Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 415 1
Alice Hadler
Giovanni Kuckartz Pergher
INTRODUÇÃO
A Terapia
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma abordagem
inicialmente desenvolvida para o tratamento de transtornos mentais
em adultos (Beck, 1976), vem ganhando um espaço muito significati-
vo dentre aqueles que buscam atendimento psicológico para crianças.
Sabemos que, a cada dia, há uma variedade de problemas de saúde
mental apresentados nas crianças e que os pais e/ou a escola têm difi-
culdade para administrar
administrar..
A TCC parte da ideia fundamental de que aquilo que senti-
mos e fazemos é influenciado por aquilo que pensamos, de modo
que emoções e comportamentos disfuncionais são decorrentes de ma-
neiras desadaptativas de pensar. Como uma derivação lógica dessa
premissa, a terapia vai orientar o paciente a pensar de
d e maneiras mais
saudáveis, levando a um melhor enfrentamento de seus problemas.
Trabalha com problemas que estão afetando o dia a dia da criança,
isto é, uma abordagem no aqui e agora.
Quando falamos em TCC com crianças, é possível que pen-
semos que é igual a do adulto, uma vez que se baseia nos mesmos
pressupostos. Algumas modificações, contudo, fazem-se necessárias
para que as crianças possam se beneficiar da TCC. Sabemos que, com
crianças, é necessário todo um envolvimento para elas se engajarem
na terapia. A terapia se torna mais trabalhosa, abrangendo a família,
e o terapeuta tem de usar sua criatividade, pois muitas técnicas que
1 416 1 O Uso da Brincadeira na Terapia Cognitivo-Comportamental
CONCEITO DE BRINCAR
neste capítulo não devem ser entendidas como “receitas de bolo”; an-
tes disso, são apenas exemplos de como a criatividade e a brincadeira
podem ser utilizados na TCC com crianças.
É de extrema importância que o terapeuta use sua criativida-
de na questão de adaptar as técnicas necessárias para determinada
criança. Temos, porém, de levar em consideração que o uso dessas
técnicas deve ter um objetivo para a aplicação, não apenas aplicar, e
principalmente respeitar os princípios básicos da Terapia Cognitivo-
Comportamental (Friedberg & McClure, 2004).
Em primeiro lugar, para que haja uma participação ativa da
criança no processo da terapia, é preciso conhecer o seu problema.
Em segundo lugar, após saber qual é o seu problema, a criança precisa
saber que existem meios para modificá-lo. Para que ocorra a mudan-
ça terapêutica, o terapeuta ajuda a criança a desenvolver habilidades
para chegar à mudança desejada.
Os métodos (ferramentas) utilizados são específicos para aque-
la problemática, claro que cuidando o nível de desenvolvimento que
a criança apresenta. É importante que consigamos fazer uma parceria
com a criança. Para tanto, é preciso utilizar boas habilidades de es-
cuta, transmitindo empatia e interesse. Uma excelente forma de de-
monstrar empatia é tornar a terapia algo divertido (o que não quer
dizer que a terapia seja uma brincadeira), pois, se nos colocarmos
no lugar da criança, facilmente reconheceremos que nos sentiríamos
mais motivados para mudança se esta acontecesse dentro de uma at-
mosfera lúdica (Stallard, 2007).
Shirk (2001) salienta que a terapia cognitiva para crianças é ine-
rentemente integrativa, com igual ênfase e fatores cognitivos, compor-
tamentais e interpessoais. O foco direto nas cognições que se supõe es-
tarem por trás de problemas infantis específicos em muitos programas
de tratamento, todavia, em geral é extremamente limitado.
Quando falamos em atendimento infantil, temos de ter em
mente que o terapeuta é que deve se adaptar a criança e não a criança
ao terapeuta; por isso, os terapeutas têm de se adaptar ao funcio-
namento da criança. Essa adaptação proporciona um atendimento
adequado e que não fuja da limitação que a criança apresenta para,
NOVAS TEMÁTICAS EM TERAPIA COGNITIVA 1 423 1
Toca a campainha
Feliz É minha prima.
em casa
É o médico com
Triste notícias ruins sobre
meu irmão.
É um mendigo pedindo
Irritado
comida.
É a mãe de um colega
Preocupado com quem briguei
na escola.
1 428 1 O Uso da Brincadeira na Terapia Cognitivo-Comportamental