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Parashat Vaieshev - A repetição Resumida (Wiederaufnahme)

O rabino Zev Farber elucidou a respeito de uma estratégia literária usada


por editores e autores pré-modernos que funcionava de maneira
semelhante, à clássica frase usada em cinematografia (algo que ouvimos,
em geral em séries e desenhos animados): “enquanto isso, na sala de
justiça...”.

As práticas dos Escribas do passado e atuais

A Formatação do texto

Hoje em dia, quando escrevemos livros ou artigos, pensamos muito na


formatação. Se desejarmos adicionar referências, usamos notas de rodapé
ou notas finais. Se quisermos adicionar comentários entre parênteses,
colocamos os comentários entre parênteses ou entre colchetes.

Se desejarmos incluir uma citação longa, usamos tabulação. Temos outras


formas de comunicar mensagens através da formatação; podemos mudar o
estilo da fonte ou o tamanho da letra, podemos usar formulários de
contorno ou marcadores, podemos codificar cores; hoje em dia podemos
usar até hiperlink.

Porém, para um escriba antigo, seja o que estivesse escrevendo um


trabalho original ou copiando um trabalho anterior, nenhum desses
métodos estava disponível.

Em geral, era esperado que um escriba produzisse um pergaminho que


fosse considerado atraente, tudo em uma única mão e em um único
formato.
[Claro que, para toda regra existem exceções. Por exemplo, a poesia era
frequentemente marcada deixando espaços entre as unidades poéticas.
Além disso, em alguns pergaminhos de Qumran, foi feita uma diferença
entre a fonte usada para o nome da divindade (usavam a fonte em paleo-
hebraico) e o restante do texto. Para mais informações sobre esta última
tendência, consulte o trabalho de Emanuel Tov, “further Evidence for the
Existence of a Qumran Scribal School”, no: The Dead Sea Scrolls. Fifty
Years after their Discovery: Proceedings of the Jerusalem Congress, July
20-25 (editores Lawrence H. Schiffman, Emanuel Tov e James C.
Vanderkam; Jerusalém: Israel Exploration Society, 1997), páginas 199-
216. Vale a pena notar que muitos nem esperavam que os escribas
produzissem uma réplica exata do texto que estavam copiando.]

Como um escriba poderia incluir uma observação entre parênteses, no


mundo antigo? Ele teria pouca escolha a não ser escrever e torcer para que
os leitores não ficassem confusos. Por exemplo, a famosa observação entre
parênteses sobre o casamento na história de Adam e Havá foi narrada de
uma maneira, que não distraia os leitores da linha principal da história; no
entanto, na tradução, se prefere inserir o trecho entre parênteses, que não
existiam no período bíblico:

‫כג‬:‫ ב‬:‫להים את הצלע אשר לקח מן האדם לאשה ויבאה אל האדם‬-‫הוה א‬-‫ויבן י‬
‫ויאמר האדם זאת הפעם עצם מעצמי ובשר מבשרי לזאת יקרא אשה כי מאיש‬
‫כד על כן יעזב איש את אביו ואת אמו ודבק באשתו והיו לבשר‬:‫ ב‬:‫לקחה זאת‬
‫כה ויהיו שניהם ערומים האדם ואשתו ולא יתבששו‬:‫ ב‬:‫אחד‬

E o HaShem Elohim formou ‘o lado’ que Ele havia tirado do homem,


numa mulher; e a trouxe para o Adam. Então o Adam disse: “Esta
finalmente é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Esta será
chamada Isháh <mulher>, pois do Ish <homem> ela foi tirada. (Por isso,
que o homem deixe seu pai e mãe e se una a sua esposa, para que se
transformem numa só carne.) Os dois estavam nus, o Adam e sua esposa,
mas não sentiam vergonha.

Bereshit 2: 22 - 25
Nesta passagem, o autor ou editor deseja vincular a ideia de casamento -
um fenômeno conhecido pelo leitor - à história de Adam e Havá, talvez até
sugerindo, que os homens se casem com mulheres, porque estão
procurando “seu lado perdido”.
O autor / editor deseja enfatizar isso. Tendo conseguido, ele volta à história
principal: Adam e Havá estão nus, mas desconhecem o significado disso.

O que é então, uma repetição resumida?

O que um autor ou editor do mundo antigo deveria fazer, se ele desejasse


incluir uma longa observação entre parênteses, uma nota ou fonte
suplementar?

Como o leitor seria capaz de voltar à história principal depois que isso
fosse feito? Como o escriba evitaria que o leitor se perdesse?

Isso nos remete a uma antiga técnica dos escribas, chamada mais tarde
pelos acadêmicos alemães de “Weideraufnahme”, ou seja, Repetição
Resumida ou Epanalepsia.

Embora a palavra seja complicada, o conceito é simples. Depois de incluir


uma nota, observação entre parênteses ou fonte suplementar, o escriba do
mundo antigo redefiniria ou parafrasearia o último ponto da narrativa,
antes que a peça extra fosse adicionada.

Funcionava de maneira semelhante ao subtítulo de ações, que se faz hoje


em dia em roteiros de séries: "enquanto isso, na sala de justiça..."

Este recurso lembraria aos leitores o que aconteceu “no último episódio”, e
que a narrativa continua dali.

(Na verdade, a técnica foi usada mesmo após algumas inserções


relativamente curtas; o comprimento da inserção é importante, mas não o
único ou principal critério.)
A passagem repetida neste método não está narrando algo novo. É uma
reafirmação de algo que já tinha sido narrado.

Três Exemplos de Wiederaufnahme

Exemplo 1 - Iehoshua morreu duas vezes?

Talvez o exemplo mais impressionante do uso dessa técnica, ocorra com a


morte de Iehoshua. O final do livro de Iehoshua (cap. 24) diz:

‫כט ויהי אחרי הדברים האלה וימת‬:‫ פ כד‬:‫וישלח יהושע את העם איש לנחלתו‬
‫ל ויקברו אתו בגבול נחלתו‬:‫ כד‬:‫הוה בן מאה ועשר שנים‬-‫יהושע בן נון עבד י‬
‫הוה‬-‫לא ויעבד ישראל את י‬:‫ כד‬:‫בתמנת סרח אשר בהר אפרים מצפון להר געש‬
‫כל ימי יהושע וכל ימי הזקנים אשר האריכו ימים אחרי יהושע ואשר ידעו את כל‬
‫הוה אשר עשה לישראל‬-‫מעשה י‬

Iehoshua dispensou o povo às suas porções. Após esses eventos, Iehoshua,


filho de Nun, servo do HaShem, morreu aos cento e dez anos.
Eles o sepultaram em sua própria propriedade, em Timnat-Serah, na região
montanhosa de Efraim, ao norte do monte Ga’ash.
Israel serviu ao HaShem durante a vida de Iehoshua e durante a vida dos
anciãos que viveram depois de Iehoshua, e que haviam experimentado
todas as obras que o HaShem havia feito por Israel.

Depois disso, o livro termina com o enterro de Iossef e Elazar. Em seguida,


o livro dos Shoftim começa dizendo, "após a morte de Iehoshua", e
descreve várias conquistas e conquistas fracassadas das várias tribos.
Depois, descreve um mensageiro do HaShem, acusando o povo de quebrar
a aliança, após o que todos choram.

O texto então diz:

‫ז ויעבדו‬:‫ ב‬:‫וישלח יהושע את העם וילכו בני ישראל איש לנחלתו לרשת את הארץ‬
‫הוה כל ימי יהושע וכל ימי הזקנים אשר האריכו ימים אחרי יהושוע‬-‫העם את י‬
‫ח וימת יהושע בן נון‬:‫ ב‬:‫הוה הגדול אשר עשה לישראל‬-‫אשר ראו את כל מעשה י‬
‫ט ויקברו אותו בגבול נחלתו בתמנת חרס בהר‬:‫ ב‬:‫הוה בן מאה ועשר שנים‬-‫עבד י‬
‫אפרים מצפון להר געש‬

Iehoshua dispensou o povo e os israelitas foram para seus territórios e se


apossaram da terra. O povo serviu ao HaShem durante a vida de Iehoshua
e a vida dos anciãos que viveram depois de Iehoshua e que testemunharam
todas as obras maravilhosas que o HaShem havia feito por Israel.
Iehoshua, filho de Nun, servo do HaShem, morreu aos cento e dez anos, e
foi sepultado em sua propriedade, em Timnat-Heres, na região montanhosa
de Efraim, ao norte do monte Ga’ash.

Iehoshua morreu duas vezes? Ele mandou o povo embora duas vezes? Ele
foi enterrado em sua cidade duas vezes? Obviamente não.

A resposta parece ser que o livro de Sholftim, propriamente dito, começa


em Shoftim 2:10. De modo que, todo o texto, entre a primeira menção da
morte de Iehoshua e a segunda menção de sua morte é um complemento.

Então, para tentar não confundir o leitor do mundo antigo - e confundir o


leitor moderno no processo! - o escriba praticamente repetiu todo o
anúncio da morte, de modo que o enquadramento do livro de Shoftim
ficou assim, sugerindo que o material intermediário fosse lido como um
adendo.

Exemplo 2 - Quantas vezes Iossef foi vendido ao Egito?

Outro exemplo revelador já foi mencionado aqui noutros estudos: a


história da venda de Iossef.

Depois que os irmãos de Iossef o lançaram no poço, a Torá registra o


seguinte (cap. 37):
‫ויעברו אנשים מדינים סחרים וימשכו ויעלו את יוסף מן הבור וימכרו את יוסף‬
‫לו והמדנים מכרו אתו‬:‫ …לז‬:‫לישמעאלים בעשרים כסף ויביאו את יוסף מצרימה‬
‫אל מצרים לפוטיפר סריס פרעה שר הטבחים‬

Quando os comerciantes ‘midianitas’ passaram, puxaram Iossef para fora


do poço. Eles venderam Iossef por vinte moedas de prata aos ishmaelitas,
que trouxeram Iossef ao Egito... Os midianitas o venderam no Egito a
Potifar, um oficial do faraó e seu mordomo chefe.

A história de Iehudá e Tamar no capítulo 38, que segue a história da venda


de Iossef discutida antes, afasta o leitor da história de Iossef e seus irmãos
e se concentra em um conjunto específico de incidentes da família de
Iehudá.

No entanto, Iehudá não é o personagem principal da saga de Iossef, e o


peso da história se concentrará nas experiências de Iossef no Egito. Então,
para trazer o leitor de volta à narrativa principal, depois da tangente da
história de Iehudá e Tamar, o capítulo 39 começa dizendo:

‫ויוסף הורד מצרימה ויקנהו פוטיפר סריס פרעה שר הטבחים איש מצרי מיד‬
‫הישמעאלים אשר הורדהו שמה‬

E Iossef foi levado para o Egito, e um certo egípcio, Potifar, um oficial do


Faraó e seu mordomo chefe, comprou-o dos ishmaelitas que o haviam
trazido para lá.

Isso reformula o último versículo do capítulo 37,

‫והמדנים מכרו אתו אל מצרים לפוטיפר סריס פרעה שר הטבחים‬

Os midianitas o venderam no Egito a Potifar, um oficial do faraó e seu


mordomo chefe.

Este é um exemplo clássico de Wiederaufnahme = Repetição Resumida.


Exemplo 3 - Moshe fala a divindade sobre seus lábios incircuncisos: um
déjà vu?

Talvez o melhor e mais claro exemplo de Wiederaufnahme esteja na


Parashat Vaeira. No capítulo 6 verso 2, a divindade revela a Moshe o seu
nome> HaShem.

[O leitor cuidadoso observará que a Divindade já apresentou a Moshe esse


nome em 3:15. Essa tensão, foi um dos pilares sobre os quais foi
construída a Hipótese Documental, com a introdução no capítulo 3, vindo
da tradição E, e o começo do capítulo 6 vindo da tradição P. Por outro
lado, lembre sempre que o nome HaShem (o tetragrama) é usado pela
tradição J desde o começo e, na concepção dessa fonte, os patriarcas
sempre conheceram a divindade por esse nome – ou seja, não houve uma
“revelação” do tetragrama para Moshe em particular, de acordo com a
fonte J. Bereshit 12: 7 é um exemplo particularmente bom disso.]

Após seu primeiro discurso, a divindade continua dizendo a Moshe para


falar com o Faraó:

‫יא בא דבר אל פרעה מלך מצרים וישלח את בני‬:‫ ו‬:‫הוה אל משה לאמר‬-‫וידבר י‬
‫הוה לאמר הן בני ישראל לא שמעו אלי‬-‫יב וידבר משה לפני י‬:‫ ו‬:‫ישראל מארצו‬
‫ואיך ישמעני פרעה ואני ערל שפתים‬

O HaShem falou a Moshe, dizendo: “Vá e peça a Faraó, rei do Egito, que
deixe os israelitas partirem de sua terra.” Mas Moshe suplicou ao HaShem,
dizendo: “Os israelitas não quiseram me ouvir; como então o faraó deveria
me dar atenção, um homem de fala defeituosa!?”

Nesse ponto, a Torá diz que a divindade ordenou que Moshe e Aharon
falassem ao povo e ao Faraó. Isso leva a uma lista genealógica das três
primeiras tribos de Israel: Reuven, Shimon e Levi.

No final da lista dos descendentes de Levi, a Torá deixa claro por que a
genealogia aparece aqui:
‫הוה להם הוציאו את בני ישראל מארץ מצרים על‬-‫הוא אהרן ומשה אשר אמר י‬
‫כז הם המדברים אל פרעה מלך מצרים להוציא את בני ישראל‬:‫ ו‬:‫צבאתם‬
‫ממצרים הוא משה ואהרן‬

São os mesmos Aharon e Moshe a quem o HaShem disse: “Tira os


israelitas da terra do Egito, por suas tropas.” Foram eles que falaram com
Faraó, rei do Egito, para libertar os israelitas dos egípcios; estes são os
mesmos, Moshe e Aharon.

Essa nota deixa claro que a genealogia foi adicionada aqui, para dar aos
leitores, uma espécie de contexto, sobre quem exatamente eram Moshe e
Aharon, e como eles se encaixam no relato dos israelitas como um todo.

(Isso também explica por que a genealogia termina com Levi)

A genealogia, no entanto, é bastante longa (dos versos 14 a 27) e o leitor


pode, compreensivelmente, ficar perdido na história. Portanto, sem
surpresa, a seguinte passagem traz:

‫הוה אל משה לאמר‬-‫כט וידבר י‬:‫ פ ו‬:‫הוה אל משה בארץ מצרים‬-‫ויהי ביום דבר י‬
‫ל ויאמר משה‬:‫ ו‬:‫הוה דבר אל פרעה מלך מצרים את כל אשר אני דבר אליך‬-‫אני י‬
‫הוה הן אני ערל שפתים ואיך ישמע אלי פרעה‬-‫לפני י‬

Pois quando o HaShem falou a Moshe na terra do Egito, e o HaShem disse


a Moshe: “Eu sou o HaShem! Fale com o Faraó, rei do Egito, tudo o que
eu vou lhe dizer. Moshe suplicou ao HaShem, dizendo: “Veja, eu sou de
fala defeituosa; como então o faraó deveria me dar atenção!?”

Este é o mesmo diálogo que a divindade teve com Moshe nos versos 10-
12!

Eles tiveram essa discussão exata novamente?

O rabino Tuvia ben Eliezer (o Lekach Tov), o rabino Menachem ben


Shlomo (o Midrash Sechel Tov), o rabino Abraham Ibn Ezra e o rabino
Bahya ben Asher, foram os que expressaram pensar que sim, e tentaram
explicar o motivo pelo qual Moshe repetiria exatamente, a mesma
afirmação três vezes (a primeira foi no capítulo 4).

No entanto, muitos dos comentaristas clássicos perceberam, que esse caso


era uma “Repetição Resumida” (Wiederaufnahme), embora não tivessem o
conhecimento desse termo técnico.

O Rashi, por exemplo, escreveu claramente sobre isso:

‫ויאמר משה לפני ה’ – היא האמירה שאמר למעלה (פסוק יב) הן בני ישראל לא‬
‫ וכך היא השיטה כאדם האומר‬,‫ ושנה הכתוב כאן כיון שהפסיק הענין‬,‫שמעו אלי‬
‫נחזור על הראשונות‬

[sobre a frase] Moshe suplicou ao HaShem - esta é a mesma afirmação que


ele fez antes (v. 12): “Mas os Filhos de Israel não me escutam.” As
escrituras repetem [a frase] aqui porque houve uma pausa [na história], e
isso é uma [escrita] técnica, como uma pessoa que diz "vamos voltar a um
ponto anterior".

Essa interpretação ecoa nos comentários do Rashbam e do Chizkuni e faz


muito mais sentido no contexto.

É um dos exemplos mais característicos de Wiederaufnahme - nesse ponto,


estudiosos clássicos e acadêmicos estão de acordo.

Algumas reflexões finais da parte do Professor Dr Marc Brettler (Duke


Center for Jewish Studies)

A Bíblia Hebraica está cheia de repetições resumidas, e ninguém catalogou


todas elas ainda. Além disso, muitas vezes não está claro se o material
entre o verso ou frase repetido, é primário ou editorial, quer dizer, se era
uma parte original composta pelo autor, ou se era um adendo adicionado
por um escriba posterior.
Um exemplo que provavelmente é um trecho original, pode ser encontrado
na narrativa sobre Israel escapando do Egito e fugindo para o Mar de
Juncos (chamado “mar vermelho”) em Shemot 14.

Ali, o foco dessa história está nos israelitas. Mas, o trecho contém um
adendo sobre o Egípcios, nos versos 23 - 28:

‫כד ויהי‬:‫ יד‬:‫וירדפו מצרים ויבאו אחריהם כל סוס פרעה רכבו ופרשיו אל תוך הים‬
‫הוה אל מחנה מצרים בעמוד אש וענן ויהם את מחנה‬-‫באשמרת הבקר וישקף י‬
‫כה ויסר את אפן מרכבתיו וינהגהו בכבדת ויאמר מצרים אנוסה מפני‬:‫ יד‬:‫מצרים‬
‫הוה אל משה נטה את ידך‬-‫כו ויאמר י‬:‫ פ יד‬:‫הוה נלחם להם במצרים‬-‫ישראל כי י‬
‫כז ויט משה את ידו על‬:‫ יד‬:‫על הים וישבו המים על מצרים על רכבו ועל פרשיו‬
‫הוה את מצרים‬-‫הים וישב הים לפנות בקר לאיתנו ומצרים נסים לקראתו וינער י‬
‫כח וישבו המים ויכסו את הרכב ואת הפרשים לכל חיל פרעה‬:‫ יד‬:‫בתוך הים‬
‫הבאים אחריהם בים לא נשאר בהם עד אחד‬

Os egípcios foram atrás deles no mar, todos os cavalos, carros e cavaleiros


do faraó. Na vigília da manhã, o HaShem olhou para baixo, para o exército
egípcio da coluna de fogo e nuvem e fez com que o exército egípcio
entrasse em pânico. Ele travou as rodas das suas carruagens, para que eles
avançassem com dificuldade. E os egípcios disseram: “Fugamos dos
israelitas, porque o HaShem está lutando por eles contra o Egito.” Então o
HaShem disse a Moshe: “Estende o braço sobre o mar, para que as águas
possam voltar em cima dos egípcios, e sobre os seus carros e os seus
cavaleiros.” Moshe estendeu o braço sobre o mar, e ao amanhecer o mar
voltou ao seu estado normal, e os egípcios fugiram à sua aproximação.
Mas o HaShem lançou os egípcios no mar. As águas voltaram e cobriram
os carros e os cavaleiros - todo o exército do faraó que os seguiu até o mar;
nenhum deles permaneceu.

Estes versos são enquadrados, por uma retomada repetitiva nos versos 22 e
29:

:‫ … יד‬:‫ויבאו בני ישראל בתוך הים ביבשה והמים להם חומה מימינם ומשמאלם‬
‫כט ובני ישראל הלכו ביבשה בתוך הים והמים להם חמה מימינם ומשמאלם‬
14: 22 - E os israelitas entraram no mar em solo seco, as águas formando
um muro para eles, à direita e à esquerda ...

14: 29 - E os israelitas marcharam através do mar em solo seco, as águas


formando um muro para eles à direita e à sua esquerda.

Neste trecho, a retomada repetitiva provavelmente é original e destaca que,


exatamente ao mesmo tempo em que Israel - o foco da história - estava
fugindo, os egípcios os perseguiam. Assim, quando apresentado com
repetições em contextos narrativos, o intérprete tinha três opções:

1 – Ele poderia formar uma repetição resumida, para marcar o material


intermediário como secundário.

2 - Ele poderia formar uma repetição resumida, para marcar o material


intermediário como um adendo, embora do mesmo autor.

3 - Eles podem formar uma pausa, para dar ênfase.

Os acadêmicos modernos frequentemente debatem quais dessas três


funções está implícita em repetições com estas que vimos, mas é
importante que os leitores modernos da Bíblia Hebraica prestem atenção a
essas repetições, que podem funcionar como um equivalente moderno do
uso de parênteses; geralmente ajudando na interpretação de passagens
repetitivas difíceis.

[De livros escritos em Inglês sobre o uso de Wiederaufnahme (repetição


resumida) um dos melhores é de Burke O. Long, "Framing Repetitions in
Biblical Historiography", Journal of Biblical Literature 106 (1987), 385-
399. O termo Wiederaufnahme foi cunhado pelo estudioso alemão Curt
Kuhl em 1952.]

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