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Delegado de PoliÌ Cia - Peças / Felipe e Yves
Delegado de PoliÌ Cia - Peças / Felipe e Yves
PRÁTICA DO
DEGADO DE POLÍCIA
Concursos Públicos
PRÁTICA PROFISSIONAL
DELEGADO DE
POLÍCIA
COACHING
Coautores: Prof. Filipe Martins e Prof. Yves Correia
Canal Carreiras Policiais
CANAL CARREIRAS POLICIAIS 01/01/2015
PEÇAS PRÁTICO-PROFISSIONAIS
DELEGADO DE POLÍCIA
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO
Os concursos de Delegado de Polícia atualmente vêm exigindo o
conhecimento do candidato a respeito da prática que será exigida no
exercício da atividade profissional.
ENDEREÇAMENTO
1. JUSTIÇA ESTADUAL:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA
COMARCA DE ___________________
2. JUSTIÇA FEDERAL:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA FEDERAL CRIMINAL
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________________
REFERÊNCIAS:
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Posteriormente o candidato deverá indicar o número do inquérito policial e do
processo, caso o inquérito já tenha sido tombado na Justiça.
Exemplos:
• IPL. nº ___/2011 – DPF/SP
• Processo nº XXXXXXX-XX.2011.X.XX.XXXX - ___ Vara Federal Criminal
ASSUNTO (OPCIONAL):
Logo abaixo da referência, é opcional a inclusão do assunto que será
tratado na peça prático-profissional elaborada. Ex. Representação por
INTERCEPTAÇÃO DE COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS – Tráfico de Drogas
PREÂMBUCO:
1. O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro, por intermédio
do Delegado de Polícia infra-assinado, lotado e em exercício na DELEPAT
/SR/DP/RJ, vem, no uso de suas atribuições legais, representar / requerer ... em
face de ..., residente e domiciliado em..., pelos fatos e fundamentos que passa a
expor:
Em diversos países, a autoridade policial, por não ser parte, não possui a
capacidade postulatória. Porém, no Brasil, segundo a doutrina majoritária, o
Delegado de Polícia tem a capacidade de se manifestar diretamente à
autoridade policial. Trata-se de uma particularidade do Direito brasileiro.
3
Veja que após o preâmbulo o candidato deverá criar os tópicos padrões que
costumam ser ensinados na faculdade em referência a toda e qualquer peça
prático-profissional: “Dos fatos” e “Dos Fundamentos”. Sobre o tema, importante
salientar que não há regra pré-formatada, podendo o candidato separar um
tópico para os fatos e outro para os fundamentos, mas também poderá criar
um único tópico: “Dos fatos e fundamentos”.
DOS FATOS:
Neste capítulo, a autoridade policial deve informar à autoridade judicial
competente os levantamentos efetuados no inquérito, descrevendo a
atuação do investigado ou da organização criminosa, bem como os fatos a
serem apurados e o respectivo enquadramento legal, justificando a
necessidade da concessão da medida cautelar pleiteada.
DOS FUNDAMENTOS:
Neste capítulo, a autoridade policial deverá demonstrar a existência dos
requisitos legais e constitucionais para a concessão do pedido.
DOS PEDIDOS:
Pelo exposto, e com o objetivo de avançar nas investigações conduzidas por
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FECHAMENTO:
Rio de Janeiro/RJ, xx de agosto de 2015.
Respeitosamente,
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Fulano de Tal
Delegado de Polícia Civil
Matrícula. XXXXX
1. PRISÃO TEMPORÁRIA
1.1. LEGITIMIDADE PARA DECRETAR A PRISÃO TEMPORÁRIA:
O juiz é quem decreta a prisão temporária, mediante representação da
autoridade policial ou requerimento do MP. Cumpre destacar que o juiz,
antes de deferir a prisão temporária, deve ouvir a opinião do MP, o que não
ocorre na hipótese de prisão preventiva. Ademais, cumpre destacar que a
vítima NÃO pode requerer a decretação da prisão temporária e nem
mesmo o juiz de ofício. Frise-se que NÃO é possível a decretação de
temporária nos crimes de ação penal privada e nem mesmo nos crimes
patrimoniais praticados sem violência ou grave ameaça.
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c) roubo (art. 157, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
d) extorsão (art. 158, caput, e seus §§ 1° e 2°);
e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus §§ 1°, 2° e 3°);
f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e
parágrafo único);
g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art.
223, caput, e parágrafo único);
h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e
parágrafo único);
i) epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1°);
j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal
qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285);
l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal;
m) genocídio (arts. 1°, 2° e 3° da Lei n° 2.889, de 1° de outubro de 1956), em
qualquer de sua formas típicas;
n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n° 6.368, de 21 de outubro de 1976);
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 de junho de 1986).
1.3. REQUISITOS:
Caberá prisão temporária:
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mencionado art. 1º fala em “indiciado” e em “inquérito”. Essa é a posição
majoritária, inclusive vem sendo chancelada pela jurisprudência.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Representação de Prisão Temporária
4. Preâmbulo; Ex.: O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de
Janeiro, por intermédio do Delegado de Polícia Federal infra-assinado,
lotado e em exercício na DELEPAT /SR/DP/RJ, vem, no uso de suas atribuições
legais, representar pela prisão temporária de ..., devidamente qualificado às
folhas ..., pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
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5. Apresentar os fatos;
Foi instaurado, por portaria, inquérito policial com o fito de apurar a possível
existência dos crimes de __________________________ (descrever os tipos
penais). Foram levadas a efeito as seguintes diligências:
_______________________ (descrever diligências e provas carreadas aos
autos). Foram até agora identificados os seguintes integrantes do grupo
criminoso: __________________ (identificar todos os representados, com todos
os dados qualificativos possíveis).
6. Apresentar os fundamentos que embasam a representação, expondo os
indícios de autoria ou participação no rol dos delitos que admitem prisão
temporária e demonstrando que a medida é imprescindível às investigações ou
que o indiciado não possui residência fixa ou não tenha sido identificado,
conforme art. 1º, da Lei. 7.960/89.
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O que pode ser utilizado como fundamento para medidas que tornem
imprescindível a prisão para a investigação? (i) a presença do indiciado tem
constrangido a colheita da prova; (ii) medo das testemunhas de serem
identificas; (iii) a pessoa dispõe de cinco identidades diversas; (iv) a digital da
cédula de identidade não corresponde à do indiciado, havendo necessidade
de identificação criminal, sendo que o indivíduo se recusa a se submeter,
gerando a imprescindibilidade da segregação para a identificação; ou
qualquer outra razão que fundamente a necessidade da medida pra as
investigações.
CAIU EM CONCURSO:
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correspondente ao gabarito e ao espelho, fornecidos pela Banca
Examinadora do CESPE.
rapazes deu dois tiros para o alto, momento em que Douglas e Fernanda se
deitaram no chão. Em ato contínuo, um dos rapazes desceu do carro,
chutou a cabeça de Douglas e, em seguida, desferiu três disparos em sua
direção, atingindo-lhe fatalmente a cabeça e o tórax. Douglas faleceu
ainda no local e os autores se evadiram logo após a conduta, lá deixando
Fernanda a gritar por socorro. Nos autos do inquérito, consta que foram
ouvidos dois vizinhos de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos
fatos, na janela do prédio vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do
grupo, indicando a placa do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a
descrição física dos quatro indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas
fotografias de possíveis suspeitos às duas testemunhas, que reconheceram
formalmente, conforme auto de reconhecimento fotográfico, dois dos
rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo Madeira e Cristiano Madeira. Fernanda
foi ouvida em termo de declarações e alegou conhecer dois dos autores,
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em específico os que empunhavam armas: Cristiano Madeira, vulgo Pinga,
que portava um revólver e teria desferido dois tiros para o alto; e o irmão de
Cristiano, Ricardo Madeira, vulgo Caveira, que, portando uma pistola
niquelada, desferira os três tiros que atingiram a vítima. Fernanda afirmou
desconhecer os outros dois elementos e esclareceu que poderia reconhecê-
los formalmente, se fosse necessário. Ao final, noticiou que se sentia
ameaçada, relatando que, logo após o crime, em frente à sua residência,
um rapaz descera de uma moto e, com o rosto coberto pelo capacete,
fizera menção que a machucaria caso relatasse à polícia o que sabia. Em
complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora
sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano
na ocasião dos fatos. Juntaram-se aos autos o laudo de exame de local de
morte violenta, que evidencia terem sido recolhidos do asfalto dois projéteis
de calibre 38, e o laudo de perícia papiloscópica, realizada em lata de
cerveja encontrada nas proximidades do local, na qual foram constatados
fragmentos digitais de uma palmar. Lançadas as digitais em banco de
dados, confirmou-se pertencerem a Ricardo Madeira. Também juntou-se ao
feito o laudo cadavérico da vítima, no qual se constata a retirada de três
projéteis de calibre 380 do cadáver: um alojado no tórax e dois, no crânio.
Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS
2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano
Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua
Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador – BA, onde
morava na companhia dos filhos. Nos registros criminais de Cristiano,
constam várias passagens por roubo e tráfico de drogas. No formulário de
antecedentes criminais de Ricardo Madeira, também anexado aos autos,
consta a prática de inúmeros delitos, entre os quais dois homicídios.
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representando pela(s) medida(s) pertinente(s) ao caso. Fundamente suas
explanações e não crie fatos novos.
COMENTÁRIOS:
Antes de elaborarmos a peça propriamente dita, vejam os quesitos
considerados e avaliados pelo CESPE no seu espelho:
2- Desenvolvimento do tema
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EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DO JÚRI DA COMARCA DE SALVADOR
– BA
DOS FATOS
Ademais, nos autos do procedimento, consta que foram ouvidos dois vizinhos
de Fernanda que se encontravam, na ocasião dos fatos, na janela do prédio
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vizinho e narraram, em auto próprio, a conduta do grupo, indicando a placa
do veículo sedã de cor prata (ABS 2222/BA) e a descrição física dos quatro
indivíduos. Na ocasião, foram apresentadas fotografias de possíveis suspeitos
às duas testemunhas, que reconheceram formalmente, conforme auto de
reconhecimento fotográfico, dois dos rapazes envolvidos nos fatos: Ricardo
Madeira e Cristiano Madeira.
Durante as diligências, apurou-se que o veículo sedã de cor prata, placa ABS
2222/BA, estava registrado em nome da genitora dos irmãos Cristiano
Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira, residente na rua
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Ambos foram indiciados nos autos, destarte, como incursos nas sanções
previstas no art. 121, § 2.º, II e IV, do CP.
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Em complementação à apuração da autoria, buscou-se identificar, embora
sem êxito, os outros dois indivíduos que acompanhavam Ricardo e Cristiano
na ocasião dos fatos.
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irmãos Cristiano Madeira e Ricardo Madeira, Maria Aparecida Madeira,
residente na rua Querubim, casa 32, no bairro Boa Prudência, em Salvador –
BA, onde morava na companhia dos filhos. Ocorre que, procurados pela
polícia para esclarecerem os fatos, Cristiano e Ricardo não foram
localizados, tampouco seus familiares forneceram quaisquer notícias de seus
paradeiros, embora houvesse informações de que eles estariam na
residência de seu tio, Roberval Madeira, situada na Rua Bom Tempero, s/n,
no bairro Nova Esperança, em Salvador – BA.
Assim, presente o requisito do fumus boni iuris ou fumus comissi delicti, tendo
sido indicado o local onde poderia ser apreendida a res.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local e data.
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2. PRISÃO PREVENTIVA
A prisão preventiva tem que ser decretada pelo JUIZ, podendo ser
decretada durante o INQUÉRITO POLICIAL ou durante o PROCESSO.
“Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a prisão
preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por representação da autoridade
policial.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação
da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria.
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que não é possível decretar a preventiva com fulcro na ausência de
domicilio certo.
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adotada em situações excepcionalíssimas. (Tese também albergada por
André Nicolitt e pelo ilustre Aury Lopes Jr.)
Ademais, não poderá ser aplicada a prisão preventiva quando NÃO for
cominada à infração pena privativa de liberdade, quando cabível
transação penal, bem como quando possível a suspensão condicional do
processo e quando cabível a substituição da pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos (art. 44,CP), obedecendo a regra de
proporcionalidade (Pacelli). No caso de concurso de crimes, quando o
somatório das penas dos delitos superar 4 anos, será cabível a decretação
da preventiva de modo autônomo.
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imposição de medida protetiva anterior. Aqui, a primeira vista, não se faz
necessário o elemento subjetivo dolo, contudo, segundo Renato Brasileiro,
como estamos diante de uma violência baseada no gênero, deve existir
consciência e vontade do agente em atingir a vítima vulnerável, exigindo-se,
portanto, implicitamente o dolo. Também é a posição de AVENA. ***
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liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a
manutenção da medida.
Trata-se de dispositivo veementemente criticado pela doutrina porque a
segregação da liberdade para algo tão célere quanto a identificação
criminal poderia ser feita através da prisão temporária, não havendo sequer
a necessidade de duração de 5 dias. Porém, importante destacar que se
admite a preventiva nesse caso mesmo diante de crimes culposos, conforme
doutrina majoritária.
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ofício, podendo vincular a revogação a outras medidas cautelares diversas
da prisão.
LIMITES À PRISÃO:
1. A primeira limitação à prisão está relacionada à violação de domicílio, que
deve estar acompanhada de autorização judicial, conforme art. 283, §2º,
CPP.
2. O Código Eleitoral também limita a prisão: Art. 236, Código Eleitoral -
Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta
e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer
eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal
condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-
conduto. No mesmo sentido é a situação do candidato. Mas, atenção! A
imunidade do candidato é de 15 dias antes das eleições até 48 horas depois,
conforme art. 236, §1º, do Código Eleitoral.
INVESTIGAÇÃO?
Trata-se da possibilidade de decretação da preventiva em sede de
investigações conduzidas pelo MP e Tribunais. Sobre o tema, dois
entendimentos se formaram: 1. Norberto Avena defende que, desde que o
procedimento possua a finalidade específica de investigar a prática de uma
infração penal, é possível a decretação da preventiva, propondo uma
interpretação ampliativa do termo investigação policial. Ele não inclui a CPI.
2. Contudo, outra parte da doutrina aduz que a interpretação deve ser
restritiva, pois o tema envolve direitos e garantias fundamentais do indivíduo,
não sendo cabível a decretação de prisão preventiva em outras
modalidades investigativas alheias à polícia, pois o art. 311 do CPP, em sua
literalidade, somente permite a preventiva em sede de investigações
policiais. ***
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O MP poderia requerer a prisão preventiva após recebido o relatório, mesmo
solicitando o retorno dos autos à Delegacia para diligências
complementares? Há dois entendimentos sobre o tema: ***
1. É possível que o MP requeira a prisão preventiva, pois o CPP admite
expressamente a prisão preventiva em sede de IP, o que denota que não se
exige os mesmos elementos para a decretação da preventiva e para o
oferecimento da denúncia. (Majoritário)
2. Não é possível que o MP requeira a prisão preventiva, pois se o Ministério
Público não dispõe de informações que lhe permitam o ajuizamento da
ação penal, em tese, restaria obstaculizada, também, a custódia cautelar,
já que uma e outra são medidas que requerem a presença de elementos
que apontem a autoria e de prova da existência do crime. (Minoritário)
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temporária, seguindo a corrente que defende a teoria do esvaziamento da prisão
preventiva durante o inquérito policial quando também cabível a temporária.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Representação de Prisão Preventiva
4. Preâmbulo; Ex.: O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de
Janeiro, por intermédio do Delegado de Polícia Federal infra-assinado,
lotado e em exercício na DELEPAT /SR/DP/RJ, vem, no uso de suas atribuições
legais, representar pela prisão preventiva de ..., devidamente qualificado às
folhas ..., pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
5. Apresentar os fatos;
Foi instaurado, por portaria, inquérito policial com o fito de apurar a possível
existência dos crimes de __________________________ (descrever os tipos
penais). Foram levadas a efeito as seguintes diligências:
_______________________ (descrever diligências e provas carreadas aos
autos). Foram até agora identificados os seguintes integrantes do grupo
criminoso: __________________ (identificar todos os representados, com todos
os dados qualificativos possíveis).
6. Apresentar os fundamentos que embasam a representação, expondo os
requisitos apresentados no art. 312 (descrever a presença de algum dos
fundamentos da preventiva – garantia da ordem pública, da ordem
econômica, conveniência da instrução criminal e/ou assegurar aplicação
da lei penal) e 313 do CPP. Nesse momento, importante destacar que
estamos diante de uma medida cautelar pessoal, devendo ser demonstrado
o fumus comissi delicti e o periculum libertatis.
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8. Fechamento; (padrão)
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12) A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da ordem pública
potencialmente ofendida, especialmente nos casos de: reiteração delitiva,
participação em organizações criminosas, gravidade em concreto da
conduta, periculosidade social do agente, ou pelas circunstâncias em que
praticado o delito (modus operandi).
3. INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
NATUREZA JURÍDICA: A natureza jurídica da interceptação telefônica é de
medida cautelar, podendo ser realizada durante a investigação policial,
durante o curso processual e até mesmo antes de iniciado o inquérito
policial, conforme entendimento da jurisprudência.
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O juiz decreta interceptação telefônica licita para apuração de tráfico de
drogas (reclusão) e descobre-se crime de infanticídio (detenção). O STF
entende que a decretação de interceptação telefônica somente pode ser
utilizada para apurar o crime objeto da investigação ou crimes que lhes
sejam conexos, pouco importando se a pena é de detenção ou reclusão
em relação ao conexo. Assim, no exemplo retro citado, não é possível a
utilização da prova de infanticídio a titulo de aproveitamento, pois não há
conexão. Contudo, se o crime fosse conexo, este poderia ser objeto de
interceptação mesmo que com pena de detenção, desde que a
autorização tenha se dado inicialmente para apuração de um crime com
pena de reclusão.
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examinador que se faz necessário o afastamento das prerrogativas
constitucionais que defendem o Direito à intimidade e a inviolabilidade das
comunicações telefônicas, art. 5, X e XII.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Representação de Interceptação Telefônica
4. Preâmbulo; Ex.: O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de
Janeiro, por intermédio do Delegado de Polícia Federal infra-assinado,
lotado e em exercício na DELEPAT /SR/DP/RJ, vem, no uso de suas atribuições
legais, representar pela interceptação telefônica face em face de ...,
devidamente qualificado às folhas ..., residente e domiciliado em..., pelos
fatos e fundamentos que passa a expor:
5. Apresentar os fatos; “Ex.: Foi instaurado por portaria inquérito policial com
o objetivo de apurar existência dos crimes de _____________________ (indicar
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7.2. Interceptação e Desvio e/ou Gravação e/ou Relatório das conversas
telefônicas, efetuadas e recebidas, dos interceptados e de seus
interlocutores; Nesse ponto, o candidato deverá indicar os meios que serão
empregados na interceptação telefônica (art. 4º, parte final, da Lei 9.296/96):
equipamento, método, critérios, etc. Exemplos: - requisição, se necessária,
de serviços e técnicos especializados às Operadoras de Telefonia Móvel (art.
7º, da Lei 9.296/96); - utilização, se possível, do Sistema “Guardião”, da
Secretaria de Segurança Pública do Estado de Santa Catarina; - utilização de
senhas de acesso específicas junto às operadoras, pelo Delegado
responsável e pelo Agente de Polícia designado, para obtenção de dados
cadastrais dos investigados e/ou de seus interlocutores; - monitoramento das
mensagens de texto/imagens/dados, efetuados e recebidos, pelo Delegado
responsável ou pelo Agente de Polícia designado, mediante a remessa,
pelas operadoras, de relatório aos e-mails indicados no enunciado; -
monitoramento tanto das linhas telefônicas quanto dos IMEIS dos aparelhos. -
quebra de Estação Rádio Base (ERB), possibilitando localizar
geograficamente o telefone interceptado e seus interlocutores; - cruzamento
de dados extraídos das interceptações.
8. Fechamento; (padrão)
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Resumo da ópera, os candidatos foram eliminados, pois não conseguiram
fundamentar a interceptação telefônica com a minúcia que o examinador
estava exigindo para a peça objeto do questionamento.
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CRFB, Art. 5º, XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
O art. 240, § 1º, do CPP trata dos requisitos da medida. A alínea mais
relevante é a “h”, que demonstra claramente que o rol é meramente
exemplificativo. Ainda que o documento não esteja expressamente
relacionado no dispositivo, é possível a busca com base na alínea “h”
(exemplo: HD, drives, DVDs, etc.).
CPP, Art. 240 - A busca será domiciliar ou pessoal.
§ 1º - Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,
para:
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a) prender criminosos;
b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;
c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados
ou contrafeitos;
d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso;
e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;
f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder,
quando haja suspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à
elucidação do fato;
g) apreender pessoas vítimas de crimes;
h) colher qualquer elemento de convicção.
CP, Art. 243 - O mandado de busca deverá:
I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a
diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de
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busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a
identifiquem;
II - mencionar o motivo e os fins da diligência.
Há locais nos quais não houve a regularização dos imóveis ou com números
das casas arrancados, não havendo como se identificar o imóvel com
precisão. Existem inclusive locais com ruas inominadas. A delimitação deverá
ser o mais precisa possível, embora não se tenha posse desses elementos.
Já de acordo com o inciso II, deve ser indicado porque se pleiteia a medida. As
finalidades da diligência devem ser atreladas ao art. 240, § 1º, do CP, com
expressa menção à alínea correspondente, ressaltando-se que, caso não haja
menção específica da finalidade em questão, deve ser indicada a alínea “h”.
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outrem em razão do suspeito ter ingressado em sua residência, a doutrina
defende a possibilidade de a autoridade adentrar nesta residência, pois o
fugitivo estará, no mínimo, em situação flagrancial do crime de violação de
domicílio – art. 150 do CP.
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O STF e o STJ pacificaram o seguinte: a invasão domiciliar em caso de crime
permanente dispensa a ordem judicial por conta do estado de flagrante.
Nucci sustenta que a invasão da polícia sem mandado judicial é por conta e
risco da própria polícia, ou seja, se a polícia entrar e encontrar situação de
crime permanente o ato é legal, porém se a polícia entrar e nada encontrar
é crime de abuso de autoridade.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão) Na Busca e apreensão o pedido de
representação deve ser direcionado para o juiz do local onde se situa o
imóvel.
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Busca e apreensão domiciliar.
4. Preâmbulo; Ex.: “O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL, por intermédio do
Delegado de Polícia Federal infra-assinado, lotado e em exercício na
DELEPAT/DRCOR/SR/DPF//RJ; vem, no uso de suas atribuições legais, representar
pela expedição de mandado de busca domiciliar, a ser cumprida no imóvel
situado à rua ..., nº ..., apto ..., onde reside o indiciado / investigado (nome) ...,
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conforme consta do documento de folha ... , pelos fatos e motivos que se passa
a expor”… O mandado de busca e apreensão deve ser o mais preciso
possível (subjetiva e objetivamente), devendo indicar precisamente a casa
objeto da busca, bem como o nome do proprietário ou morador; no caso de
busca pessoal, o nome da pessoa ou sinais que a identifiquem. Deve
também mencionar o motivo e os fins da medida e deve ser subscrito por
escrivão e assinado pela autoridade policial. Pode não ser possível indicar
todos os detalhes; deve a autoridade indicar os elementos que possuir.
5. Apresentar os fatos; Foi instaurado, por portaria, o inquérito policial
tombado sob número ..., que trata da apuração de crime de ...(tipificação),
tipificado no artigo ...(indicar artigo), do Código Penal, supostamente
cometido por ... (nome do investigado). Infere-se do procedimento
inquisitorial em comento que ... (descrição do fato apurado e das provas
carreadas aos autos).
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6. Apresentar os fundamentos que embasam a representação, expondo as
fundadas razões que autorizam a mitigação da inviolabilidade do domicílio.
A fundamentação jurídica se alicerça no artigo 240, § 1º, do Código de
Processo Penal. O fundamento constitucional da medida tem lastro no inciso
XI, do artigo 5º, da Lei Maior. Nesse ponto, será preciso demonstrar os motivos
e peças dos autos, concretamente considerados. Não adianta fazer alusão a
ilícitos cometidos pelo suspeito, sendo necessário justificar a necessidade efetiva
de entrada em sua residência. Se nada houver lá para ser buscado,
independentemente dos inúmeros crimes que o investigado possa ter cometido,
seu domicílio continuará sendo inviolável.
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investigações levadas a efeito no bojo do INQUÉRITO POLICIAL Nº..., que
tramita na Delegacia de Polícia Civil ....
I – DOS FATOS:
Foi instaurado, por portaria, o inquérito policial nº ..., com o fito de apurar as
circunstâncias que gravitaram em torno da morte de ..., alvejado com
disparos de arma de fogo ao sair de seu local de trabalho, localizado em...,
fato ocorrido às ... horas, de ... (dia) de ... (mês) de ...(ano).
O que pode ser utilizado como fundamento para medidas que tornem
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suficiente. Aqui a argumentação do candidato será essencial para
convencer o examinador de que ele domina o tema.
A prisão temporária é uma prisão que tem prazo certo. O prazo é de 5 dias
renováveis por mais 5 dias. Quando diante de crime hediondo, o prazo da
temporária é de 30 dias renováveis por mais 30 dias. Findo o prazo, o preso
deve ser imediatamente colocado em liberdade.
Local e data.
Respeitosamente,
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5. SEQUESTRO DE BENS
O sequestro de bens é medida que merece ser estudada, pois o Delegado
de Polícia pode se ver diante da necessidade de representá-la ao juiz diante
do caso concreto.
Art. 125. Caberá o seqüestro dos bens imóveis, adquiridos pelo indiciado com os
proventos da infração, ainda que já tenham sido transferidos a terceiro.
Art. 126. Para a decretação do seqüestro, bastará a existência de indícios
36
veementes da proveniência ilícita dos bens.
Art. 127. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou do ofendido, ou
mediante representação da autoridade policial, poderá ordenar o seqüestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou queixa.
Art. 128. Realizado o seqüestro, o juiz ordenará a sua inscrição no Registro de
Imóveis.
Art. 129. O seqüestro autuar-se-á em apartado e admitirá embargos de terceiro.
5.2. Legitimados:
O juiz, de ofício, a requerimento do MP, ofendido ou mediante
representação da autoridade policial, poderá determinar o sequestro, em
qualquer fase do processo ou ainda antes de oferecida a denúncia ou
queixa. Admite-se, inclusive, o sequestro antes da instauração do IP, desde
que presentes os requisitos legais.
37
coisas adquiridas com o provento da prática criminosa (produto indireto do
ilícito). Ao contrário, a busca e apreensão terá lugar para as coisas obtidas
diretamente por meios criminosos e instrumentos do crime (produto direto do
ilícito). Por exemplo, se alguém se apropria indevidamente de valor que não
lhe pertence e com esse dinheiro adquire um carro, a medida correta é o
sequestro. Agora, se for o caso de um carro que fora furtado e depois
localizado em uma garagem, a medida cabível é a busca, pois o veículo,
nesse caso, é o produto direto do ilícito.
5.5. Requisitos:
Para a decretação do sequestro, bastará a existência de indícios veementes
de proveniência ilícita dos bens. Realizado o sequestro, o juiz ordenará a sua
inscrição no Registro de Imóveis. (Art. 126 e 127,CPP).
38
provisória, sendo a Administração Pública nomeada como fiel depositária,
podendo utilizá-lo e devendo conservá-lo.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Sequestro de bens.
4. Preâmbulo; Ex.: “O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA CIVIL, por intermédio do
Delegado de Polícia infra-assinado, lotado e em exercício ..., vem, no uso de
suas atribuições legais, representar pelo sequestro dos seguintes bens ..., em
face de ...(nome), residente e domiciliado em ..., , pelos fatos e motivos que se
passa a expor:” Nessa etapa deve ser delimitado, com precisão, o bem móvel
ou imóvel objeto da medida, inclusive com a sua localização.
5. Apresentar os fatos; Foi instaurado, por portaria, o inquérito policial
tombado sob número ..., que trata da apuração de crime de ...(tipificação),
tipificado no artigo ...(indicar artigo), do Código Penal, supostamente
cometido por ... (nome do investigado). Infere-se do procedimento
inquisitorial em comento que ... (descrição do fato apurado e dos indícios ou
provas incorporados aos autos).
6. Apresentar os fundamentos que embasam a representação, expondo os
indícios de autoria ou participação em determinado crime, apresentando o
vínculo entre a posse e a origem ilícita do bem. Caso a medida recaia em
terceiro que, em tese, não teria praticado o crime, a autoridade policial
deve argumentar que a medida se justifica em razão dos indícios em razão
do agente X, que de alguma forma maculam a posse do bem desse terceiro.
39
além de eventuais prisões cautelares. Inclusive, é comum representar por duas
ou mais medidas na mesma peça.
6. HIPOTECA LEGAL
Trata-se de direito real de garantia que incide sobre bens imóveis lícitos
pertencentes ao réu (arts. 134 e 135 do CPP), não podendo atingir
patrimônio registrado em nome de terceiro.
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7. ARRESTO
Trata-se de medida assecuratória que recai sobre bens móveis ou imóveis
não litigiosos do acusado ou indiciado, podendo ser manejada no inquérito
ou no processo. O arresto de bens móveis é simétrico à hipoteca legal,
referindo-se, porém, a bens móveis de origem lícita pertencentes ao réu. A
medida de arresto exige a prova de materialidade e indícios suficientes de
autoria.
7.3. Finalidade: O arresto consiste em Direito Real de garantia, que tem por
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8. SIGILO BANCÁRIO
8.1. Fundamento constitucional: O sigilo bancário é garantido no art. 5º, XII,
sendo parte do direito à intimidade do art. 5º, X, da CRFB.
41
CRFB, Art. 5º, X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem
das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal
ou instrução processual penal.
MAPA DA PEÇA:
1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Quebra de Sigilo
4. Preâmbulo; Ex.: O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de
Janeiro, por intermédio do Delegado de Polícia Federal infra-assinado,
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6. Apresentar os fundamentos, demonstrando os indícios de autoria em crime
que autorize a medida. Nesse momento, o candidato deverá demonstrar a
existência, em tese, de movimentações incompatíveis com os rendimentos
regularmente auferidos e as razões que façam crer a existência de fatos
criminosos.
7. Do Pedido:
Diante do exposto, representa-se a Vossa Excelência a quebra de sigilo
bancário em face de ... (nome), contas ..., agências..., sob a tutela das
instituições financeiras ..., pelo período retroativo de ... (ex. 6 meses), pelos fatos
e fundamentos retro citados.
8. Fechamento; (padrão)
9. INTERCEPTAÇÃO AMBIENTAL
A interceptação ambiental engloba captação de quaisquer sinais ambientes e
o seu registro. Diante da violação à intimidade, exige-se a autorização
judicial fundamentada. Porém, Nucci, muito adotado pela CESPE, dentre
outros autores, mitiga essa regra, entendendo dispensável a autorização
judicial quando se tratar de conversa ostensiva, realizada em lugar público.
Esses requisitos são cumulativos; uma conversa sigilosa em local público, por
exemplo, exigiria a autorização judicial. Outrossim, a jurisprudência considera
a captação direta, realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento
do outro, válida, independentemente de autorização judicial.
43
9.4. Há prazo máximo para a referida captação ou interceptação? Não há
prazo máximo, visto que essa interceptação não segue a L.9.296/96. A
interceptação ambiental é a realizada por terceiro, sem conhecimento dos
interlocutores, por outros meios que não o telefônico, englobando sinais
eletromagnéticos, ópticos e acústicos.
Ante aos dados mencionados, pode-se concluir que a interceptação ou
captação prevista na Lei de Organizações Criminosas é deveras mais ampla
do que a que dispõe a da L. 9296/96, devendo ser afirmado que elas não se
confundem.
44
I) art. 69, parágrafo único, da Lei 9.099/1995:
Art. 69 (...) Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
drogas para uso próprio], não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do
vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto
4 – recolhimento à prisão
Lavrado o auto de prisão em flagrante, haverá o recolhimento à prisão.
Pode ser que, apesar da lavratura do APF, a pessoa acabe não sendo
recolhida, porque há a possibilidade de a autoridade policial conceder
fiança.
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Art. 322. A autoridade policial somente poderá conceder fiança nos casos de infração cuja
pena privativa de liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos.
Parágrafo único. Nos demais casos, a fiança será requerida ao juiz, que decidirá em 48
(quarenta e oito) horas.
seguintes limites:
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena
45
privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos;
OBS: A fiança prevista no inciso II do art. 325 não pode mais ser concedida
pelo Delegado. Cuidado, pois há no § 1º algumas causas de aumento da
fiança. Somente o juiz pode dispensar fiança. O Delegado não pode. Pode
somente diminuí-la. A fiança pode ser aumentada em até 1000 vezes. A
fiança, pela letra da lei, pode atingir o valor de até 200.000 salários mínimos.
Isso porque, para uma pessoa rica, a fiança tem de ser de fato alta, para
que possa ter algum caráter coercitivo.
do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de
2011).
não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.
46
II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos
III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº 12.403,
de 2011).
Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente
praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do
2 – flagrante facultativo
Flagrante facultativo é o realizado por qualquer pessoa do povo. O CPP
confere essa possibilidade(art. 301 do CPP):
Art. 301. Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes
II - acaba de cometê-la;
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
47
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
7 – flagrante esperado
O flagrante esperado não se confunde com o flagrante preparado.
No flagrante esperado, não há atividade de indução ou de provocação do
criminoso à prática do delito. A autoridade policial limita-se a aguardar a
ocorrência do crime.
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8 – flagrante prorrogado, retardado ou diferido (ação controlada)
O flagrante prorrogado, retardado ou diferido (ação controlada) consiste no
retardamento da intervenção policial, para que ela se dê num momento
mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de provas.
obtenção de informações.
investigações.
controlada.
Lei, são permitidos, além dos previstos em lei, mediante autorização judicial e
cabível.
49
Art. 4º O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público, ou representação da
em seu nome, objeto dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos
ou valores, poderá ser suspensa pelo juiz, ouvido o Ministério Público, quando a sua
MAPA DA PEÇA:
Aos ____ dias do mês de ____ do ano de ____, na sede do ____ Circunscrição
Policial de ___, onde presente se achava a Autoridade Policial, o Dr. ____,
comigo, Escrivão de Polícia, aí, compareceu o condutor ____, RG, _____,
conduzindo preso _______________, por infração, em tese, ao artigo 14 da Lei
10.826/03, haja vista ter sido surpreendido portando uma pistola, da marca
____, calibre ____, n.º, ____, devidamente municiada com onze cápsulas,
todas intactas, na Rua ____, Bairro ____, nesta cidade, circunscrição desta
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1-Oitiva do condutor com entrega de cópia do termo;
2-Expedição de recibo de entrega do preso em favor do condutor;
3-Oitiva das testemunhas;
4-Interrogatório do conduzido.
_________________________
ESCRIVÃO DE POLÍCIA
_________________________
DELEGADO DE POLÍCIA
NOTA DE CUPA
51
____________
Local e data
_____________________
DELEGADO DE POLÍCIA
Recibo:
_______________
Loca e data
______________________________
Nome do autuado e assinatura
11.2- PRAZO: A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses,
sem prejuízo de eventuais renovações, desde que comprovada sua
necessidade.
52
ATENÇÃO: Transcorrido o prazo previsto, o relatório circunstanciado será
apresentado ao juiz competente, que imediatamente cientificará o
Ministério Público.
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de infração penal de que trata o art.
1o e se a prova não puder ser produzida por outros meios disponíveis.
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 (seis) meses, sem prejuízo de
eventuais renovações, desde que comprovada sua necessidade.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter
informações que possam indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que
será infiltrado.
53
devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito das investigações e a segurança do
agente infiltrado.
Art. 13. O agente que não guardar, em sua atuação, a devida proporcionalidade com
a finalidade da investigação, responderá pelos excessos praticados.
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais
preservadas durante a investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial
em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de
comunicação, sem sua prévia autorização por escrito.
MAPA DA PEÇA:
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1. Endereçamento; (padrão)
2. Inquérito / Processo; (padrão)
3. Assunto: Infiltração de Agentes
4. Preâmbulo; Ex.: O Departamento de Polícia Civil do Estado do Rio de
Janeiro, por intermédio do Delegado de Polícia Federal subscrito, lotado e
em exercício na ______, vem, no uso de suas atribuições legais, representar
pela INFILTRAÇÃO DE AGENTES em face da Organização Criminosa ..., pelos
fatos e fundamentos que passa a expor:
5. Apresentar os fatos; “Ex.: Foi instaurado por portaria inquérito policial com
o objetivo de apurar existência dos crimes de _____________________ (indicar
os crimes apurados), previstos respectivamente nos artigos _________ (artigos
respectivos) do Código Penal ou Leis Penais.
54
Foram incorporadas aos autos as seguintes provas da atuação do grupo
criminoso: ________________ (descrever minuciosamente as provas coligidas
no curso do feito e o indicativo de cada prova em relação ao crime).”
6. Apresentar os fundamentos, demonstrando os indícios de ifração penal do
art. 1ª da Lei 12.850/13 em crime que autorize a medida. Nesse momento, o
candidato deverá demonstrar a existência, em tese, da necessidade da
medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou
apelidos das pessoas investigadas e o local da infiltração.
7. Do Pedido:
Diante do exposto, representa-se a Vossa Excelência a INFILTRAÇÃO DE
AGENTES em face da Organização Criminosa investigada, pelos fatos e
fundamentos retro citados.
8. Fechamento; (padrão)
12. PORTARIA
CONCEITO: Trata-se de uma peça em que a Autoridade Policial registra o
conhecimento da prática de um crime de Ação Pública Incondicionada,
especificando, se possível, o lugar, o dia e a hora em que foi cometido o
crime, o nome do autor e o nome da vítima, de modo a concluir
determinando a instauração do inquérito policial. Assim, a portaria é
realizada quando o delegado de ofício instaura o procedimento, sem que
tenha havido prisão do suspeito.
55
6-A data da instauração do inquérito;
7-O nome da autoridade policial presidente da investigação, com sua
respectiva lotação.
MAPA DA PEÇA:
PORTARIA
RESOLVE:
56
d) Expeçam-se guias ao Instituto Médico Legal de Feira de Santana – BA e
Salvador – BA para realização do exame de corpo de delito na vítima e
indiciados, bem como o Instituto de Criminalística em Salvador – BA para
realização do exame de local do crime;
e) Oficie-se o Ministério Público nesta comarca de Salvador – BA,
comunicando a instauração do Inquérito Policial.
CUMPRA-SE.
Local e data.
Delegado de Polícia
IP___________
RESOLVE:
I – Dos Fatos
c) (Registro)
57
d) (Diligências)* Sempre no imperativo.
e) (Conclusão)
CUMPRA-SE.
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Local e data.
13. RELATÓRIO
CONCEITO: O relatório final é a conclusão do inquérito.
58
Nesse relatório deve a Autoridade Policial de forma minuciosa narrar as
diligências empreendidas, bem como a análise dos elementos de convicção
produzidos no inquérito policial.
ATENÇÃO: Saliente-se que o relatório final não deve ser apenas um resumo
do apurado ou uma espécie de índice remissivo do que se encontra juntado
aos autos. Com efeito, o relatório deve demonstrar o domínio que o
Delegado de Polícia tem na ciência da investigação criminal e na área do
direito, mormente pelo fato das autoridades policiais estarem inseridas no rol
das carreiras jurídicas.
MAPA DA PEÇA:
RELATÓRIO
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Instaurado em __/__/____.
59
MARIA, comerciante, 45 anos, ___________, fls.____, respondendo ser
proprietária da loja de eletrônicos na qual ocorreu o crime. Que o primeiro
indiciado invadira seu estabelecimento e de lá subtraíra uma caixa com seis
relógios, avaliados em R$ 300,00; que os prejuízos nas instalações da loja
somaram R$ 500,00; que ficara incapacitada para o trabalho por quarenta
dias; que as mercadorias lhe haviam sido restituídas pela autoridade policial;
que, na data do fato, ela estava grávida havia dois meses e, tendo sido
encaminhada ao hospital público mais próximo, sofrera aborto em razão das
lesões resultantes da ação do primeiro indiciado; relatou, ainda, que dormia
no estabelecimento porque queria esconder de seu pai os sintomas da
gravidez.
É o Relatório.
Local, data.
DELEGADO DE POLÍCIA
MAPA DA PEÇA:
RELATÓRIO
Instaurado em __/__/____.
60
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BELO
HORIZONTE – MG
É o Relatório.
Local, data.
DELEGADO DE POLÍCIA
61
O relatório, assim como o Inquérito, é dispensável. Não é obrigatória a
utilização para ter início a ação penal. Uma vez elaborado o relatório, o
inquérito deverá ser remetido ao Poder Judiciário, de acordo com CPP. Por
conseguinte, recebido os autos de inquérito, o juiz deverá, nos crimes de
ação penal pública, abrir vista ao MP para que adote alguma das
providências cabíveis; se crime de ação penal privada, os autos ficam em
cartório (com o juiz) aguardando a iniciativa da vítima.
14. INDICIAMENTO:
Indiciar é apontar alguém como provável autor do delito, quando presentes
indícios de autoria e prova de materialidade. Trata-se de ato privativo da
autoridade policial, geralmente feito ao final do inquérito. O indiciamento é
próprio da fase investigatória e não pode ser feito depois que o processo
judicial estiver em andamento .O indiciamento não possui previsão legal
expressa, sendo caracterizado como uma construção pretoriana com base
no art. 6º V do CPP que lista as etapas investigatórias a serem cumpridas pela
autoridade policial. Trata-se de um ato privativo do Delegado sem momento
procedimental específico para ocorrer no inquérito, que pode ser dar, por
exemplo, já na instauração ou mesmo após, em um dos relatórios
apresentados pelo Delegado ao longo do inquérito. (art. 10 § 1º a 3º do CPP
c/c art. 16 do CPP). Portanto, se a atribuição para efetuar o indiciamento é
privativa da autoridade policial, não se afigura possível que o juiz, o Ministério
Público ou uma Comissão Parlamentar de Inquérito requisitem ao delegado
de polícia o indiciamento de determinada pessoa". Na mesma linha, eis o
teor do novel art. 2, §6, da Lei n. 12.830/13: "O indiciamento, privativo do
delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise
técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
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circunstâncias".
Quem pode ser indiciado? A regra é que qualquer pessoa pode ser
indiciada. Mas existem exceções. Atenção! Pessoas que não podem ser
indiciadas: Acusados com foro por prerrogativa de função: apesar de não
haver previsão legal expressa, o Supremo entendeu que é necessária
autorização do Ministro ou Desembargador Relator, não só para instauração
das investigações, como também para o indiciamento de tais investigados.
STF – Inquérito 2411 – QO - MT
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ATENÇÃO: O indiciamento após o oferecimento da denúncia é ilegal e
desnecessário, importando constrangimento ilegal. (STJ HC 165600 e HC
179.951-SP)
EXPRESSÕES DE TRANSIÇÃO
Não é despiciendo observar que À luz das informações contidas
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Insurge-se ... Insurge-se o Autor quanto ao
alegado...
Cristalino dizer que ... Corroborando como acima exposto
...
Não há, destarte, nenhum nexo Insta salientar ...
lógico
Cumpre destacar ... É de opinião inequívoca ...
Assinale que ... Adequado seria dizer que ...
À guisa de exemplo, podemos É sobremodo importante assinalar
citar... que
Não devem ser consideradas as Foi, destarte, com base em sólido
razões espendidas. terreno doutrinário e lógico que...
Cumpre examinamos, neste Mister se faz ressaltar ...
passo...
Verdade seja, esta é... Neste sentido deve-se dizer que ...
Convém notar, outrossim, que... Tenha-se presente que ...
Como se depreende... Em que pese as razões espendidas.
Oportuno torna-se dizer que ... É de ser revelado ...
Cumpre assinalar que ... É bem verdade que ...
É bom dizer que ... Conforme pode-se verificar ...
Indubitável é ... Conforme pode-se notar ...
Convém ressaltar que ... Não há falar-se ...
Registre-se que ... Vale ratificar ...
Certo é que ... Contudo ...
Forçoso reconhecer que... Ademais ...
Impende ressaltar que... Revela dizer que ...
É preciso dizer que ... É de verificar-se que...
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