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I - IDENTIFICAÇÃO
Nome dos estagiários: Ingrid Barbosa Carvalho Aguilar e Fábio Natan Leal Moura
Por isso, através de uma série de entrevistas, nós, estudantes do curso de psicologia,
durante a execução do estágio, buscamos reconhecer os afetos que foram desencadeados pela
pandemia e que atingiram a população idosa. Pois, após a disseminação do coronavírus,
tiveram suas rotinas transformadas, sendo afastados de seus ciclos sociais, família e amigos, e
dos lugares que costumavam frequentar. Além de terem sido vítimas de forte preconceito
vindo tanto da população, quanto do próprio Estado, como consta em graves afirmações de
políticos, empresários, e até mesmo do presidente da República, que em entrevistas e
pronunciamentos oficiais tem se manifestado de modo que soa bastante indiferente às mortes
por COVID-19, principalmente no que se refere às vítimas idosas (SBT, 20/03/2020).
Portanto, coube a nós, acadêmicos, saber dos próprios seniores como é viver em meio
à pandemia, diante de um momento de aflição por consequência da doença, de isolamento,
afastados daqueles que amam e até de hostilidade, devido ao preconceito. Logo, duplas foram
organizadas para entrevistar um membro da população idosa, seguindo orientações do
supervisor que instruiu através de seus próprios conhecimentos e de fundamentação teórica
centrada na figura do analista, que coloca em prática as características do entrevistador no seu
exercício profissional. Especialmente o ato da escuta, porque, apesar de existir um
direcionamento por trás das perguntas, o objetivo era que o processo fluísse com uma
conversa, não planejado com antecedência. Dando, assim, espaço para que o entrevistado
também pudesse intervir e surpreender no rumo da entrevista. Para Macedo e Neumann, cabe
ao entrevistado, ou no caso de um processo de análise, ao paciente,
(...) comunicar tudo o que lhe ocorre, sem deixar de revelar algo que lhe
pareça insignificante, vergonhoso ou doloroso, enquanto que ao analista cabe
escutar o paciente sem o privilégio, a priori, de qualquer elemento de seu discurso.
Na efetivação dessa regra fundamental instaura-se a situação analítica, abrindo
possibilidades do desvelamento da palavra. (2005).
Para a surpresa dos acadêmicos, muitos dos idosos afirmaram que a pandemia não
havia provocado alterações muito significativas em suas rotinas, a não ser o distanciamento
das outras pessoas. Alguns deles já estavam acostumados a passar mais tempo em suas casas,
ou até mesmo em casas de temporada como sítios ou roças mais afastadas. Contaram que
seus afazeres rotineiros como ir ao mercado, fazer uma caminhada, não foram privados
justamente por serem considerados essenciais para toda a população, mas sempre muito
conscientes de tomar todas as precauções quando precisavam sair. Relatam que o que havia
sido forçado a fechar, como reuniões em instituições religiosas, continuaram de maneira
remota, bem como o contato social.
O entrevistado pela nossa dupla, constituída por Ingrid e Fábio, foi o senhor
Claudionor Pereira de Araújo. Inicialmente ele nos contou um pouco sobre si, não mencionou
sua idade, porém através de sua indicação soubemos que encontrava-se na faixa dos 70 anos.
Claudionor é eletricista, formado em engenharia na cidade de Belo Horizonte, hoje
aposentado. Trabalhou um tempo na capital São Paulo, entretanto, após a sua aposentadoria,
comprou um apartamento em Belo Horizonte, o que fez com que retornasse. Atualmente
mora em Brasília de Minas, mas também faz questão de visitar sua propriedade rural, pela
qual tem muito apreço. Ao referir-se sobre o local, diz ser privilegiado por conseguir se
manter afastado do risco e do bombardeio de informações sobre a pandemia, além das
notícias de óbitos de pessoas próximas, que o assustam diariamente.
Ademais, o entrevistado contou que preza muito pela sua liberdade, que mesmo
estando na cidade busca sair e realizar seus afazeres, sempre tomando todas as precauções.
Ademais, conversamos sobre sua juventude, sobre religião, casamento, valores, percorremos
por muitos assuntos que tangem não só sobre a vida do entrevistado, mas sobre lembranças e
aprendizados até os dias atuais. Por fim, perguntamos sobre os ensinamentos que vieram com
o momento pandêmico, e a resposta de Claudionor foi “a cada dia que passa, eu entendo da
seguinte maneira: o homem nunca deixa de aprender, e você aprende com os erros (...) eu
aprendo a cada dia, nunca parei de aprender, e respeito quem está me ensinando (...) a vida é
um aprendizado.”
IV – REFERÊNCIAS
COSTA Raíssa Maria Alves Soares Rev. Longeviver (2021), “Ageísmo em tempos de
pandemia: Desvelando o preconceito contra idosos no Brasil.” Rev. Longeviver, Ano III,
n. 9, Jan/Fev/Mar. São Paulo, 2021: ISSN 2596-027X. Disponível em:
https://revistalongeviver.com.br/index.php/revistaportal/article/view/866