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Este documento é copia do original assinado digitalmente por LUCAS MARQUES BUYTENDORP e PROTOCOLADORA TJMS 1.

Protocolado em 28/05/2019 às 19:31, sob o número 08087391620198120110,


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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA DO JUIZADO ESPECIAL


CÍVEL DA COMARCA DE CAMPO GRANDE/MS

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JACQUELLINE NAHAS, brasileira, solteira, advogada, portadora do RG
nº 001.629.629 SSP/MS, inscrita no CPF sob o nº 033.552.851-10, portadora do e-mail:
jacnahas@hotmail.com, residente e domiciliada na Rua Junquilhos, n. 531, Bairro Cidade
Jardim, CEP 79040-721, na cidade de Campo Grande – MS, por intermédio de seu procurador
abaixo constituído, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS

em face de MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA., empresa do grupo MercadoLivre,


devidamente inscrita no CNPJ/MF sob o nº 10.573.521/0001-91, sociedade brasileira
empresária limitada, com sede na Avenida das Nações Unidas nº 3003 - Bonfim, Osasco - SP,
CEP 06233-903, pelos motivos que passa a expor:

Evidence Prime Office – Sala 1002


Campo Grande – MS – Tel.: (067) 99615.1515/ 99224.7832/ 3305.1551
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I) DOS FATOS:

No dia 26/04/2019, a autora realizou uma compra através do


intermediador "Mercado Pago" (Operação 4713939195) no valor de R$ 4.715,10 (quatro mil
setecentos e quinze reais e dez centavos) em 3 (três) parcelas de R$ 1.571,70 (hum mil
quinhentos e setenta e um reais e setenta centavos) – valor já com juros tendo em vista o
parcelamento - para pagamento de locação de um imóvel por temporada na cidade de Pipa
(RN), do dia 27/12/2019 ao dia 03/01/2020, cujo aluguel foi realizado através de um

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"vendedor/corretor" de nome "Saldanha", para uma casa de nome “Cantinho do Beija-Flor”.

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Sendo assim, tendo em vista a segurança que a empresa requerida
passou à requerente, a mesma definiu e optou por realizar tal pagamento através desta
ferramenta, pois, de acordo com o site, haveria “tranquilidade na compra”, ou seja, este
intermediador seria responsável em proteger o montante pago até o efetivo recebimento do
produto e satisfação com a compra:

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pessoal chegasse ao local.

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O valor total da casa era de R$ 9.000,00 (nove mil reais), devendo ser

a forma de parcelamento em três vezes, perfazendo R$ 4.715,10) e o restante quando todo o


pago 50% (cinquenta por cento) no ato da locação (com acréscimo de juros, pois foi escolhida
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Inicialmente, foi celebrado contrato de locação entre a “proprietária”


da casa, de nome “Cláudia da Silva Ferreira” (que, segundo o Sr. Saldanha – intermediador da
locação – seria sua irmã) e a locatária Laura (amiga da requerente).
Ocorre, Excelência, que no dia 29/04/2019 a compra foi autorizada
pelo cartão de crédito American Express de final 1552 e, infelizmente, no dia 30/04/2019
(menos de vinte quatro horas após a compra) a requerente descobriu que a verdadeira
proprietária da casa seria a Sra. "Ornella", italiana que não reside no Brasil, mas possui essa
casa para locação durante o ano, e não a Sra. Cláudia como dito inicialmente. Sendo assim, a

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requerente passou a investigar o ocorrido e descobriu tratar-se de um GOLPE.

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Após algumas buscas, foi localizada a casa através do site Booking e,
a partir daí, localizou-se a rede social da mesma bem como seu número telefônico e, ao entrar
em contato, confirmou ser realmente a proprietária da casa, bem como não conhecia esse
corretor de nome Saldanha (prints anexos), muito menos a Sra. Cláudia, que se passava por
proprietária. Ainda, afirmou que já havia locado a propriedade no período desejado para outra
pessoa, de nome Graziele.

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Ainda, cumpre salientar que o imóvel oferecido não existe no


endereço descrito no contrato.
Após a descoberta de tratar-se de um "golpe", iniciaram-se as buscas
para descobrir a identidade do “corretor” Saldanha, e houve a constatação que o mesmo era
foragido do Estado de Mato Grosso e havia sido preso, e que, caso não houvesse tal revelação

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antes, todos que locaram a casa chegariam à cidade e não teriam local para hospedagem,
infelizmente.
A empresa requerida foi alertada acerca do ocorrido no dia
30/04/2019 às 23 horas (protocolo 30645878), que instruiu a requerente a entrar em contato
com o vendedor e tentar resolver o “mal entendido”. Sendo assim, logo após a ligação, a
mesma encaminhou e-mail a este, que nunca a respondeu via “Mercado Pago”, apenas através
do “whatsapp” alegando que não conseguia realizar o estorno do valor pago:

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Desta forma, como não houve a devolutiva do vendedor em três dias
úteis, a empresa requerida deu a seguinte resposta:

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Ocorre que TODO O PROCEDIMENTO foi realizado através da
empresa intermediadora da venda, ora requerida, nunca ocorrendo nada fora desta
plataforma (como alegado pelos mesmos), ou seja, a empresa aduziu não ter responsabilidade
alguma sobre o ocorrido, não dando qualquer respaldo à compradora/requerente.
Cumpre salientar que a o objetivo principal da viagem era uma festa
de nome “Let’s Pipa”, que ocorre no período mencionado inicialmente, e, no próprio grupo de
whatsapp, os organizadores da festa alertaram a todos para não caírem no mesmo golpe, que
já estava sendo dado há algum tempo.

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Ainda, a requerente entrou em contato com o cartão de crédito
(Protocolo 1251713), para tentar bloquear a compra, e, felizmente, foi o único meio que
conseguiu sucesso, tendo a notícia de estorno no dia 27/05/2019.
Insta salientar que foi realizado boletim de ocorrência do fato
(documento anexo) tendo em vista o golpe ocorrido. Ainda, tendo em vista algumas
“insinuações” que o “corretor” passou a fazer, todos desistiram da viagem na mesma semana,
tentando, desta forma, cancelar o que fora adquirido.
Ora, Excelência, a requerente tentou de todas as formas resolver o
ocorrido de forma extrajudicial, o que, entretanto, não foi possível pela intermediadora, tendo
que se socorrer ao cartão de crédito, única forma que teve algum respaldo em todo este
imbróglio.
Diante de tamanha humilhação, prejuízo e desgaste com relação ao
exposto, todos os danos cometidos à autora devem ser reparados, eis que a péssima prestação

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de serviços, o descaso e a falta de informações ultrapassaram a seara do mero aborrecimento,


não lhe restando nenhuma alternativa senão a busca à Justiça!

II) DO DIREITO:

II.a) DO ATO ILÍCITO E DA RELAÇÃO DE CONSUMO –


RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA:

Primeiramente cabe salientar que fatos análogos ao ocorrido com a

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autora estão se tornando corriqueiros, ou seja, já é de praxe realizar condutas que lesam

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diretamente o consumidor, fato este demonstrado na presente exordial.

Nos termos dos preceitos do Código Consumerista, a


responsabilidade da empresa Requerida como prestadora de serviços, ora intermediadora de
venda, é objetiva, respondendo, independentemente de culpa, pelos danos causados aos
consumidores por defeito ou falha na prestação dos serviços.

Os Tribunais de Justiça no país entendem que há responsabilidade


solidária daqueles que participam de toda a cadeia produtiva, assim, a responsabilidade pela
checagem das informações de suposto vendedor seria do site em questão, uma vez que o
consumidor se sustenta na confiança da marca, ou seja, na teoria da confiança.

O Código de Defesa do Consumidor, assim prevê:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o


importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes
de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores

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por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Art. 30. Toda informação ou publicidade, suficientemente precisa, veiculada


por qualquer forma ou meio de comunicação com relação a produtos e
serviços oferecidos ou apresentados, obriga o fornecedor que a fizer veicular
ou dela se utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.

Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar

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informações corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
sobre suas características, qualidades, quantidade, composição, preço,

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garantia, prazos de validade e origem, entre outros dados, bem como sobre
os riscos que apresentam à saúde e segurança dos consumidores.

Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil
e imediatamente, a identifique como tal.

Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva.

Os Tribunais têm fixado o seguinte entendimento:

Prestação de serviços. Ação de indenização por danos material e moral. Site


de intermediação de negócios por meio eletrônico. Consumidor vítima de
estelionato. Aquisição de celular junto à ofertante que promovia a venda
ostentando falsa qualificação. Falso cadastro hospedado no domínio da
empresa apelante. Aplicação do Código de Defesa do Consumidor (artigo
14). Responsabilidade objetiva do prestador de serviço. Relação jurídica de
intermediação que não exonera o intermediador de responder pelos defeitos
verificados na segurança das informações disponibilizadas que levaram ao
usuário ao prejuízo experimentado. Dano material comprovado. Restituição
do valor pago na falsa aquisição. Dano moral comprovado e fixado com
moderação, observados os fatos, as condições das partes envolvidas e a
repercussão do dano. Desnecessidade de qualquer redução. Correção
monetária não se aplica do evento, mas da decisão que o arbitrou. Apelo

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provido em parte” (Apelação Cível nº 1.224.674-0/5, 32ª Câmara do TJ/SP,


Rel. Des. Ruy Coppola j. 21.05.2009).

RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E


MORAIS. COMPRA E VENDA PELA INTERNET. PRODUTO NÃO ENTREGUE.
FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. APLICAÇÃO DO CDC. DANO MORAL
CONFIGURADO. DESCASO E DESRESPEITO COM O CONSUMIDOR.
INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO 8.3 DA TRU/PR. ILEGITIMIDADE PASSIVA
AFASTADA. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SITE DE ANÚNCIOS.

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RECLAMADA QUE AUFERE LUCROS PELA MEDIAÇÃO. APLICAÇÃO DA TEORIA
DO RISCO DA ATIVIDADE (ART. 927 DO CC). MINORAÇÃO DO QUANTUM

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INDENIZATÓRIO. IMPROCEDÊNCIA. VALOR FIXADO DENTRO DOS
PARÂMETROS DA PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE. SENTENÇA
MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. NEGADO SEGUIMENTO.
(TJPR – 1ª Turma Recursal – 0000467-79.2011.8.16.0031/0 – Guarapuava –
Rel.: LEO HENRIQUE FURTADO ARAÚJO, J. 30/01/2012).

Sendo assim, resta evidente que a compra frustrada pela internet é


passível de indenização, tanto no cunho material quanto no moral, este na modalidade in re
ipsa, pois não se prova o dano, mas sim o fato que o gerou, e neste caso, é a compra, o
pagamento e a falha na prestação do serviço.

Conforme já demonstrado acima, é mais do que suficiente para


comprovar os problemas enfrentados na prestação de seus serviços e que evidentemente
implicam em privação do bem-estar e menosprezo à consumidora, vez que a mesma realizou a
transação através do canal “Mercado Pago” tendo em vista a segurança e tranquilidade que o
próprio site anuncia, o que, entretanto, não ocorreu.

Fica nítida a relação de consumo no caso em tela, haja vista a autora


ser a destinatária final, embasando-se, portanto, nos moldes do disposto nos artigos 2º e 3º, §
2º, do CDC, fato pelo qual deve ser utilizado o Código de Defesa do Consumidor:

Art. 2º Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

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Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.

§ 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo,


mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter

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trabalhista.

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Contudo, a empresa requerida violou os Princípios que regem as
relações de consumo, constantes do art. 4º, I, III e IV do CDC, quais sejam a Boa-fé, a Equidade,
o Equilíbrio Contratual e o da Informação.

Art. 6º São direitos básicos do consumidor:

III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços,


com especificação correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que
apresentem;

IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos


comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas
abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;

O vendedor procedeu de forma criminosa, efetuando um golpe,


sendo o canal de “compra e venda” o site da empresa requerida, devendo assim ser esta
responsabilizada pelos seus atos.

O Código Civil pátrio normatiza a reparabilidade de quaisquer danos,


sejam morais, sejam materiais, causados por ato ilícito, ex vi o art. 186, que trata da reparação
do dano causado por ação, omissão, imprudência ou negligência do agente:

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“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito."

Cotejando o supracitado dispositivo normativo com o caso em tela, é


notório que a empresa Requerida Mercado Pago cometeu ato ilícito – qual seja, negligência,
vez que não tomou as cautelas devidas e necessárias antes de realizar o cadastro de tal
vendedor/corretor, que procedeu com um golpe, de forma onerosa à requerente – fato que

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culminou em dano material e em uma imensurável lesão à honra objetiva e, por que não, à
honra subjetiva da demandante.

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III) DA INDENIZAÇÃO:

III.a) DOS DANOS MORAIS:

Ora, Excelência, resta configurada, pois, a conduta ilícita da empresa


requerida, ao proceder com negligência por não realizar com cautela o cadastro do “corretor”
bem como intermediar tal “venda” sem ao menos certificar a idoneidade de seus
“vendedores”, devendo responder pelas consequências daí decorrentes de forma objetiva, nos
termos do artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, porquanto o procedimento adotado
contrariou a boa-fé e o dever de bem prestar seus serviços.

No presente caso, latente a responsabilidade solidária daqueles que


participam de toda a cadeia produtiva. Assim, a responsabilidade pela checagem das
informações de suposto vendedor seria do site em questão, uma vez que o consumidor se
sustenta na confiança da marca, ou seja, na teoria da confiança.

Não há como concluir que houve mero dissabor no caso em debate.


A demandante, conforme ratifica por todos os documentos anexos, teve valores de si
extraídos de forma ilegal, pois realizou uma compra através da intermediadora e houve falha
na prestação do serviço.

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Os transtornos sofridos, e ainda o prejuízo econômico, ultrapassam


os limites daqueles que podem e devem ser absorvidos no dia a dia, resta plenamente
configurado o dano moral sofrido.

O artigo 927, Código Civil Brasileiro dispõe que:

“Aquele que por ato ilícito (art. 186 a187), causar dano a outrem fica
obrigado a repará-lo.

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Paragrafo Único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente
de culpa, nos casos especificados em Lei, ou quando a atividade

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normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para o direito de outrem.”

A reparação obriga o ofensor a pagar e permite ao ofendido receber


tendo como escopo o princípio da justiça, dentro do princípio universal que se adota que
ninguém deve lesar o outrem, conforme preleciona Limongi França:

“Todo e qualquer dano causado a alguém ou ao seu patrimônio, deve ser


indenizado, de tal obrigação não se excluindo o mais importante deles, que é
o dano moral que deve automaticamente ser levado em conta.” (V.R.
Limongi França, Jurisprudências da Responsabilidade Civil, Ed. RT. 1988).

Mais evidente que a violação dos direitos da Autora, cuja


reparabilidade dos danos faz-se necessária. Entretanto, a fixação da pena, nos danos morais,
como se sabe, não possui uma fórmula matemática para que possam ser calculados pelo
Douto Magistrado, ficando sua liquidação a critério do mesmo.

Por conseguinte, a indenização deve ser preocupante para o ofensor


de tal forma que o faça modificar seu posicionamento em situações como esta. Inúmeros são
os casos semelhantes ao ora noticiado pela parte autora e a cada dia eles aumentam
expressivamente. Se as indenizações fossem fixadas em montantes expressivos provavelmente
atitudes como a trazida à apreciação de Vossa Excelência não seriam cometidas com tanta

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frequência, respeitando assim o Princípio da Função Social, a qual o magistrado deve, através
de suas tutelas jurisdicionais, afastar as frequentes insatisfações sociais.

A concessão da reparabilidade deve ser expressiva para que os


demais observem a punibilidade e abandonem práticas abusivas e sem responsabilidade que
ocorrem corriqueiramente.

Logo, ao Douto Magistrado compete avaliar o dano moral e fixar o


quantum de sua reparabilidade, levando-se em consideração todas as consequências

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detonadas pelo ato irresponsável da parte Ré, em especial, sua indolência, e total negligência

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com a Autora, causando vários transtornos, contabilizando todos os danos intrínsecos e
extrínsecos.

IV) DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA:

Ainda embasando-se no Código Consumerista, temos em seu artigo


6º, inciso VI e VIII:

Artigo 6 º. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VI – a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais,


individuais, coletivos e difusos;

VIII – a facilitação da defesa em seus direitos, inclusive com a inversão do


ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando a critério do juiz, for
verosímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiências (...).

Com efeito, uma vez presentes a verossimilhança nas alegações


autorais e a nítida hipossuficiência técnica em relação à instituição ré, o ônus da prova deve
ser invertido.

V) DOS PEDIDOS:

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Ante todo o exposto, requer Vossa Excelência:


a) Seja citada a Requerida na pessoa de seu representante
legal via postal, para que, querendo, conteste a presente ação, sob pena de serem aceitos
como verdadeiros os fatos arguidos na peça inicial apresentada;
b) A procedência da presente ação para condenar a
empresa requerida ao pagamento de uma indenização, de cunho compensatório e punitivo,
pelos danos morais causados à autora, tudo conforme fundamentado, em valor pecuniário
justo e condizente com o caso apresentado em tela, a ser arbitrado por Vossa Excelência, em

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importe não inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais);

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c) Seja julgado totalmente procedente o pedido formulado
pela Requerente, condenando a requerida ao pagamento das custas e honorários advocatícios,
a ser arbitrado por este Juízo.

VI) DAS PROVAS:

Protesta-se pela produção de todas as provas em direito admitidas.

Requer-se, ainda, a inversão do ônus da prova em favor da


consumidora, nos termos do artigo 6º, inciso VIII, da Lei n. 8.078/90 (Código de Defesa do
Consumidor), uma vez que a autora é parte hipossuficiente na demanda.

Por derradeiro, requer que todas as futuras intimações e publicações


sejam dirigidas ao advogado DR. LUCAS MARQUES BUYTENDORP, OAB/MS 17.068, sob pena
de nulidade.

Dá-se à presente causa, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), para


todos os efeitos de direito e alçada.

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Evidence Prime Office – Sala 1002

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Termos em que,

OAB/MS 17.068
Pede Deferimento.

(assinado digitalmente)
Lucas Marques Buytendorp
________________________

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Campo Grande - MS, 28 de maio de 2019.
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505-4602/792987/145223
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO 11º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO DA
COMARCA DE CAMPO GRANDE (MS)

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Processo nº 0808739-16.2019.8.12.0110

MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA., empresa do grupo


MercadoLivre, devidamente inscrita no CNPJ/MF sob o nº 10.573.521/0001-91, com sede na
Avenida das Nações Unidas nº 3003 - Bonfim, Osasco, SP, CEP 06233-903, nos autos da ação que,
perante esse MM. Juízo, lhe move JACQUELINE NAHAS vem, por seu advogado, apresentar a
sua CONTESTAÇÃO, nos termos expostos a seguir:

EMPRESA AMIGA DA JUSTIÇA E COMPROMISSO COM AS AUTORIDADES


BRASILEIRAS

O MERCADO LIVRE é a empresa de tecnologia de e-commerce líder na América Latina,


com mais de 182 (cento e oitenta e dois) milhões de anúncios ativos na América Latina, possuindo
hoje mais de 267 (duzentos e sessenta e sete) milhões de usuários cadastrados na América Latina,
com 12 (doze) produtos comprados por segundo em todos os 18 (dezoito) países nos quais atua;
Contém 2.000 (duas mil) lojas oficiais, sendo que 600 (seiscentas) delas estão no Brasil; segundo
dados da pesquisa Ecolatina – empresa de pesquisa e informação de mercado – há mais de 581
(quinhentas e oitenta e uma) mil pessoas vivendo total ou parcialmente, de renda proveniente de
suas vendas no MERCADO LIVRE, a realçar sua importância social.

Com efeito, o MERCADO LIVRE e o MERCADO PAGO, atentos às pessoas que direta ou
indiretamente confiam e dependem dos serviços por ele prestados, vem assumindo uma série de
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compromissos com a sociedade civil, o que inclusive o levou a receber, a certificação “empresa
amiga da Justiça” do Egrégio TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO.

SÍNTESE DA INICIAL

Alega a parte autora que verificou um anúncio no facebook para locação de um imóvel na
praia de pipa, pelo valor de R$ 9.000.00 (nove mil reais), onde que para realizar a locação do
imóvel teria que pagar metade do valor.

Assim a parte autora efetuou o pagamento de 4.715,10 (quatro mil setecentos e quinze
reais e dez centavos) em 3 (três) parcelas de R$ 1.571,70 (hum mil quinhentos e setenta e um reais
e setenta centavos), utilizando o gerenciador de pagamentos do Mercado Pago.

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Recebeu o contrato de locação, estava tudo correto. Porem passados alguns dias começou
a desconfiar e verificou que aquela casa não pertencia a pessoa que estava com nome no contrato,
e muito mesmo o endereço correto.

Assim, verificou que se tratava de um golpe, entrou em contato com a requerida, no


entanto não obteve sucesso, razão pela qual ajuizou a presente ação requerendo danos morais.

No entanto, em que pese o inconformismo da parte autora, não há como a presente ação
prosperar consoante restará demonstrado.

Isso porque, conforme será esclarecido, a compra foi realizada fora do site do Mercado
Livre, sendo que apenas o pagamento foi através do Mercado Pago, não havendo possibilidade
do Mercado Pago ser responsabilizado pelo suposto prejuízo que o corretor causou a parte
autora, conforme se denota de toda o relato na inicial.

PRELIMINARMENTE

DA INÉPCIA DA INICIAL – AUSÊNCIA DE DOCUMENTO ESSENCIAL

Não paira dúvida quanto à precariedade da petição inicial no que diz respeito às provas
documentais produzidas pela parte autora. Não bastasse isso, há de ser analisada a Carência da
Ação, eis que no presente processo, está configurado a previsão do artigo 485, inciso IV do Código
de Processo Civil, pois é evidente que estão ausentes os pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo.

É sabido que a possibilidade jurídica do pedido deve guardar estreito relacionamento com
a causa de pedir, sob pena do pedido ser considerado impossível.

No caso em tela, a parte autora pretende receber danos materiais e danos morais alegando
supostamente ter adquirido um produto, sem, contudo, apresentar qualquer documento que
comprove a participação da empresa requerida na fatídica transação.
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Alega a parte autora que pagou uma locação de um imóvel utilizando o Mercado Pago,
no entanto não junta aos autos nenhuma fatura, e nem o cartão utilizado, para confirmar o
suposto prejuízo.

A apresentação genérica dos fatos sem comprovar minimamente suas alegações, além de
prejudicar o correto e completo exercício do direito de defesa, ofende os artigos 319, III e 330, III,
ambos do CPC.

Assim, de rigor seja a presente ação extinta sem apreciação do mérito em razão da patente
configuração do quanto previsto no artigo 485, inciso IV do CPC.

DA ILEGITIMIDADE PASSIVA - DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO RÉU

liberado nos autos digitais por Usuário padrão para acesso SAJ/AT, em 28/06/2019 às 18:05. Para acessar os autos processuais, acesse o site
QUANTO À RELAÇÃO DE CONSUMO HAVIDA ENTRE A PARTE AUTORA E O

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USUÁRIO VENDEDOR

Conforme se nota ao analisar os fatos e os documentos acostados aos autos, a Contestante


é parte ilegítima para figurar no polo passivo desta demanda, na medida em que realizou uma
locação diretamente com o suposto corretor por um anúncio do facebook, sendo o corretor e único
responsável pela devolução do pagamento.

Ora, a parte autora negociou a compra através de conversas particulares com o corretor
por meio de “Aplicativo de Mensagens” funcionalidade está que não possui qualquer vínculo
com o Mercado Pago.

Para que não haja dúvidas, cabe uma breve explicação. Dentre as principais atividades do
MERCADO PAGO, está a plataforma de pagamentos online, com o intuito de realizar transações
de pagamento, sendo utilizado tanto no site MERCADO LIVRE, como em outros sites de
comércio eletrônico.

Ora, se a própria parte autora requer o ressarcimento do que efetivamente foi pago, tem-
se que a indenização pelos danos supostamente sofridos deveria ter sido ajuizada em face, tão
somente, do corretor e da suposta proprietária do imóvel, únicas pessoas que podem
efetivamente devolver a quantia por ela recebida!

Desta forma, é notório que a Ré é parte ilegítima para figurar no polo passivo desta
demanda, na medida em que o contrato de locação e toda a negociação ocorreu diretamente entre
a parte autora e o corretor.

Por tudo isso, inclusive, é que nosso Poder Judiciário tem decidido pela ilegitimidade dos
provedores em demandas como essa e tem constantemente proferido decisões nesse sentido:

“AUTOR: ANA PAULA RODRIGUES DE PAIVO RÉU 1: NOSSA WEB LOJO


RÉU 2: MERCADOPAGO.COM. REPRESENTAÇÕES LTDA PROJETO DE
SENTENÇA Dispensado o relatório, na forma do art. 38, L. 9099/95. Trata-se de ação
indenizatória proposta pela parte autora requerendo indenização por danos morais e
materiais em face da parte ré. Em ACIJ a parte autora desistiu da ação em face da 1ª ré,
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o que acarreta a extinção do feito sem resolução do mérito em relação a ela. Outrossim,
o mérito da demanda não será analisado em relação à 2ª ré. Diante dos fatos narrados
pela inicial, é flagrante à ilegitimidade da parte ré, uma vez que em momento
algum a parte autora reporta qualquer conduta danosa praticada pela 2ª ré, o
tempo todo somente manifestando inconformismo perante o inadimplemento da
1ª ré. assim, é forçoso concluir pela ausência de causa de pedir em relação à 2ª ré. Ante
o exposto, JULGO EXTINTO O FEITO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, na forma
do art. 267,VIII,CPC em relação à 1ª ré e na forma do art. 267,VI,CPC em relação à 2ª
ré.” (TJ/RJ, processo nº 0380883-33.2012.8.19.0001, decisão proferida em 24 de
janeiro de 2013).

E sobre o tema, quanto à Ilegitimidade Passiva, por ausência de intervenção na


transação comercial, assim se manifesta o Egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina, “in

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verbis” - grifamos:

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RESPONSABILIDADE CIVIL - COMÉRCIO PELA INTERNET POR MEIO DA
INTERMEDIAÇÃO DO SITE "MERCADO PAGO" - MERCADORIA NÃO
ENTREGUE PELO SITE VENDEDOR - ALEGADA ILEGITIMIDADE PASSIVA
DA INTERMEDIADORA - ACOLHIMENTO - NEGOCIAÇÃO REALIZADA
DIRETAMENTE COM A EMPRESA VENDEDORA DOS PRODUTOS -
RECURSO PROVIDO (TJSC, Recurso Inominado n. 0703549-45.2012.8.24.0023, da
Capital, rel. Des. Alexandre Morais da Rosa, j. 10-04-2014).

Além disso, observamos que a 4º turma Recursal do TJ/RJ fechou entendimento


de que o Mercado Livre é parte ilegítima em vários processos com o mesmo objeto (Resp.
1.639.028) e passou a julgar improcedentes os pedidos.

“[...] O Colendo Superior Tribunal de Justiça, tem entendimento consolidado no sentido


de que: “Consoante pacífico entendimento desta Corte, a responsabilidade pelo dano
decorrente de fraude não pode ser imputada ao veículo de comunicação, visto que esse
não participou da elaboração do anúncio, tampouco do contrato de compra e venda do
veículo“(AgRg nos EDcl no Ag nº 1.360.058/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI,
Terceira Turma, DJe 27/04/2011). Em outras palavras, sem participação no anúncio ou
recebimento do valor do negócio transacionado, a sociedade empresária que administra
o site não tem responsabilidade por defeitos ou não entrega de produtos ofertados e
comprados por consumidores.
[...]
Por fim, recentemente, o Colendo Superior Tribunal de Justiça decidiu, em caso
envolvendo a apelante, que “As rés não é responsável pela idoneidade das pessoas que
ofertam bens em seu sítio e muito menos pelos pagamentos não realizados. Se assim o
fosse, outros classificados de jornais também teriam que suportar prejuízos daqueles que
realizassem negócios envolvendo bens ali ofertados. Dessa forma, as rés Ebazar não é
parte legítima para ser demandada, leva extinção feito em relação àquela requerida (e-
STJ, fls. 351/352). Nessas condições, DOU PROVIMENTO ao recurso especial para,
reconhecendo a ilegitimidade passiva ad causam do EBAZAR, restabelecer a sentença
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de mérito” (REsp 1639028, Rel. Ministro Moura Ribeiro, em 11.04.201'7, publicação
de 19/04/2017)”.

Sendo assim, é inafastável a conclusão de que o réu é parte manifestamente ilegítima para
figurar no polo passivo da presente ação, uma vez que não possui qualquer relação com os
eventos que causaram o suposto dano alegado pela parte autora, devendo ser excluídos do feito,
com a extinção desta demanda sem resolução de mérito, nos termos do artigo 485, inciso VI do
Código de Processo Civil.

DEFESA DE MÉRITO

SISTEMA MERCADO PAGO – PLATAFORMA DE PAGAMENTOS ELETRÔNICOS

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O MERCADO PAGO, pessoa jurídica de direito privado, é uma Instituição de Pagamento
Emissora de Moeda Eletrônica, devidamente autorizada pelo Banco Central do Brasil, que oferece
diversas funcionalidades a seus usuários.

Dentre uma de suas principais atividades, o MERCADO PAGO atua como plataforma de
pagamentos online, com o intuito de realizar transações de pagamento, sendo utilizado tanto no
site MERCADO LIVRE, como em outros sites de comércio eletrônico.

Conforme se demonstra na tela abaixo, ao acessar o site do MERCADO PAGO1, o usuário


tem acesso aos mais diversos produtos e serviços disponibilizados, sendo que, ao se cadastrar na
plataforma do MERCADO PAGO e/ou contratar algum de seus produtos ou serviços, os
usuários declaram estar vinculados a seus “Termos e Condições de Uso”2. Desta forma, a
aceitação dos “Termos e Condições de Uso” é absolutamente indispensável à utilização dos
serviços prestados pelo MERCADO PAGO.

Frise-se que os serviços prestados pelo MERCADO PAGO visam facilitar a execução da
atividade de vendedores, prestadores de serviço autônomos, pessoas físicas e jurídicas de

1 https://www.mercadopago.com.br
2 https://www.mercadopago.com.br/ajuda/termos-e-politicas_194
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pequeno porte, no sentido de permitir que estes efetuem transações de pagamento através da
internet. Isto significa dizer que sua atividade se destina, mas não se limita, ao gerenciamento de
contas de pagamento e realização de transações de pagamentos online, não possuindo qualquer
responsabilidade sobre a comercialização de produtos, por não fazer parte da cadeia de consumo.

PROGRAMA COMPRA GARANTIDA

Impende salientar o Mercado Pago se preocupa com seus usuários e cumpre


integralmente com os termos de seu Programa Compra Garantida, sendo certo que, se a parte
autora tivesse adquirido o produto na plataforma Mercado Livre, estaria assegurada pelo referido
programa.

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O programa de Compra Garantida foi criado com o objetivo de proporcionar cobertura a

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todos os usuários compradores que tenham comprado um produto na plataforma do MERCADO
LIVRE e efetuado o pagamento pelo MERCADO PAGO e que cumpram com a totalidade dos
requisitos do programa.

Importante elencar as situações que não estão cobertas pelo Programa Compra
Garantida:
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No entanto, como a compra não foi efetuada através do site do Mercado Livre, mas sim
através de um anuncio junto a site do facebook e a negociação da locação ocorreu entre a parte
autora e o suposto corretor, a negociação não tem a cobertura do programa compra garantida,
devendo a parte autora direcionar a presente demanda somente em face do suposto corretor e da
suposta dona do imóvel, posto que foi ele quem auferiu os valores da negociação.

Destarte, não se pode perder de vista que a parte autora estava ciente das condições do
programa, tendo em vista que as regras são expostas nos Termos e Condições3 aceitos por todo
usuário ao realizar o cadastro na plataforma, razão pela qual, não pode pretender responsabilizar
a empresa requerida pelos fatos noticiados.

AUSÊNCIA DE FALHA NOS SERVIÇOS PRESTADOS PELO MERCADO PAGO

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Através do MERCADOPAGO, o usuário comprador pode pagar a compra realizadas fora
da plataforma do Mercado Livre, em sites de anúncios e por conversas particulares, com cartão
de crédito, boleto bancário, dentre outras facilidades, a sua escolha.

A contestante exerce suas atividades por meio de exercício de mandado outorgado pelo
usuário ao celebrar o Contrato de Gerenciamento de Pagamentos. O MERCADOPAGO exerce a
condição de mandatário a dar cumprimento às Solicitações de Gerenciamento de Pagamento nos
exatos termos definidos pelo usuário, agindo por sua conta e ordem.

Atua no mesmo segmento das plataformas de pagamento online PayPal e Pagseguro:

3 Disponível em: https://www.mercadopago.com.br/ajuda/compra-garantida_521


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Ora, negociação de locação sequer foi realizada na plataforma do Mercado Livre! Deve-
se destacar que quando a compra é realizada dentro da plataforma, o valor fica retido até que
a entrega seja realizada ou, passado o prazo, não tenha nenhuma reclamação.

No caso em apreço, essa negociação não e coberta pelo compra garantida, uma vez que
a locação de imóvel foi realizada fora da plataforma, assim o pagamento através do Mercado
Pago, foi realizado como uma transferência, ou seja, o valor é encaminhado diretamente ao
vendedor, sem qualquer intermediação da empresa. Logo a prestação do serviço foi realizada
de forma plena, não havendo qualquer dano a ser indenizado

E como todas as empresas, está também possui Termos e Condições de Uso, que devem
ser atentadas pelos usuários e que são de conhecimento destes quando se cadastram na
plataforma.

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Cumpre esclarecer, ainda, que este serviço visa facilitar a execução da atividade de
vendedores, prestadores de serviço autônomos, pessoas físicas e jurídicas de pequeno porte, para
efetuarem as vendas através da internet, com cartão de crédito, por exemplo, não tendo qualquer
responsabilidade sobre a transação da comercialização de qualquer produto, por não fazer parte
da cadeia de consumo.

Nesse sentido foi o entendimento da Quinta Turma Recursal do TJRJ:

*** CAPITAL CONSELHO RECURSAL DOS JECS E JECRIMS *** SÚMULA DE


JULGAMENTO - QUINTA TURMA RECURSAL Av. Erasmo Braga, 115 - sala 216,
Lamina I, D Castelo - Rio de Janeiro 085. RECURSO INOMINADO 0003077-
75.2018.8.19.0068 Assunto: Indenização Por Dano Moral - Outras / Indenização por
Dano Moral / Responsabilidade do Fornecedor / DIREITO DO CONSUMIDOR
Origem: RIO DAS OSTRAS J ESP ADJ CIV Ação: 0003077-75.2018.8.19.0068 -
RECTE: mercadopago.com representações ltda ADVOGADO: EDUARDO CHALFIN
OAB/RJ-053588 RECORRIDO: ELIDA DE FATIMA FERREIRA ADVOGADO:
NAIRA REGINA MOLINA DA SILVA OAB/RJ-090521 Relator: JULIANA
CARDOSO MONTEIRO DE BARROS TEXTO: Acordam os juízes que integram a
Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis, por unanimidade, em conhecer do
recurso e dar-lhe provimento para julgar improcedente o pedida parte autoraal, pois o
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Recorrrente ¿ Mercado Pago atuou como mero meio de pagamento, não tendo
qualquer responsabilidade quanto à entrega do produto. Note-se que a compra
foi realizada diretamente no site do segundo réu, em face de quem a parte
autora desistiu do feito e que a oferta de Compra Garantida se restringe às
negociações feitas na plataforma Mercado Livre. Todas as questões aduzidas no
recurso debatidas oralmente pelos integrantes do colegiado, com a percuciência
necessária, não sendo transcritas as conclusões em homenagem aos princípios
informativos previstos no art. 2º da Lei 9.099/95, frisando-se, outrossim, que a
motivação concisa atende à exigência do art. 93 da Carta Política (STF, Ag.Rg no AI
310.272- RJ). Sem ônus sucumbenciais por se tratar de recurso com êxito, conforme
artigo 55 caput da Lei 9099/95. (grifo nosso)

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Dessa forma, a obrigação de indenizar a parte autora recai somente sobre o suposto

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corretor e a suposta dona do imóvel e não sobre o sistema de pagamentos.

Dessa forma, o suposto dano sofrido pela parte autora não decorreu de falha na prestação
do serviço desta empresa Ré e sim de sua conduta e da má fé do suposto corretor e a suposta
dona do imóvel

Ademais, ainda que se entendesse diversamente, conforme explicitado, o ora contestante


prestou regularmente seu serviço. Portanto, eventuais danos não lhe poderiam ser imputados,
ante o disposto no art. 14, § 3º, da Lei 8078/90. Nesse sentido:

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Compra e venda realizada por parceiros aproximados


por meio de site destinado ao tal fim. Logro em que incorreu o comprador, por não
corresponder a mercadoria entregue à que pretendia adquirir. Não verificação de tal
qualidade no momento de sua retirada junto à agência postal. Culpa imputável a si
unicamente. Não demonstração de fatos sugestivos de que a gerenciadora do site
garantisse a eficácia do negócio. Procedência da ação de condenação aos
prejuízos. Apelação provida, para inversão do resultado do julgamento.
(...) Em princípio e, portanto, baseado apenas em opinião, é dado concluir apenas que a
apelante disponibiliza seu site especializado para que os interessados tenham
um lugar comum, por intermédio do qual discutam negócios e chegue ao
consenso.
Seria impossível a subsistência de um serviço de tal natureza, se a gerenciadora
do site tivesse de se responsabilizar pela idoneidade dos negociantes ou mesmo
por cada mau negócio que fosse feito.
(...) Em nome dos direitos individuais, sociais e mesmo dos de consumidor, criou-se
uma cultura em demasia paternalista, com o cultivo de uma nefasta tendência
a infantilizar os membros da sociedade, os quais, fiados sempre na proteção de
entidades que vão do sagrado ao profano, assumem condutas não raro as mais
irresponsáveis, certamente na expectativa de que, em caso de erro, terão o beneplácito
de um salvador. Apelação nº 992.08.047127-6, 25ª Câmara de Direito Privado, TJ/SP,
Des. Rel. Sebastião Flávio.
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Com efeito, a empresa Ré não comete qualquer ilícito quando age de boa-fé e presta seus
serviços adequadamente.

Dessa forma, é evidente que este Contestante não poderá arcar com os supostos prejuízos
alegados pela parte autora, pois conforme se verifica foram gerados exclusivamente pelo suposto
corretor e a suposta dona do imóvel e cabendo a este devolver os valores.

INEXISTÊNCIA DE DANO MORAL

O pedido de indenização por hipotético dano moral merece poucos comentários da parte
requerida, haja vista, a desproporção total deste pedido, isto é, no mínimo uma afronta ao

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judiciário e uma forma de enriquecer ilicitamente.

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Sustenta a parte autora, ainda, que teria suportado danos morais por força da conduta
imputada, equivocadamente, à parte requerida. O reconhecimento da falta do nexo de
causalidade — elemento fundamental à caracterização da responsabilidade civil —, já seria mais
do que suficiente para afastar o pleito autoral.

Mas não é só: inexiste prova de que o ato tenha causado tamanho abalo à parte autora. De
fato, o alegado recebimento de mercadoria defeituosa ou diversa da pretendida é caso clássico de
mero aborrecimento, situação do cotidiano, cabendo citar que o mero inadimplemento contratual
— que não ocorreu por parte da contestante — não gera dano moral.

Registre-se, a título de argumentação, que nada nos autos autoriza reconhecer que a parte
autora tenha sofrido qualquer constrangimento, dor, vexame ou tenha tido problemas
psicológicos em consequência da alegada situação, a justificarem o pleiteado dano moral, jamais
podendo prosperar a pretensão indenizatória.

Utilizando as palavras de SERGIO CAVALIERI FILHO, verifica-se que o dano moral,


albergado no inciso III do artigo 1º da Constituição da República, tem fundamento na proteção
da dignidade humana:

Temos hoje o que pode ser chamado de direito subjetivo constitucional à dignidade. Ao
assim fazer. A Constituição deu ao dano moral uma nova feição e maior dimensão porque
a dignidade humana nada mais é do que a base de todos os valores morais, a essência de
todos os direitos personalíssimos. (...) Pois bem, dano moral, à luz da Constituição
vigente, nada mais é do que violação do direito à dignidade4

Também tratando da matéria referente ao descabimento de danos morais:

CIVIL. DANO MORAL. O inadimplemento contratual implica a obrigação de


indenizar os danos patrimoniais; não, danos morais, cujo reconhecimento implica mais

4 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Visão Constitucional do Dano Moral, Internet


(www.estacio.br/direito/artigos/dir_artvcdm.htm)
fls. 40

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do que os dissabores de um negócio frustrado. Recurso especial não conhecido. (STJ,
3.ª Turma, REsp 201414/PA, Rel. Min. Waldemar Zveiter, j. 05.02.01)
Nesse sentido, há posicionamento adotado pelos Tribunais de Justiça da inexistência de
dano moral, tem-se que o mero aborrecimento não é capaz de gerar indenização por danos
morais, conforme amplamente decidido:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Compra de colchão pela


“Internet”. Entrega de produto diverso do adquirido, com reiteração desse equívoco após
a reclamação. Fornecedora que torna frustrada a terceira tentativa de entrega a pretexto
de indisponibilidade da mercadoria. Vendedora que permitiu aa parte autora escolha de
colchão mais caro que aquele anteriormente comprado. Entrega efetuada no prazo
previamente estipulado (...) Dano moral indenizável não configurado. Ausência de

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violação a direito de personalidade e de elementos de convicção aptos a justificar a

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pretendida indenização. Dissabor que não passou da esfera do mero
aborrecimento, transtorno ou percalço do cotidiano, nem causou abalo
psicológico apto a ensejar o dever de indenizar. Vendedora que acabou por entregar
produto mais caro, escolhido pelo própria parte autora, sem cobrar qualquer diferença.
Conduta que evidencia a diligência e o cuidado da Fornecedora no trato com o
consumidor. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO. (Apelação nº
1014231.45.2016.8.26.0037, 27ª Câmara do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo; Rel. Des. Daise Fajardo Nogueira Jacot; Julgamento: 18/07/2017)

Nessa linha, provada e comprovada a inexistência de ato imputável à contestante que


pudesse causar abalo relevante à parte autora, deve ser afastada a condenação da suplicante no
pagamento de indenização por danos morais.

Contudo, se por acaso se entender pela ocorrência do dano moral, o que se admite apenas
por argumentação, vale ressaltar que a reparação deve ser cabível na medida exata extensão do
dano sofrido.

Pela narrativa da inicial, não se pode concluir que tenha a parte autora padecido de dor
psíquica a justificar a indenização pleiteada, pois não relata especificamente nenhum
acontecimento vexatório, não podendo admitir que seja o instituto reparatório do dano moral
aproximado da famigerada hipótese de enriquecimento sem causa.

Assim, impondo-se a fixação da eventual e improvável condenação (o que se admite


apenas por hipótese) em valor condizente com a razoabilidade e com a relevância dos fatos
especificamente relatados neste caso, evitando-se o enriquecimento ilícito da parte autora vedado
pelo artigo 884 do Código Civil, vez que o valor pleiteado na inicial se encontra totalmente
dissociado da realidade.

PEDIDOS

Por todo o exposto, requer o acolhimento das preliminares suscitadas com a extinção do
processo e, caso assim não entenda, requer a IMPROCEDÊNCIA dos pedidos.
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Em caso de condenação, o que não se espera, a forma de correção monetária e de
incidência de juros deve ser feita pela Taxa Selic, jamais pela tabela editada pelo Tribunal de
Justiça, conforme jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça (Embargos de
Divergência em Recurso Especial nº 727.842 – SP e Recurso Especial nº 1.102.552-CE, 1ª Seção do
STJ).
Por fim, pede sejam anotados, na contracapa dos autos, o nome e o número de inscrição
dos advogados EDUARDO CHALFIN, inscrito na OAB/MS sob nº 20.309-A, a fim de que as
futuras publicações sejam feitas exclusivamente a ele, sob pena de nulidade.

Nestes termos, pede deferimento.

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São Paulo, 28 de junho de 2019.

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Eduardo Chalfin
OAB/MS sob nº 20.309-A
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Estado de Mato Grosso do Sul


Poder Judiciário

às 15:00. Para acessar os autos processuais, acesse o site https://esaj.tjms.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0808739-16.2019.8.12.0110 e o
Campo Grande
11ª Vara do Juizado Especial Central

TERMO DE ASSENTADA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

Processo n.° 0808739-16.2019.8.12.0110


Autor(a): Jacqueline Nahas, OAB/MS 17.039.
Ré(u): Mercadopago.com Representações LTDA.; Preposto: Sr. Fernando Sirugi de
Souza, CPF 030.942.101-20; Advogado: Dr. Jorcelino Pereira Nantes Júnior, OAB/MS
16.453.

Às 14:30h horas do dia 14 de agosto de 2019, na sala de audiência deste


Juizado, onde presente se achava o Juiz Leigo, Davi Olegário Portocarrero Naveira, foi
feito o pregão das partes acima nominadas e constatada a presença de ambas.
Aberta a audiência, foi renovada a proposta conciliatória, a qual, todavia,
restou frustrada.
Pela ré foi anexada a contestação e documentos de páginas 30/119. A
parte autora assim se manifestou: "MM. Juiz, a requerida alega compra através de um
anúncio no facebook, fato este que é inverídico. Alega também que não foi juntado
comprovante de pagamento ou cartão, fato este comprovado em fls. 02. Por fm, cumpre
salientar que o motivo de a requerente ter realizado o pagamento através da
plataforma/intermediadora foi a segurança e garantia por ele apresentadas. Nada
mais."
As partes não têm outras provas a produzir em audiência e deduzem suas
alegações finais de forma remissivas à petição inicial e contestação, respectivamente.
Não havendo outras medidas a serem tomadas neste ato, reputo encerrada
a instrução do feito e determino sua conclusão para sentença.
Nada mais. Eu, Davi Olegário Portocarrero Naveira, Juiz Leigo, o
digitei.

Deixa-se de colher a assinatura das partes em razão do contido no


artigo 9º, parágrafo único, do Provimento nº 148/2008 do Tribunal de Justiça deste
Estado.

Davi Olegário Portocarrero Naveira


Juiz Leigo
(Assinado digitalmente)
código 66C26F7.

Modelo 826037 - Endereço: Rua Sete de Setembro, 174, Centro - CEP 79002-121, Fone: 3317-8682, Campo Grande-
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Comarca de Campo Grande


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Autos: 0808739-16.2019.8.12.0110
Ação: Procedimento do Juizado Especial Cível - Indenização por Dano Moral

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Requerente:Jacqueline Nahas
Requerido: Mercadopago.com Representações LTDA.
Sentença.

Vistos, etc.

Jacquelline Nahas, já qualificada nos autos, propôs a presente Ação


Indenizatória, em desfavor de Mercadopago.com Representações LTDA,
igualmente já qualificada nos autos, alegando, em síntese, que no dia
26/04/2019, a autora realizou uma compra através do intermediador “Mercado
Pago” (operação 4713939195) no valor de R$4.715,10, parcelado em três
vezes, para locação de um imóvel por temporada na cidade de Pipa RN, do
dia 27/12/2019 ao dia 03/01/2020, cujo aluguel foi realizado através de um
corretor de nome “Saldanha”, para uma casa de nome “Cantinho do Beija-flor”;
aduz que o valor da casa era de R$9.000,00, devendo ser pago 50% no ato da
locação, e o restante quando todos chegassem ao local; aduz que no dia
29/04/2019 a compra foi autorizada no cartão da autora, contudo, no dia
30/04/2019 a requerente descobriu que se tratava de um golpe, sendo que o
referido corretor seria um foragido do Estado de Mato Grosso e que havia sido
preso; relata que alertou o ocorrido a requerida no dia 30/04/2019 (protocolo
30645878), oportunidade em que foi instruída a primeiro tentar resolver o
problema diretamente com o vendedor; que enviou e-mail via “Mercado Pago”
ao vendedor, que nunca lhe respondeu; que como não houve a devolução em
três dias úteis, a requerida lhe enviou uma mensagem informando que não
poderia realizar o estorno do valor, pois o pagamento ocorreu fora da
plataforma da requerida; relata que realizou a compra através da requerida,
nunca ocorrendo nada fora de sua plataforma; afirma que entrou em contato
com o cartão de crédito, para tentar bloquear a compra, e, felizmente obteve
sucesso, sendo lhe estornado o valor no dia 27/05/2019; ao final requereu
indenização pelos danos morais suportados. Juntou documentos.

A requerida apresentou Contestação (páginas 30/41), alegando, em


síntese, preliminar de inépcia da petição inicial e ilegitimidade passiva da
requerida; no mérito, aduz que atua como plataforma de pagamentos online,
com o intuito de realizar transações de pagamento, sendo utilizado tanto no

Modelo 990074781 -ML01457 -


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site Mercado Livre, como em outros sites de comércio eletrônicos; alega que

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apenas gerencia contas de pagamento e realização de transações online, não
possuindo qualquer responsabilidade sobre a comercialização de produtos, por
não fazer parte da cadeia de consumo; aduz que se a autora tivesse adquirido
o produto na plataforma Mercado Livre, estaria assegurada pelo Programa
Compra Garantida; que conforme consta nos termos e condições da requerida,
o produto negociado deverá ser um bem que não seja das categorias Serviços,
Carros, Motos e Outros e/ou Imóveis e não figure na lista de categorias
excluídas; alega que produtos não adquiridos através do Mercado Livre não
estão cobertos pelo Programa Compra Garantida; alega que como a compra
não foi efetuada através do site do Mercado Livre, mas sim através de um
anúncio junto ao site Facebook e a negociação ocorreu entre as parte autora e
o suposto corretor, a negociação não tem cobertura do programa “Compra
Garantida”, devendo a parte autora direcionar a presente demanda somente
em face do suposto corretor e da suposta dona do imóvel; que se a compra
fosse realizada através do Mercado Livre, ou seja, dentro da plataforma da
requerida, o valor pago ficaria retido até que a entrega fosse realizada; aduz
que não restou comprovado os danos morais; ao final requereu o acolhimento
das preliminares e, caso superada, a total improcedência da ação. Juntou
documentos.

É o relatório. Decido.

Há questão preliminar a ser apreciada, contudo, verificando a


possibilidade de julgamento favorável a requerida, deve ser aplicada, na
hipótese, a regra do §2º do artigo 282 CPC.

No mérito.

Mesmo diante da aplicação do Código de Defesa do Consumidor, tenho


que a pretensão da reclamante é improcedente, não havendo substratos
jurídicos capazes de conceder a tutela jurisdicional na forma pleiteada.

Conforme informado pela requerente em sua petição inicial, bem como


constante do Boletim de Ocorrência juntado às páginas 23, toda a tratativa da
locação do imóvel ocorreu diretamente com o suposto corretor de imóvel, Sr.
Eurípedes Moura Saldanha Neto, sendo que somente o pagamento ocorreu

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através do Mercado Pago.

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Portanto, resta evidente que a reclamante não realizou a compra via
sítio eletrônico do “Mercado Livre”, de modo que não há que se falar em
responsabilidade da reclamada pelo fato de o contrato de locação ser uma
fraude.

Inclusive, o informativo do site da requerida juntada pela autora às


páginas 03, é claro ao afirmar que:
“Se comprar no Mercado Livre, a sua compra estará 100% garantida.
Se tiver um problema ou não receber o produto que comprou,
devolveremos o dinheiro.”

A requerente em momento algum comprovou que a locação ocorreu


através do site Mercado Livre, portanto, a transação realizada foi através do
aplicativo de pagamentos da ré, o qual não prevê qualquer segurança na
negociação que está ocorrendo, pois não detém os meios de controle dos
usuários, tal qual possui no site Mercado Livre.

Nesse sentido, o Artigo 14, parágrafo 3º, inciso II, do Código de Defesa
do Consumidor, diz: “O fornecedor de serviços só não será responsabilizado
quando provar: a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro”.

Assim, mesmo diante da aplicação do Código de Defesa do Consumidor


ao presente caso, tenho que a pretensão da reclamante é improcedente,
diante da falta de comprovação de ato ilícito praticado pela requerida, bem
como pela clara identificação da responsável pelo insucesso do negócio.

Posto isso, nos termos do art. 487, inciso I, do Código de Processo


Civil, julgo improcedente o pedido formulado por Jacquelline Nahas, nesta
Ação Indenizatória, movida em relação ao Mercadopago.com
Representações LTDA, declarando extinto o feito, com resolução do mérito,
ante a rejeição do pedido, deixando de condenar a reclamante no pagamento
de custas processuais e honorários advocatícios, por não serem exigíveis na
presente instância (Artigo 55, Lei 9.099/95).

Submete-se a presente à homologação pela MM. Juíza Titular.


Campo Grande, 22 de agosto de 2019.
Davi Olegário Portocarrero Naveira - Juiz Leigo
(assinado por certificação digital)

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Este documento é copia do original assinado digitalmente por SIMONE NAKAMATSU. Liberado nos autos digitais por Simone Nakamatsu, em 22/08/2019 às 17:48. Para acessar os autos
Autos 0808739-16.2019.8.12.0110
Reclamante: Jacqueline Nahas
Reclamado(a): Mercadopago.com Representações LTDA.

processuais, acesse o site https://esaj.tjms.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0808739-16.2019.8.12.0110 e o código 6740978.


Vistos, etc..

Realizada a audiência de instrução e julgamento, os autos foram


encaminhados ao Juiz Leigo para elaboração do projeto de sentença.
Os autos me vieram conclusos para apreciação do laudo.
Assim, homologo, nos termos do art. 40 da Lei 9.099/95, para que
surta seus jurídicos e legais efeitos a sentença proferida pelo Juiz Leigo.

Campo Grande, 22 de agosto de 2019.

Simone Nakamatsu
Juíza de Direito

Modelo 990148337 - Endereço: Rua Sete de Setembro, 174, Centro - CEP 79002-121, Fone: 3317-8682, Campo
Grande-MS - E-mail: cgr-11jecentral@tjms.jus.br - autos 0808739-16.2019.8.12.0110

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