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A linguagem clássica da arquitetura é uma obro elaborada por John

Summerson, com o intuito de demonstrar as “n” formas de arquitetura clássica

existente e também faz menção às características que definem determinada

edificação em clássica ou não. A obra originou-se de uma série de seis palestras

transmitidas pela rede BBC de televisão, em 1963.

CAP. I
A ESSÊNCIA DO CLASSICISMO

Summerson começa seu primeiro capitulo fazendo menção ao conhecimento

básico que seus leitores devem possuir, demonstrando que para ele o classicismo é

como se fosse o latim da nossa literatura. Se não o conhecemos profundamente, ao

menos devemos saber reconhece-lo, assim como ocorre com as edificações

clássicas que nos são apresentadas ao longo da obra.

Para que se possa conhecer a arquitetura clássica deve-se saber que ela

surgiu na antiga Grécia e Roma. Na Grécia era implantada nos templos, já em

Roma era mais utilizada em edificações religiosas, militares e civis.

Para se identificar um edifício clássico deve-se observar primeiramente suas

características decorativas e posteriormente outros quesito.

Uma das grandes características da arquitetura clássica é a harmonia de suas

estruturas. E para que isso ocorra deve-se analisar as proporções dos elementos,

para o resultado final se torne algo agradável aos olhos.

Tem-se como ideologia de arquitetura clássica o foto de a edificação haver

pelo menos uma das “ordens” da antiguidade, já que sempre ou quase sempre se

faz alusão de que tal edificação é clássica devido à existência das tais. Mas vale

ressaltar que clássico não é apenas possuir tais características em seus pilares,
mas sim reunir uma gama muito maior de informações que na seqüência desta

serão tratadas.

Mas o que são exatamente essas ordens pergunta Summerson... segundo

Vitruvio (arquiteto romano, que também escreveu livros sobre arquitetura) existem

três ordens, a jônica, a dórica e a coríntia, e também faz menção a uma outra

ordem chamada de toscana. Vitruvio faz uma explicação detalhada sobre as ordens

demonstrando em que lugar do planeta cada uma foi criada, e a que deus ou deusa

elas se referem.

Mas foi só após mil e quatrocentos anos depois de Vitruvio com o surgimento

da Renascença que novos teóricos como Leon Battista Alberti, definiram as ordens

como um conjunto de formas cônicas que resumiriam em si toda a virtude

arquitetônica. Alberti acrescentou as quatro ordens mais uma, a compósita, que é

uma combinação dos elementos das ordens coríntia e jônica.

Após quase um século surge Sebastiano Serlio, que reuniu em um conjunto

de livros (ilustrados e em escala) todas as informações sobre as ordens. Seus livros

tornaram-se a “bíblia” da arquitetura.

Referente a origem da ordem dórica, acredita-se que ela tenha surgido de um

tipo primitivo de construção em madeira (segundo Vitruvio) que foi reproduzida em

pedra. Essas cópias se tornaram cada vez mais comuns, devido ao surgimento de

outros templos de pedra. Para ele (Vitruvio) a dórico exemplifica a proporção, forca

e graça do corpo masculino, a jônico se caracteriza pela esbelteza feminina e a

coríntia por imitar a figura de uma menina.

Para Serlio a dórico devem ser usados em igrejas dedicadas aos santos mais

extrovertidos, a jônica aos santos tranqüilos, a coríntia para virgens, em especial

Virgem Maria, a toscana mais adequada para prisões e não cita nenhuma utilização
especifica para a ordem compósita. Em um verdadeiro projeto de edificação

clássica, a escolha da ordem é vital para caracterizar a edificação.

CAP. II
A GRAMÁTICA DA ANTIGUIDADE

As ordens são colunas sobre pedestais, que servem para sustentar em seu

topo vigas onde se apóiam os beirais dos telhados. Nos templos com pórticos na

frente, parte superior e colunatas nas laterais, as colunas utilizadas na parte

exterior resolvem o problema da cobertura também formando os frontões.

Apesar de na maioria das vezes não possuírem função estrutural, as ordens

contribuem e muito para que a edificação passe uma imagem mais robusta e

expressiva. Existem varias maneiras de se introduzir essas colunas nas

edificações. Elas podem ser “colunas isoladas” que possuem uma função estrutural,

já que suportam algo. As “colunas destacadas” que acompanham uma parede sem

encostar-se a ela, mas o entablamento se engasta. As “colunas de três quartos”

que ficam com um quarto do seu diâmetro embutido na parede, da mesma forma

que as “meias colunas” que ficam embutidas na parede pela metade. As pilastras

são consideradas representações planas das colunas, formando um relevo na

parede.

Vale ressaltar que as ordens não estão apenas penduradas na estrutura, mas

sim integradas a elas.

O Coliseu, cria uma nova questão sobre as ordens, já que introduziu os arcos

nessa combinação. Como as ordens devem obedecer a uma volumetria periódica,

se torna muito trabalhoso a utilização de ambos na mesma edificação.


Os arcos triunfais foram utilizados como modelo para uma igreja católica

projetada por Alberti. Mais tarde outro elemento foi introduzido, o ático empregado

principalmente com plano de fundo para esculturas.

Existem cinco tipos de intercolúnio, medidos em diâmetros. O picnostilo

corresponde a 11/2 diâmetro, o sístilo, o êustilo, o dástilo e o mais largo com 4

diâmetros o araeóstilo.

CAP. III
A LINGÜÍSTICA DO SÉCULO XVI

Bramante, um dos inovadores do século XVI, utilizou essa nova gramática

para restabelecer essa normatização em edifícios de grande importância da Roma

antiga. Foi Bramante quem afirmou qual era a linguagem romana, e que seria o seu

modo de usá-la.

Foi com o Tempietto que Bramante difundiu sua idéia de clássico. Essa

edificação se caracterizava por ser uma colunata em torno de um núcleo circular

coberto por domo. Bramante também criou um palácio em Roma onde o pintor

Rafael morou, sua fachada do térreo era composta por arcos que davam acesso a

uma serie de lojas. Esse andar possuía um caráter rude porem disciplinado da

engenharia romana, mas no andar superior onde ficavam as salas principais

Bramante utilizou a ordem dórica nas paredes e sobro os pedestais que tinham o

mesmo tamanho das balaustradas das janelas. Pode-se parecer um simples

edifício clássico, mas na época se tratava de uma novidade jamais vista, mas como

o ser humano possui o dom de destruir o que é belo, esse edifício foi demolido.

Palladio, um estudioso da arquitetura, estudando sobre Serlio percebeu que

muitas coisas não haviam sido estudadas, tais como pouca atenção aos requintes
de perfil e proporção que são a essência da antiguidade resolveu por em pratica

seus estudos. Quando teve oportunidade, que foram muitas, aplicou seu

conhecimento e fez com que a linguagem de Roma fosse empregada com certo

requinte de perfeição.

Palladio também estudou sobre Vitrúvio, e em seus livros os Quattro Libri

(1570) ressalta a importância de restaurações. Essas reconstruções propostas por

ele são logo reconhecidas na Itália e Inglaterra.

Como tudo que é excessivo, as cinco ordens também se tornaram exaustivas,

ai surgiu a rusticação, que se trata de uma forma rede e provinciana de dispor

pedras não lavradas, fazendo com que cada pedra possuísse uma personalidade

própria, e o edifício único.

Giulio, um grande arquiteto da época também utilizou a rusticação, mas fez

com que ela tive-se um grau de expressividade nunca visto antes.

CAP. IV
A RETÓRICA DO BARROCO

As alterações introduzidas no latim da arquitetura podem-se ser comparadas

as distorções feitas por Miguel Ângelo no corpo humano. Mas como todos

conhecemos o corpo humano fica fácil identificar as mesmas, já na arquitetura é

diferente, já que poucos conhecem realmente a parte mais arcaica dela.

Em torno de 1530 surge um estilo de arquitetura especifico na Itália chamado

de maneirismo, que significava exatamente seu cunho vernáculo, pois se trata de

imitar o gênero, demonstrar uma certa artificialidade. A composição não possui um

ritimo que se repete claramente, as superfícies avançam e recuam de forma

desconcertante.
Os produtos do maneirismo tiveram conseqüências de longo alcance, já que

no inicio do período vitoriano a arquitetura maneirista foi considerada algo

extremamente adequada para o período. Como exemplo desse período pode-se

citar três abras, a Piazza de S. Pietro em Roma, a fachada leste do palácio do

Louvre em Paris e o palácio de Blenheim em Oxford.

CAP. V
A LUZ DA RAZÃO – E DA ARQUEOLOGIA

Para que as ordens fossem empregadas com perfeição, não bastava apenas

deter o conhecimento, mas o arquiteto deveria expor suas emoções na obra e

também entender as ordens com o coração e não apenas com a razão.

A arquitetura romana é muito rebuscada, e cheia de detalhes. A sua beleza se

da pelo fato de ter uma boa proporção e significados para as ordens.

A França foi a primeira a questionar a verdadeira natureza das ordens e como

elas realmente deveriam ser empregadas.

Tem-se como certo que a arquitetura surgiu da necessidade de abrigo do ser

humano, seja ele vivo ou morto. Com o domínio da arte de cultivar os alimentos, os

seres humanos pararam de serem nômades, e começaram criarem suas próprias

residências. Isso gerou uma evolução fazendo com que novos tipos de matérias

fossem empregados nas edificações.

O Panthéon é o primeiro edifício de importância neoclássica, por apresentar

as ordens com fidelidade e também é de uma simplificação racional inquestionável.

A Inglaterra sofreu um grande impacto com os pensamentos de Laugier, já

que ele citava o primitivismo, fazendo com que se voltassem as raízes.


A Inglaterra desempenhou um papel importante no ressurgimento da

arquitetura grega. Os romanos haviam trazido sua arquitetura da Grécia.

Em 1751, dois ingleses, Stuart e Revett, foram a Aténs e passaram três anos

lá pesquisando e documentando sobre os edifícios gregos.

Mudaram de cinco para oito as ordens, com o surgimento das novas três

ordens gregas.

CAP. VI
DO CLÁSSICO AO MODERNO

Para Laugier a casa primitiva era apenas a redução e simplificação dos

templos clássicos.

Os edifícios de Gropius e Behrens projetados aos a segunda guerra mundial,

são considerados essências para identificar o movimento moderno. Eles são

lembrados pelo emprego do aço em seus projetos.

Com o surgimento de Le Corbusier, a arquitetura moderna é completamente

reinventada. Ele deu um novo sentido ao modernismo, com seus traços regulares

ele acabou com as ornamentações estilizados de Gropius e Behrens.

Deve-se também citar o francês Perret, que era totalmente diferente de

Behrens, pois, seu estilo trazia seu conhecimento adquirido na École dês Beaux-

Arts. Em exemplo disso é a Ópera de Paris. Esses são exemplos de interpretações

possíveis da linguagem clássica utilizando aço.

A idéia do modernismo era e de que os edifícios do futuro deveriam agradar

as pessoas não pela sua ornamentação, mas sim deveriam ser belos apenas

utilizando seus elementos de construção e função.

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