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17/06/2018 As Operações Psicológicas e a Manipulação das Massas — Um Guia Básico Sobre a Propaganda Global

As Operações Psicológicas e a
Manipulação das Massas — Um Guia
Básico Sobre a Propaganda Global
Autor: Carl Teichrib, Forcing Change, Edição 2, Volume 1.

"O cidadão deve ser moldado para se adequar à forma de governo em que vive."
— Aristóteles, Política, Livro 8. [1].

"Nunca antes na história humana tantos tiveram um acesso tão fácil a tanto
poder potencial para tantos propósitos diferentes." — In Athena's Camp:
Preparing for Conflict in the Information Age. [2].

"Operações psicológicas" não é uma expressão tipicamente encontrada no vocabulário do


público geral. Essa expressão é um termo militar que se refere a uma operação de
informações destinada especificamente a mudar o comportamento e as atitudes de um grupo-
alvo. Em termos militares, esse grupo é formado por combatentes inimigos e/ou a população
geral de um país inimigo.

Hoje, vivemos em uma época em que as informações são consideradas centrais para a
manutenção do poder político e econômico, o que coloca a abrangência das operações
psicológicas muito além das aplicações exclusivamente militares. Embora isto não seja
fundamentalmente novidade — as informações e sua alavancagem sempre foram
instrumentos de poder — a maioria das pessoas não tem uma compreensão da importância
da manipulação e da capacidade de persuasão das informações.

Na forma mais ampla, as operações psicológicas estão intimamente vinculadas à sua prima: a
propaganda das informações. De fato, a distinção entre as duas é tênue e na literatura
(incluindo os documentos militares) essas duas ciências estão intimamente interligadas.

Peter Kenez, autor de The Birth of the Propaganda State, escreveu:

"Para discutir a questão de forma sensata, precisamos abandonar a esperança de


encontrar uma definição da propaganda que seja precisa, que cubra todos os atos
da propaganda e somente propaganda, e que seja utilizável, independente do
tempo e do espaço. Em vez disso, precisamos aceitar a definição mais ampla
possível: a propaganda não é nada mais do que a tentativa de transmitir valores
sociais e políticos na esperança de afetar a mente e as emoções das pessoas e,
desse modo, modificar o comportamento." [3].

Um antigo documento das forças armadas canadenses sobre operações psicológicas,


intitulado Psychological Operations — First Draft (Operações Psicológicas — Primeiro
Rascunho), postula uma posição similar:

"As operações psicológicas (chamadas no jargão militar de PsyOps, ou também de


OPs) são um termo genérico usado para cobrir todos os aspectos das atividades
psicológicas e é definido como: atividades psicológicas planejadas em tempos de
paz e de guerra, direcionadas contra audiências inimigas, amigas ou neutras, de
modo a influenciar as atitudes e o comportamento que afetam o alcance de
objetivos políticos e militares." [4] [itálicos adicionados]. Fazendo uma ponte
entre os dois conceitos de informações, esse documento canadense diz
explicitamente: "A propaganda é um instrumento básico das operações
psicológicas." [5].

Ao ressaltar o valor da propaganda como o instrumento principal das operações psicológicas,


é importante considerar o papel e o uso da "mensagem". Uma seção extraída do documento
militar canadense referido anteriormente diz: "A mensagem de propaganda é uma
comunicação com o propósito de produzir uma ação e uma atitude. Antes de poder realizar
seu propósito, ela precisa ser ouvida pelo receptor designado (o alvo). Em resumo, a
mensagem precisa ser recebida, compreendida, aceita como verdadeira, oferecer uma solução
e produzir um resultado desejado."

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Com base em uma política, nas informações coletadas pelos serviços de Inteligência, um alvo,
temas, e uma avaliação dos resultados desejados, o propagandista compõe sua mensagem.
Ele precisa construir e transmitir sua mensagem no tempo correto para que, mesmo em
competição com muitos outros materiais que estão sendo apresentados ao alvo, a mensagem
seja ouvida. O alvo precisa compreender a mensagem e interpretá-la da forma desejada pelo
propagandista.

Uma mensagem de propaganda precisa despertar ou estimular necessidades. Ela precisa


provocar uma ação ou produzir a atitude desejada pelo propagandista. Isto requer que a
mensagem diga ao alvo como satisfazer suas necessidades — seguindo o curso de ação
desejado pelo propagandista. Isto, por sua vez, requer que as ações (incentivadas
abertamente, ou de forma implícita) sejam apropriadas e importantes para o alvo. De modo a
obter a atenção ou a atitude desejada, a mensagem precisa, na opinião do alvo, oferecer a
melhor solução (ou a única solução lógica) para a solução do problema enfocado ou em
atender às necessidades do alvo.

Essencialmente, o propagandista precisa tomar todas as medidas necessárias para garantir


que a ação que ele deseja seja bem-sucedida e que a ação que ele não deseja tenha a
mínima oportunidade de chamar a atenção do alvo, isto é, que ela falhará. [6].

Isto é significativo, pois demonstra a moldagem intencional de um grupo (uma sociedade) por
meio da disseminação de informações específicas, a mensagem, para atingir determinados
objetivos no alvo. Além disso, esse relacionamento mensagem-alvo normalmente não é
aparente para a audiência. A vagueza situacional não está sempre presente, mas tipicamente
o grupo-alvo desconhece as influências externas que estão em operação, moldando as
opiniões, crenças, valores e atitudes.

Operações Psicológicas e Influência Interna

Uma admissão interessante dos alvos das


operações psicológicas militares pode ser
encontrada em uma publicação produzida pelo
Programa de Pesquisa de Comando e Controle
(CCRP), que opera vinculado ao gabinete do
Assistente do Secretário de Defesa dos EUA. Ao
discutir a importância do suporte público para as
operações militares, especificamente após a
Batalha de Mogadishu, em 1993, em que 18
militares americanos morreram, os autores do
relatório dizem:

"Após a Somália, 'os corações e mentes' a


serem conquistados ao montarmos essas
operações não são apenas aqueles no país
em questão — o alvo tradicional das
operações psicológicas. Eles agora incluem,
talvez até de forma predominante, os
corações e mentes do povo e do Congresso
americano." [7].

Isto é tremendo. Como Peter Kenes nos lembra: "... a propaganda frequentemente significa
dizer menos do que a verdade, enganar a população e mentir..." [8]. Embora o exemplo
acima possa ou não ter um vínculo direto com mentir ou "enganar a população", ele ilustra o
aspecto da política pública de "persuasão", colocando em jogo questões de ética e de
governança.

São inúmeras as questões éticas relacionadas com a persuasão do público. Em um relatório


publicado em 2005, o Serviço de Pesquisa do Congresso dos EUA examinou ações das
agências do Poder Executivo e descobriu diversos exemplos de atividades com informações
controversas. Agências tão diversas quanto a Receita Federal, o Departamento de Política e
Controle de Narcóticos, a Previdência Social, o Departamento da Educação, o Departamento
de Saúde e Serviços Humanos e a Agência de Proteção Ambiental foram todos apontados por
empregarem campanhas com informações altamente questionáveis. Muitas dessas
campanhas tinham o objetivo de promover as posições do governo. Entretanto, no caso da
Comissão Federal das Comunicações, descobriu-se que esse órgão estava especificamente

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promovendo os aparelhos de televisão digital — junto com grandes interesses empresariais


que se beneficiariam com as vendas desses aparelhos. [9].

Embora as vendas de televisores seja algo trivial em termos de atividades de propaganda,


isto ilustra o quão aceita e firmemente estabelecida a manipulação das informações se tornou.
Infelizmente, isto também levanta a validade da desconfiança geral da população no governo.

Reconhecendo o dilema do efeito bumerangue da enganação como um instrumento da


política, especialmente no que se refere às preocupações maiores, um relatório do Colégio de
Guerra do Exército dos EUA observou:

"Como os governos praticaram o engano envolvendo questões tão importantes


quanto a segurança nacional, é difícil para muitos na mídia e no público em geral,
desconsiderarem totalmente a possibilidade que os anúncios do governo possam
ser desinformação... Qualquer pessoa envolvida em operações de enganação,
ofensiva ou defensivamente, deve estar ciente das questões de credibilidade
inerentes neste assunto. Frequentemente, há mais em risco do que uma
vantagem política ou militar temporária." [10].

Há muita coisa em risco, incluindo a credibilidade de longo prazo das estruturas civis básicas.
Isto é inerentemente verdadeiro com relação à propaganda que foi inicialmente colocada em
ação para inverter os valores sociais e os comportamentos internos porque, uma vez que o
mecanismo tenha se estabelecido no fulcro da vida civil, sua influência pode persistir por
muito tempo após o programa oficial terminar. Em outras palavras, um efeito bola de neve
pode continuar até que a má informação seja rebatida por vozes mais sensatas, até que ela
se autodestrua sob a inércia de suas próprias enganações, ou até que o resultado original da
operação psicológica — ou uma variação dele — seja alcançado.

Infelizmente, o alcance da propaganda frequentemente infecta todos os níveis da sociedade,


com consequências na integridade civil de longo prazo. Essa corrosão na credibilidade pode,
por sua vez, afetar de forma adversa o sistema educacional, os serviços da imprensa e da
mídia, as funções policiais e militares, os papéis das igrejas e dos seminários e vários ofícios
de autoridade pública. Além disso, todas essas instituições não somente têm o potencial de
serem usadas via operações psicológicas, mas em casos particulares podem na verdade
utilizar a propaganda como um modo de fazerem avançar seus próprios planos. [Nota: A
Forcing Change procurará documentar esta realidade; em artigos futuros destacaremos
exemplos específicos de planos.]

Se a propaganda tem um ângulo positivo, é durante os tempos de guerra real em que as


operações psicológicas são usadas diretamente para combater países inimigos, incluindo
táticas enganosas no campo de batalha. [11]. Entretanto, essa forma de enganação está
rigidamente conectada com uma luta imediata de vida ou morte. É o uso da propaganda como
um instrumento de transformação interna que é muito mais preocupante.

O Modelo Soviético

A partir de uma perspectiva política interna, três grandes potências no século 20 fizeram um
tremendo esforço para moldar suas sociedades nacionais por meio da manipulação das
informações. A União Soviética, a Alemanha Nazista e a China Comunista estabeleceram cada
uma delas agências específicas para criar e disseminar propaganda. É aqui que podemos
começar a compreender verdadeiramente o significado das operações psicológicas: a sutil e
sistemática corrosão dos valores centrais.

O professor David E. Powell, autor de Antireligious Propaganda in the Soviet Union: A Study of
Mass Persuasion (Propaganda Antirreligiosa: Um Estudo da Persuasão das Massas), revelou o
cerne da estrutura transformacional soviética:

"O Partido tentou destruir os padrões tradicionais de autoridade e de


relacionamentos que considerava inadequados para o mundo moderno e
desenvolver no lugar deles um novo conjunto de devoções. O Partido decidiu
moldar os valores de todo um povo por meio de um programa gigantesco de
educação e doutrinação... Ele tentou modificar a visão dos adultos e inculcar nos
jovens, que têm menos preconceitos e atitudes menos arraigadas, as visões que
ele considerava serem as corretas." [12].

"A 'socialização política' é o processo pelo qual as pessoas adquirem seus padrões
e suas crenças políticas. Ela envolve uma ampla variedade de instituições e
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indivíduos, desde os pais e professores até a imprensa, os tribunais e as forças


armadas."

"Por meio do contato com esses agentes socializadores, as pessoas modificam ou


descartam os antigos valores, assimilam novos valores, ou reforçam suas noções
pré-existentes." [13].

"Em seu esforço de reestruturar a cultura política e transformar um povo religioso


em um povo ateísta, os líderes soviéticos tentaram socializar e ressocializar toda
a população." [14].

Se você está fazendo a si mesmo a pergunta: "Como isto se encaixa no mundo atual?" — está
fazendo a pergunta errada. A questão real é: existem forças em operação no nosso atual
sistema nacional e global que estão tentando "moldar os valores de toda uma população por
meio de um programa gigantesco de educação e doutrinação..."?

O Clube de Roma, uma organização influente de indivíduos proeminentes de todo o mundo, já


admitiu em 1976 que faz avançar um programa de mudança global, principalmente por meio
de agências especializadas inseridas dentro da comunidade internacional.

"No nível mais alto das questões mundiais, instituições internacionais precisam
formar os principais agentes da transformação planejada. Os esforços a serem
feitos pelas instituições nos níveis mais altos podem ser vistos como 'meios' que
podem ser mobilizados para alcançar os fins desejados. Isto implica que as
instituições controlam diversos 'volantes' que podem ser usados para guiar a
mudança por meio de esforços de indivíduos e instituições menores. Todavia, o
controle que as instituições podem exercer não é ilimitado, mas bem determinado
pela estrutura de poder em que elas operam."

"No caso das instituições poderosas, os meios à disposição estão frequentemente


organizados em políticas. Como tais, as políticas podem se referenciar à operação
atual da ordem socioeconômica ou à ação destinada a executar uma ação
planejada na ordem existente. Portanto, elas podem ser direcionadas para
reforçar ou transformar o status quo internacional." [15].

Isto toca na raiz: a transformação global gerenciada e se encaixa com a grande visão de
Mikhail Gorbachev. Como o ex-presidente da União Soviética escreveu no ano 2000: "Novas
abordagens são necessárias, novas orientações em pensamento e ação. Precisamos fazer a
transição para uma nova civilização global." [16].

De modo a ver como a propaganda para uma "nova civilização" está sendo feita em nosso
contexto moderno, precisamos analisar exemplos de transição. Existem muitos desses
exemplos, porém as limitações de tempo e de espaço somente nos permitirão destacar
rapidamente um caso em vista: o movimento ambientalista internacional como um agente
para a reestruturação global.

O Ambientalismo como uma Operação Psicológica

Há várias décadas que a comunidade internacional e grupos ambientalistas de lóbi vinculados


clamam por grandes mudanças na forma como nosso mundo funciona. Isto inclui não
somente uma reestruturação econômica e política, mas também a remodelagem dos sistemas
individuais de crenças, atitudes e comportamentos. Portanto, uma nova ética global está
sendo apresentada e promovida, uma ética que envolve uma cosmovisão neopagã com um
ethos (NT: Ethos, na Sociologia, é uma espécie de síntese dos costumes de um povo. O
termo indica, de maneira geral, os traços característicos de um grupo, do ponto de vista social
e cultural, que o diferencia de outros. Seria assim, um valor de identidade social. Fonte:
Wikipedia) construído com base em ornamentos estratégicos (veja na segunda citação do
IISD abaixo uma admissão deste fato). Sem qualquer surpresa, em uma campanha de
operação psicológica, a juventude e a "educação" estão colocados bem no alto da lista de
planos. Afinal, de modo a alterar radicalmente a sociedade, precisamos "inculcar nas pessoas
mais jovens" as visões planetárias corretas.

Considere as seguintes citações, todas extraídas do Instituto Internacional para o


Desenvolvimento Sustentável (IISD, página na Internet em http://www.iisd.org), uma das
mais prestigiosas organizações ambientalistas que operam nos círculos globais de
governança. Observe o seguinte: o IISD é uma "organização privada e governamental", um
órgão financiado pelo governo canadense e que tem a aparência de autonomia, porém foi
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criado para fazer avançar ações políticas nacionais e internacionais, financiadas em grande
parte com o dinheiro dos impostos pagos pela população. [17].

Ao ler os materiais do IISD, observe os elementos de operações psicológicas direcionados


para a mudança dos valores nacionais e globais e os meios de alcançar essa transformação. A
propaganda não é difícil de detectar. Algumas citações especialmente audaciosas precisam ser
lidas duas ou três vezes para que você consiga compreender o alcance total que elas têm.

"Nas campanhas pelo meio ambiente,


durante qualquer 'ciclo de atenção para um
problema', há uma fase em que o
problema precisa ser estrategicamente
exagerado de modo a estabelecê-lo
firmemente em um plano de ação." [18].

"A educação tem sido avançada como


significativa para produzir mudanças nas
atitudes, comportamentos, crenças e
valores... De modo a redirecionar o
comportamento e os valores rumo à
mudança institucional para o
desenvolvimento sustentável, existe a
necessidade de investigar as opções
estratégicas com relação às filosofias
educacionais, ao âmbito para a propagação
e adoção, e aos grupos mais
provavelmente susceptíveis à mudança."
[19].

"... um novo modo de fazer as coisas é


claramente necessário. Os objetivos da
educação e do treinamento precisam ser
redefinidos e os critérios de sucesso
mensurados em termos de avanços para o
próximo nível... Uma transição precisa
ocorrer: em abordagem, do ensino ao
aprendizado; nos parâmetros do
aprendizado, desde os limites da sala de
aula ou do centro de treinamento até os
elementos dos contextos socioculturais,
políticos e ambientais; e no método, de
responsivo ou pior, passivo, para pró-ativo
e participativo." [20]. [Nota do Editor: Isto é a criação de ativistas.].

"Os jovens estão também bem-posicionados para lutarem por mudanças [no meio
ambiente e pelo desenvolvimento sustentável]. Em sua maioria, eles são
significativamente menos dependentes do sistema econômico, o que lhes dá espaço
para protestar. O protesto deles é mais prontamente reconhecido como sincero e isento
de interesses mesquinhos em comparação com os protestos provenientes de outros
setores sociais. Como produtos da engenharia educacional e social e como herdeiros
deste planeta, eles têm o direito de serem ouvidos. Estando ligadas por instituições
educacionais, as ideias florescem facilmente e fincam raízes." [21].

"... como se diz, se o mundo deve realmente mudar, então a inspiração para essa
mudança não pode vir da sociedade moderna, que está baseada na ideologia
econômica, social e política do Ocidente. A inspiração tem de vir daqueles que veem o
mundo e sua população em sua beleza holística, e não de pessoas que internalizaram os
valores violentos, materialistas e individualistas que a sociedade adquiriu ao longo da
história. Como jovens, é nossa luta nos libertarmos da doutrinação da sociedade
moderna..." [22].

"A tarefa da educação no futuro imediato é ajudar a ativar uma ética de sensibilidade
planetária que nos ajude a praticar as disciplinas que nos protejam das atrações da
nossa cultura mórbida de bens e produtos... Temos de revisar completamente nossa
compreensão ocidental do que deva ser um habitante do planeta Terra, nossa história

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humana e a história ocidental, pois nossa nova situação revela a verdadeira realidade
daquilo que temos feito." [23].

"Precisamos passar para um senso de realidade e de valores centrado no homem para


um senso centrado na Terra. Precisamos agora reconhecer a comunidade maior de toda
a Terra, e não a comunidade humana, como normativa com relação à realidade e aos
valores." [24].

Finalmente, o IISD sugere que uma parte do processo educacional de transformação


sustentável global requer que o grupo-alvo "sinta-se como mestre de suas próprias ideias..."
[25]. Isto é uma operação psicológica clássica.

Lidando com a Propaganda

O exemplo acima, extraído do movimento ambientalista, é somente um em uma longa lista de


iniciativas que flertam com a propaganda, ou que a usam explicitamente. O discurso sobre o
aquecimento global contém muita manipulação de informações, incluindo filmes de
propaganda, como O Dia Depois de Amanhã e Uma Verdade Inconveniente. Da mesma forma,
aspectos do movimento pelos direitos humanos giram em torno da propaganda da "cidadania
global", o que é uma pena, pois existem preocupações com direitos humanos que são
legítimas. [26].

Lamentavelmente, parece que para qualquer lado que você olhe, existe uma inclinação
intencional de desafiar e transformar seus valores centrais. Como Peter Kenez escreveu: "....
é inútil reclamar e denunciar a propaganda, pois ela é uma parte integral do mundo
moderno." [27]. De fato, parece ser.

Para o indivíduo, o perigo real das operações psicológicas vai além do fato de sermos
bombardeados constantemente pela manipulação das informações. Existe um risco mais
fundamental que está escondido. Além disso, esse perigo se expressa de duas maneiras para
o indivíduo:

1) Ignorar ou marginalizar o assunto, proclamando as operações psicológicas como uma


teoria conspiratória ou descartá-la como uma acusação paranóica. Seguir essa abordagem é
ignorar intencionalmente as lições vitais da história, a natureza humana e as estruturas do
poder social.

2) Acreditar que existe um bicho-papão em cada esquina. O caminho da paranóia é tão


autodestrutivo quanto marginalizar o assunto; é um caminho que coloca ênfase excessiva no
medo, ao mesmo tempo que ignora a lógica e a razão.

Portanto, como nos salvaguardamos das operações psicológicas e da propaganda e de outras


táticas de enganação com informações — principalmente ao lidarmos como os paradigmas da
transformação social?

Um modo é fazer perguntas que nos levem a refletir, como: Existe um desafio aos meus
valores, atitudes e crenças naquilo que estou vendo, ouvindo ou experimentando? Em que o
desafio está baseado e como a mensagem está me incentivando a reordenar meus princípios?
Como as informações que estou recebendo se sustentam quando confrontadas pela lógica,
pela história e pelo conhecimento? Agendas mais sutis e mais profundas aparecem
subitamente ao pesquisar o objetivo superficial da mensagem? A mensagem e o significado
das informações estão me induzindo a conformar meu comportamento para aceitar ou rejeitar
um determinado plano, produto ou processo?

Nem sempre é fácil identificar um pacote de operação psicológica/propaganda bem-projetado.


Entretanto, as questões acima ajudam a formular a análise crítica necessária. Como afirma
Joseph. W. Caddell, ao escrever para o Colégio de Guerra do Exército dos EUA: "Uma
metodologia abrangente para lidar com a enganação nunca será escrita. Este é um campo
nebuloso, em constante mutação e de proporções virtualmente infinitas." [28].

Mesmo assim, Caddell, escrevendo principalmente para uma audiência militar, oferece
algumas orientações básicas a serem usadas na batalha contra a enganação:

"Quanto mais você souber sobre seus adversários e sobre os eventos que estão
se desdobrando, melhor preparado estará para enfrentar a enganação... Nunca
dependa de um número limitado de fontes de informações ou de um número
limitado de metodologias de coleta de informações. Quanto mais fontes você
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conhecer, mais difícil será para alguém manipular informações fora do contexto.
Quanto mais uma pessoa sabe, mais provavelmente ela conseguirá detectar uma
fabricação."

"O conhecimento também deve incluir o conhecimento sobre si mesmo.


Reconheça os vieses e pressuposições que você, sua organização e sua cultura
possuem. Acautele-se da 'imagem no espelho' — sempre que alguém assume que
os outros se comportarão de uma maneira similar à forma como ele mesmo faria,
está abrindo a porta para o autoengano." [29].

Tudo isto parece elementar e, em grande parte, é mesmo. É claro que as tecnologias usadas
para transmitir a mensagem estão sempre sendo atualizadas, mas os conceitos fundamentais
permanecem os mesmos. Não nos esqueçamos também que a arte e a ciência da propaganda
são tão antigos quanto os atos de mentir e de manipular e, embora os veículos usados para
disseminar uma mentira ou para influenciar uma audiência possam mudar com o tempo e a
tecnologia, as ações básicas continuam as mesmas.

Caddell reforça esta afirmação. Ao discutir as aparentemente simples contramedidas para


enfrentar a enganação, com o conhecimento e a análise sólida, ele encerra fazendo o seguinte
comentário:

"Estas observações podem parecer todas autoevidentes até para um estudante


casual da enganação. Portanto, alguém pode se perguntar por que essas
afirmações óbvias precisam ser repetidas. A resposta é simples. Nas operações
bem-sucedidas de enganação, o agente perpetrador espera que uma ou mais
dessas observações autoevidentes sejam negligenciadas." [30].

Observação: Dois documentos-fontes usados neste artigo podem ser encontrados na área
restrita do site Forcing Change:

Psychological Operations: First Draft.


Deception 101: A Primer on Deception.

Notas Finais

1. Aristóteles, Política, Livro 8, Parte 1.

2. Brian Nichiporuk e Carl H. Builder, Societal Implications, In Athena’s Camp: Preparing for
Conflict in the Information Age (Santa Monica: RAND/National Defense Research Institute,
preparado para o Gabinete do Secretário de Defesa, 1997), pág. 295.

3. Peter Kenez, The Birth of the Propaganda State: Soviet Methods of Mass Mobilization,
1917-1929 (Cambridge: Cambridge University Press, 1985), pág. 4.

4. Publicado sob a autorização do Chefe da Casa Militar, (Departamento de Defesa Nacional do


Canadá), Quartel-General do Comando Móvel, Psychological Operations – First Draft, CFP
315(5), 1988, pág. 1-1.

5. Idem, págs. 1-3.

6. Idem, págs. 3-14/3-15.

7. Kevin Avruch, James L. Narel, e Pascale Combelles Siegel, Information Campaigns for
Peace Operations (DoD C4ISR Cooperative Research Program/Command and Control Research
Program, 2000), pág. 14.

8. Peter Kenez, pág. 2.

9. Relatório para o Congresso, Serviço de Pesquisa, Public Relations and Propaganda:


Restrictions on Executive Agency Activities (CRS, 8 de fevereiro de 2005).

10. Joseph W. Caddell, Deception 101 – Primer on Deception (Carlisle, PA: Strategic Studies
Institute, US Army War College, 2004), pág. 5.

11. Para um texto sobre o assunto, veja o livro de Jonathan Gawne, Ghosts of the ETO:
American Tactical Deception Units in the European Theater, 1944-1945 (2002).

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12. David E. Powell, Antireligious Propaganda in the Soviet Union: A Study of Mass Persuasion
(Cambridge: MIT Press, 1975), pág. 1.

13. Idem, pág. 5.

14. Idem, pág. 6.

15. Reshaping the International Order: A Report to the Club of Rome (New York: E. P. Dutton,
1976), pág. 100.

16. Mikhail Gorbachev, On My Country and the World (New York: Columbia University Press,
2000), pág. 73.

17. Para um histórico do IISD, incluindo o suporte inicial dado pelo governo do Canadá e pela
província de Manitoba, veja IISD Timeline, http://www.iisd.org/about/timeline.asp. Para ver o
financiamento governamental de fontes canadenses e de outros governos, incluindo os EUA e
países europeus, veja o relatório anual do IISD de 2005-2006. A tabulação dos fundos
gerados pelos impostos dados ao IISD desde sua formação em 1990 chegam às dezenas de
milhões de dólares. A página na Internet do IISD apresenta os relatórios anuais desde 1996.
O autor deste artigo também possui em seu arquivo cópias impressas dos relatórios de anos
anteriores a 1996.

18. Robin Mearns, Environmental Entitlements: Towards Empowerment for Sustainable


Development, Empowerment for Sustainable Development: Toward Operational Strategies
(Winnipeg: International Institute for Sustainable Development/Fernwood Publishing, 1995),
pág. 51.

19. Naresh Singh e Vangile Titi, Empowerment for Sustainable Development: An Overview”
Empowerment for Sustainable Development: Toward Operational Strategies, pág. 27.

20. Gretchen Goodale, Training in the Context of Poverty Alleviation and Sustainable
Development, Empowerment for Sustainable Development: Toward Operational Strategies,
pág. 83.

21. Youth Sourcebook on Sustainable Development (Winnipeg: International Institute for


Sustainable Development, 1994), pág. 60.

22. Idem, pág. 79.

23. Budd Hall e Edmund Sullivan, Transformative Education and Environmental Action in the
Ecozoic Era, Empowerment for Sustainable Development: Toward Operational Strategies, pág.
102.

24. Idem, págs. 102-103.

25. Naresh Singh e Vangile Titi, Empowerment for Sustainable Development: An Overview,
pág. 19.

26. O autor deste relatório já participou de diversas conferências sobre os direitos humanos e
testemunhou a propaganda em primeira mão.

27. Peter Kenez, pág. 4.

28. Joseph W. Caddell, Deception 101, pág. 15.

29. Idem, págs. 15-16.

30. Idem, pág.16.

Autor: Carl Teichrib, artigo original em http://www.forcingchange.org, Edição 2,


Volume 1.
Data da publicação: 26/5/2011
Transferido para a área pública em: 6/12/2012
Revisão: http://www.TextoExato.com
A Espada do Espírito: http://www.espada.eti.br/manipulacao.asp

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