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A Conexao de Leipzig A Destruicao Sistem
A Conexao de Leipzig A Destruicao Sistem
Resenha:
Data: ago/2020
Inicialmente, cabe dizer que, em última instância, todos os grandes malefícios feitos à
educação ocidental nos últimos duzentos anos decorreram da infeliz influência do filósofo
francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). Rousseau, para estes fins ora debatidos, defendia
a subserviência do homem à natureza, ideia esta que, além de ser falsa, foi utilizada ou por
idiotas, ou por loucos ou por tiranetes para os mais variados e daninhos fins, principalmente
para eliminar o indivíduo em detrimento a um tal de bem comum, inexplicado e inexplicável
até hoje. (p. 97)
Pois bem. Foi que em 1857 se fundou, nos EUA, a National Teachers Association –
NTA. Em 1866 a NTA passou a permitir mulheres em seu quadro societário e, em 1870 a
NTA foi transformada na National Education Association – NEA (www.nea.org), então
absorvendo a American Normal School Association, a National Association of School
Superintendents (www.nass.usa) e a Central College Association, e, mais tarde, também a
National Colored Teachers Association (1906-1907) e a National Association of Teachers in
Colored Schools (1907-1937). Atualmente, a NEA é a maior associação americana com quase
três milhões de associados, todos professores e funcionários da rede de educação pública
daquele país.
A NTA foi fundada por Zalmon Richards (1811-1899), um cristão protestante batista
conservador, professor e dono de escola que participou vigorosamente da NTA e da NEA até
1896, ano em que sua segunda esposa faleceu. Porém, após 1896 novos dirigentes se
apossaram do NEA e, com isso, novos rumos foram sendo dados à educação americana,
rumos estes que, com todo respeito aos envolvidos, desembocaram no que hoje se percebe na
figura do chamado analfabeto funcional, um tipo - perigoso - de idiota útil, figura fartamente
presente tanto nos EUA quanto no Brasil e em vários outros países.
E neste processo de destruição da educação americana, além deste novo perfil da NEA
referido, eis que também em destaque surgiu a figura do médico psiquiatra e filósofo alemão
Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920).
Em 1875, Wundt assumiu a cadeira de filosofia na Universidade de Leipzig
(www.uni-leipizig.edu), na Alemanha e, nesta condição mista de médico psiquiatra e filósofo,
Wundt criou a chamada psicologia experimental. De acordo com esta escola da psicologia
experimental qualquer coisa (inclusive o ser humano) só terá sentido se puder ser medida,
quantificada e demonstrada cientificamente (p. 12). Wundt acreditava que o comportamento
humano era todo derivado de reações fisiológicas do corpo, através de um processo que
seguia esta ordem: estimulação, percepção, apercepção, e reação voluntária. A vontade, para
Wundt, era derivada dos estímulos e não da intenção do indivíduo, sendo a pessoa desprovida
de espírito e/ou de autodeterminação. (p. 14)
O segundo pupilo americano de Wundt que lá obteve destaque foi o pedagogo John
Dewey (1859-1952/www.johndeweysociety.org) (p. 22), o qual inclusive recebeu patrocínio
da família Rockefeller (www.rbf.org) para montar, em 1896, a Escola de Dewey e as
chamadas The Laboratory Schools of Chicago (www.ucls.uchicago.edu), multidisciplinares,
dentre as quais a que primeiro se destacou foi a The Chicago School of Pragmatism (p. 23).
Atualmente, todas as laboratory schools de Chicago estão vinculadas à Universidade de
Chicago (www.uchicago.edu (a universidade de Chicago foi fundada em 1856 como uma
escola cristã protestante batista)) e foram apelidadas de maroons (do francês, marrom) por ser
o marrom a cor oficial desta universidade. Para Dewey, a escola era um lugar “onde suas
teorias da educação poderiam ser postas em prática, testadas e avaliadas cientificamente” (p.
23). Dewey, nesse sentido, defendia que e escola era um campo de provas, um laboratório de
experiências onde pôs em prática três ideias centrais: I) a educação da criança na escola deve
ser ativa e não passiva; II) a escola deve ser coletivista e não individualista; e III) a escola
deve ser um campo de novas experiências e não um campo de repetição de experiências. (p.
23-24)
Dewey também defendia, nesta sua sanha socializante e coletivista, que as diferenças
entre as crianças deveriam ser todas niveladas para que não houvesse qualquer forma de
destaque que não fosse algum eventual destaque de toda a turma em conjunto; ou a turma se
destacava toda ou ninguém o faria individualmente. Dewey, nos EUA, foi quem introduziu a
psicologia (a psicologia como ciência e a psicologia de Wundt) na educação daquele país,
sendo por isso chamado de pai da educação americana. (p. 25)
Além de Hall e Dewey, também surgiu em destaque nos EUA, James McKeen Cattell
(1860-1944/www.cattell.duke.edu), outro pupilo americano de Wundt, o qual criou a chamada
leitura à primeira vista (sight-reading). (p. 35-36)
Ou seja: foi basicamente através deste cenário que, a partir de 1897, os wundtianos
então organizaram o palco para a consolidação e propagação da psicologia experimental
dentro da educação americana. (p. 40)
Mas foi uma outra contratação da dupla Cattell e Russell que fez mais efeito ainda na
destruição da educação americana: Edward Lee Thorndike (1874-1949), mentor da chamada
psicologia animal, criada através de seus estudos com galinhas, segundo a qual a psicologia é
a ciência que estuda a inteligência, o caráter e comportamento dos animais, inclusive do
homem (p. 41-42). E, como resultado da aplicação de suas experiências com animais em
crianças e jovens, Thorndike publicou seu livro, em 1903, Educational Psychology, cujo
princípio nuclear é o mesmo de Wundt, o de que o homem é um animal que apenas reage a
estímulos externos tal qual qualquer outro animal não humano. (p. 43)
Esta teoria é bizarra na verdade, por exemplos: uma criança que não goste de somar
não poderá ser induzida a somar, a não ser que o educador encontre uma forma de tornar a
soma prazerosa a esta criança; já uma criança que goste de atirar pedras nos colegas não
poderá ser punida, devendo o educador encontrar uma forma de demonstrar a esta criança que
atirar pedras nos colegas não é prazeroso e, portanto, não sendo prazeroso, então não deve ser
feito. Logo, a lei do efeito retira toda a responsabilidade e o raciocínio da criança, vinculando-
a apenas a uma certa recompensa; a criança fica sempre esperando receber o agradável porque
o agradável é bom. (p. 45)
Em suma, a lei do efeito prega que as condutas aprendidas são aquelas que satisfazem
ou um impulso ou uma necessidade da criança, ou, também, aquelas que evitam algum perigo
à criança, ao passo que as condutas que não são aprendidas são aquelas que impedem a
satisfação ou de um impulso ou de uma necessidade da criança, ou, também, aquelas que
proporcionam algum perigo à criança.
Thorndike também elaborou o conceito dos 3 R`s: reading, writing, arithmetics (ler,
escrever, calcular), segundo o qual até os seis anos de idade não se deve dar ênfase à leitura,
escrita e aritmética, entendimento este oposto ao da educação formal que vigorava até então.
(p. 46)
Na educação calvinista quaker as crianças deveriam ser desde cedo alfabetizadas lendo
Edmund Burke (1729-1797), Abraham Lincoln (1809-1865), Quinto Horácio Flanco (65a.C.-
8a.C) e Marco Túlio Cícero (106a.C.-46a.C), por exemplos, enquanto que na educação
moderna wundtiana as crianças seriam alfabetizadas somente a partir dos seis anos, lendo
frases pueris (the book is on the table, por exemplo) e histórias em quadrinhos. (p. 59)
Quanto mais ricos os Rockefeller ficavam, mais odiados eram, mais dinheiro doavam
à filantropia, mais queriam melhor sua imagem pública, mais paz almejavam (p. 63-64).
Quanto mais destacados se tornavam os educadores wundtianos, mais aplaudidos eram, mais
dinheiro recebiam dos Rockefeller, mais queriam controlar a educação americana (p. 64); era
o ciclo perfeito; como se diz no populacho: “juntaram-se a fome e a vontade de comer.”
Mas, no fundo, os Rockefeller queriam paz para si e para sua fortuna, enquanto que os
wundtianos, como não seria diferente, queriam o controle social (uma nova ordem social)
através do controle da educação de crianças e jovens. Nesse sentido, há um novo e claro
divisor de águas deste processo progressista: o ano de 1917 somado à pessoa do pedagogo
agnóstico Abraham Flexner (1866-1959) (p. 69). Americano, filho de judeus alemães, Flexner
inicialmente fez, com recursos da Carnegie Fund ((www.carnegie.org) Andrew Carnegie
(1835-1919) era o magnata americano do aço), a “germanização” das cento e cinquenta e
cinco faculdades de medicina dos EUA e do Canadá à época, cuja “menina dos olhos” tornou-
se o Johns Hopkins Hospital (www.hopkinsmedicine.org). (p. 70-72)
Então, em 1916, eis que surge a “bíblia” progressista de Flexner, o livro A Modern
School, onde atacou a educação quaker e propôs a ruptura total com este sistema puritano,
através da eliminação do grego, do latim, da leitura dos clássicos gregos, romanos e
medievais, com o abandono do inglês formal, com a suavização do rigor da matemática pura e
com a fusão da história, geografia e educação cívica em uma única nova disciplina chamada
de estudos sociais (p. 91). Estava feita a lambança. (p. 73)
A primeira escola moderna feita nas linhas wundtianas de Flexner foi a Lincoln
School, local onde até os filhos de Rockefeller Jr. foram matriculados. E, qual não foi a
surpresa de Rockefeller Jr. ao reclamar da má instrução de seus filhos, anos após, na própria
Lincoln School... Além da péssima educação para os padrões da época e mesmo com o
patrocínio constante da Flia. Rockefeller, a Lincoln School trazia prejuízo financeiro ano após
ano, tendo sido fechada, então, em 1946, como primeira prova do fracasso do sistema
wundtiano imposto à educação americana. (p. 88-90)
Como dito, o objetivo da ideologia educacional wundtiana, nos EUA, era a ruptura
com a formação quaker e a criação de uma nova ordem social. A psicologia educacional
progressista wundtiana, para fins de criação de uma nova ordem social, foi manejada pelos
dirigentes educacionais através das seguintes etapas: 1) desenvolvimento de uma nova
filosofia de vida e de uma nova filosofia educacional compatível com a nova ordem social; 2)
elaboração de um novo plano de criação de novos funcionários na área da educação; 3)
criação de novas disciplinas progressistas e extinção de disciplinas formais; e 4) construção da
nova ordem social pelo próprio professor dentro de sala de aula, com a repressão ao
individualismo e exaltação ao coletivismo (p. 92-93). Aliás, foi graças ao wundtianismo que o
famoso Método Montessori, idealizado pela médica e pedagoga italiana Maria Tecla
Artemisia Montessori (1870-1952), foi excluído do cenário educacional americano, no
mínimo, entre 1914 e 1964. (p. 93)
E o resultado atual de todo esse processo gradativo: abuso de drogas e álcool, aumento
da violência, dos estupros, dos abortos, do número de mães solteiras, da depressão, da
ansiedade, da falta de motivação, da indisciplina etc. (p. 94-95)
. Conclusão
Em suma, de acordo com a fonte utilizada: apesar dos bilhões despejados – pelas
grandes fundações e, agora, pelo Governo Federal – sobre a educação americana, a situação
torna-se pior a cada dia. Apesar dos milhões gastos todos os anos no desenvolvimento
aparente da psicologia, esta nova ciência ainda nos deve uma única solução aplicável aos
problemas da educação, dos quais muitos, se não todos, agora nos parecem causados por ela
própria. (...) A ideia de que o homem seja um ser exclusivamente fisiológico contradiz
diariamente a promessa de um modo de vida concebido por homens livres, e só por eles
alcançável. Esta ideia (de que o homem seja apenas um animal sensível a estímulos) e os
métodos nela implicados desempenharam um papel crucial na transformação do sonho
americano em um pesadelo nacional, tornando nossas casas, escolas, escritórios, lojas e
fábricas os campos de batalha da Terceira Guerra Mundial. (...) Aqueles que desejam decidir
por si mesmos se são animais ou não, bem como seus filhos, e que escolham assim não ser,
devem começar a repudiar publicamente o estrangulamento do futuro de nossas crianças
pela psicologia, e a acordar os outros desse pesadelo. (p. 95-96)
Fim.