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GUIMARÃES, Eduardo. Semântica: enunciação e sentido.

Campinas: Pontes
Editores, 2018.

Eduardo Guimarães é um estudioso da semântica que atribui a significação


como o “centro do interesse da linguagem”, ou seja, a significação é a base para o
desenvolvimento das investigações sobre a linguagem.
Para realizar este trabalho foi solicitado a leitura do capítulo 1 “O que é
Semântica?” entre 13 a 46. Em seu livro Semântica: enunciação e sentido (2018), o
autor revisita conceitos e propõe análises considerando o posicionamento teórico-
metodológico que desenvolve desde a década de 1990.
Sua iniciativa tem como objetivo promover ajustes que foram percebidos
através de análises realizadas pelo semanticista ao longo dos últimos anos e que
conduziram a um avanço tanto na teoria, quanto no método.
No livro, Guimarães mostra traz seu ponto de partida teórico, suas fontes,
inspirações e suas influências, através do corpo do textos e observações,
referências sobre linguistas, filósofos e teóricos da linguagem, que acreditam que a
semântica é uma disciplina científica e que “a linguagem interessa, antes de tudo,
porque ela significa” (GUIMARÃES, 2018, p.7).
Através da leitura, observa-se que a Semântica é colocada como uma
disciplina cientifica, a qual se ocupa da significação de maneira geral e não como
parte da gramática. Com isso, o autor defende que a semântica é uma disciplina
geral e científica que defende o funcionamento da língua e da linguagem.
Primeiramente, o autor fala sobre os fundamentos teórico-metodológicos na
semântica da enunciação, destacando que a significação é o que se apresenta por
aquilo que se diz. Além disso, o autor acredita que é preciso caracterizar a
significação do dizer como algo ocorrido, de um modo tal que a enunciação é
resultado da significação, realizado por alguém ou algum material de linguagem. A
partir disto, Guimarães desenvolve que a significação se produz pela enunciação.
Ou seja, não é apenas pensar as palavras em si mesmas, mas sim de considerar o
que se diz, “ou seja, algo que se caracteriza por ter ocorrido e ocorrido porque
alguém disse (falou, escreveu, etc.)” (GUIMARÃES, 2018, p.14).
Então, é importante dizer que enunciação é o aquilo que acontece quando
alguém fala e o ouvinte compreende. Logo, o enunciado é a relação a um todo do
qual faz parte no acontecimento de enunciação. Neste sentido, entende-se que a
significação é produzida no acontecimento de uma certa língua, e, então, a
semântica é essa “disciplina linguística que tem como objeto o estudo da
significação tomada como produzida pela prática dos falantes de dizer algo em uma
língua” (GUIMARÃES, 2018, p.15).
A semântica proposta e desenvolvida por Guimarães, a base de apoio às
análises é o próprio enunciado, tomado como uma “unidade de linguagem que
apresenta, no seu funcionamento, uma consistência interna, aliada a uma
independência relativa” (GUIMARÃES, 2018, p.15). Onde, o enunciado é tido como
a relação de todo qual faz parte no acontecimento de enunciação. Assim sendo, o
autor explica que não há enunciados virtuais, pois eles só existem “quando ditos na
enunciação” (GUIMARÃES, 2018, p.17).
Do meio para o final do capítulo, o autor fala sobre a relação entre enunciado
significação, onde diz que “o sentido como a significação do enunciado, constituído
pela integração do enunciado ao texto” (GUIMARÃES, 2018, p.18). Diante disso,
entende-se que na visão de Guimarães a semântica pode ser vista como o estudo
dos sentidos dos enunciados, já que não há como considerar que uma forma
funciona em um enunciado, sem considerar que ela funciona num texto, e em que
medida ela é constitutiva do sentido do texto.
O autor apresenta o termo enunciação dentro das suas particularidades,
sendo que para ele “o acontecimento da enunciação se apresenta como um
acontecimento de linguagem” (GUIMARÃES, 2002, p.19), ou seja, a enunciação
somente faz sentido quando a língua funciona, ocorrendo sempre em um espaço de
enunciação, que é, por sua vez, central para a compreensão da teoria. Um exemplo
disso, é um estrangeiro que não consegue se comunicar com falantes da língua
nativa, a linguagem ocorre, mas a enunciação não, já que a língua em si não
funciona. Esta parte da semântica Guimarães deu o nome de Semântica
Enunciativa.
Em miúdos, a significação é produzida no acontecimento da língua, e a
semântica é a disciplina da prática do que e como se usa a língua. A partir da leitura
do deste capítulo, foi possível pensar o funcionamento das línguas na sua relação
constitutiva com seus falantes. Então, a leitura contribui para o conhecimento e
esclarecimento quanto à semântica: enunciado e sentido.

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