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ANAPAULA ZIGLIO RA: 11921564

DIREITO DO TRABALHO

Qual a diferença entre vigia e vigilante ? Qual(is) faz(em) jus a adicional de


periculosidade e com base em qual hipótese ? Indique referentes normativas
(Leis, NR´s, Portarias) que tratam do tema – enquadramento das funções,
riscos, adicional a que fazem jus, etc

Resposta:

1. VIGIA X VIGILANTE: DIFERENÇAS

Vigia e vigilante são funções diferentes. Conforme a Classificação Brasileira de


Ocupações (CBO), que tem por finalidade classificar as ocupações do mercado de
trabalho, vigia é aquele que recebe e orienta visitantes, além de guardar o
patrimônio do empregador no intuito de evitar anormalidades, como perdas,
incêndios etc. O vigilante, por outro lado, é responsável por salvaguardar o local de
trabalho com o fim precípuo de prevenir e conter delitos, a exemplo do porte ilícito
de armas e munições, zelando pela segurança das pessoas.

Sendo assim, o vigilante, de forma específica, é regido pela Lei 7.102/1983.A Polícia
Federal, por intermédio da portaria n.3233/2012-DG/DPF, de 10 de dezembro de
2012, estabelece requisitos, direitos e deveres para o exercício da profissão de
vigilante. Já o vigia, que normalmente realiza atividades de fiscalização dos locais,
não é regido pela referida Lei 7.102/1983, não se exigindo, assim, os requisitos nela
determinados.

Os vigilantes são considerados como segurança privada e desenvolvem atividades


de prestação de serviços com a finalidade de proceder à vigilância patrimonial das
instituições financeiras e de outros estabelecimentos, públicos ou privados, bem
como a segurança de pessoas físicas; realizar o transporte de valores ou garantir o
transporte de qualquer outro tipo de carga. O vigilante, assim, é o empregado
contratado, justamente, para a execução das referidas atividades.

Para o exercício da profissão, o vigilante deve preencher os seguintes requisitos:


ser brasileiro; ter idade mínima de vinte e um anos; ter instrução correspondente à
quarta série do primeiro grau; ter sido aprovado, em curso de formação de vigilante,
realizado em estabelecimento com funcionamento autorizado nos termos desta lei;
ter sido aprovado em exame de saúde física, mental e psicotécnico; não ter
antecedentes criminais registrados; e estar quite com as obrigações eleitorais e
militares.

Importante ressaltar que a vigilância e o transporte de valores devem ser


executados por empresa especializada contratada, ou pelo próprio estabelecimento
financeiro, desde que organizado e preparado para tal fim, com pessoal próprio,
aprovado em curso de formação de vigilante autorizado pelo Ministério da Justiça e
cujo sistema de segurança tenha parecer favorável à sua aprovação emitido pelo
Ministério da Justiça.

“VIGIA E VIGILANTE. DIFERENCIAÇÃO. A função do vigilante se destina


precipuamente a resguardar a vida e o patrimônio das pessoas, exigindo porte de
arma e requisitos de treinamento específicos, nos termos da lei nº 7.102/83, com as
alterações introduzidas pela lei nº 8.863/94, exercendo função parapolicial. Não
pode ser confundida com as atividades de um simples vigia ou porteiro, as quais se
destinam à proteção do patrimônio, com tarefas de fiscalização local. O vigilante é
aquele empregado contratado por estabelecimentos financeiros ou por empresa
especializada em prestação de serviços de vigilância e transporte de valores, o que
não se coaduna com a descrição das atividades exercidas pelo autor, ou seja, de
vigia desarmado, que trabalhava zelando pela segurança da reclamada de forma
mais branda, não sendo necessário o porte e o manejo de arma para se safar de
situações emergenciais de violência.” (TRT-3ª Reg., 6ª T., RO-00329-2014-185-03-
00-6, Rel. Juíza Convoc. Rosemary de Oliveira Pires, DEJT 14.07.2014).

Portanto, para trabalhar como vigia não é preciso fazer um curso de formação,
geralmente o profissional que ocupa essa função, não tem qualificação na área de
segurança. A figura do vigia não está contemplada na legislação de segurança
privada. Apesar de que, em alguns casos, ele realiza função semelhante ao do
vigilante, este profissional não pode utilizar armamento e não é controlado pela
Polícia Federal. Ou seja, o vigia não realiza os cursos de formação e reciclagem
obrigatórios para o vigilante.
Por não poder manusear arma de fogo, são responsáveis basicamente pela
manutenção da ordem e segurança dos locais, priorizando a proteção do
patrimônio, através da ronda local. Eles não têm a profissão regulamentada, não
tem fiscalização e cursos específicos que orientem a sua formação.

Em relação às atividades exercidas, de forma objetiva, os vigias além de não serem


especializados e atuarem de forma não ostensiva, realizam apenas serviços de
vistoria do patrimônio fechado.

2. VIGIA X VIGILANTE: ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

No dia 15 de julho de 2016, o TST entendeu que a atividade de vigia e vigilante não
são equiparadas, e, portanto, não se aplica o adicional de 30% previsto à vigilantes,
aos vigias (RR-480-86.2015.5.06.0251).

Isto porque, apesar de existir risco de vida no exercício das funções de vigia, é certo
que a atividade do vigilante exige não apenas maior especialização, como também
requisitos previstos em lei própria, lei nº 7.102/1983, que dispõe sobre a segurança
para estabelecimentos financeiros, estabelece normas para constituição e
funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de
transporte de valores, e dá outras providências.

Em síntese, o profissional que atua enquanto vigia, por não preencher os requisitos
previstos no art. 193 da CLT e no Anexo 3 da NR-16, específicos dos vigilantes, não
tem direito a receber o respectivo adicional de periculosidade, tendo em vista que
sua ocupação não se enquadra como perigosa nos termos da legislação pertinente.
A ele cabe apenas o direito ao adicional noturno, caso trabalhe em período noturno.

Sendo assim, apenas os VIGILANTES e / ou GUARDAS DE SEGURANÇA fazem


jus ao pagamento do adicional de periculosidade previsto no artigo 193, inciso II, da
CLT. Profissionais que se distinguem das funções de porteiro, vigia, guariteiro,
atendente de portaria e similares, porque estas não são atinentes a vigilância e
segurança, mas, sim, a asseio e conservação.

Ainda, o § 3º, do artigo 193, da CLT, autoriza o desconto ou compensação do


adicional de periculosidade com outros da mesma natureza já concedidos ao
vigilante por meio de Acordo Coletivo, que é a norma pactuada entre o Empregador
(própria Empresa, sem o sindicato patronal) e o sindicato da categoria dos
Empregados.

Mas, vale ressaltar que o que gera o direito ao adicional de periculosidade não é
exatamente o nome do cargo registrado na CTPS, mas a função efetivamente
exercida pelo empregado.

Assim, mesmo que o empregado seja registrado como vigia, mas exerça a função
de vigilante ou esteja enquadrado nas hipóteses previstas na Portaria MTE
1.885/2013, este terá direito ao adicional de periculosidade.

3. VIGIA: REGULAMENTAÇÃO

Como visto acima, o vigia não tem a profissão regulamentada por lei. Não tem
exigência legal de um curso de formação para atuar na área. Aos vigias são
assegurados todos os direitos previstos e garantidos pela Constituição Federa de
88l e CLT. A profissão também não tem um salário base, ele varia de acordo com o
local de trabalho e o empregador. A profissão é registrada no Código Brasileiro de
Ocupações, CBO, com o número CBO 517420-Vigia.

4. VIGILANTE: DIREITOS

Os direitos do vigilante são o recebimento de uniforme às expensas do empregador;


porte de arma, quando em efetivo exercício; a utilização de materiais e
equipamentos em perfeito funcionamento e estado de conservação, inclusive armas
e munições; a utilização de sistema de comunicação em perfeito estado de
funcionamento; treinamento regular; seguro de vida em grupo, feito pelo
empregador; adicional noturno; e prisão especial por ato decorrente do serviço. O
salário do vigilante é estipulado e ajustado anualmente, mediante negociação e
acordo entre o sindicato das empresas de segurança privada e os sindicatos que
representam a categoria.

5. VIGIA X VIGILANTE: ADICIONAL NOTURNO


São assegurados ao vigia e vigilante noturno os mesmos direitos assegurados aos
demais trabalhadores noturnos. Além da redução da hora noturna para 52 minutos e
30 segundos, haverá o pagamento do adicional noturno de no mínimo 20% sobre a
hora diurna.

Súmula 65 do TST: “O direito à hora reduzida para 52 (cinquenta e dois) minutos e


30 (trinta) segundos aplica-se ao vigia noturno.”

Súmula 140 do TST: “É assegurado ao vigia, sujeito ao trabalho noturno, o direito


ao respectivo adicional.”

Adicional noturno após às 05 horas da manhã

O vigia ou vigilante que, após cumprir sua jornada normal noturna de trabalho,
continuar a prestar seus serviços em horário extraordinário diurno, terá assegurado
o direito de receber o adicional inclusive sobre as horas diurnas, além das horas
extras. Este é o entendimento jurisprudencial em relação ao sentido do § 5º do art.
73 da CLT, consubstanciado na Súmula 60 do TST.

6. FONTES:
- GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa."Qual a diferença entre vigia e vigilante?",
IN site Gen Jurídico. Disponível em:
http://genjuridico.com.br/2014/09/02/qual-a-diferenca-entre-vigia-e-vigilante/;
Acesso em 11.09.2020, 00:26
- SEM AUTOR. "Vigia não é vigilante: entenda cada função", IN site Globaseg.
Disponível em: https://www.globalsegmg.com.br/vigia-nao-e-vigilante/.
Acesso em 11.09.2020, 00:26
- SEM AUTOR. "Vigilante tem direito a adicional de periculosidade?", IN Blog
Segurança do Trabalho. Disponível em:
https://www.blogsegurancadotrabalho.com.br/vigilante-tem-direito-a-adicional-
de-periculosidade/. Acesso em 11.09.2020, 00:26
- CARVALHO, Bruno Henrique Vaz. “Vigia x Vigilante e o Adicional de
Periculosidade. Quem tem direito?”, IN site Jusbrasil. Disponível em:
https://jus.com.br/artigos/74724/vigia-x-vigilante-e-o-adicional-de-
periculosidade-quem-tem-direito-1. Acesso em 11.09.2020, 00:26
- FERNANDES, Thais Yoshioka Nitta. " Vigia, vigilante e o adicional de
periculosidade previsto na lei nº 12.740/2.012", IN site Mais sociedade de
advogados. Disponível em: http://lfmaia.com.br/pt_br/artigos/vigia-vigilante-e-
o-adicional-de-periculosidade-previsto-na-lei-no-12-740-2-012. Acesso em
11.09.2020, 00:26
- MARCONDES, Sérgio. “Vigia: Profissão, significado, função, atribuições,
direitos e deveres”, IN site Gestão de segurança privada. Disponível em:
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/vigia-profissao-significado-funcao/.
Acesso em 11.09.2020, 00:26
- MARCONDES, Sérgio. “Vigilante: Profissão, significado, função, atribuições,
direitos e deveres”, IN site Gestão de segurança privada. Disponível em:
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/profissao-de-vigilante/. Acesso em
11.09.2020, 00:26
- CESCONETTO, Gizelle, "Direito do Trabalho: Vigias ou Vigilantes", IN site
Notícias Concursos. Disponível em: https://noticiasconcursos.com.br/direitos-
trabalhador/direito-do-trabalho-vigias-ou-vigilantes/. Acesso em 11.09.2020,
00:26.

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