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Exu o Grande Arcano.

                 
                                                                                                   Alberto Junior

Exu o Grande Arcano.

- Quem é esta misteriosa Divindade que gera tanta


polêmica, e distorções de seu real significado e função,
como um ser Divino e cósmico?

- Aonde começou o preconceito religioso e até cultural,


acerca não só de Exú como muitas outras divindades, e
religiões consideradas Pagãs?

- Aonde e como tudo começou?

Os antigos nativos da grande mãe África, também conhecidos


como o povo Yoruba ou Nagôs, viviam em plena harmonia,
sem crise econômica e fome, e em pleno equilíbrio com a
natureza e suas crenças, até que guerras (para variar
guerras, pelo poder), internas entre tribos, cidades e
confederações, a colonização Islâmica e o drástico e cruel
tráfico negreiro, começaram a retirar a harmonia deste
antigo e belo povo, os Yorubas, Nagôs.

Suas crenças, costumes e religião, chegaram até nosso pais


através do que chamamos de diáspora, que ocorreu através
do imenso e bárbaro tráfico negreiro, o ouro negro.

O povo negro escravizado se espalhou por todo o território de


nosso pais, misturando-se, vieram de várias regiões, muitas
vezes eram até de tribos inimigas, adoravam divindades
diferentes, em África o culto dos orixás é regional.

O domínio do negro pela força, foi um grande absurdo


Histórico, um ato nada Humano diga-se de passagem.
A Coroa de Portugal, assim que chegaram os primeiros
negros em terras Brasileiras, criou uma lei que, no seu
primeiro artigo, determina que, todos os negros deveriam ser
batizados na religião Católica e se acaso o batismo não fosse
realizado em um prazo de cinco anos, as peças como eram
chamados os escravos, como se fossem objetos de uso
pessoal, deveriam ser vendidas e o valor seria revertido a
Coroa.

Havia a tese que a África era uma terra de maldições, esta


tese foi defendida por vários teólogos cristãos.

Em vários Sermões o Padre Antônio Vieira (XI e XXVII),


afirma que a África é o inferno onde Deus se digna a retirar
os condenados, pelo purgatório da escravidão nas Américas,
para finalmente alcançarem o paraíso, o mesmo padre em
sermão ao comentar o texto de São Paulo I Cor 12, 13, disse
entendo de que os africanos, sendo batizados antes do
embarque da África para a América, deviam agradecer a
Deus por terem escapado da terra natal, onde viviam como
pagãos entregues ao poder do Diabo.

Estes não foram os únicos comentários de teólogos da igreja


Católica que não merecem ser mais comentados.

Documentos Históricos relacionado a escravidão também


foram queimados, desaparecendo muitos registros Históricos.

Afinal quem é Exú este Grande Orixá.

Infelizmente Exú perdeu seu verdadeiro significado ao chegar


no Brasil, os negros escravos, tiveram que sincretizar com
santos católicos seus Orixás, para poderem praticar sua
religião, Exú foi quem mais sofreu neste processo, a igreja e
os católicos associaram Exú ao Diabo, a coisa ruim.

Na crença Yoruba, Olórum Deus Criador, não possui um


opositor a ele como a maioria das religiões. O mal e um
sentimento humano. Exú seria o seu fiscal, guardião dos
portais entre o Òrun (Além) e o Àiyé (Terra), além de ser o
guardião do corpo neste aspecto é chamado de Bara, é o
mensageiro dos Orixás. Exú o princípio dinâmico que habita
dentro de nós, esta força que impulsiona a vida. Tão
importante e fundamental que todos Orixás tem seu Exú, não
como escravo como alguns Candomblés acreditam.

Muitos mitos foram criados a respeito deste grande


arquétipo, o Orixá Exú, ele tem muitos poucos filhos aqui no
Àiyé, muitos religiosos confundem Exú Orixá com os
compadres e comadres (Tranca Rua, Veludo, Caveira, Maria
Padilha, Mulambo etc) como eram chamados pelos mais
antigos, Exú Orixá é uma coisa totalmente diferente. Os
Orixás ancestrais ou Irunmales não fazem parte do processo
de reencarnação são seres divinos criados por Olórum para
ajudarem a administrar sua criação, são Deuses do fogo, ar,
trovão, terra, morte, tempo, destino, etc, não fazem parte do
sistema de reencarnação. Os nossos maravilhosos comadres
e compadres, hoje também chamados de Exús, fazem parte
do sistema da reencarnação.

Sem Exú o culto dos Orixás não existiria, ele é o mensageiro


dos jogos oraculares de Ifá, é ele que vem buscar e levar as
oferendas para os Orixás, e estas até Olódùmarè Deus
Supremo, é o primeiro a ser saudado no culto dos Orixás.

Tem um ditado no culto que diz:

Biri-biri bò won lójú.


Ògbèri nko mo Màriwo.

Trevas cobrem seus olhos


O não iniciado não pode conhecer o mistério de Màriwo.

Através de séculos o culto dos orixás mantém uma tradição


oral, que só o iniciado tem acesso aos segredos, do culto de
matizes afro-brasileiras. Os sacerdotes mais antigos a sua
grande maioria são contra a quebra de Erós (segredos), mas
uma outra parte dos seus adeptos são favoráveis a
determinadas informações aonde, são retirados alguns mitos,
com o objetivo de corrigir erros relacionado a prática do
culto. Sabemos que hoje em dia uma grande parte dos
terreiros de Candomblé principalmente em São Paulo,
cometem muitos erros prejudicando muito, mas muito
mesmo, em vez de ajudar as pessoas que vão procurar ajuda
nos Iles (casas) de culto dos Orixás, me refiro a São Paulo -
S.P. por que não conheço a quantas andam o Culto dos |
Orixás em outras regiões, seria interessante vocês
questionarem antes de irem procurar um zelador em sua
região.

Os sacerdotes muitas vezes não tem culpa aprendem errado


com seus zeladores de santo e passam este erro adiante,
muitas vezes sem saber que estão cometendo e promovendo
um desastre na vida das pessoas. Preocupados com este fato
muitos sacerdotes estão trabalhando para esclarecer,
ensinar, e retirar mitos errôneos com relação a práticas do
culto, para isso estamos até quebrando alguns Erós
(segredos), para poder ajudar os iniciados corrigirem seus
erros, também ajudando aquelas pessoas que gostam e
procuram ajuda nas casas de culto, saberem selecionar
melhor os seus futuros zeladores.

Voltando a Exú o grande Orixá, vejamos como o erro


começou:

Èsù é um orixá ou um ébora de múltiplos e contraditórios


aspectos, o que nos torna muito difícil em defini-lo. Quando
os padres jesuítas chegaram em África, associaram Exú ao
Diabo, e ao Deus da fornicação, idéia totalmente errônea.
Esta associação foi feita porque Exú também tem um caráter
irascível, ele gosta de suscitar disputas, provocar acidentes e
calamidades públicas e privadas. É astucioso, grosseiro,
vaidoso.

Por um outro lado, segundo as próprias palavras de Ifá,


segundo a tese antropologia de J.Elbein dos Santos:

"cada um tem seu próprio Èsù e seu próprio Olórun (Deus


Criador), em seu corpo" ou "cada ser humano tem seu Èsù
individual, cada cidade, cada casa (linhagem), casa entidade,
cada coisa e cada ser tem seu próprio Èsù, e mais, "se
alguém não tivesse seu Èsù em seu corpo, não poderia
existir, não saberia que estava vivo, porque é compulsório
que cada um tenha seu Èsù individual". Olórum representa o
princípio da existência genérica, Èsù é o principio da
existência diferenciada. Assim foi criado Exú por Olódumarè,
complexo e o grande arcano do culto Eró (segredo),
guardado a sete chaves ate hoje.

Uns dos motivos pelo qual Exú foi associado com o Deus da
Fornicação o Diabo. Mas os estudiosos e pesquisadores sérios
da história da religião, sabem que o falo é símbolo de força,
princípio masculino que gera a vida, e foi um símbolo muito
utilizado pelos povos primitivos, de todo o velho mundo, da
África até, as civilizações Indo-européias, reconheciam o falo
como um símbolo de força, a força que gera a vida.

Veja o que a Historia do Odù (signo) Ogbè diz quando


apareceu para Orúnmìlà:

Níjó ti nlo rèé tóro omo,


Lódó Òrisà igbò-wújì.
No dia em que ele foi requerer uma criança
A Òrìsà Igbò-wúji (Òrinsàlà).

A história conta que nas remotas origens, Olódúmarè e


Òrìsànlá estavam começando a criar o ser humano. Assim
criaram Èsù, que ficou forte, mais difícil que seus criadores:

"Èsù si le ju àwon mejeli lo".

Olódùmarè enviou Èsù para viver com Òrìnsàlá; este colocou-


o à entrada de sua morada e o enviava como seu
representante para efetuar todos os trabalhos necessários.
Foi então que Òrúnmìlà, desejoso de Ter um filho, foi pedir
um a Òrìsànlá. Este lhe diz que ainda não tinha acabado o
trabalho de criar seres e que deveria voltar um mês mais
tarde. Òrúnmìlà insistiu, impacientou-se querendo a qualquer
preço levar um filho consigo. Òrìsàlá repetiu que ainda não
tinha nenhum. Então perguntou:

"Que é daquele que vi à entrada de sua casa?"

É aquele mesmo que ele quer. Òrìsalá lhe explicou que


aquele não era precisamente alguém que pudesse ser criado
e mimado no àiyé. Mas Òrúnmìlà insistiu tanto que Òsàlá
acabou por aquiescer. Òrúnmìlà deveria colocar suas mãos
em Èsù e, de volta ao àiyé, manter relações com sua mulher
Yebìirú, que concebera um filho. Doze meses mais tarde, ela
deu a luz um filho homem e, porque Òsàlá dissera que a
criança seria Alágbára, Senhor do Poder, Òrúnmìlà decidiu
chamá-la Elégbára. Assim desde que Òrúnmìlà pronunciou
seu nome a criança, Èsù mesmo respondeu e disse:

Todos os meus filhos Esus, que abitam os noves Orun


(aléns), seriam seus representantes e Òrúnmìlà poderia
consultá-los cada vez que fosse necessário enviá-los a
executar os trabalhos que ele lhes ordenasse fazer, como se
fossem seus verdadeiros filhos. Èsù assegurou-lhe que seria
ele mesmo quem responderia por meio dos dos seus
assentamentos, cada vez que o chamasse.

No sitema Africano da pratica de Ifá, seja ela o Jogo de


Buzios, Opele-Ifá, Ikin-Ifá, dentre outros metodos, é Esu que
é o mensageiro de Orunmila-Ifá, o Deus do Destino, e de
todos os outros Orixás.

Nos candombles no Brasil, o Jogo de Buzios e atrabuido a


Divindade Osun, Osun formula as perguntas e Esu vai buscar
as respostas, com Orunmila-Ifá e todos os outros Orixás.

Assim e Èsù, polemico, complexo e ao mesmo tempo


simples.

Muitos de seus segredos são guardados até hoje, pelos


sacerdotes sérios, só os iniciados tem acesso a estes Erós.
Devo advertir que Èsù pode se apresentar com sua energia
destrutiva, só um iniciado devidamente treinado pode
apaziguar, esta energia tão forte. Muitas pessoas que não
possuem iniciação no culto dos Orixás, seja no Ilê Orunmila,
Ilê Orixá ou Ilê Egum, andam tentando evocar Èsù Orixá e
manipular esta grandiosa força, tentativa esta em vão por
que Èsù só atende os iniciados e os adeptos dos culto dos
Orixás. São necessários certas cantigas, orações, saudações
e gestos, para que poça fazer a sua evocação. É através de
seu assentamento, feito por outro iniciado, que ele é cultuado
e reverenciado.

Dizer a verdade para aqueles que não podem entendê-la, é


mentir para eles.
Desvelar a Verdade para estas pessoas, é profaná-la.
O que as águas não refletem, na superficialidade não reside.
Omo Ifá Alberto Junior.
albertojunior404@hotmail.com
hanumanrama@ig.com.br

 
 

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