trabalha da


necessidade de registro no Conselho Regional de Fisioterapia e de Terapia Ocu-
pacional da circunscrição, salvo nos casos das empresas legalmente desobriga-
das de tal registro;
VIII- Trabalhar ou ser colaborador de entidade na qual sejam desrespei-
tados princípios éticos, bioéticos e a autonomia profissional, bem como condi-
ções de adequada assistência ao cliente/paciente/usuário;
IX- Promover ou participar de atividade de ensino ou pesquisa em que
direito inalienável do ser humano seja violado, ou acarrete risco à vida ou de
dano a sua saúde, respeitando as normas éticas, bioéticas e legais em vigor.
X- Utilizar equipamentos terapêuticos que não sejam reconhecidos pelo
COFFITO de acordo com resolução específica.
XI- usar formulários de instituições públicas para prescrever ou atestar
fatos verificados em serviço privado.
XII- sob qualquer forma, a transmissão de conhecimento, ensinar proce-
dimentos próprios da Fisioterapia visando à formação profissional de outrem,
que não seja, acadêmico ou profissional de Fisioterapia.
Art. 31. O fisioterapeuta, no exercício da Responsabilidade Técnica, deve
cumprir a resolução específica, a fim de garantir os aspectos técnicos, éticos e
bioéticos, reconhecidos e normatizados pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
de Terapia Ocupacional.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Assim como em todas as partes do código de ética, este trecho é muito impor-
tante. Sobretudo no que diz respeito à utilização de equipamentos e tecnologias. Com
a evolução tecnológica, muitas técnicas e equipamentos são divulgados e oferecidos
nas diversas especialidades da Fisioterapia. O fisioterapeuta deve estar atento para
não cair nas armadilhas dos “modismos”, sobretudo na área da Fisioterapia Derma-
tofuncional, a qual possui um forte apelo da indústria para adquirir cada vez mais
tecnologias recém-criadas, mas que em muitos casos não possuem comprovação
científica de sua eficácia e segurança e/ou não possuem funcionamento compatível
com as bases fisiológicas do corpo humano (FORTES, 1998).

É importante observar se tal equipamento ou técnica possui aval do COFFI-


TO e registro nos órgãos competentes, como ANVISA e Ministério da Saúde.

184
TÓPICO 2 | Código de ética

DICAS

Acadêmico, no site da Anvisa — http://portal.anvisa.gov.br/produtos/consultas


— é possível realizar consultas de regularidade de produtos para a saúde. É seu dever
checar essas informações, pois fazem parte das obrigações legislatórias da profissão de
Fisioterapia. Procedendo assim, você, acadêmico, estará agindo de acordo com o código
de ética e protegendo o seu paciente das armadilhas tecnológicas sem respaldo científico
e sem bases fisiológicas.

2.5 SIGILO PROFISSIONAL


Art. 32. É proibido ao fisioterapeuta:
I- Revelar, sem justa causa, fato sigiloso de que tenha conhecimento
em razão do exercício de sua profissão;
II- Negligenciar na orientação de seus colaboradores, quanto ao sigilo
profissional;
III- Fazer referência a casos clínicos identificáveis, exibir cliente/pa-
ciente/usuário ou sua imagem em anúncios profissionais ou na di-
vulgação de assuntos fisioterapêuticos em qualquer meio de comuni-
cação, salvo quando autorizado pelo cliente/paciente/usuário ou seu
responsável legal.
§ Único. Compreende-se como justa causa: demanda judicial ou qual-
quer previsão legal que determine a divulgação (COFFITO, 2013).

Acadêmico, este trecho, apesar de pequeno, é de suma importância na sua


futura vida profissional. Novamente aqui é importante realizar o paralelo com a
internet e redes sociais.

É bastante comum a postagem de casos clínicos de sucesso como formas
de propaganda e anúncios profissionais, incluindo os chamados anúncios patroci-
nados. E mesmo que possua autorização do paciente, esta divulgação de imagem
deve ser realizada da forma mais ética possível, a fim de evitar situações constran-
gedoras ou até mesmo desrespeitosas.

NOTA

Se observarmos o significado da palavra “sigilo” no Dicionário Michaelis,


consta que é “Aquilo que deve ficar acobertado e não deve chegar ao conhecimento ou
à vista das pessoas; segredo”.

FONTE: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/
sigilo/. Acesso em: 28 nov. 2019.

185
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Fica claro que a nossa obrigação profissional é resguardar e respeitar a


imagem do paciente.

A privacidade do paciente deve ser preservada, pois faz parte do princípio


bioético da autonomia o qual veremos mais adiante neste livro. A privacidade
engloba uma série de questões como a intimidade, a honra e a imagem do
indivíduo (FORTES, 1998).

O Fisioterapeuta tem o dever de zelar pela garantia de que é o paciente


que decide quais fatos de seu tratamento deseja manter somente para si mesmo
ou revelar para terceiros, não devendo ser, de forma alguma, coagido ou induzido
pelo profissional (GAUDERER, 1991).

As punições para atos infracionais dessa natureza são julgadas e definidas


pelos CREFITOS, com respaldo do COFFITO e, geralmente, são fruto de denúncias
de pacientes e outros profissionais. Cabe ressaltar que as denúncias devem ser
formalizadas de acordo com as descrições a seguir, retiradas do site do CREFITO
2 (2011). Observe, na íntegra, como fazer uma denúncia válida:

Denúncia é o ato formal no qual o representante expõe sua acusação


perante a autoridade competente para julgar o(s) fato(s) descrito(s) nessa
petição e pode ser apresentada por agente voluntário ou qualquer pessoa,
natural ou jurídica, sujeita à jurisdição do Conselho Regional e acompanha-
da de indício concernente à irregularidade ou ilegalidade denunciada. Não
será reconhecida como válida aquela que não observe os requisitos e forma-
lidades legais, ou seja, somente será recebida quando assinada, declinada
a qualificação do denunciante e acompanhada da indicação dos elementos
comprobatórios do alegado - lei 6316/75, art. 17, § 5º. Tudo o que é necessário
para apresentá-la ao Conselho Regional está listado no §1º do art. 10 da Re-
solução COFFITO 13/79 e art. 4º da Resolução COFFITO 423/13.

Caso não atenda aos requisitos formais, a denúncia deverá ser arqui-
vada. Não é possível a manutenção do sigilo em relação à sua autoria em
virtude do que dispõe o artigo 5º da Constituição, inciso LV: aos litigantes,
em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

A representação, "denúncia" anônima/informal ou comunicação de irregu-


laridade  é utilizada para dar ciência ao Conselho de um fato irregular de
que se tenha notícia, sendo fundamental que a manifestação seja apresenta-
da com a maior quantidade possível de informações para permitir auxiliar
os trabalhos da fiscalização - Resolução COFFITO 423/13, art. 4-§ único, a
qual decidirá sobre a melhor oportunidade de utilizá-las. Não é necessário
se identificar neste caso, mas isso não garante ao mesmo a qualidade de
parte interessada em eventual processo que venha ser instaurado em decor-

186
TÓPICO 2 | Código de ética

rência da comunicação em questão, restando a critério do Órgão recebe-la ou


não, bem como decidir a que tempo atuar.

Com o objetivo de proteger os direitos dos litigantes (denunciante


/ representante, denunciado, interessado e/ou administrados) e ao melhor
cumprimento dos fins da administração, após qualquer representação e/
ou denúncia formal, a administração pública deverá instaurar um processo
administrativo dando ciência das suas tramitações e possibilitar às partes
interessadas vista aos autos; disponibilizando, quando solicitada, cópias de
documentos neles contidos, inclusive suas decisões - Leis 9784/99 (processo
administrativo) e 12.527/11 (lei de acesso a informações).

Na insuficiência de elementos para abertura direta do processo ético-dis-


ciplinar, a Diretoria do Conselho remeterá os autos ao Departamento de
Fiscalização, que procederá às diligências necessárias - Resolução COFFITO
423/13, art. 5. Em outras palavras, se a reclamação configurar infração já con-
sumada, ou seja, situação passada, será alvo direto de procedimento pro-
cessual apuratório, diferente se corresponder à ocorrência presente, cons-
tatável in loco pelo fiscal. O fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional devem
reprovar quem infringe postulado ético ou dispositivo legal e representar
aos Conselhos Regional e Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de
acordo com as previsões do Código do Processo Ético- Disciplinar, e quando
for o caso, aos demais órgãos competentes - art. 19 da Res. COFFITO 424
(Fisioterapia) e 425 (Terapia Ocupacional). Portanto, denunciar é um ato le-
gítimo e ético.

Ao apresentar sua queixa ao Conselho esteja ciente que o desdobra-


mento para eventual punição dependerá se o fato narrado caracterizar trans-
gressão à legislação do Conselho Federal, ou seja, se a conduta profissional
contrariar as normas a que ele está submetido.

FONTE: <http://bit.ly/2RneQDh>. Acesso em: 29 nov. 2019.

2.6 FISIOTERAPEUTA PERANTE AS ENTIDADES DE CLASSE


Art. 33. O fisioterapeuta, por sua atuação nos órgãos de representação polí-
tica e profissional, deve participar da determinação de condições justas de
trabalho e do aprimoramento técnico científico e cultural para o exercício da
profissão.
Art. 34. É recomendado ao fisioterapeuta, com vistas à responsabilidade
social e consciência política, pertencer a entidades associativas da classe,
de caráter cultural, social, científico ou sindical, a nível local ou nacional
em que exerce sua atividade profissional.
Art. 35. É proibido ao fisioterapeuta, inclusive na condição de docente, ma-
nifestar, divulgar, ou fomentar conteúdo que atente de forma depreciativa
contra órgão e entidades de classe, assim como à moral de seus respectivos
representantes, utilizando-se de qualquer meio de comunicação (COFFI-
TO, 2013).

187
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Caro futuro colega, como já foi mencionado, o nosso código de ética tem por
objetivo nortear as ações profissionais pautadas na ética a fim de ajudar na valoriza-
ção da profissão.

Ao atentar contra os seus representantes, o Fisioterapeuta estará automatica-


mente prejudicando a imagem da profissão junto à sociedade, contrariando o propó-
sito de valorização da profissão e o agir ético e deontológico ao qual devemos estar
plenamente comprometidos.

Ora, se não formos capazes de respeitar nossos próprios conselhos Federal


e Regional, não seremos capazes de respeitar mais nada. Ainda que discordemos
de algum ponto ou atitude relacionada a esses órgãos, não é aceitável sob nenhuma
hipótese realizar crítica depreciativa contra órgãos ou entidades que representem a
Fisioterapia (CAMOM, 2002).

2.7 HONORÁRIOS

Art. 36. O fisioterapeuta tem direito a justa remuneração por seus ser-
viços profissionais.
Art. 37. O fisioterapeuta, na fixação de seus honorários, deve considerar
como parâmetro básico o Referencial Nacional de Procedimentos Fisioterapêu-
ticos.
Art. 38. O fisioterapeuta pode deixar de cobrar honorários por assistên-
cia prestada a:
I- Ascendente, descendente, colateral, afim ou pessoa que viva sob sua
dependência econômica;
II- Colega ou pessoa que viva sob a dependência econômica deste, res-
salvado o recebimento do valor do material porventura despendido na presta-
ção da assistência;
III- Pessoa reconhecidamente hipossuficiente de recursos econômicos.
Art. 39. É proibido ao fisioterapeuta prestar assistência profissional gra-
tuita ou a preço ínfimo, ressalvado o disposto no artigo 38, entendendo-se por
preço ínfimo, valor inferior ao Referencial Nacional de Procedimentos Fisiote-
rapêuticos.
Art. 40. É proibido ao fisioterapeuta:
I- Afixar valor de honorários fora do local da assistência fisioterapêu-
tica, ou promover sua divulgação de forma incompatível com a dignidade da
profissão ou que implique em concorrência desleal.
II- Cobrar honorários de cliente/paciente/usuário em instituição que se
destina à prestação de serviços públicos, ou receber remuneração de cliente/
paciente/usuário como complemento de salários ou de honorários;
III- Obter vantagem pelo encaminhamento de procedimentos, pela co-
mercialização de órteses ou produtos de qualquer natureza, cuja compra decor-
ra da influência direta em virtude de sua atividade profissional.
FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

188
TÓPICO 2 | Código de ética

Este trecho traz à tona uma questão extremamente polêmica, por se tratar de
uma prática muito comum em todo território nacional e que tem por objetivo “cha-
mar” os pacientes: a famosa avaliação gratuita.

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que não devemos, na condição de fi-


sioterapeutas, utilizar a palavra “avaliação” e sim a palavra “consulta” (VIEL, 2001).
E está bem claro que é proibido realizar atendimento gratuito (exceto nas exceções
anteriormente descritas), devendo respeitar o RNPF para formular os valores de suas
consultas e demais atendimentos.

Em segundo lugar, não é possível realizar consulta em poucos minutos, como


vem acontecendo em muitos locais. As consultas devem ser realizadas preconizando
os aspectos éticos e tempo condizente com as atividades a serem realizadas para que
os princípios da bioética, os quais veremos de forma mais aprofundada mais adiante
nesta unidade, sejam devidamente respeitados.

2.8 DOCÊNCIA, PRECEPTORIA, PESQUISA E PUBLICAÇÃO

Art. 41. No exercício da docência, preceptoria, pesquisa e produção


científica, o fisioterapeuta deverá nortear sua prática de ensino, pesquisa e ex-
tensão nos princípios deontológicos, éticos e bioéticos da profissão e da vida
humana, observando:
I- Que a crítica a teorias, métodos ou técnicas seja, de forma impessoal,
não visando ao autor, mas ao tema e ao seu conteúdo;
II- Que seja obtida previamente autorização por escrito de cliente/pa-
ciente/usuário ou de seu representante legal, por meio de assinatura do termo
de consentimento livre e esclarecido para uso de dados, ou no termo próprio de
liberação para uso de imagem.
III- Que é responsável por intervenções e trabalhos acadêmicos execu-
tados por alunos sob sua supervisão;
IV- Que é responsável por ações realizadas por residentes sob sua pre-
ceptoria;
V- Que não deve apropriar-se de material didático de outrem, ocultan-
do sua autoria, sem as devidas anuência e autorização formal;
VI- Que deve primar pelo respeito à legislação atinente aos estágios,
denunciando ao Conselho Regional de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional
qualquer fato que caracterize o exercício ilegal da profissão pelo acadêmico ou
sujeição do acadêmico a situações que não garantam a qualificação técnico-
-científica do mesmo;
VII- O cuidado em não instigar ou induzir alunos sob sua supervisão
contra órgãos ou entidades de classe, estimulando a livre construção do pensa-
mento crítico;
VIII- a proibição, sob qualquer forma de transmissão de conhecimento,
do ensino de procedimentos próprios da Fisioterapia visando à formação pro-
fissional de outrem, exceto acadêmicos e profissionais de Fisioterapia;

189
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Art. 42. Na pesquisa, cabe ao profissional cumprir as normas dos ór-


gãos competentes e a legislação específica, considerando a segurança da pes-
soa, da família ou coletividade e do meio ambiente acima do interesse da ciên-
cia. O fisioterapeuta deve obter por escrito o consentimento livre e esclarecido
dos participantes ou responsáveis legais, informando sobre a natureza, riscos e
benefícios da pesquisa, disponibilizando, posteriormente, a critério do autor, os
resultados à comunidade científica e à sociedade.
Art. 43. É vedado ao fisioterapeuta exercer a atividade de docência
e pesquisa sem que esteja devidamente registrado no Conselho Regional de
Fisioterapia e de Terapia Ocupacional de sua circunscrição, sempre que estas
atividades envolverem assistência ao cliente/paciente/usuário ou prática pro-
fissional.
Art. 44. Ao fisioterapeuta é proibido quando atuando em pesquisa:
I- Servir-se de posição hierárquica para impedir ou dificultar a utiliza-
ção das instalações e outros recursos sob sua direção, para o desenvolvimento
de pesquisa, salvo por motivos relevantes e justificáveis;
II- Servir-se de posição hierárquica para fazer constar seu nome na co-
autoria de obra científica da qual não tenha efetivamente participado;
III- Induzir ou contribuir para a manipulação de dados de pesquisa que
beneficiem serviços, instituições ou a si mesmo;
IV- Deixar de manter independência profissional e científica em relação
a financiadores de pesquisa, satisfazendo interesse comercial ou obtendo van-
tagens pessoais;
V- Publicar ou divulgar informações inverossímeis ou dados mani-
pulados que venham a prejudicar o julgamento crítico de outros profissionais
gerando prejuízos para cliente/paciente/usuário ou para desenvolvimento da
profissão;
VI- Promover ou participar de atividade de ensino ou pesquisa em que
direito inalienável do ser humano seja violado, ou acarrete risco à vida ou de
dano a sua saúde, à participação social ou ao meio ambiente respeitando as
normas ético-legais em vigor.
Art. 45. Na publicação e divulgação de trabalhos científicos o fisiotera-
peuta deverá garantir a veracidade dos dados e informações, em benefício da
ciência.
§ Único. O fisioterapeuta deve garantir que as informações publicadas
em seus trabalhos científicos não identifiquem os sujeitos da pesquisa, indivi-
dualmente, salvo previsto no inciso II do artigo 41.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Ao realizar uma leitura cautelosa desse trecho do código de ética é pos-


sível perceber, mais uma vez, a preocupação com os princípios da bioética. Estes
devem nortear todas as nossas ações profissionais, incluindo, também, a atuação
como docentes, preceptores de estágio e pesquisadores, pois a bioética é uma
ciência que se esforça para criar benefícios e minimizar riscos (BERNARD, 1998).

190
TÓPICO 2 | Código de ética

Dois pontos que merecem destaque: o primeiro deles é sobre não utilizar ma-
terial de outros colegas sem sua devida autorização ou ocultar sua autoria. Sempre
que for utilizar qualquer tipo de material criado por outros colegas, é dever do fisio-
terapeuta dar-lhe crédito e pedir sua autorização para que o material seja utilizado.
Outro ponto que merece destaque é a questão da publicação de dados manipulados
em pesquisas. O fisioterapeuta pesquisador deve agir de acordo com o código de
ética e mesmo que os dados obtidos em sua pesquisa não sejam exatamente os resul-
tados esperados, estes não devem ser jamais adulterados (JARDILINO, 1998).

Conflitos de interesse em relação a publicação de pesquisas, por exemplo,


pesquisas para determinadas marcas de equipamentos ou similares, não devem ser
aceitas sob nenhuma hipótese. Manipulação de dados e/ou publicação de dados
inverossímeis são consideradas como antiéticas e sujeitas a punições (SILVA, 2009).

2.9 DIVULGAÇÃO PROFISSIONAL

Art. 46. Ao promover publicamente os seus serviços, em qualquer meio


de comunicação, o fisioterapeuta deve fazê-lo com exatidão e dignidade, obser-
vando os preceitos deste Código, bem como as normas do Conselho Federal de
Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
Art. 47. A utilização da Rede Mundial de Computadores (Internet) para
fins profissionais deve seguir os preceitos deste Código e demais normatiza-
ções pertinentes.
Art. 48. Nos anúncios, placas e impressos, bem como divulgação em
meio eletrônico, devem constar o nome do profissional, da profissão e o núme-
ro de inscrição no Conselho Regional, podendo ainda consignar:
I- Os títulos de especialidade profissional que possua e que sejam reco-
nhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional para
os quais o fisioterapeuta esteja habilitado;
II- Título de formação acadêmica strictu sensu.
III- O endereço, telefone, endereço eletrônico, horário de trabalho, con-
vênios e credenciamentos;
IV- Instalações, equipamentos e métodos de tratamento, respeitando
legislação vigente e resolução específica;
V- Logomarca, logotipo ou heráldicos determinados pelo Conselho Fe-
deral de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional;
VI- Logomarca, logotipo ou símbolos de entidades, empresas, socieda-
des, associações ou federações às quais o fisioterapeuta esteja legalmente vincu-
lado;
VII- Logomarca ou logotipo próprio condizentes com a dignidade pro-
fissional.
Art. 49. É permitido ao fisioterapeuta que atua em serviço multiprofis-
sional divulgar sua atividade profissional em anúncio coletivo, observando os
preceitos deste código e a dignidade da profissão.

191
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Art. 50. Quando o fisioterapeuta, em serviço ou consultório próprio,


utilizar nome-fantasia, sua divulgação deverá respeitar o preceituado neste có-
digo e a dignidade da profissão.
Art. 51. Na divulgação em meio eletrônico de textos, imagens e vídeos
com orientações para cliente/paciente/usuário e coletividade, o fisioterapeuta
deverá observar o preceituado neste Código.
Art. 52. Em artigos, entrevistas e outros pronunciamentos públicos, em
qualquer meio de comunicação, o fisioterapeuta responderá perante o Conse-
lho Regional e Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional pela impro-
priedade técnica ou transgressão às leis e normas regulamentares do exercício
profissional.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Acadêmico, chegamos em um trecho do código de ética o qual é, infelizmen-


te, muito desrespeitado pelos profissionais, seja no mundo on-line, seja no off-line.

Destaca-se aqui a proibição de divulgar valores de consultas e atendimentos


fora do local de atendimento, incluindo internet e redes sociais.

A seguir, no Quadro 1, há um resumo do que é permitido e do que é con-


siderado irregular em termos de propaganda e divulgação profissional, segundo o
código de ética da Fisioterapia.

QUADRO 1 – SOBRE A DIVULGAÇÃO PROFISSIONAL DO FISIOTERAPEUTA

DIVULGAÇÃO O QUE É PERMITIDO IRREGULAR

É vedado ao fisiotera-
Material de
peuta divulgar
Folder divulgação do
anúncio por meio de
trabalho.
volantes.
Não está previsto (mas
Correspondência
devem ser
dirigida ao
aplicados os princípios
Mala-direta endereço do
do Código
público.
de Ética).
Apenas uma É vedado o uso de sím-
Apresentação placa externa bolo, logotipo, fotogra-
da clínica ou em seu con- fia, desenho ou expres-
Fachada consultório sultório e/ou são vulgar ou aviltante,
em frente ao residência, per- que possa comprometer
estabelecimento. mitido o uso de o prestígio e o conceito
luz contínua. da profissão.

192
TÓPICO 2 | Código de ética

Serviço que faz


a ponte entre o
Não está previsto (mas
fisioterapeuta e
Assessoria de devem ser aplicados os
o jornalista no
imprensa princípios do Código
fornecimento de
de Ética).
informações à
imprensa.
Manter uma
Uma das formas rede de conta-
mais indicadas tos constantes
Contato pessoal Concorrência desleal.
de promoção do com clientes
trabalho. e pessoas do
meio.
Página na
Não está previsto (mas
internet com
Site pessoal na devem ser aplicados os
informações
internet princípios do Código
sobre a clínica ou
de Ética).
o profissional.
A divulgação
Espaço publicitá-
em veículo lei-
rio pago em mí- Participar de anúncio
Anúncios go de comuni-
dias impressas, misto com profissionais
impressos cação é restrita
tais como jornais de outras categorias.
aos indicadores
e revistas.
profissionais.
Textos escritos
Não está previsto (mas
por especialistas
devem ser aplicados os
Artigos e publicados por
princípios do Código
veículos da
de Ética).
imprensa.
Espaços pagos
Não está previsto (mas
na Internet para
Links devem ser aplicados os
destacar o site
patrocinados e princípios do Código
do fisioterapeuta
anúncios virtuais. de Ética).
em páginas de
busca.
É vedado o uso de sím-
bolo, logotipo, fotogra-
Mídias externas Publicidade fia, desenho ou expres-
(outdoors e carta- aberta ao grande são vulgar ou aviltante,
zes) público. que possa comprometer
o prestígio e o conceito
da profissão.

193
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Nome comple-
to, categoria e
número de
Ferramenta de
inscrição do A divulgação de e-mail
apresentação
Cartão de visitas profissional no não estáprevista.
pessoal.
CREFITO; en-
dereço e telefo-
ne; e especiali-
dade exercida.
FONTE: Adaptado de Schnaider; Júnior; Lima (2009).

2.10 DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 53. Ao infrator deste Código, são aplicadas as penas disciplinares


previstas no artigo 17, da Lei nº. 6.316, de 17 de dezembro de 1975.
Art. 54. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve
em 05 (cinco) anos, contados da constatação oficial do fato.
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por
mais de três anos, pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado
de ofício, ou a requerimento da parte interessada, sem prejuízo de serem apura-
das as responsabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I- Pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida fei-
ta diretamente ao representado;
II- Pela decisão condenatória recorrível, singular ou colegiada, de qual-
quer órgão julgador dos Conselhos Regional e Federal da Fisioterapia e da Te-
rapia Ocupacional.
Art. 55. Os casos omissos serão resolvidos pelo Plenário do Conselho
Federal de Fisioterapia e de Terapia Ocupacional.
Art. 56. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 57. Revogam-se as Resoluções COFFITO 29/82 e COFFITO 10/78.
Este último trecho do código de ética trata diretamente das punições as
quais o infrator de qualquer um dos artigos que o compõe estará sujeito.

FONTE: <https://www.coffito.gov.br/nsite/?page_id=2346>. Acesso em: 29 nov. 2019.

Para evitar tais punições, o profissional deverá conhecer a fundo este có-
digo e pautar sua conduta e ações, ainda que discorde, por algum motivo, do que
é permitido segundo o Código de Ética.

194
TÓPICO 2 | Código de ética

DICAS

A resolução COFFITO nº 26/1982 estabelece critérios de orientação para a


aplicação de penalidades e sanções a profissionais e empresas registrados nos Conselhos
Regionais.

Para ler a Resolução nº 26/1982 na íntegra e ficar por dentro dos critérios para a aplicação
de penalidades, acesse: https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=2783#more-2783.

2.11 IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO DE ÉTICA NA VALORIZAÇÃO


DA PROFISSÃO
Acadêmico, conforme visto anteriormente na transcrição do código de ética
da Fisioterapia e nos comentários realizados sobre cada trecho deste documento, um
dos principais objetivos de haver um código de ética, é propiciar e incentivar cada
vez mais a valorização da profissão.

Os códigos de ética profissionais, de maneira geral, representam um conjunto


de normas que visam orientar aos seus respectivos profissionais e estudantes sobre
questões de cunho obrigatório (NEVES; SIQUEIRA, 2010).

O comportamento de profissionais deve ser condizente com os norteamentos


existentes em seu código de ética profissional, em qualquer tempo e em qualquer
lugar, não devendo levar em consideração seus sentimentos ou desejos individuais,
uma vez que é pertencente a uma determinada classe profissional e, segundo Berger
e Luckmann (1995), automaticamente, se enquadra no princípio de coletividade.

De acordo com Souza (2002), a ética profissional está intrinsicamente ligada


à deontologia, pois representa um esforço para uniformizar a ação de membros de
uma mesma categoria profissional. Esta uniformização não se refere ao engessamen-
to de processos ou manipulação de pessoas, mas tem sentido no que tange à orienta-
ção e controle da conduta de profissionais e, consequentemente, na criação de uma
identidade profissional respeitosa perante a sociedade.

A construção desta identidade profissional respeitosa tem lugar na valori-


zação da profissão, pois, desta forma, é capaz de assumir um papel de relevância na
vida da sociedade.

195
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

TUROS
ESTUDOS FU

Vejamos a seguir, de forma mais aprofundada, a deontologia, para que


possamos compreender o seu papel e a sua relevância no crescimento e consolidação
da Fisioterapia.

196
RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O código de ética tem como objetivos principais: nortear o exercício profissional da


Fisioterapia no que diz respeito ao rigor ético, assegurar os direitos dos profissio-
nais, nortear as ações fiscalizadoras e as ações punitivas.

• Os códigos de ética profissionais, de maneira geral, representam um conjunto de


normas que visam orientar aos seus respectivos profissionais e estudantes sobre
questões de cunho obrigatório.

• A construção de uma identidade profissional respeitosa tem lugar na valorização


das profissões, pois, desta forma, os profissionais serão capazes de assumir um
papel de relevância e de transformação na vida da sociedade.

197
AUTOATIVIDADE

1 Os códigos de ética profissionais representam um conjunto de normas que


visam orientar aos seus respectivos profissionais sobre questões de cunho
moral e obrigatório da profissão ao qual estão atrelados. Nesse contexto,
assinale a alternativa CORRETA sobre o código de ética da Fisioterapia:

a) ( ) Tem como objetivos principais nortear o exercício profissional da Fisiote-


rapia no que diz respeito ao rigor ético, assegurar os direitos dos profissionais,
nortear as ações fiscalizatórias e nortear as ações punitivas.
b) ( )Tem como objetivos principais nortear o exercício profissional da Fisiotera-
pia no que diz respeito ao rigor científico, apontar os deveres dos profissionais,
punir de forma arbitrária desde que o profissional mereça.
c) ( ) Tem como objetivos principais nortear o exercício profissional da Fisiotera-
pia no que diz respeito aos salários e assegurar os direitos dos profissionais em
detrimento dos direitos da população.
d) ( ) Tem como objetivos principais nortear o exercício livre da Fisioterapia no
que diz respeito aos seus direitos, nortear as ações de propagandas, exceto
aquelas realizadas através das redes sociais.

2 Quais são os principais objetivos do Código de Ética e Deontologia da Fisio-


terapia?

198
UNIDADE 3
TÓPICO 3

DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

1 INTRODUÇÃO
Conforme Kochanowski (2009), a palavra “deontologia” é originada das
palavras gregas deón e déontos que significam dever e logos, e, que de forma
resumida, significa estudo.

A deontologia pode ser considerada, então, o campo das discussões éticas


no trabalho e surge da necessidade de controle das atividades profissionais, esta-
belecendo deveres e responsabilidades que devem ser exercidas por classe profis-
sional, determinada pela reflexão da ética profissional que impõe obrigações aos
seus profissionais (TRINDADE; PORTO, 2011; FERREIRA, 2013).

Para que possamos de fato compreender o que é a deontologia, de acordo


com Guedes (2003), podemos assumir que se trata do estudo ou tratado de de-
veres, nesse caso, deveres profissionais. Em síntese, a Deontologia Profissional
representa um conjunto de normas jurídicas, cuja maioria tem conteúdo ético e
que regulam o exercício de uma profissão.

2 DEONTOLOGIA NA PRÁTICA DIÁRIA PROFISSIONAL DA


FISIOTERAPIA
A deontologia é aplicada na Fisioterapia a fim de garantir o bom exercício da
profissão, possuindo como alicerces os princípios éticos e sua própria regulamenta-
ção e legislação vigente.

Fortes (1998) explica que podemos encará-la como uma direção a seguir, e
um modelo de como agir. E mesmo que seja uma forma de uniformização, ela não é
por si só arbitrária, mas representa a expressão máxima de um conjunto de valores
pré-definidos pelas profissões, incluindo a Fisioterapia.

A sobreposição da dimensão ética, no agir profissional, faz da compreensão e


aplicação da deontologia um tema extremamente importante.

Podemos concluir que a deontologia constitui uma fatia considerável no có-


digo de ética atual da Fisioterapia, tendo uma representação de aproximadamente
46% no texto, como demonstra a Figura 2.

199
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

FIGURA 2 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQUÊNCIA DAS UNIDADES TEXTUAIS TOTAIS POR


CATEGORIA E CONTEÚDOS DEONTOLÓGICOS E BIOÉTICOS NO CÓDIGO DE ÉTICA E
DEONTOLOGIA DA FISIOTERAPIA

FONTE: Adaptado de Figueiredo et al. (2017, p. 174)

200
RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A palavra “deontologia” é originada das palavras gregas deón e déontos que


significam dever e logos, e, que de forma resumida, significa estudo.

• A deontologia surgiu da necessidade de controle das atividades profissionais,


estabelecendo deveres e responsabilidades que devem ser exercidas pela classe
profissional, determinada pela reflexão da ética profissional que impõe obriga-
ções aos seus profissionais.

• O caráter da deontologia é voltado para a valorização profissional, não devendo


ser enxergada como arbitrária, mas representa a expressão máxima de um con-
junto de valores pré-definidos pelas profissões.

• A deontologia constitui uma fatia considerável do código de ética atual da Fisio-


terapia, tendo uma representação de aproximadamente 46% de seu texto.

201
AUTOATIVIDADE

1 A partir da leitura do código de ética da Fisioterapia, explique a importância


do caráter deontológico existente em grande parte do texto.

2 Quais são os alicerces da deontologia existentes no código de ética da Fisiotera-


pia?

202
UNIDADE 3
TÓPICO 4

ESTUDO DA ÉTICA E DA MORAL

1 INTRODUÇÃO
De acordo com Koerich, Machado e Costa (2005, p. 107):

ética é uma palavra de origem grega “éthos” que significa caráter e que
foi traduzida para o latim como “mos”, ou seja, costume, daí a utilização
atual da ética como a “ciência da moral” ou “filosofia da moral” e enten-
dida como conjunto de princípios morais que regem os direitos e deveres
de cada um de nós, e que são estabelecidos e aceitos numa época por
determinada comunidade humana. A ética se ocupa com o ser humano e
pretende a sua perfeição por meio do estudo dos conflitos entre o bem e
o mal, que se refletem sobre o agir humano e suas finalidades.

“A moral ordena que o sujeito moral se sinta intimamente obrigado a agir


segundo determinadas regras”, segundo La Taille (2010, p. 106).

2 MORAL VERSUS ÉTICA


Yves de La Taille explicita em seu artigo Moral e ética: uma leitura psi-
cológica, publicado, em 2010, na Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, sobre as
diferenças entre moral e ética, vejamos o que o autor nos diz sobre o assunto no
fragmento a seguir.

Comumente, as palavras ‘moral’ e ‘ética’ são empregadas como sinôni-


mas. Por exemplo, diz-se de uma pessoa que ‘ela não tem ética’ para criticar seus
comportamentos e atitudes; poder-se-ia muito bem chamá-la de ‘imoral’.

Quando se fala em ‘problemas éticos’, costuma-se fazer referência a ques-


tões atinentes aos deveres, portanto, ao plano moral. Em uma palavra, empre-
ga-se, na maioria das vezes, ética como sinônimo de moral. Note-se que tal si-
nonímia é perfeitamente aceitável do ponto de vista acadêmico, e alguns autores
empregam um ou outro conceito indistintamente.

O Dicionário Houaiss (2001), por exemplo, traz como uma das definições
de moral “conjunto de regras, preceitos etc. característicos de um determinado
grupo social que os estabelece e defende” (p. 1958). Para a ética, o referido dicio-
nário define como o “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral
de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade” (HOUAISS, p. 1270).

203
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Todavia, há possibilidades de estabelecer, por convenção, diferenças en-


tre ‘moral’ e ‘ética’. As duas mais frequentes e consagradas mantêm os dois ter-
mos como referência aos deveres. A primeira dessas possibilidades consiste em
reservar a palavra ‘ética’ aos deveres de ordem pública.

É o caso de expressões como ‘ética da política’, ‘ética da empresa’, ‘código


de ética’ (de determinadas profissões), ou ainda ‘comitê de ética para pesquisa
com seres humanos’.

[...]

Além de sua referência a deveres, o que há em comum nas expressões


analisadas é o fato de referirem-se às ações que dizem respeito ao espaço público.

FONTE: LA TAILLE, Y. Moral e ética: uma leitura psicológica. Psicologia: teoria e pesquisa,
Brasília, v. 26, n. especial, p. 105-114, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ptp/
v26nspe/a09v26ns.pdf. Acesso em: 29 nov. 2019.

Em concordância com La Taille (2010), há outra possibilidade de diferen-


ciar ética de moral rompendo claramente com a sinonímia. É por convenção que
o termo “ética” é geralmente reservado para a busca de uma vida realizada e o
de moral para a articulação dessa busca com normas caracterizadas ao mesmo
tempo pela pretensão à universalidade e por um efeito de coação.

“Em síntese, ‘a moral responde à questão: ‘que devo fazer?’, e a ética, à


questão ‘como viver?’” (COMTE-SPONVILLE, 1998, p. 214 apud LA TAILLE, 2010,
p. 109).

• Moral (do latim “mores”, costume): entende-se a moral positiva, isto é, o


conjunto de normas e valores morais de fato aceitos por uma comunidade para
regular as relações entre seus membros. É um conjunto de regras de convivência
social (auto-obrigação + universalidade + incondicionalidade).

• Ética (do Grego “ethos”, modo de ser, comportamento): entende-se o conjunto


de valores e de normas racionalmente aceitos por comunidades com diferentes
morais positivas, que lhes permitem uma convivência harmoniosa e pacífica,
e que até pode ser cooperativa. É uma reflexão filosófica, puramente racional,
sobre a moral.

204
RESUMO DO TÓPICO 4

Neste tópico, você aprendeu que:

• A ética se ocupa com o ser humano e pretende a sua perfeição por meio do estudo
dos conflitos entre o bem e o mal, que se refletem sobre o agir humano e suas fina-
lidades.

• A moral ordena que o sujeito moral se sinta intimamente obrigado a agir segundo
determinadas regras.

• Quando se fala em ‘problemas éticos’, costuma-se fazer referência às questões ati-


nentes aos deveres, portanto, ao plano moral.

205
AUTOATIVIDADE

1 Após a leitura deste tópico, que trata das definições de moral e ética, disserte se
é correto ou errado usar esses dois termos como sinônimos no mundo acadê-
mico.

2 De acordo com La Taille (2010), há como diferenciar ética de moral. Qual seria
esse método?

206
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

UNIDADE 3
TÓPICO 5

BIOÉTICA

1 INTRODUÇÃO
Bioética é uma palavra relativamente nova, empregada pela primeira vez
na década de 1970 por um pesquisador nova-iorquino chamado Van Ressenlaer
Potter. Durante suas pesquisas acerca da cura do câncer na Universidade de Wis-
consin, Potter criou este neologismo, pois percebeu a necessidade de ampliar o
campo da ética de forma que esta passasse e englobar a defesa e respeito da vida
humana, a fim de garantir a sobrevivência da espécie e melhorar cada vez mais
sua qualidade de vida.

A Bioética pode ser definida de muitas maneiras diferentes e pertinentes,


segundo o seu objeto de estudo, o seu método ou o tipo de procedimento, tarefa e
finalidade, ou segundo referência à teoria moral adotada, à extensão de seu cam-
po de aplicação e à caracterização dos atores envolvidos e afetados que, portanto,
merecem algum tipo de consideração moral.

Uma das definições de bioética mais conhecidas é, segundo Barchifon-


taine (2004, p. 33) “mecanismo de coordenação e instrumento de reflexão para
orientar o saber biomédico e tecnológico, em função de uma proteção cada vez
mais responsável da vida humana”.

2 IMPORTÂNCIA E FUNÇÕES DA BIOÉTICA


Acadêmico, agora que já vimos a definição de Bioética, vejamos, a seguir,
suas funções, de acordo com os estudos de Bernard (1998), para que você seja capaz
de compreender a sua importância no contexto atual. Preparado? Então, vamos em
frente!

• Função analítica da bioética


ᵒ Teórica e crítica.
ᵒ Pode ser considerada a condição necessária de um ato ético.

• Função normativa
ᵒ Propriamente prática.
ᵒ Nem sempre é efetiva no sentido de oferecer soluções concretas para um
conflito, pois as normas podem ser respeitadas ou não, e porque existem situ-

207
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

ações concretas de conflito (conhecidas como dilemas morais) que não podem
ser resolvidas com os meios tradicionais da racionalidade normativa.

• Nível protetor
ᵒ Não é propriamente uma 3ª função e sim um nível básico.
ᵒ Surge devido às dificuldades de articulação entre as funções analítica e
normativa.

3 MODELOS DE DISCURSOS BIOÉTICOS


Existem, na atualidade, quatro modelos de discursos bioéticos, cada um com
suas particularidades. Para que possamos dar sequência ao estudo da Bioética e com-
preender seu papel na ciência, vejamos cada modelo de discurso bioético, propostos
por Silva (2009), e suas principais peculiaridades.

• Modelo doutrinal
ᵒ Enfatiza verdades indiscutíveis, pois é um discurso de regras que pro-
vêm de autoridade superior, não passíveis de qualquer discussão ou deliberação.
ᵒ Suas bases conceituais provêm da cultura judaico-cristã (Dogmas de Ver-
dade).
ᵒ É um modelo claramente unidirecional, assimétrico e heterônomo.

• Modelo liberal
ᵒ Provém do liberalismo, em que as pessoas são consideradas sujeitos morais,
livres, autônomos e iguais.
ᵒ O conceito de razão se concentra no sujeito isolado.
ᵒ O Estado deve estar presente somente para proteger os interesses dos cida-
dãos.
ᵒ O discurso liberal considera que não cabe debater valores, porque eles são
sempre relativos.
ᵒ Se limita a expor as diferentes posturas morais, mas sem valorizá-las.

• Modelo deliberativo (ou da comunidade de argumentação)


ᵒ Considera as verdades científicas sempre provisórias e a ciência um
universo em permanente construção.
ᵒ A Ciência jamais deve ser um território imóvel, e sim de desafio e audácia.
ᵒ Se desloca do individual para o universal.
ᵒ Procura aproximar pessoas com convicções, crenças e valores distintos.
ᵒ Privilegia a relação comunicativa entre as partes envolvidas no processo
de diálogo.

• Modelo hipercrítico
ᵒ Vem do desconstrutivismo, ou seja, pratica uma filosofia mais crítica.
ᵒ Considera ser muito controversa à ideia de que se construa uma sociedade
conformada por acordos harmônicos entre os homens.

208
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

ᵒ Coloca tudo em dúvida, inclusive os fundamentos racionalistas e


humanistas.
ᵒ Argumenta que somente a partir de posturas hipercríticas e de pequenas
revoltas do pensar cotidiano podem ser alcançadas as mudanças necessárias
para a sociedade.

4 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A bioética, assim como toda ciência, evoluiu e continua seu processo de
evolução ao longo da história. Vejamos um resumo deste percurso e seus marcos
principais em cada estágio, ainda de acordo com Silva (2009).

• Primeiro estágio – Período Educacional ou Protobioética (1960-1972)


ᵒ Predomina a linguagem dos valores humanos (objetiva infundir valores
humanos na educação dos pesquisadores).
ᵒ A religião e a teologia têm papeis predominantes.

• Segundo estágio – Bioética Filosófica (1972-1985)


ᵒ A Ética assume papel dominante na medida em que surgem dilemas com-
plexos.
ᵒ Há um rápido desenvolvimento da pesquisa biológica.
ᵒ A linguagem utilizada é da Ética Filosófica.

• Terceiro estágio – Bioética Global (1985 até o presente)


ᵒ A gama de problemas se amplia e obriga os bioeticistas a considerarem
disciplinas para além de suas especialidades (direito, religião, antropologia, eco-
nomia, política etc.).
ᵒ A Bioética, como ideia global, ganha força e caracteriza-se mais como um
movimento do que como uma disciplina.

• Etapa de fundação (anos 1970)


ᵒ Relacionada com o estabelecimento das primeiras bases conceituais.

• Etapa de expansão e difusão (anos 1980)


ᵒ Há propagação da Bioética pelos 5 continentes.

• Etapa de consolidação e revisão crítica (anos 1990)


ᵒ Há o reconhecimento internacional.
ᵒ Ocorre as primeiras críticas à chamada Bioética Principialista.

• Etapa de revisão e ampliação conceitual (atual)


ᵒ Ocorre extensão do campo conceitual para além dos estreitos limites
biomédicos e biotecnológicos até então preconizados.
ᵒ O novo discurso é para as questões coletivas, especialmente para os
problemas sociais, a saúde pública e os temas ambientais.

209
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

4.1 BIOÉTICA NO BRASIL


Acadêmico, acompanhe agora um resumo dos principais marcos da Bioé-
tica em nosso país e perceba como cada uma das etapas ajudou a consolidar a sua
importância na sociedade.

• 1985 – O MS traduz as “Diretrizes Internacionais” da OMS de 1981.


• 1988 – O CNS edita a Resolução 1, que foi o primeiro documento oficial brasileiro
a estabelecer diretrizes para regulamentar a pesquisa.
• 1995 – Criação da Sociedade Brasileira de Bioética.
• 1996 – O CNS edita a Resolução 196, que até os dias atuais regula a pesquisa envol-
vendo seres humanos em nosso país e estabelece um sistema integrado de CEPs e
a CONEP.
• 1997 – O CNS edita a Resolução 240, a qual define para os CEPs quem poderá ser
considerado usuário de serviço de saúde.
• 1997 – O CNS edita a Resolução 251, a qual trata de pesquisa com medicamentos,
vacinas e testes diagnósticos.
• 1999 – O CNS edita a Resolução 292, que se refere aos projetos com coordenação
estrangeira.
• 2000 – O CNS edita a Resolução 301, a qual propõe a manutenção inalterada da
Declaração de Helsinque.
• 2000 – O CNS edita a Resolução 303, a qual dispõe sobre as pesquisas na área de
reprodução humana.
• 2000 – O CNS edita a Resolução 304, a qual trata da utilização de populações indí-
genas como sujeitos (BARBOSA, 2011).

5 BIOÉTICA PRINCIPIALISTA
A Bioética Principialista baseia-se num conjunto de princípios que não são
excludentes entre si, e visam ao delineamento de um convívio humano que obedeça
a um mínimo de regulamentações e atinja um máximo de preservação das crenças e
dos valores individuais (DINIZ; GUILHEM, 2005).

Três escândalos mobilizaram a opinião pública norte-americana:

• 1932-1970 (Caso Tuskegee) – 400 negros com sífilis foram recrutados para
participarem de uma pesquisa de história natural da doença e foram deixados
sem tratamento.
• 1963 – Injetaram células cancerosas em 22 idosos doentes, sem consentimento.
• 1950-1970 – Injetaram o vírus da hepatite em crianças com deficiência mental.

Numa reação a estes escândalos surge o Relatório Belmont (1978), produzido


pela Comissão Nacional para a Proteção de Sujeitos Humanos na Pesquisa Biomédi-
ca, criada em 1974 pelo Congresso dos EUA.

210
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

Surge então a Bioética Principialista anglo-saxônica, de origem estaduniden-


se, que é a concepção da Bioética caracterizada pela justificação moral com base em
princípios éticos e difundida internacionalmente.

Segundo Diniz e Guilem (2005), a Bioética principialista postula 3 princípios


éticos: autonomia, beneficência e justiça, conhecidos como a Trindade Bioética.

Em 1979, Beauchamp e Childress (2013) na obra Princípios de Ética Biomédica,


incorporam também o princípio da não-maleficência. Embora produzido mais para
fins pragmáticos (proteção dos profissionais de saúde e da indústria farmacêutica
contra processos judiciais), tem um conteúdo relevante de humanismo.

6 PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA

Acadêmico, vejamos a seguir os quatro princípios da bioética.

• Autonomia

O princípio da autonomia é aquele que trata sobre o respeito ao indivíduo,


ou seja, diz respeito à capacidade de considerar opções, fazer escolhas e agir sem
nenhuma influência indesejada.

Deriva da concepção de que existem direitos humanos, que são prioritários


em relação a qualquer outro interesse, incluindo os interesses da Ciência e da Socie-
dade.

Valoriza a liberdade do indivíduo, levando-se em consideração suas deci-


sões, desde que:

1. seja capaz para tal;


2. essas decisões não ocasionem danos a terceiros.

O princípio da autonomia incorpora pelo menos duas preocupações básicas:


as pessoas devem ser tratadas com autonomia e as pessoas cuja autonomia esteja
diminuída devem ser protegidas.

Pessoa autônoma é o indivíduo capaz de deliberar conscientemente após ter


sido informado das consequências.

Constitui-se no direito que o paciente possui de decidir, consentir ou recusar


os procedimentos e tratamentos que serão praticados sobre seu corpo.

No entanto, para que uma pessoa possa exercer esta autonomia, são funda-
mentais a capacidade de agir intencionalmente, que está condicionada a compreen-
der, avaliar e deliberar para escolher coerentemente entre as alternativas que lhe são

211
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

apresentadas, além de estar livre de qualquer influência controladora para chegar a


esta decisão (DINIZ; GUILHEM, 2005).

• Beneficência

Este princípio vem do latim bonum facere, que significa “fazer o bem”, no sen-
tido de maximizar os benefícios e minimizar os possíveis riscos.

A beneficência exige que o profissional de saúde atue positivamente, promo-


vendo ações para prevenir e remover o mal (doença e/ou incapacidade) e ações para
fazer o bem (busca da saúde física e mental).

Não deve ser encarada como a ideia clássica de caridade e considera esta
como uma obrigação. Este princípio encontrou, ao longo dos séculos, respaldo em
diversas tradições, da ética cristã ao conceito marxista de solidariedade.

Até recentemente, a beneficência gozou de primazia entre os princípios e,


hoje, encontra-se limitada por três fatores, segundo Diniz e Guilem (2005):

1. A necessidade de se definir o que é o bem do paciente.


2. A relação existente entre este princípio com a autonomia.
3. As novas dimensões de justiça na área da saúde.

• Justiça

O princípio da Justiça é aquele que prima pelas condutas virtuosas e garante


a igual consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua desti-
nação sócio humanitária.

No contexto da ética em pesquisa, significa buscar o equilíbrio entre riscos e


benefícios e entre quem é sujeito da pesquisa e quem dela se beneficia.

Preocupa-se com o acesso igualitário de todas as pessoas aos serviços sanitá-


rios e com a distribuição equitativa de recursos econômicos limitados e escassos na
área dos cuidados de saúde e quais critérios que se devem utilizar para solucionar, de
maneira justa, estas questões (DINIZ; GUILHEM, 2005).

• Não-maleficência

Do juramento hipocrático primum non nocere (antes de tudo, não causar da-
nos). Orienta o indivíduo a não causar danos intencionais e encerra uma obrigação
de não fazer.

Garante que danos previsíveis sejam evitados, diferentemente das regras


derivadas da beneficência, que nem sempre precisam ser obedecidas e não consti-
tuem, se não cumpridas, motivo de castigo.

212
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

Aqui todas as proibições negativas são sempre obrigatórias, como, por exem-
plo, “não matar”, “não roubar” etc. (DINIZ; GUILHEM, 2005).

• Redbioética

Sua fundação foi durante o 6º Congresso Mundial de Bioética, que ocorreu


em Brasília, no ano de 2002. É composta por pesquisadores e intelectuais da Bioética
das regiões latino-americanas e Caribe.

A Redbioética estabeleceu, como uma das principais metas, o aprofunda-


mento e a adaptação conceitual da disciplina às raízes culturais de seus diferentes
povos e países.

Segundo a Redbioética, o discurso da Bioética deve se submeter a critérios de


racionalidade, razoabilidade, prudência e coerência.

A Bioética passa a expandir seu campo de estudo e ação, que são:

• O tema dos direitos humanos e da cidadania.


• A questão da priorização na alocação de recursos sanitários escassos.
• A preservação da biodiversidade.
• A finitude dos recursos naturais do planeta.
• O equilíbrio do ecossistema.
• Os alimentos transgênicos.
• O racismo e outras formas de discriminação.

Em relação aos princípios, quanto mais geral ou universal é um enunciado


bioético, mais necessária será a análise de sua veracidade ou falsidade.

Se aceitarmos que a linguagem principialista é ambígua em suas significa-


ções, e pouco frutífera em sua aplicação ao mundo das decisões, haverá pouca atra-
ção em tentar uma importação, para a cultura latino-americana, de princípios anglo-
-saxões ou europeu-continentais.

Como um dos traços característicos da América Latina é a desigualdade, toda


ética terá de se inspirar em dois postulados sobre os quais não se pode transigir: a
busca da justiça e o exercício da proteção.

• Objetivos da Redbioética

Criar um novo instrumento de intercâmbio interdisciplinar para as questões


da Bioética na América Latina e no Caribe, comprometido com a realidade socioeco-
nômica e cultural e com as necessidades fundamentais dos países e povos da região.

• Propostas da Redbioética
ᵒ Respeito ao pluralismo moral constatado nas sociedades laicas de um
mundo secularizado e pós-moderno.

213
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

ᵒ Contextualização dos problemas em relação aos contextos culturais onde


os mesmos acontecem.
ᵒ Abordagem das diferentes questões de modo multi-inter-transdisciplinar:
- Multidisciplinaridade: diz respeito ao estudo de um objeto de
uma disciplina por várias disciplinas ao mesmo tempo (ex.: aborto).
- Interdisciplinaridade: se refere à transferência de métodos de uma
disciplina para outra (ex.: testes de paternidade).
- Transdisciplinaridade: diz respeito àquilo que está, ao mesmo
tempo, entre as disciplinas, através das disciplinas e além de qual-
quer disciplina.

ᵒ Leitura e interpretação não-linear do conhecimento e da realidade a


partir dos referenciais da complexidade e da totalidade concreta.
- Complexidade: surge para romper os limites do determinismo
e da simplicidade.
- Totalidade concreta: inclui não só os aspectos fenomênicos da
realidade, como também sua essência (ex.: ver a doença não só
no seu âmbito científico, mas também as razões intimamente re-
lacionadas com a sua deflagração).

ᵒ Estruturação do discurso bioético com base no diálogo, argumentação,


coerência e tolerância.

Os conteúdos anteriores foram adaptados e extraídos do documento básico


da Unesco sobre Redbioética (UNESCO, 2004).

Acadêmico, perceba que para que se alcance, no campo da Bioética, um dis-


curso que almeja ser o mais universal e plural possível, é preciso que se mantenha
distância dos modelos doutrinal e liberal.

7 DIRETRIZES INTERNACIONAIS PARA PESQUISA EM SERES


HUMANOS
Acadêmico, a pesquisa realizada com seres humanos atrela questões ineren-
tes ao respeito da vida humana, por isso é um tema bastante relevante quando trata-
mos de bioética.

Porém, antes de iniciarmos o tema das diretrizes internacionais para pesqui-


sa com seres humanos, precisamos compreender um pouco o que é pesquisa e, de
forma resumida, alguns de seus preceitos. Vamos lá?
O que são consideradas pesquisas com seres humanos? São as pesquisas
realizadas em qualquer área do conhecimento e que, de modo direto ou indireto,
envolvam indivíduos ou coletividades, em sua totalidade ou partes, incluindo o
manejo de informações e materiais (SILVA, 2009).

214
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

Também são consideradas “pesquisas envolvendo seres humanos”: en-


trevistas, aplicações de questionários, utilização de banco de dados e revisões de
prontuários, de acordo com Camon (2002).

A pesquisa deve ser importante para o local em que será realizada, ou seja,
deve tratar de questão relevante para a realidade da saúde local, pois quanto menor
for a relevância ou utilidade de uma pesquisa, maior será a dificuldade em justifi-
ca-la e realiza-la sob o ponto de vista ético.

Caso o projeto de pesquisa seja inadequado do ponto de vista metodológi-


co, é considerado inútil e eticamente inaceitável (SILVA, 2009).

O Comitê de Ética em Pesquisa — CEP — deve verificar quais os riscos que


os procedimentos metodológicos impõem aos sujeitos da pesquisa.

Diniz e Guilem (2005) afirmam que todo projeto deve estar fundamentado
em experimentação prévia, pois, pesquisas que não estejam embasadas em litera-
tura científica sólida e atualizadas irão expor os indivíduos participantes a riscos
desnecessários e colidir no princípio da não-maleficência.

Os projetos que tratam de novos medicamentos ou procedimentos devem


ter bem descritos as fases anteriores e os resultados em modelos animais.

Quando se tratar de pesquisas coordenadas no exterior, o pesquisador bra-


sileiro deve participar do desenho do estudo.

Nas pesquisas em que estiver prevista a coleta de material biológico, este


deve ser utilizado exclusivamente para as finalidades da pesquisa.

Em caso de se prever armazenamento para estudos futuros, o fato deverá


constar no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido — TCLE —, ser autorizado
pelo sujeito e seu uso em pesquisas será condicionado à aprovação pelo Comitê de
Ética em Pesquisa — CEP (DINIZ; GUILHEM, 2005).

Segundo Neves e Siqueira (2010), deve-se observar consistência e aceita-


bilidade de justificativas para presença de circunstâncias de alerta, dentre elas é
possível citar o uso do placebo, uso de washout, não participação do país de origem
e inexistência de aprovação pelo CEP do país de origem.

Os requerimentos formais a respeito da proteção de seres humanos contêm


a noção de que um pesquisador deve estar adequadamente qualificado de acordo
com os padrões apropriados.
As declarações de Nuremberg e de Helsinque sugerem que as pessoas qua-
lificadas cientificamente também tenham qualificação para garantir que os partici-
pantes da pesquisa estejam protegidos do ponto de vista ético (NEVES; SIQUEIRA,
2010).

215
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

São consideradas missões do Comitê de Ética em Pesquisa — CEP:

• Salvaguardar os direitos e a dignidade dos sujeitos da pesquisa.


• Contribuir para a qualidade das pesquisas e para a discussão do papel da pesquisa
no desenvolvimento institucional e no desenvolvimento social da comunidade.
• Contribuir para a valorização do pesquisador que recebe o reconhecimento de que
sua proposta é eticamente adequada.
• Contribuir para o processo educativo dos pesquisadores, da instituição e dos
próprios membros do CEP.
• Exercer papel consultivo e, em especial, papel educativo para assegurar a formação
continuada dos pesquisadores da instituição e promover a discussão dos aspectos
éticos das pesquisas em seres humanos na comunidade (SILVA, 2009).

Silva (2009) cita alguns dos projetos que devem ser apresentados ao Co-
mitê de Ética em Pesquisa — CEP:

• A submissão do protocolo a um CEP independe do nível da pesquisa (TCC, Inicia-


ção Científica, Mestrado, Doutorado).
• O pós-graduando tem qualificação para assumir o papel de pesquisador respon-
sável.
• Nos casos de o CEP tomar conhecimento de realização de pesquisas não aprova-
das, cabe requerer instauração de sindicância à direção da instituição.
• Cabe destacar que as pesquisas ainda não aprovadas ou reprovadas e em anda-
mento configuram irregularidades éticas e, portanto, necessitam apuração pelo
CEP.
• O que é e qual a importância do termo de Consentimento Livre e Esclarecido —
TCLE? O verdadeiro lastro ético do TCLE está no seu processo de informação e
esclarecimento ao sujeito, e não no evento da assinatura do termo.

Ainda de acordo com Silva (2009), deve constar no Termo de Consentimento


Livre e Esclarecido –TCLE:

• Justificativa e objetivos da pesquisa.


• Procedimentos.
• Riscos e benefícios.
• Alternativas de tratamento.
• Condições de seguimento e assistência.
• Nome do responsável pela pesquisa e formas de contatá-lo.

Ao elaborar um TCLE deve-se fazer uma observação crítica das seguintes


características, conforme destaca Silva (2009):

• Concisão e objetividade.
• Linguagem adequada ao nível sociocultural dos sujeitos da pesquisa.
• Descrição suficiente dos procedimentos.
• Identificação dos riscos e desconfortos esperados.
• Explicitação das garantias referidas anteriormente.
216
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

• Evitar vícios comuns, como: exagero das expectativas de benefícios, minimização


dos riscos e desconfortos, afirmações restritivas dos direitos dos sujeitos, autoriza-
ção para abertura injustificada de dados e prontuários, autorização para armaze-
namento indeterminado de material biológico.
• Todo consentimento, além de livre e esclarecido, também é renovável e revogável.

É importante lembrar que os resultados da pesquisa devem ser sempre pu-


blicados, sejam positivos ou negativos. A publicação deve ser feita de forma a evitar
a discriminação de grupos ou comunidades.

No caso de pesquisas coordenadas do exterior, o pesquisador brasileiro deve


ter assegurado seu direito de publicação (SILVA, 2009).

Agora que já abordamos os principais aspectos que explicam o que é uma


pesquisa com seres humanos, já podemos tratar com maior clareza das diretrizes
internacionais que estão atreladas a elas.

7.1 PRINCIPAIS DIRETRIZES INTERNACIONAIS EM PESQUISA


(CIOMS, 1993)
• 1947 – Código de Nuremberg
Enfatiza a necessidade do consentimento voluntário.
ᵒ O consentimento voluntário é absolutamente essencial.
ᵒ O experimento deve produzir resultados vantajosos para a sociedade.
ᵒ O experimento deve evitar todo sofrimento e dano desnecessário.
ᵒ Não deve ser conduzido qualquer experimento quando existirem razões
para acreditar que pode ocorrer morte ou invalidez permanente, exceto
quando o próprio pesquisador se submeter ao experimento.
ᵒ O experimento deve ser conduzido apenas por pessoas cientificamente qua-
lificadas.
ᵒ O participante do experimento deve ter a liberdade de se retirar no de-
correr do experimento.
ᵒ O pesquisador deve estar preparado para suspender os procedimentos
experimentais em qualquer estágio, se ele tiver motivos razoáveis para
acreditar que a continuação do experimento poderá causar dano, invali-
dez ou morte para os participantes.

• 1948 – Declaração Universal dos Direitos do Homem


ᵒ Norteia os regulamentos posteriores.

• 1964 – Declaração de Helsinque


ᵒ É um documento básico do qual emanaram todas as normas rela-
tivas à pesquisa em seres humanos.
ᵒ Art. 27 (garante a todo ser humano o direito de participar do pro-
gresso científico): “Todo homem tem o direito de participar livre-

217
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

mente da vida cultural da comunidade, de fruir das artes e de par-


ticipar do progresso científico e de seus benefícios”.
ᵒ Art. 7 (dirige-se especificamente à pesquisa em seres humanos):
“Ninguém será submetido a tortura ou a tratamento ou punição
cruel, desumana e ou degradante. Em particular, ninguém será sub-
metido, sem seu livre consentimento, a experiências científicas”.

• Versão do ano 2000 (Edimburgo)


ᵒ “As necessidades particulares dos desassistidos econômica e clini-
camente devem ser reconhecidas”. “Nenhuma exigência ética, legal
e regulatória local deve poder reduzir ou eliminar quaisquer das
proteções dos seres humanos publicadas nesta Declaração” (AMM,
1975-2003, p. 2).
ᵒ A pesquisa clínica envolvendo seres humanos deve se basear no
conhecimento minucioso da literatura científica, em outra fonte de
informação relevante e em experimentação laboratorial e, quando
apropriado, experimentação animal.
ᵒ O protocolo deve ser submetido à aprovação de um CEP (deve
incluir informações sobre financiamento, patrocinador, afiliações
institucionais e incentivos aos sujeitos).
ᵒ Os desenhos de todos os estudos devem estar publicamente dis-
poníveis. A participação de voluntários saudáveis em pesquisa clí-
nica é aceita.
ᵒ Os pesquisadores devem interromper qualquer pesquisa se a rela-
ção risco/benefício tornar-se desfavorável ou se não houver provas
conclusivas de resultados positivos e benéficos.
ᵒ Para sujeitos de pesquisa que forem legalmente incompetentes, o
investigador deverá obter o consentimento informado do represen-
tante legalmente autorizado, porém esses grupos não devem ser
incluídos em pesquisas, a menos que sejam necessárias para pro-
mover a saúde da população representada e não podem, em seu
lugar, ser realizadas em indivíduos legalmente competentes.
ᵒ Resultados negativos, bem como positivos, devem ser publicados.
ᵒ Na conclusão do estudo, todo paciente colocado no estudo deve
ter acesso assegurado aos melhores métodos profiláticos, diagnós-
ticos e terapêuticos comprovados, identificados no estudo.

• A questão do placebo

ᵒ Precedentes
- É bem conhecida a proporção de efeito placebo em torno de
35%.
- Mais recentemente, estudos meta-analíticos com braço-
controle placebo demonstraram pouca evidência de efeitos
clínicos significativos (SILVA, 2009).

ᵒ Decisões

218
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

- Torna-se difícil aceitar, em tempos atuais, que se deva recor-


rer a uma substância fisiologicamente inerte, sob o disfarce de
ela poder ter ação terapêutica, para comprovar a atuação de
nova droga.
- Benefícios, riscos, encargos e eficácia de um novo método
devem ser testados comparativamente com os melhores méto-
dos atuais profiláticos, diagnósticos e terapêuticos existentes.
Isto não exclui o uso de placebo ou de não-tratamento em es-
tudos em que não existam métodos profiláticos, diagnósticos
ou terapêuticos comprovados.
- É o lado “mágico” da terapêutica (é procedimento eficaz,
universal, capaz de simular o aspecto do medicamento, que
não possui resposta terapêutica, mas pode influir sobre an-
siedade, dor e outros efeitos subjetivos em algumas pessoas).
- Tem como fundamento a ignorância do paciente sobre a ine-
ficácia de resposta terapêutica daquele produto.

• 1982 – Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas Envolvendo


Seres Humanos
ᵒ Elaboradas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), mostram os
princípios básicos que podem ser aplicados aos países pobres.

• 1997 – Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos


ᵒ Elaborada pela Unesco, reafirma valores intangíveis referentes a mani-
pulação do genoma humano.
ᵒ Ao mesmo tempo que gerou esperanças, como a cura de doenças, ge-
rou importantes dilemas éticos na sociedade.
ᵒ Feita num contexto político marcada por questões polêmicas (manipu-
lação do genoma humano, clonagem humana, transgênicos).
ᵒ Dignidade humana e os direitos humanos: O genoma humano é patri-
mônio da humanidade, carrega a dignidade e a diversidade do homem.
ᵒ A todo indivíduo é devido respeito à sua dignidade e aos seus direi-
tos, independentemente de suas características genéticas.
ᵒ O genoma humano em seu estado natural não deve ser objeto de tran-
sações financeiras.
ᵒ Pesquisa sobre o genoma humano: deve ser respeitado o direito de
cada indivíduo de decidir se será ou não informado sobre os resultados
da análise genética e das consequências dela decorrentes.
ᵒ Práticas contrárias à dignidade humana, tais como a clonagem de se-
res humanos, não devem ser permitidas.
ᵒ Condições para o exercício da atividade científica: os Estados devem
reconhecer o valor de promover, em vários níveis, o estabelecimento de
CEPs independentes, multidisciplinares e pluralistas para avaliarem as
questões éticas sobre o genoma humano.

219
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

• Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos


ᵒ Elaborada pela Unesco, garante o respeito da dignidade humana em
matéria de dados genéticos.
ᵒ Identidade da pessoa: cada indivíduo tem uma constituição genética
característica. No entanto, não se pode reduzir a identidade de uma
pessoa a características genéticas, uma vez que ela é constituída pela in-
tervenção de complexos fatores educativos, ambientais e pessoais, bem
como de relações afetivas, sociais, espirituais e culturais com outros in-
divíduos, e implica um elemento de liberdade.
ᵒ Aconselhamento genético: do ponto de vista ético, é imperativo que
quando da análise de um teste genético que possa ter implicações im-
portantes para a saúde de uma pessoa, lhe seja proporcionado adequa-
do aconselhamento genético.
ᵒ Vida privada e confidencialidade: os dados genéticos humanos não de-
verão ser comunicados nem tornados acessíveis a terceiros, em particu-
lar empregadores, companhias de seguros, estabelecimentos de ensino
ou família. Os dados genéticos humanos recolhidos para fins de inves-
tigação médica e científica não deverão, por norma, estar associados a
uma pessoa identificável.
ᵒ Alteração de finalidade: os dados genéticos humanos recolhidos para
uma finalidade enunciada não deverão ser utilizados para uma finali-
dade diferente incompatível com o consentimento dado originalmente.
ᵒ Destruição: as amostras biológicas, que dizem respeito a um suspeito,
recolhidas no decurso de um inquérito judiciário, deverão ser destruí-
das logo que deixarem de ser necessárias.

• 2005 – Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos


ᵒ Elaborada pela Unesco.
ᵒ Dignidade humana e direitos humanos: os interesses e o bem-estar do
indivíduo devem ter prioridade sobre o interesse exclusivo da ciência ou
da sociedade.
ᵒ Benefício e dano: os benefícios aos sujeitos da pesquisa devem ser maxi-
mizados, e qualquer dano possível a tais indivíduos deve ser minimizado.
ᵒ Consentimento: em casos específicos de pesquisas desenvolvidas em
um grupo de indivíduos ou comunidade, um consentimento adicional
dos representantes legais do grupo ou comunidade envolvidos pode ser
buscado. Em nenhum caso, o consentimento coletivo da comunidade ou
o consentimento de um líder da comunidade ou outra autoridade deve
substituir o consentimento informado individual.
ᵒ Compartilhamento de benefícios: os benefícios resultantes de qualquer
pesquisa científica e suas aplicações devem ser compartilhados com a
sociedade e, no âmbito internacional, em especial com países em desen-
volvimento.
ᵒ Práticas transnacionais: quando a pesquisa for conduzida em um ou
mais países (países hospedeiros) e financiada por fonte de outro país,
tal pesquisa deve ser objeto de um nível adequado de revisão ética no
país hospedeiro e no país no qual o financiamento está localizado. A
pesquisa transnacional em saúde deve responder às necessidades dos
220
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

países hospedeiros.

7.2 LIMITES DA PESQUISA EM SERES HUMANOS NO BRASIL


Acadêmico, perceba que existiram marcos (representados por normas)
importantes no que tange os limites de pesquisa em seres humanos aqui no Brasil.
Acompanhe, a seguir, estes principais marcos.

• Principais normas nacionais


ᵒ 1940 – Código Penal Brasileiro.
ᵒ 1992 – Lei da pesquisa em cadáver: permite a utilização de cadáver para
ensino e pesquisa.
ᵒ 1995 – Lei de biossegurança: regulamenta o uso das técnicas de engenha-
ria genética.
ᵒ 1996 – Resolução 196: regulamenta atualmente a pesquisa envolvendo
seres humanos em nosso país.
ᵒ 1997 – Resolução 240: define para os CEPs quem poderá ser considerado
usuário de serviço de saúde.
ᵒ 1997 – Resolução 251: trata de pesquisas com medicamentos, vacinas e
testes diagnósticos.
ᵒ 1999 – Resolução 292: refere-se aos projetos com coordenação estrangeira.
ᵒ 2000 – Resolução 303: dispõe sobre as pesquisas na área de reprodução
humana.
ᵒ 2000 – Resolução 304: trata da utilização de populações indígenas como
sujeitos.

Lei Penal (1940)

“Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto ou iminente é crime e


implica em pena de detenção de 3 meses a 1 ano, se o fato não constitui crime gra-
ve” (BRASIL, 1940, s.p.).

Consequências:
• O pesquisador pode tornar-se um criminoso.
• Não é necessário que tenha havido dano ao sujeito da pesquisa.

Pesquisa em Cadáver (1992)

O cadáver não reclamado com as autoridades públicas, no prazo de 30 dias,


poderá ser destinado às escolas de saúde, para fins de ensino e de pesquisa de ca-
ráter científico.
Se houver indício de que a morte tenha resultado de ação criminosa, não
poderá ser encaminhado para fins de estudo.

Lei de Biossegurança (1995)

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UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

É vedado, nas atividades relacionadas à organismos geneticamente mo-


dificados:

• A manipulação genética de células germinais humanas.


• A intervenção em material genético humano vivo, exceto para o tratamento de
defeitos genéticos.
• A produção, armazenamento ou manipulação de embriões humanos destina-
dos a servir como material biológico disponível.

É permitida, para fins de pesquisa e terapia, a utilização de células-tronco


embrionárias obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e
não utilizados no respectivo procedimento.

No entanto, para a realização dessa prática, os embriões devem ser inviá-


veis ou congelados há 3 anos ou mais.

O STF (2008) decidiu que as pesquisas com células-tronco embrionárias não


violam o direito à vida, tampouco a dignidade do ser humano.

Fraude em pesquisa

É importante distinguir a fraude na ciência de situações em que ocorrem


erros.

• Fraude: se caracteriza por ser um ato deliberativo (o agravante é a intenciona-


lidade).
• Erro: se caracteriza por ser fruto do acaso (EASTERBROOK, 2001).
• Do ponto de vista das consequências geradas para estas situações, as mesmas
se equivalem, pois ambas geram informações incorretas que, caso não sejam
identificadas, podem ser utilizadas como se fossem adequadas.
• A fraude é duplamente condenável:
1o) pela desonestidade científica (pode levar outros pesquisadores a
alterarem seus projetos de pesquisa com base nestas falsas informações);
2o) pode ser transposta à prática assistencial (pode colocar em risco a
vida dos pacientes).
• A fraude pode ocorrer em várias etapas da pesquisa (planejamento, execução,
divulgação).

Criação de dados

• O pesquisador cria dados inexistentes.


• Muitas vezes este processo pode ser realizado de forma mais elaborada, ba-
seando-se em estudos semelhantes ou em alguns poucos casos efetivamente
coletados (EASTERBROOK, 2001).

Ajuste de dados (“aparar os dados”)

222
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

• É reduzir irregularidades com o objetivo de aparentar maior precisão do que


foi realmente obtido ao longo do processo de coleta e tratamento dos dados.
• Pode ser feito através de arredondamentos ou alterações de escalas ou de uni-
dades utilizadas em gráficos com o objetivo de ampliar ou reduzir visualmente
as diferenças (EASTERBROOK, 2001).

Adequação de dados (“cozinhar os dados”)

• Consiste na manutenção ou retirada de dados de acordo com a teoria preexis-


tente (os dados que se adaptam à teoria são mantidos e os demais são conside-
rados inadequados e retirados).
• Isto ocorre quando são retirados os indivíduos considerados “desviantes”, to-
mando-se por base um intervalo de confiança previamente obtido a partir dos
próprios dados coletados (EASTERBROOK, 2001).

Utilização indevida de testes estatísticos

• Pode não ser intencional, pois pode ser atribuída ao pouco conhecimento do
pesquisador em técnicas estatísticas.
• Isto não caracteriza uma fraude, mas sim uma falta de responsabilidade do
pesquisador ao lidar com a produção do conhecimento.
• A facilidade dos atuais sistemas informatizados de avaliação de dados tem a
possibilidade de gerar situações de incorreções, associações indevidas, dife-
renças inexistentes e, assim, conclusões impróprias (isso também não é frau-
de; pode ser imperícia ou imprudência por parte do pesquisador) (EASTER-
BROOK, 2001).

A fraude se configura quando deliberadamente o pesquisador utiliza um


teste estatístico sabidamente inadequado, mas que fornece um resultado adequa-
do às suas hipóteses.

Plágio de dados

Considera-se plágio quando uma pessoa se apropria e utiliza dados ou


informações de outro pesquisador sem atribuir-lhe a autoria.

O mais comum é a utilização de materiais já publicados por outros auto-


res sem citar a fonte.

Um dos plágios mais condenáveis é o realizado por uma pessoa ao escre-


ver artigos para periódicos científicos.
Acadêmico, chegamos ao fim do conteúdo da Unidade 3, o qual é tão im-
portante para o exercício da profissão de Fisioterapia, englobando todos os seus
possíveis campos de atuação.

Por se tratar se uma temática complexa e que possui muitas implicações,

223
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

o estudo da ética e da bioética merecem aprofundamento. Para ajudá-lo nesse


processo, segue um texto complementar ao final desta unidade, o qual aborda o
assunto da Bioética e Pesquisa na Fisioterapia.

Lembre-se que para a consolidação deste conteúdo você deve retomar sua
leitura sempre que houverem dúvidas e dispor do atendimento da tutoria interna
e externa do curso! Bons estudos!

224
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

LEITURA COMPLEMENTAR

BIOÉTICA E PESQUISA NA FISIOTERAPIA: APROXIMAÇÃO E VÍNCU-


LOS

Ana Fátima Viero Badaró


Dirce Guilhem

A Bioética e a Fisioterapia são conhecimentos recentes, desenvolvidos na


segunda metade do século passado, que se consolidaram rapidamente. Na atuali-
dade, são áreas de conhecimento reconhecidas e consagradas nos meios clínicos,
científicos e sociais. Ambas incorporam saberes multidisciplinares e interdiscipli-
nares, em um contínuo e crescente processo de evolução de suas concepções, fun-
damentadas em conhecimentos da Antiguidade adaptados aos contextos atuais.
No entanto, é recente a inserção da reflexão bioética sobre a práxis da fisioterapia,
ou seja, a apropriação da fundamentação bioética pela Fisioterapia.

No decorrer do século XX, a fisioterapia teve suas práticas intuitivas e


empíricas aperfeiçoadas e transformadas, em virtude do aumento da complexi-
dade em ciência e tecnologia e das demandas em saúde. Foi reconhecida como
profissão em muitos países e grandes lutas de classe foram assumidas em prol
da legitimidade dessa nova área de atuação na saúde. A fisioterapia passou de
uma profissão da saúde, que nasceu da intenção de auxiliar médicos, com atua-
ção limitada à reabilitação motora, para uma profissão autônoma, com espaços
ampliados em todas as áreas e com possibilidades de atuação nos diversos níveis
de atenção da saúde.

No Brasil, seu fortalecimento científico e profissional ocorreu a partir dos


anos 19703; desde então, foi construído um referencial profissional no país, com
inovação em áreas já consagradas ou esquecidas e tem ampliado significativamente
seu campo de atuação, pautando-se na cientificidade e em sua especificidade, sem
necessitar de apropriar-se do fazer de outros profissionais. Nessa mesma década,
os fisioterapeutas estadunidenses alcançaram sua autonomia profissional, partici-
param da tomada de decisões na saúde e trouxeram para si a problemática dos
dilemas e das responsabilidades éticas mais complexas no exercício da profissão.

O marco inicial da Bioética foi a obra de Van R. Potter, uma ponte para
o futuro, de 1971, precedida por publicação de artigo em 1970. O uso do termo
“Bioética” para designar uma nova área de atuação também foi instituído por
André Hellegers, em 1971, no The Kennedy Institute of Ethics. A importância da
proposta inovadora de Potter estava na constituição de uma ética aplicada às situ-
ações de vida como caminho para a sobrevivência da espécie humana; esse autor
atribuía um sentido marcadamente ecológico ao termo “Bioética”, que designaria
a “ciência da sobrevivência”, enquanto para Hellegers a Bioética se restringia a
uma “ética das ciências da vida” particularmente em nível humano7 , com foco
no indivíduo – modelo que se tornou conhecido como Bioética clínica.

225
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Desse modo, a Bioética desenvolveu-se rapidamente e mudou a forma de


ver e manejar a realidade, ao envolver muitos campos de interesse para refletir
a contemporaneidade. A interdisciplinaridade e a pluralidade são pressupostos
fundamentais que permeiam a complexidade da sua construção e discussão, fun-
damentados na historicidade da Ética. Vários são os modelos de reflexão e de
análise aplicados na prática bioética, mas existe consenso de que o modelo prin-
cipialista é o mais divulgado, por ter larga aplicação na prática clínica.

Na América Latina8, o primeiro estágio da Bioética ocorreu entre os anos


1980 e 1990, quando o modelo estadunidense foi adotado em alguns países do
continente. Ainda na década de 1990, desenvolveu-se um segundo estágio, com
intensa inserção em todos os países latino-americanos e caribenhos. O desenvolvi-
mento da Bioética no Brasil9 iniciou-se nos anos 1990, agregou distintas áreas do
conhecimento em torno dessa nova abordagem da Ética em saúde e acumulou, nos
primeiros dez anos, impressionante volume de estudos e publicações. Siqueira9
considera que, na atualidade, a Bioética brasileira alcançou identidade própria e
contribui significativamente para a construção do pensamento bioético mundial.

Nos Estados Unidos, as implicações éticas em fisioterapia são estudadas e


trabalhos são publicados há mais de três décadas, mas seus autores ainda consi-
deram essa produção relativamente pequena4. Alguns, como Magistro, Guccione
e Purtilo, destacam-se por privilegiar a discussão dessa temática e seu delinea-
mento e questionar se o conhecimento ético na fisioterapia acompanhou a evolu-
ção da autonomia profissional da categoria.

Diante do exposto, os objetivos deste estudo foram identificar como os


temas relativos a Ética e Bioética são discutidos no campo da Fisioterapia, aferir
a importância da temática na atualidade e comparar a evolução dessas reflexões
nos cenários internacional e nacional.

METODOLOGIA

Este é um estudo exploratório de revisão sistemática da literatura, realizada


de julho de 2006 a setembro de 2007 em bases de dados eletrônicos, em sites de peri-
ódicos de Fisioterapia e na Bibliografia bioética brasileira: 1990-2002, além de contato
pessoal com autores, buscando artigos publicados no período de 2000 a 2007. O crité-
rio de inclusão dos estudos foi a abordagem de temas relacionados às questões éticas
e bioéticas na Fisioterapia. Foram excluídos os títulos referentes a livros, comentários
e/ou resenhas de livros, artigos em revistas não-indexadas, temas com enfoque co-
mercial ou de divulgação e também textos que, apesar de referirem alguma questão
ética nos resultados, não apresentavam o tema como objeto central de reflexão.

A busca eletrônica foi efetuada nas bases de dados MedLine/PubMed, SciE-


LO, ProQuest, Scopus, Lilacs, BVS — Biblioteca Virtual de Saúde — e Google aca-
dêmico. Utilizaram-se as seguintes associações de descritores em português e seus
equivalentes em inglês: ética e fisioterapia; moral e fisioterapia; bioética e fisiotera-
pia; ética e reabilitação; e bioética e reabilitação. Esses temas foram pesquisados nos
títulos e/ou nos resumos dos estudos e examinados de acordo com os critérios de
inclusão e exclusão.
226
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

Aproximadamente 90% dos artigos selecionados foram obtidos na ínte-


gra e examinados, verificando-se sua abrangência. Os artigos selecionados foram
organizados inicialmente de acordo com o ano de publicação, o título, o(s) au-
tor(es), a fonte e o tipo de pesquisa. Em seguida, procedeu-se à análise descritiva
e à categorização de cada estudo, de acordo com o tipo de pesquisa e com o tipo
de abordagem ética.

Os estudos foram classificados de acordo com o tipo de pesquisa nas se-


guintes categorias: a) revisão histórica, que compreende a análise retrospectiva
de dados, como documentos históricos, artigos publicados, legislação, entre ou-
tros; b) pesquisa de campo, que envolve o levantamento de dados por meio de
entrevistas e/ou questionários realizados com fisioterapeutas ou estudantes de
fisioterapia; c) reflexão ética, em que o autor apresenta uma análise baseada em
conceitos teóricos da ética filosófica e/ou deontológica; e d) estudo de caso, quan-
do se apresentaram casos para análise e considerações éticas. Os textos que não
puderam ser incluídos nessas categorias foram editoriais ou seção de revista.

Quanto à abordagem do estudo, utilizou-se a seguinte categorização: a)


Ética Filosófica, quando havia abordagem conceitual e definição de termos re-
ferentes à ética, à moral e à deontologia, entre outros; b) Ética Profissional, ou
Ética do Cuidado, quando o estudo envolvia ação profissional, como a tomada de
decisão ou enfrentamento de dilemas éticos, o que exige do profissional compe-
tência, responsabilidade e comportamento ético na relação terapeuta-paciente; c)
Desenvolvimento Ético, quando o estudo se reportava a uma revisão da história
da ética na profissão, ao código de ética e/ou a princípios de valores morais e éti-
cos; d) Formação e Educação, quando a discussão se referia à ética ou aos dilemas
éticos, para avaliar currículos, propor modelos ou exemplificar ações educativas
à transformação da formação ética dos fisioterapeutas; e, por último, e) Ética em
Pesquisa, para aqueles estudos relativos aos cuidados éticos que se devem obser-
var quando há envolvimento de pacientes em pesquisas.

Relacionaram-se, também, os temas nacionais encontrados em outras fon-


tes de busca, como os sites dos Conselhos Federal e Regionais de Fisioterapia11,
o site de Terapia Manual12, capítulos de livros e também anais de eventos cien-
tíficos de fisioterapia e bioética, com o intuito de demonstrar como essa reflexão,
mesmo muito tímida, vem se inserindo no discurso da Fisioterapia em âmbito
nacional. Esses temas foram caracterizados de acordo com o tipo de apresentação
em: painel, ensaio, pôster, comunicação coordenada, palestra, capítulo de livro e
conferência.

RESULTADOS

A partir de 2000 foram identificados 35 textos que co-relacionam Ética


e/ou Bioética e Fisioterapia. Após a análise dos títulos e de seus respectivos re-
sumos, de acordo com os critérios de inclusão e de exclusão, excluíram-se nove
textos e utilizaram-se 26 para análise. Entre estes, apenas três são nacionais, dos
quais dois são artigos científicos e um incluiu-se na categoria editorial. No Qua-
dro 1 é apresentada a relação desses artigos e sua categorização.
227
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

A variedade de publicações encontradas no campo da fisioterapia que tratam


das questões éticas relacionadas com a profissão é, de certa forma, relevante no que
se refere ao cenário estadunidense. Verificou-se que houve forte predominância das
publicações provenientes dos EUA (21), seguidas por nacionais (3) e francesas (2).

Quanto ao tipo de estudo, houve predomínio das pesquisas de campo (8),


realizadas com fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, estudantes de fisioterapia
ou de análise documental. Encontraramse também artigos que contêm reflexões éti-
cas (7), revisão histórica (3), estudos de caso (3), modelos de ensino (2) e, finalmente,
editoriais (2) e seção de revista (1).

QUADRO 1 – CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS PUBLICADOS A PARTIR DE 2000 QUE


RELACIONAM ÉTICA E FISIOTERAPIA (N=26)

FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/fp/v15n4/15.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2019.

228
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

Quanto às categorias de abordagem, em 16 artigos são discutidas questões


que envolvem o código de ética ou comportamentos éticos (Ética profissional); 9
analisam a formação ética e propõem modelos para uma educação ética no cuidado
em saúde (Formação/ Educação); 3 envolvem conceituação de ética e moral (Ética
filosófica); 3 discorrem sobre a história da ética na profissão, os princípios morais e
o código de ética (Desenvolvimento ético), e 3 abordam questões sobre o respeito e
os cuidados com os pacientes em pesquisa (Ética em pesquisa). Cabe observar que
alguns artigos se incluíram em mais de uma dessas categorias (Quadro 1).

Quanto ao número desses estudos, cabe destacar, em 2000, a conferência de


Ruth Purtilo que preconizava, para o novo milênio, o direcionamento do foco dos
estudos para a ética profissional. Deve-se mencionar ainda a contribuição do Journal
of Physical Therapy Education que, em edição especial, pôs em discussão as questões
éticas que envolvem a Fisioterapia, ligadas ao desenvolvimento moral na profissão.

Em 2001 nenhum artigo foi encontrado mas, em 2002, destaca-se a importan-


te publicação de Laura Swisher que, ao estudar o conhecimento ético na Fisioterapia,
analisou mais de 90 artigos publicados em revistas científicas estadunidenses, entre
1970 e 2000, para estabelecer uma comparação entre os textos com as fases da Bioé-
tica descritas por Pellegrino, em 1999, e as fases da ética profissional na fisioterapia
propostas por Purtilo, em 2000. A autora categorizou essas publicações em filosóficas
e sociais, verificando que a abordagem filosófica foi a mais comum nas décadas de
1970 e 1980, enquanto a abordagem social foi crescendo a cada década. Observou
também que, dentre os estudos que utilizaram a abordagem filosófica, a maioria ado-
tou como referência a teoria principialista. No Brasil, nesse mesmo ano, a Fisioterapia
iniciou sua inserção histórica no debate bioético, com a publicação de um artigo e um
editorial de autoria de fisioterapeutas brasileiros.

De 2003 a 2005, constata-se uma redução no número de publicações. Dos seis


artigos publicados nesse período, cinco investigaram o comportamento ético na prá-
tica profissional e o outro analisou a questão dos conteúdos de Ética na formação
profissional. Todos os trabalhos chamavam a atenção para os problemas de consci-
ência ética que envolvem os fisioterapeutas em relação ao desenvolvimento ético e
ao processo de tomada de decisão. Cabe lembrar que um desses artigos é nacional
e investigou a concepção ética dos fisioterapeutas, alertando para a ausência desses
conhecimentos na formação e profissional e no debate da categoria (Quadro 1).

Em 2006 verificou-se uma retomada mais significativa desses temas, com


quatro artigos publicados. As abordagens dos estudos foram mais diversificadas,
variando entre a preocupação dos fisioterapeutas, o desenvolvimento do ensino da
ética na prática da fisioterapia e a investigação do consentimento informado (que,
na nomenclatura oficial brasileira, tornou-se “consentimento livre e esclarecido”).
Ocorreu ainda a inserção da coluna “Ethics in action” na Physical Therapy Magazine
(periódico mensal sob a responsabilidade da fisioterapeuta Nancy Kirsch31), que
visa possibilitar a reflexão interativa acerca da ética e desenvolver habilidades para a
tomada de decisões éticas.

229
UNIDADE 3 | REGULAMENTAÇÃO E ÉTICA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA

Em 2007, até setembro (limite do período de busca desta pesquisa), foram


encontrados apenas dois artigos: um abordou os valores éticos dos fisioterapeutas; e
o outro, os erros cometidos por fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, analisan-
do-se os conflitos éticos gerados por fraude e negligência.

Devido à escassez de artigos nacionais, optou-se por mencionar outros dez


títulos nacionais sobre a temática, que não se encontravam em revistas indexadas.
Estes são apresentados no Quadro 2, organizados de acordo com o ano de publicação
e/ou apresentação, indicando-se a fonte ou o evento. Estão classificados conforme a
forma de apresentação: artigo, capítulo de livro, comentário em revista, conferência,
ensaio, mesa redonda, painel, palestra, pôster ou comunicação coordenada.

QUADRO 2 – TÍTULOS NACIONAIS SOBRE ÉTICA E/OU BIOÉTICA E FISIOTERAPIA (n=10)

FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/fp/v15n4/15.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2019.

DISCUSSÃO

Os resultados encontrados demonstram que, no cenário estadunidense,


o ano 2000 marcou a intensificação da reflexão bioética na fisioterapia, com a
publicação de um número expressivo de textos que abordavam questões de ética
filosófica e ética clínica. Purtilo13, com base na evolução histórica da fisioterapia,
antevia um futuro em que a complexidade das mudanças sociais, políticas e cul-
turais, refletidas na saúde, exigiriam um fisioterapeuta mais preparado do ponto
de vista ético – um aspecto ainda pouco valorizado pela profissão. A autora enfa-
tizava que o momento era de projeção para a profissão e que, para se iniciar essa
transformação, devia-se partir da formação profissional, ou seja, dos currículos
de Fisioterapia. Argumentava que a profissão requeria desenvolvimento moral
consistente para encarar os desafios e as mudanças que iria enfrentar. Esses as-
pectos também foram reforçados por diversos autores em outros estudos.

230
TÓPICO 4 | BIOÉTICA

No Brasil, as questões que envolvem as discussões sobre a relação entre éti-


ca e fisioterapia estiveram, ao longo da evolução da profissão, limitadas aos aspec-
tos legais e deontológicos. Os temas encontrados são muito recentes e demonstram
a tímida inserção da bioética na fisioterapia e a ausência da discussão sobre essa
temática entre os fisioterapeutas. Por outro lado, apesar da escassez desses estudos,
eles são relevantes por seu pioneirismo e por iniciarem essa reflexão.

Acredita-se que outros trabalhos relacionados à Ética e à Fisioterapia foram


apresentados em eventos da categoria, mas, como não foram publicados, acabaram
por se perder. Isso poderia justificar a escassa inclusão dessa temática nas conferên-
cias e palestras dos eventos da área. De modo geral, a produção da Fisioterapia na-
cional na área da Ética e Bioética ainda é muito incipiente, o que se reflete na pouca
discussão entre os profissionais. Nota-se alguma sensibilidade a essa abordagem,
com repercussão no VII Congresso Nacional de Bioética (2007), quando, pela pri-
meira vez, houve a participação da Fisioterapia em eventos de Bioética.

Grande parte dos conteúdos dos estudos publicados direciona a atenção


para as questões éticas da responsabilidade profissional, da unidade da categoria
e do respeito aos princípios éticos. Essa preocupação é reiterada, muitas vezes, de
forma empírica, baseada nas experiências provenientes da prática em fisioterapia.

CONCLUSÃO

No cenário nacional, as discussões sobre as questões éticas e a sua relação


com a fisioterapia emergem apenas a partir de 2002, enquanto no cenário estaduni-
dense é crescente sua evolução desde os anos 1970. Mesmo assim, os autores daquele
país consideram sua produção muito pequena.

Independentemente da complexidade e do tipo dos estudos, há unanimida-


de entre os autores quanto à necessidade de se prepararem os fisioterapeutas para
enfrentar os conflitos éticos que as mudanças no perfil epidemiológico da saúde es-
tão provocando. As reflexões remetem ao questionamento sobre o desenvolvimento
moral dos fisioterapeutas, que deve ser estimulado durante o processo de sua forma-
ção, por meio da inclusão de situações concretas encontradas na prática clínica.

Para se alcançar esse objetivo, é indispensável adequarem-se os programas


curriculares de graduação, com vistas a proporcionar conhecimento e reflexão sobre
a Bioética de forma contínua. Diante disso, os educadores precisam se preparar para
enfrentar esse desafio. Para a aproximação da Bioética com a fisioterapia, necessita-se
ainda de uma ampla discussão para se identificarem os conflitos éticos presentes na
profissão, a fim de desencadear reflexões multidisciplinares, abrangentes e inclusivas.

FONTE: <http://www.scielo.br/pdf/fp/v15n4/15.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2019.

231
RESUMO DO TÓPICO 5

Neste tópico, você aprendeu que:

• Van Ressenlaer Potter criou o termo “bioética”, pois percebeu a necessidade de


ampliar o campo da ética de forma que esta passasse a englobar a defesa e respeito
da vida humana, a fim de garantir a sobrevivência da espécie e melhorar cada vez
mais sua qualidade de vida.

• Bioética pode ser definida como o mecanismo de coordenação e instrumento de


reflexão para orientar o saber biomédico e tecnológico, em função de uma proteção
cada vez mais responsável da vida humana.

• Existem quatro modelos de discurso bioético: doutrinal, liberal, deliberativo e hi-


percrítico.

• A bioética passou por muitas etapas e estágios de evolução até se configurar como
é na atualidade.

• A bioética principialista possui atualmente quatro princípios: autonomia, benefi-


cência, justiça e não-maleficência.

• A Redbioética surgiu da necessidade em respeitar o pluralismo moral das socieda-
des laicas no mundo pós-moderno.

• As diretrizes internacionais de pesquisas em seres humanos possuem a importan-
te função de nortear as pesquisas realizadas com seres humanos e proteger a vida
humana.

DICAS

Para auxiliar no entendimento do conteúdo, acesse o material disponibilizado


a seguir:
• http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1965-1988/Del0938.htm
• http://legis.senado.leg.br/norma/524501

232
AUTOATIVIDADE

1 Disserte sobre as principais diretrizes internacionais em pesquisa e sua im-


portância no mundo acadêmico.

R.: As diretrizes internacionais de pesquisa em seres humanos foram elabora-


das pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visam nortear esse tipo
de pesquisa e proteger a vida humana. Esta importante função é exercida
baseando-se, principalmente, nos documentos:
• Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos Humanos.
• Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos.
• Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos.

2. Quais são os campos de estudo e ação da Bioética?

R.:
• O tema dos direitos humanos e da cidadania.
• A questão da priorização na alocação de recursos sanitários escassos.
• A preservação da biodiversidade.
• A finitude dos recursos naturais do planeta.
• O equilíbrio do ecossistema.
Os alimentos transgênicos.
O racismo e outras formas de discriminação.

233
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