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DEFINIÇÃO DE NECTON

Formam parte do necton os animais pelágicos nadadores ativos que podem determinar sua
posição no oceano através da natação. Inclui adultos de cefalópodes e peixes, repteis e
mamíferos e, embora não seja necton, “sensu stricto” podemos adicionar a estes grupos as aves
marinhas, especialmente aquelas que tem adaptações para permanecer longos períodos em alto
mar.

TOPICOS ABORDADOS NA DISCIPLINA


• Taxonomia / identificação
• Adaptações anatômicas, fisiológicas e de comportamento
• Estratégias de vida (reprodutivas, tróficas)
• Relações tróficas, distribuição, abundância e interações com as atividades humanas.
Os conhecimentos de taxonomia são necessários para a identificação dos organismos marinhos.
Sem a identificação dos organismos não é possível avaliar sua importância, estudar seus ciclos
de vida, estudar seu impacto nos ecossistemas, suas relações ecológicas etc. A identificação de
espécies serve também para avaliar a biodiversidade e as necessidades de conservação de cada
ambiente.
A anatomia dos animais define como estes podem viver e interagir com o ambiente. A forma
ajuda a inferir sua fisiologia, como este se movimenta e se alimenta, sua ecologia e
comportamento.
As estratégias de vida que envolvem crescimento, maturação sexual, potencial reprodutivo e
longevidade. O conhecimento das estratégias de vida é importante para avaliar a resiliência ou
vulnerabilidade dos organismos a ação antrópica.
O estudo das relações tróficas, abundância e distribuição dos organismos nectônicos nos
permite avaliar seu potencial de utilização pelo homem e os riscos que a exploração ou outras
atividades humanas representam para sua conservação.

O MOVIMENTO NO MEIO AQUATICO


O necton se caracteriza por sua capacidade de deslocamento, que lhe permite inclusive avançar
contra a corrente e em alguns casos realizar grandes migrações. Em contraste o plancton tem
uma capacidade de natação limitada e se desloca com as massas de água onde se encontra.
Para entender isto temos que entender as características físicas dos líquidos. Dois tipos de forças
atuam sobre as moléculas: as de atração, que determinam as viscosidades e as forças inerciais,
que determinam a densidade.
O movimento no meio aquático e influenciado pela densidade e a viscosidade da água e o
tamanho e velocidade dos organismos. Estas relações podem ser melhor entendidas através do
conceito de número de Reynolds:

R= velocidade x tamanho x densidade da água


viscosidade dinâmica da água

na pratica como densidade e viscosidade da água são constantes, R depende do tamanho e a


velocidade

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A natureza do movimento dos organismos aquáticos depende das características físicas da água.
Dois tipos de forças atuam sobre as moléculas dos líquidos:

forças de atração à viscosidade


forças inerciais à densidade.

Para o plâncton de pequeno tamanho, a velocidade de deslocamento em relação as massas de


água. é limitada pela viscosidade da água e custo energético do deslocamento e alto. A
tendência é a movimentar-se pouco utilizando flagelos e cílios para “arrastasse” como os
protozoários e algas unicelulares, pequenos metazoários como rotiferos, larvas de equinodermos
e moluscos, etc. A natação a jato também pode ser eficiente num meio denso. A medida que o
tamanho aumenta, o movimento ondulatório se torna mais eficiente, como por exemplo para as
larvas de peixes e os quetognatos.
Para o necton, por ser de maior tamanho, os deslocamentos são menos afetados pela
viscosidade da água e mais por forças inerciais. Isto que dizer que pode acelerar e dar botes e
continuar se movimentando ainda depois de ter deixado de ondular o corpo, nadadeiras, patas
ou asas.

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A resistência ao movimento de um organismo (drag) na água depende do número de Reynolds.
Para valores baixos predomina a fricção da pele com a água determinada pela viscosidade.

Números de Reynolds para algums organismos de diferentes tamanhos


e velocidade de natação (dados de Vogen, 1981)

Baleias nadando a 10 m/seg 300000,00

Atuns nadando a 10 m/seg 30000,00

Copepode se deslocando a 20 cm/seg 30,00

Esperma de ouriço a 0,2 mm/seg 0,03

Para número de Reynolds altos, embora a resistência por fricção não desapareça, a resistência a
pressão ou forças inerciais, se torna mais importante. Como conseqüência as adaptações para
gerar menor turbulência aumentam a hidrodinâmica tornando os deslocamentos mais velozes ou
econômicos.
De um modo geral para R> 1000 predominam as forças inerciais a para R< 1000 as forças
viscosas
Outras propriedades da água:
densidade elevada: 1 g/cm3 à pressão aumenta >> com a profundidade
Alto calor especifico à pode absorver e ceder grandes quantidades de calor

ADAPTAÇÕES AO MÉDIO AQUÁTICO

Temperatura
Dois aspectos são importantes: o controle e a
tolerância
Em relação ao controle da temperatura, os
organismos nectônicos podem ser pecilotérmicos ou
apresentar diversos graus de homeotermia.
Em relação à tolerância, podem ser estentérmicos
tolerando baixas amplitudes de temperaturas
euritermicos.
Organismos nectônicos que habitam em ambientes
muito estáveis, tendem a ser pecilotérmicos e
estenotermicos. Exemplos: peixes e cefalópodes de
águas profundas.
Organismos que permanecem fora da água parte do
tempo realizam migrações verticais na coluna de
água tendem a ser homeotérmicos estentérmicos
com aves e mamíferos marinhos ou pecilotérmicos
euritérmicos como as lulas e lagartos que podem
alterar as taxas de metabolismo. Existem também
adaptações intermediarias como a dos atuns.

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Osmoregulação
Todos os organismos nectônicos marinhos estão adaptados a tolerar elevadas salinidades e a
ingerir água salgada. Alguns como os peixes diádromos que passam parte de seu ciclo de vida
em água doce e parte em água salgada são eurihialinos. Outros restritos a águas marinhas são
estenohialinos. Répteis e aves tem glândulas para secretar sais.

Obtenção de oxigênio
Répteis, aves e mamíferos marinhos respiram ar através de pulmões. Peixes marinhos e
cefalópodes extraem o oxigênio da água e respiram por brânquias e alguns tem também
respiração cutânea.
O ar tem mais de 20% de oxigênio em volume e os gases, devido a sua baixa viscosidade e
densidade se movimentam facilmente
A água de mar contem com máximo 6% e em geral menos de 4% de oxigênio dissolvido e os
esforço de ventilação e grande devido a sua viscosidade e densidade.
De um modo geral a capacidade de manter constante o meio interno num ambiente variável tem
um custo energético alto e consumo de oxigênio. Todos os organismos homeotérmicos (aves e
mamíferos) respiram ar.
Alguns organismos poicilotérmicos de vida ativa como atuns e lulas extraem o oxigênio da água
mas apresentam adaptações o estratégias de vida para minimizar o consumo de energia da
respiração.
Outros evoluíram no sentido de manter baixo o consumo de energia e consequentemente baixo o
consumo de oxigênio e ingestão de alimento, entre eles as tartarugas, que respiram ar e cações
ou peixes bentônicas de espreita ou polvos e cefalópodes gelatinosos etc que respiram águas.
Em cada caso vai ter adaptações da anatomia e fisiologia respiratória e circulatória consistentes
com a estratégia de vida adotada. Vai depender do meio onde respirarem (ar ou água) e da
anatomia e fisiologia respiratória e circulatória.

Deslocamentos verticais na coluna de água


Um problema importante a enfrentar pelos organismos nectônicos e a mudança de pressão com
a profundidade e os organismos que podem realizar movimentos rápidos tanto a procura do
alimento como e evitar de predadores a capacidade de realizar deslocamentos verticais tem um
alto valor adaptativo.
A pressão afeta o volume dos gases (bexiga natatória) e sua solubilidade em líquidos (gases
transportados pelo sangue). Existem diferentes adaptações com maior ou menor eficiência e
maior ou menor custo energético. Estas adaptações serão vistas nos grupos respectivos.

ESTRATÉGIAS DE VIDA
A seleção natural favorece os indivíduos que realizam a maior contribuição as gerações futuras.
O organismo ideal, seja ele um peixe ou um mamífero, tem que atingir um tamanho grande,
madurar sexualmente cedo, gerar um prole abundante ao longo de uma vida longa.
No mundo real, os recursos disponíveis são limitados e os organismos que alocam recursos para
aumentar sua competitividade em algum aspecto de sua estratégia de vida.
Crescimento rápido ou lento, alta ou baixa fecundidade, ciclo de vida longo ou curto,
territorialidade ou comportamento migratório, iteropariedade (vários ciclos reprodutivos
sazonais) e semelparidade (ciclo de vida com um único período reprodutivo) são exemplos de
estratégias contrastantes.

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A classificação dos organismos em r e k estrategistas oferece um modelo conceptual útil neste
sentido já que permite comparar espécies e deriva dos dois tipos básicos de crescimento
populacional: exponencial e logístico
Baleia Bacalhau Lula
T T T
1 1 1

F C F C F C
0 0 0

M L M L M L

CARACTERÍSTICA VALOR RELATIVO


T= tamanho Baleia como exemplo: longeva, grande 1.00 = Muito alto
C= crescimento tamanho baixa fecundi dade, idade de 0,75 = Alto
L= longevidade maturação sexual alta, crescimento médio: 0,50 = Médio
M= maturação sexual tipico k estrategista 0,25 = Baixo
F= fecundidade 0,10 = Muito baixo

modelo exponencial

dN
= r.N
dt
Bt = Bt0 .e r ( t −to )
modelo logístico:
dN N
= rk (1 − )
dt k
B∞
Bt =
1 + e − r ( t − tm )

Caracterização de espécies r ou k estrategistas Pianka (1970)


r-estrategista k-estrategista
Ambiente flutuante e pouco previsível estável e previsível
Mortalidade independente da densidade denso-dependente
alta, freqüentemente catastrófica constante e baixa
Tamanho variável ao longo do tempo constante ao longo do tempo,
populacional por baixo da capacidade de próxima a capacidade de carga
sustentação do ambiente do ambiente
Crescimento rápido, expectativa de vida curta, lento, tamanho corporal
tamanho corporal pequeno grande, expectativa de vida
longa
Reprodução maturação antecipada maturação demorada
semelpariedade iteroparidade
alta fecundidade baixa fecundidade, baixo
alto esforço reprodutivo esforço reprodutivo
Seleção para produtividade, altas taxas de eficiência
incremento competitividade
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