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Proposta de artigo para o Dossiê “O desmonte socioambiental e as resistências emergentes”

da Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente.


Título provisório do artigo
Ecologia Política e Equidade de Gênero da Comunidade Cigana Calon do alto sertão da Paraíba
– cosmopolíticas e territórios do bem viver.
Linha de pensamento ou problema a ser abordado
A emergência da Covid-19 é um fenômeno que vem demandando a atenção rigorosa de
intelectuais de diversos domínios do conhecimento, demandando uma compreensão
multidimensional, complexa que atualiza a necessidade de uma atitude interdisciplinar.
Mediante pesquisas etnográficas realizadas pela Universidade Federal de Campina Grande e
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte com as comunidades ciganas Calon, ,
elaboramos estas linhas na direção de compreender aspectos relativos à cosmologia política,
epistemológica e ecológica deste Povo Tradicional que se fixou há mais de 30 anos em terras
paraibanas. Sabendo disso, cabe apontar os principais problemas que afetam à comunidade
cigana Calon, e que impactam especialmente às suas mulheres. Uma rede precária de
redistribuição de água na cidade se combina com a persistência do anticiganismo cotidiano
como expressões vivas do Racismo Ambiental Estrutural; soma-se a isso a desapropriação de
suas terras, locais não só de sobrevivência, mas de expressão de seu bem viver e territórios onde
a labor interna pela equidade de gênero se sustêm É nosso intuito observar o protagonismo das
lutas femininas desde uma perspectiva ecofeminista, costurando o particular questionamento das
relações patriarcais que as mulheres da comunidade cigana Calon manifestam junto às suas
outras lutas cotidianas. Por meio da identificação desses problemas, elencamos como
problemática principal, como as pessoas da comunidade cigana, especialmente as mulheres,
organizam o seu modo de vida entroncando as lutas socioambientais e territoriais junto às
lutas pela equidade de gênero? É possível pautar as características de um feminismo à la
Calon? Materiais teóricos de ecofeminismos, feminismos interseccionais, comunitários,
afrocentrados, mestizos e não brancos nos servirão de alavanca para a compreensão
situada e integral das lutas de gênero em contexto comunitário.
Principais referenciais
Ecologia Política – Carlos Porto Gonçalves, Enrique Leff, Eduardo Gudynas, Svampa, Marcelo
Lopes, Paul Little, Henri Acserald (Justiça Ambiental); Boaventura Santos (Sociologia das
ausências e emergências, ecologia de saberes);Cosmopolíticas e peregrinações – Isabelle
Stengers, Tim Ingold; Nancy Fraser; Ecofeminismo – Vandana Shiva; Feminismos
interseccionais - Davis, Hill Collins, Akotirene; Feminismos comunitários e corpo-território -
Julieta Paredes, Lorena Cabnal; Nomadismos - Deleuze & Guattari; Bem viver – Acosta.
Abordagem teórico metodológica
A proposta deste artigo tomará como abordagem epistemológica e política a junção entre uma
crítica ao feminismo branco-occidental-urbano-sedentário e a perspectiva da Sociologia das
Ausências e das Emergências, por meio da ecologia de saberes, pois esta permitirá uma
fundamentação crítica do fenômeno em estudo, assim como por compreender a necessidade de
pôr em evidência como os saberes das mulheres da comunidade são essenciais para a
manutenção de sua cultura tradicional e de suas lutas cotidianas no cenário contemporâneo.
Autores(as): 1. Luan Gomes dos Santos de Oliveira (Antropólogo, Mestre em Desenvolvimento
e Meio Ambiente, Doutor em Educação (UFRN) luangomessantos@terra.com.br ; Docente da
Universidade Federal de Campina Grande - UFCG. 2. Ana Gretel. Antropóloga, Doutora em
Antropologia (UnB), Docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. 3 -
Marcilânia Gomes Alcântara Figueiredo - Cigana Calon, Pedagoga, Especialista em
Neuroaprendizagens, Docente da Rede de Educação Básica de Sousa/PB.

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