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CVRD

Reabilitação de áreas
e fechamento de minas
Camilla P.M. Lott, Gustavo D. Bessa, Otoniel Vilela

A atividade mineira tem sido vi- racterizadas pelo alto nível de deterio- 1. superpastejo da vegetação
tal para o desenvolvimento da hu- ração ambiental e pequena capacidade (34,5% das áreas mundiais degrada-
manidade e do crescimento industrial de suporte humano (FAO, 1985). das);
e tecnológico. Os minerais e metais são A maior parte das áreas degradadas 2. desmatamento ou remoção da
a base essencial dos grandes inventos nos Neotrópicos é resultado de siste- vegetação natural para fins de agricul-
e estão presentes no dia-a-dia do ho- mas inapropriados de uso da terra que tura, florestas comerciais, construção
mem moderno. A necessidade da inter- geram ganhos econômicos em curto de estradas e urbanização (29,4%);
ferência no meio ambiente, dado à pos- prazo, com um alto custo de degrada- 3. atividades agrícolas, incluindo
sibilidade de se conjugar as ações do ção ambiental e subdesenvolvimento ampla variedade de práticas agrícolas,
homem ao meio em que vive, através socioeconômico em longo prazo. Exis- como uso insuficiente ou excessivo de
da adoção de práti- fertilizantes, uso de
cas ambientais que água de irrigação de
se adaptam de for- baixa qualidade,
ma crescente, não uso inapropriado
deve ser obstáculo de máquinas agrí-
para o desenvolvi- colas e ausência de
mento da indústria práticas conser -
mineira. Tal ativida- vacionistas de solo
de deve consolidar- (28,1%);
se no contexto do 4. exploração in-
Desenvolvimento tensa da vegetação
Sustentável, cres- para fins domésti-
cer com base no cos, como combus-
aproveitamento ra- tível, cercas etc.,
cional dos recursos, Imagens “antes (2000) e depois (2002)” da recuperação ambiental de uma grande voçoroca na mina de Piçarrão expondo o solo à
procurando um ação dos agentes
equilíbrio sistemático entre o homem- tem duas categorias principais de áre- de erosão (6,8%); e
recurso-território. as degradadas, dependendo da cober- 5. atividades industriais ou
O desenvolvimento sustentável é tura de vegetação: florestas secundári- bioindustriais que causam poluição do
uma proposta de longo prazo na qual a as e pastos abandonados. Além destes, solo (1,2%).
boa administração dos recursos e o destacam-se as áreas degradadas por
meio ambiente são componentes essen- atividade de mineração. A conceituação de área degradada é
ciais, os quais estão refletidos em prin- Segundo Oldeman (1994), citado por bastante discutida nos meios técnicos
cípios fundamentais orientados aos Dias & Griffith (1998), os fatores de e acadêmicos, admitindo-se várias de-
aspectos sociais, econômicos e degradação de solo, em ordem decres- finições de acordo com o enfoque dese-
ambientais de toda atividade. A Com- cente de participação relativa nas áre- jado. Assim, poderíamos dizer que a
panhia Vale do Rio Doce está compro- as degradadas no mundo, são: degradação ocorre quando a vegetação
metida com esta proposta e considera
a qualidade ambiental das atividades,
dos produtos e dos serviços um fator Resumo
fundamental para sua competitividade.
E objetivando o controle e minimização Na visão da Companhia Vale do Rio Doce, a reabilitação ambiental é a busca
do impacto causado pela mineração, a de uma condição ambiental estável, a ser obtida em conformidade com os valo-
CVRD pratica constantemente a reabi- res estéticos e sociais da circunvizinhança. Esta atividade tem por objetivo dar
litação de áreas degradadas. um determinado uso para o sítio interferido, de acordo com o plano
preestabelecido para o uso do solo, além de conferir a referida estabilidade ao
Revisão Bibliográfica meio ambiente. Programas de reabilitação requerem o planejamento e a execu-
ção de trabalhos que envolvem geotecnia, processos biológicos (revegetação)
Um dos problemas centrais do e, em alguns casos, hidrogeologia. Este processo ainda inclui a manutenção e o
desmatamento no Brasil é que ele re- monitoramento destas áreas, após a implantação dos projetos. O objetivo deste
sulta no estabelecimento de sistemas trabalho é demonstrar como a CVRD vem abordando o tema reabilitação de
de uso da terra não sustentados, que áreas degradadas e fechamento de minas, e apresentar como resultado alguns
dão origem à “áreas degradadas”, ca- exemplos de minas e áreas já reabilitadas pela empresa.

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e fauna originais além da conta-
são destruídas, minação por ele-
removidas ou ex- mentos radioati-
pulsas, a camada vos e a poluição
fértil do solo é per- visual ou estéti-
dida, removida ou ca do local.
enterrada e a qua- Os objetivos
lidade de vazão do da recuperação
sistema hídrico for de uma determi-
alterada (Teixeira nada área de-
& Silva Jr., 1994). gradada devem
Carpanezzi et atender a requi-
al. (1990) apresen- sitos individuais
tam uma definição e o plano esta-
mais precisa: belecido deve
Imagens “antes (1997)” e “depois (2002)” da reconformação e revegetação no Lago de Rejeito de Maria Preta
ecossistema degra- deixar claro,
dado é aquele que, previamente, o
após distúrbios, teve eliminado, junta- recuperação é necessária, pois eles já não nível desejado de recuperação. Existem
mente com a vegetação, os seus meios dispõem daqueles eficientes mecanismos diversos usos potenciais para os quais
de regeneração bióticos como o banco de de regeneração. as áreas degradadas podem ser desti-
sementes, banco de plântulas, chuvas de Nas atividades de mineração, as prin- nadas, como o cultivo/pastagens, re-
sementes e rebrota. Apresenta, portan- cipais fontes de degradação são: a de- florestamento, área residencial ou ur-
to, baixa resiliência, isto é, seu retorno posição de resíduos ou rejeitos decor- bana, parques e áreas de recreação, ou
ao estado anterior pode não ocorrer ou rente do processo de beneficiamento e simplesmente, abandoná-las à suces-
ser extremamente lento. Já o ecossistema a deposição do material estéril ou iner- são vegetal (Griffith, 1980).
perturbado é aquele que sofreu distúrbi- te, não aproveitável, proveniente do A vegetação pode ser um elemento de
os, mas manteve meios de regeneração decapeamento superficial (Ibram, 1987). atuação e utilização nos programas de
bióticos. A ação humana não é obrigató- Além dessas fontes, outras que podem recuperação de áreas degradadas, assu-
ria, mas auxilia na sua recuperação, pois ser citadas são: lançamento de lixo, de mindo diferentes funções, de acordo com
a natureza pode se encarregar da tarefa. esgoto sanitário, vazamentos ou derra- a situação encontrada (Fonseca, 1989).
Nos degradados, a ação antrópica para a mes de óleos, ácidos e outros produtos, Dentre as alternativas, o reflorestamen-

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to para fins múlti- manutenção e o
plos envolve um monitoramento
maior número de destas áreas,
benefícios, tanto após a implanta-
sociais como ecoló- ção dos projetos.
gicos. Todavia, e Conforme de-
sempre de acordo termina a legis-
com um plano es- lação brasileira,
tabelecido, o desti- em especial a
no final da área de- Constituição Fe-
verá ser objeto de deral, o empre-
uma análise con- endedor tem a
junta dos compo- obrigação de re-
nentes sociais, eco- abilitar as áreas
lógicos e econômi- Imagens “antes (2001) e depois (2003)” da reabilitação ambiental em taludes na mina de Caeté degradadas. Na
cos envolvidos. CVRD, tal obri-
É preciso ter bem em mente qual é Cada situação deve ser analisada gação já vem sendo atendida, parci-
o objetivo inicial da recuperação, pois para escolha da técnica mais adequa- almente, durante a fase de explora-
as áreas degradadas podem tanto ser da e não raros são os exemplos em ção da mina, através da aplicação de
“restauradas” como “reabilitadas” que todas elas são utilizadas na mes- recursos (custeio) na contenção de ta-
(Cairns, 1988; Viana, 1990). Restau- ma área. Jesus (1994) ainda recomen- ludes e tratamento das áreas adjacen-
ração refere-se à série de tratamentos da, além da implantação propriamen- tes (barragens e depósitos). Entretan-
que buscam recuperar a forma origi- te dita, a necessidade indispensável to, quando do encerramento da vida
nal do ecossistema, isto é, sua estru- da manutenção, visando garantir o es- útil de uma mina, ou frente de lavra,
tura original, dinâmica e interações bi- tabelecimento dos plantios realizados deve ser realizada a reabilitação defi-
ológicas. Ela é geralmente recomenda- e que devem se estender, pelo menos, nitiva da área, que culmina com a sua
da para ecossistemas raros e ameaça- por dois anos. devolução para o super ficiário
dos, geralmente demanda mais tempo Na recuperação de áreas degradadas (descomissionamento).
e resulta em maiores custos. Reabili- ao longo de ferrovias e reservatórios de Um dos quesitos impostos ao mine-
tação refere-se à série de tratamentos água, assim como na implantação de rador, para a obtenção da licença
que buscam a recuperação de uma ou cinturões verdes, são utilizados os pro- ambiental de operação, é a apresenta-
mais funções do ecossistema. Essas cedimentos de plantio de árvores para ção do Plano de Recuperação de Áreas
funções podem ser produção econômi- resgate de biodiversidade, contenção de Degradadas (PRAD), que estabelece, em
ca e/ou ambiental. erosão, florestas de produção e linhas gerais, os programas de recupe-
Geralmente, as principais justificati- amenização paisagística (FRDSA,1992; ração a serem adotadas durante a la-
vas para os reflorestamentos de prote- FRDSA, 1993; Jesus et al., 1984; Je- vra e após a exaustão da jazida.
ção ambiental envolvem a recuperação sus & Engel, 1989, Jesus, 1992). No entanto, para se dimensionar o
imediata, tanto quanto possível, dos be- Nestes trabalhos, os autores reco- valor necessário à reabilitação final há
nefícios ambientais. Essa questão mui- mendam a recuperação através da im- necessidade de formular os projetos
tas vezes não é analisada coerentemen- plantação e manutenção dos plantios de engenharia. Com este documento,
te, e a restauração da forma (composi- realizados, sendo que na implantação poderão ser então adotadas as provi-
ção e diversidade de espécies, estrutura estão incluídas as atividades de pre- dências precedentes à execução das
trófica, fisionomia, dinâmica, etc.), tor- paro do solo, controle das formigas obras de encerramento e reabilitação,
na-se prioritária frente à recuperação dos cortadeiras, coveamento, adubação e com destaque para a obtenção da
serviços do ecossistema, ou seja, sua plantio. As manutenções são realiza- aprovação do Plano de Reabilitação da
função ambiental (Viana, 1990). das visando garantir o estabelecimen- Área Degradada (PRAD) que será de
Vários autores procuraram sistema- to dos plantios realizados e são reco- fato implantado, concedida pelo ór-
tizar as técnicas de recuperação de áre- mendadas normalmente durante os gão de licenciamento ambiental. A
as degradadas (Willians, 1982; Griffith, dois ou três anos subseqüentes ao revegetação é um dos elementos dos
1992; Silveira et al., 1992; Adeam, plantio. Neste período estão incluídas programas de recuperação de áreas
1990; Daniels, 1994; Pompéia, 1994; as atividades de roçada manual, degradadas e pode conter diferentes
Jesus, 1994; Griffith et al., 1996), to- coroamento, controle daquelas formi- rotas de ação, de acordo com a situa-
davia os sistemas devem ser específi- gas e o replantio. ção encontrada.
cos para cada situação, contemplando, Os estudos voltados para a obtenção
entre outros fatores, a localização, cli- A reabilitação ambiental de um sistema cada vez mais eficaz de
ma, topografia, estabilidade do terre- nas áreas da CVRD reabilitação envolvem esforços internos
no, solo, vegetação e a natureza do(s) e externos à CVRD, com a participação
agente(s) causador(es) da degradação. Entende-se por reabilitação a busca de entidades de pesquisa, abrangendo
É fato que, depois de planificado, o es- de uma condição ambiental estável, a os mais diversos temas (geotecnia,
copo do sistema a ser adotado passa ser obtida em conformidade com os va- hidrogeologia, biologia etc.). A CVRD tra-
por alterações no decorrer da implan- lores estéticos e sociais da circun- balha com espécies vegetais que acele-
tação das atividades previstas, assim vizinhança. Esta atividade tem por ob- ram o processo de “colonização vegetal”.
como nas suas manutenções, dando jetivo dar um determinado uso para o Isto envolve até mesmo a aplicação de
uma dinâmica toda especial às técni- sítio interferido, de acordo com o plano bactérias especiais, que entram em
cas de recuperação. preestabelecido para o uso do solo, além simbiose com estas plantas e são pro-
As técnicas existentes para utiliza- de conferir a referida estabilidade ao motoras da sintetização do nitrogênio,
ção da vegetação como um agente meio ambiente. Programas de reabili- essencial para o desenvolvimento da
recuperador de áreas degradadas são tação requerem o planejamento e a exe- vida (a fixação do nitrogênio é realizada
relativamente recentes e envolvem a re- cução de trabalhos que envolvem no solo por bactérias de vida livre ou
generação natural, o plantio de espéci- geotecnia, processos biológicos (reve- por bactérias simbiontes (Rhizobium e
es arbóreas e arbustivas e a getação) e, em alguns casos, hidro- Frankia) associadas com as raízes das
hidrossemeadura (Silva, 1993). geologia. Este processo ainda inclui a plantas superiores).

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A recuperação RAD, será agente
é alcançada por de geração e
meio de técnicas transferência de
que ponderam as conhecimento e
condições de fer- tecnologia no ma-
tilidade e estrutu- nejo de espécies po-
ra dos substratos tenciais regionais.
pós-lavra, como Como o objeti-
também das dire- vo final do Pro-
trizes de usos fu- grama é gerar
turos, considera- propágulos de es-
das as determina- pécies nativas,
ções legais. Des- para serem utili-
taca-se que a zados nos proje-
aplicação de sera- tos de recupera-
pilheira, de acor- Áreas em reabilitação (2002 e 2003) na mina de Riacho dos Machados ção de áreas de-
do com a possibi- gradadas da
lidade local, sempre terá prioridade, obra, abertura de covas, transporte das CVRD, surgiu a idéia de agregar a ele
pela destacada “eficiência ambiental” mudas, capinas, roçadas, combate à a pesquisa de germinação de estacas
(só há limitações de disponibilidade e formiga, e outros custos envolvidos. e outros proágulos (não apenas se-
distância). No caso específico da Floresta Na- mentes) para testes de germinação e
A meta dos trabalhos consiste em cional (FLONA) de Carajás, sabendo- propagação de espécies nativas es-
instalar uma sucessão natural nas áre- se do seu potencial florístico e da ca- peciais de herbáceas (cipós, por
as degradadas, de forma mais natural rência de estudos científicos sobre a exemplo), arbustivas e arbóreas (de
possível. Entende-se que a sucessão fenologia, biologia reprodutiva (flores- difícil propagação ou que apresentem
natural é a forma mais coerente para cimento, frutificação), maturação e baixa disponibilidade de sementes),
alcançar estágios serais maduros, au- dispersão de sementes de determina- samambaias colonizadoras de talu-
tóctones e representativos regionalmen- das espécies ocorrentes em fisio- des de mineração e gramíneas.
te. Além das vantagens ecológicas des- nomias específicas dessa Unidade de Em outras regiões do Brasil, a
te método, figura a vantagem da redu- Conservação, é que se decidiu pela im- CVRD também já vem realizando re-
ção de custos de revegetação, que per- plantação de um Plano de Coleta, cuperações de áreas degradadas uti-
mite, por outro lado, investimentos Beneficiamento, Armazenamento e lizando sementes. Dado a geração de
maiores no manejo e monitoramento Pesquisa de Sementes para a região massa verde e condicionamento de
posterior sobre as áreas em sucessão. da FLONA. Esse plano, além de aten- solo gerados a partir das sementes,
Sabe-se que a semente é o melhor der à demanda dos programas de proporciona-se condições para a “en-
meio de propagação das espécies
arbóreas, pois são mais econômicas,
transmitem as características genéti-
cas da árvore-mãe, seu transporte é
facilitado e a sanidade é mais contro-
lável. Em função das propriedades do
entorno da área em tela, é possível
trabalhar com sementes de ciclo lon-
go (normalmente composta por espé-
cies autóctones) e/ou de explosão (es-
tas podem ser exóticas, mas têm um
papel específico – de curto prazo, a
desempenhar).
O sucesso de projetos de recupera-
ção de áreas degradadas (RAD) reside,
principalmente, na disponibilidade de
recursos, no poder de resiliência da
área e na capacidade que a equipe téc-
nica possui em adequar tais recursos
às estratégias de recuperação de cada
área específica.
Um dos grandes entraves desses
programas de RAD é a disponibilida-
de de sementes em quantidade e qua-
lidade desejáveis (um pr oblema
limitante é o fornecimento de semen-
tes de boa qualidade fisiológica e ge-
nética para garantir êxito nos planti-
os) e esse problema se agrava ainda
mais quando se coloca em evidência
as espécies nativas como agentes de
recuperação dessas áreas.
A CVRD está optando pelo plantio
direto de sementes, ao invés do tradi-
cional plantio de mudas, o que leva a
uma redução de custos com a instala-
ção e manutenção de viveiro, mão-de-

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trada” de espéci- Foram 60 ha recu-
es nativas prove- perados em Riacho
nientes de banco dos Machados, si-
de sementes pró- tuado no Estado
ximos e de Minas Gerais.
resiliência local.
PRAD da extinta
O Fechamento mina de ouro
de Minas na de Almas
CVRD
A mina de Al-
A reabilitação mas, localizada
ambiental pode não no Município de
ser encarada como Almas, Estado do
uma atividade a ser Imagens ANTES: (2001) Tanques de lixiviação, com a Planta em fase final de operação e DEPOIS: Tocantins, iniciou
projetada e execu- (2002) Área toda coberta com material das pilhas lixiviadas e com uma camada de 50 cm de suas atividades
tada ao final das solo para viabilizar a vegetação. operacionais em
atividades de uma junho de 1996,
mina, mas sim como um processo contí- PRAD da extinta mina encerrando-as em março de 2001.
nuo, que ocorre desde o planejamento da de ouro de Maria Preta Neste período foram produzidos 2.699
mineração até após o fechamento desta. Kg de ouro, tendo sido lavrados e pro-
Os custos das atividades de reabilitação A mina de Maria Preta iniciou suas cessados 1.604.000 t de minério e
ambiental podem ser reduzidos, caso as atividades operacionais em 1990, com 3.335.000 t de estéril. A mina foi ex-
atividades de mineração sejam planeja- lavra a céu aberto e tratamento em plorada a céu aberto, sendo o miné-
das prevendo-se, desde o início das ope- uma usina CIP (carbon in pulp). Pos- rio beneficiado através de lixiviação
rações, o fechamento da mina. teriormente, parte do minério passou em pilhas. A implantação do progra-
O fechamento de uma mina é nor - a ser tratado através de lixiviação em ma de reabilitação foi iniciada em
malmente requerido no momento a pilhas. Em setembro de 1996 a mina 2001 e finalizada em 2002, com
partir do qual a operação deixa de foi paralisada, tendo sido produzidos revegetação de 42 ha.
ser viável economicamente, quando 3.563 Kg de ouro.
o fluxo de caixa se torna negativo e A implantação do programa de re- Revisão Bibliográfica
quando o valor dos ativos está abai- abilitação ambiental iniciou-se em
xo das despesas requeridas para al- 2000 e foi concluída em 2003. Em ADEAM. Atividades de recuperação
cançar os objetivos das exigências seguida, serão aproximadamente 5 de áreas degradadas. Anais do I
da regulamentação. anos entre manutenção e custeio. A Simpósio Brasileiro de Recuperação de
O objetivo do fechamento de mi- área em recuperação é de 81 ha loca- Áreas Degradadas. Univ. Federal do
nas no âmbito da reabilitação é esta- lizada no município de Santa Luz, no Paraná, Curitiba, PR, 520p., 1992.
bilizar as condições geoquímicas e Estado da Bahia. CAIRNS, J. Increasing diversity by
geotécnicas de áreas mineradas*, restoring damaged ecosystems. In: E.O.
com o intuito de proteger a saúde e PRAD da extinta mina Wilson (ed.), Biodiversity. National
segurança públicas, além de mini- de ouro de Caeté Academic Press, 1988. p.333-334.
mizar e prevenir qualquer degrada- CARPANEZZI, A. A.; COSTA, L. G.
ção ambiental em curso. A mina de Caeté operou de junho de S.; KAGEYAMA, P. Y.; CASTRO, C. F.
A CVRD otimiza as atividades de 1996 a 2001, em lavra a céu aberto, A. Funções Múltiplas das Florestas:
reabilitação ambiental executando-as com o minério sendo tratado através Conservação e Recuperação do Meio
concomitantemente às operações, e de lixiviação em pilhas. Foram movi- Ambiente. Anais do VI Congresso Flo-
ainda, provisiona recursos para as ati- mentadas 1.359.000 t de minério, restal Brasileiro, Campos do Jordão,
vidades necessárias quando do fecha- 10.700.882 t de estéril, com uma pro- SP. p.216-217, 1990.
mento de suas minas. Assim, apre- dução de 2.110 Kg de ouro. CORVELLO, W. B. V. Utilização de
sentam-se, em seguida, diversos ca- A Reabilitação da mina de Caeté foi mudas da regeneração natural em re-
sos de sucesso e aprendizado contí- iniciada em 2002, e a sua implanta- florestamento com espécies nativas.
nuo como conclusão da filosofia e ati- ção ainda se estendeu longo do ano Dissertação de mestrado, Curitiba,
tudes exercidas pela empresa. de 2003. Nos 5 anos subsequentes UFPR, 105p., 1983.
serão realizadas manutenções nos DANIELS, W. L. Restoration
PRAD da extinta mina 79 ha que foram reabilitados nos principals for disturbed lands. In: Anais
de ferro de Piçarrão municípios de Caeté e Santa Bárba- do II Simpósio Brasileiro de Recupera-
ra, em Minas Gerais. ção de Áreas Degradadas e I Simpósio
A Mina de Ferro de Piçarrão ope- Sul-americano. Fundação de Pesquisas
rou no período de abril de 1976 a se- PRAD da extinta mina de ouro Florestais do Paraná, Curitiba, PR,
tembro de 1985. A partir de então, de Riacho dos Machados 679p., 1994.
foram executados alguns pequenos DIAS, L. E.; GRIFFTITH, J. J.
serviços para a sua reabilitação A mina de Riacho dos Machados ini- Conceituação e Caracterização de Áre-
ambiental e, portanto, houve neces- ciou suas atividades em 1989 e encer- as Degradadas. In: Dias, L.E. & Mello,
sidade de elaboração de um progra- rou em 1997, com lavra a céu aberto. J. W. V. (eds.). Recuperação de Áreas
ma integral de recuperação ambiental. O minério foi tratado por lixiviação em Degradadas. Univ. Federal de Viçosa,
Este programa foi iniciado em se- pilhas (HL). Neste período, foram mo- Sociedade Brasileira de Recuperação de
tembro de 2000 e a sua implantação vimentados 3.220.000 t de minério, Áreas Degradadas, 251p. (il.), 1998.
se encerra em 2003. Em seqüência, 6.878.739 t de estéril e produzidos FAO. Tropical Forestry Action Plan.
ter-se-á 3 anos de manutenção e cus- 4.825 Kg de ouro. Rome, 1985.
teio. A área em recuperação é de 160ha A implantação do PRAD se concen- FONSECA, F. Os Efeitos da Minera-
e localiza-se no município de Nova Era, trou no ano de 2002, e nos próximos ção sobre o Meio Ambiente. In: Brasil
em Minas Gerais. anos serão realizadas manutenções. Mineral, 7. p.74-80, 1989.

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Projeto contatado Produção de mudas de
pela Companhia Vale freijó (Cordia goeldiana).
do Rio Doce, não pu- Anais do IV Congresso
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ES., 77p., 1993. Belo Horizonte, MG,
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Recuperação de Áre- POMPÉIA, S. L. Pro-
as Degradadas com cedimentos Técnicos
Resgate da Biodi- para Recuperação de
versidade nas áreas Áreas Degradadas por
d a VA L E S U L n a Poluição. Anais do II
grande Cataguases - Simpósio Brasileiro de
MG. Projeto Contra- Recuperação de Áreas
t a d o p e l a Va l e s u l Degradadas e I Sim-
Alumínio S/A, não pósio Sul-americano.
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restal, V2 (parte única). São Paulo, AGUIRRE, M. V. O Cinturão Verde na área utilizada na atividade mineira,
p.350-362, 1992. Ponta de Tubarão. Anais do V Congres- tais como a própria mina, os depósitos
JESUS, R. M. Revegetação de encos- so Florestal Estadual, V1, Nova Prata - de estéril e de rejeitos, as áreas
tas urbanas: o caso de Vitória. Anais RS. p. 257-273, 1984. construídas, as vias de circulação e
do II Simpósio Brasileiro de Recupera- JESUS, R. M.; ROLIM, S. G. Plano demais áreas de servidão. ❏

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