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Resumo do livro

“Criar filhos compassivamente”


Marshall Rosenberg

por Pedro Consorte

*Nota: lembre-se de que este é apenas um resumo.


CUIDADO COM A DESUMANIZAÇÃO

Atenção para a palavra ​filho ​ou filha​, principalmente se isso quiser


dizer um tipo diferente de respeito, diferente do respeito que
estabelecemos com outras pessoas.

Muitas vezes, podemos estabelecer uma comunicação menos


respeitosa e compassiva com filhos. Como é fácil desumanizar filhos, no
sentido de não compreender ou tolerar certos comportamentos, e
puni-los com um olhar severo.

O olhar desumanizador é aquele olhar que rotula a pessoa dentro de


uma imagem fixa, que tranca ela numa gaiola sob um rótulo que a
restringe. Ou seja, crenças que estabelecemos com nossos filhos, a
partir das quais imaginamos que eles não são capazes de certas coisas,
como um tipo de preconceito, um processo de desqualificação.

rótulos como esses podem nos impedir de ver a outra pessoa como um
ser humano, por causa daquilo que nossa cultura nos ensina sobre
como são as “crianças”.
QUAL É O SEU PAPEL?

Qual seria o papel de um pai ou de uma mãe, na cultura convencional?


Fazer a criança se comportar bem. É desse ponto de vista que
cultivamos o papel da autoridade, é aquele que precisa fazer os outros
se comportarem bem.

Porém existe uma derrota neste objetivo, porque geralmente quando


queremos impor um certo tipo de comportamento, as pessoa
naturalmente reagem com resistência, e isso vale para todas as idades.

Esse jeito de lidar, impondo comportamentos, ameaça a autonomia das


pessoas e sempre que elas se dão conta disso, elas resistem, mesmo
quando entendem o propósito daquilo que estamos impondo.

Uma das maiores lições é se dar conta de que é impossível forçar


nossos filhos a se comportar de uma certa maneira. Outra lição é de
que a punição pelo fato de eles não se comportarem do jeito que
gostaríamos também é algo trágico. A violência gera violência.

Qualquer uso de coerção cria resistência. Não recomendo ter esse tipo
de relação com ninguém, muito menos com nossos filhos. Entretanto o
conceito de punição é muito defendido por pais e mães.
2 PERGUNTAS NORTEADORAS

Existem duas perguntas que podem te ajudar a refletir sobre isso;

1) O que você quer que a criança faça de outro modo? Talvez a


punição, a ameaça ou o castigo funcionem para influenciar a
criança a fazer o que queremos que ela faça.
2) Quais as motivações que queremos que a criança tenha para agir
como desejamos?

Estas duas perguntas nos ajudarão a ver que a punição é ineficaz para
fazer com que as crianças realizem coisas pelos motivos que
desejamos.

Talvez você já esteja contestando esse pensamento, achando que aqui


estamos defendendo a permissividade, que não deveríamos fazer nada
quando as crianças se comportam de maneira divergente aos valores
dos pais.

Isso é porque pais e mães acham que se não punirem, a outra


alternativa seria não fazer nada. Mas há alternativas que vão para além
da punição ou da recompensa.

Em vez de querermos fazer com que as crianças se comportem de um


certo jeito, podemos buscar criar uma qualidade de vínculo necessária
para atender as necessidades de todos.
O “PODER SOBRE” E O “PODER COM”

Essa diferença é crucial para encontrar alternativas baseadas no


cuidado e respeito mútuo. O objetivo é criar um espaço, um vínculo,
para que os dois sintam que suas necessidades estão sendo levadas a
sério e que cada um tem um conjunto de necessidades independentes.

Esse é o caminho central para viver uma relação diferente com as


crianças. Ele não alimentará uma avaliação moralista da infância
(pautada no certo/errado, bom/mau), e focará na consciência sobre as
necessidades de todos.

A ideia é comunicarmos se certos comportamentos estão em harmonia


ou não com nossas necessidades, sem recorrer ao cultivo da vergonha
ou da culpa.

Em vez de pensarmos que “É errado ele bater no irmão dele”, podemos


pensar que “Fico com medo quando vejo ele batendo no irmão dele,
porque preciso que as pessoas dessa família estejam seguras”.

Em vez de pensarmos que “Ele é um preguiçoso porque não arrumou o


quarto”, podemos pensar que “Fico frustrado quando vejo que a cama
dele não está arrumada porque preciso de apoio para manter a casa em
ordem”.
TRANSFORMAR ENTENDIMENTO E LINGUAGEM

Essa transformação no pensamento e na linguagem não será fácil, por


isso é importante treinar fazer essa prática para que estejamos prontos
para realizá-la quando necessário. Não há palavras certas para falar, há
uma intenção.

Quando uma criança apresenta um sentimento de tristeza ou de


frustração, em vez de investigarmos quem seriam os culpados,
podemos tentar estabelecer uma compreensão respeitosa com seus
sentimentos. Às vezes elas precisam de compreensão, presença e
empatia e não de conselhos.

Caso você pense que esta forma de pensar ou falar não é tão natural,
lembre-se de que existe uma diferença entre aquilo que é natural e
aquilo que é habitual. A base disso é a prática e o esforço para
incorporar esta visão.

É possível que isso demore, porque é um processo de desconstrução e


reconstrução. Nesse processo, você pode escolher entre demorar um
pouco para reagir, enquanto escolhe como quer reagir, ou reagir
rapidamente, utilizando os recursos coercitivos que você já conhece.

Perceba que existe também uma responsabilidade do nosso entorno em


dificultar ou facilitar que nós façamos isso, pois a cultura habitual reforça
a ideia de punição e culpabilização.
Talvez outras pessoas não entendam a sua nova forma de criar seus
filhos, talvez te considerem permissivo.

Porém, o resultado trágico de nos basearmos na coerção para educar é


que, a partir de um certo momento, tudo o que dissermos a nossas
crianças será interpretado como uma exigência e, consequentemente,
uma fonte de desconexão.
PEDIDO OU EXIGÊNCIA?

Uma ideia para você verificar em qual tipo de intenção está operando, é
você se perguntar, a cada pedido que fizer à sua criança; “Isso é um
pedido ou uma exigência?”.

Quando as pessoas ouvem exigências, entendem que o nosso amor,


respeito e cuidado são condicionais. Ou seja, apenas gostamos delas
quando se comportam do jeito que queremos.

Isso não quer dizer que devemos gostar de tudo o que as crianças
fazem, nem que devemos ser permissivos ou abrir mão de nosso
valores. Podemos estabelecer o mesmo nível de respeito e
compreensão tanto quando fazem quanto quando não fazem o
queremos.

Quando colocamos em prática esse olhar, nossos filhos também


aprenderão a lidar com o mundo de outra forma, mesmo nos ambientes
mais coercitivos.
USO DA FORÇA COMO PUNIÇÃO OU PROTEÇÃO

Caso haja uma situação de perigo ou risco, podemos recorrer à força


como uma ação protetora e não punitiva.

O uso punitivo da força ocorre quando quem age está agindo a partir de
um olhar moralista, que decide que aquele que está errado merece ser
punido, para aprender através do arrependimento. Pode ser um castigo
físico ou psicológico.

Porém o uso protetivo da força está conectado com a proteção das


necessidades que estão inseguras ou em risco. A diferença está na
intenção. A primeira tem a intenção de causar dor a segunda ™ a
intenção de proteger e oferecer segurança.

Podemos diferenciar também o controle sobre a criança e o controle


sobre o ambiente. No uso protetor, não queremos controlar a criança,
queremos controlar o ambiente para que ele cuide de nossas
necessidades.
COMUNIDADE E REDE DE APOIO

Para conseguir cultivar esse olhar e essas ações práticas, é importante


estabelecer vínculos com uma comunidade que te apoie nesse
processo, pois o resto da sociedade se apoia em outras lógicas,
geralmente punitivas.

Com uma comunidade de apoio será mais fácil incorporar esses


valores, principalmente porque você precisará de empatia para lidar
com esse processo de transformação. É importante fazer parte de um
grupo, para trocar impressões, contar sobre frustrações e aprender
junto.

É muito fácil recair sobre hábitos antigos. Ninguém é perfeito. Por isso,
lembre-se de que vale a pena fazer de um modo que seja menos que
perfeito. Se nos castigarmos sempre que formos imperfeitos, nossas
crianças também sofrerão com isso.

A ideia de que existe um bom pai ou uma boa mãe pode ser
extremamente tóxica. Por isso, a proposta aqui é que possamos ser
progressivamente cada vez menos ignorantes e aprendermos com cada
situação que não conseguirmos oferecer a empatia ou a honestidade
que gostaríamos de ter oferecido.

Precisamos de apoio emocional como pais e mães, para poder oferecer


apoio a nossas crianças. Por isso que é tão importante você cultivar
uma comunidade, uma rede de pessoas que possa te apoiar.
Espero que essa leitura tenha contribuído com o seu aprendizado. Se
quiser receber mais textos e materiais gratuitos como este, é só
cadastrar seu email no site ​https://pedroconsortebr.wordpress.com/

PEDRO CONSORTE

Olá, eu sou o Pedro e, hoje em dia, eu atuo como consultor de ​Comunicação voltada para
a ​Inteligência Emocional e para o ​Desenvolvimento Humano​. Em outras palavras, eu
ensino caminhos para as pessoas melhorarem a qualidade dos relacionamentos, através de
formas mais construtivas de se comunicar.

Facilitador de grupos há mais de 15 anos, internacionalmente reconhecido, já trabalhei em


mais de 15 países (América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África), tenho
Foundation Course em Música (CCCU, Inglaterra), Graduação em Comunicação das Artes
do Corpo (PUCSP), Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação e Metodologias
Colaborativas (UNIP), Mestrando em Comunicação e Semiótica (PUCSP), sou ex-performer
do espetáculo internacional STOMP (Londres), co-fundador do projeto Música do Círculo
(música e conexão humana), co-fundador do Festival da Empatia (online), tenho
treinamento internacional pelo CNVC (Center for Nonviolent Communication) e sou
voluntário no CVV (Centro de Valorização da Vida), oferecendo apoio emocional e
trabalhando na prevenção do suicídio.

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