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Usinagem de 

virabrequim

Como executar esse serviço tão necessário e fundamental numa retífica de motor,


observando sempre os cuidados ao manusear a peça e o maquinário específico para
uma recuperação de qualidade.

Irene S. Câmara

Árvore de manivela, girabrequim, árvore de cambota etc, são alguns dos vários nomes
do popular virabrequim, originário do francês virebrequim. É um componente que faz
os êmbolos trabalharem alternadamente dentro do motor. Seja como for, vamos
verificar como fazer a checagem do estado da peça, sua retífica, transporte, polimento e
armazenagem, como é executado na retífica Motor-Vidro.

Ao desmontar um motor, peças retificáveis como bloco, cabeçote, bielas, comando de


válvulas e virabrequim, precisam de uma revisão visual, cujo parecer deverá ser anotado
em fichas individuais e realizados alguns testes para saber seus estados reais. Depois,
inicia-se o procedimento para os devidos reparos, nesse caso, vamos dar continuidade
com o virabrequim.

Sua retífica exige atenção especial, pois mesmo que os colos apresentem uma superfície
lisa, ao se efetuarem as medições nas diferentes regiões da peça, percebe-se que houve
desgaste em forma de ovalização ou conicidade. Alguns eixos apresentam sua superfície
riscada ou com fissuras, evidenciando a necessidade de retífica para a primeira ou
segunda sub-medidas.

Passo a passo

- Teste na MagnaFlux

Após passar por essa análise visual, o


virabrequim vai para a máquina chamada
MagnaFlux para verificar se há trincas. Esse
processo consiste em magnetizar o eixo e
espalhar sobre ele um líquido contendo
partículas ou pó de ferro. As partículas se
depositam sobre as trincas tornando-as visíveis
sob ação de luz negra. A profundidade da trinca
pode ser avaliada pela quantidade de partículas depositadas sobre ela, influindo na
intensidade do campo. (foto 1)

Em caso positivo, a peça será condenada, o contrário ela sai direto para a análise de
metrologia, ou seja, conferir as medidas na bancada.

Com um micrômetro mede-se o desgaste dos colos para saber quanto deverá ser
usinado. As medidas são: standard 0,25mm ou 0,50mm; 075mm e o máximo de l,00
mm. Em motores pesados são utilizadas as duas primeiras medidas.

Depois, mede-se com um cálibre o raio de concordância para saber se estão dentro das
especificações do fabricante. Esse procedimento exige muita atenção. Uma medida
errada compromete a peça.  Para fazer o raio especificado no rebolo, ou pedra (de
arenito), utiliza-se um dispositivo próprio com ponta diamantada. Nunca desprezar esse
procedimento, pois ele é vital para o sucesso da retífica.

O alinhamento é executado tendo como


referência os colos dos mancais centrais.

Apoiando-se o eixo entre pontos e fazendo-o


girar, pode-se determinar o alinhamento por
meio de um relógio que, colocado na bancada
da máquina, verifica colo por colo. (foto 2)

Para maior precisão inicia-se a inspeção pelos


colos centrais e depois, vai para as
extremidades. Caso o mesmo apresente
empenamento, proceder a operação de alinhamento com ferramentas especiais e banco
com prisma.

Atenção: checar também o alojamento da bucha, o rolamento do eixo piloto, o rasgo de


chaveta e a rosca de fixação da polia.

- Máquina de retífica, com deslocamento

Após passar pela MagnaFlux e alinhamento,


colocar o virabrequim na máquina de retífica,
definindo o rebolo adequado para aquele tipo de
virabrequim, e anexar o relógio comparador
para centralizar o eixo, controlando a oscilação
e garantindo uma perfeita usinagem. (foto 3)

Iniciar a retífica do colo e ficar atento para que


a pedra não encoste nas laterais do virabrequim,
a fim de que seja mantida a folga axial. Durante
o processo deve-se ir medindo o raio de
concordância até chegar na medida especificada.
 
Evitar contato manual ou batidas com as partes retificadas, para evitar oxidação ou
danos.
- Máquina de balanceamento eletromecânica

Depois de retificados os colos dos mancais e


bielas, o virabrequim segue para o
balanceamento do eixo, transportado em
carrinho próprio para isso. Colocar na máquina
de balancear, sem o volante. (foto5)
Colocar os contra-pesos para iniciar o
balanceamento.

No painel colorido observa-se um lado de cada


vez para fazer a marcação. As cores do painel já
indicam a posição do desbalanceamento, onde
está e quanto é o desajuste, como mostra o
retificador Adeilson Rodrigues dos Montes.
(foto 6)

Marcar
no
contra-peso, com um giz, para saber onde tem
que furar para reduzir massa. Num
balanceamento de virabrequim, nunca se coloca
peso, mas sim, retira massa da parte contrária,
com uma furadeira. (foto 7)

Depois de balancear o eixo do virabrequim,


coloca-se o volante, que antes também foi
examinado, para saber se há trincas, dentes
faltando na cremalheira ou qualquer outro dano.
A cremalheira danificada deverá ser trocada.
(foto 8)

 
Encaixar o relógio comparador no volante para
verificar possível empenamento. Caso esteja
empenado, faz-se uma usinagem na face do
assentamento do volante. A tolerância máxima
é de 1 décimo. Em seguida, faz-se o
balanceamento total. O mesmo procedimento
deve ser feito com a polia de tracionamento das
correias. (foto 9)

- Máquina de Polir

Retirar o virabrequim da balanceadora com cuidado, e


levar para a parte final que é o polimento. Na máquina de
polir, prenda-o pelas pontas, sem apertar para que não
deforme. Aplicar a pasta de polir no rebolo de feltro, em
movimento de rotação. Depois, colocar o eixo do
virabrequim em rotação, ao contrário do rebolo de feltro, e
proceder ao polimento uniforme sobre toda a superfície
dos colos, deixando-a totalmente espelhada. (foto 10)

Após o polimento, a peça deverá ser armazenada em pé.


Caso esteja no chão, toma-se cuidado para não derrubá-la,
pois além de ser contaminada, poderá causar um acidente,
afirma Marcelo Luis da Silva, encarregado da retífica. Se for ficar armazenada por
longo período é bom que seja aplicado um óleo (rustilo) para proteção.

Por último, ao colocar o eixo no bloco, o mesmo obrigatoriamente terá que passar por
um processo de lavagem fina. Escovar os orifícios de lubrificação e sacar todos os selos
existentes de fim de curso das galerias, para ser possível a limpeza desejada. Reinstalar
os selos e conferir todos os  torques dos parafusos dos contra-pesos.

O que não se deve fazer numa retífica de


virabrequim

- Nunca armazenar a peça deitada e sim em pé


ou pendurada no estilo morcego
- Não colocar a mão na parte retificada, nem
bater
- Não transportar sem o carrinho apropriado
- Não armazenar por período prolongado sem o
banho de óleo protetivo
- Não encostar na lateral do colo do mancal ou biela, quando da usinagem

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