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6.

Soluçã o numérica de equaçõ es diferenciais ordiná rias e


derivaçã o numérica

Equaçõ es diferenciais formam o arcabouço das formulaçõ es locais da


engenharia e das ciências em geral. Há duas classes de equaçõ es diferenciais: (1)
ordiná rias; (2) parciais. As ordinárias surgem quando as formulaçõ es envolvem
apenas uma variá vel independente, e as parciais envolvem mais de uma variá vel
independente.
Neste texto, que consideramos um primeiro curso de cá lculo numérico,
tratamos das equaçõ es diferenciais ordiná rias (EDOs) e de como resolvê-las
numericamente. Nesse sentido, veremos conceitos novos, elaborados e amplos.
Uma EDO geral é expressa na forma a seguir.

Equaçã o 6.1

( )
2 n
dy d y d y
F x, y , , 2 ,⋯, n
=0
dx d x dx
Nessa expressã o, temos:

 x – variá vel independente;

 y – variá vel dependente;

dy
 – primeira derivada da variá vel dependente;
dx
2
d y
 2 – derivada de segunda ordem da variá vel dependente;
dx
n
d y
 e assim sucessivamente até n – derivada de ordem n da variá vel
dx
dependente.

A maior ordem de derivada da variá vel dependente presente na Equaçã o


6.1 indica a ordem da EDO (Kreider; Kuller, 1966).
Para estudar uma EDO, aplicamos o teorema da funçã o implícita na Equaçã o
6.1 e obtemos:
Equaçã o 6.2

n 2 n−1
d y dy d y d y
n
=G( x , y , , 2 , ⋯ , n−1
)
dx dx dx dx
Neste capítulo, nosso desafio é determinar uma funçã o y que satisfaça a
Equaçã o 6.2, acompanhada de n condiçõ es do seguinte tipo:

Equaçã o 6.3

' (n−1)
y ( x 0 )=c0 , y ( x 1 )=c1 , ⋯ , y ( x n−1 )=cn−1
É importante notar que as ordens de derivadas envolvidas nas condiçõ es
devem ser menores que a ordem da EDO e se as abscissas em que as condiçõ es sã o
especificadas sã o ou nã o iguais. Se forem iguais, isto é, x 0=x 1= ⋯=x n−1, o problema
é dito de valor inicial. Caso contrá rio, é denominado de valor no contorno. Em cada
abscissa, há apenas uma condiçã o. A soluçã o da EDO, com as condiçõ es assim
estipuladas, é uma funçã o y , que admite derivada de ordem n em um intervalo da
reta real, contendo as abscissas das condiçõ es, e satisfaz a Equaçã o 6.2 e as
condiçõ es da Equaçã o 6.3.
Encontrar uma soluçã o analítica que satisfaça a Equaçã o 6.2 e as condiçõ es
da Equaçã o 6.3, na maioria dos casos, nã o é uma tarefa fá cil. Porém, se a EDO é
linear, há uma teoria bem desenvolvida que, na maioria dos casos, conduz a uma
soluçã o para o problema. Se for nã o linear, cada equaçã o traz em si dificuldades
ocasionadas em razã o da teoria focada em grupos de operadores diferenciais
específicos. Nesses problemas, que sã o muitos, a soluçã o numérica é de grande
valia.
Vamos conferir alguns exemplos simples que mostram essas dificuldades.
Considere a EDO a seguir.

Equaçã o 6.4

' 2 2
y ( x )= x + y
Essa EDO é de primeira ordem, nã o linear. A nã o linearidade provém do
termo y 2 .

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