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Goiânia
2018
L UCAS M ENEZES DE B RITO
Goiânia
2018
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG.
CDU 512.7
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do
trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador(a).
Ao meu pai Valmir e à minha irmã Lorena, pelo apoio e por sempre terem
acreditado em mim, mesmo nos momentos mais difíceis.
Aos meus amigos e colegas do IME, Angelo, Danilo, Fábio, Heric, Juliana,
Lucas e Leonardo pelas brincadeiras e pelos momentos de descontração.
Aos professores Jesus Carlos da Mota, José Valdo Abreu Gonçalves, Shirlei
Serconek, Romildo da Silva Pina, Ronaldo Antônio dos Santos, Marcelo Almeida de
Souza, Abiel Costa Macedo pelos ensinamentos valiosos.
Ao meu orientador Kaye Oliveira da Silva, pela paciência e pela ajuda incomen-
surável.
À CAPES e ao CNPq pelo apoio financeiro, e ao programa PICME pelas
oportunidades.
The goal isn’t to live forever, the goal is to create something that will.
Chuck Palahniuk
Resumo
u > 0 em Ω,
u = 0 em ∂Ω,
Palavras–chave
EDP, problema singular, problema não linear, Métodos Variacionais, Princípio
Variacional de Ekeland, Funcional Energia, Variedades de Nehari
Abstract
u > 0 in Ω,
u = 0 in ∂Ω,
We have two main cases. In the first one, N ≥ 1, h ∈ L1 (Ω), h > 0 a.e. in Ω, γ > 1,
k ∈ L∞ (Ω), k ≥ 0 a.e. in Ω, and 0 < β < 1. In the second case, N ≥ 3, h ∈ L2 (Ω), h > 0
q.t.p. em Ω, 0 < γ < 1, k ≡ λ > 0 e 1 < β < 2∗ − 1, where 2∗ is the critical exponent of
the Sobolev imbedding, given by 2∗ = N−22N
. We will use Variational Methods, such as the
Ekeland Variational Principle and the Nehari Manifolds, to solve this problem, finding
weak solutions and showing multiplicity of solutions in one of the cases. The proofs
contained here were first discovered by Y. Sun in [23], [24] and [26].
Keywords
PDE, singular problem, nonlinear problem, Variational Methods, Ekeland Vari-
ational Principle, Energy Functional, Nehari Manifolds
Sumário
Introdução 10
1 Preliminares 15
1.1 Análise Funcional 15
1.2 Teoria da Medida 18
1.3 Espaços de Sobolev 24
1.4 Métodos Variacionais 27
1.5 Equações Diferenciais Parciais 31
Referências Bibliográficas 71
Introdução
u > 0 em Ω, (0-1)
u = 0 em ∂Ω,
∆u := div(∇u).
arctan( xε )
uε (x) = , ε > 0,
arctan( 1ε )
Alguns dos resultados relacionados aos casos que não trataremos aqui são os
seguintes:
• k ≡ 0. Neste caso, em 1977 foi provado por Crandall, Rabinowitz e Tartar [10] que
se h ∈ C1 (Ω) e h > 0 em Ω então existe uma solução única u ∈ C2 (Ω) ∩ C(Ω) de
(0-1). Lazer e McKenna em 1991 [18], provaram que se ∂Ω é de classe C2+α (Ω),
h ∈ Cα (Ω), h > 0 em Ω com 0 < α < 1 então (0-1) possui uma única solução
u ∈ C2+α (Ω) ∩C(Ω). Condições mais fracas sobre h foram dadas por del Pino [12],
onde h é limitada, não-negativa e positiva em algum subconjunto de medida não-
nula, e foi possível provar a existência de uma solução em C1 (Ω) ∩C(Ω).
• k ≡ λ e h ≡ 1. Coclite e Palamieri provaram em 1989 [8] que existe λ∗ tal que (0-1)
tem solução se λ < λ∗ e não tem solução se λ > λ∗ .
• k ≡ λ, 0 < γ < 1 (singularidade fraca) e β = 1 ou β < 1 (caso sublinear). Em [20] e
[25] foram provadas existência e unicidade de soluções fracas.
Por fim, exibiremos um resultado que nos garante a limitação uniforme de uma
sequência de soluções (uε ) do problema, quando temos o coeficiente γ, do termo singular,
sofrendo uma perturbação, isto é, quando consideramos um acréscimo ε (neste caso,
ε = n1 ) a γ:
−γ+ n1
−∆u = h(x)un em Ω,
u > 0 em Ω,
u = 0 em ∂Ω;
com energia uniformemente limitada:
1−γ+ 1n
Z
sup h(x)un < ∞.
n∈N Ω
14
sup un (x) ≤ CK
x∈K
para qualquer n ∈ N.
Isso nos permite estabelecer uma estimativa uniforme local para a integrabilidade
do termo u−γ próximo ao bordo ∂Ω.
As principais demonstrações e a estrutura desse capítulo são provenientes dos
artigos SUN; 2013 [23] e SUN, DUANZHI; 2014 [26].
No Capítulo 3 analisaremos o Caso Superlinear com Singularidade Fraca. O
principal resultado é relacionado à existência de duas soluções:
kuk2
1
S = in f : u ∈ H0 (Ω), u 6= 0 ,
kuk22∗
! 1+γ
1 β−1 1+γ β−1
a= ,
β−1+2γ
β+γ β+γ
|Ω| 2(β+1)
e
2∗ − (β + 1)
α=2 ,
2∗ (β + 1)
então existe λ0 > 0 tal que para todo λ ∈ (0, λ0 ) o problema (0-1) possui pelo menos duas
soluções fracas.
Topologia Fraca
Seja X um espaço vetorial (real). Vamos definir os conceitos de norma e,
posteriormente, de topologia forte e fraca.
Definição 1.1 (Norma) Uma aplicação k · k : X → [0, +∞) é dita uma norma se
(i) ku + vk ≤ kuk + kvk ∀u, v ∈ X;
(ii) kλuk = λ · kuk ∀u ∈ X, λ ∈ R;
(iii) kuk = 0 se, e somente se, u = 0.
kxn − xm k < ε.
Definição 1.3 Um espaço vetorial X é dito um espaço de Hilbert se existe uma função
( . , .) : X × X → R tal que
(i) (αu + βv, γw + δz) = α · γ(u, w) + α · δ(u, z) + β · γ(v, w) + β · δ(v, z) ∀u, v, w, z ∈
X ∀α, β, γ, δ ∈ R;
(ii) (u, v) = (v, u) ∀u, v ∈ X;
(iii) (u, u) > 0 ∀u ∈ X;
(iv) (u, u) 6= 0 ∀u 6= 0;
(v) X é um espaço vetorial normado completo com a norma k · k definida por
p
kuk = (u, u).
Definição 1.4 (Espaço Dual) Seja (X, k · k) um espaço vetorial normado. Denominamos
Espaço Vetorial Dual de X, com a notação X ∗ , o seguinte conjunto:
X ∗ = { f : X → R : f é linear e contínua}.
k f kX ∗ = sup | f (x)|.
x∈X,kxk≤1
Definimos agora uma nova topologia em X, que será tomada em relação aos
elementos de X ∗ :
f −1 (A) ∈ τ ∀ f ∈ X ∗ .
1.1 Análise Funcional 17
σ(X, X ∗ ) =
\
τ.
τ∈T
e diremos que tal sequência converge no sentido fraco, ou simplesmente converge fraca-
mente.
O seguinte teorema nos dá uma caracterização da convergência fraca em função
da convergência das imagens dos termos da sequência pelos elementos do espaço dual:
xn * x ⇔ f (xn ) → f (x) em R ∀ f ∈ X ∗ .
fi−1 (Vi )
\
U=
fi ∈X
Topologia Fraca?
Vamos agora definir um novo espaço vetorial a partir do espaço dual.
Definição 1.6 (Espaço Bidual) Seja X um espaço vetorial normado. O Espaço Bidual é
o espaço (X ∗ )∗ , também denotado por X ∗∗ .
Definição 1.7 (Topologia Fraca? ) Seja X um espaço vetorial normado e X ∗ seu dual.
Definimos a Topologia Fraca? como a menor topologia na qual todos os elementos de Φ
são contínuos.
1.2 Teoria da Medida 18
Espaços Reflexivos
Definiremos uma aplicação J : X → X ∗∗ do seguinte modo: dado x ∈ X, definimos
J(x) = Jx : X ∗ → R por Jx ( f ) = f (x). A função J é contínua, linear e injetiva.
Definição 1.8 (Espaço Reflexivo) Dizemos que um espaço vetorial normado é reflexivo
se a aplicação J é sobrejetiva, ou seja, J(X) = X ∗∗ .
Integral
Começamos com as definições primárias:
Definição 1.11 (Medida) Uma medida é uma função real µ definida em uma σ-álgebra
X tal que:
/ =0
(i) µ(0)
(ii) µ(E) ≥ 0 ∀E ∈ X
(iii) se (En ) é uma sequência disjunta de elementos de X então
∞
[
µ( En ) = ∑ µ(En ).
n=1
1.2 Teoria da Medida 20
Definimos como Espaço de Medida um trio ordenado (X, X, µ), formado por um con-
junto não-vazio X, uma σ-álgebra de X e uma medida µ. Caso não haja confusão quanto
à σ-álgebra usada, podemos usar a seguinte notação para denotar um espaço de medida:
(X, µ).
Observação: Dizemos que duas funções são iguais em quase todo ponto (q. t.
p.) se essas funções diferem em um conjunto de medida nula (ver definição 1.15). Essa
relação é uma relação de equivalência no conjunto das funções mensuráveis.
Definição 1.12 (Função Simples) Uma função simples f : X → R é uma função que
assume apenas uma quantidade finita de valores, isto é, pode ser escrita como:
n
f= ∑ a j χE j ,
j=1
Definição 1.13 (Integral) Seja φ = ∑nj=1 a j χE j uma função simples mensurável. Defini-
mos a integral de φ em X, com relação à medida µ como sendo:
Z n
φ dµ = ∑ a j µ(E j ).
X j=1
onde o supremo é tomado sobre todas as funções simples φ ∈ M + (X, X) que satisfazem
0 ≤ φ(x) ≤ f (x) ∀x ∈ X.
Observe que temos f + , f − ∈ M + (X, X), portanto podemos calcular suas integrais como
feito na definição 1.13.
Espaços L p
Definimos agora os importantes espaços L p . Nessa seção, (X, µ) é um espaço de
medida. Os elementos de L p são classes de equivalência cuja relação definimos agora.
Definimos
Z 1
p
p
k f kp = | f | dµ .
X
Definição 1.17 (L∞ (X)) O espaço L∞ (X) consiste de todas as classes de µ-equivalência
de funções X-mensuráveis f que são limitadas q. t. p. Definimos
k f k∞ = inf{sup{| f (x)|; x ∈
/ N}; N ∈ X, µ(N) = 0}.
k f · gk1 ≤ k f k p · kgkq .
p
Teorema 1.9 (Desigualdade Reversa de Hölder) Seja 0 < p < 1, tal que p0 = p−1 < 0.
Se Z
| f (x)| p dx < ∞,
Ω
e Z
0
0< |g(x)| p dx < ∞,
Ω
então Z 1/p Z 1/p0
Z
p p0
| f (x)g(x)|dx ≥ | f (x)| dx |g(x)| dx .
Ω Ω Ω
Medida de Lebesgue
A medida que usaremos ao longo de todo o texto será a medida de Lebesgue
definida no espaço Euclidiano R p .
onde o ínfimo é tomado sobre todas as sequências (Ik ) de blocos de R p que cobrem E no
seguinte sentido:
∞
[
E⊂ Ik .
k=1
m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ (A ∩ (R p /E)) ∀A ⊂ R p .
A coleção de todos os conjuntos que satisfazem essa coleção são denotados por L .
Distribuições
Seja Ω ⊂ Rn . Denotamos por C0∞ (Ω) o conjunto das funções f : Ω → R infinita-
mente diferenciáveis com suporte compacto, isto é, o conjunto
supp f = {x ∈ Ω; f (x) 6= 0}
∂α1 +...+αn
Dα = 1 n .
∂αx1 ...∂αxn
1 (Ω) definido por:
Vamos usar nessa seção o espaço Lloc
1
Lloc (Ω) = {u : Ω → R mensurável ; u ∈ L1 (K)para algum K compacto de Ω}.
1
L p (Ω) ⊂ Lloc (Ω), 1 ≤ p ≤ ∞.
Definição 1.21 (Convergência em C0∞ (Ω)) Seja (φn ) ⊂ C0∞ (Ω) uma sequência. Dizemos
que φn converge a φ ∈ C0∞ (Ω) se existe um conjunto compacto K de Ω tal que supp φn ⊂ K,
∀n ∈ N, suppφ ⊂ K e
Dα φi → Dα φ uniformemente em K.
1 (Ω). Então
Seja T ∈ Lloc
Z
hT, φi = T (x)φ(x)dx ∀φ ∈ C0∞ (Ω)
Ω
1.3 Espaços de Sobolev 25
1 (Ω) e D 0 . Claramente
define uma distribuição. Isso define uma correspondência entre Lloc
1 (Ω) com T = T q. t. p. em Ω, definem a mesma distribuição. O teorema a
T1 , T2 ∈ Lloc 1 2
seguir garante a recíproca:
1 (Ω) tais que
Teorema 1.11 Sejam T1 , T2 ∈ Lloc
hT1 , φi = hT2 , φi ∀φ ∈ D 0 .
Então T1 = T2 q. t. p. em Ω.
Espaços de Sobolev
Definição 1.24 (Espaços das funções p-integráveis, k fracamente deriváveis)
Denotamos por W k,p (Ω), 1 ≤ p ≤ +∞, k ∈ N, o conjunto de todas as funções f ∈ L p (Ω)
que possuem derivada no sentido das distribuições de todas as ordens |α| ≤ k em L p (Ω).
Isto é, para todo multi-índice α = (α1 , ..., αn ) ∈ Nn tal que |α| = α1 + ... + αn ≤ k, existe
uma função fα ∈ L p (Ω) tal que
Z Z
|α|
fα φ(x)dx = (−1) f (x)Dα φ(x)dx ∀φ ∈ C0∞ (Ω),
Ω Ω
o que é equivalente a:
kuk0k,p = ∑ kDα uk p
|α|≤k
k,p
W0 (Ω)
O espaço W k,p (Ω) acima definido é chamado de Espaço de Sobolev. Vamos usar a
seguinte notação estabelecida: H k (Ω) := W k,2 (Ω) e H0k (Ω) := W0k,2 (Ω), baseado no fato
de os espaços H k (Ω) e H0k (Ω) serem espaços de Hilbert. O próximo teorema nos dá uma
dessas propriedades.
k,p
Teorema 1.12 (i) W0 (Ω) é reflexivo se 1 < p < ∞;
k,p
(ii) W0 (Ω) é separável (contém um subconjunto enumerável e denso) se 1 ≤ p < ∞;
(iii) H0k (Ω) é um espaço de Hilbert separável..
Imersões
Definição 1.26 (Imersão Contínua e Imersão Compacta) Sejam (X, k · kX ) e (Y, k · kY )
espaços vetoriais normados. Dizemos que X é continuamente imerso em Y e usamos a
notação X ,→ Y , se existe uma função (chamada de imersão) I : X → Y injetiva, linear e
contínua.
Uma função I : X → Y é compacta se é contínua e I(A) ⊂ Y é relativamente compacto
para todo conjunto A ⊂ X limitado.
Dizemos que X é compactamente imerso em Y se existe uma função I : X → Y injetiva,
linear, contínua e compacta.
Np
Além disso, se Ω é limitado, todas as imersões são compactas exceto se q = N−kp no caso
k,p
1. Podemos substituir W k,p (Ω) por W0 (Ω) obtendo os mesmos resultados sem precisar
supor a regularidade do bordo ∂Ω.
2N
A imersão é compacta se, e somente se, q ∈ [1, N−2 ).
ε
I(u) ≤ inf I + .
X 2
Então dado λ > 0 existe uλ ∈ X tal que
d(uλ ) ≤ λ, (1-3)
ε
I(uλ ) < I(u) + d(u, uλ ) ∀u 6= uλ . (1-4)
λ
Demonstração: Para simplificar a notação, definimos dλ (x, y) = λ1 d(x, y). Vamos definir
uma relação de ordem dada por:
É fácil ver que isso é uma relação de ordem parcial. Definimos uma sequência (Sn ) de
subconjuntos de X da seguinte maneira: seja u1 = u e defina
ε
S1 = {u ∈ X; u ≤ u1 }; u2 ∈ S1 tal que I(u2 ) ≤ inf I + ,
S1 22
e, indutivamente,
ε
Sn = {u ∈ X; u ≤ un }un+1 ∈ Sn tal que I(un+1 ) ≤ inf I + .
Sn 2n+1
1.4 Métodos Variacionais 29
ε
I(un ) ≤ I(x) + . (1-6)
2n
dλ (x, un ) ≤ 2−n ∀x ∈ Sn ,
n−1 n−1
dλ (u, un ) ≤ ∑ dλ(u j , u j+1) ≤ ∑ 2− j ,
j=1 j=1
Teorema 1.17 (Princípio Variacional de Ekeland - forma fraca) Sejam (X, d) um es-
paço métrico completo e I : X → R ∪ {+∞} um funcional semicontínuo inferiormente,
limitado por baixo e tal que I 6= +∞. Se para algum ε > 0, um ponto uε ∈ X satisfaz
1.4 Métodos Variacionais 30
I (vε ) ≤ I (uε ),
d(uε , vε ) ≤ 1,
∂F
F 0 (u) · v = (u).
∂v
ou seja,
Z 1
2
Z
2 2
kuk = |∇u| dx + q(x)u dx .
Ω Ω
Definição 1.30 (Solução Fraca de (1-7)) Uma solução fraca do problema (1-7) é
uma função u ∈ H01 (Ω) que satisfaz
Z Z Z
∇u · ∇φdx + q(x)uφdx − |u| p−2 uφdx = 0 ∀φ ∈ H01 (Ω). (1-8)
Ω Ω Ω
1 1
I(u) = kuk2 − |u| pp . (1-9)
2 p
Demonstração: Seja u uma função não identicamente nula em H01 (Ω). Tomando
1
kuk2
p−2
t= R
p
> 0,
Ω |u| dx
Portanto N 6= 0.
/
Donde I é coercivo em N e limitado inferiormente. Existe então o ínfimo inf I(u), que
u∈N
denotaremos por m. Obtemos agora uma estimativa para o ínfimo de I em N :
para algum C > 0, onde k · k p é a norma em L p (Ω). Como kuk 6= 0 e p > 2 obtemos
1
1 p−2
kuk ≥ (1-13)
C
Lema 1.3 Existe u ∈ N , u(x) ≥ 0 q.t.p. em Ω, tal que I(u) = m. Ou seja, o valor m é
atingido por uma função não-negativa.
1.5 Equações Diferenciais Parciais 34
Demonstração: Seja (uk ) ⊂ N uma sequência tal que I(uk ) → m. Claramente |un | ∈ N
(segue direto da definição) e I(|uk |) = I(uk ), logo, (|uk |) também é uma sequência
minimizante. Logo podemos supor desde já que uk ≥ 0 ∀k ∈ N. Por (1-12), I é coercivo
em N ; isso implica que a sequência (uk ) é limitada em H01 (Ω) (pois I(uk ) não converge a
+∞), logo a menos de subsequências,
1 1
I(u) = kuk2 − |u| pp
2 p
1 2 1 p
≤ lim inf kuk k − |uk | p
k 2 p
= lim inf I(uk ) = m. (1-14)
k
Como uk ∈ N , temos kuk k2 = Ω |uk | p dx. Usando (1-13), não pode ocorrer
R
kuk k → 0, logo Ω |uk | p dx não tende a zero; logo, usando a convergência da norma,
R
p
R
Ω |u| dx 6= 0, donde u 6≡ 0. Passando o limite, obtemos:
Z
2
kuk ≤ |u| p dx. (1-15)
Ω
Mostraremos, no entanto, que isso gera uma contradição. Tomando t > 0 tal que tu ∈ N ,
ou seja,
1
kuk2
p−2
t =t = R p
.
Ω |u| dx
Mas isto é uma contradição. Segue que I(u) = m, como queríamos mostrar.
Na última igualdade usamos o fato que I 0 (u)u = 0, pois u ∈ N . Portanto, concluímos que
I 0 (u)v = 0 ∀v ∈ H01 (Ω), donde u é um ponto crítico de I, e provando que u é uma solução
fraca do problema (1-7).
u > 0 em Ω, (2-1)
u = 0 em ∂Ω;
onde
Definição 2.1 (Solução Fraca) Chamamos de solução fraca de (2-1) uma função u ∈
H01 (Ω), u > 0 em Ω, satisfazendo
Z
∇u · ∇φ − h(x)u−γ φ − k(x)uβ φ dx = 0 ∀φ ∈ H01 (Ω), (2-2)
Ω
1 1 1
Z Z Z
2 1−γ
I (u) = |∇u| dx + h(x)|u| dx − k(x)|u|β+1 dx. (2-3)
2 Ω γ−1 Ω β+1 Ω
Levando em conta que nosso funcional energia não é diferenciável, (não existe
I 0 ),
mas percebendo que dado um funcional J diferenciável, ocorre J 0 (u) · u = ∂u
∂J
(u),
I
(derivada u na direção u, u ∈ H01 (Ω)), podemos calcular ∂u (u):
∂
∂I I (u + tu) − I(u)
(u) = lim
∂u t→0
Z t
1 1
Z
2
= lim |∇(u + tu)| dx + h(x)|u + tu|1−γ dx
t→0 2 Ω γ−1 Ω
1 1 1
Z Z Z
2
− k(x)|u + tu|β+1
dx − |∇u| dx − h(x)|u|1−γ dx
β+1 Ω 2 Ω γ−1 Ω
1 1
Z
β+1
+ k(x)|u| dx
β+1 Ω t
2
(t + 1) − 1 1
Z
= lim |∇u|2 dx
t→0 t 2 Ω
(t + 1)1−γ − 1
1
Z
+ lim h(x)|u|1−γ dx
t→0 t γ−1 Ω
(t + 1)β+1 − 1 1
Z
− lim k(x)|u|β+1 dx
t→0 t β+1 Ω
Z Z Z
2 1−γ
= |∇u| dx + h(x)|u| dx − k(x)|u|β+1 dx.
Ω Ω Ω
Z Z Z
N2 = u ∈ H01 (Ω)\{0}; 2
|∇u| dx − h(x)|u| 1−γ
dx − β+1
k(x)|u| dx = 0 . (2-5)
Ω Ω Ω
2.1 Definições e Enunciados 38
Teorema 2.1 Sejam Ω ⊂ RN um domínio limitado com bordo suave, k ∈ L∞ (Ω) uma
função não-negativa, h ∈ L2 (Ω) uma função positiva, e 0 < β < 1 < γ. Se existe uma
função u0 ∈ H01 (Ω) tal que Z
h(x)|u0 |1−γ dx < ∞,
Ω
então o problema (2-1) possui pelo menos uma solução fraca.
Em seguida provaremos:
o que nos permite garantir, em conjunto com o Teorema 2.1, que o problema não
tem solução se γ > 3. Vamos também provar o seguinte teorema, no qual resolvemos
uma sequência de problemas e provamos uma limitação uniforme sobre a sequência de
soluções.
−γ+ n1
−∆u = h(x)un em Ω,
u > 0 em Ω,
u = 0 em ∂Ω;
com energia uniformemente limitada:
1−γ+ 1n
Z
sup h(x)un < ∞.
n∈N Ω
2.2 Lemas 39
sup un (x) ≤ CK
x∈K
para qualquer n ∈ N.
2.2 Lemas
Vamos primeiro provar algumas propriedades sobre o funcional I e sobre o
conjunto N1 .
Demonstração do Lema 2.1: Tomando uma sequência (wn ) ⊂ H01 (Ω) com wn → w,
temos pelo Lema de Fatou:
1 Z 1
Z
1
Z
2 1−γ β+1
= lim inf |∇wn | dx + h(x)|wn | dx − k(x)|wn | dx
n→∞ 2 Ω γ−1 Ω β+1 Ω
1 1 1
Z Z Z
≥ |∇w|2 dx + lim inf(h(x)|wn |1−γ ) dx − k(x)|w|β+1 dx
2 Ω γ − 1 Ω n→∞ β+1 Ω
1 1 1
Z Z Z
2 1−γ
= |∇w| dx + h(x)|w| dx − k(x)|w|β+1 dx = I (w),
2 Ω γ−1 Ω β+1 Ω
1 1
Z
I (u) ≥ kuk2 − k(x)|u|1+β dx
2 1+β Ω
1 C1
Z
2
≥ kuk − |u|1+β dx
2 1+β Ω
1 C1 1+β
= kuk2 − kuk1+β
2 1+β
1
≥ kuk2 −Ckuk1+β .
2
2.3 Teorema Principal 40
Demonstração do Lema 2.2: Seja (vn ) uma sequência de funções em N1 tal que
vn → v ∈ H01 (Ω). Logo
Z Z Z
|∇vn |2 dx − k(x)|vn |β+1 dx ≥ h(x)|vn |1−γ dx ∀n ∈ N.
Ω Ω Ω
Seja u0 ∈ H01 (Ω) uma função satisfazendo (2-6). Definindo a função ξ : R+ → R ∪ {+∞}
por Z Z Z
ξ(t) = |∇tu0 |2 dx − h(x)|tu0 |1−γ dx − k(x)|tu0 |β+1 dx
Ω Ω Ω
podemos reescrevê-la como
Z Z Z
2 2 1−γ 1−γ 1+β
ξ(t) = t |∇u0 | dx − t h(x)|u0 | dx − t k(x)|u0 |β+1 dx.
Ω Ω Ω
Fica claro que lim ξ(t) = +∞ e lim ξ(t) = −∞. Isto é, ξ(t) ≥ 0 para t suficientemente
t→+∞ t→0+
grande, o que significa que tu0 ∈ N1 para t suficientemente grande; além disso existe
2.3 Teorema Principal 41
t = t(u0 ) > 0 ∈ R tal que ξ(t(u0 )) = 0, pela continuidade de ξ. Ou seja, para cada função
u ∈ H01 (Ω) satisfazendo a condição de compatibilidade (2-6), temos um número real
t(u) > 0, tal que t(u) · u ∈ N2 . Em particular, N1 6= 0/ 6= N2 .
Definindo agora a função φ : R+ → R ∪ {+∞} como
φ(t) = I (tu0 )
1 1 1
Z Z Z
2 1−γ
= |∇tu0 | dx + h(x)|tu0 | dx − k(x)|tu0 |β+1 dx,
2 Ω γ−1 Ω β+1 Ω
temos a derivada:
Z Z Z
0 2 −γ 1−γ β
φ (t) = t |∇u0 | dx − t h(x)|u0 | dx − t k(x)|u0 |β+1 dx,
Ω Ω Ω
1 1
Z Z
0
φ (t(u0 )) = |∇t(u0 )u0 |2 dx − h(x)|t(u0 )u0 |1−γ dx
t(u0 ) Ω t(u0 ) Ω
1
Z
− k(x)|t(u0 )u0 |β+1 dx
t(u0 ) Ω
= 0,
1
Z Z
00 γ
φ (t(u0 )) = 2
|∇t(u0 )u0 |2 dx − 2
h(x)|t(u0 )u0 |1−γ dx
t(u0 ) Ω t(u0 ) Ω
Z
β
− 2
k(x)|t(u0 )u0 |β+1 dx
t(u0 ) Ω
1 1
Z Z
2
> |∇t(u )u
0 0 | dx − h(x)|t(u0 )u0 |1−γ dx
t(u0 )2 Ω t(u0 )2 Ω
1
Z
− k(x)|t(u0 )u0 |β+1 dx
t(u0 )2 Ω
=0
q.t.p. e u ∈ L1 (Ω) (pois u ∈ L2 e Ω é limitado) donde 0 < Ω |u|dx < +∞. Podemos usar
R
2.3 Teorema Principal 42
donde un (x) > 0 q.t.p., pois se existisse um conjunto X ⊂ Ω, |X| > 0 tal que un (x) =
R 1−γ
0, ∀x ∈ X, então não pode ocorrer Ω h(x)un dx < ∞, já que h é positivo e γ > 1.
A demonstração se divide em dois casos:
Caso 1: (un ) ⊂ N1 \N2 para n suficientemente grande.
Fixando φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0 por enquanto, como (un ) ⊂ N1 \N2 , temos que:
Z Z Z
2
|∇u| − k(x)1+β
n dx > h(x)u1−γ
n dx ≥ h(x)(un + tφ)1−γ ∀t ≥ 0.
Ω Ω Ω
Consequentemente,
un + tφ ∈ N1
u∗ ∈ N1 ,
2.3 Teorema Principal 43
obtemos, então:
ou seja,
u∗ ∈ N2
isto é, t(u∗ ) = 1.
Caso 2: Existe uma subsequência (ainda denotada por un ) pertencente a N2 .
Seja φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0, fixado. Para cada un ∈ N2 ,
Z Z
1−γ
h(x)(un + tφ) ≤ h(x)u1−γ
n < ∞, ∀t ≥ 0.
Ω Ω
então existe um único t = t(un + tφ) > 0 satisfazendo t(un + tφ)(un + tφ) ∈ N2 ; para
clareza definimos fn,φ (t) = t(un + tφ). Já que a função fn,φ (t) toma a forma
Z Z
1−β
fn,φ kun + tφk2 − fn,φ (t) 1−γ
(un + tφ)1+β .
β−γ
h(x)(un + tφ) =
Ω Ω
Z Z
2 1−γ 1+β
0 = fn,φ (t)kun + tφk2 − fn,φ (t) h(x)(un + tφ)1−γ − fn,φ (t) k(x)(un + tφ)1+β ,
Ω Ω
2.3 Teorema Principal 44
" #
fn,φ (t) − 1 1 2
0 = | fn,φ (t) + 1|kun + tφk2 + fn,φ (t)kun
t t
1 1 1−γ 1 1+β
Z Z
+ tφk2 − fn,φ (t) h(x)(un + tφ) 1−γ
− fn,φ (t) k(x)(un + tφ)1+β ,
t t Ω t Ω
" Z Z
#
0 ≥ ϖn,φ 2kun k2 + (γ − 1) h(x)u1−γ
n − (1 + β) k(x)u1+β
n
Ω Ω
Z Z
+2 ∇un · ∇φ − (1 + β) k(x)un φ,
Ω Ω
onde ϖn,φ = lim ( fn,φ (t) − 1)/t ∈ [−∞, +∞]. Se o limite não existe, podemos escolher
t→0+
tk → 0 (ao invés de t → 0), então lim ( fn,φ (tk ) − 1)/tk ∈ [−∞, +∞].
k→∞
Logo, como un ∈ N2 e B(0, r0 ) ∩ N1 = 0,
/ vemos que
Z Z
0 ≥ (1 − q)ϖn,φ r02 + 2 ∇un · ∇φ − (1 + q) k(x)uβn φ.
Ω Ω
Isso necessariamente implica que ϖ 6= +∞. Além disso, como r0 é independente de n,
ϖn,φ é limitado uniformemente em n.
Por outro lado, podemos obter uma estimativa uniforme ϖn,φ ≥ C para todo n
grande. Vamos supor n grande o suficiente tal que
kun k (1 − β)r02
+ < 0.
n 1−γ
Se ϖn,φ ≥ 0 para todo n grande, isso já nos dá o resultado. Por outro lado, subsequências
de ϖn,φ (que ainda denotaremos por ϖn,φ ) são negativas (e possivelmente iguais a ∞), e
pela condição (ii) do Princípio Variacional de Ekeland:
1 1 − fn,φ (t)
1 1 1
kun k + fn,φ (t)kφk ≥ kun − fn,φ (t)(un + tφ)k
n t n n t
1
≥ I (un ) − I ( fn,φ (t)(un + t pφ) ,
t
2.3 Teorema Principal 45
isto é,
kφk kun k 1 1
fn,φ (t) ≥ − + [ fn,φ (t) + 1]kun + tφk2
n n 2 γ−1
1+β f n,φ (t) − 1
1+β β Z
· 1+ fn,φ (0) + o(1) k(x)(un + tφ)
γ−1 Ω t
1 1 1
kun + tφk2
− −
2 γ−1 t
Z
1 1 1
· + k(x)(un + tφ)1+β − k(x)u1+β n dx .
γ−1 1+β Ω t
Notando que
(1 − β)r02
1
Z
2 1+β
≥− (γ + 1)kun k − (γ + β) k(x)un
1−γ γ−1 Ω
Z
1 1 2 1 1
= −2 + kun k + (1 + β) + k(x)u1+β
n
2 γ−1 γ−1 1+β Ω
kun k (1 − β)r02
Z
kφk 1 1
≥ ϖn,φ + −2 + ∇un · ∇φ
n n 1−γ 2 γ−1 Ω
Z
1 1
+ (1 + β) + k(x)uβn φdx.
γ−1 1+β Ω
Da mesma maneira, ϖn,φ 6= −∞ como, anteriormente, sabemos que ϖn,φ não atinge
valores arbitrariamente pequenos quando n → ∞. Ou seja, ϖn,φ é limitado por baixo
uniformemente para todo n grande. Logo, |ϖn,φ | ≤ C para n grande. Aplicando novamente
a condição (ii) do Princípio Variacional de Ekeland em (2-7), e explicitando a expressão,
temos:
1 | fn,φ − 1|
kun k + fn,φ (t)kφk ≥
n t
1 1
k fn,φ (t)(un + tφ) − un k
n t
1
I (un ) − I ( fn,φ (t)(un + tφ)) .
t
Como ϖn,φ 6= −∞ temos:
2.3 Teorema Principal 46
|ϖn,φ kun k| φ φ h i
+ ≥ ≥ −kun k2 + h(x)u1−γ
n + k(x)u 1+β
n ϖn,φ
n n nZ Z
− ∇un · ∇φ + k(x)uβn φdx
Ω Ω
1−γ
h(x)(un + tφ)1−γ − h(x)un
+ lim inf
t→0 (1 − γ)t
Z Z Z
=− ∇un · ∇φdx + k(x)uβn φdx + h(x)u−γ
n φdx.
Ω Ω Ω
Temos também que |ϖn,φ | ≤ C uniformemente para n grande, e pelo Lema de Fatou,
h(x)u∗γ φ é integrável e
Z Z Z
∗ ∗β
0≥ ∇u · ∇φ + k(x)u φ + h(x)u∗−γ φ.
Ω Ω Ω
Z Z Z
∗ ∗β
0≥− ∇u · ∇φ + k(x)u φ + h(x)u∗β φ ∀φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0.
Ω Ω Ω
1
Z
0≤ ∇u∗ · ∇(un + tψ) − h(x)u∗·−γ (u∗ + tψ)dx
Zt Ω Z
∗ ∗ ∗
≤ ∇u · ∇ψ − h(x)u ψ − k(x)u ψdx − ∇u∗ · ∇ψdx
Ω [u∗ +tψ<0]
...
onde pelo princípio do máximo un (x) ≥ εφ1 (x) ≥ Cϖ > 0 em qualquer conjunto ϖ ⊂⊂ Ω,
−β−1
φ2 un ∈ H01 (Ω). Integrando por partes:
Z Z
2φu−β−1
n ∇un · ∇φ − (β + 1)φ2 u−β−2
n |∇un |2 dx = h(x)u−γ−β−1
n φ2 dx,
Ω Ω
donde
Z 2
2
Z β
2φu−β−1
n ∇un · ∇φdx =− ∇ φun 2
dx.
Ω β Ω
−β N−2 ! N−2
N −β 2
N
Z Z
S φun2
dx ≤ ∇ φun2 dx.
B2r (x) B2r (x)
Z γ+ 1n
γ−1
kh · u−γ
n kLθ0 (Bδr (x)) ≤ C u−γ
n dx
B2r (x)
Z γ+ 1 /(γ−1) !
n
Z
=O u1−γ
n + u1−γ
n dx dx ,
B2r (x) B2r (x)
onde δ = 2−K0 .
(1)
Denotando por un a solução de
−γ
( (1)
−∆un = h(x)un em Bδr (x),
un = 0 em ∂Bδr (x),
(2) (2)
e un uma função harmônica tal que un = u em Bδr (x). Logo, como un ∈ C0∞ (Ω) pela
fórmula de representação de funções harmônicas, temos
Z
(2)
kun kC0 (Bδr/2 (x)) ≤ C(N, δr) udx,
∂Bδr (x)
enquanto que, como θ0 > N2 , pela teoria de regularidade elíptica (Elliptic Partial Diffe-
rential Equations of Second Order; GILBARG, TRUDINGER), temos que
Z γ/(γ−1) !
1−γ+ 1n
Z
(1)
kun kC0 (Bδr (x)) ≤ C u1−γ
n + un dx dx .
B2r (x) B2r (x)
Z Z γ/(γ−1) Z
!
kun kC0 (Bδr/2 )(x) = O u1−γ
n dx + u1−γ
n dx + un dx . (2-10)
B2r (x) B2r (x) ∂Bδr (x)
Z Z
2
|∇un | dx = h(x)|un |1−γ dx
Ω Ω
Z 1−γ+ 1n Z 1
1−γ
1−γ (γ+ 1n −1)
≤ h(x)|un | dx h(x)dx
Ω Ω
Z
1−γ
≤ A 1 + sup h(x)un dx 1 + khkL1 (Ω) .
n∈N Ω
2.3 Teorema Principal 49
Basta usar a expressão (2-10) com a imersão compacta de H01 (Ω) em L2 (Ω) e
de H 1 (Bδr (x)) em L1 (∂Bδr )(x)), no sentido dos traços, e a desigualdade h(x) ≥ cω > 0
∀ω ⊂⊂ Ω, obtemos a conclusão desejada.
u > 0 em Ω, (3-1)
u = 0 em ∂Ω;
onde
Para cada λ > 0 nos referiremos ao problema (3-1) por (3-1)λ para enfatizar a dependência
da equação com tal coeficiente.
Definição 3.1 (Solução Fraca) A solução fraca de (3-1)λ é uma função u ∈ H01 (Ω), u > 0
em Ω, satisfazendo
Z Z Z
∇u · ∇φdx = λ uβ φdx + h(x)u−γ φ dx ∀φ ∈ H01 (Ω). (3-2)
Ω Ω Ω
1 1
Z Z Z
2 λ
Jλ (u) = |∇u| dx − |u| β+1
dx − h(x)|u|1−γ dx. (3-3)
2 Ω β+1 Ω 1−γ Ω
Jλ
Temos então o conjunto {u ∈ H01 (Ω) : ∂∂u (u) = 0}, que chamaremos de Nλ , isto é:
Z Z Z
1 2 1−γ
Nλ = u ∈ H0 (Ω) : |∇u| dx − h(x)|u| dx − λ |u| dx = 0 .
β+1
(3-4)
Ω Ω Ω
∂2 Jλ
Vamos nesse caso precisar também analisar ∂u2
(u), a segunda derivada direcional, que
calculamos aqui:
3.1 Definições e Enunciados 52
∂2 Jλ ∂Jλ ∂Jλ
1
(u) = lim (u + tu) − (u)
∂u2 t→0 ∂u ∂u t
Z Z
= lim |∇(u + tu)|2 dx − λ |u + tu|β+1 dx
t→0 Ω Ω
Z Z
− h(x)|u + tu|1−γ − |∇u|2 dx
Ω Ω
1
Z Z
β+1 1−γ
+λ |u + tu| dx + h(x)|u + tu|
Ω Ω t
(1 + t)2 − 1
Z
= lim |∇u|2 dx
t→0 Ωt
!Z
(1 + t)β+1 −1
− λ · lim |u|β+1 dx
t→0 t Ω
1−γ
(1 + t) − 1
Z
− lim h(x)|u|1−γ
t→0 t Ω
Z Z Z
2
=2 |∇u| dx − λ(β + 1) |u|β+1
dx − (1 − γ) h(x)|u|1−γ dx.
Ω Ω Ω
∂2 Jλ
Z Z
2
(u) = (1 + γ) |∇u| dx − λ(β + γ) |u|β+1 dx.
∂u2 Ω Ω
Definimos então:
Z Z
Nλ+ 2
= u ∈ Nλ : (1 + γ) |∇u| dx − λ(β + γ) |u| dx > 0 ,
β+1
(3-5)
Ω Ω
Z Z
Nλ0 = u ∈ Nλ : (1 + γ) 2
|∇u| dx − λ(β + γ) |u| β+1
dx = 0 , (3-6)
Ω Ω
Z Z
Nλ− = u ∈ Nλ : (1 + γ) 2
|∇u| dx − λ(β + γ) |u| β+1
dx < 0 . (3-7)
Ω Ω
β+γ
S β−1
khk2 ≤ a , (3-8)
|Ω|α
kuk2
1
S = in f : u ∈ H0 (Ω), u 6= 0 , (3-9)
kuk22∗
! 1+γ
1 β−1 1+γ β−1
a= , (3-10)
β−1+2γ
β+γ β+γ
|Ω| 2(β+1)
e
2∗ − (β + 1)
α=2 .
2∗ (β + 1)
Usaremos as constantes a, α e S (chamada de melhor constante de Sobolev) definidas
aqui, em todo o capítulo.
Teorema 3.1 Sejam Ω ⊂ RN um domínio limitado com bordo suave, N ≥ 3, 0 < γ < 1 <
β < 2∗ − 1 e h uma função em L2 (Ω) satisfazendo (3-8). Então existe λ0 > 0 tal que para
todo λ ∈ (0, λ0 ) o problema (3-1)λ possui pelo menos duas soluções fracas: u1 e u2 em
H01 (Ω).
Além disso:
(i) u1 é um mínimo local de Jλ em H01 (Ω) com Jλ (u1 ) < 0
(ii) u2 é um mínimo de Jλ em Nλ− com Jλ (u2 ) ≥ 0.
3.2 Lemas
O primeiro lema é:
˜ Então temos:
e λ ∈ (0, λ).
/ Nλ0 .
(i) Se u ∈ Nλ e u 6= 0, então u ∈
(ii) Nλ− é fechado em H01 (Ω).
Demonstração do Lema 3.1: (i) Vamos provar essa parte pelo método de redução ao
absurdo.
3.2 Lemas 54
Daí,
(1 + γ)
ku0 k2 .
β+1
λku0 kβ+1 =
(β + γ)
Como u0 ∈ Nλ , por definição:
Z
2
h(x)|u0 |1−γ dx = 0.
β+1
ku0 k − λku0 kβ+1 −
Ω
β+1
Substituindo λku0 kβ+1 :
(β − 1)
Z
ku0 k2 − h(x)|u0 |1−γ dx = 0. (3-11)
(β + γ) Ω
ou seja:
S
kuk2 > kuk2β+1 , (3-12)
|Ω| α
e
3.2 Lemas 55
1 1−γ
− β+1
k|u0 |1−γ k2 ≤ |Ω| 2 · k|u0 |1−γ k β+1
1−γ
β−1+2γ
1−γ
= |Ω| 2(β+1) · ku0 kβ+1 ,
! 1+γ ! ! 1
1+γ β−1
β−1 ku0 k2(β+γ) β−1 Z
Kλ = (β+1)(1+γ)
− h(x)|u0 |1−γ dx.
λ(β + γ) β+γ ku0 kβ+1 Ω
Obtemos
! 1+γ ! ! β+γ
β−1 β−1
1+γ β−1 S 1−γ
Kλ > · ku0 kβ+1
λ(β + γ) β+γ |Ω|α
Z
− h(x)|u0 |1−γ dx
Ω
" ! 1+γ ! ! β+γ #
β−1 β−1
1+γ β−1 S 1−γ
≥ ku0 kβ+1
λ(β + γ) β+γ |Ω|α
1−γ
− (khk2 |Ω|(β−1+2γ)/2(β+1) )ku0 kβ+1
" ! 1+γ ! ! β+γ #
β−1 β−1
−1−γ 1 + γ β − 1 S 1−γ
= (λ) β−1 ku0 kβ+1
β+γ β+γ |Ω|α
1−γ
− (khk2 |Ω|(β−1+2γ)/2(β+1) )ku0 kβ+1 ,
1+γ β+γ
1+γ β−1 β−1 S β−1
1−γ
· ku0 kβ+1
β+γ β+γ |Ω|α
1−γ
− (khk2 |Ω|(β−1+2γ)/2(β+1) )ku0 kβ+1
1−γ
= khk2 |Ω|(β−1+2γ)/2(β+1) · ku0 kβ+1
1−γ
− (khk2 |Ω|(β−1+2γ)/2(β+1) )ku0 kβ+1 = 0,
ou seja, Kλ é positivo.
Mas, por definição e por (3-11) ocorre:
! 1+γ ! ! 1
1+γ β−1
β−1 ku0 k2(β+γ) β−1
(β − 1)
Kλ = (β+1)(1+γ)
− ku0 k2
λ(β + γ) β+γ ku0 kβ+1 (β + γ)
" ! 1+γ ! 1+γ #
β−1 1+γ β−1
ku0 k2 β−1
= ku0 k2 · −1 , (3-14)
β+γ λ(β + γ) β+1
ku0 kβ+1
e como u0 ∈ Nλ0 :
1+γ ku0 k2
=⇒ · =1
λ(β + γ) ku0 kβ+1
β+1
! 1+γ ! 1+γ
1+γ β−1
ku0 k2 β−1
=⇒ = 1,
λ(β + γ) ku0 kβ+1
β+1
o que implica junto com (3-14) que Kλ = 0. Contradição. Logo temos Nλ0 = {0}.
(ii) Seja (un ) ⊂ Nλ− uma sequência tal que un → u0 ∈ H01 (Ω). Usando a imersão
de Sobolev H01 (Ω) ,→ Lβ+1 (Ω) temos: kun − u0 kβ+1 ≤ Ckun − u0 k → 0, ou seja, un →
u0 ∈ Lβ+1 (Ω).
3.2 Lemas 57
donde
lim ((1 + γ)kun k2 − λ(β + γ)kun kβ+1 ) ≤ 0
β+1
n→∞
ou seja, u0 ∈ Nλ− ∪ Nλ0 . Combinando a definição de Nλ− com (3-12), temos para u ∈ Nλ− :
λ(β + γ) S
kukβ+1 > kuk2 > kuk2β+1
β+1
1+γ |Ω|α
β−1 1+γ S
=⇒ kukβ+1 >
λ(β + γ) |Ω|α
! 1
β−1
1+γ S
=⇒ kukβ+1 > > 0. (3-15)
λ(β + γ) |Ω|α
Logo, em particular
! 1
β−1
1+γ S
kun kβ+1 > · > 0,
λ(β + γ) |Ω|α
e 1
!
β−1
1+γ S
lim kun kβ+1 ≥ · > 0,
n→∞ λ(β + γ) |Ω|α
ou seja,
ku0 kβ+1 > 0,
donde u0 6= 0. Pelo item (i), Nλ0 = {0}. Como u0 ∈ Nλ− ∪ Nλ0 e u0 6= 0, então u0 ∈ Nλ− .
Concluímos que Nλ− é um conjunto fechado de H01 (Ω).
Lema 3.2 Se λ ∈ (0, 1] e h é uma função não-trivial satisfazendo (3-8), então para cada
u ∈ H01 (Ω), u 6= 0, existe um único t + > 0 tal que t + u ∈ Nλ− .
Demonstração do Lema 3.2: Seja u ∈ H01 (Ω), u 6= 0. Vamos definir uma função
g : R → R como
g(t) = t 1+γ kuk2 − λt β+γ kukβ+1 .
β+1
g00 (t) = γ(1 + γ)t γ−1 kuk2 − λ(β + γ)(β + γ − 1)t β+γ−2 kukβ+1 .
β+1
3.2 Lemas 58
e isolando tm , teremos:
1
kuk2
1+γ β−1
tm = > 0,
λ(β + γ) kukβ+1
β+1
ponto crítico de g (podemos verificar que de fato g0 (tm ) = 0). Vamos supor g00 (tm ) ≥ 0.
Daí,
γ−1
kuk2
00 1+γ β−1
g (tm ) = γ(1 + γ) kuk2
λ(β + γ) kuk
β+1
β+1
β+γ−2
kuk2
1+γ β−1
β+1
− λ(β + γ)(β + γ − 1) kukβ+1 ≥ 0.
λ(β + γ) kuk
β+1
β+1
γ−1
Dividindo por tm (1 + γ)kuk2 :
1 1 β+1
γ − λ(β + γ)(β + γ − 1) kukβ+1 ≥ 0
λ(β + γ) kukβ+1
β+1
=⇒ γ − β − γ + 1 ≥ 0
=⇒ β ≤ 1.
Mas isto é uma contradição. Portanto g00 (tm ) < 0, ou seja, tm é ponto de máximo de g.
Usando a desigualdade (3-13), a condição dada por (3-8), a definição de a em
(3-10) e a desigualdade (3-12), obtemos sucessivamente:
Z β−1+2γ
1−γ
h(x)|u|1−γ dx ≤ khk2 |Ω| 2(β−1) kukβ+1
Ω
β+γ
S β−1 β−1+2γ
1−γ
≤a |Ω| 2(β−1) kukβ+1
|Ω|α
! 1+γ β+γ
1 β−1 1+γ β−1 S β−1 β−1+2γ
1−γ
= |Ω| 2(β−1) kukβ+1
β−1+2γ
β+γ β+γ |Ω|α
|Ω| 2(β+1)
3.2 Lemas 59
! 1+γ ! ! 1
1+γ β−1
β−1 kuk2(β+γ) β−1
< (β+1)(1+γ)
λ(β + γ) β+γ kukβ+1
= g(tm ).
Como lim g(t) = −∞, g atinge g(tm ) e g é contínua, então g atinge todos os pontos de
t→∞
(−∞, g(tm )) (pelo Teorema do Valor Intermediário); em particular existe um t + > tm tal
que g(t + ) = Ω h(x)|u|1−γ dx.
R
Lema 3.3 Dado u ∈ Nλ− , existe ε > 0 e uma função contínua f = f (w) > 0, w ∈ H01 (Ω),
kwk < ε satisfazendo:
Z Z
1+γ 2 β+γ
F(t, w) = t |∇(u + w)| dx − −λt |u + w|β+1 dx
Z Ω Ω
então podemos aplicar o teorema da função implícita no ponto (1, 0) e obter ε > 0 e uma
função contínua f = f (w) > 0, w ∈ H01 (Ω), kwk < ε satisfazendo:
Demonstração do Lema 3.4: Seja 0 < λ ≤ λ e suponhamos que exista u0 ∈ Nλ− tal que
Jλ (u0 ) < 0. Daí temos:
1 1
Z
λ
ku0 k2 − h(x)|u0 |1−γ dx < 0
β+1
ku0 kβ+1 −
2 β+1 1−λ Ω
e como u ∈ Nλ ,
1 1
Z
λ
ku0 k2 = h(x)|u0 |1−γ dx + ku0 kβ+1 ,
β+1
2 2 Ω 2
donde ! !Z
1 1 1 1
h(x)|u0 |1−γ dx < 0.
β+1
λ − ku0 kβ+1 − −
2 β+1 1−γ 2 Ω
o que é uma contradição. Logo ocorre Jλ (u) ≥ 0 ∀u ∈ Nλ− como queríamos provar.
V = U ∩ ∂Ω, então V consiste de pontos x = (x1 , x2 , ..., xN ) tais que |x j | < r, para
1 ≤ j ≤ N − 1 e 0 < xN < r e U ∩ ∂Ω é o conjunto consistindo dos pontos x com |x j | < r,
para 1 ≤ j ≤ N − 1 e xN = 0.
∂φ1
Como φ1 (x̄) = 0 e ∂xN
(x̄) > 0, para x̄ ∈ ∂Ω, podemos supor que r é tão pequeno
a ponto de existirem constantes c1 , c2 > 0 tais que
para x ∈ V . Como φ1 é limitado por baixo por uma constante positiva em qualquer
subconjunto compacto de Ω, aplicando um argumento de Partições da Unidade e a
desigualdade (3-16).
1
Jλ ≥ kuk2 − λc1 kukβ+1 − c2 kuk1−λ ∀u ∈ H01 (Ω).
2
Disto podemos concluir que existe λ∗ > 0 tal que para todo λ ∈ (0, λ∗ ] existem r, a > 0
tais que:
(i) Jλ (u) ≥ a ∀kuk = r;
(ii) Jλ é limitado em Br = {u ∈ H01 (Ω); kuk ≤ r}.
˜ λ}, onde λ
Seja λ0 = min{λ∗ , 1, λ, ˜ e λ são os valores encontrados nos lemas 3.1
e 3.4. A partir de agora deixaremos implícito o índice λ.
(Existência de u1 ): Em vista do Teorema 1.2 de [3] o ínfimo de J em Br pode
ser atingido em algum ponto de Br . Note que, como 1 − γ < 1, segue que para cada v > 0,
J(tv) < 0 quando t é pequeno e existe v1 ∈ Br tal que J(v1 ) < 0, logo J(u1 ) ≤ J(v1 ) < 0.
Isso, junto com (i) implica que u1 ∈/ ∂Br . Logo u1 é um mínimo local de J na topologia
1
de H0 (Ω). Claramente, u1 6≡ 0. Além disso, dado que J(|u|) = J(u), podemos supor que
u1 ≥ 0 em Ω. Então para cada φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0,
3.3 Teorema Principal 62
dado r > 0 pequeno o suficiente. Dividindo por t > 0 e passando ao limite quando t → 0,
temos
Z
∇u1 · ∇φdx ≥ 0, φ ∈ H01 (Ω)
Ω
−∆u ≥ 0 em Ω,
u1 > 0 em Ω.
1
Z
1−γ
h(x)[(u1 + tφ)1−γ − u1 ]dx
1−γ Ω
1 1
Z Z
2
≤ |∇(u1 + tφ)| dx − |∇u1 |2 dx
2 Ω 2 Ω
"Z Z
#
λ β+1
− (u1 + tφ)β+1 dx − u1 xd ,
β+1 Ω Ω
1−γ
1 h(x)[(u1 + tφ)1−γ − u1 ]
Z
lim inf dx
1 + γ t→0 Ω t
Z Z
β
≤ ∇u1 · ∇φdx − λ u1 · φdx.
Ω Ω
Observando
3.3 Teorema Principal 63
1−γ
h(x)[(u1 + tφ)1−γ − u1 ]
Z Z
dx = h(x)(u1 + θtφ)−γ · φdx,
Ω t Ω
1−γ
1 h(x)[(u1 + tφ)1−γ − u1 ]
Z Z
γ
h(x)u1 dx ≤ lim inf dx.
Ω 1 − γ t→0+ Ω t
Juntando essas relações temos:
Z
∇u1 · ∇φ − λu1 φ − h(x)u1 φdx ≥ 0, φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0.
β γ
Ω
Em particular, para u1 existe η1 ∈ (0, 1) tal que u1 +tu1 ∈ Br se |t| ≤ η1 . Então definimos
h1 : [−η1 , η1 ] → R por h1 (t) = J((1 + t)u1 ). Claramente, h1 (t) atinge seu mínimo em
t = 0. Logo,
d
Z
1−γ
|∇u1 |2 − λu1
β+1
h1 = − h(x)u1 dx = 0,
dt Ω
que implica u1 ∈ Nλ . Resta provar que (9), (10) e (11) implicam que u1 é uma solução
fraca do problema. A demonstração é inspirada por Lair-Shaker [4]. Para isso suponha
φ ∈ H01 (Ω) e ε > 0, e defina Ψ ∈ H01 (Ω), Ψ ≥ 0 por
Ψ ≡ (u1 + εφ)+ .
Como a medida do domínio de integração [u1 + εφ < 0] tende a zero quando ε → 0, segue
R
que ε [u1 +εφ<0] ∇u1 · ∇φdx → 0 quando ε → 0. Dividindo por ε e fazendo ε → 0 ocorre:
Z
β γ
∇u1 · ∇φ − λu1 · φ − h(x)u1 dx ≥ 0.
Ω
Como φ é arbitrário, essa desigualdade vale para −φ, e segue que u1 é uma solução fraca
de (1). Isso completa a demonstração da existência de u1 .
Na parte anterior estabelecemos a existência de uma solução positiva de (1),
digamos u1 , que está em um nível negativo (i.e. J(u1 ) < 0). Na próxima parte provaremos
a existência de uma segunda solução positiva de (1). À luz do Lema 3.4, é suficiente
provar que (1) possui uma solução fraca em Nλ− .
(Existência de u2 ): Começamos mostrando que J é coercivo em Nλ . De fato,
para u ∈ Nλ temos:
Z
2
h(x)|u|1−γ dx = 0.
β+1
kuk − λkukβ+1 −
Ω
Logo:
1 1
Z
λ
J(u) = kuk2 − h(x)|u|1−γ dx
β+1
kukβ+1 −
2 β+1 1−γ Ω
! !Z
1 1 1 1
= − kuk2 − − h(x)|u|1−γ dx
2 β−1 1−γ β+1 Ω
! !
1 1 1 1
≥ − kuk2 − c − kuk1−γ .
2 β−1 1−γ β+1
Suponha, por contradição, que para uma subsequência, ainda denotada por wn , temos:
3.3 Teorema Principal 65
1+γ β+γ
kwn k2 + λ
β+1
J(wn ) = − kwn kβ+1
2(1 − γ) (1 − γ)(β + 1)
!
1+γ β + γ β + γ 1 1
kwn k2 + λ
β+1 β+1
=− kwn kβ+1 − +λ − kwn kβ+1
2(1 − γ) 2(1 − γ) 1−γ β+1 2
1
[(1 + γ)kwn k2 − λ(β + γ)kwn kβ+1 ] − cλ ,
β+1
≤−
2(1 − γ)
então
Z
0+ 0
2
∇wn · ∇φdx − λ(β + 1) fn+ (0)kwn kβ+1
β+1
0 ≤ 2 fn (0)kwn k + 2
Z Ω Z
0
− λ(β + 1) wβn · φdx − (1 − γ) fn+ (0) h(x)w1−γ
n dx
" Ω Ω #
Z
0+
= fn (0) 2kwn k2 − λ(β + 1)kwn kβ+1 − (1 − γ) h(x)w1−γ
β+1
n dx
Ω
Z Z
+2 ∇wn · ∇φdx − λ(β + 1) wβn · φdx
Ω Ω
0
= fn+ (0)[(1 + γ)kwn k2 − λ(β + γ)kwn kβ+1 ]
β+1
Z Z
+2 ∇wn · ∇φdx − λ(β + 1) wβn · φdx,
Ω Ω
0
onde fn+ (0) ∈ [−∞, ∞] denota a derivada à direita de fn (t) em zero (por simplicidade,
assumimos que a derivada à direita de fn em t = 0 existe. De fato, se isso não acontece,
fazemos tk → 0 (ao invés de t → 0), tk > 0 é escolhido de maneira a satisfazer qn :=
0
lim ( fn (tk ) − 1)/tk , onde qn ∈ [−∞, ∞], e então substituímos fn+ (0) por qn ). Como
k→∞
wn ∈ Nλ− segue que
(1 + γ)kwn k2 − λ(β + γ)kwn kβ+1 < 0,
β+1
0 0
e daí de (13) sabemos imediatamente que fn+ 6= ∞. Agora mostramos que | fn+ (0)| < ∞.
0
Argumentando por contradição, assumimos que fn+ (0) = −∞, e para algum t > 0 pequeno
ocorre fn (t) < 1. Então
!1
Z 2
≤ [1 − fn (t)]kwn k + t fn (t)kφk
kwn k kφk
[1 − fn (t)] + t fn (t) ≥ J(wn ) − J( fn (t)(wn + tφ))
n n
1+γ 1+γ
= (kwn + tφk2 − kwn k2 ) +
2(1 − γ) 2(1 − γ)
· [ fn2 (t) − 1]kwn + tφk2
β+γ
−λ fnβ+1 (t)(kwn + tφk − (β + 1)β+1
(1 − γ)(β + 1)
β+1
− kwn kβ+1 )
β+γ β+1
−λ [ f β+1 (t) − 1]kwn kβ+1 ,
(1 − γ)(β + 1) n
kwn k kφk 1 + γ 1 + γ 0+
Z
0+
fn (0) + ≥ ∇wn · ∇φdx + f (0)kwn k2
n n 1−γ Ω 1−γ n
β + γ 0+ β+γ
Z
β+1
−λ f (0)kwn kβ+1 − λ wβ φdx.
1−γ n 1−γ Ω n
Isto é,
" #
kφk 1 (1 − γ)kwn k 0
(1 + γ)kwn k2 − λ(β + γ)kwn kβ+1 + fn+ (0)
β+1
≥
n 1−γ n
!
1+γ β+γ
Z Z
+ ∇wn · ∇φdx − λ wβn · φdx,
1−γ Ω 1−γ Ω
0
o que é claramente impossível se fn+ (0) = −∞ pois por (12) segue que
(1 − γ)kwn k (1 − γ)c3
(1 + γ)kwn k2 − λ(β + γ)kwn kβ+1 +
β+1
≤ −c4 + < 0.
n n
0
Segue que | fn+ (0)| < ∞. Além disso, a estimativa (12) com kwn k ≤ c3 ∀n, e as duas
desigualdades (13) e (14) também implicam que
0
| fn+ (0)| ≤ c5 ∀n = 1, 2, 3, ...(c5 constante conveniente).
Agora nós mostraremos que u2 ∈ Nλ− é uma solução fraca positiva de (1). Da
condição (ii) concluímos
3.3 Teorema Principal 68
1 1
[| fn (t) − 1|kwn k + t fn (t)kφk] ≥ k fn (t)(wn + tφ) − wn k
n n
≥ J(wn − J( fn (t)(wn + tφ))
" # " #
β+1
fn2 (t) − 1 f n (t) − 1
kwn k2 + λ
β+1
=− kwn + tφkβ+1
2 β+1
1−γ
fn (t) − 1
Z
+ h(x)(wn + tφ)1−γ dx
1−γ Ω
2
f (t)
+ n (kwn k2 = kwn + tφk)2
2
λ β+1 β+1
+ (kwn + tφkβ+1 − kwn kβ+1 )
β+1
1
Z
+ h(x)[(wn + tφ)1−γ − w1−γ
n ]dx,
1−γ Ω
1 0+
Z
0 0 0
(| fn (0)|kwn k + kφk) ≥ − fn+ (0)kwn k2 + λ fn+ (0)kwn kβ+1 + fn+ (0) h(x)w1−γ
β+1
n dx
n Z Z Ω
− ∇wn · ∇φdx
Ω
1−γ
1 h(x)[(wn + tφ)1−γ − wn ]
Z Z
+λ wβn φdx + lim inf dx
Ω t→0 1 − γ Ω
+ t
Z Z
= ∇wn · ∇φdx + λ wβn · φdx
Ω Ω
1−γ
1 h(x)[(wn + tφ)1−γ − wn ]
Z
+ lim inf dx.
t→0 1 − γ
+ Ω t
1−γ
Como h(x)[(wn + tφ)1−γ − wn ] ≥ 0 ∀x ∈ Ω ∀t > 0, segue pelo Lema de Fatou
1−γ
1 h(x)[(wn + tφ)1−γ − wn ]
Z Z
h(x)w−γ
n φdx ≤ lim inf dx.
Ω t→0 1 − γ
+ Ω t
1 0
Z Z Z
h(x)w−γ
n φdx ≤ (| fn+ (0)|kwn k + kφk) + ∇wn · ∇φdx − λ wβn φdx
Ω n Ω Ω
(c3 · c5 + kφk)
Z Z
≤ + ∇wn · ∇φdx − λ wβn φdx,
n Ω Ω
quando n → ∞ temos
Z Z Z
h(x)w−γ
β
lim inf n dx ≤ ∇u2 · ∇φdx − λ u2 φdx;
n→∞ Ω Ω Ω
então usando o Lema de Fatou mais uma vez, concluímos que
Z Z Z
−γ β
h(x)u2 φdx ≤ ∇u2 · ∇φdx − λ u2 φdx.
Ω Ω Ω
Logo,
Z
−γ
∇u2 · ∇φ − λu2 φ − h(x)u2 φdx ≥ 0 φ ∈ H01 (Ω), φ ≥ 0
β
Ω
o que significa que u2 satisfaz no sentido fraco a equação
−∆u ≥ 0 em Ω,
u2 > 0 em Ω.
Logo
3.3 Teorema Principal 70
Consequentemente wn → u2 forte em H01 (Ω) e J(u2 ) = inf J. Temos também pelo Lema
Nλ−
1 que u2 ∈ Nλ− . Logo seguindo o mesmo argumento do primeiro item e usando (17)-(19),
obtemos u2 ∈ Nλ− uma solução fraca positiva de (1). Isso completa a demonstração do
Teorema 1.
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