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1. Introdução
As linhas de influência (LI) estão ligadas a análise de estruturas submetidas a ação
de cargas móveis e acidentais. Exemplos de estruturas submetidas a cargas
móveis: pontes rodoviárias e ferroviárias, pórticos industriais que suportam
pontes rolantes.
Os esforços internos variam agora não só com a magnitude das cargas, mas
também com o seu ponto de aplicação ao longo da estrutura. É fundamental
identificar qual é o ponto de aplicação da carga que gera os maiores valores de
esforços internos, para assim, posteriormente, dimensionar a estrutura.
O procedimento geral e objetivo para determinar as posições de cargas móveis e
acidentais que provocam valores extremos de determinado esforço interno em
uma seção transversal de uma estrutura é feito com o auxílio das linhas de
influência.
O traçado das linhas de influência permite obter as chamadas “envoltórias limites”
de esforços internos, que são necessárias para o dimensionamento de estruturas
submetidas a cargas móveis ou acidentais. Essas “envoltórias limites” de esforços
internos descrevem, para um conjunto de cargas permanentes e cargas móveis ou
acidentais, os valores máximos e mínimos dos esforços internos (momento fletor,
esforço cortante e esforço normal) em todas as seções transversais da estrutura.
As envoltórias são, em geral, obtidas por interpolação de valores máximos e
mínimos, respectivamente, de esforços internos calculados em um determinado
número de seções transversais ao longo da estrutura.
2. Linhas de influência
Uma LI descreve a variação de um determinado efeito em uma dada seção
transversal da estrutura em função da posição de uma força vertical (orientada
para baixo) e unitária que percorre a estrutura. A Figura 1.1 mostra a LI de
momento fletor em uma seção S indicada:
Figura 1.1
Exemplo
Vamos agora exemplificar o cálculo do momento fletor máximo e mínimo na seção
S da viga apresentada na Figura 1.1. Consideramos que na viga agem dois tipos de
carregamento: o permanente ( ) e o acidental ( ).
O carregamento permanente, constituído do peso próprio da estrutura, é
representado por uma força uniformemente distribuída , agindo ao longo de toda
a viga, conforme a Figura 1.2:
Figura 1.2
( )= ( )
Figura 1.3
O que procura-se são as posições que a carga deve assumir para que o momento
fletor em S seja maximizado e minimizado. Neste caso, o valor máximo do
momento fletor em S devido a carga acidental (( ) á ) é obtido quando a carga
está posicionada sobre ordenadas positivas da linha de influência de momentos
fletores, conforme a Figura 1.4.
Figura 1.4
Figura 1.5
Assim, os valores máximo ( ) á e mínimo ( ) í podem ser obtidos por
integração do produto de ( ) por nos trechos positivos e negativos
respectivamente:
( ) á = ( ) + ( )
( ) í = ( )
( ) í = +( ) í
Observe que:
• O valor máximo final de um determinado esforço interno em uma seção
transversal pode não ser positivo, assim como o valor mínimo final pode
não ser negativo. Isso depende da magnitude dos valores da carga acidental
e permanente .
• Quando os valores máximos e mínimos de um esforço interno em uma
seção transversal têm o mesmo sinal, o esforço interno utilizado no
dimensionamento é aquele com a maior magnitude.
• Quando os valores máximos e mínimos de um esforço interno em uma
seção transversal possuírem sinais opostos, ambos podem ser esforços a
serem considerados no dimensionamento (esforços dimensionantes).
Figura 1.6
Figura 1.7
+↻ ! = 0 ⟹ ( = 1) − &' ( = 0 ⟹ &' =
(
(−
+↻ ' = 0 ⟹ ( = 1)(( − ) + &! ( = 0 ⟹ &! =
(
Impondo agora o equilíbrio para a parte a esquerda da seção S:
Figura 1.8
(−
+↑ *+ = 0 ⟹ −1−, =0⟹, =−
( (
(− (
+↻ =0⟹- . − ( = 1)( − ) − =0⟹ = − − +
( ( (
(− 1
⟹ = /1 − 0 = - .=
( ( (
Impondo agora o equilíbrio para a parte a direita da seção S:
Figura 1.9
− +(
+↑ *+ = 0 ⟹ , − ( = 1) + =0⟹, =− +1=
( ( (
1
+↻ =0⟹− 1 + ( = 1)( − ) + =0⟹ = − +
( (
(( − ) ( (
= − + = − − + =− + = (− + ()
( ( ( ( ( (
As LIs para os valores das reações de apoio podem ser traçadas a partir das
equações de &! e &' . A LI para a reação de apoio em A está representada na
seguinte figura:
Figura 1.10
Figura 1.11
Figura 1.12
Figura 1.13
Para seções transversais localizadas nos balanços da viga biapoiada, as LIs são
obtidas facilmente impondo o equilíbrio no trecho em balanço, conforme a Figura
1.14.
Figura 1.14
+↑ *+ = 0 ⟹ −( = 1) − , = 0 ⟹ , = −1
+↻ = 0 ⟹ −( = 1)( − ) − =0⟹ = −
Figura 1.15
Observe que para cargas aplicadas nos balanços da viga, entre o extremo do
balanço e a seção S, as LIs possuem valores não nulos, enquanto que no restante da
viga as LIs possuem valores nulos.
Figura 1.16
Figura 1.17
Figura 1.18
3
+↻ ' 56 = 0 ⟹ −20 ⋅ 3 ⋅ − ' 56 =0⟹ ' 56 = −90DEH
2
3°Passo: Equilíbrio do nó B
Figura 1.19
Figura 1.20
E que:
,( )
= ( )
Figura 1.21
Agora vamos calcular os valores mínimos e máximos para o esforço cortante, nas
seções selecionadas, provocadas pela carga móvel. Para cada uma das seções
transversais são traçadas as LIs de esforço cortante com base nos procedimentos
descritos na seção 3. Para cada LI traçada posiciona-se a carga móvel sobre as
ordenadas negativas para obter-se os máximos, conforme já descrito na seção 2. Os
valores extremos (maiores valores em módulo) são obtidos quando a força
concentrada do veículo de projeto com maior intensidade (no caso, 20 kN) está
posicionada sobre a maior ordenada (em módulo) da LI. No exemplo, isto é fácil,
pois existem somente duas forças concentradas no trem-tipo e as LIs são
relativamente simples. A pesquisa da posição crítica para um trem-tipo mais
complexo (mais eixos por exemplo) e para LIs com mais variações de sinais,
inclusive com trechos curvos, é uma tarefa relativamente trabalhosa que,
normalmente, é feita com o auxílio de programas de computador.
Apresentam-se os cálculos seção a seção a seguir.
Seção 2
Figura 1.22
Seção 456
Figura 1.23
L. .
/,'NOP 0 = 10 ⋅ (−1,00) + 20 ⋅ (−1,00) + 10 ⋅ (−1,00 ⋅ 3) = −60,00DE
í
L. .
/,'NOP 0 =0
á
Seção 4789
Figura 1.24
L. . 1
Q,'RST U = 20 ⋅ (−0,25) + 10 ⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ . = −8,75DE
í 2
L. . 1 1
Q,'RST U = 20 ⋅ (1,00) + 10 ⋅ (0,75) + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -1 ⋅ 12 ⋅ .
á 2 2
= 91,25DE
Seção :
Figura 1.25
1 1
(,W )L. í . = 20 ⋅ (−0,25) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= −12,50DE
1 1
(,W )L. á . = 20 ⋅ (0,75) + 10 ⋅ (0,5) + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -0,75 ⋅ 9 ⋅ .
2 2
= 57,50DE
Seção ;
Figura 1.26
1 1
(,X )L. í . = 20 ⋅ (−0,5) + 10 ⋅ (−0,25) + 10 ⋅ -−0,5 ⋅ 6 ⋅ . + 10 ⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= −31,25DE
1 1
(,X )L. á . = 20 ⋅ (0,5) + 10 ⋅ (0,25) + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -0,5 ⋅ 6 ⋅ .
2 2
= 31,25DE
Seção <
Figura 1.27
1 1
(,Y )L. í . = 20 ⋅ (−0,75) + 10 ⋅ (−0,50) + 10 ⋅ -0,75 ⋅ 9 ⋅ . + 10 ⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= −57,50DE
1 1
(,Y )L. á . = 20 ⋅ (0,25) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= 12,50DE
Seção *56
Figura 1.28
L. . 1
/,>NOP 0 = 20 ⋅ (−1,0) + 10 ⋅ (−0,75) + 10 ⋅ -−1,00 ⋅ 12 ⋅ . + 10
í 2
1
⋅ -−0,25 ⋅ 3 ⋅ . = −91,25DE
2
L. . 1
/,>NOP 0 = 20 ⋅ (0,25) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -0,25 ⋅ 3 ⋅ . = 8,75DE
á 2
Seção *789
Figura 1.29
L. .
Q,>RST U =0
í
L. .
Q,>RST U = 20 ⋅ (1,00) + 10 ⋅ (1,00) + 10 ⋅ (1,00 ⋅ 3) = 60DE
á
Seção =
Figura 1.30
(,Z )L. í . = 0
(,Z )L. á . = 20 ⋅ (1,00) = 20DE
Fazemos agora, por meio de uma tabela, a composição dos esforços internos
(esforços cortantes neste caso) gerados pela carga permanente e pela carga móvel:
Carga móvel
Envoltória (kN)
Seção Carga permanente (kN) (kN)
200,00
100,00
Q (kN)
0,00
0,00 3,00 6,00 9,00 12,00 15,00 18,00
-100,00
-200,00
-300,00
x (m)
Figura 1.31
Agora vamos calcular os valores mínimos e máximos para o momento fletor nas
seções selecionadas provocadas pela carga móvel para, assim, traçar a envoltória
Figura 1.32
1
( ') í
L. .
= 20 ⋅ (−3,00) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -−3,00 ⋅ 3 ⋅ . = −105,00DEH
2
( ') á
L. .
=0
Seção :
Figura 1.33
1 1
( W) í
L. .
= 20 ⋅ (−2,25) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -−2,25 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -−0,75 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= −90DEH
1
( W) á
L. .
= 20 ⋅ (2,25) + 10 ⋅ (1,50) + 10 ⋅ -2,25 ⋅ 12 ⋅ . = 195DEH
2
Seção ;
Figura 1.34
1
( X) í
L. .
= 20 ⋅ (−1,50) + 10 ⋅ (0) + [10 ⋅ -−1,50 ⋅ 3 ⋅ .\ ⋅ 2 = −75DEH
2
1
( X )L. á . = 20 ⋅ (3,00) + 10 ⋅ (1,50) + 10 ⋅ -3,00 ⋅ 12 ⋅ . = 255DEH
2
Seção <
Figura 1.35
1 1
( Y) í
L. .
= 20 ⋅ (−2,25) + 10 ⋅ (0) + 10 ⋅ -−0,75 ⋅ 3 ⋅ . + 10 ⋅ -−2,25 ⋅ 3 ⋅ .
2 2
= −90DEH
1
( Y) á
L. .
= 20 ⋅ (2,25) + 10 ⋅ (1,50) + 10 ⋅ -2,25 ⋅ 12 ⋅ . = 195DEH
2
Seção *
Figura 1.36
1
( >) í
L. .
= 20 ⋅ (−3,00) + 10 ⋅ (0) + 10 ∙ -−3,00 ⋅ 3 ⋅ . = −105DEH
2
( >) á
L. .
=0
Fazemos agora, por meio de uma tabela, a composição dos esforços internos
(momentos fletores neste caso) gerados pela carga permanente e pela carga móvel:
Carga Carga móvel (kNm) Envoltória (kNm)
Seção permanente
(kNm) Mín. Máx. Mín. Máx.
2 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 -90,00 -105,00 0,00 -195,00 -90,00
: 180,00 -90,00 195,00 90,00 375,00
; 270,00 -75,00 255,00 195,00 525,00
< 180,00 -90,00 195,00 90,00 375,00
* -90,00 -105,00 0,00 -195,00 -90,00
= 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Com os valores da tabela podemos traçar a envoltória dos momentos fletores para
a viga:
-200,00
-100,00
0,00 3,00 6,00 9,00 12,00 15,00 18,00
0,00
M (kNm)
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
Figura 1.37