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INTRODUÇÃO À
LÓGICA
Luis Henrique de Souza
IFMS – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso do Sul Campus – Campo Grande
Material Didático Mediacional elaborado especificamente para o curso
de Introdução à Lógica na modalidade EaD do IFMS.
Introdução à Lógica
Indicação de Ícones
Objetivos de Glossário
Aprendizagem
Subseções de Atenção!
Estudo
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Leitura Exercícios
Complementar de Fixação
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Introdução à Lógica
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Sumário
Apresentação............................................................................................. 7
2. O Silogismo Categórico.......................................................................... 13
2.1 Introdução................................................................................................................ 13
2.2 Tipos de Premissas do Silogismo Categórico....................................................... 14
2.3 Modos do Silogismo Categórico............................................................................ 17
2.4 Termos do Silogismo Categórico........................................................................... 18
2.5 Figuras do Silogismo Categórico........................................................................... 19
3. Diagramas de Venn................................................................................ 25
4. Falácias Formais..................................................................................... 31
6. Implicação e Equivalência..................................................................... 49
6.1 Relação de Implicação: ⇒............................................................................................. 50
6.2 Relação de Equivalência: ⇔.......................................................................................... 50
6.3. Equivalências Notáveis.......................................................................................... 51
7. Dedução Natural.................................................................................... 55
7.1 Regras de Inferência............................................................................................... 55
7.2 Tabela de Dedução Natural.................................................................................... 58
8. Técnicas de Dedução............................................................................. 65
8.1 Prova Condicional.................................................................................................... 65
8.2 Prova Bicondicional................................................................................................. 66
8.3 Prova Indireta........................................................................................................... 67
9. Cálculo de Predicados........................................................................... 69
9.1 Introdução................................................................................................................ 69
9.2 Tradução dos Tipos de Premissas para a Linguagem do CP............................. 73
9.3 A Dedução Natural e o Cálculo de Predicados.................................................... 77
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9.4 Regras de Inferência do Cálculo de Predicados ................................................. 78
Referências Bibliográficas........................................................................ 87
E-Referências.............................................................................................. 87
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Introdução à Lógica
Apresentação
N
osso curso foi elaborado pensando em todas as pessoas que gos-
tariam de aprimorar seu raciocínio lógico. Por meio do estudo
da lógica, temos condições de avaliar mais claramente os argu-
mentos dos outros e os nossos próprios, melhorando nossa capacidade
de comunicação, articulação e organização. Esse é um dos desafios do
mundo contemporâneo e um dos desafios do Brasil: tornar a comunica-
ção clara!
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qual nós temos um acesso direto através do pensamento. Aristóteles já
fizera valer, contra todas as deduções análogas, que a existência nunca
pertence à essência, que o ser-aí nunca pertence à essência das coisas.
Exatamente por isso não se pode, a partir do conceito “ser” – cuja es-
sentia é apenas o ser –, concluir uma existentia do ser (NIETZSCHE,
A filosofia na época trágica dos gregos, p. 150-151).
O carro que me transportava levou-me tão longe quanto desejava meu co-
ração, quando me trouxe e me colocou no famoso caminho da deusa, que
conduz o homem sábio por todas as cidades. Por esse caminho fui condu-
zido, pois por ele me levaram as sábias éguas que puxavam meu carro, e as
donzelas mostraram o caminho. E o eixo, reluzindo nos cubos – pois era
impelido a girar pelas rodas turbilhonantes em cada extremidade –, emitia
um som como o da flauta, quando as filhas do Sol, apressando-se em me
levar para a luz, afastaram do rosto os véus e abandonaram a morada da
Noite.
...
O CAMINHO DA VERDADE
(2)
Olha firme com tua mente para as coisas, como se te estivessem à mão
mesmo que distantes. Não podes impedir o que é de ater-se ao que é, nem
ordenadamente disperso por toda parte, nem tampouco reunido.
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(3)
É o mesmo, para mim, por onde começo, pois a isso retornarei mais uma vez.
(4, 5)
Vem, pois, e eu te direi – e tu, atenta para o meu dito e leva-o contigo – os
dois únicos caminhos de investigação em que se pode pensar. O primeiro,
aquilo que é e que lhe é impossível não ser, é o caminho da convicção, pois a
verdade é sua companheira. O outro, aquilo que não é e que precisa necessa-
riamente não ser – esse, eu te digo, é uma trilha sobre a qual ninguém pode
aprender. Pois não podes conhecer o que não é – isso é impossível – nem
enunciá-lo, pois o que pode ser pensado e o que pode ser são o mesmo.
(6)
Necessariamente, o que pode ser dito e pensado é, pois lhe é possível ser
e, ao que é nada, não é possível ser. Isto é o que te ordeno que ponderes.
Afasto-te desse primeiro caminho de investigação, e também do outro por
onde vagueiam, dicéfalos, os mortais que nada sabem; pois a impotência
lhes guia no peito o pensamento errante, e assim eles são levados, perple-
xos, qual surdos e cegos. São turbas sem discernimento, que crêem que o é
e o não é são e não são o mesmo, e tudo caminha em direções contrárias!
(7)
Pois jamais se provará que as coisas que não são, são; afasta teu pensamen-
to dessa via de investigação (PARMÊNIDES apud BURNT, A aurora da
filosofia grega, p. 190-192, negrito nosso).
A frieza é da natureza da Lógica. Uma propo- Pelo menos para a lógica que
sição lógica é verdadeira ou falsa, não há meias iremos tratar neste curso e que é
base para outras mais avançadas
verdades e nem meias mentiras. Na Lógica as onde é possível ser e não ser, mas
isso não nos diz respeito por en-
coisas são ou não são, no mundo elas são e não quanto. O mesmo valeria para a
são. “Nos mesmos rios entramos e não entra- física de Newton em relação à de
Einstein. Sabemos que a física de
mos; somos e não somos”, dizia Heráclito de Newton não explica fenômenos
quânticos, ela está limitada a um
Éfeso (apud BURNET, 2006, p. 156, Fragmen- certo campo de observação, sem
to 81). Na Lógica uma coisa não pode deixar de muita precisão, por sinal. Novas
experiências colocaram novos
ser; no mundo, entretanto, elas necessariamente problemas de tal forma alheios
os ensinamentos de Newton que
deixam de ser o que são. Ela foi implacável com foi preciso uma outra explicação.
Sócrates que será eternamente mortal. É o caso das novas linguagens
computacionais, que são formu-
ladas em outras bases, mas que
podem não ser compreendidas
sem uma boa base lógica.
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2. O Silogismo Categórico
2.1 Introdução
Você consegue notar que existe muita semelhança entre este argu-
mento e o anterior?
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Veja:
1. Ambos têm três linhas (P1, P2 e Conclusão).
2. Cada linha tem um sujeito e um predicado (que denominare-
mos “termos”).
3. Cada um desses termos se repete duas vezes.
Para ficar claro que não estamos interessados no conteúdo dos ar-
gumentos, observe o seguinte argumento:
É importante que fique claro para você que a Lógica trata da va-
lidade formal dos argumentos e não da verdade empírica dos fatos.
Neste sentido, um argumento pode ser logicamente válido mesmo
que não seja verdadeiro no mundo real.
Trata-se de convenção.
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A vem de AFIRMO.
E vem de NEGO.
I vem de AFIRMO.
O vem de NEGO.
Observe as definições:
Exemplos:
• “Todos os pássaros são bípedes”;
• “Todos os homens são mortais”;
• “Todos os felinos são mamíferos”; etc.
Por exemplo: “Os gatos são felinos” = “Todos os gatos são felinos”
Exemplos:
• “Nenhum felino possui asas”;
• “Nenhum homem possui penas”;
• “Nenhum metal contém células”; etc.
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Exemplos:
• “Algumas maçãs são verdes”;
• “Algum mamífero é felino”;
• “Algum pássaro é azul”; etc.
Exemplos:
• “Luis é professor”;
• “Danilo é piloto de avião”;
• “William é médico” etc.
Exemplos:
• “Algumas maçãs não são vermelhas”;
• “Algum mamífero não é felino”;
• “Algum pássaro não é amarelo”; etc.
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A UA Todo S é P
E UN Nenhum S é P
I PA Algum S é P
O PN Algum S não é P
AAA – AEE – EAE – AAI – IAI – AII – AOO – OAO – EAO – EIO
Exemplos:
AAA
A - Todo homem é mortal.
A - Todo brasileiro é homem.
A - Portanto, todo brasileiro é mortal.
EAE
E - Nenhum homem é imortal.
A - Todo brasileiro é homem.
E - Portanto, nenhum brasileiro é imortal.
AAI
A - Todos os mamíferos são vertebrados.
A - Todos os mamíferos são animais.
I - Portanto, alguns animais são vertebrados.
EAO
E - Nenhum português é americano.
A - Todo português é europeu.
O - Portanto, algum europeu não é americano.
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Todo M é P.
Algum S é M.
Portanto, algum S é P.
A-M–P
I-S–M
I-S-P
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Tabela 3 – Figuras do SC
F1 F2 F3 F4
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Exercícios
1. Preencha as informações a seguir e faça um SC para cada uma
de suas 19 formas válidas conforme os exemplos:
F1
MODO FIGURA
A M P
A S M
A S P
E M P
A S M
E S P
I S SÓCRATES É M HOMEM
I S SÓCRATES É P MORTAL
E M P
I S M
O S P
F2
21
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A P M
E S M
E S P
E P M
I S M
O S P
A P M
O S M
O S P
F3
I M P
A M S
I S P
A M P
I M S
I S P
E M P
A M S
O S P
22
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O M P
A M S
O S P
E M P
I M S
O S P
F4
A P M
E M S
E S P
I P M
A M S
I S P
E P M
A M S
O S P
E P M
I M S
O S P
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3. Diagramas de Venn
A M-P
I S-M
I S–P
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Sabemos que:
S = Sócrates.
P = Mortal.
M = Homem.
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Exemplo 1
F1 – EIO
I S JOÃO É M POLÍTICO
Análise:
• note que a intersecção entre P (o círculo superior à sua direita) e
M (o círculo inferior) está totalmente preenchida indicando que não
há nenhum M (político) que também seja P (honesto);
• com isso, a intersecção entre S (o círculo superior à sua esquerda)
e M (o círculo inferior) ficou limitada;
• note que há um “x” na área que sobrou da intersecção entre S e
M indicando que existe pelo menos um S (João) que é M (político);
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Exemplo 2
Figura 2 - AEE
Análise:
• note que a parte de P (círculo superior à direita) que está fora da
intersecção entre P e M (círculo inferior) está toda pintada, indicando
que todo P (piratas) é também M (bebem rum);
• note também que toda a intersecção entre S (círculo superior à
esquerda) e M (círculo inferior) está preenchida, indicando que ne-
nhum S (corsário) é M (bebe vinho);
• com isso, fica evidente, pelo diagrama, que nenhum S (corsário)
é P (pirata), pois toda a intersecção entre S e P está pintada.
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Exercícios
1. Com base nos conhecimentos adquiridos, procure fazer cada
um dos diagramas dos 19 silogismos categóricos válidos que fo-
ram dados no exercício anterior.
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4. Falácias Formais
Exemplo:
MODO FIGURA 2
TODO
A P M BRASILEIRO.
PAULISTA É
TODO CARIOCA
A S M BRASILEIRO.
É
TODO CARIOCA
A S P PAULISTA.
É
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Exercícios
1. Elabore quatro falácias formais aplicando um modo inválido
para cada uma das figuras do SC e depois faça o Diagrama de
Venn evidenciando a falácia.
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deixará de ser ainda que não se interesse muito pela programação, afi-
nal de contas: a Lógica diz respeito ao nosso modo de raciocinar. So-
mos nós que emprestamos essa capacidade de raciocínio às máquinas!
5.2 Tradução
Cada uma das sentenças simples que utilizamos em nossos argu-
mentos são traduzidos na Lógica Simbólica ou Matemática por uma
letra. Comumente utiliza-se as letras p, q, r, s, t e u. Neste sentido,
uma sentença simples como “Pedro foi ao supermercado”, será re-
presentada apenas pela letra p. Isso mesmo! Não é simples? Ao invés
de escrever a frase toda, escrevemos apenas p. Vamos supor que em
um argumento conectam-se três sentenças simples. Por exemplo:
Vamos supor que a sentença complexa que iremos formar seja esta:
(p ^ q) → r
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DAGHLIAN
SIGNIFICADO GOLDSTEIN (2007) NÓS
(2011)
NEGAÇÃO
“Não”
’ ~ ~
CONJUNÇÃO
“e”
. & ^
DISJUNÇÃO
“ou”
+ v v
DISJUNÇÃO EXCLUSIVA
“ou”
⊕ (p v q) & ~ (p & q) v
IMPLICAÇÃO
MATERIAL
→ ↄ →
“Se... então”.
BI-IMPLICAÇÃO
VERDADEIRO 1 V V
FALSO 0 F F
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Negação: ~
A operação lógica denominada “Negação” e simbolizada
por nós por “~” inverte o valor de verdade de uma sentença
simples ou complexa (veremos a negação de uma sentença
complexa mais adiante). Daghlian utiliza ‘1’ e ‘0’
para denotar Ver-
dadeiro e Falso, nós
Seja p uma proposição. Denotaremos a proposição com- utilizaremos V e F. As
posta pelo modificador NÃO por p’ e lê-se: “não p”. diferenças de simbo-
Então, V(p’) = 0 (falsidade) quando V(p) = 1 (verdade) logia são convencio-
e V(p’) = 1 (verdade) quando V(p) = 0 (falsidade) (DA- nais e as diferenças
GHLIAN, 2011, p. 31, negrito nosso). entre as simbologias
dos nossos autores
de referência e a
Neste sentido, temos a seguinte tabela de verdade que nossa própria foram
esclarecidas no Qua-
valida o argumento: dro 1.
p ~p
V F
F V
Conjunção: ^
A Conjunção é a relação que se dá entre duas sentenças (proposi-
ções) simples e/ou complexas por meio do operador “e” ou “^”.
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p q p^q
V V V
V F F
F V F
F F F
Disjunção: v
A Disjunção “Jesus foi ao templo ou Judas entregou Jesus” fica
representada da seguinte forma: “p v q”. Ela só é falsa se ambas as sen-
tenças simples forem falsas. Neste sentido afirma Daghlian (2011, p.
32):
A disjunção de p e q é uma proposição falsa quando V(p) = V(q) = 0 e
verdadeira nos demais casos, ou seja, quando pelo menos uma das compo-
nentes é verdadeira. Chamamos este conectivo disjunção inclusiva ou soma
lógica; denotaremos a disjunção de p e q por p + q, e lê-se: “p ou q”.
p q pvq
V V V
V F V
F V V
F F F
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Enunciados construídos com ‘ou’ são verdadeiros quando ao menos um
de seus componentes for verdadeiro e falso apenas quando ambos forem
falsos. Se esta leitura inclusiva do ‘ou’ (do operador disjuntivo) parece um
pouco estranha para você, pense no operador como representando a ex-
pressão “ou um ou outro”, e esta leitura, então, provavelmente fará um poco
mais de sentido. Em algumas linguagens – como a que estamos utilizando
–, há um termo para a disjunção exclusiva – que veremos a seguir –, isto
é, essas linguagens têm um termo que significa ‘um ou outro... mas não
ambos’. Quando este sentido de ‘ou’ é facilmente expresso ao se escrever:
‘(p v q) & ~ (p & q)’ (GOLDSTEIN, 2007, p. 42).
Disjunção Exclusiva: v
A Disjunção Exclusiva, da qual já tratamos em linhas gerais, foi
brilhantemente demonstrada por Goldstein como sendo a Conjunção
de uma Disjunção e a Negação de sua Conjunção.
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p q pvq
V V F
V F V
F V V
F F F
p q pvq ~ (p ^ q) (p v q) ^ ~ (p ^ q)
V V V F F
V F V V V
F V V V V
F F F V F
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p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
Exemplo:
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Bi-Implicação ou Bicondicional: ↔
Tomemos a sentença “O presidente será eleito se e somente se obti-
ver a maioria dos votos”. Expressamos tal sentença pela fórmula lógica
“p ↔ q”.
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p q r s p^q rvs (p ^ q) → (r v s)
V V V V V V V
V V V F V V V
V V F V V V V
V V F F V F F
V F V V F V V
V F V F F V V
V F F V F V V
V F F F F F V
F V V V F V V
F V V F F V V
F V F V F V V
F V F F F F V
F F V V F V V
F F V F F V V
F F F V F V V
F F F F F F V
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Introdução à Lógica
Note que nossa Tabela de Verdade possui muito mais linhas e co-
lunas que as tabelas anteriores. Qual a razão? A razão é simples: à me-
dida que aumentam as variáveis, as linhas vão crescendo exponencial-
mente obedecendo a regra 2x, onde o número 2 representa os valores
de verdade “V ou F” e ‘x’ representa o número de variáveis “p, q, r, s, t,
u...”. Assim, se temos um argumento com duas variáveis (p e q), então
a tabela terá quatro linhas (2²=4), como nos exemplos anteriores; mas,
se possui três variáveis (p, q, e r), então a tabela terá oito linhas (2³=8);
se possui quatro (p, q, r e s), como no exemplo em questão, então a
tabela terá 16 linhas (24=16) e assim sucessivamente até o infinito. No
entanto, cabe notar, um argumento com seis variáveis teria sessenta e
quatro linhas (26=64) e a Tabela de Verdade deixa de ser um método
interessante, pois torna-se muito extensa. No próximo tópico, iremos
abordar outro método de validação dos argumentos lógicos (o da De-
dução Natural) que substitui a Tabela de Verdade.
p q r p^q r (p ^ q) → r
V V V V V V
V V F V F F
V F V F V V
V F F F F V
F V V F V V
F V F F F V
F F V F V V
F F F F F V
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Então, como fica evidente pela tabela de verdade em sua segunda linha,
a sentença complexa é falsa. Em todos os outros casos ela é verdadeira.
PROFESSOR
Você deve ter notado uma cor diferente em uma nova coluna para o r e
pode estar se perguntado sobre isso.
ALUNO
O que esta coluna está fazendo aí? Por que ela está colorida?
PROFESSOR
Na verdade, ela poderia não estar.
ALUNO
E por que ela está lá?
PROFESSOR
Bom, a razão é apenas uma razão pedagógica. Observe que a seta → da
Implicação Material tem uma direção.
Ela indica quem é o antecedente e quem é o consequente. Muitas pes-
soas cometem um erro de interpretação aqui, interpretando assim:
r → (p ^ q)
p q r p^q (p ^ q) → r
V V V V V
V V F V F
V F V F V
V F F F V
F V V F V
F V F F V
F F V F V
F F F F V
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Dica
Se nossa explicação ficou evidente, então siga em frente, caso
não tenha compreendido, beba um suco de laranja e leia nova-
mente a parte que você não compreendeu. No começo pode parecer
estranho, mas depois que aprende fica razoavelmente fácil!
Exercícios
1. Faça as tabelas de verdade para os seguintes argumentos:
a) (p ^ q) ↔ ~(q v r).
b) ((p v q) → r) ↔ ~(p v q).
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Qual o respectivo presente que cada uma das nossas meninas comprou
para seu namorado?
Resolução:
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6. Implicação e Equivalência
Exemplo:
p q
V V
V F
F V
F F
Exemplo:
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Atenção!
Você se lembra do que dissemos sobre a direção da seta em
relação às sentenças simples ou complexas em uma Implicação
Material? Perceba que neste caso não se trata de p → q, mas de q → p!
Caso isso não tenha ficado claro, retome o estudo da Implicação Material.
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Dupla Negação
~(~p) ⇔ p.
p ~p ~(~p)
V F V
F V F
Leis Idempotentes
a) p v p ⇔ p.
b) p ^ p ⇔ p.
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a)
p q pvq qvp
V V V V
V F V V
F V V V
F F F F
b)
p q p^q q^p
V V V V
V F F F
F V F F
F F F F
Leis Associativas
a) p v (q v r) ⇔ (p v q) v r.
b) p ^ (q ^ r) ⇔ (p ^ q) ^ r.
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Bicondicional
p ↔ q ⇔ (p → q) ^ (q → p)
Leis de Morgan
a) ~(p ^ q) ⇔ ~p v ~q
b) ~(p v q) ⇔ ~p ^ ~q
p q ~p ~q ~p v ~q p^q ~(p ^ q)
V V F F F V F
V F F V V F V
F V V F V F V
F F V V V F V
b)
p q ~p ~q ~p ^ ~q pvq ~(p v q)
V V F F F V F
V F F V F V F
F V V F F V F
F F V V V F V
Leis Distributivas
a) p ^ (q v r) ⇔ (p ^ q) v (p ^ r)
b) p v (q ^ r) ⇔ (p v q) ^ (p v r)
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b)
p q R q^r p v (q ^ r) pvq pvr (p v q) ^ (q v r)
V V V V V V V V
V V F F V V V V
V F V F V V V V
V F F F V V V V
F V V V V V V V
F V F F F V F F
F F V F F F V F
F F F F F F F F
Bicondicional
p ↔ q ⇔ (p → q) ^ (q → p)
Condicionais
(p → q) ⇔ (~q → ~p)
(q → p) ⇔ (~p → ~q)
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7. Dedução Natural
1. Se p, então q.
2. p.
Então 3. q.
Esta forma de argumento válido é tão básica, que temos um nome para
ela. O nome é Modus Ponendo Ponens, ou, de modo mais curto, Modus
Ponens ou, ainda mais curto, MP. Agora compare o caráter prolixo do ar-
gumento final de Grace e a sua forma tal como acabamos de apresentá-la.
Alcançamos uma beleza simples e austera pelo uso de símbolos, este tema é
frequentemente chamado ‘lógica simbólica’. (É também chamado de ‘lógi-
ca formal’ porque, como no caso que acabamos de discutir, não perdemos
tempo “sujando as mãos” com o argumento expresso em linguagem natu-
ral, mas, em vez disso, estudamos sua forma – seu esqueleto ou estrutura
As caixas de texto 1 e que é elegantemente revelado pelo uso dos símbolos.) (GOLDSTEIN,
2 foram suprimidas. 2007, p. 15- 17).
Até aqui foi uma longa caminhada, mas para você deve ter ficado
claro, se compreendeu do que se trata este nosso curso, o que é a lógica
e o seu modus operandi como se diz... Argumentos são elegantemente
construídos, mas apenas alguns possuem validade lógica e os que não
possuem são falácias lógicas. A lógica exige um certo rigor operacio-
nal. Em certo sentido, podemos dizer que assim como Descartes en-
sina no Discurso do método a Lógica procura sempre ir do simples ao
complexo. Entretanto, na busca por simplicidade sempre acabamos
por encontrar novas complexidades.
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Adição (A): p ⇒ p v q
P
∴pvq
Simplificação (S): p ^ q ⇒ p
p
∴p^q
União: p ^ q ⇒ p ^ q
P
q
∴p^q
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b) p ↔ q ⇒ (p → q) ^ (q → p)
p↔q
∴ (p → q) ^ (q → p)
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Exemplo 1
Provar que ~r pode ser deduzido das seguintes premissas:
1. p
2. p → ~q
3. ~q → ~r
1 p Premissa
2 p → ~q Premissa
3 ~q → ~r Premissa
4 ~q MP (1,2)
5 ~r MP (3,4)
c.q.d.
Como você pode notar, nossa tabela tem apenas 3 colunas e 6 li-
nhas, uma tabela-verdade para verificar a validade do argumento teria
8 linhas e 7 colunas.
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Introdução à Lógica
Exemplo 2
Provar que p pode ser deduzido das seguintes premissas:
1. ~p → q
2. q → ~r
3. r v s
4. ~s
1 ~p → q Premissa
2 q → ~r Premissa
3 rvs Premissa
4 ~s Premissa
5 r SD (3, 4)
6 ~(~r) DN (5)
7 ~q MT (2, 6)
8 ~(~p) MT (1, 7)
9 p DN (8)
c.q.d.
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p q r s ~p ~q ~r ~s ~p → q q → ~r rvs
V V V V F F F F V F V
V V V F F F F V V F V
V V F V F F V F V V V
V V F F F F V V V V F
V F V V F V F F V V V
V F V F F V F V V V V
V F F V F V V F V V V
V F F F F V V V V V F
F V V V V F F F V F V
F V V F V F F V V F V
F V F V V F V F V V V
F V F F V F V V V V F
F F V V V V F F F V V
F F V F V V F V F V V
F F F V V V V F F V V
F F F F V V V V F V F
Exemplo 3
Apenas a título de curiosidade, veremos como ficaria a tabela de
dedução de um argumento com 5 variáveis:
Provar que p → q pode ser deduzido das seguintes premissas:
1. (p v r) → s
2. r → (~s ^ ~t)
3. r v b
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1 (p v r) → s Premissa
2 r → (~s ^ ~t) Premissa
3 rvb Premissa
4 p PP
5 pvr A (4)
6 s MP (1, 5)
7 r → ~(s v t) Equivalência
8 svt A (6)
9 ~[~(s v t)] DN (8)
10 ~r MT (7, 9)
11 q SD (3, 10)
12 p→q PC (4, 11)
c.q.d.
PROFESSOR
Se você estiver atento, deve ter percebido algo na Tabela de Dedução
Natural do Exemplo 3 que você ainda não sabe o que é.
ALUNO
Professor, o que significa “c.q.d”?
PROFESSOR
Ainda não expliquei?! A expressão “c.q.d” é a abreviação de “como querí-
amos demonstrar”. No entanto, pelo meu espanto, você deve ter perce-
bido que não era disso que eu estava falando, mas foi bom me lembrar
de explicar isso. O que mais você ainda desconhece na Tabela?
ALUNO
Realmente, professor, na coluna das regras existe uma notação da qual
não falamos ainda: PP. Por que ela está ali e o que significa?
PROFESSOR
Muito bem! Pensei que ninguém fosse notar! Acontece que existem al-
gumas técnicas dedutivas já conhecidas que os lógicos utilizam na de-
dução natural. Vamos conhecer um pouco dessas técnicas no próximo
tópico, mas vou adiantar que nesta dedução utilizamos a técnica da Pro-
va Condicional e aquele “PP” significa “Premissa Provisória”.
ALUNO
Então quer dizer que a Linha 12 “p → q” resulta de uma “Prova Condi-
cional” aplicada nas linhas “4” – que é nossa PP ou Premissa Provisória
– e “11” – que é deduzida logicamente do argumento uma vez que a PP
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é introduzida. Assim, “PC (4, 11)” significa que a “Prova Condicional” foi
aplicada nas linhas 4 e 11?
PROFESSOR
Isso mesmo! Você compreendeu bem a técnica da Prova Condicional?
ALUNO
Acho que sim.
PROFESSOR
Para não haver mais dúvidas, que tal aprendermos mais sobre essa e
outras técnicas dedutivas? Mas antes, que tal você fazer a tabela-verda-
de do Exemplo 3 como exercício?
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8. Técnicas de Dedução
∴ α→ β
Exemplo
Provar que q → ~r pode ser deduzido das seguintes premissas:
1. p → ~q
2. ~(r ^ ~p)
1 p → ~q Premissa.
2 ~(r ^ ~p) Premissa.
3 q PP
4 ~(~q) DN (3)
5 ~p MT (1, 4)
6 ~r v ~(~p) De Morgan (2)
7 ~r SD (5, 6)
8 q → ~r PC (3, 7)
c.q.d.
Explicação:
• (Linha 3) introduzimos uma Premissa Provisória (PP) que é o
antecedente da conclusão que queremos demonstrar, ou seja, q na
Linha 3;
• (Linha 4) aplicamos a regra da Dupla Negação (DN) na Linha 3;
• (Linha 5) aplicamos a regra do Modus Tollens (MT) nas linhas
1 e 4;
• (Linha 6) aplicamos a Lei De Morgan na linha 2;
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Exemplo
Provar que p ↔ r pode ser deduzido das seguintes premissas:
1. s → p
2. r → s
3. p → q
4. r v ~q
1 s→p Premissa.
2 r→s Premissa.
3 p→q Premissa.
4 r v ~q Premissa.
A5 p PP
A6 q MP (3, A5)
A7 r SD (4, A6)
A8 p→r PC (A5, A7)
B5 r PP
B6 s MP (2, B5)
B7 p MP (1, B6)
B8 r→p PC (B5, B7)
9 (p → r) ^ (r → p) U (A8, B8)
10 p↔r Equivalência (9)
c.q.d.
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Explicação:
• (Linha A5) inserimos uma Premissa Provisória (PP);
• (Linha A6) aplicamos a regra Modus Ponens (MP) nas linhas 3
e A5;
• (Linha A7) Silogismo Disjuntivo (SD) nas linhas 4 e A6;
• (Linha A8) Prova Condicional (PC) em A5 e A7;
• (Linha B5) Premissa Provisória (PP);
• (Linha B6) Modus Ponens em 2 e B5;
• (Linha B7) Modus Ponens (MP) em 1 e B6;
• (Linha B8) Prova Condicional (PC) em B5 e B7;
• (Linha 9) União (U) em A8 e B8 c.q.d.
• (Linha 10) Equivalência em 9.
Exemplo
Dadas as premissas 1, 2 e 3, provar q.
1. ~p → q
2. ~q → r
3. ~(p ^ r)
1 ~p → q Premissa.
2 ~q → r Premissa.
3 ~(p ^ r) Premissa.
4 ~q PP
5 r MP (2, 4)
6 ~p v ~r De Morgan (3)
7 ~(~r) DN (5)
8 ~p SD (6, 7)
9 q MP (1, 8)
10 q ^ ~q U (4, 9)
11 q PI (4-10)
c.q.d.
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Explicação:
• (Linha 4) introduzimos a negação da conclusão como PP;
• (Linha 5) aplicamos Modus Ponens (MP) em 2 e 4;
• (Linha 6) Lei De Morgan em 3;
• (Linha 7) Dupla Negação (DN) em 5;
• (Linha 8) Silogismo Disjuntivo (SD) em 6 e 7;
• (Linha 9) Modus Ponens (MP) em 1 e 8;
• (Linha 10) União (U) em 4 e 9 e chegamos a uma contradição
(q ^ ~q);
• (Linha 11) Prova Indireta (PI) nas linhas de 4 a 10 (uma vez
que, ao introduzir a negação (~q) daquilo que se queria demonstrar
(q) como Premissa Provisória (PP), chegamos a uma contradição (q ^
~q), então podemos aplicar a regra da Prova Indireta (PI) e deduzir a
conclusão (q) c.q.d.).
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9. Cálculo de Predicados
9.1 Introdução
Das lições sobre o Silogismo Categórico (SC) para as lições sobre a
Lógica Simbólica demos um salto não apenas histórico, mas, também,
de estrutura formal. Podemos afirmar que:
2. A Lógica Simbólica tratava, por sua vez, até aqui, da relação en-
tre sentenças simples, mas completas. Cada variável p ou q pressupõe
uma sentença completa à qual atribuímos valor de verdade: “João foi
ao supermercado” = “p”; “Maria comprou uma blusa azul” = “q”
etc. Ao relacionarem-se umas com as outras, estas sentenças simples e
completas tornam-se sentenças complexas. Para indicar o modo pelo
qual elas se relacionam aprendemos a utilizar os conectivos lógicos
ou verifuncionais (“~”, “^”, “v”, “v”, “→” e “↔”) e, dependendo
do modo de relação, atribuímos um valor de verdade (V ou F) a esta
relação de acordo com as tabelas de verdade ou de dedução natural.
Atenção!
O excerto de texto a seguir foi retirado da obra de Laurence Gol-
dstein, Andrew Brennan, Max Deutsch e Joe Y. F. Lau Lógica: con-
ceitos-chave em filosofia e é importante estar atento para os símbolos
utilizados por esses autores:
• “&” para “^”;
• “⊃” para “→”.
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9.2.1 Quantificadores
Ainda não tínhamos como simbolizar essas relações predicativas na
lógica simbólica, pois, cada variável (p, q, r, s, t...) expressa uma sen-
tença completa, por exemplo: “Jesus é carpinteiro” = “p”. Agora vamos
precisar de uma variável para “Jesus” uma outra para “carpinteiro”.
Como afirma Goldstein et. al. (2007), trata- se de um exame mais
profundo das sentenças. Vamos compreender melhor essa relação en-
tre o CP e SC.
Quantificador Universal: Ɐ
Usaremos o símbolo “Ɐ”, chamado quantificador universal, para exprimir
o fato de que “para todo x em um dado conjunto, a proposição P(x) é
verdadeira”. Uma proposição do tipo “Para todo x, P(x)” é simbolicamente
representada por Ɐx, P(x).
A proposição “Todo inteiro é racional” pode-se escrever:
1. Ɐx, x∊Z → x∊Q.
As linhas 2 e 3 são
2. Para todo x, se x∊Z, então x∊Q.
exatamente iguais no
3. Para todo x, se x∊Z, então x∊Q.
original. Acredito ser
4. Para cada x, se x∊Z, então x∊Q.
um erro de edição
5. Ɐx(x∊Z → x∊Q).
6. Qualquer que seja x, x∊Z → x∊Q (DAGHLIAN, p. 90-91).
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Quantificador Existencial: ∃
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Exemplo 2
Nenhum palmeirense é corintiano.
Ou seja:
Ɐx (Px → ~Cx) ⇔ ~∃x (Px ^ Cx).
Para todo x, tal que, se x é palmeirense, então x não é corintiano ⇔
Não existe x, tal que, x é palmeirense e x é corintiano.
Exemplo 3
Algum brasileiro é palmeirense.
Ou seja:
∃x (Bx ^ Px) ⇔ ~(Ɐx (~Bx ^ ~Px))
Negação:
~(∃x (Bx ^ Px)) ⇔ Ɐx ~(Bx ^ Px) ⇔ Ɐx (~Bx ^ ~Px)
Portanto:
∃x (Bx ^ Px) ⇔ ~(Ɐx ~(Bx ^ Px)) ⇔ ~(Ɐx (~Bx ^ ~Px))
Existe um x, tal que x é brasileiro e x é palmeirense ⇔ Não para
todo x, x não é brasileiro e x não é palmeirense.
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Exemplo 4
Algum brasileiro não é corintiano.
Ou seja:
∃x (Bx ^ ~Cx) ⇔ ~(Ɐx) (Bx → Gx)
Existe um x, tal que x é brasileiro e x não é corintiano ⇔ Não para
todo x, tal que, se x é brasileiro então x é corintiano.
Reescrito:
1. Para todo os membros da delegação de Campo Grande, se são
atletas, então jogam voleibol ou futebol.
2. Olívia é atleta.
3. Olívia não joga futebol.
4. Portanto, Olívia joga voleibol.
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ALUNO
Professor, percebi que na Linha 4 o senhor utilizou uma regra chamada
EⱯ. Não me lembro de nenhuma regra chamada EⱯ.
PROFESSOR
Ótima observação! Esta regra é chamada Eliminação do Universal (EⱯ). Ela
nos permite substituir a variável “x” por uma constante “o”. Vamos apren-
der esta e outras regras de inferência próprias do CP.
Mj
∴ ∃xMx
Exemplos
Fc Ac ^ Bc Ac ↔ (Bc ^ Dc) ∴ ∃x (Ax
∴ ∃xFx ∴ ∃x (Ax ^ Bx) ↔ (Bx ^ Dx)
Demonstração
Ɐx (Px → Qx)
Pa
∴ ∃xQx
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Exemplo
∃x(Fx ^ Gx)
∴ ∃xFx ^ ∃xGx
1 ∃x(Fx ^ Gx) Premissa.
2 Fa ^ Ga E∃ (1)
3 Fa S (2)
4 Ga S (2)
5 ∃xFx I∃ (3)
6 ∃xGx I∃ (4)
7 ∃xFx ^ ∃xGx U (5, 6)
c.q.d.
Ou seja:
• dentro de certas restrições, o que for verdade para um objeto ar-
bitrário do domínio de discurso, é verdade para todos os objetos do
domínio e permite a introdução de um quantificador universal.
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Introdução à Lógica
Restrições necessárias:
1. a regra não pode ser aplicada a constantes que ocorram nas premissas,
uma vez que tais constantes se referem a objetos particulares do domínio;
2. a regra não deve ser aplicada a constantes introduzidas pela regra
de Eliminação do Existencial, uma vez que referem-se a objetos parti-
culares do domínio.
Exemplo 1
Ɐy (Py → Qy)
ⱯyPy
∴ ⱯxQx
1 Ɐy (Py → Qy) Premissa
2 ⱯyPy Premissa
3 Px → Qx EⱯ (1)
4 Px EⱯ (2)
5 Qx MP (3, 4)
6 ⱯxQx IⱯ (5)
c. q. d.
Exemplo 2
Ɐx (Px → Ax)
Ɐx (Ux → Px)
∴ Ɐx (Ux → Ax)
1 Ɐx (Px → Ax) Premissa
2 Ɐx (Ux → Px) Premissa
3 Px → Ax EⱯ (1)
4 Ux → Px EⱯ (2)
5 Ux → Ax SH (3, 4)
6 Ɐx (Ux → Ax) IⱯ (5)
c. q. d.
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Introdução à Lógica
ainda mais complexos de dedução que estão muito além das nossas
pretensões com este curso. Nosso curso é apenas uma preparação para
que você possa aprofundar seus conhecimentos sobre a Lógica, seja
esse aprofundamento na Lógica propriamente dita, seja em outros
campos de conhecimento.
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No caminho se defronta com Heráclito – um encontro infeliz! Para ele,
que esperava tudo da separação mais rigorosa entre ser e não-ser, havia de
ser profundamente odioso, logo agora, o jogo das antinomias de Heráclito;
uma proposição como: “Somos e não somos ao mesmo tempo”, “ser e não-
ser é ao mesmo tempo o mesmo e não o mesmo”, um proposição pela qual
se tornava mais uma vez confuso e inextricável tudo aquilo que ele acaba
de esclarecer e desembaraçar, levava-o ao furor: “Fora com os homens!”
– gritou ele – “que parecem ter duas cabeças e no entanto nada sabem!
Neles tudo está em fluxo, mesmo seu pensamento! Olham pasmados para
as coisas, mas têm de ser tão surdos quanto cegos para misturarem assim
os contrários!” O desentendimento da massa, glorificado por antinomias
lúdicas e exaltado como o ápice de todo conhecimento, era para ele uma
vivência dolorosa e inconcebível.
E ele mergulhou no banho gelado das suas terríveis abstrações. Aquilo que
é verdadeiramente tem de ser em eterno presente, dele não pode ser dito
“era”, “será”. O que é não pode ter vindo a ser: pois de onde teria podido
vir a ser? Do que não é? Mas este não é e não pode produzir nada. Do
que é? Isto não seria nada outro do que engendrar a si mesmo. O mesmo
se dá com o perecer; ele é tão impossível quanto o vir-a-ser, quanto toda
alteração, quanto todo crescimento, toda diminuição. Por toda parte vale
a proposição: tudo aquilo que se pode dizer “foi” ou “será” não é, mas do
que é nunca pode ser dito “não-é”. O que é, é indivisível, pois onde está a
segunda força que haveria de dividi-lo? É imóvel, pois para onde haveria de
mover-se? Não pode ser infinitamente grande nem infinitamente pequeno,
pois está completo, como uma esfera, mas não em um espaço: pois para
separá-los teria de haver algo que não estaria sendo: uma suposição que
suprime a si mesma. Assim, há somente a eterna unidade.
Se agora, porém, Parmênides tornava a voltar o olhar ao mundo do vir-a-
ser, cuja existência ele havia antes procurado conceber através de combina-
ções tão engenhosas, zangava-se com seus olhos porque viam o vir- a-ser,
com seus ouvidos porque o ouviam. “Não sigais o olho estúpido” – assim
diz agora o seu imperativo – “não sigais o ouvido ruidoso ou a língua, mas
examinai somente com a força do pensamento!” Com isso executou a pri-
meira e sumamente importante, se bem que ainda tão insuficiente e fatal
em suas conseqüências, crítica do aparelho cognitivo: ao apartar abrupta-
mente os sentidos e a aptidão de pensar abstrações, portanto a razão, como
se fossem duas faculdades totalmente separadas, ele dilacerou o próprio
intelecto e encorajou àquela separação totalmente errônea entre “espírito”
e “corpo” que, particularmente desde Platão, pesa como uma maldição
sobre a filosofia. Todas as percepções dos sentidos, julga Parmênides, só
nos dão ilusões; e sua ilusão mestra é justamente simularem que aquilo que
não é também é e que mesmo o vir-a-ser também tem um ser. Toda aquela
multiplicidade e colorido do mundo conhecido conforme a experiência,
a mudança de suas qualidades, a ordenação de seu acima e abaixo, são
implacavelmente postas de lado como mera aparência e ilusão; desse lado
não há nada a aprender, portanto todo esforço dedicado a esse mundo de
mentira, inteiramente nulo, e que é como que uma fraude dos sentidos, é
desperdiçado. Quem julga assim no geral, como o fez Parmênides, deixa
com isso de ser um investigador da natureza em particular; seu interesse
pelos fenômenos estanca, ele cria um ódio de si mesmo, por não poder
desvencilhar-se desse eterno engodo dos sentidos. Somente nas mais des-
botadas, nas mais abstratas generalidades, nos estojos vazios das palavras
mais indeterminadas há de morar agora a verdade, como num casulo de
fios de aranha: junto de uma tal “verdade” senta- se agora o filósofo, e aliás
exangue como uma abstração e emaranhado em fórmulas. A aranha, no
entanto, quer o sangue de suas vítimas; mas o filósofo parmenidiano odeia
precisamente o sangue de sua vítima, o sangue da empiria, sacrificada por
ele (NIETZSCHE, 1978, p. 37-39).
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Referências Bibliográficas
E-Referências
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