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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – UESC


Colegiado de Direito

IVERLUCE BRITO DE SOUZA SANTOS

Texto Argumentativo sobre o tema

A Relevância do Princípio da tolerância para a Teoria do Estado

ILHÉUS – BAHIA
2021
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SUMÁRIO

A Relevância do princípio da tolerância para a Teoria do Estado................................3


REFERÊNCIAS.............................................................................................................5
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A Relevância do princípio da tolerância para a Teoria do Estado

Para compreendermos a proposta do tema, é mister que conceituemos o que


é Teoria de Estado, sua origem histórica, e suas implicações para a sociedade.

De acordo com DALLARI³ (1998, p. 5;7), Teoria Geral do Estado, o que em


seu livro vai ser denominado posteriormente como Teoria do Estado, “é uma
disciplina de síntese, que sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos,
sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos, psicológicos,
valendo-se de tais conhecimentos para buscar o aperfeiçoamento do Estado”. E
define como seu objeto de estudo “o Estado sob todos os aspectos, incluindo a
origem, a organização, o funcionamento e as finalidades, compreendendo-se no seu
âmbito tudo o que se considere existindo no Estado e influindo sobre ele”, ou seja,
Teoria do Estado é a ciência que analisa o Estado, em todas as suas perspectivas.

Sua origem histórica acontece após o encerramento de uma guerra sangrenta


na Europa que durou trinta anos (1618-1648), através da assinatura do Tratado de
Westfália. A motivação principal desta guerra foi a reivindicação protestante por
liberdade religiosa, mas de forma secundária e não menos importante, motivações
políticas, econômicas e de disputa territorial entre França, Suécia, Espanha e o
Sacro Império Romano-Germânico.

O tratado de Westfália estabelece então um novo modelo de relações


internacionais em que o princípio da soberania de estado, a liberdade política,
religiosa e de pensamento são o seu principal fundamento, e como consequência
surge a ideia de tolerância, inicialmente aplicada à esfera religiosa, mas, conforme
BOBBIO¹ (1998, p. 150), passa ao poucos para a esfera política, dando origem ao
Estado na sua forma democrática, e ao termo conhecido como Estado Laico, em
que a consciência crítica é soberana aos impulsos da fé, e que esta última não é
determinada pelo Estado com antes, mas uma escolha livre e pessoal.

A tolerância surge então como princípio, inicialmente nos debates religiosos


como defesa da convivência harmônica de religiões diversas no mesmo estado, mas
alcança na história a noção de respeito à pluralidade de ideias, opiniões, convicções
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políticas e liberdade de imprensa, tolerância abrangente defendida com veemência


por Locke⁵, em “Cartas acerca da Tolerância”, (1991).

Todo este contexto nos leva a uma reflexão da importância e aplicabilidade


deste princípio na sociedade atual, pois partindo do princípio de que a tolerância é a
base para a igualdade, pluralidade e liberdade, percebemos cotidianamente que o
discurso se contrapõe à prática, esta última amplamente exposta na imprensa, nas
redes sociais e até em encontros informais expondo a hipocrisia humana, como
defende o antropólogo Roberto DaMatta⁴ em entrevista à Revista o Globo (DaMatta,
2011), “é enganosa a ideia de que não toleramos a desigualdade: na verdade, o que
não toleramos é a igualdade.”

Para DaMatta⁴, a humanidade não possui maturidade para lidar com


igualdade de direitos, liberdade e importância, existe uma raiz aristocrata que, ainda
que o discurso seja romântico, e politicamente correto, é muito distante do real.
Defendemos a tolerância, e é importante que se defenda mesmo, mas precisamos
aplicar este princípio em todas as esferas sociais, ainda que não concordemos com
elas.

Tolerar, portanto, soa como um comportamento simplório demais, a


sociedade precisa encontrar meios de não apenas tolerar aqueles que veladamente
não aceita, mas precisa deixar de abominar aqueles que são notadamente
diferentes em suas origens, concepções ou credos.

Com isso, é deveras relevante o exercício do princípio da tolerância, mas


deve ser caracterizado como princípio, início da discussão científica para a Teoria do
Estado, e não se limitar a isso, partindo então para uma evolução do conceito para a
prática do que conhecemos como respeito, às crenças, opiniões, culturas, e
sobretudo às diferenças.
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REFERÊNCIAS

1. Bobbio, Norberto; Nogueira, Marco Aurélio (trad.). (1998). ELOGIO DA SERENIDADE E


OUTROS ESCRITOS MORAIS. São Paulo: Unesp.

2. CARNEIRO, Henrique; MAGNOLI, Demétrio (organizador) . (2006). HISTÓRIA DAS GUERRAS,


3ª Ed. "Guerra dos Trinta Anos". São Paulo: Ed. Contexto.

3. DALLARI, Dalmo de Abreu. (1998). ELEMENTOS DA TEORIA GERAL DO ESTADO. São Paulo:
Saraiva.

4. DaMatta, R. (13 de Março de 2011). SUPERAQUECIMENTO. ano 7, n. 346,p. 24. (M.


MEDEIROS, Entrevistador) Rio de Janeiro: Revista O Globo.

5. LOCKE, John; Tradução de Anoar Aiex. (1991). CARTA A CERCA DA TOLERÂNCIA, Coleção os
Pensadores. São Paulo: Abril Cultural.

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