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O que é oclusão vascular?

O termo oclusão se refere ao ato ou ação de fechar, impedir o fluxo natural


com um bloqueio ou fechamento proposital. Na medicina seria o fechamento
momentâneo de uma abertura natural do organismo.
Assim, a oclusão vascular é uma técnica que consiste em bloquear o fluxo
sanguíneo em determinada região. Geralmente nas extremidades proximas de
membros superiores ou inferiores.
É uma estratégia bastante utilizada durante treinos de hipertrofia (treinamento
para enrijecimento e crescimento dos músculos).
Nesse caso, o fluxo sanguíneo é bloqueado na região muscular a ser
trabalhada com a intenção de potencializar o ganho de massa muscular. O
fluxo sanguíneo é um importante componente no transporte de oxigênio para o
músculo durante sua atividade.

Essa técnica foi desenvolvida pelo cientista e fisiculturista japonês Yoshiaki


Sato na década de 60, através de testes com treinamento em isquemia feitos
nele mesmo. Foram várias as intervenções para determinar onde aplicar a
pressão para reduzir o fluxo sanguíneo envolvido na musculatura trabalhada.
Aos 25 anos, Sato sofreu um acidente rompendo alguns ligamentos e com
fraturas em alguns ossos. Como teria que ficar com a perna imobilizada e
pensando que teria como resultado disto a atrofia muscular, realizou exercícios
leves com oclusão vascular feita por elásticos na perna lesionada.
Após 2 semanas, teve um diagnóstico médico surpreendente, ou seja, além de
ter sido impedida a atrofia muscular o músculo havia se hipertrofiado.
Esses testes fizeram com que ele desenvolvesse o método de treinamento com
oclusão vascular na Universidade de Tóquio conhecido hoje mundialmente
como Kaatsu Training. Atualmente existem diversos estudos que comprovam a
eficiência desse método.
Os estudos de Sato comprovam que o treinamento com baixas cargas
associado á oclusão vascular apresenta eficiência no aumento de força e
hipertrofia muscular, que é semelhante ao observado no treinamento resistido
com cargas elevadas e apresentam melhores resultados que o treinamento
com baixa intensidade sem oclusão.
Nos exercícios de resistência, a intensidade de treinamento ou carga utilizada é
considerada a variável mais importante. Essa variável geralmente é
quantificada em função do peso máximo (100%) que se pode levantar em uma
única vez.
Estudos apontam que para estimular o ganho de força, a carga deve ser de
pelo menos 60 a 65% de 1RM e para hipertrofia a carga deve girar em torno de
70 a 80 % de 1RM.
Mas dependendo do caso, é inviável usar cargas altas como, por
exemplo, idosos, pois as articulações seriam sobrecarregadas.
Nesse ponto, entra o treino com oclusão vascular (com restrição parcial do
fluxo sanguíneo) que tem resultados semelhantes ao treino clássico com
cargas elevadas, mas utiliza cargas baixas.
Basicamente, o método de treinamento consiste da realização de exercícios
em baixa intensidade onde a carga deve girar em torno de 20 a 30% de 1RM
com o acoplamento de um manguito (faixa) colocado sobre a parte proximal de
um dos membros superiores e/ou inferiores, onde uma adequada pressão é
controlada. A área que é acoplada o manguito deve ser precisa.
Sato diz que, os melhores e mais seguros níveis pressóricos estão entre 120 e
150 mmHG(milímetros de mercúrio) para membros superiores e algo em torno
de 200mmHG para os membros inferiores.
Ainda não são exatos os mecanismos pelos quais há aumento de força neste
tipo de treino, mas o estresse metabólico provocado pela redução do fluxo
sanguíneo parece ser suficiente para alavancar o menor estimulo tensional
decorrente de uma carga de treino baixa.
Os estudos demonstram que há uma maior ativação das fibras tipo II (com
maior potencial hipertrófico) devido ao aumento das concentrações de lactato
(que inibe a contração das fibras musculares, obrigando o corpo a recrutar
mais fibras no mesmo nível de geração de força), que são as fibras de
contração rápida, há um estimulo do aumento dos fatores de crescimento
(hormônio do crescimento- GH) e aumento da síntese proteica.
Tudo isso ocorre devido ao estresse metabólico que o torniquete com o
manguito causa, acumulando o sangue na musculatura trabalhada.
Como aplicar oclusão vascular no treino?
Para aplicação prática da oclusão vascular, geralmente, utiliza-se um manguito
inflável com manômetro acoplado, que pode ser colocado na parte proximal do
braço ou da coxa.
O equipamento funciona como um esfigmomanômetro que é utilizado para
aferição da pressão arterial, porém com medidas adaptadas que possibilitam
um maior conforto e mobilidade para a execução de exercícios.
A pressão utilizada durante os exercícios deve possibilitar a oclusão venosa
total, mas não deve interferir no fluxo arterial ou este ser parcial. Eles são
inflados seguindo um protocolo pré-determinado e colocados em posições
precisas.
Durante o exercício podem desinflar, precisando de reajuste. Durante o
intervalo entre as séries é comum a oclusão ser aliviada.
A sessão de treinamento padrão deve ter carga de 20 a 30% de 1RM e oclusão
com valor de 50% da pressão arterial sistólica (PAS) para membros superiores
e 75% da PAS para membros inferiores.
Este protocolo é o indicado pela própria certificação do método. Porém, alguns
pesquisadores utilizam de 50 a 60% de 1RM e valores de até 200% da PAS
para oclusão.
Geralmente, alternam-se os exercícios entre membros superiores e inferiores.
Podem ser seguidas as seguintes diretrizes e de preferência com o
acompanhamento de um personal que estará constantemente monitorando os
exercícios:
A oclusão deve acontecer na porção proximal dos membros superiores ou
inferiores. Há um ponto preciso, onde o fluxo venoso é ocluído e não o arterial;
Podem-se utilizar garrotes, elásticos ou bolsas pneumáticas. Mas o ideal seria
o manguito (bolsa pneumática) com manômetro acoplado;
A pressão pode variar entre 100 a 250 mmHG;
As cargas variam entre 20 a 50% de 1RM com ou sem falha muscular;
Pode ser realizado de 2 a 3 vezes na semana;
Podem ser realizados de 1 a 3 blocos por exercício;
Cada bloco pode durar 5 minutos e incluir de 2 a 4 séries, de 10 a 30
repetições, com 30 a 60 segundos de intervalo entre as séries com alivio da
pressão;
Após a aplicação do bloco, deve-se liberar a oclusão par a reperfusão e
recuperação mantendo 5 minutos de intervalo entre os blocos.
O mecanismo para geração de força e hipertrofia deste método não se dá por
dano ou inflamações, mas por acúmulo de metabólitos, portanto há um limite
no quanto se consegue estimular por sessão de treinamento. Mas esses dados
ainda não são precisos, por isso cautela na hora de aplicar é fundamental.
Até mesmo os exercícios aeróbicos de baixa intensidade, como a caminhada,
que comumente não promove hipertrofia muscular, quando realizado com
oclusão vascular tem como resultado aumento na secção transversa as coxa
comprovado em estudos.
Em se tratando de volume e intensidade, ainda não há exatidões nas
pesquisas, só se tem informações que é melhor treinos acima de 8 semanas, 2
a 3 vezes por semana e com no mínimo 75 repetições por semana.
Vantagens e desvantagens da oclusão vascular
Vantagens:
O treinamento muscular com restrição moderada do fluxo sanguíneo com baixa
intensidade pode induzir o mesmo aumento do volume muscular quando
comparado ao treinamento com alta carga;
Em virtude das cargas baixas utilizadas, diminui-se o estresse sobre as
estruturas não contráteis, como articulações e tendões;
Exercícios de resistência menor que 50% de 1RM são eficazes na hipertrofia
muscular, associado ao aumento da força, quando combinado com oclusão
vascular;
O treinamento de baixa intensidade com oclusão deve ser visto como um dos
mais promissores programas de treinamento físico para idosos saudáveis,
atletas, jovens e também na reabilitação pós-operatória;
A redução do fluxo sanguíneo muscular na oclusão vascular é considerada
susceptível a induzir a secreção do hormônio do crescimento;
Quando se faz movimentos compostos, os ganhos não são só na musculatura
alvo da oclusão vascular, mas também na musculatura que não estava em
isquemia como o peitoral no exercício de supino, mas os ganhos são menores
quando comparados ao treino convencional;
Melhora as concentrações séricas de metabólitos responsáveis pela formação
óssea, contribuindo para o aumento da densidade mineral óssea (DMO),
principalmente benéfico para idosos;
Se utilizado com pressão relativamente baixa, por exemplo, entre 50 e 150
mmHG, é potencialmente útil para aumentar a força e resistência sem causar
desconforto;
Melhora do VO2 em treinamento resistido em isquemia;
Melhora do desempenho aeróbico e anaeróbico em atletas em treinamento
intermitente com hipóxia;
Na reabilitação, sua prática minimiza o estado de atrofia muscular em situações
de lesões com imobilização, sendo considerado um excelente método no
auxilio da reabilitação pós-cirúrgica de ligamento cruzado anterior do joelho;
Há um significativo efeito na redução da pressão arterial após a prática de
treinamento de força com oclusão vascular tanto em pessoas que tem pressão
arterial normal (normotensos) quanto naqueles que tem pressão arterial
elevada (hipertensos).
Desvantagens:
O efeito prolongado da isquemia (redução do fluxo sanguíneo) ao músculo
pode levar a necrose (morte celular) do tecido muscular ou a formação de
trombos (coagulação de sangue no interior do vaso sanguíneo);
A maneira mais segura de realizar o treinamento com oclusão vascular é com
manguitos infláveis, mas como é difícil conseguir este material muitas vezes
são usados elásticos que tem como fator limitante a impossibilidade de aferir
com exatidão a pressão exercida, o que aumenta consideravelmente o risco de
lesões e outros efeitos nocivos;
Sem os manguitos como relógio para aferir a pressão exata e essa aplicação
ser igual em ambos os lados, muitas pessoas aplicam o método na tentativa e
erro. Isso levou o próprio criador do método a ser hospitalizado;
Nem todas as pessoas suportam esse tipo de treinamento devido ao estresse
metabólico. Quem tem baixa tolerância a sensação de cansaço e dor que o
método causa não se adapta;
Alguns efeitos colaterais podem surgir como: hemorragia subcutânea (gera
hematomas e some com o tempo, tendo um efeito apenas estético), dor
extrema, dormência, coceira, sensação de frio e de forma mais rara danos
cardiovasculares;
Ainda não se tem o conhecimento se esse método pode pelos aumentos de
pressão gerar algum tipo de hipertrofia cardíaca prejudicial a longo prazo, como
ocorre com hipertensos e com quem faz uso de anabolizantes.
Cuidados a serem tomados
Necessária cautela com indivíduos que apresentem qualquer doença ou
disfunção cardiovascular, pois o tipo de atividade (caminhada ou treino de
força), nível de esforço (repetições máximas ou não) e a pressão utilizada
durante o treinamento podem levar a excessivas ou adicionais demandas do
sistema cardiovascular;
Se sentir dormência ou formigamento significa que a pressão está muito forte;
Por gerar estresse metabólico elevado a capacidade momentânea de produzir
força é diminuída sendo recomendadas cargas baixas nos exercícios de
musculação;
O ponto a ser feito a oclusão deve ser correto, sempre no ponto mais proximal
dos membros. Nos braços, deverá ser na região mais próxima das axilas e nas
pernas, na região mais próxima dos glúteos;
O método se baseia em uma oclusão vascular, mas sem oclusão arterial. Por
isso a necessidade de um treino com acompanhamento de um profissional com
formação acadêmica e capacitação para aplicar este treino.
Conclusão
Podemos perceber que o treinamento com oclusão parcial do fluxo sanguíneo,
ou kaatsu training, pode ser um importante recurso no ganho de força e
hipertrofia e proporciona um treinamento com cargas baixas, que
consequentemente não sobrecarrega articulações, além de proporcionar
resultados semelhantes aos de um treinamento convencional.
Recomendado para diferentes públicos, este tipo de treino pode oferecer
vantagens que desvantagens, elaborado sozinho ou em conjunto com outras
modalidades desde que obedecendo os parâmetros para sua aplicação.
No entanto, apesar de ser um método útil e seguro para ganho de volume e
força muscular, é necessário ter cautela, pois vários pontos merecem atenção,
como dor e desconforto durante o treinamento devido ao manguito e os
possíveis efeitos sobre a circulação devido à oclusão, incluindo trombose e
edema, sendo necessária uma maior atenção quanto à segurança desse
treinamento.
E acima de tudo, o kaatsu training não é melhor que o método convencional de
alta intensidade, ele é tão bom quanto, ou seja, é apenas mais uma técnica
utilizada pelo professor de educação física como ferramenta de trabalho
dependendo do objetivo, para quem, como e por quanto tempo será aplicado.
Assim, devemos atentar para todas as questões elucidadas aqui e saber
exatamente se há necessidade ou não de executar esse método antes de sair
por aí aplicando torniquete em braços e pernas sem acompanhamento e sem
controlar a pressão de forma adequada.

O treinamento com oclusão vascular, também conhecido como kaatsu training,


tem sido amplamente investigado nos últimos anos. Uma simples busca
na PubMed através das palavras “blood flow restriction” permite identificar mais
de 1800 publicações. O interesse pelo tema está relacionado à possibilidade de
se obter bons resultados sobre o aumento da força e massa muscular
decorrentes de treinamentos com a utilização de baixas cargas externas. De
fato, os resultados das pesquisas têm mostrado que o treinamento com baixas
cargas associado à oclusão vascular apresenta eficiência no aumento de força
e hipertrofia muscular em níveis semelhantes aos observados no treinamento
resistido com altas elevadas (Pope et al., 2013; Scott et al., 2015). A principal
vantagem é que, em virtude da utilização de cargas baixas, diminui-se o
estresse sobre as estruturas não contráteis, como articulações e tendões.
Para aplicação prática da oclusão vascular, geralmente, utiliza-se um manguito
inflável com manômetro acoplado, que pode ser colocado na parte proximal do
braço ou da coxa. O equipamento funciona como um esfigmomanômetro que é
utilizado para aferição da pressão arterial, porém com medidas adaptadas que
possibilitam maior conforto e mobilidade para a execução de exercícios. A
pressão utilizada durante o treinamento deve possibilitar a total oclusão
venosa, porém restrição parcial do fluxo arterial. Para ajustar esses valores, a
literatura apresenta diversas recomendações, que consideram, principalmente,
a largura do manguito e o perímetro do membro que será submetido ao
treinamento (veja as recomendações AQUI) (Scott et al., 2015; Corrêa et al.,
2016).
Como o princípio básico desse tipo de treinamento é a restrição do fluxo
sanguíneo para o segmento mobilizado, uma das principais preocupações de
treinadores e pesquisadores está relacionada às respostas hemodinâmicas
proporcionadas pelo método. Nesse sentido, apesar de recentes e ainda em
pequena quantidade, algumas pesquisas têm sugerido que as respostas
hemodinâmicas agudas, embora sejam ligeiramente maiores que as
observadas no treinamento tradicional, ficam dentro dos limites de segurança
cardiovascular (Neto et al., 2016). Além disso, o método mostra potencial para
promover hipotensão pós-exercício, tanto em sujeitos normotensos (Neto et al.,
2015), como também em hipertensos (Araujo et al., 2014).
Considerando o exposto, o treinamento com oclusão vascular se mostra, até o
momento, interessante e seguro para indivíduos saudáveis, desde que o
controle das variáveis envolvidas seja preciso. Para populações especiais, os
estudos ainda são recentes, mas os resultados são promissores para idosos e
hipertensos. Vale lembrar que a supervisão de um profissional de Educação
Física experiente é pré-requisito fundamental para o sucesso no treinamento.
Para quem tem interesse em aprofundar os conhecimentos sobre o tema,
sugiro fortemente a leitura das referências abaixo, bem como a leitura do meu
livro Treinamento de força com oclusão vascular. Bons estudos e bons treinos!

é uma técnica elaborada por Yoshiaki Sato com o propósito de auxiliar


processos de reabilitação tanto em pós operatórios, quanto no caso de
traumatismo dos membros. Como o próprio nome já diz, o método reduz o fluxo
sanguíneo nas veias dos membros superiores ou inferiores durante o
treinamento físico, a fim de fortalecer os músculos utilizando baixas cargas,
evitando a sobrecarga articular.
Desde então, o método tem se popularizado nas academias brasileiras devido
a sua possível promessa de acelerar a hipertrofia muscular. Mas, a técnica que
até então aparenta ser de fácil execução, exige muitos cuidados e não é
recomendada para todo mundo. Abaixo, entenda como funciona o Kaatsu
training e em quais circunstâncias ele realmente é indicado.
A origem do Kaatsu training
De acordo com o fisiologista do esporte Alex Souto, tudo começou em 1966,
quando aos 18 anos Yoshiaki participava de uma cerimônia budista no Japão,
sentado de joelhos. O jovem então percebeu uma restrição sanguínea em suas
panturrilhas e resolveu testar a hipótese de que esta oclusão vascular
associada ao treinamento de força, poderia promover ganhos significativos de
massa muscular.
Mas o que é oclusão vascular?
É uma intervenção aplicada no treinamento que promove uma oclusão vascular
parcial com o auxílio de um equipamento próprio para a técnica. De acordo
com o educador físico Leonardo Lima, a pressão parcial e a pressão total da
musculatura a partir do mmHg (milímetros de mercúrio - unidade de medida
convencional para medir pressão) utilizado geram uma isquemia na
musculatura, que inibe o fluxo sanguíneo passante e aumenta a atividade
metabólica do músculo.
"Isso contribui para o aumento da síntese do hormônio do crescimento (GH) e
da atividade da enzima óxido nítrico sintase, promovendo aumento de fatores
intracelulares que contribuem para o ganho de massa magra e força muscular
em atletas, ou durante o processo de reabilitação de lesões musculares e
ósseas" complementa Alex Souto, fisiologista do esporte.
Como é feito
A pressão da oclusão pode variar entre 90 a 240 mmHg de acordo com o
tamanho da massa muscular e da adaptação do treinamento. "Membros
inferiores apresentarão maiores valores de pressão de oclusão quando
comparados aos membros superiores", afirma Souto. Associado a pressão de
oclusão, as cargas de treinamento também devem ser reduzidas para cerca de
20% a 40% da carga máxima, o que torna o método interessante para quem
não tolera cargas elevadas durante o treinamento de força.
Desta forma, as vantagens do treinamento de força com oclusão vascular são
os efeitos anabólicos, ou seja, que levam ao ganho de massa muscular, mas
com resultado obtido a partir de baixas cargas de peso, apresentando efeitos
similares ao treinamento feito com altas cargas e sem a oclusão. "Este método
de treinamento também favorece a reabilitação, ou seja, sua prática minimiza o
estado de atrofia muscular em situações de lesões com imobilizações, sendo
considerado um excelente método no auxílio da reabilitação pós-cirúrgica de
ligamento cruzado anterior do joelho e outras patologias osteomioarticulares"
afirma Souto.
A técnica exige um equipamento apropriado para a oclusão, Alex Souto alerta:
"Tem se tornado comum ver pessoas leigas e até mesmo alguns profissionais,
utilizando torniquetes ou garrotes para aplicação do método. Isso é um erro
gravíssimo, pois se torna inviável o controle da pressão exercida. Para
aplicabilidade do método de forma correta e segura é importante usar
equipamentos com uma variação de espessura entre 5 e 10 cm associados a
um manômetro para controlar a pressão de oclusão".
Carlos Beltrani afirma que a técnica não é indicada para pessoas com histórico
de trombose venosa profunda, varizes, hipertensão arterial ou doenças
cardíacas. Grávidas também não devem realizar o método de oclusãoPor outro
lado, o médico afirma que mesmo tendo a segurança confirmada por estudos
científicos, ainda se trata de um método desconfortável que pode causar
dormência, sensação de frio e dor extrema nos membros, podendo ocorrer
arritmias e tromboses em pessoas com alterações cardiovasculares. ?Os
músculos podem diminuir de tamanho se houver a oclusão arterial, pelo
aumento excessivo da pressão durante o treino?, explica Beltrani.
Carlos Beltrani enfatiza que a pessoa que optar pela prática de oclusão
vascular, deve ter certeza de que não possui nenhuma doença que possa ser
agravada com a realização do método. "Também é importante procurar um
profissional capacitado e que tenha conhecimento das respostas fisiológicas e
metodológicas que a prática exige" complementa o fisiologista Alex Souto.
Nas palavras de Alex, a técnica deve ser aplicada com demasiado controle da
pressão de oclusão vascular sobre a musculatura, para evitar respostas
negativas no sistema músculo-esquelético ou nos demais sistemas do
organismo. "É importante salientar que a utilização de torniquetes ou garrotes
desqualifica o método e pode promover significativa sobrecarga cardíaca e
quadros de desmaio", finaliza Souto.
Treinamento com oclusão muscular: benefícios e precauções
Apesar de ainda causar um certo “espanto” e estranheza aos frequentadores
de academia, o treinamento com oclusão vascular vem sendo estudado a cerca
de 50 anos e não faltam evidências científicas para corroborar com a eficiência
e segurança deste método com o objetivo principal de aumento de força e
hipertrofia.
Em geral, os protocolos para o treinamento visando ganhos de força e
hipertrofia orientam um treinamento com cargas de pelo menos 70% de uma
repetição máxima (1RM),porém muitas pessoas não podem ou não conseguem
realizar o treinamento de força com alta intensidade devido a dores articulares,
lesões cirúrgicas e neurológicas, entre outras causas. A oclusão vascular pode
ser uma excelente estratégia de treinamento, não só para populações clínicas,
mas também para atletas em diferentes fases da periodização, devido a
possibilidade de treinar em cargas muito inferiores e ainda assim obter
melhoras na força e nas respostas morfológicas.
Esta estratégia envolve a aplicação de um manguito inflável ou torniquete em
torno de um membro (proximal para os músculos que estão sendo treinados),
que limita a entrega de sangue para os músculos adjacentes. Os mecanismos
fisiológicos que sustentam as respostas adaptativas ainda não são
completamente conhecidos, entretanto algumas respostas adaptativas agudas
e crônicas para o exercício de resistência com oclusão são bem discutidos na
literatura.
Uma extensa revisão publicada na Sports Medicine em 2014 destacou os
possíveis mecanismos responsáveis pelas adaptações oriundas do treinamento
com oclusão:
Mecanismos Primários: tensão mecânica e estresse metabólico (acúmulo de
metabólitos durante o exercício).
Mecanismos Secundários: mecanotransdução; Dano Muscular; Hormônios
Sistêmicos e Localizados; Inchaço Celular; Espécies Reativas de Oxigênio;
Óxido Nítrico; Proteínas de Choque Térmico; Recrutamento de Fibras Tipo II.
Ações Hormonais: Caminho da Sinalização de IGF-1/PI3K/Akt/mTOR; Caminho
da Sinalização de miostatina Smad2/3 e Fatores de Transcrição.
Uma melhor compreensão dos mecanismos acima pode levar ao
desenvolvimento de programas de treinamento otimizados que maximizem as
adaptações visando ao aumento de força e hipertrofia. Estas abordagens
podem ser aplicadas em muitas clínicas hospitalares, programas de
reabilitação e atletas, porém é importante estar atento à segurança ao optar
pela utilização do método. Embora lesões resultantes deste tipo de treinamento
sejam raras, existe a possibilidade da implementação inadequada resultar em
efeitos colaterais prejudiciais, tais como hemorragia subcutânea e dormência.
O treinamento de oclusão vascular não interrompe completamente o fluxo de
sangue nas artérias e veias, e de acordo com estudos em pessoas saudáveis,
o método não causa prejuízo ao sistema de coagulação. As evidências
apontam que o protocolo induz um estado fibrinolítico, que tem um efeito
antitrombótico.
Devido à estagnação do sangue que ocorre durante o treinamento de oclusão,
devem ser introduzidos testes de pontuação usado por cirurgiões para avaliar
risco de infarto pulmonar e de trombose profunda para conduzir um
treinamento mais seguro.
Avaliação dos fatores de risco:
A pontuação abaixo avalia os fatores de risco onde não deve ser aplicado o
treinamento com oclusão para as pessoas correspondentes a 5 pontos ou mais
(história de trombose venosa profundas; tendência trombótica hereditária; e
síndrome do anticorpo antifosfolípide).
Em princípio, o treinamento com oclusão vascular não deve ser aconselhado
quando se lida com pacientes hemodinamicamente instáveis, especialmente
pacientes que sofrem de doenças cardiovasculares.
5 pontos: Histórico de trombose venosa profunda; tendência trombótica
hereditária; síndrome do anticorpo antifosfolípide.
4 pontos: mulheres grávidas.
3 pontos: varizes de pernas; imobilidade prolongada (incapacidade de 8 horas
de reabilitação da tromboprofilaxia); fibrilação atrial ou insuficiência cardíaca.
2 pontos: pessoas com idade superior a 60 anos; IMC> 30; hiperlipidemia; uso
de contraceptivos orais ou esteróides adrenocorticais; quadriplegia; alto nível
de hemoglobina.
1 ponto: pessoas com idade entre 40 e 58 anos; mulheres; 25 <IMC <30.
Pontos importantes para realizar o treinamento com segurança:
O treinamento de oclusão não deve ser fornecido ou aconselhado quando se
lida com pacientes hemodinamicamente instáveis.
O treinamento de oclusão não é aconselhável para pacientes com trombose.
Faça uma adaptação à capacidade física dos indivíduos e sua condição. Evite
homeostase com o torniquete.
As pessoas mais velhas, doentes acamados e pacientes no pós-operatório
muitas vezes têm trombose venosa antes da formação então tome muito
cuidado.
Certifique-se de que a pressão arterial seja <160 /> 95 mmHg.
Evite conduzir o treinamento de oclusão por um longo período de tempo
(membros superiores: 10-15 minutos; membros inferiores: 15-20 minutos).
Em princípio, nunca conduza treinamento quando o paciente estiver doente.
Nunca continue realizando o treinamento quando um paciente se sentir mal
durante o treinamento.
Quando não tiver certeza sobre a condição médica de um paciente é
aconselhável evitar o método.
Até o momento os estudos com oclusão vascular são em sua maioria positivos
para ganho de força, hipertrofia muscular e controle da reposta hemodinâmica,
porém ainda são poucos e é necessário estudar cada caso individualmente.
Através do controle desses cuidados e precauções citados no texto,
o treinamento com oclusão pode ser um método potencialmente útil para
promover a hipertrofia muscular, cobrindo uma ampla gama da população,
incluindo pessoas frágeis, idosas, jovens e saudáveis.

Riscos e limitações Outro ponto sensível do método é em relação aos


possíveis riscos e efeitos colaterais, que podem ser desde um simples
formigamento e hematomas na pele até um quadro de trombose e embolia
pulmonar, mesmo que as chances desses dois últimos sejam bem reduzidas --
abaixo de 0,055% segundo um estudo realizado no Japão em 2006. Gentil
alerta que ninguém deve usar elásticos ou qualquer outro material para
bloquear o fluxo sanguíneo: "Pode ser uma experiência perigosa, com riscos
de danos no tecido muscular e também no sistema circulatório se a pessoa
obstruir demais a passagem do sangue", finaliza. A técnica exige o uso de um
equipamento específico que possibilite reg... - Veja mais em
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/02/18/oclusao-vascular-
limitar-fluxo-sanguineo-ao-treinar-funciona-e-perigoso.htm?cmpid=copiaecola
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