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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
(ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO)

CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS


PERÍODO BÁSICO

COLETÂNEA DE MANUAIS

TÉCNICAS MILITARES III

Volume 2

2019
(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 2 de 130)
ÍNDICE DE ASSUNTOS

apít Pág

I. A FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

1 Respaldo legal para emprego do Exército na Garantia da Lei e da Ordem (GLO)....005

2 Premissas básicas na hipótese de emprego da Força Terrestre na GLO..................018

3 Situações de comprometimento e grave comprometimento da Ordem Pública e

Interna.....................................................................................................................................019

4 Ações de GLO e fundamentos do emprego..............................................................021

5 Fases do emprego da tropa nas operações de GLO................................................023

II. PATRULHAMENTO OSTENSIVO

1 Tipos de patrulhamento ostensivo............................................................................027

2 Prescrições diversas................................................................................................029

3 Patrulhas em GLO....................................................................................................032

4 Interrogatório preliminar............................................................…............................033

5 Técnicas de patrulhamento ostensivo......................................................................034

6 Táticas de patrulhamento ostensivo.........................................................................052

III. ABORDAGENS, REVISTA E ALGEMAÇÃO

1 Generalidades..........................................................................................................057

2 Abordagem...............................................................................................................057

3 Revista.....................................................................................................................059

4 Algemação...............................................................................................................061

5 Abordagem a veículos e motocicletas.....................................................................065

IV. PBCE/PBCVU

1 Generalidades e finalidade.....................................................................................070

2 Organização...........................................................................................................071

3 Tipo de ocorrência..................................................................................................072

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4 Princípios básicos...............................................................................................072

5 Material utilizado.................................................................................................073

6 Ocupação e operação do PBCE/PBCVU...........................................................076

V. SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS E PONTO FORTE

1 Considerações gerais........................................................................................085

2 Operações de segurança de ponto sensível.....................................................086

3 Organização......................................................................................................087

4 Medidas adotadas.............................................................................................088

5 Material utilizado...............................................................................................088

6 Ponto Forte.......................................................................................................089

VI. OPERAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO

1 Fundamentos éticos.........................................................................................092

2 Definições........................................................................................................092

3 Organização....................................................................................................093

4 Tarefas............................................................................................................094

5 Fases da operação.........................................................................................095

6 Técnicas, táticas e procedimentos no combate em recinto fechado..............103

VII. CONTROLE DE DISTÚRIOS

1 Conceitos básicos............................................................................................106

2 Missões atribuídas...........................................................................................108

3 Condicionantes................................................................................................108

4 Atividades a realizar.........................................................................................108

5 Organograma...................................................................................................114

6 Equipamentos de proteção..............................................................................116

7 Formações, deslocamentos e comandos do Pelotão de Choque...................117

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................130

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CAPÍTULO I

A FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM

1. RESPALDO LEGAL PARA EMPREGO DO EXÉRCITO NA GARANTIA DA


LEI E DA ORDEM (GLO)

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015.

1.1. Extrato da Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988

Título V
Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas

Capítulo II
Das Forças Armadas
Art. 142 - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

1.2. Lei Complementar nº 97, de 9 de junho de 1999

Capítulo I
Disposições preliminares
Seção I
Da Destinação e Atribuições
Art. 1º - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e,
por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
Parágrafo único. Sem comprometimento de sua destinação constitucional, cabe
também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas
nesta Lei Complementar.
Seção II
Do Assessoramento ao Comandante Supremo

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Art. 2º - O Presidente da República, na condição de Comandante Supremo das
Forças Armadas, é assessorado:
I - no que concerne ao emprego de meios militares, pelo Conselho Militar de Defesa; e
II - no que concerne aos demais assuntos pertinentes à área militar, pelo Ministro de
Estado da Defesa.
§ 1º O Conselho Militar de Defesa é composto pelos Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica e pelo Chefe do Estado-Maior de Defesa.
§ 2º Na situação prevista no inciso I deste artigo, o Ministro de Estado da Defesa
integrará o Conselho Militar de Defesa na condição de seu Presidente.

Capítulo II
Da organização
Seção I
Das Forças Armadas
Art. 3º - As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de Estado da Defesa,
dispondo de estruturas próprias.
Art. 4º - A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem, singularmente, de um
Comandante, nomeado pelo Presidente da República, ouvido o Ministro de Estado da
Defesa, o qual, no âmbito de suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da
respectiva Força.
Art. 5º - Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são
privativos de oficiais-generais do último posto da respectiva Força.
§ 1º É assegurada aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
precedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das três Forças Armadas.
§ 2º Se o oficial-general indicado para o cargo de Comandante da sua respectiva Força
estiver na ativa, será transferido para a reserva remunerada, quando empossado no
cargo.
§ 3º São asseguradas aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica
todas as prerrogativas, direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive com a contagem
de tempo de serviço, enquanto estiverem em exercício.
Art. 6º - O Poder Executivo definirá a competência dos Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica para a criação, a denominação, a localização e a
definição das atribuições das organizações integrantes das estruturas das Forças
Armadas.
Art. 7º - Compete aos Comandantes das Forças apresentar ao Ministro de Estado
da Defesa a Lista de Escolha, elaborada na forma da lei, para a promoção aos postos
de oficiais-generais e indicar os oficiais-generais para a nomeação aos cargos que lhes
são privativos.
Parágrafo único. O Ministro de Estado da Defesa, acompanhado do Comandante de
cada Força, apresentará os nomes ao Presidente da República, a quem compete
promover os oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos.
Art. 8º - A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem de efetivos de pessoal
militar e civil, fixados em lei, e dos meios orgânicos necessários ao cumprimento de
sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias.
Parágrafo único. Constituem reserva das Forças Armadas o pessoal sujeito a
incorporação, mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, por
intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como as organizações
assim definidas em lei.

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Seção II
Da Direção Superior das Forças Armadas
Art. 9º - O Ministro de Estado da Defesa exerce a direção superior das Forças
Armadas, assessorado pelo Conselho Militar de Defesa, órgão permanente de
assessoramento, pelo Estado-Maior de Defesa, pelas Secretarias e demais órgãos,
conforme definido em lei.
Art. 10 - O Estado-Maior de Defesa, órgão de assessoramento do Ministro de
Estado da Defesa, terá como Chefe um oficial-general do último posto, da ativa, em
sistema de rodízio entre as três Forças, nomeado pelo Presidente da República, ouvido
o Ministro de Estado da Defesa.
Art. 11 - Compete ao Estado-Maior de Defesa elaborar o planejamento do
emprego combinado das Forças Armadas e assessorar o Ministro de Estado da Defesa
na condução dos exercícios combinados e quanto à atuação de forças brasileiras em
operações de paz, além de outras atribuições que lhe forem estabelecidas pelo Ministro
de Estado da Defesa.

Capítulo III
Do orçamento
Art. 12 - O orçamento do Ministério da Defesa contemplará as prioridades da
política de defesa nacional, explicitadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
§ 1º O orçamento do Ministério da Defesa identificará as dotações próprias da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica.
§ 2º A consolidação das propostas orçamentárias das Forças será feita pelo Ministério
da Defesa, obedecendo-se as prioridades estabelecidas na política de defesa nacional,
explicitadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
§ 3º A Marinha, o Exército e a Aeronáutica farão a gestão, de forma individualizada,
dos recursos orçamentários que lhes forem destinados no orçamento do Ministério da
Defesa.

Capítulo IV
Do preparo
Art. 13 - Para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas,
cabe aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica o preparo de seus
órgãos operativos e de apoio, obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da
Defesa.
§ 1º O preparo compreende, entre outras, as atividades permanentes de planejamento,
organização e articulação, instrução e adestramento, desenvolvimento de doutrina e
pesquisas específicas, inteligência e estruturação das Forças Armadas, de sua
logística e mobilização. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
§ 2º No preparo das Forças Armadas para o cumprimento de sua destinação
constitucional, poderão ser planejados e executados exercícios operacionais em áreas
públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreas privadas cedidas para
esse fim. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
§ 3º O planejamento e a execução dos exercícios operacionais poderão ser realizados
com a cooperação dos órgãos de segurança pública e de órgãos públicos com
interesses afins. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
Art. 14 - O preparo das Forças Armadas é orientado pelos seguintes parâmetros
básicos:

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I - permanente eficiência operacional singular e nas diferentes modalidades de
emprego interdependentes;
II - procura da autonomia nacional crescente, mediante contínua nacionalização de
seus meios, nela incluídas pesquisa e desenvolvimento e o fortalecimento da indústria
nacional;
III - correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização criteriosamente
planejada.

Capítulo V
Do emprego
Art. 15 - O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos
poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é
de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de
Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de
subordinação:
I - diretamente ao Comandante Supremo, no caso de Comandos Combinados,
compostos por meios adjudicados pelas Forças Armadas e, quando necessário, por
outros órgãos;
II - diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, para fim de adestramento, em
operações combinadas, ou quando da participação brasileira em operações de paz;
III - diretamente ao respectivo Comandante da Força, respeitada a direção superior do
Ministro de Estado da Defesa, no caso de emprego isolado de meios de uma única
Força.
§ 1º Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das Forças Armadas,
por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por quaisquer dos
poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo Tribunal Federal,
do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.
§ 2º A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de
quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas
em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
relacionados no art. 144 da Constituição Federal.
§ 3º Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da
Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente
reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão
constitucional. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
§ 4º Na hipótese de emprego nas condições previstas no § 3o deste artigo, após
mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais das
Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente
estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo
necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem.
(Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
§ 5º Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem,
caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional
dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das ações para a
autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um centro de
coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos públicos sob seu

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controle operacional ou com interesses afins.(Incluído pela Lei Complementar nº 117,
de 2004)
§ 6º Considera-se controle operacional, para fins de aplicação desta Lei
Complementar, o poder conferido à autoridade encarregada das operações, para
atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por
efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências
constitucionais ou legais. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
§ 7º O emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem são
considerados atividade militar para fins de aplicação do art. 9o, inciso II, alínea c, do
Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar. (Incluído pela
Lei Complementar nº 117, de 2004)

Capítulo VI
Das disposições complementares
Art. 16 - Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar
com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente
da República.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, integra as referidas ações de caráter
geral a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse
social. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
Art. 17 - Cabe à Marinha, como atribuições subsidiárias particulares:
I - orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que
interessa à defesa nacional;
II - prover a segurança da navegação aquaviária;
III - contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito
ao mar;
IV - implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e nas águas
interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, federal ou estadual,
quando se fizer necessária, em razão de competências específicas.
Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da competência do
Comandante da Marinha o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando designado
como "Autoridade Marítima", para esse fim.
V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos
delitos de repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso do mar, águas
interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de
comunicações e de instrução. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
Art. 17A - Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições
subsidiárias particulares: (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
I – contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito
ao Poder Militar Terrestre; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
II – cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,
excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de
engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante; (Incluído pela Lei
Complementar nº 117, de 2004)
III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos
delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de
apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (Incluído pela Lei
Complementar nº 117, de 2004)

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IV – atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre,
contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com
outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: (Incluído
pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
a) patrulhamento; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
b) revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e
(Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
c) prisões em flagrante delito. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
Art. 18 - Cabe à Aeronáutica, como atribuições subsidiárias particulares:
I - orientar, coordenar e controlar as atividades de Aviação Civil;
II - prover a segurança da navegação aérea;
III - contribuir para a formulação e condução da Política Aeroespacial Nacional;
IV - estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a infraestrutura
aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária;
V - operar o Correio Aéreo Nacional.
Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da competência do
Comandante da Aeronáutica o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando
designado como "Autoridade Aeronáutica", para esse fim.
VI – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos
delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do espaço aéreo e de
áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e
de instrução; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)
VII – atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle do
espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, com ênfase nos
envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageiros ilegais, agindo em
operação combinada com organismos de fiscalização competentes, aos quais caberá a
tarefa de agir após a aterragem das aeronaves envolvidas em tráfego aéreo ilícito.
(Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

Capítulo VII
Das disposições transitórias e finais
Art. 19 - Até que se proceda à revisão dos atos normativos pertinentes, as
referências legais a Ministério ou a Ministro de Estado da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica passam a ser entendidas como a Comando ou a Comandante dessas
Forças, respectivamente, desde que não colidam com atribuições do Ministério ou
Ministro de Estado da Defesa.
Art. 20 - Os Ministérios da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão
transformados em Comandos, por ocasião da criação do Ministério da Defesa.
Art. 21 - Lei criará a Agência Nacional de Aviação Civil, vinculada ao Ministério da
Defesa, órgão regulador e fiscalizador da Aviação Civil e da infraestrutura aeronáutica
e aeroportuária, estabelecendo, entre outras matérias institucionais, quais, dentre as
atividades e procedimentos referidos nos incisos I e IV do art. 18, serão de sua
responsabilidade.
Art. 22 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 23 - Revoga-se a Lei Complementar no 69, de 23 de julho de 1991.

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1.3. Decreto nº 3.897, de 24 de agosto de 2001

Art. 1º - As diretrizes estabelecidas neste Decreto têm por finalidade orientar o


planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças Armadas, e de
órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem.
Art. 2º - É de competência exclusiva do Presidente da República a decisão de
emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.
§ 1º A decisão presidencial poderá ocorrer por sua própria iniciativa, ou dos outros
poderes constitucionais, representados pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal,
pelo Presidente do Senado Federal ou pelo Presidente da Câmara dos Deputados.
§ 2º O Presidente da República, à vista de solicitação de Governador de Estado ou do
Distrito Federal, poderá, por iniciativa própria, determinar o emprego das Forças
Armadas para a garantia da lei e da ordem.
Art. 3º - Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da
ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da
Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de
polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se
incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os
termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico.
Parágrafo único. Consideram-se esgotados os meios previstos no art. 144 da
Constituição, inclusive no que concerne às Polícias Militares, quando, em determinado
momento, indisponíveis, inexistentes, ou insuficientes ao desempenho regular de sua
missão constitucional.
Art. 4º - Na situação de emprego das Forças Armadas objeto do art. 3o, caso
estejam disponíveis meios, conquanto insuficientes, da respectiva Polícia Militar, esta,
com a anuência do Governador do Estado, atuará, parcial ou totalmente, sob o controle
operacional do comando militar responsável pelas operações, sempre que assim o
exijam, ou recomendem, as situações a serem enfrentadas.
§ 1º Tem-se como controle operacional a autoridade que é conferida, a um
comandante ou chefe militar, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a
serem desempenhadas por efetivos policiais que se encontrem sob esse grau de
controle, em tal autoridade não se incluindo, em princípio, assuntos disciplinares e
logísticos.
§ 2º Aplica-se às Forças Armadas, na atuação de que trata este artigo, o disposto no
caput do art. 3o anterior quanto ao exercício da competência, constitucional e legal, das
Polícias Militares.
Art. 5º - O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, que
deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível,
abrange, ademais da hipótese objeto dos arts. 3º e 4º, outras em que se presuma ser
possível a perturbação da ordem, tais como as relativas a eventos oficiais ou públicos,
particularmente os que contem com a participação de Chefe de Estado, ou de Governo,
estrangeiro, e à realização de pleitos eleitorais, nesse caso quando solicitado.
Parágrafo único. Nas situações de que trata este artigo, as Forças Armadas atuarão
em articulação com as autoridades locais, adotando-se, inclusive, o procedimento
previsto no art. 4º.

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Art. 6º - A decisão presidencial de emprego das Forças Armadas será
comunicada ao Ministro de Estado da Defesa por meio de documento oficial que
indicará a missão, os demais órgãos envolvidos e outras informações necessárias.
Art. 7º - Nas hipóteses de emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da
ordem, constitui incumbência:
I - do Ministério da Defesa, especialmente:
a) empregar as Forças Armadas em operações decorrentes de decisão do Presidente
da República;
b) planejar e coordenar as ações militares destinadas à garantia da lei e da ordem, em
qualquer parte do território nacional, conforme determinado pelo Presidente da
República, observadas as disposições deste Decreto, além de outras que venham a ser
estabelecidas, bem como a legislação pertinente em vigor;
c) constituir órgãos operacionais, quando a situação assim o exigir, e assessorar o
Presidente da República com relação ao momento da ativação, desativação, início e
fim de seu emprego;
d) solicitar, quando for o caso, os recursos orçamentários necessários ao cumprimento
da missão determinada, devendo diligenciar, junto aos Ministérios do Planejamento,
Orçamento e Gestão e da Fazenda, no sentido de que os créditos e os respectivos
recursos sejam tempestivamente liberados, em coordenação com os demais órgãos
envolvidos;
e) manter o Ministério das Relações Exteriores informado sobre as medidas adotadas
pela União, na área militar, quando houver possibilidade de repercussão internacional;
f) prestar apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução, bem como
assessoramento aos órgãos governamentais envolvidos nas ações de garantia da lei e
da ordem, inclusive nas de combate aos delitos transfronteiriços e ambientais, quando
determinado;
II - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República:
a) centralizar, por meio da Agência Brasileira de Inteligência, os conhecimentos que
interessem ao planejamento e à execução de medidas a serem adotadas pelo Governo
Federal, produzidos pelos órgãos de inteligência como subsídios às decisões
presidenciais;
b) prover informações ao Presidente da República nos assuntos referentes à garantia
da lei e da ordem, particularmente os discutidos na Câmara de Relações Exteriores e
Defesa Nacional;
c) prevenir a ocorrência e articular o gerenciamento de crises, inclusive, se necessário,
ativando e fazendo operar o Gabinete de Crise;
d) elaborar e expedir o documento oficial de que trata o art. 6º deste Decreto; e
e) contatar, em situação de atuação das Forças Armadas com as polícias militares, o
Governador do Estado, ou do Distrito Federal, conforme o caso, a fim de articular a
passagem de efetivos da respectiva polícia militar ao controle operacional do comando
militar responsável pelas operações terrestres.
§ 1º Os demais Ministérios e Órgãos integrantes da Presidência da República, bem
como as entidades da Administração Federal indireta, darão apoio às ações do
Ministério da Defesa, quando por este solicitado, inclusive disponibilizando recursos
financeiros, humanos e materiais.
§ 2º A Advocacia-Geral da União prestará ao Ministério da Defesa, e aos demais
órgãos e entes envolvidos nas ações objeto deste Decreto, a assistência necessária à
execução destas.

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§ 3º O militar e o servidor civil, caso venham a responder a inquérito policial ou a
processo judicial por sua atuação nas situações descritas no presente Decreto, serão
assistidos ou representados judicialmente pela Advocacia-Geral da União, nos termos
do art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril de 1995.
Art. 8º - Para o emprego das Forças Armadas nos termos dos arts. 34, 136 e 137
da Constituição, o Presidente da República editará diretrizes específicas.
Art. 9º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

1.4. Extrato do Código Penal

RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E OMISSÃO


Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável
a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.

ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO


Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato,
se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.

COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA


Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.

EXCLUSÃO DE ILICITUDE
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

EXCESSO PUNÍVEL
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 13 de 130)


ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o
perigo.
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá
ser reduzida de um a dois terços.

LEGÍTIMA DEFESA
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de
outrem.

PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM


Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto ou iminente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais
grave.

CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois
de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 03 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

CRIMES RELACIONADOS A MANIFESTAÇÕES E PROTESTOS


Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou
dificultar-lhe o funcionamento:
Pena - detenção, de um a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de
desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
Art. 264 - Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao
transporte público por terra, por água ou pelo ar.
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o
fim de cometer crimes:
Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.

RESISTÊNCIA
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 14 de 130)


§ 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.

DESOBEDIÊNCIA
Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.

DESACATO
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

1.5. Extrato do Código de Processo Penal

FLAGRANTE
Art. 301 - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito
Art. 302 - Considera-se em flagrante delito quem:
I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III- é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em
situação que faça presumir ser autor da infração;
IV- é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam
presumir ser ele autor da infração.

1.6. Extrato do Código Penal Militar

DESACATO
Art. 299 - Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em
razão dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

DESOBEDIÊNCIA
Art. 301 - Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:
Pena - detenção, até seis meses.

INVASÃO DE ÁREA MILITAR


Art. 302 - Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio,
aeronave, hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja
defeso ou haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais grave.

1.7. Extrato do Código de Processo Penal Militar

BUSCA
Art. 170 - A busca poderá ser domiciliar ou pessoal.
Busca domiciliar

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 15 de 130)


Art. 171 - A busca domiciliar consistirá na procura material portas adentro da
casa.
Art. 172 - Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a
autorizarem, para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardadas ilicitamente;
c) apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
d) apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova da infração ou à defesa do acusado;
f) apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu poder, quando haja
fundada suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação
do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crime;
h) colher elemento de convicção.

DEFINIÇÃO DE CASA
Art. 173 - O termo "casa" compreende:
a) qualquer compartimento habitado;
b) aposento ocupado de habitação coletiva;
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Não compreensão
Art. 174 - Não se compreende no termo "casa":
a) hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas, salvo a
restrição da alínea b do artigo anterior;
b) taverna, boate, casa de jogo e outras do mesmo gênero;
c) a habitação usada como local para a prática de infrações penais.

BUSCA DOMICILIAR
Art. 175 - A busca domiciliar será executada de dia, salvo para acudir vítimas de
crime ou desastre.
Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do morador, poderá ser realizada
à noite.
Art 176 - A busca domiciliar poderá ser ordenada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento das partes, ou determinada pela autoridade policial militar.
Parágrafo único. O representante do Ministério Público, quando assessor no inquérito,
ou deste tomar conhecimento, poderá solicitar do seu encarregado, a realização da
busca.
Art. 177 - Deverá ser precedida de mandado a busca domiciliar que não for
realizada pela própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o inquérito.
Art. 178 - O mandado de busca deverá:
a) indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o
nome do seu morador ou proprietário; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
pessoa que a sofrerá ou os sinais que a identifiquem;
b) mencionar o motivo e os fins da diligência;
c) ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Parágrafo único. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado.
Art. 179 - O executor da busca domiciliar procederá da seguinte maneira:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 16 de 130)


I — se o morador estiver presente:
a) ler-lhe-á, o mandado, ou, se for o próprio autor da ordem, identificar-se-á e dirá o
que pretende;
b) convidá-lo-á a franquiar a entrada, sob pena de a forçar se não for atendido;
c) uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pessoa ou coisa, convidará o
morador a apresentá-la ou exibi-la;
d) se não for atendido ou se se tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à busca;
e) se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar ou criar obstáculo usará da força
necessária para vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se
necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em que, presumivelmente, possam
estar as coisas ou pessoas procuradas;
II — se o morador estiver ausente:
a) tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e aguardará a sua chegada, se
puder ser imediata;
b) no caso de não ser encontrado o morador ou não comparecer com a necessária
presteza, convidará pessoa capaz, que identificará para que conste do respectivo auto,
a fim de testemunhar a diligência;
c) entrará na casa, arrombando-a, se necessário;
d) fará a busca, rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou
compartimentos onde, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas
procuradas;
III - se a casa estiver desabitada, tentará localizar o proprietário, procedendo da mesma
forma como no caso de ausência do morador.
§1º O rompimento de obstáculos deve ser feito com o menor dano possível à coisa ou
compartimento passível da busca, providenciando-se, sempre que possível, a
intervenção de serralheiro ou outro profissional habilitado, quando se tratar de remover
ou desmontar fechadura, ferrolho, peça de segredo ou qualquer outro aparelhamento
que impeça a finalidade da diligência.

REPOSIÇÃO
§2º Os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos devem
ser repostos nos seus lugares.
§3º Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores mais
do que o indispensável ao bom êxito da diligência.

BUSCA PESSOAL
Art. 180 - A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes,
pastas, malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando
necessário, no próprio corpo.
Art. 181 - Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que
alguém oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.
Art. 182 - A revista independe de mandado:
a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve ser presa;
b) quando determinada no curso da busca domiciliar;
c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do artigo anterior;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 17 de 130)


d) quando houver fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos ou papéis
que constituam corpo de delito;
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.
Art. 183 - A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.
Art. 184 - A busca domiciliar ou pessoal por mandado será, no curso do
processo, executada por oficial de justiça; e, no curso do inquérito, por oficial,
designado pelo encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do posto ou graduação
de quem a sofrer, se militar.
Parágrafo único. A autoridade militar poderá requisitar da autoridade policial civil a
realização da busca.

2. PREMISSAS BÁSICAS NA HIPÓTESE DE EMPREGO DA FORÇA


TERRESTRE NA GLO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015.

A decisão de emprego da Força Terrestre em ações de GLO é de


responsabilidade do Presidente da República, podendo ocorrer tanto em ambiente
urbano quanto rural.
Na hipótese de emprego da Força Terrestre para a garantia da lei e da ordem
impõe-se observar o seguinte:
1) a atuação da força terrestre ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em
ato do Presidente da República, depois de esgotados os instrumentos destinados à
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio,
relacionados no Art 144 da Constituição Federal;
2) consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da
Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente
reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão
constitucional;
3) na hipótese de emprego nas condições previstas no tópico anterior, após
determinação do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais das
Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente
estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo
necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da ordem;
4) determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem,
caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle operacional
dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das ações para a
autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um centro de
coordenação de operações (CCOp), composto por representantes dos órgãos públicos
sob seu controle operacional ou com interesses afins;
5) considera-se controle operacional, para fins de aplicação da Lei Complementar
nº 97, de 09 de junho de 1999, o poder conferido à autoridade encarregada das
operações, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 18 de 130)


desempenhadas por efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas
competências constitucionais ou legais; e
6) o emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem são
considerados atividade militar para fins de aplicação do art. 9º, inciso II, alínea c, do
Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar.
Nas operações de GLO, o êxito não se restringe somente à neutralização ou
captura da Força Adversa (APOP), mas inclui a conquista e manutenção do apoio da
população.
A Concepção Estratégica do Exército para a GLO fundamenta-se na realização
de ações permanentes de caráter preventivo, privilegiando as estratégias da Presença
e da Dissuasão. Para isso, o Exército deve:
1) manter a Força Terrestre adestrada para emprego na GLO, sem se
descuidar do permanente e prioritário adestramento voltado para Defesa da Pátria;
2) fazer-se presente em todo o território nacional, com a finalidade de
conhecer a área e acompanhar situações com potencial para gerar crises; e
3) manter-se integrado à sociedade como Instituição de elevada
credibilidade.
Caso seja determinado o emprego da F Ter para a solução de uma crise, ou
mesmo de um confronto armado, deverá ser privilegiada, inicialmente, a estratégia da
Dissuasão, caracterizada pela significativa superioridade de meios (Princípio da
Massa), com vistas à solução do problema, se possível de forma pacífica, evitando-se
o confronto direto.
Tornando-se necessário o uso da força, a estratégia a ser adotada será a da
Ofensiva, buscando-se o resultado decisivo no mais curto prazo e preservando os
valores da Instituição.
Em qualquer situação, porém, as ações estarão condicionadas aos preceitos
legais vigentes, em estreita coordenação com as demais instituições envolvidas.
Deverão ser evitados, no grau possível, danos ao pessoal militar e civil e ao patrimônio
público e privado, para não causar efeitos negativos à imagem do Exército e do País.
A capacidade dissuasória e as eficientes e oportunas atividades de inteligência,
associadas às ações de Comunicação Social e de operações psicológicas, são fatores
de êxito nessa hipótese de emprego.

3. SITUAÇÕES DE COMPROMETIMENTO E GRAVE COMPROMETIMENTO DA


ORDEM PÚBLICA E INTERNA

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015.

a. Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) – Operações militares


conduzidas pelas Forças Armadas, por decisão do Presidente da República, de forma
episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, com o propósito de
assegurar o pleno funcionamento do estado democrático de direito, da paz social e da
ordem pública.
b. Segurança Integrada (Seg Intg) – Expressão usada nos planejamentos de GLO
da F Ter, com o objetivo de estimular e caracterizar uma maior participação e
integração de todos os setores envolvidos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 19 de 130)


c. Forças Adversas (APOP) – São pessoas, grupos de pessoas ou organizações
cuja atuação comprometa o pleno funcionamento do estado democrático de direito, a
paz social e a ordem pública.
d. Ordem Pública – Conjunto de regras formais que emanam do ordenamento
jurídico da nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis do
interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica,
fiscalizado pelo poder de polícia e constituindo uma situação ou condição que conduza
ao bem comum.
e. Segurança Pública – Garantia que o Estado proporciona à Nação a fim de
assegurar a ordem pública, ou seja, ausência de prejuízo aos direitos do cidadão, pelo
eficiente funcionamento dos órgãos do Estado.
f. Ordem Interna – Situação em que as instituições públicas exercem as
atividades que lhe são afetas e se inter-relacionam, conforme definido no ordenamento
legal do Estado.
g. Situação de Normalidade – Situação na qual os indivíduos, grupos sociais e a
Nação sentem-se seguros para concretizar suas aspirações, interesses e objetivos,
porque o Estado, em seu sentido mais amplo, mantém a ordem pública e a
incolumidade das pessoas e do patrimônio. As APOP podem estar atuantes, sem
entretanto, ameaçar a estabilidade institucional do País. No plano legal, caracteriza-se
pela plena vigência das garantias individuais e pela não utilização das medidas de
defesa do Estado e das instituições democráticas. Nesta situação, o emprego da F Ter
pode ser determinado, caso fique caracterizado o comprometimento da ordem pública.
h. Situação de Não-Normalidade – Situação na qual as APOP, de forma potencial
ou efetiva, ameacem a integridade nacional, o livre exercício de qualquer dos Poderes,
o ordenamento jurídico em vigor e a paz social, acarretando grave comprometimento
da ordem pública e da ordem interna. Caracteriza-se pela intervenção da União nos
Estados ou no Distrito Federal, ou pela decretação do estado de defesa ou do estado
de sítio.
i. Comprometimento da Ordem Pública – Situação em que os órgãos de
segurança pública não se mostram capazes de se contraporem, com eficácia, às APOP
que ameaçam a integridade das pessoas e do patrimônio e o pleno exercício do estado
de direito, sem caracterizar ameaça à estabilidade institucional.
j. Grave comprometimento da Ordem Pública – Situação em que a ação das
APOP, por sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça potencial à
estabilidade institucional da Nação.
k. Comprometimento da Ordem Interna – Situação em que a ação das APOP, por
sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça de grave e iminente
instabilidade institucional.
l. Grave comprometimento da Ordem Interna – Situação em que a ação das
APOP, por sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça à integridade e
à soberania nacional.
m. Área de Operações (A Op) – Espaço geográfico necessário à condução de
operações militares que não justifiquem a criação de um Teatro de Operações.
n. Zona de Operações (Z Op) – Delimitação de área com a finalidade de atribuir
responsabilidades operacionais a determinada força ou unidade, em operações
militares de não-guerra, em um espaço de manobra adequado e compatível com suas
possibilidades. É o espaço operacional no qual se desenvolverão as operações contra
FAdv em situação de não-normalidade.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 20 de 130)


o. Área Problema (A Prbl) – Área onde as APOP se apresentam organizadas e
atuantes, explorando os pontos de tensão existentes ou potenciais.
p. Área Sensível (A Sen) – Área física ou de atividade humana que pela sua
própria característica e/ou por problemas conjunturais, é passível de exploração por
forças adversas.
q. Força de Pacificação (F Pac) – Conjunto de forças alocadas a um comando
que recebe a missão de operar em uma A Op ou Z Op. A Força de Pacificação,
normalmente, será organizada com base em uma brigada.
r. Linha de Isolamento (L Iso) – Linha contínua que delimita uma A Op ou Z Op,
devendo, em princípio, ser apoiada em acidentes facilmente identificados no terreno,
abranger as A Prbl e garantir espaço suficiente para manobra.
s. Pacificar – Ação genérica que representa o ato, por parte das FA, de
desenvolver operações contra uma ou mais APOP, com a finalidade de garantia da lei
e da ordem, seja em uma A Op, seja em uma Z Op.
t. Dissuasão – Atitude estratégica que, por intermédio de meios de qualquer
natureza, inclusive militares, tem por finalidade desaconselhar ou desviar adversários,
reais ou potenciais, de possíveis ou presumíveis propósitos bélicos.

4. AÇÕES DE GLO E FUNDAMENTOS DO EMPREGO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015.

4.1. Ações de garantia da lei e da ordem


As ações de GLO podem ser PREVENTIVAS ou REPRESSIVAS, de acordo com
o grau e a natureza dos óbices representados pelas ações das APOP.
a. Ações preventivas – As ações preventivas têm caráter permanente e,
normalmente, abrangem atividades de preparo da tropa, de inteligência, de operações
psicológicas e de comunicação social.
b. Ações repressivas
1) As ações repressivas deverão ter caráter episódico e poderão ocorrer:
a) numa situação de normalidade, num quadro de cooperação com os
governos estaduais ou com o Ministério da Justiça, apoiando ou coordenando as ações
dos órgãos de segurança pública e, até mesmo, atuando de forma isolada; ou
b) numa situação de não-normalidade, com aplicação de medidas de
defesa do Estado. 2) As ações e medidas repressivas conduzidas na situação de não-
normalidade poderão ocorrer tanto na A Op, quanto na Z Op nas áreas onde o apoio
externo deva ser interditado, que serão delimitadas, na A Prbl, com base no ato legal
da autoridade que determinou o emprego da F Ter.

4.2. Fundamentos do emprego em ações de garantia da lei e da ordem


a. Atuação de forma integrada
O planejamento e a execução contemplam a possibilidade de participação das
outras Forças, órgãos de segurança pública e órgãos do Poder Executivo, do Poder
Judiciário, do Ministério Público e outros órgãos afins.
b. Emprego da atividade de inteligência

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 21 de 130)


1) É imprescindível a disponibilidade dos conhecimentos necessários sobre
as APOP, sobre o ambiente operacional (rural ou urbano) e sobre as características da
população presente no local da operação. O Sistema de Inteligência intensificará o
levantamento de dados, de modo a produzir os conhecimentos essenciais às tomadas
de decisão do escalão executante, em todas as fases das operações.
2) O emprego de ações em força sem o adequado apoio de inteligência
fatalmente conduzirá a F Ter à desmoralização, ao antagonismo com a opinião pública
e ao insucesso.
3) A inteligência não se limita à produção de conhecimentos para o emprego
de ações em força, mas também tem o importantíssimo papel de produzir
conhecimentos para as atividades de Comunicação Social e de Operações
Psicológicas.
4) Durante as ações de GLO deverão ser executadas operações de contra-
inteligência para salvaguardar as informações, o pessoal e as instalações civis e
militares.
c. Limitação do uso da força e das restrições à população
1) Nas ações de GLO, o uso da força deve ser restrito ao mínimo
absolutamente indispensável. O uso progressivo da força deve ser levado em
consideração, dentro dos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e legalidade.
2) A necessidade de evitar o desgaste da força legal impõe a limitação, ao
mínimo necessário, do emprego de ações em força ou que sejam restritivas à
população. Tal limitação refere-se à intensidade e à amplitude no tempo e no espaço.
3) Por se tratar de um tipo de operação que visa a garantir ou restaurar a lei
e a ordem, é de capital importância que a população possa depositar sua confiança na
tropa que realiza a operação. Para tanto, o estabelecimento de orientações, bem como
sua correta compreensão e aplicação constituem-se em segurança para os
executantes da operação e demonstração de respeito para com a população.
4) As orientações específicas devem ser expedidas para cada operação, no
nível estratégico (normas de conduta política), no nível operacional (regras de
comportamento operativo) e no nível tático (regras de engajamento), levando-se em
consideração a necessidade das ações a serem realizadas, a proporcionalidade do
esforço e dos meios a serem empregados e as orientações do escalão superior.
5) Deve-se ter em mente, também:
a) a definição de procedimentos para a tropa buscando abranger o
maior número de situações possíveis;
b) a proteção a ser dada para a tropa, os cidadãos e os bens
patrimoniais incluídos na missão; e
c) a consolidação dessas regras em documento próprio, com difusão
para todos os militares e autoridades envolvidos na operação.
6) A redação dessas orientações deve ser a mais detalhada e clara possível.
Devem ser objeto de instrução e adestramento, visando a evitar interpretações
indesejadas.
d. Emprego da dissuasão
O poder de dissuasão deve ser explorado ao máximo, com o objetivo de impedir a
adoção de medidas repressivas.
e. Emprego do princípio da massa

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 22 de 130)


A dissuasão é obtida por meio do emprego do Princípio da MASSA, que fica
caracterizado ao se atribuir uma ampla superioridade de meios às forças legais em
relação às APOP.
f. A definição da responsabilidade da negociação e ligações institucionais
1) Sempre que houver o emprego da F Ter, será designado um oficial, em
princípio oficial-general, para estabelecer a ligação com as autoridades políticas da
respectiva Unidade Federada.
2) Nas ações de GLO, o uso da força deverá ser sempre precedido de
negociação, com a finalidade de preservar a integridade física de pessoas e/ou de
bens, bem como preservar a imagem da F Ter.
3) A negociação, em uma primeira fase, deve ser conduzida por pessoas
habilitadas e autorizadas para tal e não pertencentes à força empregada na operação.
Nessa fase, negociar não é atribuição do comandante da força empregada nem de
seus comandantes subordinados, ainda que eles possam oferecer segurança ao(s)
negociador (es) ou mesmo atuar como elemento de dissuasão durante as negociações.
4) O emprego da força, já em outra fase, é uma consequência da falência da
negociação e admite a possibilidade de danos à integridade física de pessoas e/ou
bens. Tal fato deve ficar claro para o(s) negociador (es), a autoridade que determina o
emprego da força e para a opinião pública.
g. Emprego de Operações Psicológicas (Op Psc)
As Op Psc devem ser empregadas antes, durante e após o emprego da tropa. O
emprego antecipado tem como principal finalidade preparar a A Op para a chegada da
tropa e minimizar possíveis resistências. Após a saída da tropa é vital que se mantenha
o emprego de Op Psc para possibilitar o dimensionamento do resultado obtido,
minimizar os possíveis efeitos colaterais e desmobilizar a população. Antes da decisão
do emprego da Força Terrestre em Op GLO, deve-se considerar o emprego de Op Psc,
visando a evitar o acionamento do Exército. Para que isso ocorra, é necessário que as
Op Psc acompanhem e estudem as situações internas, em coordenação com a
Inteligência, realizando o estudo do Levantamento Estratégico de Área (LEA) e a
análise dos diversos públicos-alvo. Essas informações devem constar do Plano de
Segurança Integrada (PSI).
h. Emprego da Comunicação Social
O êxito das ações de GLO depende do apoio da população. O uso adequado e
intensivo da Comunicação Social, em seu sentido mais abrangente (Relações Públicas,
Informações Públicas e Divulgação Institucional), coordenadas com as atividades de
Operações Psicológicas, é básico para a conquista e manutenção do apoio da
população.
i. Cumprimento da missão e preservação da imagem do Exército
Tornando-se necessário o uso da força, deve ser buscado o resultado decisivo no mais
curto prazo, permitindo, dessa forma, a preservação da boa imagem do Exército junto à
sociedade brasileira.

5. FASES DO EMPREGO DA TROPA NAS OPERAÇÕES DE GLO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 23 de 130)


5.1. Generalidades

Deve-se levar em consideração que as operações desenvolver-se-ão dentro de


um quadro de normalidade institucional, onde não será adotada nenhuma medida de
defesa do Estado, ou de não-normalidade institucional, quando serão adotadas as
referidas medidas.
É importante ressaltar, também, que o emprego da F Ter estará respaldado por
instrumento jurídico, definido quando da emissão da ordem do Presidente da República
e, ainda, que já terão sido esgotadas todas as possibilidades de solução pacífica ou o
emprego de meios de segurança pública.

5.2. Fases de Emprego da Tropa

1) Deslocamento para a Área Problema


Poderá ser ostensivo ou sigiloso. Preferencialmente, será ostensivo visando
causar impacto e fazer com que as APOP saibam que o Exército vai fazer cumprir as
determinações legais que estão sendo afrontadas e que talvez seja conveniente
repensar as posições por elas adotadas.
Deve-se prever a aproximação por mais de um itinerário.

2) Isolamento da Área e Tomada do Dispositivo Inicial


O deslocamento da tropa deve terminar em posições que assegurem o cerco
tático com o completo isolamento da área.
Com a fração da tropa que atuará como força de cerco já em posição, a fração
que executará a ação principal (investimento) ocupará sigilosamente o dispositivo
inicial.
A reserva, que poderá estar articulada, cerrará em seguida para posições
próximas às da força de investimento.
O comando da tropa deverá estabelecer uma Base de Operações (B Op) onde
permanecerão os apoios e para onde serão conduzidos os elementos das APOP
aprisionados ou feridos e as baixas da tropa.
Já a partir dessa fase e prosseguindo durante todo o restante da operação, uma
medida de valor dissuasório será o sobrevoo constante da área pelos helicópteros
disponíveis. O voo deverá ser realizado a baixa altura, portas abertas, se possível com
metralhadoras instaladas na aeronave e levando um aparelho de som que possa ser
utilizado para fazer a exortação ao entendimento.
As operações de GLO, em princípio, serão desenvolvidas numa área denominada
ÁREA DE OPERAÇÕES (A Op), segundo as condicionantes político-jurídicas vigentes.
A figura 1-1 apresenta um exemplo de Área de Operações.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 24 de 130)


FIGURA 1-1 (ÁREA DE OPERAÇÕES)

3) Exortação ao Entendimento Pacífico


Com o dispositivo inicial montado, o comandante, usando o seu sistema de som
e/ou helicóptero, dará início às medidas visando a explicar à população a missão da
tropa, mostrando de maneira clara que: - a missão vai ser cumprida; - o Exército não
pretende fazer uso de força; e - as reivindicações feitas estão sendo conduzidas por
métodos que afrontam as leis brasileiras.

4) Investimento
Caso o prazo para cumprimento da missão permita, a hora do investimento deve
ser protelada de modo que as condições de sobrevivência na área cercada (corte dos
serviços públicos essenciais – água, energia elétrica, telefone etc.) comecem a
funcionar como instrumento de pressão sobre a APOP, com a consequente
desagregação das relações sociais internas e enfraquecimento das lideranças.
Deve-se utilizar o recurso da finta, ensaiando-se a tomada do dispositivo em
horários diferentes, de modo a produzir insegurança e incerteza quanto ao momento
real da ação. Essas fintas visam a desgastar as APOP no que concerne as suas
medidas de defesa.
Nesse período de espera, devem ser adotadas todas as medidas que levem ao
enfraquecimento das lideranças, buscando, com isso, isolá-las da massa.
No interior da formação que a tropa adotar para o investimento, deverão ser
posicionados os militares encarregados de fotografar e filmar. Eles devem dirigir suas
objetivas buscando focalizar particularmente as lideranças. A simples presença das
máquinas, “flashes” e luzes, funciona como fator de inibição para atuação dos
organizadores da resistência. Os elementos da imprensa poderão realizar seus
trabalhos, desde que não interfiram na manobra.
Elementos com missão especial devem ser escalados para:
a) aprisionar os líderes;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 25 de 130)


b) atender mulheres, crianças, deficientes físicos e idosos;
c) capturar armas, documentos e outros tipos de materiais que possam
caracterizar em juízo os ilícitos cometidos; e
d) outras missões específicas, conforme cada caso.
Na hora da ação no objetivo, serão fatores decisivos de sucesso:
a) o alto grau de adestramento da tropa;
b) a indiscutível liderança, particularmente nos menores escalões (GC; Pel;
Cia);
c) o perfeito conhecimento e cumprimento das REGRAS DE
ENGAJAMENTO;
d) a sincronização de todos os movimentos;
e) a firmeza de atitudes, determinação e manutenção da iniciativa; e
f) a manutenção da serenidade diante de provocações.
A ação da tropa em terra deverá estar coordenada com a utilização dos
helicópteros.
O movimento da tropa deverá, sempre que possível, buscar separar os
segmentos radicais do restante da população, dispensando tratamento diferenciado
aos dois segmentos.
O término da operação estará caracterizado pelo restabelecimento da lei e da
ordem.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 26 de 130)


CAPÍTULO II
PATRULHAMENTO OSTENSIVO

1. TIPOS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

1.1. Generalidades

O Patrulhamento Ostensivo define-se por atividades móveis ou estáticas de


observação, fiscalização, proteção e identificação, com a finalidade de inibir a ação dos
APOP. Os elementos que realizam o Patrulhamento Ostensivo deverão receber
treinamento específico relacionado às técnicas, táticas e procedimentos de:
- Progressão;
- Identificação;
- Abordagem, revista, algemamento e condução de detidos;
- Atendimento de ocorrência;
- Escolta;
- Posto de bloqueio e controle de estradas (PBCE) e vias urbanas (PBCVU);
- Posto de segurança estático (PSE) e ponto forte.
Isto se deve ao fato de que a atividade de Patrulhamento Ostensivo pode
rapidamente se transformar em uma Operação de Controle de Distúrbio, ou um
Gerenciamento de Crise, ou uma Ação Tática, por estar em contato direto com a
população de uma área. Por esta razão, os militares devem ter um conhecimento
mínimo das diversas Operações de GLO, para manter a situação sob controle até a
chegada de uma tropa especializada, e equipada especificamente, para determinado
tipo de operação.

1.2. Tipos de Patrulhamento Ostensivo

O Patrulhamento Ostensivo pode ser a Pé, Motorizado (em Viatura ou em


Motocicleta) ou a Cavalo.

a. Patrulhamento a Pé
Em uma equipe de Patrulhamento Ostensivo a pé, o efetivo mínimo a ser
empregado será de 09 (nove) militares, correspondente à unidade de manobra valor
Grupo de Combate (GC). O Cmt GC tem a prerrogativa de utilizar suas peças de
manobra, as esquadras, separadamente em becos e vielas, mas sempre mantendo as
duas próximas, com a possibilidade de apoio mútuo. Deverá ser realizado:
- nas áreas urbanas em zonas residenciais de elevada densidade
demográfica;
- zonas de concentração comercial, logradouros públicos;
- onde o trânsito de veículos é proibido ou impossibilitado, e predomina a
circulação de pedestres.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 27 de 130)


Neste tipo de patrulhamento cresce de importância a comunicação entre os Cmt
GC e o Cmt Pel, e com o Escalão Superior, pois as operações são muito
descentralizadas e deve ser possível, a qualquer momento, o pedido de reforço.

b. Patrulhamento Motorizado

1) Patrulhamento Motorizado em Viatura


O efetivo embarcado é variável, de acordo com o tipo de viatura, sendo no
mínimo de 01 Grupo de Combate. O emprego ideal é de duas viaturas, uma para cada
esquadra. Entretanto, devido à disponibilidade e características das mesmas, o
patrulhamento pode ser feito com uma viatura apenas, porém não se deve diminuir o
mínimo: uma das esquadras do GC deve ser empregada a pé, na mesma área de
patrulhamento, para apoio mútuo. Durante a realização, a viatura deverá estar em
baixa velocidade, obedecendo às regras de trânsito durante o tráfego e o
estacionamento, empregando procedimentos especiais quando da perseguição, se for
o caso. A sirene deverá ser utilizada somente em casos de emergência.
O patrulhamento motorizado deverá ser realizado:
- Em áreas urbanas que sejam muito extensas para o patrulhamento a pé;
- Ampliando o raio de atuação do patrulhamento a pé;
- Como pronta-resposta ao atendimento de ocorrências;
- Como reforço para o patrulhamento a pé.

FIG. 4-1 DISPOSITIVO DO PATRULHAMENTO MOTORIZADO

2) Patrulhamento Motorizado em Motocicleta


Este patrulhamento deve ser realizado por um Pelotão de Motociclistas, cujo
efetivo pode ser variável, dependendo da quantidade de militares aptos para realizar
esta tarefa (lembrando que muitas Unidades não dispõe de um Pelotão de
Reconhecimento). Esta tropa terá os seguintes objetivos:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 28 de 130)


- Patrulhar áreas extensas, porém restritas ao movimento de viaturas;
- Ficar em condições de reforçar as tropas que estão patrulhando, colocando
rapidamente um grande efetivo na área.
Quanto à quantidade de homens por motocicleta, é valido observar que motos
com um homem só tem mais possibilidade de alcançar infratores em motos, durante
perseguições. Por isso, em algumas situações a fração pode estar mista: deve haver
03 motos com apenas um militar (para que, em caso de perseguição, possam realizar
uma abordagem enquanto o restante da tropa se aproxima) e o resto do pelotão com
dois homens por moto.
Vale ressaltar que os militares devem estar usando capacete para moto, e não o
capacete balístico, para evitar acidentes. Entretanto já existem disponíveis no mercado
capacetes com proteção balística e proteção jugular.

2. PRESCRIÇÕES DIVERSAS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

A presença das equipes de patrulhamento deve ser um elemento desencorajador


para um grupo de indivíduos, ou indivíduo que tenham em mente a perpetração de
ilícito penal ou mesmo de um ato antissocial.
Devido ao contato constante com a população civil, torna-se muito importante a
postura da tropa e o trato com os cidadãos, respeitando os costumes locais.

a) Percepção:
O militar deve tomar uma postura observadora e estar atento a tudo que ocorra a
seu redor, tendo a sensibilidade de detectar a diferença de comportamento de
indivíduos e eventuais mudanças de procedimentos das pessoas, características
típicas de que ali há algo para ser verificado, atuando com oportunidade e eficiência.
A tropa que executa o patrulhamento ostensivo deve perceber a diferença entre o
cidadão honesto e o APOP, empregando adequadamente os meios disponíveis,
mantendo o respeito e a confiança da população. A sua percepção deve estar
fundamentada em três indagações:
1) O que ver?
Toda a tropa deve ir para o Pa Ost ciente do que está procurando. Sejam
elementos suspeitos de um ―carômetro‖ ou carros roubados, os militares devem estar
com algum objetivo a alcançar. Caso contrário, ficarão andando a esmo, sem a atenção
devida. Uma grande preocupação deve estar em observar os olhos e as mãos: os
olhos denotam a intenção de um suspeito e as mãos demonstram a capacidade.
2) Quando atuar?
Os comandantes de fração devem saber avaliar situações em que a tropa
deve se abster de agir. Turbas muito grandes, desproporcionais à capacidade da
fração são um exemplo de casos em que a tropa deve pedir reforço antes de agir.
3) Como atuar?
Os militares envolvidos no Pa Ost devem saber como tratar tanto a
população como os APOP em situações diferentes. Isso irá variar de acordo com a
reação do cidadão abordado e com a situação tática enfrentada pela tropa (uma

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 29 de 130)


abordagem a um suspeito numa área amarela terá um rigor diferente de numa área
vermelha, onde a segurança da tropa está em risco).

b) Situações suspeitas:
1) Indivíduos que, ao verem a equipe de patrulhamento ostensivo, alteram o
comportamento, disfarçando, ou mudando de rumo, ou largando algum objeto, ou
saindo correndo, ou demonstrando, de alguma forma, preocupação com a presença da
tropa;
2) Pessoas aflitas ou nervosas, sem motivo aparente, ou adultos segurando
crianças que choram, pedindo o pai ou a mãe (pode ser sequestro). Crianças pequenas
vagando em lugares públicos ou ermos podem estar perdidas;
3) Indivíduo cansado, suado por correr, sujo de lama ou sangue (pode estar
fugindo da polícia ou do local do crime);
4) Indivíduo parado ou veículo parado por muito tempo, próximo a
estabelecimento de ensino (pode ser um traficante). Vendedores ambulantes (carrinhos
de pipocas, sorvete, etc.) também deve ser objeto de atenção;
5) Indivíduo carregando sacos ou objetos (eletrodomésticos, picareta, pé-de-
cabra, macaco de automóvel) pode ser "arrombador" que já agiu ou vai agir. Indivíduo
nas praias, em atitude suspeita, junto a objetos deixados por banhistas;
6) Indivíduo com odor característico de tóxico (pode ser viciado ou
traficante);
7) Indivíduo parado muito tempo nas proximidades de estabelecimento
comercial ou bancário (pode estar esperando a hora de agir);
8) Indivíduo agachado, dentro ou ao lado do veículo parado ou estacionado
(pode estar se escondendo, fazendo ligação direta ou roubando toca-fitas, etc.);
9) Grupo de pessoas paradas em local ermo ou mal iluminado ou de má
frequência;
10) Indivíduo ou veículo que passa várias vezes pelo mesmo local (pode ser
um APOP esperando a hora de agir);
11) Indivíduo ou veículo que foge à aproximação da equipe (pode ser um
APOP em fuga);
12) Estabelecimento comercial com a porta semi fechada (pode estar
havendo um ilícito penal no seu interior);
13) Janelas ou portas abertas em residências ou estabelecimento comercial,
especialmente no período noturno;
14) Ocupantes de um veículo cujas aparências estão em desacordo com o
tipo de veículo (podem ser APOP em carro roubado);
15) Veículo que passa em alta velocidade, com ocupantes apavorados ou
empunhando armas;
16) Carro estacionado, com motorista no volante ou outras pessoas dentro,
parado há muito tempo no mesmo local (podem ser APOP, esperando a hora de agir);
17) Veículo parado, mal estacionado, com as luzes acesas, portas abertas,
chaves no contato (pode ser carro roubado ou ocupado por APOP em fuga ou
cometendo ilícito penal por perto);
18) Veículo em movimento que procure chamar a atenção da equipe de
patrulhamento através de sinais, como luz, buzina, freadas, etc. (alguém pode estar
precisando de ajuda);

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 30 de 130)


19) Ruídos que quebrem a rotina, como gritos, explosões, disparos de arma
de fogo, etc. (alguém pode estar precisando de ajuda);
20) Veículo velho com placa nova, veículo com placa dianteira diferente da
traseira, veículo com lataria amassada ou vidros estilhaçados, veículo com marcas de
tiro na lataria (pode ser carro roubado);
21) Indivíduo estranho, muito atencioso e carinhoso com crianças nas ruas.
Nota: vivenciando uma situação suspeita, em princípio, a equipe de
patrulhamento só deve atuar se estiver com superioridade numérica ou de poder de
fogo de acordo com as regras de engajamento. Não preenchendo essas duas
condições, deverá solicitar reforço.

c) Armamento e Equipamento
Devido às peculiaridades das Op GLO, a dotação de armamento do Pelotão deve
ser modificada, assumindo a seguinte configuração:

Cmt Pel Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108


Adj Pel Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108
ROp Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108
At MAG Cal 12, Pst, 24X AM403/P, GL 307, GL 310
Aux MAG Fz, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108 MAX
Cmt GC Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108
Cb Esq Fz, AM 600, 6x GL 203 L, 6x AM 404, GL 108 MAX, 2x GL 300T
E1 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, 2x GL 307, GL 300T, GL 108 MAX
E2 Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108
A1 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, GL 307, GL 310
Cb Esq Fz, AM 600, 6x GL 203 L, 6x AM 404, GL 108 MAX, 2x GL 300T
E3 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, 2x GL 307, GL 300T, GL 108 MAX
E4 Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108
A2 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, GL 307, GL 310

Com relação ao equipamento, torna-se importante que os militares possuam os


seguintes materiais, individualmente:
- Colete balístico modular: o militar deve conduzir um colete balístico cuja
proteção seja condizente com os armamentos portados pelos APOP da área a ser
patrulhada (ver capítulo sobre Balística). Além disso, este equipamento deve ser
modular, pois permite uma melhor adaptação à particularidade anatômica de cada
indivíduo. Isso é extremamente importante, haja vista a posição dos acessórios, sejam
porta-carregadores de fuzil, pistola, porta-munições de Cal 12 e porta-granadas ou
porta-rádio e porta-algema. O militar deve treinar com o mesmo equipamento que
levará em sua missão, de modo que possa adquirir a memória muscular do
posicionamento de cada item em seu fardo aberto.
- Bandoleira: a bandoleira usada em operações deve permitir que o militar
mantenha seu fuzil preso ao corpo tendo as mãos vazias (para carregar algo/alguém,
manipular objetos ou transpor obstáculos) e liberdade ampla de movimentos de modo
que seja possível transpor muros, subir em lajes ou telhados. Um tipo de bandoleira
recomendável é a chamada ―3 pontas‖, porém as bandoleiras mais simples (tipo
correia) podem ser ajustadas conforme será mostrado na parte de Técnica de
Posicionamento.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 31 de 130)


- Luvas táticas: há diversos modelos de luvas táticas que podem ser usadas
para operações em ambiente urbano, mas algumas características não podem faltar
neste item, como palma da mão reforçada (para proteger as mãos durante a
transposição de muros e para executar rapel); proteção dos dedos inteiros; falange dos
dedos indicador, médio e polegar com tecido mais fino (que não anule a sensibilidade
do tato).
- Lanterna tática: as lanternas são muito úteis em operações noturnas, bem
como em operações diurnas, quando torna-se necessário entrar em cômodos mal-
iluminados. Ela cumpre a dupla finalidade de iluminar objetos e ambientes e de cegar,
temporariamente, os APOP, diminuindo sua capacidade de reagir contra a tropa.
Algumas características se tornam importantes quanto a essas lanternas: devem ter no
mínimo 200 lumens, acionamento pela retaguarda (com sensibilidade o suficiente para
acender com um toque, apagando em seguida, sem precisar de um segundo
acionamento) e ser robusta (à prova de água e impacto).
Há outros dois equipamentos que a tropa em Pa Ost deve possuir, no mínimo, por
esquadra:
- Algemas ou lacres: sobre as algemas, deve-se apenas atestar a qualidade da
ligação entre as duas, de modo que não sejam rompíveis por um indivíduo muito forte.
Com relação aos lacres, devem ser largos e compridos, em modelos feitos para
imobilizar pessoas ou preparados previamente em argolas entrelaçadas para facilitar a
algemação.
- Câmera de capacete: recomenda-se que haja uma por esquadra porque estas
poderão realizar abordagens sem o resto do GC, caso tenha capacidade para tal. Isso
se deve ao fato de que as câmeras de capacete da tropa permitem o registro das
ocorrências sem que nenhum militar precise abrir mão da segurança para filmar.
Devem ser câmeras robustas (à prova de água e impacto), preferencialmente sem fio,
e é interessante que estejam com o Cb Esq, pois como comandante da fração, estará
preocupado em sempre olhar o principal incidente da ocorrência. Desta maneira as
partes mais críticas serão sempre registradas. Este registro é muito útil em dois
aspectos: traz mais detalhes de informação do que um relatório escrito e garante a
versão da tropa, caso a ocorrência provoque algum processo na Justiça.

3. PATRULHAS EM GLO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

As ações de Garantia da Lei e da Ordem abrangem o emprego da F Ter em


variados tipos de operações e atividades em face das diversas formas com que as
APOP podem se apresentar. As patrulhas em GLO são classificadas da seguinte
forma:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 32 de 130)


Patrulhas de Combate Patrulhas de Patrulhamento
Reconhecimento Ostensivo
-Oportunidade; -Ponto; -A Pé;
-Captura; -Área; -Motorizado com Viatura;
-Interdição; -Itinerário; -Motorizado com
-Suprimento; -Vigilância; Motocicleta;
-Segurança; -Força. -A Cavalo.
-Resgate.

A organização das patrulhas em GLO deve seguir as previstas no Manual de


Patrulhas (C 21-75), adaptando-se algumas funções para a realidade destas, onde os
direitos civis dos cidadãos estariam mantidos.

FIGURA 02 – ORGANOGRAMA GENÉRICO DE PATRULHA

FIGURA 03 – ORGANOGRAMA DE UM PATRULHAMENTO OSTENSIVO

4. INTERROGATÓRIO PRELIMINAR

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 33 de 130)


Consiste em uma técnica utilizada para quebrar histórias de cobertura mal
preparadas, buscando levar elementos suspeitos à contradição logo no primeiro
contato com a tropa. Fundamenta-se em dois procedimentos básicos:
- Perguntas abertas, simples e rápidas;
- Repetição de perguntas anteriores de forma alternada, com ligeira modificação.
As perguntas abertas servem para evitar respostas simplistas como “sim” ou
“não”. Elas devem ser simples como “para onde você está indo?”, ou “com quem você
mora?”, pois perguntas muito complexas justificam uma demora em responder, o que
pode dar o tempo necessário para elaborar uma história cobertura. Elas devem ser
desencadeadas rapidamente, uma seguida da outra, de modo a não dar ao suspeito o
tempo para pensar em uma resposta.
Sobre a repetição de perguntas anteriores de forma alternada, é com a finalidade
de induzir o suspeito a tentar criar, rapidamente, outra resposta, diferente, para a
mesma pergunta, caindo em contradição. Deve-se intercalar uma mesma pergunta
com, no mínimo, outras duas, pois a proximidade pequena entre perguntas repetidas
pode facilitar que a mesma resposta seja falada.

5. TÉCNICAS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

As técnicas de progressão, observação e transposição necessárias para o


combate em ambiente urbano requerem uma preparação específica, a qual se
diferencia das técnicas utilizadas em outros tipos de terreno.

5.1. Progressão

Para reduzir a exposição ao fogo inimigo, o militar deve evitar expor sua silhueta e
progredir o mínimo possível em áreas abertas, para isso, deve escolher a posição
coberta mais próxima antes de progredir e deve levar em consideração um encontro
fortuito com o APOP.
Áreas abertas como ruas e praças são zonas de matar naturais, pois são de fácil
visualização dos APOP. Por isso a progressão em ambientes urbanos deve ser,
preferencialmente, executada procurando sempre ficar próximo a algum anteparo
(paredes e muros de casas e edifícios), procurando abrigo atrás de postes, carros,
escadas de alvenarias, etc.
O militar deve dominar e executar com perfeição todas as técnicas de progressão
aprendidas na Instrução Individual Básica, sabendo avaliar qual delas melhor se aplica
a cada situação, fazendo um judicioso estudo do inimigo, terreno e condições de
observação.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 34 de 130)


FOTO 01- 02 – PROGRESSÃO UTILIZANDO ÁRVORES, POSTES E MUROS

a) Empunhadura do Armamento
Diferente da empunhadura convencional, ela visa a prática do Tiro de Ação
Reflexa, predominando a velocidade, em detrimento da precisão do disparo.

EMPUNHADURA
- Mão forte empunha o Armt pelo punho;
- Dedo indicador fora do gatilho, apoiado na
armação;
- Mão fraca posicionada na junção do
carregador com a armação e as placas do
guarda mão;
- Indicador da mão fraca pode ou não estar
paralelo ao cano;
- Polegar por trás da alavanca de manejo;
- Cotovelos devem estar sob a arma, colados
ao corpo, oferecendo um maior apoio ao
atirador e diminuindo sua silhueta.
Importante: manter sempre o dedo fora do
gatilho.
FOTO 03 – EMPUNHADURA DO FUZIL

b) Posições de Pronto
Descrevem a maneira como o militar deve conduzir e utilizar o armamento no
momento do disparo, adequando-se às cobertas e abrigos disponíveis, de acordo com
as características do terreno. Existem três posições básicas:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 35 de 130)


PRONTO 1

- Tronco levemente inclinado para frente;


- Joelhos levemente flexionados;
- Arma voltada para frente e apontada para o solo;
- Pés afastados aproximadamente na largura dos
ombros e voltados para frente;
- Cabeça levantada, com dois olhos abertos e
observando o setor em 180º.

FOTO 04 – POSIÇÃO DE PRONTO 1

PRONTO 2

- Posição do corpo, pés e cabeça são as mesmas da


posição de PRONTO 3;
- Posição intermediária entre a posição de PRONTO 3
e PRONTO 1;
- Arma levantada, voltada para frente sem estar na
altura dos olhos.

FOTO 05 – POSIÇÃO DE PRONTO 2

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 36 de 130)


PRONTO 3

- Para rápido engajamento do alvo a curtas distâncias,


máximo 20 metros;
- Deve ser tomada somente no momento da execução
do tiro;
- O Armt é levado até a altura dos olhos;
- Cabeça permanece erguida sobre a coronha do Armt
com os dois olhos abertos;
- Foco na massa de mira;
- Massa de mira no centro do alvo.

FOTO 06 – POSIÇÃO DE PRONTO 3

c) Cobertas e Abrigos
Ao ocupar um abrigo, o militar deve, sempre que possível, tomar sua posição de
tiro observando pela lateral do mesmo, da posição mais baixa que ele puder.
Os militares, sejam destros ou canhotos, devem ser treinados para adaptar-se a cada
situação, sendo capazes de empregar seu Armt fazendo uma empunhadura trocada, se
necessário. Isso evitará sua exposição ao ocupar um abrigo.

FOTO 07 OCUPAÇÃO CORRETA DE ABRIGO FOTO 08 - OCUPAÇÃO INCORRETA


DE ABRIGO

d) Lanço
Antes de progredir para outra posição, o combatente deve fazer um
reconhecimento visual e selecionar a posição com melhor abrigo ou coberta. Ao
mesmo tempo, deve escolher o itinerário que o levará a conseguir atingir aquela
posição, fazendo o Estudo do Lanço.
- PARA ONDE VOU?
- POR ONDE VOU?
- COMO VOU?
- QUANDO VOU?

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 37 de 130)


O lanço deve ser rápido, curto, e sempre coordenado com uma base de fogos.

e) Posicionamento

POSIÇÃO DE
COMBATE

- Maior velocidade de
deslocamento e de mudança de
direção;
- Aumento da proteção
balística;
- Possibilita tiro em movimento;
- Maior controle da arma.

FOTO 09 – POSIÇÃO DE COMBATE

POSIÇÃO DE JOELHO ALTO

- Maior estabilidade;
- Maior controle da arma;
- Maior velocidade nos
deslocamentos e mudanças de
direção;
- Possibilidade de apoio de fogo.

FOTO 10 – POSIÇÃO DE JOELHO ALTO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 38 de 130)


TORRE / ALTO-BAIXO

FOTO 11-12 – POSIÇÃO TORRE COM 2 OU 3 HOMENS

Posição que permite ao grupo de combate maior poder de fogo na mesma direção
ou em direções distintas. Esta posição aumenta a segurança do grupo com relação às
ameaças frontais e permite ainda que sejam batidas ameaças imediatas, inclusive as
tridimensionais, que no caso das Operações de Garantia da Lei e da Ordem, consistem
em lajes, janelas, etc.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 39 de 130)


CRUZADA

FOTO 13-14 – TOMADA DE ÂNGULO CRUZADA, TEMPO 1 E 2

Tomada de ângulo conjunta em direções opostas, onde o militar da esquerda


realiza o fatiamento do lado direito e o militar da direita realiza o fatiamento do lado
esquerdo, um estando de pé e o outro abaixado. Terminado o fatiamento, os militares
se cruzam para tomar totalmente o ângulo. Ex: saída de vielas, vias em T, etc.

- Após o fatiamento os militares se


cruzam e assumem os ângulos
fatiados.
- O militar abaixado deverá tomar
cuidado para não cruzar na frente
do fuzil do companheiro que se
encontra de pé.
- É aconselhável que o fuzil esteja
apoiado no ombro do lado mais
próximo à tomada de ângulo, a fim
de diminuir a exposição do militar.

FOTO 15 – TOMADA DE ÂNGULO CRUZADA, TEMPO 3

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 40 de 130)


SIAMESA

- Os militares realizam todo o fatiamento com as costas


coladas;
- Em seguida assumem os ângulos que cada um fatiou;
- É aconselhável que o fuzil esteja apoiado no ombro
do lado mais próximo a tomada de ângulo, a fim de
diminuir a exposição do militar.

FOTO 16 -17-18 – TOMADA DE ÂNGULO SIAMESA, TEMPOS 1, 2 E 3

Tomada de ângulo conjunta em direções opostas, onde os militares realizam o


fatiamento simultaneamente juntando suas costas como se estivessem colados.
Terminado o fatiamento os militares tomam totalmente o ângulo, cada um do lado em
que realizou o fatiamento. Ex: saída de vielas, vias em T, etc.
Em caso de cruzamentos, pode ser realizada com 3 militares, o terceiro homem
atrás dos dois, fazendo segurança para frente e tomando o cuidado para não expor o
cano do armamento precocemente.

f) Áreas Críticas
1) Travessia de áreas abertas
Para atravessar uma área aberta, como ruas, praças, campo de futebol, etc, o
militar deve escolher um itinerário que contorne essas áreas e se deslocar próximo às
construções. Caso seja inevitável atravessar a área, devem ser executados lanços
rápidos, um militar por vez, reduzindo-se o tempo de exposição, e coberto pelos fogos
do restante da patrulha. Granadas de mão fumígenas podem ser usados para ocultar a
progressão.

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FIGURA 01 – TRAVESSIA DE ÁREAS ABERTAS COM CORTINA DE FUMAÇA

2) Passagem por portas e janelas


A progressão ao lado de portas e janelas acarreta perigo, em virtude de ser
comum o erro de exposição, ocasionando o risco de ser alvejado por um atirador
inimigo que esteja dentro de uma construção.
Para ultrapassar uma porta ou janela podemos utilizar as seguintes técnicas:
a. Varredura dinâmica:
Esta técnica permite que um cômodo seja observado por apenas um militar,
realizando um movimento circular, na direção que lhe permita vasculhar todo o
compartimento;

VARREDURA DINÂMICA
EM PORTA/JANELA

- O militar deve realizar uma


tomada de ângulo na porta/janela;
- Após a varredura, o militar
mantém sua posição observando a
porta/janela até que toda sua fração
passe por esse ponto crítico;
- Quando todos tiverem passado, o
militar prossegue em seu
deslocamento.

FOTO 19 – VARREDURA DINÂMICA EM PORTA E PORTA

b. Passagem abaixo do nível da janela:


O militar deve manter-se em uma posição abaixo do nível da janela, que não
exponha sua silhueta, e deslocar-se o mais rente possível à parede da construção. Um
atirador inimigo de dentro da edificação terá dificuldade ao tentar alvejar o combatente,
além de se expor aos fogos que cobrem a sua progressão.

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FOTO 20-21 - MILITAR SE MOVENDO ABAIXO DO NÍVEL DA JANELA

Quando passar por janelas de porão, o combatente não deve caminhar ou


andar. Nessa situação, o procedimento correto é ficar próximo à parede e executar um
salto além da janela, evitando a exposição de suas pernas.

FIGURA 02 - MILITAR REALIZANDO UM SALTO PARA ULTRAPASSAR UMA


JANELA DE PORÃO

3) Saída por portas e janelas


Caso existam construções abertas e abandonadas no trajeto do deslocamento, os
militares poderão progredir utilizando a parte interna destas construções e, ao sair ou
entrar nelas, deve atentar para:
- escolher uma posição coberta fora da construção;
- mover-se rapidamente;
- diminuir sua silhueta; e
- estar coberto por fogos.

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FIGURA 03 – SAÍDA DE PORTAS E JANELAS

5.2. Observação

a) Olhar americano
É uma técnica que consiste em realizar observações de uma posição mais baixa.
Para isso, o observador deverá posicionar-se atrás de um anteparo e deitar-se no
chão. Com o auxílio das mãos e dos pés, ergue o seu corpo, o suficiente para deixá-lo
sem contato com o solo e o projeta em um movimento baixo e rápido.
Deve tomar cuidado ao abordar o canto do anteparo para não projetar sombra ou
partes do seu corpo ou equipamento, antes de executar a técnica.
A observação deverá ser rápida e eficiente, pois uma demora poderá denunciar a
posição de quem observa. O armamento deverá estar à tiracolo, e a silhueta do
combatente não deverá ser projetada além do anteparo, para não denunciar a sua
posição.

FOTO 22-23 – OLHAR AMERICANO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 44 de 130)


b) Olhar israelense
É outra técnica que visa minimizar a exposição durante ato de observar. Uma vez
posicionado atrás de um anteparo, o observador não deverá realizar duas observações
de uma mesma posição.
Para que isso não ocorra, uma vez realizada a primeira observação, o
combatente deverá escolher um local diferente do anterior, sem que seja necessário
trocar de anteparo, bastando para isso, modificar a altura de onde irá observar.

FOTO 24-25 – OLHAR ISRAELENSE

c) Fatiamento
É uma técnica de observação utilizada quando o inimigo está próximo do atirador
e o contato é iminente. Com o fuzil na posição de “PRONTO 1”, o militar deverá
apontar a sua arma para a quina do canto, através do qual deseja observar.
Essa quina servirá de eixo sobre o qual o observador deverá realizar um
movimento lento e circular, de forma que possa observar à frente de maneira gradativa,
até visar o lado oposto do recinto.
O observador deverá inclinar seu tronco na direção em que realizará seu
deslocamento, evitando que seus pés fiquem expostos, para observar o inimigo sem
que este o observe. Em seguida, avançará e atirará sobre o mesmo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 45 de 130)


FIGURA 04 – FATIAMENTO

FOTO 26-27-28 – FATIAMENTO

É importante frisar que o militar deve trocar o armamento de ombro, caso precise
realizar o fatiamento em outro sentido, para não expor seu cotovelo ou ombro antes do
cano do armamento.

d) Tomada de ângulo
Outra técnica de observação, mais ofensiva que o fatiamento, é a tomada de
ângulo. O militar deve aproximar seu pé oposto ao lado do ângulo que irá ganhar o
máximo possível da esquina, sem denunciar sua posição. A seguir, deverá inclinar seu
corpo rapidamente, com o peso apoiado neste pé que está à frente, girando em torno
da quina, tomando todo o ângulo da sua frente e o da via que quer ganhar.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 46 de 130)


FOTO 29 – TOMADA DE ÂNGULO

Também nesta técnica o militar deve trocar o armamento de ombro, caso precise
realizar o fatiamento em outro sentido, para não expor seu cotovelo ou ombro antes do
cano do armamento.

e) Observação com espelho

- Possibilita a observação sem que


haja necessidade de exposição da
silhueta ao fogo inimigo;

- Deve tomar cuidado para não


revelar sua posição, projetando sua
sombra ou partes do seu corpo ou
equipamento.

FOTO 30 – OBSERVAÇÃO COM ESPELHO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 47 de 130)


5.3. Transposição de obstáculos

a) Escadas
O uso de escadas é o método mais rápido para obter acesso aos níveis
superiores de uma construção. As unidades podem obter escadas com a população
civil do local, em lojas, ou obter material para construir uma escada através da cadeia
de suprimento. Uma escada pode ser improvisada com a utilização de madeira retirada
de escombros, mas deve ser considerado o tempo para a montagem de uma escada.
Existem também modelos de escadas táticas, que são portáteis.

Apesar das escadas não permitirem o


acesso ao topo de alguns edifícios,
oferecem segurança, proteção e
velocidade para alcançar os níveis
intermediários.

FOTO 31 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO COM ESCADA

b) Fateixa
O gancho deve ser resistente, portátil, facilmente lançado e equipado com garras
que possam prender-se a uma janela ou ressalto. A corda deve ter de 1,5 a 2,5 cm de
diâmetro e comprimento suficiente para alcançar a janela ou objetivo. Cordas
fradeadas facilitam a escalada da parede ou muro. O militar deve seguir os seguintes
procedimentos para o lançamento:
- ao lançar o gancho, fique o mais próximo do edifício. Quanto mais perto você
ficar, menor será a exposição aos fogos inimigo e menor será a distância horizontal que
o gancho deverá percorrer.
- calculando-se que há corda suficiente para atingir o objetivo, segure o gancho e
algumas voltas de corda na mão que irá lançar. O restante da corda deve estar solto,
na outra mão, para permitir que a corda corra livremente. O lançamento do gancho
deve ser feito para cima, com a outra mão soltando a corda.
- uma vez que o gancho está dentro da janela (ou no teto), puxe a corda para ter
certeza que está bem presa, antes de começar a subir. Ao usar uma janela, puxe o
gancho para um canto, para garantir as chances de estar bem segura e para reduzir a
exposição às janelas inferiores durante a escalada.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 48 de 130)


A fateixa deve ser usada apenas como
um último recurso e longe de posições
inimigas em potencial. Este método pode
ser mais bem utilizado em edifícios
adjacentes, que ofereçam locais
cobertos, ou um telhado de ligação às
posições inimigas.

FOTO 32 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO COM FATEIXA

c) Transposição de muros

- Fuzil à tiracolo;
- Deitar sobre o muro de maneira a
expor o mínimo possível sua silhueta;
- Observar o outro lado;
- Rolar por cima do muro rapidamente;
e
- Caso o muro seja muito alto, deverá
se segurar como se estivesse
realizando uma barra e depois soltar o
corpo.

FOTO 33 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 49 de 130)


MURO PEQUENO

- Ao abordar o muro, verificar a


presença de inimigo do outro lado;
- Transpor o muro expondo o mínimo
possível sua silhueta.

FOTO 34 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO PEQUENO

Após transpor o muro, o militar deverá


estabelecer a segurança para que os
demais elementos também
ultrapassem o muro.

FOTO 35 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO PEQUENO

MURO MÉDIO

- O primeiro militar a abordar o muro


deve pôr seu fuzil a tiracolo e ficar de
costas para o muro com as pernas
levemente flexionadas;
- O segundo militar deve colocar seu
fuzil a tiracolo e apoiar-se no primeiro
para subir;
- Verificar a presença de inimigo do
outro lado;
- Transpor o muro expondo o mínimo
possível sua silhueta.
FOTO 36 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO MÉDIO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 50 de 130)


- Após transpor o muro médio, o militar
deverá estabelecer a segurança para
que os demais elementos também
ultrapassem;

- O penúltimo militar deve ficar em


cima do muro para auxiliar a
transposição do último do grupo.

FOTO 37 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO MÉDIO

MURO INDUSTRIAL (PIRÂMIDE HUMANA)

FOTO 38-39 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO INDUSTRIAL, COM A TÉCNICA DA


PIRÂMIDE HUMANA

Esta técnica deve ser usada quando não for possível desbordar o muro, ou para
surpreender a Força Adversa, infiltrando em locais de difícil acesso. Para ser
corretamente executada requer adestramento e bom condicionamento físico. O efetivo
mínimo para realizá-la com segurança é de 01 GC.
Os militares da base devem ser os mais altos e mais pesados. A base pode estar
de frente ou de costas para o muro, apoiando as costas ou os antebraços,
respectivamente. O segundo andar da pirâmide deve ser composto por militares de
porte mediano, e irá ficar de costas para o muro, procurando o equilíbrio. A ponta da
pirâmide será composta pelo militar mais leve do grupamento.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 51 de 130)


Este militar mais leve deverá escalar a pirâmide (com ou sem o auxílio de outros)
e será levantado pelo “segundo andar” da pirâmide, até que alcance o muro. Quando já
estiver deitado em cima do muro, ele deve receber uma fateixa e encaixá-la no muro,
para que o resto da tropa possa transpor escalando a corda.

6. TÁTICAS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

As Táticas de Patrulhamento Ostensivo devem ser entendidas como a aplicação


das técnicas por uma fração, em um dado ambiente operacional. Portanto, cada uma
delas é adequada para um tipo de situação e os comandantes das frações devem
entender sua finalidade e seu emprego correto.

a. Classificação de áreas

FIGURA 01 – CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS

Em áreas verdes, o deslocamento pode ser normal, sem muita preocupação com
ações surpresas. Neste tipo de área, o patrulhamento é mais um efeito presença,
visando a prevenção de atos ilícitos.
Em áreas amarelas, o deslocamento deve ser feito com segurança, atentando em
todas as direções. Alguns lanços podem ser executados para uma maior segurança. É
uma área de transição, que pode se tornar vermelha a qualquer momento; portanto, a
atenção deve ser redobrada.
Em áreas vermelhas, conduzir o armamento em condições de pronto-emprego
(recomendável que esteja carregado). O deslocamento deve ser cauteloso, pois o
contato com o APOP é iminente e a qualquer momento a tropa pode se ver sob fogos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 52 de 130)


b. Tipos de progressão

a) Contínua
É normalmente utilizada em Áreas Verdes, dividindo-se o GC em duplas de
patrulhamento, que mantém uma pequena distância umas das outras.

FIGURA 02 – PROGRESSÃO CONTÍNUA

A principal preocupação do Cmt de fração nesse tipo de progressão é evitar que


os homens se distanciem demais uns dos outros, ou que se agrupem demais e
comecem a dispersar sua atenção.

b) Esteira
Deve ser usada em Áreas Vermelhas, quando a velocidade é prioritária à
segurança e quando há proteção dos muros, como em becos, ruas estreitas e ruas
com ameaça unilateral.

FOTO 01-02 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 53 de 130)


Trata-se de um tipo de progressão que é mais rápido e menos desgastante que a
Ponto a Ponto, mas que só deve ser usada nas situações citadas acima. O efetivo ideal
para esta progressão é de um GC (9 homens). Com uma Esquadra (4 homens) é
inviável, conforme será mostrado abaixo.

FIGURA 03 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA

Nessa progressão a tropa se desloca em “coluna por 1”, encostada na parede que
oferecer abrigo contra a ameaça. Os militares que se encontram no meio do
grupamento devem procurar fazer segurança para as laterais e para ameaças em lajes
e janelas. O militar que estiver à frente da coluna – normalmente um dos
Esclarecedores do GC -, é quem dita a velocidade do deslocamento e o itinerário a ser
seguido.
Toda vez que houver um beco, ou uma porta, oferecendo risco à progressão da
tropa, o Esclarecedor deve verificar se este local está em segurança e manter-se nesta
posição até a passagem de todos os militares por este ponto crítico. Enquanto o
Esclarecedor realiza esta atividade através das técnicas de fatiamento ou de olhada, o
outro militar que estiver atrás dele deve fazer a segurança para a frente (direção de
deslocamento) e, em seguida, assumir a frente do dispositivo.

FOTO 03 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA

Durante toda a progressão, o último homem da coluna – normalmente um dos


Esclarecedores da esquadra que estiver atrás -, deve fazer a segurança no sentido

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 54 de 130)


oposto ao deslocamento da tropa. Ele deve parar antes dos pontos críticos (becos,
portas, janelas) e aguardar sua substituição, fazendo a segurança para trás.
Após a passagem de um ponto crítico, o último militar que estiver na esteira deve
fazer a segurança para trás e chamar quem estiver fazendo a segurança para a
retaguarda, o qual realizará um lanço até ocupar uma posição no meio do grupo. Em
seguida, este mesmo militar chamará os militares que se encontram fazendo
segurança de becos e portas, do mais afastado para o mais próximo, de modo que ao
passar por um beco ou porta, estes estejam em segurança. O próprio militar que
chamou os companheiros deve ficar, a partir de então, fazendo a segurança para trás.
Quando o beco é tão estreito que impossibilita o último homem a executar um
lanço em segurança (fora da linha de visada do militar que o substituirá), ele deve ser
puxado de costas até um ponto onde este lanço seja possível.
Os Esclarecedores devem, prioritariamente, ocupar sua função à frente e à
retaguarda do dispositivo (de acordo com a disposição das esquadras). Os Atiradores,
preferencialmente, devem estar prontos para apoiar os esclarecedores na segurança à
frente e à retaguarda da esteira, e nos becos, sempre quando for necessário um maior
poder de fogo nestas posições.
Os Cabos comandantes das esquadras serão a ferramenta do 3º Sgt comandante
do GC, para ajudar o controle do grupo; ora incentivando o esclarecedor da frente para
que ande; ora voltando para a retaguarda para puxar os últimos esclarecedores. O 3º
Sgt Cmt GC deverá procurar ocupar uma posição central na esteira, de modo que
possa controlar seu pessoal e dar suas ordens, definindo itinerários e condutas.
Eventualmente, pode ser necessário que qualquer um dos componentes do GC
(inclusive seu Cmt) realize a tomada de becos ou segurança da retaguarda, ou mesmo
assuma a frente do grupo. Mas assim que possível, os Esclarecedores devem reocupar
suas posições e o Cmt GC deve ser rendido quando estiver na segurança, para poder
comandar seus homens. Os Cb, e os Atiradores, quando estiverem no meio da esteira,
devem estar fazendo segurança para cima e para as laterais, não atirando para a frente
ou retaguarda em hipótese alguma.

c) Ponto a Ponto
É uma progressão lenta e que desgasta muito a tropa. Deve ser adotada quando
a segurança tem prioridade em detrimento da velocidade e quando há poucos abrigos,
sendo necessária a execução de lanços.
Pode ser feita no nível GC ou esquadra. Os militares irão realizar lanços de um
abrigo para o outro, porém cada um só deve abandonar sua posição após a chegada
de outro militar para substituí-lo no local. Este substituto realizará o apoio de fogo para
que o militar execute seu lanço com segurança até a próxima posição abrigada.
A velocidade é ditada pelo elemento da retaguarda, uma vez que os dois últimos
militares do grupamento serão os primeiros a se movimentar. O último militar do grupo
estará sempre fazendo a segurança para a retaguarda, abandonando sua posição
apenas quando o penúltimo militar fizer sua segurança para trás e chamá-lo. O lanço
do último homem pode ser contínuo ou alternado, dependendo da distância entre os
abrigos.
Os outros elementos da fração seguirão a regra de movimentação citada acima
(cada um só executa o lanço após a chegada do substituto), acrescido o fato de que
cada militar só pede apoio para o elemento atrás de si quando tiver certeza de que o
elemento que o mesmo está apoiando já chegou ao seu abrigo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 55 de 130)


FOTO 04 - 05 – PROGRESSÃO PONTO A PONTO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 56 de 130)


CAPÍTULO III
ABORDAGEM, REVISTA, ALGEMAÇÃO

1. GENERALIDADES

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Princípios Básicos da Abordagem:


Segurança, Legalidade, Proporcionalidade e Necessidade.

b. Pacificar áreas:
A ação de aplicar a lei é precedida de preservar vidas. Preservar a integridade
física do cidadão (uso da Força – Abuso de Autoridade);

c. Indivíduo Suspeito:
É aquele cujo conjunto de características coincide com a descrição feita por
testemunhas da prática de um delito, ou mesmo aquele encontrado com arma,
instrumento ou outro objeto que possa imputar-lhe a presunção da autoria de uma
transgressão.

d. Indivíduo em Situações Suspeitas:


É aquele cujas ações e atitudes fogem a regularidade de comportamento da
maioria das pessoas, propiciando a interpretação da prática de delito ou a iminência de
praticá-lo.

e. Cidadão Infrator:
É aquele que praticou o delito e requer a intervenção.

EVITAR O RISCO NA AÇÃO


Nada é 100% garantido quando o assunto é segurança. A prevenção representa
90% da segurança, a reação 5% e a sorte 5%. Sendo assim as ações devem se
concentrar na prevenção.

2. ABORDAGEM

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Conceito de abordagem:
Abordagem é a ação do militar em aproximar-se de um cidadão, a pé, motorizado
ou montado e iniciar a interpelação para que possa, posteriormente, iniciar outras
ações como a busca pessoal, prisão, algemamento, contenção, etc.

b. Preparação para a abordagem:


-Pré-eleição: identificar, localizar e cercar;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 57 de 130)


-Identificação: analisar o comportamento, vestimentas, características físicas e as
reações dos suspeitos;
-Observação Periférica: verificar se suspeito porta arma e verificar se o local é
seguro (público em geral);
-Planejamento: avaliar o grau de risco para realizar abordagem, verificando a
necessidade ou não de empunhar uma arma (moderação);
-Abordagem: posição triângulo (evitar a exposição). Verbalização traga sempre o
suspeito em sua direção, com as mãos levantadas acima da cabeça, ou dizendo-lhe
que faça somente o que você determinar, controle a situação. (parede ou chão);

c. Níveis de abordagem
Para realizar a abordagem, vamos identificar a mesma em 3 tipos:
1) Tipo “A”
- Adotada em abordagens de trânsito, orientações ao público em geral,
assistências gerais às pessoas, etc.
- Deve-se ser utilizada ao máximo a atitude respeitosa e cordial.
- Faz parte das Relações Públicas da Operação.
- Nível de segurança 1.
2) Tipo “B”
- Adotada em casos de abordagem para verificação preventiva.
- As medidas de segurança devem ser preventivas sem necessidade de
constranger o cidadão abordado.
- Adotada em casos onde a abordagem do cidadão faz-se necessária porém
não é conhecida as intenções e/ou materiais que a pessoa esteja de posse.
- Nível de segurança 2.
3) Tipo “C”
- Necessária em caso de risco à equipe, em situações que envolvam risco
iminente aos militares que estão realizando a abordagem e/ou envolve a suspeita
confirmada dos cidadãos abordados.
- Deve-se adotar ao máximo as medidas de segurança, em casos onde não
haja a possibilidade de reação eficaz do militar somente realizar a abordagem no caso
de defesa de civis ou risco ao militar
- Priorizar a segurança.
- Nível de segurança 3.

d. Níveis de segurança
1)Nível de segurança 1:
- Armamento no coldre.
- Pode ser feita uma busca básica ( levantar a camisa com giro de 360°).
2)Nível de segurança 2:
- Armamento de porte em mãos, porém sem estar apontado para os
abordados e armamento portátil cruzado e apontado para o chão.
- Busca pessoal básica ou minuciosa.
3)Nível de segurança 3:
- Apontar o armamento em direção aos infratores/ criminosos.
- Colocar os abordados em posição de inferioridade de ações (anteparo,
joelhos).
- Busca pessoal minuciosa e/ou íntima.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 58 de 130)


e. Como fazer
- Abordar no mínimo em dupla (segurança – busca pessoal), superioridade
numérica ou de fogo (regra de engajamento);
- Posição triângulo (mais que dois militares fazem a segurança da retaguarda e
dos flancos). A aproximação não deve exceder a distancia de cinco metros;
- O militar encarregado da verbalização através de um comando de voz firme,
alto e claro, declina as seguintes palavras: “Exército, parado, não se mexa!”... “Levante
as mãos devagar acima da cabeça com as palmas das mãos voltadas para mim”;
- As armas devem estar empunhadas, em conformidade com a necessidade de
segurança da situação; depois da primeira verbalização e se houver a desobediência
por parte da pessoa abordada, insistir verbalmente para o cumprimento das
determinações legais e, rapidamente sacar o armamento, adotando o escalonamento
do uso da força.
- De forma simples e clara, deve ser determinado para que o abordado se dirija a
área de segurança, onde será realizada a busca pessoal, reduzindo ao máximo o
potencial de reação ofensiva do abordado;
- O militar determina primeiramente ao abordado para que coloque os objetos
que tenham às mãos, no chão ou em outro local mais apropriado à segurança da ação;
- O militar encarregado da busca pessoal, determina: “mãos (sobre a cabeça e
dedos entrelaçados) na nuca, fique de costas para mim, cruze os dedos, afaste os
pés”, caso haja uma parede ou muro deve-se determinar: “coloque as mãos na parede,
abra as pernas, afaste-as da parede”;
- O militar encarregado da segurança deverá posicionar-se a 90 graus em relação
ao encarregado da busca pessoal, mantendo-se a uma distância de aproximadamente
de 2,5 a 5 metros, evitando ter o parceiro em sua linha de tiro e deverá olhar
atentamente para a pessoa, chamando sempre atenção, quando desviar seu olhar, não
perdendo sua vigilância às mãos e à linha da cintura do abordado, bem como, às
imediações da área de segurança, durante toda a abordagem;
- Antes de iniciar a aproximação ao abordado a ser submetido à busca pessoal, o
militar coloca sua arma no coldre ou a tira colo, a fim de evitar que o revistado tenha
fácil acesso ao armamento.

3. REVISTA

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Fases da Busca Pessoal


- POSICIONAMENTO: Buscar um anteparo, revistado sempre de costas,
desequilibrado e de cabeça baixa;
- BUSCA DE MATERIAIS: Ascendente ou descendente, técnica do deslizamento;
- TESTEMUNHAS: selecionar corretamente as testemunhas oculares ou
presenciais auriculares e por ouvir dizer;
- AGRADECIMENTO: explicar os motivos da realização do procedimento e
agradecer a colaboração;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 59 de 130)


- DETENÇÃO E CONDUÇÃO: momento crítico da ação poderá ocorrer ou não o
algemamento.

b. Tipos de Busca Pessoal


Dentro das buscas podemos escalonar sua necessidade em 3 tipos:

1) Busca pessoal íntima


Deve ser realizada dentro de locais fechados e destinados para tal, são
realizadas em elementos com suspeita de portar material ilícito em suas vestes intimas
e ou orifícios corporais.
Há necessidade de acompanhamento médico e de apoio de equipamentos
de imagem corporal.
Deve ser retirada toda a roupa do cidadão pedir que ele agache e fazer a
revista em suas roupas.
Deve ser realizada apenas em confirmada suspeitos de haver ilícitos
transportados internamente ao corpo. Apenas em casos extremos.
Ex. individuo que engole vários “papelotes” de droga para descaracterizar a
prisão em flagrante delito; Mulher que “esconde” material em orifícios íntimos.

2) Busca pessoal minuciosa

Deve-se buscar verificar todo o material de posse do abordado incluindo


bolsos, axilas, mangas, mochilas, bolsas, etc.
- Como fazer:
- O militar segurança deve estar sempre ATENTO;
- Antes da aproximação, o militar encarregado trava seu coldre antes
de iniciar a busca pessoal pelas costas do abordado, a fim de que tenha as mãos livres
e poder de reação em caso de resistência física;
- Caso o abordado esteja fora de uma parede, segurar firmemente,
durante toda a busca pessoal, as mãos com os dedos cruzados sobre a cabeça na
nuca da pessoa a ser submetida à busca pessoal;
- Posicionar-se firmemente de forma que o lado da arma sempre seja o
mais distante da pessoa revistada, ou seja, se destro, pé esquerdo à frente, ou vice-
versa;
- Escolher primeiro o lado a ser revistado e, através de uma sequência
ascendente ou descendente, priorizar a região do tronco (peito e abdômen),
principalmente a região da cintura, para depois verificar os membros inferiores do
respectivo lado;
- Quando da verificação dos bolsos das vestes do abordado, jamais,
introduzir as mãos, pois podem conter objetos perfuro-cortantes, que venham a infectar
ou ferir o militar. Só após a constatação de que não existe nenhuma arma de posse do
abordado que se deve mandar que ele retire dos bolsos (com apenas uma das mãos)
os objetos que ali se encontram e jogue-os no solo;
- Caso seja detectado algum objeto ilícito durante a busca pessoal ou
constado flagrante delito, imediatamente: separar e colocar na posição de joelhos, as
pessoas, a fim de que seja algemada e reiniciar a busca pessoal de maneira mais
minuciosa, ou ainda se for o caso, conduzi-la ao interior da viatura;
- Relacionar os objetos ilícitos encontrados;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 60 de 130)


- Requisitar ao revistado sua identificação por meio dos seus
documentos e conferir sua autenticidade;
- Anotar seus dados pessoais;
- De posse dos dados pessoais do revistado, se ainda houver dúvidas,
ir até a viatura e através da rede rádio, solicitar ao Centro de Coordenação de
Operações que pesquise seus antecedentes criminais;
- Após a constatação do flagrante delito em relação à pessoa abordada
buscar, efetivamente, arrolar e qualificar testemunhas que possam ser devidamente
convocadas a depor a respeito dos fatos, devendo as exceções estarem plenamente
justificadas. É conveniente fazer perguntas ao revistado, tais como “você foi agredido
pelos militares?”; “Seus objetos pessoais estão todos aí?”, “Sumiu algum pertence?”;
- Após a busca pessoal, se verificado que o revistado é pessoa idônea
e que não possui antecedentes criminais, mandado de prisão expedido e tão pouco
está em posse de objetos ilícitos, explicar a finalidade da abordagem;
- Colocar-se à disposição e agradecer pela colaboração.

3) Busca pessoal básica

Pedir ao cidadão que levante a camiseta e retire tudo que possui nos bolsos,
mangas e outros que sejam julgados necessários.
Não há necessidade de colocar a pessoa em anteparos ou colocar-lhe em
posição de inferioridade.

Revista em Mulheres.

A busca em mulheres deve ser realizada preferencialmente pelo segmento


feminino da força, podendo ser realizada por qualquer mulher não necessariamente
ligada à Força, devendo a revista feita por homens apenas quando não houver
quaisquer das acima e a mulher ofereça iminente risco a segurança da tropa.
Quando por ocasião da revista pela militar do segmento feminino os militares
que não participam diretamente da segurança e revista devem ficar sem observação
direta na revista, podendo ser enquadrado como constrangimento ilegal.
Deve ser feita a revista em locais reservados.

Obs:
- O segmento da população considerado como transexuais deve ser revistado
como se mulher fosse. Podendo as mesmas ser travestidas como homem ou como
mulher;
- Artigos 180, 181 e 183 do Código de Processo Penal Militar (CPPM).

4. ALGEMAÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 61 de 130)


a. Dúvidas mais Comuns
- Integridade Física: Art. 5º da Constituição – ninguém será submetido a
tratamento degradante, e também assegura o respeito à integridade física e moral;
- O Infrator: Código e Lei de Execução Penal dispõem que o detido conserva
todos os seus direitos não atingidos pela perda de liberdade;
- Abuso de Autoridade: algemar, sem critério, viola a incolumidade do corpo do
cidadão, podendo caracterizar agressão, tortura ou tratamento degradante, mesmo
quando do ato da detenção;
- Quando Algemar? “só é licito o uso de algemas em caso de resistência e de
fundado receio de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia por parte de
preso ou de terceiros...”
- Menores: A Procuradoria Geral da Justiça, através do aviso nº 022/92 PGJ, ao
tratar da apreensão de crianças e adolescentes, instituiu no Art. 1º, §6º que o uso de
algemas não é vedado, devendo a sua utilização, justificar-se pelo desenvolvimento
físico do adolescente ou sua manifesta periculosidade.

b. Como fazer:

a. Aproximação

Após o posicionamento do capturado, infrator da lei, o militar aproxima-se da pessoa a


ser algemada, estando com seu armamento no coldre. (Figura 1 - Aproximação)

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 62 de 130)


b. Empunhadura da Algema

O militar, de posse de suas algemas com a mão-forte, deverá segurar a algema, tendo
a abertura dos elos voltada para frente. Segurar, com a mão fraca, as mãos do
capturado, estando seus dedos entrelaçados ou sobrepostos (caso o suspeito não
esteja com as mãos na parede), enquanto a mão forte inicia o ato de algemação.
(Figura 2 - Empunhadura da Algema)

c. Algemação

Pelo lado da abertura do elo inferior, colocar algema no capturado de forma que não
fique aberta em demasia, exercendo pressão do elo contra o pulso. Não se deve bater
a algema no punho do capturado, pois este ato poderá acarretar em lesão. O gancho
de fechamento deverá estar voltado para o lado em que estiver o militar. (Figura 3 -
Algemação)

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 63 de 130)


d. Posição para Algemar

Após o fechamento da algema, torcer o corpo da algema de forma a conduzir o punho


do capturado para sua região dorsal. (Figura 4 - Posição para Algemar)

e. Posição Final da Algema

Posicionar o segundo elo com o gancho de fechamento voltado para cima,


diagonalmente, para que o outro punho do capturado seja conduzido pela mão fraca do
militar e apoiado facilmente no gancho de fechamento girando em torno de si e
prendendo a algema; Verificar o grau de aperto dos ganchos de fechamento; Verificar
se as mãos do capturado estão voltadas para fora. (Figura 5 - Posição Final da
Algema)
NOTA: - Força Moderada considera-se a energia necessária para cessar uma
injusta agressão, sem abuso ou constrangimentos, objetivando a proteção do militar e o
controle do agressor.
- O STF fez a Sumula Vinculante n°11, que faz a previsão dos casos em que
se pode algemar: “só é licito o uso de algemas em caso de resistência e de
fundado receio de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia por parte
de preso ou de terceiros...”

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 64 de 130)


5. ABORDAGEM A VEÍCULOS E MOTOCICLETAS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

5.1. Abordagem a veículos

Para abordar um veículo é necessária uma preparação semelhante à abordagem


a pé. (Pré-eleição, Identificação, Observação Periférica, Planejamento, Abordagem)

a. Como fazer:
- Ordenar:
1) que o veículo seja desligado;
2) que as mãos sejam colocadas para fora pela janela;
3) que as chaves sejam colocadas no teto do veículo;
4) que retire o cinto de segurança
5) abra a porta pelo lado externo do veículo;
6) que desembarque devagar, com as mãos para cima, olhando para o
comandante;
7) que caminhe em direção à viatura, de forma controlada, com as mãos
erguidas conduzindo-o para a parte de trás do veículo;
8) que o suspeito vá para trás do veículo, ou em um local considerado
seguro, iniciar a busca preliminar e a colocação de algemas SFC.

1- Segurança, fica sempre atento a


todas as reações do motorista do
veículo ou a qualquer outro passageiro.
2- Militar que realizará a visualização
do interior do veículo e realizará a
verbalização com o motorista,
solicitando a documentação. Realiza
uma volta em torno de veículo seguindo
as setas pontilhadas, até a posição do
motorista.

Figura 06 – ABORDAGEM A VEÍCULO NÃO SUSPEITO

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 65 de 130)


1- Segurança, sua atenção será
basicamente nas ações do motorista do
veículo, porém também fica atento a
outras ações vindas do seu lado do
veículo.
2- Revistador, realiza a abordagem e
toda a verbalização com os elementos
que se encontram dentro do veículo,
pode ser o comandante.
3- Segurança, fica atento a todos as
ações vindas do interior do veículo,
priorizando os passageiros da
retaguarda.
4- Segurança, sua atenção será
basicamente nas ações do carona do
veículo, porém também fica atento a
outras ações vindas do seu lado do
veiculo.
5- Motorista, fica atento as ações vindas
do veículo e em condições de sair
rapidamente com a viatura.
Figura 07 – ABORDAGEM A VEÍCULO SUSPEITO COM VIATURA

1- Segurança, sua atenção será


basicamente nas ações do motorista do
veículo, porém também fica atento a
outras ações vindas do seu lado do
veículo.
2- Revistador, realiza a abordagem e
toda a verbalização com os elementos
que se encontram dentro do veículo,
pode ser o comandante.
3- Segurança, fica atento a todos as
ações vindas do interior do veículo,
priorizando os passageiros da
retaguarda.
4- Segurança, sua atenção será
basicamente nas ações do carona do
veículo, porém também fica atento a
outras ações vindas do seu lado do
veículo.
5- Motorista, fica atento as ações vindas
do veículo e em condições de sair
rapidamente com a viatura.
Figura 08 – ABORDAGEM A VEÍCULO INFRATOR COM UMA VIATURA

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 66 de 130)


1 - Segurança, prioriza a visualização dos veículos que se aproximam da ação pela
mão contrária do sentido da abordagem;
2 - Segurança, sua atenção será basicamente nas ações do motorista do veículo,
porém também fica atento a outras ações vindas do seu lado do veículo;
3 - Revistador, realiza a abordagem e toda a verbalização com os elementos que se
encontram dentro do veículo, pode ser o comandante;
4 - Motorista, fica atento às ações vindas do veículo e em condições de sair
rapidamente com a viatura;
5 - Segurança, fica atento a todos as ações vindas do interior do veículo, priorizando
os passageiros da retaguarda;
6 - Segurança, sua atenção será basicamente nas ações do carona do veículo, porém
também fica atento a outras ações vindas do seu lado do veículo;
7 e 8 - Seguranças, protege a retaguarda e observa a ação dos veículos que se
aproximam da ação;
9 - Motorista, protege a retaguarda e observa a ação dos veículos que se aproximam
da ação. Fica em condições de sair rapidamente com a viatura.
Figura 09 – ABORDAGEM A VEICULO INFRATOR COM DUAS VIATURAS

b. Como fazer
1) Antes do início da vistoria, perguntar se há objetos de valor, carteira,
talões de cheques, entregando-os prontamente ao condutor/proprietário, bem como,
inquiri-lo se há armas ou qualquer objeto ilícito no veículo;
2) Um dos militares permanece com o condutor/infrator a frente da porta
dianteira direita do veículo, distante aproximadamente três metros para o
acompanhamento da vistoria a ser realizada por outro militar;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 67 de 130)


3) O militar inicia a vistoria externa na seguinte ordem (sentido horário):
porta dianteira direita, lateral traseira direita, traseira, lateral traseira esquerda, porta
dianteira esquerda, capô, observando:
- avarias recentes: para verificar incidente ou não de acidente de trânsito
recente;
- se a suspensão traseira encontra-se rebaixada, dando a idéia de se ter
algum peso no porta-malas, solicitando a sua abertura pelo condutor/proprietário;
- outras peculiaridades externas como: lacre rompido da placa, contornos
irregulares das perfurações da placa, perfurações na lataria por disparos de arma de
fogo, etc.
4) Após isso, com auxílio do espelho de inspeção, o vistoriador fará uma
minuciosa inspeção embaixo do veículo;
5) Procedendo-se de forma idêntica em todas as portas, ao começar pela
dianteira direita, o militar vistoriador realizará a vistoria interna como segue:
- levantar o vidro (se estiver abaixado) e colocar uma folha papel atrás
da numeração do chassi, gravada no veículo e conferir o número existente com o
número do documento;
- abrir a porta ao máximo e verificar nos cantos se há a existência ou
não de pintura encoberta do veículo;
- chacoalhar levemente a porta, a fim de verificar pelo barulho, se não
existe algum objeto solto em seu interior;
- verificar se existe algum objeto escondido no forro das portas, usando
o critério da batida com a mão para escutar se o som é uniforme;
6) Verificar: porta-luvas, quebra-sol, tapetes, parte baixa do banco, entradas
de ar, cinzeiros, lixeiras, e todos os compartimentos que possam esconder objetos
ilegais (michas, vários cartões magnéticos com diferentes nomes e várias outros
documentos de veículos, por ex.), armas de fogo, armas brancas e nos demais forros;
7) Iniciar a vistoria do compartimento traseiro dividindo-o imaginariamente
em lado direito, primeiramente, e lado esquerdo por fim e, em cada um dos lados,
observando: assento dos bancos, encosto e sua parte posterior, assoalho, lateral do
forro;
8) Sair para vistoriar o lado esquerdo, o assento do condutor em todo seu
compartimento (assoalho, lateral, teto, atrás do assento);
9)Vistoriar o porta-malas, após ser destrancado, solicitando ao
condutor/proprietário, que o abra vagarosamente, observando: assoalho, laterais,
pintura mal encoberta nos cantos, no compartimento do guarda-estepe, e outros;
10) Quando localizar o número do chassi, pelo assoalho do veículo ou outro
local, confrontá-lo com a documentação, bem como, verificar se existem indícios
aparentes de adulteração;
Após a constatação de que as pessoas abordadas são idôneas e que não
possui antecedentes criminais, que não se trata de veículo roubado, não há mandado
de prisão expedido e tampouco estão com a posse de objetos ilícitos, dizer:
“Senhor(es), este procedimento é de rotina do Exército Brasileiro, agradeço pela
colaboração e conte com o nosso serviço. O(s) senhor(es) está(ão) liberado(s)!”.
NOTA: O militar segurança deve estar sempre atento.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 68 de 130)


5.2. Abordagem a veículo motocicleta

Para abordar um veículo Motocicleta é necessária uma preparação semelhante à


abordagem a pé. (Pré-eleição, Identificação, Observação Periférica, Planejamento,
Abordagem)

a. Como fazer:
- Ordenar:
1) que o veículo seja desligado e retire a chave do contato;
2) que as mãos sejam colocadas acima e linha da cabeça;
3) com o condutor ainda na moto o revistador faz uma rápida revista na linha
da cintura, e tronco;
4) que coloque a moto no suporte lateral (pezinho)
5) peça que o condutor desembarque da moto;
6) peça que coloque as mãos sobre capacete e entrelaça os dedos ;
7) que caminhe em direção à viatura, de forma controlada,
8) que o suspeito vá para trás do veiculo, ou em um local considerado
seguro, iniciar a busca preliminar e a colocação de algemas SFC.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 69 de 130)


CAPÍTULO IV
POSTO DE BLOQUEIO E CONTROLE DE VIAS (PBCV) - PBCE/PBCVU

1. GENERALIDADES E FINALIDADE

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

1.1. GENERALIDADES
É a operação de GLO que permite a fração nível pelotão, realizar o controle e/ou
o bloqueio de vias. Estas vias podem ser classificadas em dois tipos:
a. Via rural:
1) Estradas: não pavimentada.
2) Rodovia: pavimentada.
b. Via urbana: ruas e avenidas situadas em áreas urbanas, caracterizadas
principalmente por possuir imóveis e edificações ao longo de sua extensão.

1.2. FINALIDADE
A operação visa controlar o movimento de pessoas e\ou de materiais, realizando
abordagem de elementos suspeitos, prisão de marginais e principalmente intensificar a
operação presença das forças legais em áreas de risco, portanto pode-se dizer que as
principais finalidades são:
- Operação presença;
- Controlar movimento de veículos;
- Bloquear a passagem de material ilícito;
- Realizar a abordagem de pessoas não suspeitas;
- Realizar a abordagem a elementos suspeitos;
- Efetuar a prisão de criminosos.

1.3. PRINCÍPIOS BÁSICOS


Antes de se executar um PBCE/PBCVU, o responsável deve realizar as seguintes
medidas:
- Realizar o reconhecimento do local, a fim de verificar a existência de espaço
suficiente para estabelecimento do PBCE/PBCVU, de área estacionamento de viaturas
e veículos apreendidos.
- Estabelecer quais os objetivos principais a serem atingidos na operação;
- Programar o dia, o horário e a duração da operação (evitar congestionamento);
- Prever efetivo para compor os grupos na operação;
- Prever a necessidade de militares do sexo feminino;
- Prever meios de sinalização.
Em caso de mau tempo (garoa forte, chuva ou muita neblina) suspende-se
temporariamente ou encerra-se a operação, a fim de se evitar acidentes e danos.
- Caso a operação dure algumas horas, verificar a possibilidade de mudanças de
ponto, pois quanto maior a duração, menor a sua efetividade no local.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 70 de 130)


2. ORGANIZAÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

O Pel para o cumprimento de uma missão de PBCE/PBCVU é dividido nos


seguintes grupos e equipes com as seguintes funções:
a. Grupo de comando e Ap :
- Mantêm as comunicações e ligação com escalão superior;
- Controlar as atividades de Sup CL I e CL V;
- Providenciar o material necessário para montagem e funcionamento do
PBCE/PBCVU.
- Prever a necessidade de médicos e militares do segmento feminino.
b. Grupo de via :
Responsável pelo controle do trafégo dentro da via, são os responsáveis pela
montagem dos obstáculos na via. Este é dividido em equipes:
1) Equipe de controle de tráfego :
- Controla o fluxo de veículos da via;
- Desempenha e desenvolve o critério de seleção.
2) Equipe de segurança aproximada:
- Realiza a segurança dos elementos da equipe de revista;
- Conduz preso para equipe de Guarda de Presos;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 71 de 130)


3) Equipe de revista:
- Realiza a abordagem e revista de presos e veículos suspeitos.
c. Grupo de Reação:
Este é dividido em equipes:
1) Equipe de Reação:
- É a força de reação ECD de intervir, face a alguma ameaça ao
PBCE/PBCVU.
2) Equipe de Guarda de Presos:
- Realizar a guarda de presos.
d. Grupo de Patrulha:
- Realiza o patrulhamento do perímetro do PBCE/PBCVU;
- Realiza a proteção da entrada e saída do PBCE/PBCVU;
OBS: O grupo de patrulha sempre cederá 02 (dois) homens para fechar a via,
antes do inicio da montagem do PBCE/PBCVU. Caso uma das missões do
PBCE/PBCVU seja anotar todos os veículos parados no PBCE/PBCVU, serão sacados
dois elementos do grupo de patrulha para executar esta missão.

3. TIPOS DE OCORRÊNCIA

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

- Transporte clandestino de armas, munições e explosivos.


- Tráfico de entorpecentes.
- Tentativas de escape ao bloqueio.
- Resistência a prisão.
- Desacatos a autoridade.
- Abordagem a marginais que acabaram de cometer o delito.
- Sequestros relâmpagos.
- Veículos furtados.
- Veículos com problemas na documentação.
- Embriaguez e falta de documentação.

4. PRINCÍPIOS BÁSICOS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Segurança: é estabelecida em locais onde, sob vigilância, haja espaço


suficiente para a reunião dos indivíduos, para o estacionamento de viaturas e para a
revista e averiguação de suspeitos.
b. Rapidez: deve haver uma agilidade tanto na montagem do dispositivo, como na
verificação dos veículos e pessoas abordadas. Muita demora nestes procedimentos
acarretam congestionamentos no transito e desconforto para as pessoas que passam
pelo local, resultando num ponto negativo a presença da tropa no local.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 72 de 130)


c. Eficiência: combater ao máximo a probabilidade de atos ilícitos, caso a
operação dure algumas horas, verificar a possibilidade de mudanças de ponto do
bloqueio, pois quanto maior a duração, menor a sua eficácia no local.
d. Mobilidade: o pelotão deve dispor de material leve e de fácil remoção, viaturas
próprias, para ter mobilidade para mudança de posição e variações nos diferentes
lugares, no menor espaço de tempo. (Mobilidade X Eficiência).

5. MATERIAL UTILIZADO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

O material apresentado foi testado e vem sendo empregado conforme doutrina


desenvolvida pelo CI Op GLO. Para o cumprimento das missões de PBCE/PBCVU,
cada OM deverá dispor de no mínimo dois Kits de material, assim compostos:

Material Foto Quantidade

Barreira plástica vertical (super-cone) 12

Viga para interligação de barreira


04
plástica vertical

Sinalizador eletrônico 12

Placas de redução de velocidade 02

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 73 de 130)


Cone para sinalização viária 20

Bastão de sinalização 04

Colete de sinalização 22

Seta eletrônica 04

Bloqueador anti-fuga para via perfurador


de pneu (fura-pneu) 02

Par de luvas refletivas 04

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 74 de 130)


Lanterna portátil 06

Espelho de inspeção 02

Detector de metal 04

Lombada Portátil 02

Além dos materiais acima listados, sugere-se anda a condução de:


- Material para identificação datiloscópica;
- Filmadora/fita, máquina fotográfica/filme e gravador/fita;
- Material para balizamento e sinalização (cones, fita zebrada e placas) diurna e
noturna;
- Outros obstáculos (fura-pneu, tonéis, cavalos de frisa, ouriços, sacos de areia,
etc.);
- Algemas, coletes balísticos e máscara contra gases;
- Conjunto gerador de eletricidade;
- Lanterna para sinalização noturna;
- Material para identificação, anotação e controle de pessoal e veículos;
- Sistemas de alarme;
- Equipamento de combate a incêndio;
- Armamento e munição não-letal; e
- Holofotes, megafones, apitos, etc.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 75 de 130)


Obs:
- O armamento é o de dotação da tropa, sendo aconselhável que os militares que
irão fazer a revista estejam com armas curtas e os seguranças estejam com calibre 12
Pol. O Pel deverá ter munição não letal;
- O uso da MAG é a critério do Cmt Pel, de acordo com a missão e área de
atuação.

6. OCUPAÇÃO E OPERAÇÃO DO PBCE/PBCVU

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

6.1. Ações a serem realizadas


Antes de se executar um PBCE/PBCVU, o responsável deve realizar as seguintes
medidas:
- Realizar o reconhecimento do local, a fim de se verificar a existência de espaço
suficiente para o estabelecimento do PBCE/PBCVU, de área de estacionamento de
viaturas e de veículos apreendidos.
- Estabelecer quais os objetivos principais a serem atingidos na operação;
- Programar o dia, o horário e a duração da operação (evitar congestionamento);
- Prever efetivo para compor os grupos na operação;
- Prever meios de sinalização.

6.2. Condutas alternativas no PBCE/PBCVU


Em caso de mau tempo (garoa forte, chuva, muita neblina) suspende-se
temporariamente ou encerra-se a operação, a fim de se evitar acidentes e danos.
Caso a duração da operação seja muito longa, pode-se verificar a possibilidade
de mudança de local, pois quanto maior a duração, menor a sua efetividade.

6.3. Montagem e desmontagem do PBCE/PBCVU


A montagem é um momento crítico do PBCE/PBCVU, pois deve ser executada da
forma mais rápida possível e sob supervisão direta do comandante de Pelotão.
Para tal devem-se padronizar as condutas para se aperfeiçoar esta montagem:
a) A viatura deve ser estacionada na margem da via;
b) Todo o material deve ser desembarcado e colocado na margem da via,
próximo a sua posição final;
c) Neste momento, o Cmt de Pel deve deixar a montagem a cargo do Grupo de
Reação e do Grupo de Via;
d) Antes de iniciar a montagem, o Cmt Pel deverá destacar dois elementos do
Grupo de Patrulha para fechar a circulação do trânsito. O comando para que estes
elementos fechem o trânsito será através de 01(um) silvo de apito;
e) Depois de constatado que o trânsito está fechado e a via está em segurança, o
Cmt Pel dará o próximo silvo de apito que é a ordem de iniciar a montagem do
dispositivo;
f) Depois de montado, deve permanecer na via apenas o Grupo de Via em sua
correta posição;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 76 de 130)


g) Ao verificar a correta montagem e mobilização do PBCE/PBCVU, o Cmt de Pel
dará o terceiro silvo de apito, que corresponderá à liberação do trânsito e o início das
operações do PBCE/PBCVU;
h) Para desmontagem ocorrerá o procedimento inverso, no qual se deve ressaltar
a importância de fechar o trânsito pelo próprio Grupo de Via, e, depois de verificar a
segurança no local, iniciar a desmontagem e, por último, a liberação do trânsito;
i) É aconselhável que o Pelotão faça um ensaio prévio da montagem e
desmontagem na base, antes de se deslocar para o local da missão.

6.4. Legislação para PBCE/PBCVU


a) O cidadão que é parado no PBCE/PBCVU está em uma destas três situações:
A - Normalidade ----- Urbanidade;
B - Suspeito ----- Urbanidade + Busca pessoal;
C - Criminoso ----- Busca pessoal + Prisão em flagrante.
b) Para cada situação desta haverá uma abordagem diferente pela tropa.
Transição de situação:
-Normalidade, pode passar para suspeito (atitudes);
-Normalidade/suspeito, pode passar para criminoso.
c) Crimes que normalmente são cometidos:
1) Desacato (art 299 CPM - Desacatar militar no exercício de sua função de
natureza militar ou em razão dela);
2) Desobediência (art 301 CPM - Desobedecer a ordem legal de autoridade
militar);
3) Resistência (art 329 CP - Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxilio);
4) Uso da força (art 284 CPP - Não será permitido o emprego da força, salvo
a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga).

6.5. Abordagem
a) Elemento na Normalidade:
1) “Bom dia senhor(a)!”;
2) Documentação do veículo e CNH, por favor. Após a verificação da
documentação;
3) O Exército Brasileiro agradece a cooperação, esta é uma operação de
rotina para melhorar a segurança da população local.
b) Elemento suspeito / criminoso:
1) Com a mão direita desligue o veículo mantendo a mão esquerda no
volante;
2) Abra a porta do veículo com a mão esquerda;
3) Saia do veículo com as duas mãos para cima;
4) Vire-se para o veículo e coloque as duas mãos no teto;
5) Abra as pernas e com as mãos no teto do veículo afaste-se do veículo.

6.6. Vistoria em automóvel


a. Sequência das ações:
1. Depois de cumprir os procedimentos de abordagem e busca pessoal previstos,
solicitar ao condutor/proprietário que acompanhe visualmente a vistoria do veículo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 77 de 130)


2. Um dos militares permanecerá com o condutor/proprietário em frente à porta
dianteira direita do veículo, distante aproximadamente 3,0 (três) metros para o
acompanhamento da vistoria a ser realizada pelo outro militar, conforme figura 1:

Figura 1 – Distância do abordado com relação ao veículo

3. Determinar que o(s) abordado(s) permaneça(m) com as mãos para trás (região
da lombar) durante todo o processo de vistoria, garantindo a segurança da ação.
4. O militar responsável pela vistoria informará o condutor/proprietário sobre o
início do procedimento no interior do veículo.
5. Inquirir o condutor/proprietário sobre a existência de armas ilegais, drogas e ou
objetos ilícitos no interior do veículo:
5.1. confirmada a existência de tais objetos, informar de maneira discreta aos
demais integrantes da equipe e adotar as providências previstas na Regra de
Engajamento e Caderno de Instrução de GLO.
6. Perguntar ao condutor/proprietário se há objetos de valor, carteiras, celulares,
talões de cheques, dentre outros.
7. Questionar onde se encontra(m) tal(is) objeto(s) e retirá-lo(s), na presença do
condutor/proprietário, colocando-os em local visível no interior do veículo.
8. Iniciar a vistoria interna do veículo seguindo a ordem sequencial dos 6
quadrantes, indicados na figura 2.

Figura 2 – Sequência de quadrantes para a vistoria interna de veículos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 78 de 130)


9. A vistoria no quadrante seguinte deverá ocorrer somente após a checagem de
todos os itens existentes no local, conforme descrito abaixo:
9.1. portas (quadrantes 1, 2, 3 e 4, conforme número de portas existentes):
9.1.1. abrir a porta ao máximo e verificar se os cantos apresentam pintura
encoberta ou retocada;
9.1.2. com os vidros fechados, chacoalhar levemente cada porta, a fim de
verificar, pelo barulho, se existe algum objeto solto em seu interior;
9.1.3. visualmente, verificar a numeração de chassi gravada nos vidros, bem
como a etiqueta de coluna de porta, se houver;
9.1.4. as portas deverão ser fechadas após cada checagem, a fim de se evitar
acidentes, com exceção àquelas voltadas para o condutor/proprietário, as quais
deverão permanecer abertas, permitindo que acompanhe visualmente toda a vistoria.
9.2. teto (quadrantes 1, 2, 3 e 4):
9.2.1. verificar objeto(s) escondido(s) ou guardado(s) entre o forro e a lataria, bem
como nos compartimentos desta área.
9.3. painel: (quadrantes 1 e 4):
9.3.1. difusor de ar, porta fusível e cinzeiros: utilizar lanterna e aparelho de vistoria
Boroscópio para verificar se há objeto(s) escondido(s) em seu interior;
9.3.2. console de rádio e console central: verificar se estão soltos ou com indícios
de que já tenham sido removidos;
9.3.3. porta luvas e compartimentos de objetos: retirar e examinar os objetos
existentes; verificar possíveis adulterações no interior que possam servir como
esconderijo; após a verificação, devolver os objetos em seu local de origem;
9.3.4. volante: verificar a eventual presença de objeto(s) escondido(s) em toda a
peça, tomando o devido cuidado de não comprometer o funcionamento do sistema air
bag;
9.3.5. air bag: verificar se há sinais de violação;
9.3.6. coifa da alavanca de câmbio e do freio de estacionamento (freio de mão):
se possível, removê-las e verificar a existência de objetos escondidos;
9.3.7. traseira do painel: verificar a presença de objetos escondidos em locais
como o recipiente do filtro do ar condicionado.
9.4. assoalho (quadrantes 1, 2, 3 e 4):
9.4.1. tapetes: verificar a presença de objetos sobre os mesmos ou
eventualmente escondidos debaixo deles;
9.4.2. compartimentos de objetos e extintores: retirar e examinar os objetos
existentes; verificar possíveis adulterações no interior que possam servir como
esconderijo; após a verificação, devolver os objetos em seu local de origem;
9.4.3. carpete: mediante pressão com as mãos, verificar saliências que sugerem a
presença de objetos escondidos.
Observação: quando houver numeração do chassi gravado no assoalho,
verificar se há sinais de adulteração, bem como se a numeração confere com a
dos vidros.
9.5. bancos (quadrantes 1, 2, 3 e 4):
9.5.1. mediante pressão com as mãos, vistoriar todos os assentos e encostos,
inclusive os de cabeça;
9.5.2. vistoriar porta-objeto (bolsa canguru) existentes atrás dos bancos.
9.6. caixas e colunas (quadrantes 1, 2, 3 e 4):

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 79 de 130)


9.6.1. se possível, verificar a existência de objetos entre a lataria e os
acabamentos;
9.6.2. utilizar lanterna para verificar os espaços e aberturas existentes;
9.6.3. puxar os cintos de segurança até o final, na busca de eventuais invólucros
escondidos.
9.7. Ao término da vistoria no quadrante de número 4 (quatro), ou seja, do
motorista, o militar vistoriador deverá retirar a chave e destravar o capô.
9.8. porta-malas (quadrante 5):
9.8.1. na existência de dispositivo automático para a abertura, o militar deverá
efetuar o destravamento e, em ato contínuo, posicionar-se ao lado do veículo, com o
armamento na posição de pronto 2 e abrir vagarosamente o porta-malas;
9.8.2. nos casos em que a abertura do porta-malas for manual, o militar poderá
solicitar ao condutor/proprietário que efetue o destravamento e retorne ao seu local de
origem. O militar vistoriador se posicionará ao lado do veículo, com o armamento na
posição de pronto 2 e abrirá vagarosamente o porta-malas.
9.8.3. no interior, verificar:
9.8.3.1. compartimento do estepe;
9.8.3.2. sob o tapete;
9.8.3.3. os espaços, aberturas e forros laterais;
9.8.3.4. bolsa de ferramentas (equipamentos obrigatórios);
9.8.3.5. caixas de som, quando houver.
9.9. capô e compartimento do motor (quadrante 6):
9.9.1. utilizar lanterna para verificar os espaços e aberturas existentes (filtro de ar,
caixa de ar, atrás da bateria, caixa de fusível, capô, dentre outros);
9.9.2. verificar marcas de soldas atípicas e retoques na lataria e pintura;
9.9.3. se possível, verificar a numeração do motor;
9.9.4. verificar numeração de chassi, se apresenta sinais de adulteração,
bem como se esta confere com a numeração dos vidros e da etiqueta
autodestrutiva (coluna de porta, torre da suspensão dianteira, embaixo do banco
dos passageiros, dentre outros).
10. Prosseguir na vistoria externa, obedecendo ao sentido horário, conforme
figura 3:

Figura 3 – Sequência da vistoria externa

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 80 de 130)


10.1. após o fechamento do capô, e de posse do Certificado de Licenciamento
Anual (CLA), verificar se a placa dianteira apresenta sinais de adulteração;
10.2. observar indícios de crime, como: marcas de sangue, perfurações na lataria
por disparos de arma de fogo, avarias recentes que indiquem provável acidente de
trânsito, dentre outros;
10.3. vistoriar locais como: espaço entre pneu e para-lama, tampa do
combustível, para-choque, embaixo do veículo, dentre outros;
10.4. verificar se a placa traseira apresenta sinais de adulteração e conferir o
lacre;
10.5. encerrada a vistoria no veículo, verificar a área mediata da abordagem, na
busca de objetos ilícitos que possam ter sido dispensados;
10.6. não permitir que transeuntes passem entre os veículos e as pessoas que
estão sendo abordadas.

6.7. Documentação:
11.1. verificar visualmente a existência de irregularidades ou sinais de
adulteração, como: erro de português, numeração desalinhada, rasuras, dentre outras;
11.2. verificar, quando possível, a numeração do chassi e motor e confrontá-las
com o Certificado de Licenciamento Anual (CLA);
11.3. verificar a validade da documentação da CNH do condutor;
11.4. consultar, através dos meios de comunicações na Base ou CCop, as
informações necessárias para conferência com a documentação em mãos.
12. Confirmar se há providências previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
e adotar as medidas cabíveis.
13. Anotar os dados da(s) pessoa(s) submetida(s) à abordagem em relatório.
14. Não havendo irregularidades, entregar a chave e toda documentação ao
condutor/proprietário e solicitar que este confira todos os seus pertences.
15. Informar que a abordagem tem fundamentação legal.
16. Agradecer pela colaboração, reforçando com os dizeres: “Conte sempre com
o Exército Brasileiro!”.

6.8. Vistoria em motocicleta


a. Sequência das ações;
1. Depois de cumprir os procedimentos de abordagem e busca pessoal, previstos
com motocicleta, solicitar ao condutor/proprietário que acompanhe visualmente a
vistoria da motocicleta.
2. Um dos militares permanecerá com o condutor/proprietário ao lado direito da
motocicleta, distante aproximadamente 3,0m (três metros) para o acompanhamento da
vistoria a ser realizada pelo outro policial, conforme figura 4:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 81 de 130)


Figura 4 – Distância do abordado com relação ao veículo

3. Determinar que o(s) abordado(s) permaneça(m) com as mãos para trás (região
da lombar) durante todo o processo de vistoria, garantindo a segurança da ação.
4. O militar responsável pela vistoria informará o condutor/proprietário sobre o
início do procedimento.
5. Inquirir o condutor/proprietário sobre a existência de armas ilegais, drogas e/ou
objetos ilícitos deixado(s) na motocicleta:
5.1. confirmada a existência de tais objetos, informar de maneira discreta aos
demais integrantes da equipe e adotar as providências previstas no POP de
Abordagem de Infrator da lei;
6. O militar responsável pela vistoria deverá:
6.1. retirar a chave do contato;
6.2. verificar sinais aparentes de dano na ignição (miolo) e chave;
6.3. confirmar se a chave é original ou trata-se de - chave micha‖;
6.4. entregar a chave ao encarregado da equipe;
6.5. observar se a motocicleta apresenta indícios de crime, como: marcas de
sangue, perfurações na lataria por disparos de arma de fogo, avarias recentes que
indiquem provável acidente de trânsito, dentre outros;
6.6. verificar se o painel apresenta espaços que possam ocultar objetos ilícitos.
Observar ainda detalhes de fixação e sinais de adulteração;
6.7. verificar se o tanque apresenta sinais de adulteração ou compartimentos
falsos encobertos por adesivos ou capas. Observar ainda sua correta fixação;
6.8. no banco:
6.8.1. pressionar, com as mãos, a região da espuma, na busca de objetos ilícitos;
6.8.2. verificar adesivos e capas removíveis;
6.8.3. caso o banco seja removível, retirá-lo para verificar a parte debaixo.
6.8.4. verificar a existência de numeração do chassi nesta região. Observar se
apresenta sinais de adulteração;
6.9. lateral direita:
6.9.1. verificar se há sinais de adulteração na carenagem, como a fixação por
velcro ou material similar que facilite a acomodação ou acesso a objetos ilícitos,
inclusive armas;
6.9.2. na impossibilidade de remoção da carenagem, utilizar lanterna e aparelho
de vistoria Boroscópio para vistoriar os espaços existentes que possam acomodar
objetos ilícitos;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 82 de 130)


6.9.3. sendo possível a remoção da carenagem, verificar locais como:
compartimento do filtro de ar, caixa de ferramenta, bateria, caixa de fusível, bem como
outros espaços;
6.10. traseira:
6.10.1. se houver baú ou similares, verificar seu interior;
6.10.2. verificar a fixação da carenagem traseira, os espaços entre: o para-lama e
quadro, embaixo do baú, entre a placa e suporte, e demais vãos que possam
acondicionar objetos ilícitos;
6.10.3. observar a fixação da placa, bem como lacre e sinais de adulteração;
6.11. lateral esquerda:
6.11.1. seguir a seqüência de ações previstas no subitem 6.9, para a vistoria na
lateral direita;
6.12. quadro:
6.12.1. verificar se apresenta sinais de adulteração, como marcas de solda,
pintura irregular, entre outras;
6.12.2. observar o alinhamento, o grafismo dos caracteres e possíveis sinais de
adulteração do chassi;
6.12.3. verificar a numeração do chassi nesta região. Observar se confere com a
etiqueta debaixo do banco, se houver;
6.12.4. motor: verificar numeração suprimida, alinhamento e grafismo dos
caracteres, além de sinais de adulteração;
6.13. documentação:
6.13.1. verificar visualmente a existência de irregularidades ou sinais de
adulteração, tais como: erro de português, numeração desalinhada, rasuras, entre
outras;
6.13.2. verificar a numeração do chassi e motor e confrontá-las com o Certificado
de Licenciamento Anual (CLA);
6.13.3. verificar a validade da documentação (licenciamentos e exames);
6.13.4. consultar a Base ou CCop às informações necessárias para conferência
da documentação em mãos;
7. Confirmar se há providências previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
e adotar as medidas cabíveis.
8. Anotar os dados da(s) pessoa(s) submetida(s) à abordagem em relatório.
9. Entregar a chave e toda documentação ao condutor/proprietário e solicitar que
este confira todos os seus pertences.
10. Não havendo irregularidades, informar que:
10.1. a abordagem é utilizada para certificar-se de que pessoas não estão de
posse de materiais ilícito.

6.9. Variações das configurações do PBCE/PBCVU

As variações das configurações na montagem dos obstáculos no PBCE/PBCVU


vão depender do Material disponível (tipo e quantidade) e Efetivo disponível; Tipo de
via e Missão.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 83 de 130)


Dispositivo do PBCE/PBCVU

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 84 de 130)


CAPÍTULO V
SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS E PONTO FORTE

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

As operações militares de segurança de Pontos Sensíveis constituem-se em um


sistema organizado de proteção, contra ações dos APOP, em todas as direções das
instalações ou áreas designadas dentro da área de operações.

Ponto Sensível (PS): É qualquer instalação, ponto ou estrutura que, se sabotada,


danificada, paralisada ou destruída, comprometerá as operações militares e, em alguns
casos, a rotina da população.
As Operações de segurança visam à ocupação, proteção e manutenção da
integridade do Ponto Sensível.
As Operações de segurança de Ponto Sensível dependerão da missão, da
distância e do valor da instalação ou da área. Para fazer a proteção e ocupação de um
PS, requer um planejamento detalhado da missão e das características da instalação,
tendo em vista a tropa estar atuando em uma área pouco conhecida e com várias
restrições operativas.
Os levantamentos de locais e áreas para a ocupação de Pontos Sensíveis são de
responsabilidade do escalão superior, onde serão considerados os fatores da decisão
(missão, inimigo, terreno, meios, tempo disponível e considerações civis) para o
cumprimento da missão, o grau de influência da área, a atitude da população e o nível
de controle que se deseja no local.
Os Pontos Sensíveis poderão estar situados em área urbana ou área rural, sendo
alguns exemplos de instalações que podem ser consideradas PS:
- Postos de captação de água e reservatórios;
- Refinarias, polos petroquímicos e gasômetros;
- Sistemas de comunicações (correios, telégrafos, telefônicos);
- Sistemas de transmissão de energia elétrica;
- Hospitais (maternidades, casas de saúde, pronto-socorro);
- Estações (rodoviárias, ferroviárias), aeroportos, portos, pontes e viadutos;
- Indústrias de relevância nacional;
- Ponto Forte.
Cabe ressaltar que uma base de operações passa a ser um PS, devido sua
grande importância, sendo um alvo em potencial para as ações dos APOP.
No planejamento das operações para a ocupação e manutenção de um Ponto
Sensível, o Comandante da Fração deverá ter muito cuidado com as limitações e
vulnerabilidades apresentadas pelo local. As condições precárias das instalações, as
condições reduzidas de conforto e segurança, a dependência do apoio logístico além
da excessiva proximidade com a população, vai exigir a adoção de medidas de controle
e segurança que evitem a identificação das atividades da tropa no local.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 85 de 130)


Os APOP valendo-se de sua capacidade de dissimulação no meio da população
podem aproximar-se das instalações para realizar ações de sabotagem contra as
instalações ou tropa.

2. OPERAÇÕES DE SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Posto de Segurança Estático (PSE):


É uma operação de ocupação e segurança que visa impedir a desativação de um
Ponto Sensível, assegurando seu perfeito funcionamento.
O valor a mobiliar um PSE vai depender da importância da vulnerabilidade e do
tamanho do PS, devendo ser o efetivo mínimo de um Pelotão de Fuzileiros, que
garantirá sua segurança com relativa autonomia.
O planejamento para uma ocupação de PSE deverá ser detalhado
minuciosamente; analisando sumariamente a missão, as características do Ponto
Sensível, as possibilidades e limitações dos APOP. As ligações com o oficial de
inteligência, escalões superiores e com elementos responsáveis ou funcionários que
trabalham no Ponto Sensível, será de grande importância para o planejamento.

b. Interdição de Instalação e Área:


As operações de interdição de áreas visam impedir o acesso de entrada de
pessoas e materiais não autorizados a determinada instalação ou área, assemelhando-
se a ocupação de um PSE, com restrição ao acesso de pessoal.
A interdição vai depender da missão estabelecida pelo escalão superior. O
Comandante da ação deverá prestar bastante atenção no que está sendo determinado
no mandado expedido pela justiça e nos preceitos legais. Orientações e
esclarecimentos a população, são fatores importantes para o êxito da missão, não
sendo necessário com tais medidas, o emprego imediato da força.
As interdições sempre que possível devem ser realizadas durante os horários de
menor movimento e de surpresa para evitar atritos com pessoal que queira impedir a
interdição do estabelecimento. Deve-se prever o uso de meios blindados e acréscimo
de uso de material e armamento pesado, tendo em vista a exposição da tropa e
visando inibir a ação dos APOP.
O valor mínimo para fazer uma interdição é de um pelotão de fuzileiro.
A Interdição de Instalação e Área pode ser:
- Seletiva ou controlada: Somente as pessoas devidamente autorizadas e
cadastradas, podem passar os limites estabelecidos pela segurança na área
interditada, tendo-se a finalidade de restringir o acesso à área ou instalação.
- Total: Nenhuma pessoa, que não seja integrante da tropa, pode passar os
limites de segurança estabelecidos para interdição, tendo-se a finalidade de impedir o
acesso à área ou instalação.

c. Informações sobre Ponto Sensível:


- Finalidade do Ponto Sensível;
- Características do Ponto Sensível;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 86 de 130)


- Possibilidades e limitações dos APOP;
- Contatos com os elementos responsáveis ou funcionários que trabalham no
Ponto Sensível;
- Levantamento de vias de acesso ao local;
- Levantamento de cartas, croquis, fotografias e plantas das instalações;
- Identificar as vulnerabilidades do local.

3. ORGANIZAÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

A constituição da tropa para cumprir uma missão de segurança de um PS,


dependerá da relevância do PS, o efetivo mínimo será de um Pelotão de Fuzileiros,
exceção feita no caso do ponto Forte (PF) que poderá ser ocupado por um GC, que
serão divididos em grupos com missões previamente definidas e sempre com objetivos
para atender as seguranças da instalação e da tropa, com relativa autonomia.

a. Organização

b. Atribuições dos grupos

Grupo de Comando:
- Coordenar e controlar a ocupação do PS.
Grupo de Sentinela:
- Estabelecer a defesa circular aproximada e posto de controle de circulação; e
- Estabelecer barreiras e outras medidas de proteção aproximada.
Grupo de Patrulha:
- Estabelece a defesa circular afastada, principalmente em pontos dominantes
que circundam o local;
- Lançar patrulhas a pé ou motorizadas que irão rondar, constantemente, as áreas
próximas ao ponto;
- Estabelecer postos de bloqueio e controle de Vtr e pessoal nas vias de acesso
ao Ponto Sensível;
- Deter elementos suspeitos nas proximidades do Ponto Sensível;
- Instalar obstáculos nas proximidades do Ponto Sensível; e
- Limpar os campos de tiro e obstáculos, de acordo com as necessidades do
grupo de sentinelas.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 87 de 130)


Grupo de Reação:
- Vasculhar minuciosamente todas as instalações do Ponto Sensível, se possível
acompanhado por um técnico local;
- Reforçar o controle de pontos críticos ou vulneráveis no interior do Ponto
Sensível, mediante ordem;
- Reforçar a defesa do perímetro interno e externo do Ponto Sensível, mediante
ordem;
- Reforçar o grupo patrulha, mediante ordem; e
- Constituir-se numa força de reação, em condições de deslocar-se rapidamente
para qualquer setor e em condições de intervir contra os APOP.

4. MEDIDAS ADOTADAS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

4.1. Medidas a serem adotadas na abordagem


- Determinar que a tropa faça um alto-guardado no local mais adequado, a
comando do Adjunto do Pelotão, se for o caso;
- Ligar-se com o responsável pela instalação, se for o caso;
- Realizar uma varredura (Gp Reação);
- Reconhecer o Ponto Sensível acompanhado dos Cmt de grupo;
- Iniciar, ocupando as posições na seguinte ordem: Grupo de Reação, Grupo de
Sentinelas e Grupo de Patrulha.

4.2. Medidas a serem adotadas após a ocupação


- Adotar medidas de controle de pessoal (SFC);
- Estabelecer sistemas de alarmes;
- Prever modificações dos itinerários e horários das patrulhas, postos de guardas;
- Empregar obstáculos em locais críticos e em vias de acesso ao ponto;
- Treinar medidas de defesa do ponto.

4.3. Medidas a serem adotadas na desocupação


- Fazer manutenção e limpeza das instalações usadas;
- Fazer inspeção do equipamento e material individual;
- Comunicar ao responsável da instalação sobre a desocupação;
- Informar ao escalão superior da desocupação da instalação;
- Solicitar ao Escalão Superior a manutenção necessária nas instalações
danificadas pela tropa.(SFC);
- Confeccionar o relatório detalhado e enviar ao escalão superior.

5. MATERIAL UTILIZADO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 88 de 130)


Apresentaremos algumas sugestões de material a ser conduzido numa ocupação
de PS, tanto em área rural ou urbana. Cabe ao comandante da fração buscar a melhor
configuração e o material necessário para o cumprimento da missão.
- Material de anotação (caneta, prancheta, papel) para identificação e controle de
pessoal e veículos;
- Caneta sinalizadora e apito;
- Equipamento de filmagens (filmadora com fita, máquina fotográfica com filme e
gravador com fita);
- Material para balizamento e sinalização de transito (cones, super cones, fita
zebrada, placas de sinalização e colete sinalizador);
- Mesa espelhada;
- Detector de metal portátil;
- Obstáculos portáteis (fura pneu, cavalos de frisa, ouriços e sacos de areia);
- Algemas, tonfas, coletes balísticos, máscara contra gases;
- Escudos balísticos;
- Conjunto gerador de eletricidade;
- Lanternas e material para iluminação noturna;
- Sistemas de alarme (improvisados ou padronizados);
- Equipamento de combate a incêndio;
- Armamento e munição não-letal (Cal 12 e Lç 37/38 mm ou 40mm, granada
lacrimogênea, fumígena e espargidores);
- Pipa d’água;
- Material de engenharia (serra elétrica, enxada, pá, picaretas); e
- Material individual (fardo de combate e fardo de bagagem).

6. PONTO FORTE

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

É um recurso operacional de ocupação e manutenção de pontos estratégicos de


grande importância para o andamento das operações. A ocupação dessas instalações
visa dominar e ocupar áreas de interesse e de influência para o desencadeamento das
ações, dificultando a atuação dos APOP, além de oferecer segurança e suporte de
combate para o cumprimento de outras missões.
Os objetivos da ocupação de um Ponto Forte são: imprimir uma velocidade de
resposta rápida as ações dos APOP, inibir as ações destes, servir de base de apoio
para as operações, servir como Postos de Observações e servir como operação
presença e de controle de uma área além de causar reflexo psicológico negativo para
os APOP.
Áreas de Influência: são partes da área de operações onde a atuação da tropa
tem influência e predomínio no andamento das ações em curso.
Áreas de Interesse: são as áreas que se conquistadas vão gerar benefícios para
atuação da tropa nas ações em curso. São áreas adjacentes as áreas de influência.
As Áreas de Interesse são os próximos objetivos a serem conquistados no
transcorrer das operações.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 89 de 130)


Nos dois tipos de áreas existem a presença da APOP que tentam impor seus
objetivos e ideais, porém nas áreas de influência a presença dos APOP fica mais
restrita devido a atuação constante da tropa.

Figura 01 - Tipos de Áreas

O Ponto Forte pode ser, de acordo com sua ocupação, do tipo fixo ou temporário:
-Fixo: São instalações ocupadas diariamente por um Pelotão em uma mesma
posição. Possui características semelhantes ao de funcionamento de um PSE e tem
como finalidade estabelecer o controle da área.

Foto 01 - 02 - Exemplos de PF Fixo

-Temporários: Ocupados quando necessário, em locais e horários estabelecidos,


visando apoiar o desenrolar de uma operação e também sendo utilizado como ponto de
apoio para o patrulhamento em determinada região, tem como finalidade ampliar o
controle da área.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 90 de 130)


Foto 03 - 04 - Exemplos de PF temporário

O valor para ocupar um Ponto Forte pode variar de acordo com a missão, sendo
de um Grupo de Combate até um Pelotão de Fuzileiros.

Escolha do ponto forte


São de responsabilidade do Cmt Su e/ou Cmt Btl, onde são considerados os
fatores:
- Missão, inimigo, terreno, meios e tempo;
- Grau de influência da área;
- Atitude da população;
- Nível de controle que se deseja;
- Missão estabelecida (principal fator);
O Ponto Forte poderá estar situado em área urbana ou rural.

Limitações e vulnerabilidades
- Condições precárias das instalações;
- Condições reduzidas de conforto;
- Dependência do apoio logístico;
- Excessiva proximidade com a população, o que exige a adoção de medidas que
evitem a identificação da rotina do ponto forte;
- Susceptível à ação de elementos dos APOP que, valendo-se de sua capacidade
de dissimulação na população, podem aproximar-se das instalações para realizar
ações de sabotagem;
- Não poder entrar em instalações abandonadas sem a devida autorização do
proprietário ou mandado;
- Os APOP se misturam com a população civil;
- Utilização de civis como escudo pelo APOP;
- APOP utilizando crianças para passar informações sobre a tropa.

Organização da tropa e missão


- Semelhante à organização do PSE. O efetivo mínimo para mobiliar um PF é um
GC.
Obs.: Demais informações idem às do PONTO SENSÍVEL (PS).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 91 de 130)


CAPÍTULO VI
OPERAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO

1. FUNDAMENTOS ÉTICOS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

A Operação de Busca e Apreensão (OBA) é uma atividade planejada que tem por
objetivo cumprir com segurança um mandado de busca e apreensão expedido por um
juiz. Tem por finalidade encontrar e deter pessoas ou materiais que sirvam de subsídio
para a solução de crimes, como armas, dinheiro, drogas, computadores, documentos,
etc.
Durante a execução destas operações, existe a incerteza da situação a ser
encontrada no interior das construções, fazendo com que a segurança seja a principal
preocupação. Para cumprir esse tipo de missão, é importante a prática dos seguintes
fundamentos éticos:
a. disciplina – obediência e fiel cumprimento das ordens;
b. lealdade – fidelidade com os companheiros;
c. responsabilidade coletiva – responsabilidade solidária pelos atos praticados
durante uma ação no objetivo. Cada um é responsável não somente pelo seu ato, mas
também pelo do seu companheiro;
d. compromisso de matar – o elemento da fração deve ter consciência de que
ele deverá neutralizar aquele que ofereça uma ameaça ou perigo eminente contra a
sua vida ou de outrem; e
e. dever do silêncio – o elemento da fração deve saber que não pode comentar
o cumprimento de uma missão, atividades de instrução ou qualquer outro assunto
tratado no âmbito da fração.
A entrada ou assalto ao local especificado no respectivo mandado é uma
ferramenta comum a outros tipos de operações, como por exemplo, o investimento a
uma localidade, onde as pequenas frações terão que progredir casa a casa a fim de
eliminar possíveis resistências no interior da localidade.
As técnicas, táticas e procedimentos (TTP) é que tornam a entrada em uma
ferramenta comum, contudo é importante destacar que essas TTP deverão estar de
acordo com a legislação vigente e às regras de engajamento previstas.

2. DEFINIÇÕES

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Mandado de Busca e Apreensão


O mandado de busca e apreensão é o documento formal emitido pela autoridade
competente que ampara a execução de uma OBA.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 92 de 130)


A leitura do mandado deve ser realizada preferencialmente antes do assalto ao
aparelho. Em operações onde o sigilo seja fundamental para o cumprimento do
mandado, poderá ser lido depois, com os APOP já detidos.
Os mandados podem ser específicos, designando uma instalação, ou coletivos,
designando uma área claramente delimitada, autorizando a realização da busca em
diferentes locais dentro dos limites descritos, a critério das autoridades executantes.
b. Busca
É procura, revista ou pesquisa de pessoas, coisas ou mesmo rastros (vestígios) e
significa o movimento desencadeado pelos agentes do Estado para investigação,
descoberta e pesquisa de algo interessante para o processo penal, realizando-se em
pessoas e lugares.
O que concretiza a busca é a apreensão do material ilícito, de um APOP, prova
de crime ou outro objeto que tenha gerado o referido mandado.
A busca deve, preferencialmente, ser realizada pela Equipe de Busca após todo o
aparelho ser dominado pelo Grupo de Assalto.
c. Apreensão
Corresponde ao apossamento, à detenção de coisas ou de pessoas, etc, sempre
determinada pela autoridade competente e é medida assecuratória que toma algo de
alguém ou de algum lugar, com a finalidade de produzir prova ou de preservar direitos.
d. Limpeza
Considera-se como limpo o cômodo onde os militares já neutralizaram todas as
ameaças visíveis, porém, ainda não foi revistado, portanto a atenção e a segurança
dentro do cômodo devem ser mantidas, pois pode haver APOP escondidos em
armários, alçapões, embaixo de camas, ou outros lugares que só serão verificados
durante a busca.
Após todos os cômodos de um aparelho serem dominados, consideramos o
aparelho limpo, sendo este momento o mais indicado para início dos trabalhos da
Equipe de Busca.
e. Neutralizar uma ameaça
A ameaça pode ser considerada neutralizada no momento em que não puder
mais oferecer risco a tropa ou a inocentes no interior do aparelho, seja por ter sido
rendida e se entregado ou por ter sido abatida por elemento da tropa.

3. ORGANIZAÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

Em uma OBA, que pode ser do escalão Pel ou maior, a tropa que cumprirá a
missão deverá estar organizado conforme o organograma a seguir:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 93 de 130)


Observações:
1 - deverão ser previstas quantas frações forem necessárias para executar essa
tarefa; e
2 - essas duas tarefas poderão ser executadas por uma única fração, ou poderá
haver uma fração para cada tarefa.

4. TAREFAS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Força de Assalto
É a fração que realiza o movimento para o interior de um aparelho, a partir da
posição de assalto (PA), utilizando os meios necessários caso não haja consentimento
do proprietário após a leitura do mandado.
Deverá ser organizada com o valor mínimo de um Grupo de Combate (GC), que
realizará o assalto do aparelho. Logo, dependendo do nível de comando da operação
ou da dimensão do local a ser realizada a busca, poderá haver a necessidade de um
pelotão (Escalão de Assalto) ter os seus GC organizados em Grupos de Assalto. Para
a realização do assalto, deve-se atentar para a premissa básica de sempre manter dois
homens por cômodo. A Força de Assalto poderá ser reforçada por elementos
especializados (chaveiro, atendentes, socorristas, etc).
b. Força de Revista
É a fração responsável pela busca dentro do aparelho, revistando os cômodos,
inclusive dentro dos móveis e compartimentos escondidos, além de apreender
materiais.
Pode ser apoiada por elementos especializados, como: peritos, cães farejadores
e outros necessários ao cumprimento do mandado. Deve conduzir material específico:
luvas de procedimento, espelhos, sacos plásticos, chaves de fenda, pinças, etc.
c. Força de Cerco e Isolamento
Força de Cerco – é responsável por impedir a fuga de elementos de dentro do
aparelho e também por prover a segurança da Força de Assalto durante sua
aproximação do aparelho.
Força de Isolamento – é responsável por evitar a entrada de indivíduos na área
da operação, sejam APOP, imprensa ou mesmo curiosos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 94 de 130)


d. Força de Acolhimento
Em situações que necessitarem a retirada de civis da construção será constituída
uma Força de Acolhimento, responsável por acolhe-los e afastá-los do local, realizar
uma revista sumária e encaminhá-los ao local determinado pelo Comandante da
Operação.
e. Turma de Caçadores
É a fração responsável pelo tiro de comprometimento e observação do aparelho
para orientar a progressão e aproximação da Força de Assalto, levantar e transmitir
com oportunidade as informações, identificar e eliminar as ameaças (a princípio
mediante ordem).
Obs: a Turma de Caçadores pode ser passada em reforço ao pelotão pelo
comandante da Unidade caso haja a necessidade de emprego.

5. FASES DA OPERAÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

Durante o Exame de Situação e na realização do planejamento, o Cmt da


operação deverá levar em consideração as fases abaixo:
a. Cerco e Isolamento
Semelhantemente às ações de patrulha, devem preceder a aproximação da
fração que realizará a entrada/assalto, proporcionando segurança a essa fração.

b. Aproximação
Para esta fase serão consideradas duas etapas e uma situação especial.
- 1ª Etapa
Nesta etapa, é considerado o deslocamento do local de desembarque até a
Posição de Formação (PF), que em algumas situações poderá coincidir com o local de
desembarque.
A posição de formação é a última posição coberta e abrigada antes da Posição de
Assalto (PA).
Na PF, os integrantes da fração já deverão estar com as armas principais
carregadas e destravadas, deverão realizar o último teste rádio e, em último caso,
poderá realizar alguma medida administrativa ou de coordenação necessárias ao
prosseguimento na missão.
Os integrantes da fração deverão conduzir o armamento na posição de pronto 3
(três) ou pronto 2 (dois), de acordo com a hostilidade do ambiente, mantendo a
observação no setor distribuído pelo comandante do grupo.
A Turma de Caçadores deverá estar em condições de guiar e prover a cobertura
da Força de Assalto, a partir do pronto do comandante desta Força na PF para
deslocar-se até a posição de assalto.
- 2ª Etapa
Nesta etapa, é considerado o deslocamento da PF até a PA.
Durante este deslocamento os integrantes da fração deverão conduzir o
armamento na posição de pronto 2 (dois), mantendo-se os setores já distribuídos e
poderão adotar a posição de pronto 3 (três) caso a situação exija.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 95 de 130)


Nesta situação o observador deverá manter o comandante do Escalão informado
do que acontece no interior do aparelho e também nas proximidades.
Na PA, a Força de Assalto deverá permanecer em condições de realizar a
entrada/assalto mediante ordem do comandante da fração e manter a segurança em
todas as direções.
O comandante da fração poderá coordenar o rodízio dos Grupos de Assalto, caso
o tempo em posição na PA seja prolongado por muito tempo.
Este rodízio será feito através de substituição na posição.

c. Leitura do Mandado
A leitura do mandado deve ser realizada, preferencialmente, antes da
entrada/assalto no aparelho. Em operações onde o sigilo e/ou a segurança dos
elementos envolvidos seja fundamental para o cumprimento do mandado, poderá ser
lido depois, com os APOP já detidos.
Na situação em que o mandado for lido após a entrada, deverá ter sido feita a
limpeza de todos os cômodos, estabelecida a segurança internamente e identificado o
proprietário, para a realização da leitura.
A leitura poderá ser feita por elemento da tropa ou oficial de justiça, neste caso, a
tropa deve prover a sua segurança.

d. Assalto
Normalmente para a entrada no primeiro cômodo o Grupo de Assalto se
posicionará como um todo na mesma parede, ao lado da entrada. A entrada na
primeira porta pode exigir um arrombamento, o qual pode ser realizado apenas com a
abertura da fechadura com ferramentas (como a mixa), com o arrombamento mecânico
(usando aríete ou pé de cabra), com arrombamento usando espingarda Cal 12 (com
munição normal ou munição de gesso, na fechadura ou nas dobradiças) ou com
arrombamento explosivo. Também podem ser usadas granadas de luz e som após o
arrombamento para garantir a distração de APOP armados no cômodo. Essas técnicas
também podem ser usadas em outras portas dentro da construção.
Os militares ao realizar uma entrada irão se posicionar dentro do cômodo invadido
em paredes opostas. A técnica a ser empregada dependerá da posição que forem
identificados os perigos imediatos dentro do cômodo, é importante observar a seguinte
regra geral: o primeiro homem está sempre certo. Se o primeiro entrar para a esquerda,
o segundo entrará para a direita, e vice-versa.
Ao adentrar em um cômodo o militar irá, preferencialmente, investir contra o maior
perigo imediato naquele cômodo. Seu objetivo, a partir de então, é neutralizar essa
ameaça, seja usando seu armamento letal, não-letal ou através da verbalização. O
segundo que adentrar irá para o lado contrário, cobrindo desta maneira a retaguarda do
seu companheiro.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 96 de 130)


- O primeiro militar a entrar no cômodo (A)
identifica a ameaça e parte em sua
direção para neutralizá-la;
- Ele faz a entrada Cruzada;
- O segundo militar a entrar (B), vai para o
outro canto do cômodo limpando o ângulo
morto;
- Ele faz a técnica Gancho;
- Os demais militares a entrar neste
cômodo se alternam um para cada lado,
cada um executando uma técnica.

Pode ser classificada quanto à técnica, quanto a tática e quanto ao procedimento:

1) Quanto a técnica

a) Entrada em Gancho
Na aplicação desta técnica, o militar se posiciona junto à porta, tomando cuidado
para não apresentar o cano do seu armamento na abertura da porta e denunciar sua
posição.
No momento da entrada ele “contorna” o batente da porta que está a seu lado
percorrendo a mesma parede que ele se encontrava.

- Realizar a observação “rápida” do canto


(1);
- Realizar o vasculhamento do canto (2) e
na sequência do canto (3);
- A passagem pela porta deve ser feita
com o Armto em Pronto 3;
- Ao cruzar a porta o Armto irá para a
posição de Pronto 2;
- Até a realização do vasculhamento no
canto (3) o militar deverá realizar a
técnica do 3º olho.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 97 de 130)


b) Entrada Cruzada
Na aplicação desta técnica, o militar posiciona-se junto à porta, tomando cuidado
para não apresentar o cano do seu armamento na abertura da porta e denunciar sua
posição.
No momento da entrada ele “cruza” a porta de um batente a outro, percorrendo a
parede oposta a que ele se encontrava.

- Esta técnica busca a velocidade, uma


vez que o militar mantêm o mesmo
sentido de deslocamento;
- O militar que realiza a entrada cruzada
fica responsável pelos cantos (1) e (3);
- A limpeza dos cantos (2) será realizada
pelos demais integrantes do Grupo De
assalto;
- Uma vez dentro do aparelho, o militar
deverá utilizar a técnica do 3º olho.

c) Situação especial
(1) Portas centrais largas onde o grupo esteja posicionado dos dois lados da porta
e que possibilitam a passagem de dois militares ao mesmo tempo.

- Neste caso deve haver uma


coordenação entre os militares que forem
adentrar ao cômodo, e qual o momento
da entrada.

(2) Portas centrais estreitas onde o grupo esteja posicionado dos dois lados da
porta e que possibilitam a passagem de apenas um militar de cada vez.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 98 de 130)


- Neste caso deve ser buscada a
simplicidade, ou seja, entra um lado e
depois o outro.

(3) Ao realizar a entrada o militar engaja uma ameaça e não prossegue no


movimento.

- (A) ao adentrar no cômodo, identifica


uma ameaça;
- Ele neutraliza a ameaça porém, deve
deixar livre a passagem da porta e não
prossegue seu deslocamento, deixando
de verificar o canto;
- (B) adentra ao cômodo e vai para o
ângulo morto.

2) Quanto à tática as entradas podem ser:

a) Coberta:
A entrada coberta será utilizada em operações de busca e apreensão onde a
segurança é mais importante que a velocidade. Normalmente em casos quando não há
possibilidade do descarte/destruição de provas importantes para resgatar, ou quando o
incidente não envolve reféns e em caso de APOP barricado.
Neste tipo de entrada, será priorizada a segurança e proteção dos integrantes do
grupo de assalto, através do uso do escudo balístico no primeiro homem a entrar nos
cômodos ou da utilização de técnicas de observação (fatiamento, tomada de ângulo ou
olhada rápida) antes da entrada em cada cômodo.

b) Dinâmica:
A entrada dinâmica será utilizada em operações de busca e apreensão onde se
priorize a agressividade e a rapidez. Este tipo de entrada é mais indicado quando

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 99 de 130)


existir a possibilidade do APOP descartar ou destruir provas ou nas situações de
resgate de reféns, após a decisão pela entrada tática.
O acesso ao interior do aparelho deve ser realizado de maneira que permita o
máximo de velocidade à entrada tática.

3) Quanto ao procedimento as entradas podem ser:

a) Sistemática (“Por Dois”)


É dado ênfase na segurança do grupo de assalto e na limpeza das instalações. É
normalmente empregada quando não se conhece a planta baixa da instalação e nem o
posicionamento da força adversa. É o tipo de entrada mais indicada às operações de
combate urbano, pois dificilmente se conhecerá com antecedência a planta das
construções.
Neste caso, a fração, aborda cômodo por cômodo, uma dupla por cômodo de
cada vez. Assim, a equipe se reorganiza para cada abordagem e fica assegurado que
a varredura foi feita em toda a instalação.
As medidas de coordenação e controle adotadas pelo grupo de assalto no interior
da instalação aumentam sobremaneira, pois as ações não puderam ser ensaiadas em
detalhe.

Todo o grupo se prepara para a abordagem do aparelho;


- A primeira dupla toma o cômodo 1;
- Após dominar todas as ameaças do cômodo 1 cada elemento informa, “LIMPO!”;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 100 de 130)


- Ao receber o limpo do cômodo 1 o comandante do grupo de assalto avança com o
grupo como um todo;
- O grupo como um todo se posiciona junto à porta para a passagem para o cômodo 2;
- Outra dupla domina o cômodo 2, repetindo o processo para tomada do cômodo 1;
- Assim o aparelho, sistematicamente, vai sendo dominado até o último cômodo.

b) Inundação
É dada ênfase a velocidade, pois todo o grupo de assalto aborda o primeiro
cômodo e a reorganização ocorre quase que simultaneamente com a passagem para o
próximo cômodo.
Será utilizada, prioritariamente, se a planta da edificação, bem como a localização
de inocentes e APOP, for de conhecimento da tropa. Tem como principal característica
a grande velocidade em que se abordam os cômodos.
Requer elevado nível de adestramento e ensaio detalhado, tendo em vista que
requer a perfeita harmonia na execução da missão, de forma que cada um dos
integrantes do grupo de assalto tenha, preferencialmente, perfeito conhecimento da
planta do aparelho e saiba qual sua missão.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 101 de 130)


Todo o grupo se prepara para a abordagem do aparelho;
- A abordagem do cômodo 1 será realizada por todos os integrantes do grupo de
assalto;
- Os militares vão entrando e se posicionando, alternadamente, no cômodo 1;
- A reorganização no cômodo ocupado e a passagem para o próximo cômodo ocorrem
quase ao mesmo tempo.
- O primeiro militar a se posicionar junto a próxima porta será o primeiro entrar no
cômodo 2 (B);
- O segundo militar (D) que se posicionar junto a porta, dará o pronto ao primeiro (B) e
os dois procederão a entrada no cômodo 2;
- Ao mesmo tempo, os militares da parede oposta vão transpondo e realizando a
entrada no cômodo 2;
- Da mesma maneira que foi feita no cômodo 1, os militares vão entrando e se
posicionando, alternadamente, no cômodo 2;
- Normalmente o último militar a abordar o cômodo já será um dos militares que
deverá permanecer no cômodo;
- O comandante do grupo de assalto deverá se posicionar de maneira que ele passe
por todos os cômodos e chegue ao último cômodo;
- Em cada cômodo deverá permanecer pelo menos uma dupla;
- A militar que neutralizar uma ameaça deverá permanecer no cômodo mantendo a
ameaça em sua área de responsabilidade.

e. Reorganização
Para esta fase serão estabelecidas medidas de coordenação e controle após a
limpeza de todos os cômodos.
Ela iniciará com o limpo do último cômodo, por isso é importante que o
comandante de grupo se posicione de tal forma que esteja acompanhando a entrada
nesse cômodo.
Iniciada esta fase, o comandante de grupo deverá percorrer todos os cômodos e,
se necessário, redistribuir seus homens de forma a melhorar a segurança no interior do
recinto.
Após verificado que o recinto está em segurança, o comandante de grupo informa
ao comandante imediato que o aparelho está em segurança e a situação atual (feridos
da tropa, feridos civis, materiais destruídos, danos ao patrimônio, etc).

f. Busca e Apreensão
Esta fase caracteriza-se pelo trabalho de duas equipes: Acolhimento e Revista.
Inicialmente a equipe de acolhimento adentra o ambiente e recolhe APOP
detidos, civis feridos e militares feridos. Esta equipe realiza a revista pessoal nestas
pessoas e os conduz para fora do aparelho.
Logo em seguida, a equipe de revista inicia a busca detalhada nos cômodos. A
busca pode ser realizada por uma equipe específica (elementos em reforço) ou por
elementos da fração com essa tarefa específica, devendo ser tomadas todas as
medidas para a preservação das provas e do aparelho, visando uma posterior perícia.
Danos desnecessários ao aparelho e seu mobiliário devem ser evitados.
Após cumprida sua missão, a equipe de revista se retira do local.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 102 de 130)


g. Retirada
Esta fase se inicia com a saída e o pronto do comandante da equipe de revista.
O comandante do grupo de assalto dará o comando para a tropa preparar para a
retirada, quando se inicia a movimentação de todos os homens do grupo de assalto.

h. Retraimento
É o movimento inverso da entrada, realizado pelo grupo de assalto em direção à
PF ou a uma nova posição de assalto.

6. TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS NO COMBATE EM RECINTO


CONFINADO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

É o conjunto de TTP executadas por uma tropa no interior de um ambiente


fechado, seja uma construção, ônibus, trem, navio ou avião, que tem o objetivo de
vasculhar o ambiente em segurança e neutralizar ameaças quando necessário. Este
tipo de combate é orientado pelos seguintes fundamentos táticos:

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 103 de 130)


a) Simplicidade – Este fundamento deve ser buscado desde a fase de
planejamento, na qual a limitação do número de objetivos, um bom trabalho de
Inteligência e a criatividade são componentes básicas deste fundamento.
A limitação do número de objetivos facilitará a compreensão da missão por todos
os integrantes da fração, diminuindo as possibilidades de erro durante a execução.
Um bom trabalho de Inteligência possibilita o maior número possível de dados
precisos importantes para o planejamento, evitando-se o improviso e um grande
número de condutas alternativas durante a ação no objetivo.
A criatividade é obtida através de novas tecnologias, que visam a execução de
uma tarefa aparentemente difícil de um modo mais fácil e rápido, e ainda, através do
emprego de táticas não convencionais, que são aquelas desenvolvidas durante o
treinamento específico de uma missão ou ainda a solução encontrada diante de uma
situação problema na ação no objetivo.
b) Segurança – Este é o fundamento que trata da integridade física dos
integrantes da fração, iniciando na apanha e verificação do armamento e equipamento
a ser utilizado no cumprimento da missão, passando por condutas durante o
deslocamento e aproximação do objetivo, condutas na ação do objetivo, tais como a
identificação de elemento suspeito e sua detenção e finalmente até o retraimento para
a base de operações e posterior “debriefing”.
c) Surpresa – Este fundamento visa apanhar o APOP desprevenido, através da
dissimulação, da disciplina de luzes e ruídos, da sincronização das ações e até das
suas vulnerabilidades.
d) Agressividade – Este é o fundamento através do qual o integrante da fração
imporá o medo ao APOP por meio de sua postura, da forma clara e enérgica com que
transmite suas ordens e se preciso for do emprego de força física.
e) Rapidez – Este fundamento trata que o integrante da fração deverá alcançar
seu objetivo o mais rápido possível, o que traduz menor tempo de exposição dos
envolvidos na ação no objetivo e uma solução aceitável para determinada crise num
curto espaço de tempo.
f) Continuidade – Este fundamento implica diretamente no espírito de
cumprimento de missão, pois não importa o que sair de errado durante a execução,
principalmente na ação no objetivo, o integrante da fração deve manter seu foco e
prosseguir.
Existem alguns fatores para o emprego do armamento em CRC. Estes são
essenciais para que se evite a morte de inocentes:
a) Objeto – Algo que ofereça risco a integridade física ou à vida do elemento da
fração ou de outrem.
b) Intenção – A pessoa que porta o objeto tem a intenção de usá-lo contra o
integrante da fração para afetar sua integridade física ou tirar-lhe a vida, ou ainda, de
outrem.
c) Capacidade – A pessoa que porta o objeto e tem a intenção de usá-lo deverá
ter a capacidade para fazê-lo, ou seja, precisa ter força para empregar um machado,
por exemplo, ter o conhecimento necessário para manejar uma arma de fogo, quer
dizer que o agressor deve ter capacidade física e/ou mental para executar a ação com
êxito.
d) Certeza – O integrante da fração deve estar certo que após verificar os três
fatores anteriores, aquela pessoa constitui uma ameaça real.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 104 de 130)


e) Ação imediata – O integrante da fração após ter verificado os fatores citados
anteriormente, sabe que se não agir (atirar), de imediato, aquela ameaça se
concretizará.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 105 de 130)


CAPÍTULO VII
CONTROLE DE DISTÚRBIOS

ARTIGO I

1. CONCEITOS BÁSICOS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

a. Aglomeração: grande número de pessoas temporariamente reunidas.


Geralmente, os membros de uma aglomeração pensam e agem como elementos
isolados e não organizados. A aglomeração pode, também, resultar da reunião
acidental e transitória de pessoas, tal como acontece na área comercial de uma cidade
em seu horário de trabalho ou nas estações ferroviárias em determinados instantes.

b. Multidão: aglomeração psicologicamente unificada por interesse comum. A


formação da multidão caracteriza-se pelo aparecimento do pronome “nós” entre os
seus membros, assim, quando um membro de uma aglomeração afirma – “nós
estamos aqui pela cultura”, “nós estamos aqui para prestar solidariedade”, ou “nós
estamos aqui para protestar” pode-se também afirmar que a multidão está constituída e
não se trata mais de uma aglomeração.

c. Turba: multidão em desordem. Reunião de pessoas que, sob estímulo de


intensa excitação ou agitação, perdem o senso da razão e o respeito à lei, e pensam
em obedecer a indivíduos que tomam a iniciativa de chefiar ações desatinadas. A turba
pode provocar tumultos, distúrbios, realizar saques ou estar em pânico e fuga.

d. Tumulto: desrespeito à ordem, levado a efeito por várias pessoas, em apoio a


um desígnio comum de realizar certo empreendimento, por meio de ação planejada
contra quem a elas possa se opor. O desrespeito à ordem é uma perturbação
promovida por meio de ações ilegais, traduzidas numa demonstração de natureza
violenta ou turbulenta.

e. Distúrbio: inquietação ou tensão que toma a forma de manifestação. Situação


que surge dentro do país, decorrente de atos de violência ou desordem prejudicial à
manutenção da lei e da ordem. Poderá provir de uma ação de uma turba ou se originar
de um tumulto.

f. Manifestação: demonstração, por pessoas reunidas, de sentimento hostil ou


simpático a determinada autoridade ou alguma condição ou movimento político,
econômico ou social.

g. Anonimato: a pessoa se anonimiza, perde sua identidade e,


consequentemente, seu senso de responsabilidade, o seu comportamento deixa de ser
social para se tornar coletivo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 106 de 130)


h. Agentes de Perturbação da Ordem Pública: são pessoas ou grupos de pessoas
cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem pública ou
ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
i. Ameaças: são atos ou tentativas potencialmente capazes de comprometer a
preservação da ordem pública ou ameaçar a incolumidade das pessoas e do
patrimônio.
j. Massa: Grande quantidade de pessoas.

Tipos de massa:

a. Massas pacíficas: reúnem-se por motivos “justos” ou pacíficos, pela própria


característica do grupo não demonstra atitudes radicais. São exemplos: Pacificadores,
Religiosos, Grupos raciais e comportamentais.

b. Massas organizadas: são grupos que possuem uma liderança mais definida,
possuem relativa disposição para enfrentar o policiamento local, além de terem
objetivos específicos de interesse de seu grupo social.

c. Massas violenta: são grupos que, muito das vezes, não possuem lideranças
definidas, mas que, por suas características, têm demonstrado ser uma preocupação
quanto à ordem pública.

Doutrinas:

Há duas vertentes doutrinárias mundiais no que tange às técnicas, táticas e


procedimento da Força de Choque.

a. Doutrina Ocidental: empregada na América e países da Europa Ocidental. Seu


emprego é baseado em técnicas não-letais, evitando o contato físico e mantendo
distância de segurança no Controle de Distúrbios. Utiliza força proporcional e busca da
preservação dos direitos individuais. Busca a estabilização institucional com
cooperação em amplo espectro, ganhando tempo para atuação política das
autoridades Administrativas (Adm). E atua com coordenação das informações da
Comunicação Social e Operações Psicológicas. Isso resulta em um emprego eficaz das
pequenas unidades.

b. Doutrina Oriental: utilizada em alguns países do continente africanos e


asiáticos. Seu emprego é baseado em utilização de armas de fogo, porretes, chicotes e
varas buscando o contato físico no controle de distúrbios. Diferentemente da Doutrina
Ocidental, utiliza violência e desrespeito aos direitos individuais consagrados no
Ocidente. Busca a estabilização institucional impondo a força militar, com a conivência
das autoridades Adm. Despreza as atividades de Comunicação Social e Operações
Psicológicas. Emprega grandes efetivos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 107 de 130)


2. MISSÕES ATRIBUÍDAS

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

As missões normalmente atribuídas a uma força, quando empregada no controle


de um distúrbio são:
- interditar uma área urbana ou rural, prevenindo a ação de grupos de
manifestantes;
- evacuar uma área urbana ou rural já ocupada por manifestantes;
- restabelecer a ordem pública em situações de vandalismo;
- evacuar prédios ou instalações ocupados por manifestantes;
- restabelecer a ordem no quadro de um conflito entre as forças policiais e a força
adversa;
- garantir a integridade do património público; e
- desobstruir vias de circulação.

3. CONDICIONANTES

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

O Cmt, em qualquer escalão, deverá cumprir a sua missão, atendendo às


seguintes condicionantes:
- Mínimo de danos à população e ao património;
- Mínimo de perdas em sua tropa;
- Rapidez no cumprimento da missão;
- Preservação da imagem do Exército junto à opinião pública;
- Respeito aos preceitos legais vigentes; e
- Ordens específicas emanadas do escalão superior.

4. ATIVIDADES A REALIZAR

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

A seguir são apresentadas as principais ações a realizar, referenciadas às fases


de uma OCD. No entanto, elas não se desenvolvem, necessariamente, na ordem
citada. Além disso, algumas ações desencadeadas inicialmente prosseguem ao longo
de toda a operação, aumentando ou diminuindo de intensidade.

Principais atividades a realizar:

- inteligência;
- operações psicológicas;
- isolamento da área de operações;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 108 de 130)


- cerco da área conturbada;
- demonstração de força;
- negociação;
- investimento;
- vasculhamento da área; e
- segurança da população e instalações.

a. Inteligência
- As atividades de inteligência em uma OCD devem se orientar para:
1) Identificação das causas do distúrbio;
2) APOP, em especial quanto à liderança, intenções, efetivos e armamento;
3) População, em especial quanto ao seu possível grau de participação (incluindo
líderes políticos); e
4) Região de operações, em especial quanto aos acessos, pontos sensíveis,
postos de observação, obstáculos, sistemas de comunicações e outros aspectos; são
realizadas por equipes de reconhecimento e de inteligência (normalmente velada), que
devem infiltrar agentes na manifestação.

b. Operações Psicológicas
1) As Operações Psicológicas (Op Psico) devem ser realizadas durante todas as
fases da OCD.
2) São conduzidas por uma Equipe de Op Psico, integrada por pessoal
especializado.
3) Caracterizam-se por ações destinadas a neutralizar o trabalho de formação das
turbas ou pela tentativa de dissuadir a massa de suas intenções.
4) São planejadas e coordenadas pelo mais alto escalão.
5) Têm como alvos a população e a nossa tropa.
6) Devem ser realizadas durante todas as fases da OCD, em auxílio às ações de
negociação.
7) Ordens de dispersão devem ser dadas (mediante o emprego de alto-falantes
ou outros aparelhos) de modo a assegurar que todos os componentes da turba possam
ouvi-las claramente. Deve-se usar linguagem adequada ao público alvo, falar de modo
claro, distinto e em termos positivos. Os manifestantes não devem ser repreendidos, ou
desafiados. Quanto menos tempo levar a turba para se dispersar, menos tempo terão
os agitadores para incitá-la à violência. Ao primeiro ato de violência, os líderes e os
agitadores devem ser detidos e retirados imediatamente do local.
8) Os manifestantes devem ainda ser alertados sobre as medidas legais que
garantem o emprego da tropa e das consequências jurídicas no caso de qualquer
desrespeito ou agressão a mesma.
9) A população deve ser orientada quanto à maneira de se conduzir, buscando-se
o máximo de defecções.
10) As Op Psico devem ser desenvolvidas em coordenação com as Atividades de
Comunicação Social.
11) A participação da mídia nas operações deve ser bem avaliada e coordenada
pelo Escalão Superior.
12) Ação Psicológica no Público Interno:
- conscientizar a tropa da necessidade da ação da F Ter;
- manter o moral e o senso de cumprimento do dever elevados; e

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 109 de 130)


- preservar e assistir às famílias de integrantes da tropa que residam na área
envolvida na Operação ou em suas proximidades.
13) Ação Psicológica no Público Externo:
- esclarecer que será preservada a segurança física da população ordeira;
- estimular lideranças comunitárias simpáticas à Operação;
- convencer a população a não participar das manifestações; e
- alertar os manifestantes sobre as medidas legais que garantem o emprego
da tropa e das consequências jurídicas no caso de agressão ou desrespeito àquela.
14) Guerra Psicológica:
- difundir os êxitos da força legal, como apreensão de armamento e prisão
de líderes;
- incentivar, ao máximo, as defecções e rendições.

c. Isolamento da Área de Operações


- O isolamento da área de operações é realizado mediante o estabelecimento de
Ponto de Controle de Trânsito (PCTran) e Posições de Bloqueio nos principais
acessos, com a finalidade de controlar movimentos, evitando o aumento da
participação da população, desviando o tráfego de veículos e, com isso, evitando
prejuízos às operações.

d. Cerco da Área
1) No caso da operação caracterizar-se por uma ação de natureza OFENSIVA,
com o objetivo de dissolver uma manifestação ou desocupar uma área:
- o cerco da área conturbada deve ser realizado mediante ocupação de posições
de bloqueio nos acessos imediatos ou mesmo ao redor da turba;
- tem também a finalidade de demonstração de força, para causar forte impacto
psicológico nos manifestantes;
- em princípio, deve ser permitido que os manifestantes e/ou curiosos que
desejarem abandonem a área; e
- quando as negociações não surtirem o efeito desejado, o INVESTIMENTO,
quando necessário, será realizados por ultrapassagem, em um ou mais setores da
linha de cerco e, nesse caso, o Cmt da tropa manobrará com as posições de bloqueio
com vistas a:
a) possibilitar que nos momentos iniciais do investimento, os manifestantes
que não desejarem o confronto se evadam por um ou mais pontos da linha de cerco,
devendo para isso ser(em) prevista(s) ROTA(S) DE FUGA/ESCAPE; e
b) impedir que os manifestantes que permaneceram na área e optaram pelo
confronto se evadam (particularmente os líderes e os que cometeram atos mais
violentos).
2) No caso da operação caracterizar-se por uma ação de natureza DEFENSIVA,
visando impedir o acesso de manifestantes a determinada área sensível, as ações de
cerco caracterizam-se por:
- uma posição de defesa ao redor da área sensível, para permitir suficiente
espaço para a manobra da tropa e impedir que as ações violentas dos manifestantes
atinjam os pontos sensíveis no interior da posição de defesa;
- as posições nessa linha de defesa devem ser mais fortes nas vias de acesso
mais favoráveis à ação da turba e valer-se de obstáculos;
- a defesa deve ser organizada em princípio, em 2 linhas;

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 110 de 130)


a) A primeira, com a função de COBERTURA, a algumas dezenas de metros
à frente com a finalidade de caracterizar legalmente o limite aceitável de avanço dos
manifestantes; caso haja pressão, proceder conforme previsto nas regras de
engajamento. Em algumas situações, em função do espaço para manobra, poderá não
existir a linha de cobertura;
b) A segunda posição é para ser defendida, não se cedendo espaço; deve
ser constituída pela Força de Choque, que atuará de forma vigorosa, buscando, em
última instância, repelir a turba. Caso prossiga pressão sobre esta segunda linha, ficará
legalmente caracterizada a resistência contra a ação militar no cumprimento da missão
de garantia da ordem pública.
c) A Força de Choque deverá passar então a uma atitude ofensiva,
realizando o INVESTIMENTO sobre a turba.
- uma outra linha de cerco, semelhante à prevista para as ações de natureza
ofensiva, poderá ser estabelecida, buscando ocupar previamente posições ao redor de
toda a área onde estão sendo realizadas as manifestações. Esse cerco tem como
finalidade impedir, se necessário, a evasão de APOP durante o investimento.

e. Demonstração de Força
1) A demonstração de força é caracterizada, em primeira instância, pela própria
tomada do dispositivo inicial;
2) Deve-se buscar a dissuasão pelo efeito de massa;
3) Meios de grande poder de destruição, tais como helicópteros, veículos
blindados e outros armamentos pesados devem ser utilizados como fator de
intimidação; e
4) Não deve ser usada a munição de festim.

f. Negociação
1) A negociação deverá ocorrer durante todas as fases da operação, valendo-se
para isso dos recursos das operações psicológicas, da comunicação social e de
reuniões pessoais com as lideranças;
2) O êxito da negociação depende, em grande parte, do efeito dissuasório da
demonstração de força;
3) Deverá buscar-se, fundamentalmente, a solução pacífica do conflito, evitando-
se a ação ofensiva; e
4) Poderá ser estabelecido um prazo para que seja cumprida a determinação da
autoridade legal.

g. Investimento
1) O investimento é, normalmente, a ação decisiva, com o objetivo de controlar
um distúrbio, quando se esgotam todas as medidas preventivas.
2) Com base na hipótese mais desfavorável, ou seja, a real necessidade de se ter
que desencadear a ação ofensiva - num cenário em que alguns militantes mais radicais
reajam com coquetéis "molotov" ou mesmo armas de fogo - devem ser previamente
posicionados os seguintes elementos:
a) Equipe de Observação e Base de Fogos - Constituída de observadores,
caçadores, cinegrafistas, e rádio-operadores, ocupando posições em pontos
dominantes - em condições de identificar líderes e aqueles que reagem violentamente
à ação da tropa com pedras, coquetéis "molotov" e armas de fogo - para filmá-los e,

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 111 de 130)


mediante ordem, atirar com munição de borracha ou real (de acordo com as regras de
engajamento estabelecidas).
b) Força de Choque- constituída por tropas de choque, equipadas com
escudos, cassetetes, munição lacrimogênea, viaturas blindadas e de remoção de
obstáculos, cães, cavalos, etc.
- deve caracterizar-se por uma ação vigorosa, que tem como objetivo
dispersar a turba.
- em algumas situações de natureza defensiva, a Força de Choque, numa 1ª
fase, permanece estática, não devendo ceder espaço e, caso pressionada pela turba,
reage com vigor, tomando atitude ofensiva, buscando dissolvê-la no mais curto prazo.
c) Força de Reação
- constituída de tropas do Exército, em especial de Unidades de Infantaria e
Cavalaria que permanecem em 2º escalão em condições de caso a Força de Choque
seja hostilizada com armamentos que superem sua capacidade de ação, serem
empregadas em substituição a ela, utilizando meios mais traumatizantes, tais como
munição de borracha e, em última instância, munição real.
- em princípio, a tropa não porta escudos nem capacetes especiais, tendo
como armamento básico o seu armamento de dotação.
- o dispositivo adotado não é emassado e assemelha-se a uma operação
ofensiva de combate urbano, com progressão por lanços, buscando proteção dos tiros
e de outros objetos lançados contra a tropa. A reação pelo fogo real só deve ocorrer
quando determinada pelo Cmt e de acordo com as regras de engajamento
estabelecidas.
- as equipes de serviços gerais serão úteis para a recuperação do patrimônio
público ou privado, que for danificado pela nossa tropa durante a operação.
- as equipes de serviços públicos e especiais serão utilizadas para
reparação das redes elétrica, telefônica, de água e outros serviços.
d) Equipe ou Destacamento de Apoio
- constituída de pessoal de saúde, bombeiros, Op Psico, justiça, serviços
gerais, serviços públicos essenciais e outros.
e) Reserva
- constituída de forças com características semelhantes à Força de Reação,
em condições de reforçar posições de cerco, reforçar a Força de Reação ou atuar
como força de cerco.
3) Conduta da Tropa no Investimento
a) O investimento sobre a turba deve se caracterizar por uma ação dinâmica,
evitando-se ações estáticas, passivas e que ofereçam liberdade de ação e iniciativa ao
oponente.
b) Normalmente é realizado mediante avanço da Força de Choque sobre a turba
com dispositivo emassado, em linha, em passo acelerado, com os cães à frente,
seguida por equipes especiais com atiradores com munição de borracha, lançadores
de granadas fumígenas e lacrimogêneas, veículos blindados com jatos d'água e outros
meios.
c) Equipamentos de som darão o suporte às operações psicológicas.
d) Equipes da base de fogos, de acordo com as regras de engajamento, alvejarão
com munição de borracha ou real aqueles que se valerem de armas mais
contundentes.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 112 de 130)


e) Caso a reação da turba seja com tal violência (tiros e coquetéis "molotov") que
a Força de Choque não possa progredir ou as ações da base de fogos sejam inócuas,
a ação passará a ter as características de um combate urbano, devendo ser
empregada a Força de Reação.
f) Veículos blindados poderão acompanhar a Força de Choque em sua ação.
g) Não deve ser utilizada munição de festim.
h) Provas materiais da violência deverão ser recolhidas para posterior
apresentação em tribunais. Aquelas que definam a identidade dos líderes e suas reais
intenções, bem como as que se referem a planos, são particularmente importantes. O
emprego de elementos em trajes civis facilitará a obtenção de tais provas. A utilização
de máquinas fotográficas e de filmagem, de gravadores e de outros aparelhos serão
particularmente úteis para esse fim, considerando a dificuldade de memorização que,
naturalmente, apresentam os observadores em tais situações.
i) Provas que definam claramente a conduta da tropa devem ser também
providenciadas, a fim de resguardá-la contra acusações futuras.

h. Vasculhamento da Área
1) É a operação que normalmente se segue ao investimento, em que
preponderam as ações de busca e apreensão, e tem por finalidade:
a) capturar:
- líderes;
- elementos que cometeram atos violentos; e
- elementos procurados pela justiça, ou pela polícia.
b) apreender:
- armas, munições, explosivos e outras provas materiais.
2) É executado por equipes de busca, que recebem normalmente encargos por
área ou grupos de pessoas a serem revistadas.
3) A tropa mais adequada à sua execução é a PE, podendo, em alguns casos, ser
realizada, no todo ou em parte, por outras Unidades do Exército.
4) A Força de Reação e a Reserva podem receber a missão de realizar o
vasculhamento e, para isso, são reorganizadas em equipes de busca, cada uma com
responsabilidade sobre uma área específica.
5) As buscas, quando no interior de residências, exigem mandado judicial e só
podem ser realizadas durante o dia. São, no entanto, as mais eficazes.
6) Todos os comodos devem ser revistados na presença dos moradores e,
quando descoberto algum ilícito, lavrado o flagrante delito.
7) A revista de pessoas nas ruas é feita também pelas equipes que participaram
do cerco, do isolamento e da segurança da população.

i. Segurança da População e Instalações


1) Estas ações, apesar de preponderarem nas fases subsequentes ao
investimento, podem ocorrer durante toda a OCD.
2) Caracterizam-se por um patrulhamento intensivo da área e o estabelecimento
de Postos de Segurança Estáticos (PSE).
3) Durante as ações, deve ser mantido o isolamento da área de operações e,
dependendo da situação, também as posições de cerco.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 113 de 130)


4) Caracteriza-se também pelo estabelecimento de um rigoroso controle da
população e, em grande parte, confunde-se com as próprias ações de vasculhamento
da área.
5) Devem ser reprimidas quaisquer tentativas de aglomerações posteriores, no
local ou nas suas proximidades e, para tal, patrulhas motorizadas ou a cavalo devem
percorrer a área.

5. ORGANOGRAMA

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

FORÇA DE CHOQUE: constituída por tropa de choque, equipada com material e


munições específicas de controle de distúrbios com o objetivo de quebrar a resistência
das forças adversas.

FORÇA DE REAÇÃO: constituída de tropas do exército (infantaria e cavalaria


mecanizada), atuam caso a força de choque seja hostilizada com armamentos que
superem sua ação. Agirá com reação pelo fogo real de acordo com as regras de
engajamento estabelecidas.

EQUIPE DE OBSERVAÇÃO E BASE DE FOGOS : constituída de observadores,


caçadores, cinegrafistas e rádio operadores, ocupam posições em pontos dominantes
a fim de identificar líderes e armas de fogo.

EQUIPE DE BUSCA: responsável pelo vasculhamento da área após o


investimento visando capturar líderes, elementos que cometeram atos violentos,
contraventores, armamento, munições e explosivos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 114 de 130)


EQUIPE DE APOIO: constituída pelo pessoal de saúde, bombeiros, justiça,
comunicação social e outras equipes que se fizerem necessárias.

RESERVA: constituída de forças com características semelhantes a força de


reação em condições de reforçar a força cerco, força de reação ou atuar como força de
choque.

ARTIGO II

FORÇAS DE CHOQUE

PELOTÃO COMO FORÇA DE CHOQUE

O pelotão de fuzileiros leve, composto por 32 militares, quando dotado para força
de CHOQUE, fica dividido em 3 Grupos de Choque (GChq) e Grupo de Comando
(GCmdo). E com isso, apresenta as seguintes funções:
 Comandante de Pelotão: é responsável pela coordenação e controle do Pelotão
de Choque.
 Sargento Adjunto: é o auxiliar do Comandante de Pelotão no controle do efetivo.
 Sargento Comandante de Grupo de Choque: tem a responsabilidade de
controlar as ações de seu GChq, evitando seu isolamento ou fracionamento durante a
ação.
 Escudeiro: executa a proteção do pelotão contra o arremesso de objetos ou
disparos de armas de fogo (quando dotado de escudo balístico).
 Granadeiro: realiza o lançamento de munição química e de impacto controlado
calibre 37/38 ou 40 mm por meio de Lançador de Granada ou de lançamento manual.
 Atirador: realiza o lançamento de munição química e de elastômero com
espingarda calibre 12.
 Marcador: realiza o lançamento de munição não-letal com armamento específico
de paintball.
 Homem Extintor: opera o extintor no caso da necessidade de debelar incêndio
em elementos do Pelotão.
 Rádio-Operador: realiza a comunicação do Pel – Cia.
 Segurança: realiza a segurança coletiva do pelotão utilizando munição letal com
espingarda calibre 12.
COMANDANTE DE PELOTÃO
ADJUNTO DE PELOTÃO
COMANDANTE DE COMANDANTE DE COMANDANTE DE
GRUPO CHQ GRUPO CHQ GRUPO CHQ
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
GRANADEIRO GRANADEIRO GRANADEIRO
ATIRADOR ATIRADOR ATIRADOR
MARCADOR MARCADOR MARCADOR
SEGURANÇA RÁDIO OPERADOR HOMEM EXTINTOR

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 115 de 130)


6. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPI), cada militar da fração


deve utilizar caneleira, colete balístico, capacete com viseira, tonfa ou cassetete, traje
anti tumulto (exceto escudeiro) e máscara contra gases.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 116 de 130)


7. FORMAÇÕES, DESLOCAMENTOS E COMANDOS DO PELOTÃO DE
CHOQUE

Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e da Ordem. 2ª Ed.


CI Op GLO, 2015

O Pelotão de Choque, mediante comando, adota formações específicas de


acordo com o objetivo desejado. Assim, utilizamos as seguintes formações:

1) Formações Básicas:

- Por Três: é a formação básica de controle de distúrbios normalmente utilizada para


deslocamentos, enumeração, conferência de efetivo ou formaturas do Pelotão de Controle
de Distúrbios.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 117 de 130)


- Por Dois: é também uma formação básica do pelotão, utilizada para
deslocamento em locais estreitos. Assim, o pelotão estando na formação por três, ao
comando, o 1º grupo se deslocará para frente do dispositivo sendo os números pares
para a direita e os ímpares para a esquerda, ficando o 2º e 3º grupos um do lado do
outro na retaguarda do primeiro, seguindo a ordem numérica do Pelotão.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 118 de 130)


2) Formações Ofensivas:

- Em Linha: é a mais comumente utilizada e servimo-nos dela para bloquear o


deslocamento de uma massa, ou mesmo para empurra-la. Partindo da formação em
coluna por dois, com o comando correspondente os militares do 2º grupo do pelotão se
deslocarão para a esquerda do dispositivo; o mesmo procedimento será adotado pelos
homens do 3º Grupo, à direita do dispositivo. Os militares integrantes do 1º Grupo
infiltrar-se-ão no lado esquerdo se forem número ímpar e no lado direito se forem
número par (daí a importância da numeração do pelotão).

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 119 de 130)


- Em Cunha: esta formação é utilizada quando o terreno for estreito para a
formação em linha ou para avançar, e quando, mais perto da turba, mudar para a
formação em linha, fazendo a frente do pelotão aumentar, realizando assim dissuasão.
A disposição dos homens será a mesma do pelotão em linha quanto à numeração,
diferenciando apenas quanto à formação geométrica que terá os militares, não um ao
lado do outro, mas um a retaguarda (diagonal) do outro de ambos os lados (à esquerda
e à direita do homem base) e voltados para a mesma frente, tendo como base o
escudeiro nº 1. Os escudos permanecem voltados para a frente como na formação em
linha.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 120 de 130)


- Escalão à Direita: tal formação visa direcionar a movimentação da massa para
a direita. A posição numérica dos militares permanece a mesma da formação em linha
ficando a retaguarda e a direita do militar a sua frente, todos voltados para a mesma
frente.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 121 de 130)


- Escalão à Esquerda: tal formação visa direcionar a movimentação da massa
para a esquerda. A posição numérica dos militares permanece a mesma da formação
em linha ficando a retaguarda e a esquerda do militar a sua frente, todos voltados para
a mesma frente.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 122 de 130)


3) Formações Defensivas:
Estas posições possuem seis variantes, divididas em dois grupos: defensivas
dinâmicas e defensivas estáticas.

a. Defensivas Dinâmicas:

- Guarda Alta: neste comando os escudeiros permanecem ombro a ombro com


os escudos oferecendo proteção na parte superior do corpo. Todo o efetivo restante
será recolhido à retaguarda dos escudeiros para também serem protegidos contra
eventuais arremessos de objetos. O cassetete empunhado pelo escudeiro efetua apoio
na parte inferior do escudo, e os militares da retaguarda o apoiam em sua parte
superior, para maior firmeza.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 123 de 130)


- Guarda Alta Emassada: mantendo-se as posições do corpo e do escudo, os
quatro escudeiros de cada extremidade irão retrair formando uma proteção nas
diagonais, ficando a formação semelhante a uma meia lua.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 124 de 130)


- Escudos Acima: esta formação será utilizada quando o pelotão tiver que
adentrar em alguma construção, presídio ou outros locais em que a via de acesso seja
estreita e há perigo de lançamentos de objetos sob a tropa. Todos os integrantes do
pelotão ficam protegidos pelos escudos.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 125 de 130)


b. Defensivas Estáticas:

- Guarda Baixa: quando os escudos são apoiados ao solo de forma unida, e


todos os integrantes do pelotão se abaixam para realizar a proteção do Pelotão.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 126 de 130)


- Guarda Baixa Emassada: quando os escudos são apoiados ao solo, sendo que
três escudeiros de uma extremidade e quatro escudeiros da outra extremidade se
posicionam acima dos outros oito escudeiros que, abaixo, formam a base da formação.
É a principal formação utilizada quando da ameaça de arma de fogo.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 127 de 130)


(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 128 de 130)
Comandos

Os comandos para mudança de formações e deslocamentos devem ser claro e


dados com ênfase, para que todos consigam ouvir e executar ao mesmo tempo. A
marcialidade na troca das formações servem tanto para segurança do pelotão como
para demonstração de força, pois uma tropa adestrada pode intimidar com seu
sincronismo. Pode ser utilizado um amplificador de som para transmitir os comandos.

(1) Comandos para mudança de formação sem deslocamento de tropa:


 Advertência: Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Formação: guarda baixa!
Execução: posição!

(2) Comandos para deslocamento de tropa:


 Advertência: Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
Formação: em linha!
 Execução:
Marche-marche! (acelerado)
Marche! (normal)

(3) Comandos para deslocamento de tropa marcando cadência


 Advertência: Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
Formação: em linha!
 Execução: Marcando cadência, marche!

(4) Comandos para a execução da carga de cassetete


 Advertência: Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
 Execução: Preparar para a carga! Carga!

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 129 de 130)


REFERÊNCIAS

a. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: 2016.

b. _______. Exército Brasileiro. Manual de Campanha C 19-15 – Operações de


Controle de Distúrbios. 1ª Edição. Brasília: EGGCF, 1997.

c. _______. Instruções Provisórias. IP 85-1 – Operações de Garantia da Lei e da


Ordem. 1ª Edição. Brasília: EGGCF, 2002.

d. _______. Caderno de Instrução. CI 7-5/2 – O Pelotão de Fuzileiros no


Combate e em Áreas Edificadas. 1ª Edição. Brasília: EGGCF, 2006 –
Experimental.

e. _______. Manual de Fundamentos. EB 20-MF-10.103 – Operações. 4ª Edição.


Brasília: EME, 2014.

f. _______. Nota de Aula. NA – Estágio Geral de Operações de Garantia da Lei e


da Ordem. 2ª Ed. CI Op GLO, 2015.

(Coletânea de Manuais / Tec Mil III/Vol 2................................................ Página 130 de 130)

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