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INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS DA UNIVERSIDADE DE SÃO

PAULO Edital IEA-USP 02/2024

Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência

Caminho da Cutia: territórios e saberes das mulheres indígenas

Candidata Veronica Daniela Navarro

Titulo Mulheres andinas e práticas do bom-viver. Experiencias


ontologicas com Pachamama nos andes do sul.

Resumo: o seguinte projeto pretende conhecer as relacões ontologicas


que as mulheres andinas do NOA (noroeste argentino) na Quebrada de
Humahuaca, em Jujuy Argentina, estabelecem com a alteridade
‘’Pachamama’’. Pretendo desenhar caminhos possíveis a partir de uma
pesquisa prática por dentro da comemoração da Pachamama no mês de
agosto, o dia dos mortos em novembro e durante o carnaval, no noroeste
argentino, todas elas ligadas com aleteridad Pachamama. Neste sentido, Pacha
significa tempo-espaço, e esta ligado a uma ideia cosmoperceptiva de
circularidade, reciprocidade e comunidade. Interessa-me tambem a noção de
wakas, os espaços sagrados onde é cultuada a Pachamama, compreendendo a
relação socioecológica no andes sul, onde se dão as práticas e dinâmicas de
coparticipação a través das quais o/as humano/as aprendem a relacionar-se e se
relacionam ou convivem, no somente com outro/as humano/as, mas com
outro/as seres vivo/as e integrantes da vida. Os ciclos da vida e a morte
como processos o trançados de vida, e os animais que nos andes são
venerados tambem como wakas, ou seja, alteridades, que ligam a
espiritualidade e a vida social no andes. Essas celebrações têm lugar em
diferentes momentos do ano, e marcam o calendário da região, estabelecendo
uma outra possibilidade não lineal e cronológica de tempo como também a
relação de reciprocidade dos humanos com a naturezae do cosmo como um
todo integrado, sendo as mulheres indigenas as principais protagonistas das
praticas agrocomunitarias.

Palavras chaves Mulheres, Corpo, Bom-viver, Pachamama,


Andes.
Formulação do problema. Quando se escuta falar do Andes,
automaticamente se pensa nos paises atuais da Bolivia e do Peru. Mas, a
cultura andina vai alem desses dois paises, compreende os territórios que
anteriormente formavam o Tihuantisuyo, que são o atual Equador, Peru,
Colombia, Venezuela, Bolívia, noroeste argentino (NOA) e o Chile. É uma
região extremamente rica em sabares e praticas indigenas, especificamente ao
que refere ao usso de plantas medicinais, produção de lã, cria de animais
domesticos, medicia tradicional entre tantas outros saberes. Existe na região
diferencias e similitudes proprias de um territorio diverso. Porém,
compartilham uma ontologia cosmoperceptiva de sentir-pensar o mundo
comum e que estaria ligada a ideia de Pacha como principaio gestante e
organizador do mundo.
São as mulheres indigenas, principalmnete as que levam adiante a
organzacão cotidiana das comunidades, sendo as protagonistas das
celebrações, da organização politica, da familia e da comunidade como um
todo. Aqui é improtante compreender que a separação entre espaco publico e
privado nos andes, toma outro sentido que dentro da proposta occidental.
Frente a esse breve panorama, As perguntas de pesquisa giram em
torno a: 1)Como é a relação ontológica que as mulheres indígenas da
Quebrada de Humahuaca estabelecem com alteridade Pachamama e como isso
incide na organização da vida comunitária e social do território? 2) É possível
compreender essas práticas ontológicas desde uma perspectiva feminista
anticolonial, para o bom-viver?
Potencial de interdisciplinaridade Considero a pesquisa como um
processo criativo intercultural e transcultural de pensar-mover nossas noções,
praticas, conhecimentos, a partir de nosso chão territorial, pensando no
território não como limite geográfico definido, mas como fronteiras que se
entrecruzam a partir de processos de negociação, readaptação, conflito,
diferenças e similitudes. Assim, estou falando de uma Améfrica que se
reestrutura em nosso continente a partir dos processos diaspórios transculturais
e uma ameríndia latino-américa que a partir dos processos de
interculturalidade se configura nas multiplicidades de formas de ver o mundo
dos povos indígenas que habitam nossos territórios.

A pesquisa pretende contribuir para a consolidação da


interdisciplinariedade, a qual vá ganhando espaço nos circulos acadêmicos,
como caminho de posibilidades para pesquisas feitas desde o corpo, as danças,
as performances, produzindo conhecimento nào cartesiano. Entendendo a
pesquisa como criação, que vai se re-desenhando na prática, para afetar o
próprio campo disciplinar como também outros, principalmente o das artes,
filosofia, história, geografia. Participar ativamente de perfomances, recreair
práticas em coletivo como outros pesquisadore/as, estudantes, publico alvo,
tentando aproximar os conheciemntos academicos para a comunidade como
tambem viabilizar os conhecimentos populares comunitarios como valiosos e
fundamentais dentro dos esapcos acadêmicos.

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