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Resumo de Resultados do Grossmann,

Roos, Stynes
Autor: Pedro Henrique Antunes de Oliveira

1
Sumário
1 Nomes e abreviações 3

2 Capítulo 1 4
2.1 Certos tipos de EDP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2 Operadores diferenciais lineares de segunda ordem . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Problema bem posto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 Equação Característica de Primeira ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.5 Obtenção de soluções exatas, método de Fourier e transformadas integrais 12
2.6 Princípio do Máximo, solução fundamental, função de Green e domínios
de dependência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

2
1 Nomes e abreviações

ALGISO algebricamente isomorfo


BON base ortonormal
BS Banach space
CatI first category
CatII second category
CCVX closed convex
CNV conjunto não vazio
CVX convex
CVG converge
CVG(s) converge forte
CVG(w) converge fracamente
CVG(w*) converge no sentido fraco-estrela
C0∞ (Ω), D(Ω) Funções de classe C ∞ , com domínio Ω, e
suportecompacto dentro de Ω.
EM espaço métrico
EMC espaço métrico completo
EVet espaço vetorial
HS Hilbert space
IPS inner product space
ISO isomorfo
ISOISO isometricamente isomorfo
LD linearmente dependente
LI linearmente independente
LTDO limitado
NLS normed linear space
OG ortogonal
ON ortonormal
SEQ sequência

3
SPG sem perda de generalidade
SUBSEQ subsequência

2 Capítulo 1
Exemplo 1. (Equação do calor) Temos uma temperatura T = T (x, t) distribuida, não
uniformemente, ao longo de um espaço x ∈ Ω e através do tempo t. Neste caso, como a
distribuição da temperatura é não uniforme, há um fluxo de energia J = J(x, t) que tenta
balancear a temperatura. Assuma:

• Não há fonte de calor.

• Não há dreno de calor.

• Não há conveccção.

A Lei de Fourier diz que


J = −σ∇T,

sendo que σ é uma constante que depende do material. Em cada subdomínio Ω̃ ⊂ Ω, vale
a lei de conservação de energia:
Z Z Z
d
γρT = − ⃗n · J = σ⃗n · ∇T,
dt Ω̃ ∂ Ω̃ ∂ Ω̃

sendo γ a “heat capacity” (capacidade térmica), ρ a densidade e ⃗n o vetor normal unitário


apontando para fora. O Teorema de Gauss então nos dá:

∂T
γρ = div(σ∇T )
∂t

Essa é a equação do calor.

Observação 1. A equação do calor (sem fonte, sem dreno, sem conveccção) é deduzida
com um combinado, então, de:

• Lei de Fourier.

4
• Conservação de energia em cada subdomínio.

• Teorema do divergernte de Gauss.

Observação 2. A conservação de energia diz


Z Z
d
γρT = (−⃗n) · J.
dt Ω̃ ∂ Ω̃

A interpretação disso é que a variação do acumulado de temperatura na região Ω̃, pon-


derado pela densidade e capacidade térmica do material, é igual ao fluxo entrando nesta
reigão. O sinal de menos se deve ao fato da normal estar apontando para fora. O que se
quer é o tanto de fluxo na direção normal para dentro, ou seja, o componente do fluxo na
direção normal apontando para dentro. Isso é a projeção do vetor J na direção −⃗n.

2.1 Certos tipos de EDP

Temos certos tipos de EDPs.

• −∆u = f (Equação de Poisson).

• ut − ∆u = f (Equação do Calor).

• utt − ∆u = f (Equação da onda).

• ∆∆u = 0 (Equação bi-harmônica).

2.2 Operadores diferenciais lineares de segunda ordem

Operadores diferenciais lineares de segunda ordem são operadores da forma:

n
X ∂ 2u
Lu := ai,j (x)
i,j=1
∂xi ∂xj

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sendo que ai,j = aj,i , ou seja, se colocarmos A(x) = (ai,j (x))1≤i≤n,1≤j≤n (função matri-
cial n × n), temos
Lu = tr(A(x)T ∇2 u(x))

e A(x)T = A(x), sendo que ∇2 u(x) denota a Hessiana de u em x.

Definição 1. • O operador diferencial L é dito ser elíptico num certo ponto x se


todos os autovalores de A(x) são não-nulos do mesmo sinal.

• O operador diferencial L é dito ser parabólico num certo ponto x se A(x) admite
um, único, auto-valor nulo e todos os demais do mesmo sinal (ou seja, o autovalor
0 deve existir e com multiplicidade 1; os demais autovalores devem ser de um certo
mesmo sinal).

• O operador diferencial L é dito ser hiperbólico num certo ponto x se A(x) for
invertível, mas o sinal de um, único, autovalor é o contrário do sinal dos outros
demais autovalores. Ou seja, há um certo autovalor λ ̸= 0 de multiplicidade 1 cujo
sinal é σ e todos os demais autovalores de A(x) tem sinal −σ.

Existem operadores lineares diferenciais de ordem 1 e ordem 0 também. Os de ordem


1 são da forma:
n
X ∂u
(V u)(x) := bi (x) (x).
i=1
∂xi

Os de ordem 0 são meras multiplicações por u:

(Cu)(x) := c(x)u(x).

Várias EDPs são da forma:


Lu + V u + Cu = f

e são classificadas, em cada ponto, de acordo com a classificação de L como feito acima.
Tais EDPs são as EDPs lineares de ordem 2 (ou menos caso L seja nulo por exemplo).

6
Exemplo 2. (Equação de Tricomi)

∂ 2u ∂ 2u
x2 2 + 2 = 0
∂ x1 ∂ x2

Aqui  
x2 0
A= 
0 1

• É elíptica para x2 > 0.

• É parabólica para x2 = 0.

• É hiperbólica para x2 < 0.

Exemplo 3. (Equação da Poisson)

u − ∆u = f

Aqui A = −Id. É uma equação elíptica.

Exemplo 4. (Equação do Calor)

ut − ∆u = f.

Aqui  
0 
 −1
 

 
−1
 
 
A= 
−1
 
 
 

 ... 

 
−1

pensando na primeira coordenada, x1 como tempo t. Temos uma equação parabólica.

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Exemplo 5. (Equação da Onda)

utt − ∆u = f.

Aqui,  
1 
 −1
 

 
−1
 
 
A= 
−1
 
 
 

 ... 

 
−1

e temos uma equação hiperbólica.

Exemplo 6.
∂ 2u
= f.
∂x1 ∂x2
Aqui,  
1
0 2
A= .
1
2 0

Note que não podemos usar  


0 0
 
1 0

por não ser simétrica.

Observação 3. Claro, no caso de A(x) ≡ cte, a equação, e o operador L, é uniforme-


mente de um certo tipo.

2.3 Problema bem posto

Pensando numa situação mais geral de BS V e W , se temos A : V → W e queremos


resolver Ax = f , para f ∈ W dado, falamos deste problema estar bem posto ou não.

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Definição 2. (informal) O problema acima está bem posto se tem solução e se pequenas
variações em f levam a pequenas variações na solução x.

2.4 Equação Característica de Primeira ordem

A noção de características de um operador diferencial de segunda ordem é algo que ajuda


na discussão de um problema ser ou não bem posto.

Definição 3. Associado a um operador diferencial de segunda ordem L como acima,


definimos a equação (EDP) característica de primeira ordem:

n X
n
X ∂w ∂w
ai,j = 0. (1)
i=1 j=1
∂xi ∂xj

Se w é uma solução de (1), C ∈ w(G) e Γ é uma superfície que cumpre w(x) = C para
todo x ∈ Γ, então Γ é chamada de característica de L. Aqui, G é um aberto qualquer
subconjunto do domínio dos ai,j .

Observação 4. A equação característica pode ser posta como

⟨A∇w | ∇w⟩ = 0.

Observação 5. Suponha que o domínio da equação seja G ⊂ IRn aberto. Seja w : G →


IR tal que w é solução da equação característica (1). Para cada C ∈ w(G) valor regular
de w, a superfície w(x) = C é uma característica de w.

Observação 6. O termo “característica”, às vezes, parece ser usado para falar da superfí-
cie, mas também para ser usado para falar de uma parametrização de uma superfície.

Fato 1. (Condições Iniciais em Características) É conhecido que é impossível, numa

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característica Γ, prescrever condições iniciais arbitrárias:

∂u
u|Γ = ϕ, = ψ,
∂λ Γ

sendo que λ(p ∈ Γ) é um campo de direções não tangenciais com relação à superfícia Γ
(i.e. ∀p ∈ Γ, λ(p) ∈
/ Tp Γ). Sabe-se que é necessário que estas condições iniciais cumpram
mais condições.

Exemplo 7. (Equação Parabaólica) Considere Ω = (a, b) × (c, d) por exemplo:

ut − uxx = 0.

Aqui  
0 0
A= .
0 −1

A equação característica fica


 2
∂w
− = 0.
∂x
Pode-se resolver a equação wx = 0 e obtemos w(t, x) = f (t) para alguma f : (a, b) → IR
diferenciável. Isso dá que possíveis características são retas t ≡ cte.

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Observação 7. Aqui, vale ressaltar, dentro deste examplo, que eu não me lembro
bem da teoria das características. Uma forma de por é que elas são superfícies
de dimensão exatamente n − 1, sendo n = 2 neste caso. O que acontece aqui é
que w ≡ 4 é solução da equação característica aqui. Assim, podemos ter que Ω
inteiro é uma característica da equação, de acordo com esta definição dada pelo
livro. Talvez o livro tenha em mente, implicitamente, que a ideia de superfície é
algo de dimensão n − 1 sendo n a dimensão do espaço que ela está. Pensando em
superfícies de dimensão n − 1, de fato, pode-se provar que as características são
exatamente as retas verticais. Isso é feito usando, essencialmente falando, o fato de
que f : (s, r) → IR diferenciável que cumpre f ′ (x) ̸= 0 pra todo x ∈ (s, r), então f
é estritamente crescente ou estritamente decrescente.

Considere a = c = −1, b = d = 1. Considere a característica Γ = [t = 0]. Se


prescrevermos u|t=0 (0, x) = ϕ(x), então a própria equação já nos dá que ut |t=0 (0, x) =
uxx |t=0 (0, x) = ϕ′′ (x). Note que, contrário do que usual temos em EDP, não temos con-
dições de contorno neste exemplo. As condições aqui são prescrições dentro do domínio
Ω. A conclusão aqui é que ψ só pode ser ϕ′′ .

Exemplo 8. (Equação Hiperbolica) Considere Ω = (a, b) × (c, d) mais uma vez e

utt − uxx = 0.

Aqui:  
1 0
A= 
0 −1

e a equação característica fica


(wt )2 − (wx )2 = 0.

Dado f : IR → IR diferenciável, w(t, x) = f (x ± t) são sempre soluções para a equação


característica. São todas as soluções da equação? Não sei. O livro afirma que as caracte-
rísticas são curvas com x + t ≡ cte e também curvas com x − t ≡ cte. Eu não lembro

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como se prova isso. E também não me lembro (ou mesmo não sei) como se resolve esta
equação acima. Aqui, t ≡ cte não é uma característica. Por isso (afirma o livro) podemos
∂w
prescrever condições iniciais u|t=0 = ϕ e ∂ λ t=0 = ψ que isso não será, por este motivo,
impedimento para termos um problema bem posto.

Estas considerações servem para indicar que a resposta sobre se um problema de EDP
está bem posto ou não deve ser dada levando em consideração o tipo de equação de acordo
com a classificação acima, quando cabível.

Fato 2. É sabido que a seguinte combinação de tipos são as que dão origens a problemas
bem postos.

• EDP elíptica: condições de contorno.

• EDP parabólica: condições de contorno no espaço, condições iniciais no tempo.

• EDP hiperbólica: condições de contorno no espaço, duas condições iniciais no


tempo.

Observação 8. A relação acima é vaga, e diz respeito à existência de soluções. Há mais,


muito mais, o que se dizer sobre um problema está bem posto ou não. A lista acima serve
de um guia inicial que sempre se deve ter em mente.

2.5 Obtenção de soluções exatas, método de Fourier e transformadas


integrais

Observação 9. O que segue é, no nível deste livro, algo informal, mas com respaudo
teórico (no sentido de ser possível estudar melhor, isto que segue, em outros cursos). Não
só isso, o que segue são procedimentos primariamente simbólicos que fazem sentido de
acordo com a teoria vigente. Estes procedimentos, por mais que façam sentido, são não-
rigorosos. Eles usam teorias vigentes como indicadores para certas deduções plausíveis,
mas que precisam ser justificadas de algum outro modo alternativo (em muitos casos,

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diferentes de teoria usada como indicador para a dedução feita). Isso ficará mais claro
depois.

Observação 10. O que está sendo feito aqui é algo parecido com o que foi feito no curso
de EDP para a obtenção de soluções. Uma coisa legal é que, já tendo feito as coisas do
curso de EDP, dá para entender um pouco melhor o que está acontecendo. Este livro
coloca o procedimento em chãos mais formais, por mais que ainda seja tudo simbólico
e não-rigoroso, estritamente falando. Lendo esta seção, entendi algumas coisas que não
estavam claras para mim no curso de EDP.

Primeiramente, precisamos falar de certos tipos de condições de contorno homogê-


neas.

Definição 4. (a) Dirichlet, ou de 1º tipo:

u|∂Ω = 0.

(b) Neumann ou de 2º tipo:


∂u
=0
∂⃗n ∂Ω

(c) Robin ou de 3º tipo:  


∂u
+ αu = 0,
∂⃗n ∂Ω

sendo que costuma-se assumir que α > 0.

Quando se quer resolver uma EDP com tais condições de contorno, estas costumam
entrar como parte da definição de um espaço. Por exemplo:

F = {u : Ω → IR : u ∈ C 2 (Ω), u ≡ 0 em ∂Ω}.

Observação 11. Vale observar aqui que isso é apenas um exemplo de um F possível.
Abaixo, vou usar o termo F , mas não necessariamente estarei falando deste daqui. A

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ideia é apenas que existe um certo espaço de funções apropriados que está por trás das
contas. Este espaço será o domínio do meu operador diferencial (espacial) em questão e
estou interessado em decomposições espectrais deste meu operador neste domínio.

Uma EDP linear elíptica é da forma:

f = Lu

sendo L um certo operador diferencial e f uma certa função, talvez C 0 , talvez L2 , etc. No
caso de uma equação parabólica:

ut = Lu + f.

No caso de uma hiperbólica


utt = Lu + f

Aqui, há um interesse em estudar os autovalores e autovetores (a decomposição espectral)


de L : F → C 0 (Ω) por exemplo. Queremos, assim, poder escrever:


X
Lu = λi ⟨u | ei ⟩ ei
i=1

sendo que este produto interno é o do L2 e {en }∞


n=1 é uma base ortonormal para a imagem

de L e {λn }∞
n=1 são todos os autovalores não-nulos de L.

No caso de uma equação parabólica ou hiperbólica, tem-se que, pensando em u(t) ∈


F , que o operador L atua, na verdade, em u(t). Assim, obtem-se

ui (t) = ⟨u(t) | e⟩i

e
fi (t) = ⟨f (t) | ei ⟩ .

A separação de variável espacial versus temporal é importante aqui. Existe uma premissa

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que possa se fazer

X
f (t) = fi (t)ei .
i=1

Observação 12. Isso é curioso. Não sei se faz sempre sentido isso. Acho que não. Por
exemplo, no caso de F já incorporar as condições de contorno, como fiz no exemplo
acima, estas autofunções, todas, cumprirão as condições de contorno. Daí f também
terá de cumprir as condições de contorno. No curso de EDP do Roberto, acho que isso
acontecia também. Era necessário que f pudesse ser expandido na BON em questão, e
ela tinha as condições de contorno

Assim, o que obtemos é algo do tipo:

1. (equação elíptica) Lu = f sugere


X ∞
X
λi ui ei = fi e i .
i=1 i=1

sendo ui = ⟨u | ei ⟩ e fi = ⟨f | ei ⟩. Daí queremos por

ui = λi −1 fi .

Obtemos a solução candidata:


X ⟨f | ei ⟩
u= ei
i=1
λ i

2. (equação parabólica) ut = Lu + f sugere


X ∞
X ∞
X
u′i (t)ei = λi ui (t)ei + fi (t)ei ,
i=1 i=1 i=1

sendo ui (t) = ⟨u(t) | ei ⟩ e fi (t) = ⟨f (t) | ei ⟩. Pegamos agora o dado inicial da


equação parabólica:
u|t=0 (x) = ϕ(x).

15
Ponha ϕi = ⟨ϕ | ei ⟩. Precisamos então resolver as EDOs:

u′ (t) = λui (t) + fi (t)

i

ui (0) = ϕi

3. (equação hiperbólica) Acontece algo similar no caso hiperbólico. O que muda é a


nossa EDO 
u′′i (t) = λui (t) + fi (t)






ui (0) = ϕi


u′i (0) = ψi ,

sendo que temos, também, o dado inicial:

ut |t=0 (x) = ψ(x)

(usando ψi = ⟨ψ | ei ⟩).

Exemplo 9. (EDP Parabólica - Equação do calor)

ut − ∆u = f, t ∈ (0, Tf ), x ∈ Ω;

u|t=0 = ϕ(x), x ∈ Ω;

u|∂Ω = 0, ∀t.

Suponha que f ∈ L2 (Ω). O operador em questão aqui é L = −∆. Considere o espaço

F = u : Ω → IR : u ∈ C 2 (Ω) ∩ L2 (Ω), u|∂Ω = 0 .




Considere a norma e o produto interno de L2 . Suponha que temos a decomposição espec-


tral {un }∞ ∞
n=1 do nosso operador, com os autovalores {λn }n=1 associados.

Observação 13. O livro afirma ser comum, em vários casos, conseguir λn ≥ 0, ∀n.

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Daí −∆un = Lun = λn . Suponha que consiga:


X
f (x, t) = ⟨ft | un ⟩ un .
i=1

Observação 14. Esta expansão será de interesse para uma avaliação ponto-a-ponto para
gente, mas a princípio de conversa, estamos falando de convergência em L2 acima. Lem-
brando que estamos interessando neste procedimento como fonte de soluções candida-
tas.

A nossa solução candidata é da forma:


X
u(x, t) = cn (t)un (x).
n=1

Observação 15. Mais uma vez, a teoria aqui em questão nos permite falar de convergên-
cia dessa série em L2 . De modo um pouco mais formal, deveríamos fazer algo como


X
u(t) = cn (t)un
n=1

em L2 . Vale ressaltar que se temos convergência em L2 , temos convergência pontual


em quase todo ponto do espaço. Logo, se temos convergência em L2 a uma solução, é
rasoável esperar que ela tenha a mesma cara da expressão usada para a convergência em
L2 .

Montando a nossa sequência infinita de EDO:



c′ (t) + λn cn (t) = fn (t),

n

cn (0) = ⟨ϕ | un ⟩ .

Resolvendo, obtemos a seguinte solução candidata


X ∞
X Z t
−λi t
u(x, t) = ⟨ϕ | ui ⟩ ui (x)e + ui (x) e−λi (t−s) fi (s)ds.
i=1 i=1 0

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O que pode ser feito agora é tentar mostrar a convergência via outros métodos, talvez uma
convergência uniforme aconteça em cada compacto, por exemplo. Coisas como o teste-
M de Weierstrass pode ser usado aqui. Talvez possa ser aplicado algo dentro de teorias
mais avançadas também. A ideia, no geral, é usar as técnicas espectrais para obtenção de
soluções candidatas. A prova de que a candidata obtida de fato é uma solução é feita de
outra forma.

Exemplo 10. (Equação de Poisson - EDP elíptico com condições de Dirichlet)

−∆u = f, u|∂Ω = 0

Considere um sistema ON de autofunções e autovalores para L = −∆: autofunções ON


{un }∞ ∞
n=1 e autovalores {λn }n=1 . Suponha que consigamos fazer


X
f= ⟨f | ui ⟩ ui (L2 )
i=1


X
u= ci ui (L2 )
i=1

X
−∆u = λi ci ui (L2 ).
i=1

A nossa solução candidata fica sendo


X ⟨f | ui ⟩
u(x) = ui (x).
i=1
λ i

Exemplo 11. (Equação da onda)

utt − ∆u = f, u|∂Ω = 0,

u|t=0 (x) = ϕ(x), ut |t=0 (x) = ψ(x).

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Temos a mesma premissa de conseguirmos um sistema de autofunções {un }∞
n=1 ON para

o operador L = −∆, num certo espaço apropriado, com autovalores associados {λn }∞
n=1 .

Fazemos a expansão:

X
f (t) = ⟨f (t) | ui ⟩ ui (L2 ),
i=1

X
u(t) = ci (t)ui (L2 ),
i=1

X
−∆u(t) = λi ci (t)ui (L2 ),
i=1
e

X
utt (t) = λi c′′i (t)ui (L2 ).
i=1

Ponha ⟨f (t) | ui ⟩ = fi (t). Isso nos dá a seguinte equação que queremos que seja verdade:


X
[c′′i (t) + λi ci (t) − fi (t)] ui = 0.
i=1

Obtemos a sequência infinitas de EDO:



c′′i (t) + λi ci (t) − fi (t) = 0,






ci (0) = ⟨ϕ | ui ⟩ = ϕi ,


c′i (0) = ⟨ψ | ui ⟩ = ψi .

A nossa solução fica sendo


Z t
p ψi p 1 p
ci (t) = ϕi cos( λi t) + √ sin( λi t) + √ sin( λi (t − s))fi (s)ds.
λi λi 0

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Isso nos dá a seguinte solução candidata:

∞ ∞
X p X ψi p
u(x, t) = ϕi cos( λi t)ui (x) + √ sin( λi t)ui (x)
i=1 i=1
λi
∞ Z t
X 1 p
+ √ sin( λi (t − s))fi (s)dsui (x)
i=1
λi 0

Observação 16. Acho que isso é uma versão generalizada do que aprendi sob o nome de
“separação de variáveis”.

Observação 17. Raramente temos os autovalores e autovetores do −∆, mas temos em


alguns casos conhecidos.

Exemplo 12. (Alguns casos em que conhecemos a decomposição espectral do Lapla-


ciano)

• Ω = (0, 1), u(0) = u(1) = 0; λn = π 2 n, n ∈ N, un (x) = 2 sin(πnx).

• Ω = (0, 1), u′ (0) = u′ (1) = 0; λ0 = 0, u0 (x) ≡ 1; λn = π 2 n2 , un (x) =



2 cos(nπx), n ∈ N.

• Ω = (0, 1), u(0) = 0, u′ (1) + αu(1) = 0, α > 0; λn resolve α tan(ξ) + ξ = 0,


un (x) = dn sin(λn x) sendo dn escolhido de modo que ∥un ∥L2 (Ω) = 1.

Observação 18. A página 7 do livro, no exemplo dos autovalores e autovetores para o


operador laplaciano no caso de condições de contorno Robin, não se pede α > 0, mas
na descrição da condição de contorno mais acima (item (c) da lista na página 6), pede-se
que α > 0. Ainda sobre este item, não importa como enumeramos as raízes da equação
α tan(ξ) + ξ = 0. Esta equação tem uma quantidade enumerável de raízes.

Para dimensões maiores, as autofunções do operador laplaciano, assim como autova-


lores, são conhecidas apenas para ω simples (e.g. bolas e retângulos).

20
mπ 2 nπ 2
 
Exemplo 13. Ω = (0, a) × (0, b), a, b > 0, u|∂Ω = 0; λm,n = a + b , um,n (x) =
√2 sin mπx1 sin nπx2 .
 
ab a b

Observação 19. Obtidas as soluções candidatas, queremos ver condições para que estas
sejam de fato soluções clássicas ou generalizadas.

O livro dá alguns comentários sobre a aplicabilidade do método de Fourier.

• Precisamos de domínios e condições de contorno simples. A ideia aqui é que pre-


cisamos conseguir fazer a decomposição espectral do operador diferencial elíptico
envolvido.

• De modo geral queremos um operador elíptico de coeficientes constantes. A ideia


é que qualquer coisa mais complicada já inviabiliza o método.

• Algo a se ter em mente, no entanto, é que certos operadores podem virar de coefi-
cientes constantes após algum tipo de mudança de variáveis.

• Existe a possibilidade de usar a transformada de Fourier no caso de Ω = IRn .

• Pode-se pensar em usar outras transformadas, como a de Laplace.

• Talvez pode-se aplicar a transformada em outros conjuntos de variáveis. Acho que


seria legal ver um exemplo disso.

Exemplo 14. Problema de Cauchy para a equação do calor - exemplo com a aplica-
ção da transformada de Fourier

ut − ∆u = 0, x ∈ IRm = Ω, u|t=0 = ϕ(x).

Observação 20. Para g ∈ D(IRm ), a transformada de Fourier em g está definida como:


Z
1
ĝ(ξ) = √ m exp(−ix · ξ)g(x)dx
2π IR m

e vale
∂jk g (ξ) = (iξj )k ĝ(ξ).
\ 

21
Obtemos, aplicando a transformada de Fourier:

∂t û − ∥ξ∥2 û = 0,

 û|

= ϕ̂.
t=0

2
A solução então fica sendo û(ξ, t) = ϕ(ξ)e−∥ξ∥ t . Via transformada inversa de Fourier,
obtemos a solução candidata, conhecida como Fórmula de Poisson:
!
− ∥x − y∥2
Z
1
u(x, t) = √ m ϕ(y) exp dy.
4πt IRm 4t

Observação 21. Ainda precisamos estudar as condições para que esta solução candidata
seja de fato uma solução (clássica ou generalizada) da equação. O livro dá uma referência
sobre essas condições (referência rotulada como [Mic78] no livro – que parece ser algo
em Alemão).

Observação 22. A Fórmula de Poisson,


!
2
− ∥x − y∥
Z
1
u(x, t) = √ m ϕ(y) exp dy.
4πt IR m 4t

tem uma característica curiosa. Ela diz que, não importa o quão próximo é t(> 0) de 0,
a temperatura u(x, t) sofrerá influência de todo ϕ não importando x. É como se, instan-
taneamente, as condições iniciais dadas por ϕ surtissem efeito no espaço inteiro. Claro,
para t ≈ 0, o efeito é negligenciável pois
!
− ∥x − y∥2
exp ≈0
4t

para x longe de y e t ≈ 0.

22
2.6 Princípio do Máximo, solução fundamental, função de Green e
domínios de dependência

Nesta seção, considere um domínio Ω aberto do IRn e limitado. Estamos interessados em


operadores diferenciais dados da seguinte forma:

X ∂ 2u X ∂u
(Lu)(x) := − ai,j (x) + bi (x) + c(x)u(x).
i,j
∂xi ∂xj i
∂x i

Pondo A(x) = (ai,j (x)), b(x) = (bi (x)), assumimos A, b, c limitadas, assumimos A(x) =
A(x)T (simetria do operador) e assumimos que existe λ > 0 tal que para todo v ∈ IRn ,
⟨Av | v⟩ ≥ λ ∥v∥2 (elipticidade do operador).

Observação 23. Em resumo

(Lu)(x) = −tr(A(x)∇2 u(x)) + ⟨b(x) | ∇u(x)⟩ + c(x)u(x)

com 
A(x) = A(x)T , ∀x ∈ Ω;






2
∃λ > 0 : ⟨A(x)ξ | ξ⟩ ≥ λ ∥ξ∥ , ∀ξ ∈ IRn , ∀x ∈ Ω;


A, b, c ∈ L∞ .

Observação 24. Eu estava com dúvida se o livro está assumindo continuidade das fun-
ções coeficientes, ai,j , bi , c. O livro não pede. Ele apenas diz que assume coeficientes
limitados. Olhando a demonstração do princípio do máximo do Evans, vejo que não
precisa da continuidade mesmo.

Proposição 1. (Teorema 1.4. Princípio do Máximo de Bordo) Assuma c ≡ 0 e A, b


limitados. Suponha u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω). Se

(Lu)(x) ≤ 0, ∀x ∈ Ω

23
então
max u(x) ≤ max x ∈ ∂Ωu(x).
x∈Ω

Proposição 2. (Theorem 1.5. Princípio da Comparação) Suponha c ≥ 0 em todo Ω.


Suponha A, b, c ainda limitados. Sejam v, w ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω). Se

(Lv)(x) ≤ Lw(x), ∀x ∈ Ω;

v(x) ≤ w(x), ∀x ∈ ∂Ω,


então v(x) ≤ w(x) para todo x ∈ Ω.

Observação 25. No contexto do teorema acima, se w é uma solução exata do problema


de EDP associado, então dizemos que v é uma solução inferior ou uma subsolução. Si-
milarmente, se v for uma solução exata do problema de EDP associado, dizemos que w é
uma solução superior ou uma supersolução.

A formulação clássica do problema de Dirichlet é a seguinte. Dados f : Ω → IR e


g : ∂Ω → IR contínuas, queremos encontrar uma função u ∈ C 2 (Ω) ∩ C(Ω) tal que

(Lu)(x) = f (x), ∀x ∈ Ω,

(3.2)
u(x) = g(x), ∀x ∈ ∂Ω.

Observação 26. Uma dúvida que eu tive que o livro não parece deixar claro, mas, ao
mesmo tempo, não parece ser importante. Os domínios de f e g são esses mesmos? Ou
é necessário ter g : Ω → IR? No caso de f eu sei, por causa de outros cursos que,
comumente, não assumimos f necessariamente definida no bordo. De todo modo, isso
não afeta em nada o que segue. Em certos casos, dependendo do teorema, vai ser pedido
que g esteja definido em todo o Ω. Neses casos, eu coloco isso explicitamente.

Observação 27. O Teorema 1.5 (o Princípio da Comparação) garante que o problema


(3.2) tem, no máximo, uma única solução (dentro das hipóteses sobre as funções coefici-

24
entes). No entanto, nem sempre (3.2) tem solução. Se tem, é única. Na prática, alguns
motivos encontrados que impedem (3.2) de ter solução.

• O bordo Γ = ∂Ω de Ω pode não ser suave o suficiente (será definido o que é isso
logo a seguir).

• Os dados do problema não são suaves o suficiente (aqui não sei se o livro se refere
apenas às funções f, g ou se inclui, também, A, b, c).

• Em certos pontos do bordo, podemos ter trocas no tipo de condição de contorno


(e.g. Neumann para Robin, ou Robin para Dirichlet).

Definição 5. Um domínio (i.e. aberto do IRn ) limitado é dito pertencer à classe C m,α
(α ∈ (0, 1], m ∈ N0 ) se existe um certo número k ∈ N de bolas K1 , K2 , ..., Kk abertas
tais que:

(i) Para cada i ∈ {1, 2, ..., k}, Ki ∩ ∂Ω ̸= ∅

(ii) ∂Ω ⊂ ∪ki=1 Ki .

(iii) Para cada i ∈ {1, 2, ..., k} existe uma função fi : Ki → IRn de classe C m,α (Ki ) tal
que:

(a) fi é injetora em Ki ,

(b) fi (Ki ) = Mi é um aberto do IRn ,

(c) fi (Ω ∩ Ki ) = Ni é um aberto do IRn em {y ∈ IRn : yn > 0},

(d) fi (Ki ∩ ∂Ω) ⊂ {y ∈ IRn : yn = 0} e, finalmente,

(e) 0 ̸= det D(fi )(x) para todo x ∈ K i .

Observação 28. No contexto da definição acima, usa-se também a notação ∂Ω ∈ C m,α .

25
Observação 29. Vale a pena lembrar a definição dos espaços C(Ω), C(Ω), C m,α (Ω)
aqui.

Definição 6. Seja Ω um aberto do IRn .

1. C(Ω) é o espaço das funções f : Ω → IR contínuas.

2. C(Ω) é o espaço das funções f ∈ C(Ω) que admitem uma extensão contínua para
o bordo.

3. Definimos indutivamente C 0 (Ω) = C(Ω) e C m+1 (Ω) com o o espaço das funções
f ∈ C m (Ω) tais que para todo i ∈ {1, 2, ..., n} ∂i f existe e está definida em todo o
Ω e, além disso, cumpre ∂i f ∈ C m (Ω).

4. Definimos indutivamente C 0 (Ω) = C(Ω) e C m+1 (Ω) como o espaço das funções
f ∈ C m (Ω) tais que, para todo i ∈ {1, 2, ..., n}, ∂i f está definida em todo Ω e
cumpre ∂i f ∈ C m (Ω).

Observação 30. Vale observar que sempre, não importa se em C m (Ω) ou em C m (Ω)
estamos falando de funções com domínio em Ω, a princípio de conversa. A possibilidade
de extensão, e suas características, que distingue C m (Ω) e C m (Ω).

Definição 7. (Espaços de Hölder) Dado α ∈ (0, 1] e dado Ω ⊂ IRn aberto, definimos


C 0,α (Ω) como sendo o conjunto das funções f ∈ C(Ω) tais que existe C = Cf > 0 que
cumpre |f (x) − f (y)| ≤ Cf ∥x − y∥α para todo x, y ∈ Ω. De modo geral, definimos
o conjunto C m,α (Ω), m ∈ N, como sendo o conjunto das funções f ∈ C m (Ω) tais que
∂I f ∈ C 0,α (Ω), sendo I um multiíndice de derivaração com |I| = m.
[Han, Atkinson - Theoretical Numerical Analysis - A Functional Analysis Framework
(2009)]

Proposição 3. (Completude dos espaços de Hölder) O espaço C m,α (Ω) é um espaço de

26
Banach com a norma ∥·∥m,α , dada por:

X
∥f ∥C m,α (Ω) = ∥f ∥C m (Ω) + Hα (∂I f )
|I|=m

sendo
X
∥f ∥C m (Ω) = ∥∂I f ∥L∞ (Ω)
|I|≤m

e
|g(x) − g(y)|
Hα (g) = sup
x,y∈Ω,x̸=y ∥x − y∥α

[Han, Atkinson - Theoretical Numerical Analysis - A Functional Analysis Framework


(2009)]

Observação 31. Domínios Ω de classe C 0,1 são comumente chamados de domínios com
bordo regular ou domínios lipschitzianos.

Proposição 4. Se Ω for um aberto convexo limitado, então ∂Ω ∈ C 0,1 .

Proposição 5. (Fato Importante - Teorema de Gauss em domínios regulares) Seja Ω


um aberto limitado do IRn com bordo regular (∂Ω ∈ C 0,1 ). Então está bem definido em
quase todo ponto de ∂Ω o vetor normal unitário apontando para fora ⃗n(x). Além disso,
vale o Teorema de Gauss nestes domínios. Se v1 , v2 , ..., vn são funções em C 1 (Ω) ∩ C(Ω),
vale Z X n Z X n
∂vi
(x)dΩ = vi (x)⃗ni (x)d∂Ω,
Ω i=1 ∂xi ∂Ω i=1

ou ainda, colocando V = (v1 , v2 , ..., vn ), temos:


Z Z
div(V )dΩ = ⟨V (x) | ⃗n(x)⟩ d∂Ω.
Ω ∂Ω

Observação 32. Acima, as medidas em questão são as medidas de Lebesgue associadas.

27
Não vou tentar dar definições apropriadas para a medida de Lebesgue no bordo pois não
entendo o suficiente. A medida em questão quando se fala que o vetor normal unitário está
definido em quase todo ponto do bordo também é a de Lebesgue natural neste bordo.

Proposição 6. (Teorema 1.7 - Existência de soluções para o problema elíptico) Seja


Ω ⊂ IRn um aberto de bordo regular (∂Ω ∈ C 0,1 ). Considere o operador diferencial como
de costume:
n
X ∂ 2u X ∂u
(Lu)(x) = ai,j (x) (x) + bi (x) (x) + c(x)u(x).
1≤i,j≤n
∂x i ∂x j i=1
∂x i

Considere o problema 
Lu = f, em Ω,

(3.2)
u = g, em ∂Ω.

Suponha:

(i) c ≥ 0.

(ii) ai,j = aj,i para todo 1 ≤ i, j ≤ n (i.e. elipticidade do operador).

(iii) ai,j , bi , c funções limitadas e em C 0,α (Ω).

(iv) f, g funções em C 0,α (Ω).

Então (3.2) admite uma única solução.

Observação 33. (Dúvida) O livro pede regularidade C 0,α dos dados do problema de
contorno (3.2). Eu estou assumindo que isso inclui todos: ai,j , bi , c, f, g. Talvez inclua
somente f, g. Não parece que ai,j , bi e c entram no que se considera dados do problema.
Porém, não tenho certeza. Também estou assumindo que g precisa estar definida em todo
Ω. Fica como ponto de dúvida.

Observação 34. Um tema recorrente no estudo de EDPs é o de regularidade de soluções.


Vários teoremas sobre propriedades de uma solução assume que tal existe e é de uma
certa ordem de regularidade (e.g. o princípio do máximo). Nem sempre temos esta ordem

28
de regularidade desejada. O livro exemplifica esse fenômeno. Antes de ir para o exemplo,
umas contas sobre o operador Laplaciano em coordenadas polares serão registradas.

Proposição 7. (Laplaciano em coordenadas polares) Considere

G(x, y) = (r(x, y), ϕ(x, y))

aplicação de classe C 2 de um aberto A sobre um aberto B. Seja v(x, y) = u(G(x, y)).


Suponha que r(x, y)2 = x2 + y 2 e x = r(x, y) cos(ϕ(x, y)) e y = r(x, y) sin(ϕ(x, y)) em
todo (x, y) ∈ A. Suponha que r não se anula em A. Temos:

vx = ur rx + uϕ ϕx , vy = ur ry + uϕ ϕy ,

vxx = urr rx2 + 2urϕ ϕx rx + ur rxx + uϕr ϕx rx + uϕϕ ϕ2x + uϕ ϕxx ,

vyy = urr ry2 + urϕ ϕx ry + ur ryy + uϕy ϕy ry + uϕϕ ϕ2y + uϕ ϕyy ,


x y −y x
rx = , ry = , ϕx = , ϕy = ,
r2 r2 r2 r2
y2 x2 −xy
rxx = , ryy = , rxy = ,
r3 r3 r3
2xy y 2 − x2 −2xy
ϕxx = 4 , ϕxy = , ϕxy = ,
r r4 r4
1 1
∆v = urr + ur + 4 uϕϕ .
r r
Acima, u e suas derivadas parciais estão avaliados em G(x, y). As demais funções estão
avaliadas em (x, y). As igualdades acima valem para todo (x, y) ∈ A.

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