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EFEITO DA ELETROESTIMULAÇÃO DE BAIXA FREQUÊNCIA NA RECUPERAÇÃO

MUSCULAR EM ATLETA AMADOR DE CORRIDA

Krause Wosniak, B1

Baumer, M.H2

1. Acadêmico do curso de Graduação em Fisioterapia do Centro Universitário de Pato Branco

- UNIDEP

2. Coordenador e Docente do curso de Graduação em Fisioterapia do Centro Universitário de

Pato Branco - UNIDEP

Centro Universitário de Pato Branco – UNIDEP

Rua Benjamin Borges dos Santos, nº 21

Bairro Fraron - Pato Branco – PR

CEP 85503-350 - Cx. Postal 242

Título resumido artigo: EFEITO DA ELETROESTIMULAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE

CORREDOR

Palavras-chave: corrida de rua, eletroestimulação de baixa frequência, recuperação muscular,

limiar anaeróbio, yo yo test.


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RESUMO

A corrida de rua é a atividade física mais praticada do planeta pelo seu baixo custo, sendo
capaz de propiciar benefícios como bem-estar e qualidade de vida. Os componentes
estressantes do treinamento levam a fadiga e prejudicam o desempenho do atleta onde a
capacidade contrátil musculoesquelética se altera devido à ausência no suprimento de
substratos. O aumento na intensidade do exercício converte piruvato em lactato,
caracterizando o limiar de lactato, onde sua capacidade de produção é maior que sua remoção.
Deste modo, a intervenção terapêutica com a eletroestimulação de baixa frequência com
parâmetros bem ajustados e tempo ideal de aplicação podem ser fundamentais na remoção dos
metabólitos provenientes do exercício físico, otimizando o tempo de recuperação muscular
além de atuar na profilaxia de possíveis lesões no sistema musculoesquelético. Objetivo:
Avaliar o efeito da eletroestimulação de baixa frequência na recuperação muscular pós treino
de corrida de alta intensidade. Materiais e Métodos: A conduta foi organizada para
apresentação de um relato de caso, tratava-se de um atleta amador, sexo masculino, 37 anos,
que submeteu-se ao seguinte protocolo de treino/intervenção: na primeira semana foram
realizadas coletas sanguíneas para avaliação de ácido lático, sem a intervenção da
eletroestimulação de baixa frequência sendo realizado apenas o Yo Yo Teste de Recuperação
Intermitente I. Na segunda semana repetiu-se o mesmo protocolo com a aplicação do Yo Yo
Teste de Recuperação Intermitente I, com a realização das coletas sanguíneas e à aplicação da
eletroestimulação de baixa frequência no pós teste. Resultados: Comparando a primeira
semana sem a intervenção e a segunda semana com a intervenção da eletroestimulação de
baixa frequência, pudemos observar uma grande diferença nos valores obtidos através das
coletas sanguíneas indicando que a janela terapêutica que resultou de dados significativos se
deu do período da aplicação 1 hora após o teste até o período de 48 horas. Conclusões: A
partir do estudo realizado observou-se através da intervenção terapêutica utilizando a
eletroestimulação de baixa frequência após exercício físico de alta intensidade, a sua grande
importância em otimizar a recuperação muscular, auxiliando na remoção de ácido lático do
sistema musculoesquelético.
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INTRODUÇÃO

A corrida se caracteriza como a forma mais elementar de locomoção terrestre do ser

humano, sem exigências de uso de equipamentos, oferece um baixo custo e pode ser realizada

em qualquer lugar (GUETHS, FLOR, 2004).

Nas atividades de vida diária, seja no trabalho ou no esporte, a fadiga muscular é um

aspecto limitante no que toca à capacidade de performance humana, sendo assim, um fator

determinante para a ocorrência de lesões em variados níveis do sistema musculoesquelético

(SILVA, FRAGA, GONÇALVEZ, 2007).

O entendimento das causas da fadiga muscular, é um assunto exaustivamente

estudado, mas por outro lado, tais estudos resultam em discussões controversas. Se trata de

um conceito multidimensional, abrangendo aspectos fisiológicos e psicológicos, que por sua

vez, caracterizam um problema de elevada complexidade no meio clínico e desportivo

(ZWARTS et al., 2008).

O músculo se torna incapaz de produzir força devido a utilização máxima de

substratos, tendo como consequência o acúmulo de metabólitos, alterações do fluxo de cálcio

e difícil interação entre actina e miosina no estabelecimento das pontes cruzadas (AMENT;

VERKERKE, 2009).

O aumento da intensidade do exercício físico intensifica a via glicolítica, convertendo

piruvato em lactato, fazendo com que ocorra em um determinado momento do exercício um

aumento não linear do lactato sanguíneo, a qual caracteriza-se o limiar de lactato (SVEDAHL,

MACINTOSH, 2003).

O teste indireto, desenvolvido e denominado como Yo Yo teste intermitente de

recuperação nível um e dois tem, como objetivo levar a uma máxima ativação do sistema
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aeróbio do praticante, a fim de avaliar a capacidade em executar o exercício intenso de forma

repetida, caracterizado por corridas de ida e volta com mudanças de direção a cada vinte

metros e descanso de dez segundos. (BANGSBO, LAIA, KRUSTRUP, 2008).

A estimulação elétrica é considerada como uma intervenção viável na recuperação pós

exercício, em virtude de seus efeitos a nível de fluxo sanguíneo e aceleração na remoção dos

metabólitos musculares, dados a partir da a aplicação de eletrodos sobre pontos motores

musculares (LATTIER et al., 2004).

Acredita-se que a estimulação elétrica provoque alterações no fluxo sanguíneo

dependendo de suas características estimuladas. Enquanto a estimulação elétrica nervosa

transcutânea (TENS) aumenta o fluxo sanguíneo, a estimulação elétrica de baixa frequência

(LFES) tem uma aprimorada função de bomba muscular, resultando de um maior fluxo

sanguíneo (CRAMP et al., 2000).

A utilização de uma intensidade excessiva pode levar a isquemia parcial da

musculatura estimulada, uma programação de intensidade insuficiente pode levar a uma

inadequada estimulação do fluxo sanguíneo, enquanto uma estimulação bem programada

pode se tornar um meio eficaz para aumentar significativamente o retorno venoso ao coração

(GRUNOVAS et al., 2007).

A realização do presente estudo justifica-se pela carência de trabalhos de cunho

nacional e regional que efetuem o controle de variáveis fisiológicas à fim de apresentar

evidências que comprovem ou derrubem a eficácia da proposta da intervenção proposta.

O embasamento clínico para a realização de tal relato sustenta-se pelos apontamentos

encontrados na literatura que demonstram os efeitos obtidos através do uso da

eletroestimulação de baixa frequência no que toca ao retorno do atleta a prática esportiva em

sua melhor condição física e na profilaxia de lesões musculoesqueléticas.


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O presente estudo pretende apresentar os possíveis efeitos da eletroestimulação de

baixa frequência na recuperação do tecido muscular a partir de um possível aumento do fluxo

sanguíneo da musculatura requisitada na prática desportiva, levando a uma redução de

metabólitos recorrentes da atividade física e a otimização da remodelação muscular.

MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo respeita todos os aspectos éticos e científicos apresentados na

resolução 466, de 12 de dezembro de 2012, sendo que a coleta de dados será realizada

somente após a aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa, da

autorização das Instituições privadas de saúde e assinatura dos Termos de Consentimento

Livre e Esclarecido em duas vias, sendo que uma via permanecerá com o participante e a

outra com os pesquisadores, assim como as assinaturas nos termos de Compromisso para uso

de dados em arquivos e Confidencialidade.

A conduta foi organizada para apresentação de um relato de caso, tratava-se de um

atleta amador, sexo masculino, 37 anos, que submeteu-se ao seguinte protocolo de

treino/intervenção: na primeira semana foram realizadas coletas sanguíneas para avaliação de

ácido lático, sem a intervenção da eletroestimulação de baixa frequência sendo realizado

apenas o Yo Yo Teste de Recuperação Intermitente I. Na segunda semana repetiu-se o mesmo

protocolo com a aplicação do Yo Yo Teste de Recuperação Intermitente I, com a realização

das coletas sanguíneas e à aplicação da eletroestimulação de baixa frequência no pós teste.

Para determinação do limiar anaeróbio foi aplicado o teste intermitente chamado de Yo

Yo Teste Intermitente de Recuperação I, consistindo em vários níveis de progressão de

velocidade até a máxima exaustão voluntária, com velocidade inicial de 10km/h sendo
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progredida a cada nível. O teste foi realizado na Associação Colosso da Baixada localizada no

Bairro Bonatto na cidade de Pato Branco - Paraná, em campo de futebol com o atleta calçando

tênis. Cones foram utilizados para demarcar o espaço do estímulo de corrida, bem como fita

métrica para mensuração exata, determinando 20 metros de corrida e 5 metros de recuperação.

O avaliado percorreu 20 metros de corrida na ida, seguidos por 20 metros de corrida na volta

respeitando o sinal sonoro mediado via aplicativo “Bleep Test” do celular, transmitido em

caixa de som, totalizando 40 metros entre ida e volta e tempo de recuperação de 10 segundos.

Após o avaliado falhar duas vezes consecutivas na chegada em sincronicidade com o sinal

sonoro, o teste foi considerado como encerrado.

Foram coletadas amostras sanguíneas para análise de lactato sanguíneo, totalizando 8

amostras sanguíneas em duas semanas, sendo 4 coletas na primeira semana e 4 coletas na

segunda semana. As amostras sanguíneas serão coletadas pré aplicação do teste intermitente

de recuperação, 30 minutos após, 24 e 48 horas.

A intervenção do eletroestimulador como ferramenta terapêutica foi realizada 1 hora

após a aplicação do teste intermitente de recuperação, totalizando 50 minutos de terapia,

foram utilizados 4 canais, com 8 eletrodos da marca MYOTRODE, sendo 25 minutos

aplicados nos músculos gastrocnêmios e isquiotibiais bilaterais simultâneos dos membros

inferiores e 25 minutos aplicados nos músculos tibiais anteriores e quadríceps femoral

bilaterais simultâneos dos membros inferiores. (Figura 01)


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Figura 01 – Aplicação dos eletrodos para a realização do protocolo de recuperação

Após a realização das duas semanas de teste foram analisados todos os resultados

obtidos através dos laudos de cada coleta sanguínea, comparando a semana 1 “um” sem

intervenção e a semana 2 “dois” com intervenção, avaliando a importância da

eletroestimulação de baixa frequência na otimização da recuperação muscular.

RESULTADOS

Os dados coletados foram organizados em planilha e foram apresentados na forma de

gráficos, neles é possível observar-se os resultados dos indicadores em função da aplicação do

protocolo utilizado.
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GR Á F IC O 0 1 - V A R IA Ç Ã O N OS N ÍV E IS D E Á C ID O L Á T IC O E M
MM OL /L N A S C OL E T A S S E M U S O D A E L E T R O E S T IM U L A Ç Ã O
D E B A IX A F R E QU Ê N C IA
9 8.5
8

4 3.8

3
2.2
2

1 0.8

0
PRÉ TESTE PÓS TESTE 24 HORAS 48 HORAS

Na primeira semana de análise foram realizadas 4 coletas sanguíneas para análise de

ácido lático. Não foi aplicado nenhum tipo de conduta específica, o praticante realizou a

ingesta de alimentos a seu gosto no período matutino pré coleta sanguínea e estava sem

realizar nenhum exercício físico exaustivo nas últimas 48 horas antes da realização do teste.

Logo após a realização do teste intermitente, considerou-se a segunda coleta sanguínea como

coleta de referência principal, seguindo-se da terceira coleta sanguínea após 24 horas e a

quarta coleta após 48 horas. A primeira coleta sanguínea realizada denominada aqui de “pré

teste”, obteve-se o valor basal de 2,2 mmol/L, então o sujeito realizou o Teste YoYo até sua

exaustão máxima, sendo efetuada a coleta denominada “pós teste”, nessa segunda coleta

sanguínea obteve-se uma marca de 8,5 mmol/L. Após 24 horas da realização do Teste YoYo,

realizou-se a terceira coleta sanguínea denominada aqui de “24 Horas” resultando em 3,8

mmol/L. A quarta e última coleta, denominada “48 horas” foi realizada 48 horas após o teste,

apresentando então um valor de 0,8 mmol/L.


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Assim pôde-se verificar que do valor basal de 2,2 mmol/L no pré teste, houve um

aumento significativo de 6,3 mmol/L para pós o teste, correspondente a 286,3% de aumento

na análise de ácido lático. Do pós teste de 8,5 mmol/L para os 3,8 mmol/L da terceira coleta,

observou-se uma redução de 4,7 mmol/L correspondentes a 55% de redução, e da terceira

coleta para a quarta, verificou-se outra redução de 3 mmol/L, correspondentes da uma redução

percentual de 78,9%.

G r Á fico 02 - var iação nos níveis de ácid o lático em mmol/L nas


coletas S A N G U ÍN EA S com uso da eletr oestimulação D e B A IX A
FREQ UÊNCIA
1
1

0.95

0.9
0.9

0.85

0.8 0.8
0.8

0.75

0.7
PRÉ TESTE PÓS TESTE 24 HORAS 48 HORAS

Na segunda semana de análise foram realizadas 4 coletas sanguíneas para análise de

ácido lático. Não foi aplicado nenhum tipo de conduta específica, o praticante realizou a

ingesta de alimentos a seu gosto no período matutino pré coleta sanguínea e estava sem

realizar nenhum exercício físico exaustivo nas últimas 48 horas antes da realização do teste.

Logo após a realização do teste intermitente, considerou-se a segunda coleta sanguínea


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como coleta de referência principal, seguindo-se da terceira coleta sanguínea após 24 horas e

a quarta coleta após 48 horas. A primeira coleta sanguínea realizada denominada aqui de “pré

teste”, obteve-se o valor basal de 0,8 mmol/L, então o sujeito realizou o Teste YoYo até sua

exaustão máxima, sendo efetuada a coleta denominada “pós teste”, nessa segunda coleta

sanguínea obteve-se uma marca de 0,9 mmol/L. Após 24 horas da realização do Teste YoYo,

realizou-se a terceira coleta sanguínea denominada aqui de “24 Horas” resultando em 1,0

mmol/L. A quarta e última coleta, denominada “48 horas” foi realizada 48 horas após o teste,

apresentando então um valor de 0,8 mmol/L.

Assim pôde-se verificar que do valor basal de 0,8 mmol/L no pré teste, houve

diferença de 0,1 mmol/L para pós o teste, correspondente a 12,5 % de aumento na análise de

ácido lático. Do pós teste de 0,9 mmol/L para os 1,0 mmol/L da terceira coleta, observando-se

outro aumento de 0,1 mmol/L correspondentes a 11,1% e da terceira coleta as 24 horas pós

testes para a quarta coleta as 48 horas pós teste, verificou-se uma redução de 0,2 mmol/L,

correspondentes da uma redução percentual de 20 %.

Comparando a semana 1 sem a intervenção e semana 2 com a intervenção da

eletroestimulação de baixa frequência, foi possível observa-se uma grande diferença nos

valores obtidos através das coletas sanguíneas indicando que a janela terapêutica que resultou

de dados significativos se deu do período da aplicação 1 hora após o teste até o período de 48

horas.
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GRÁFICO 03 - COMPARATIVO ENTRE AS COLETAS COM E


SEM USO DA ELETROESTIMULAÇÃO DE BAIXA FREQUÊNCIA
9 8.5
8
7
6
5
3.8
4
3 2.2
2
0.8 0.9 1 0.8 0.8
1
0
PRÉ TESTE PÓS TESTE 24 HORAS 48 HORAS

CONTROLE ELETRO

A partir destes dados coletados comparando os resultados entre a semana 1 sem

intervenção e a semana 2 com a intervenção terapêutica, observou-se que em ambas as coletas

sanguíneas realizadas no pré teste os resultados apresentavam-se dentro dos valores basais de

referência, entre 0,5 a 2,2 mmol/L para adultos. O motivo pela variação de 1,4 mmol/L na

primeira coleta denominada “pré teste” deve-se a atividades individuais e pessoais do

avaliado.

Seguindo de uma grande diferença de 7,6 mmol/L entre a segunda coleta denominada

“pós teste”, após 24 horas a diferença caiu para 2,8 mmol/L na terceira coleta. Os valores se

mantiveram igualitários na quarta coleta, representando 0,8 mmol/L em ambas as semanas,

mostrando que, embora o final seja o mesmo, um sistema musculoesquelético exposto a um

menor acúmulo de lactato sanguíneo promove menores riscos de sobrecargas de treinamento,

atuando na profilaxia de lesões musculoesqueléticas.

Através da análise dos dados obtidos através das 8 coletas sanguíneas, realizadas em

duas semanas de aplicação, sendo a primeira semana sem intervenção e a segunda semana

com a intervenção terapêutica, pode-se destacar a importância do protocolo “Recuperação


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Ativa” parametrizado pelo eletroestimulador GLOBUS GENESY 1500, dado pela frequência

baixa de 8 Hz, largura de pulso de 420µs a qual promove um mecanismo de bomba a qual

produz uma alta demanda do fluxo sanguíneo para uma maior oxigenação do tecido muscular

e remoção dos metabólitos provenientes do exercício físico de alta intensidade, otimizando de

forma significativa a recuperação muscular no período do pós teste até 48 horas.

DISCUSSÕES

Como visto na primeira semana sem a intervenção da eletroestimulação de baixa

frequência, a coleta sanguínea pré Teste YoYo apresentou o nível de ácido lático em seu valor

basal. Ao realizar o teste intermitente, os níveis de lactato subiram na segunda coleta

sanguínea e permaneceram altas no sistema musculoesquelético do praticante até a terceira

coleta sanguínea de 24 horas. Após 48 horas, o nível de lactato retornou ao seu nível basal

novamente. Levando em consideração o estudo apresentado por Tessitore et al. (2008), foram

examinados os métodos de recuperação muscular ativa e passiva em atletas, encontrando

significância estatística no método de recuperação pela eletroestimulação, considerando a

terapêutica ativa com maiores benefícios comparado com o repouso passivo.

Na segunda semana com a intervenção da eletroestimulação de baixa frequência,

repetiu-se o mesmo protocolo de aplicação do teste intermitente e coletas sanguíneas para

avaliação do ácido lático. A primeira coleta sanguínea pré Teste YoYo teste também

apresentou em seu nível basal de referência como na primeira semana. Após a aplicação do

teste intermitente e realização do protocolo de eletroestimulação de baixa frequência nos

membros inferiores do praticante, seguiu-se para a segunda coleta sanguínea onde foi mantido

o nível de lactato em seu nível basal. Na terceira coleta sanguínea de 24 horas e na quarta
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coleta sanguínea de 48 horas após a realização do teste intermitente e aplicação os níveis

também se mantiveram em níveis basais de referência. Estes dados se relacionam de forma

positiva comparados com estudos feitos por Martin et al. (2004), onde apontam a necessidade

de aplicar uma parametrização ideal de intensidade de estímulo para maximizar o efeito de

bomba muscular, favorecendo um positivo efeito de recuperação muscular. Nesse sentido,

Grunovas et al. (2007) recomendam o uso da intensidade de estimulação a fim de induzir o

trabalho individual das fibras musculares em vez do músculo como um todo, obtendo assim

um maior efeito terapêutico a fim de evitar a isquemia muscular.

Podemos averiguar que, acerca dos resultados evidenciados por este estudo, houve

resposta significativa na remoção do lactato sanguíneo, provenientes de uma maior precisão

do retorno venoso e relaxamento do sistema musculoesquelético. Este progresso corrobora

com o estudo relatado por Neric et al. (2009), onde compararam os efeitos das intervenções

de recuperação passiva, ativa com a natação em estímulo submáximo e eletroestimulação de

baixa frequência após 200 jardas de sprint de ataque frontal na concentração de ácido lático.

Neste estudo, a eletroestimulação de baixa frequência foi realizada nos músculos reto femoral,

latíssimo do dorso e tríceps braquial. Os resultados apontaram que a recuperação ativa obteve

maior eficácia para acelerar a remoção de lactato. Quando comparada com a recuperação

passiva, a estimulação elétrica de baixa frequência também mostrou sua utilidade na remoção

de lactato no final do período de recuperação de 20 minutos.

Este estudo demonstrou para a casuística em questão, que após a realização de exercício

de alta intensidade, seguido pela aplicação da eletroestimulação de baixa frequência proposto

pelo protocolo terapêutico de 50 minutos nos membros inferiores bilaterais, uma otimização e

melhor adaptação funcional musculoesquelética pós treino do praticante. Estes resultados se

enquadram nas estratégias de recuperação muscular realizadas em jogadores de futebol


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apresentadas por Tessitore et al. (2007) onde a eletroestimulação e exercícios aeróbicos de

baixa intensidade produzem maiores benefícios na recuperação muscular, diminuindo a dor

pós exercício e aumentando o desempenho em comparação com os exercícios passivos de

recuperação e intervenções terapêuticas realizadas em água.

Lattier et al. (2004) testaram a eficácia da eletroestimulação de baixa frequência após

corrida em aclive, estímulo de caráter intermitente e de alta intensidade, projetada para obter

fadiga metabólica. Os autores obtiveram com a eletroestimulação de baixa frequência uma

pequena tendência em direção a um melhor desempenho durante um teste de corrida realizado

80 minutos após o fatigante exercício de corrida em aclive. Comparado com o primeiro treino

fatigante, o desempenho ainda se tornou prejudicial durante o segundo estímulo após o uso da

eletroestimulação de baixa frequência, mas retornava aos valores iniciais imediatamente após

a realização da mesma (Heyman et al. 2009). Levando em consideração o descrito

anteriormente, podemos concluir que entre um estímulo e outro, o desempenho se torna

deficitário. Por outro lado, a intervenção da eletroestimulação de baixa frequência pós

estímulo de alta intensidade reduziu os valores para níveis iniciais. Deste modo, torna-se a

eletroestimulação de baixa frequência uma opção confiável através dos resultados obtidos

através da semana 2 com a intervenção terapêutica.

De acordo com esses diferentes estudos, parece que a estimulação elétrica quando

estimulada em baixa frequência se torna um tratamento válido para a eliminação de

metabólitos como o ácido lático (Neric et al. 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES


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A partir da casuística em questão foi possível observar-se que a eletroestimulação de

baixa frequência após a execução de exercício físico de alta intensidade é capaz de otimizar a

recuperação muscular no período pós atividade. Isso é realizado a partir do possível auxílio

que tal conduta trás para a remoção de ácido lático do sistema musculoesquelético.

Sugere-se ainda, a partir desse resultado, o uso de outros recursos para a recuperação

muscular pós treino intenso, nesse sentido salienta-se o uso de outros recursos combinados ao

uso da eletroestimulação tais como: Bota de pressão pneumática; Massageador pneumático;

Crioterapia em imersão e Laser infravermelho.

Além das intervenções terapêuticas, não se deve esquecer da importância de uma

alimentação balanceada aliada com a qualidade diária do sono, tais ações são de importância

fundamental para a minimização dos riscos de instalação de um quadro de overtraining no

atleta / praticante de esporte.


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REFERÊNCIAS

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