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MIKAELE SANTOS DIAS

MÔNICA OLIVEIRA E SILVA VIEIRA


REGIANE AMBIRES DA SILVA
TALLINE RIBEIRO DOS SANTOS
TATIANE DO NASCIMENTO SILVA
WAGNER DE MORAIS

Relatório Final de Estágio Básico III


ou IV do Curso de Psicologia, sob
supervisão da Prof. Rosana.

TRANSFERÊNCIA SEXUAL
NA RELAÇÃO PSICANALÍTICA

UNINOVE

São Paulo
2020
UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

MIKAELE SANTOS DIAS 2218109129


MÔNICA OLIVEIRA E SILVA VIEIRA 2218205150
REGIANE AMBIRES DA SILVA 2219205703
TALLINE RIBEIRO DOS SANTOS 2218102035
TATIANE DO NASCIMENTO SILVA 2218204808
WAGNER DE MORAIS 2218202122

TRANSFERÊNCIA SEXUAL
NA RELAÇÃO PSICANALÍTICA

Relatório Final de Estágio Básico III ou IV do Curso de Psicologia.


Sob supervisão da Prof. Rosana.

UNINOVE

São Paulo
2020
Agradecimentos

Hoje concretizamos mais uma pequena etapa de um belo caminho que pretendemos
percorrer, mas foi preciso muito esforço, determinação, paciência, perseverança,
ousadia e maleabilidade para chegar até aqui, e nada disso nós conseguiríamos sozinhos.
Neste espaço dedicamos nossa eterna gratidão a todos aqueles que colaboraram para que
nossos objetivos pudessem ser conquistados.

Agradecemos primeiramente a Deus pelo dom da vida, pelo seu amor infinito, sem Ele
nada somos. Aos nossos familiares, que são nossos maiores exemplos e aos nossos
amigos por todo amor, paciência e compreensão que tem nos dedicado. Somos gratos
por todo incentivo e orientação, pelas orações em nosso favor, pela preocupação para
que estivéssemos sempre andando pelo caminho correto.

Somos gratos também aos nossos colegas de classe, com quem aprendemos a conviver e
construir laços de carinho. Agradecemos por todos os momentos em que fomos
estudiosos, brincalhões e cúmplices, porque em vocês encontramos verdadeiros irmãos.
Obrigada pela paciência, pelo sorriso, pelo abraço, pela mão que sempre se estendia
quando nós precisávamos.

Agradecemos a professora-orientadora Rosana, que com muita paciência e atenção,


dedicou do seu valioso tempo para nos orientar em cada passo deste trabalho e pela
contribuição em nossa vida acadêmica e por tanta influência em nossa futura vida
profissional.

Agradecemos também a esta universidade, seu corpo docente, direção e administração


que mesmo diante a grandes desafios nos oferecem a janela através da qual hoje
vislumbramos parte de um horizonte superior repleto de oportunidades.

Emfim, nosso muito obrigado a todos que, mesmo não estando citados aqui,
contribuíram para a conclusão deste projeto.
Resumo

O resumo deve ser redigido pelo próprio aluno, ressaltando justificativa, objetivos e
métodos do trabalho desenvolvido. Deve ter no máximo 250 palavras.

Palavras-Chave

Apresentar ao final da página de resumo 5 palavras-chave que representem seu trabalho.

Sumário

Introdução; Objetivo (s); Justificativa; Método; Discussão; Considerações Finais;


Referências bibliográficas; Anexos e número das páginas

Introdução

Durante este estágio básico foram discutidos cerca de 13 temas, que citaremos
brevemente a seguir. Aprendemos sobre a Transferência, que trata-se de um fenômeno
psicanalítico desenvolvido na relação entre paciente e terapeuta e é executado pelo
inconsciente. Durante a transferência ocorre um deslocamento de sentimentos que antes
eram atribuídos a infância, pessoas ou acontecimentos do passado e no presente passam
a ser concentrados na figura do analista, onde o paciente passa a enxergar algum vínculo
que o remete a essas lembranças, fazendo com que se aproxime do analista de forma
mais terna e afetuosa ou até de forma ríspida ou mesmo sexual. O modo como esse
fenômeno ocorre dependerá do tipo de transferência despertada no inconsciente do
paciente, como veremos mais detalhadamente nos próximos tópicos. Aprender a lidar
com a transferência e trabalhar a partir dela é uma das tarefas mais importantes durante
a prática da análise. Segundo Freud, a transferência na psicanálise é essencial para o
processo de tratamento e cura do paciente.
Após adquirir conhecimentos sobre o que é a transferência, aprendemos sobre a
Transferência por retorno (psicótico), que

Neste estágio discutimos também sobre a Transferência sexual, que é


Faça uma apresentação do trabalho realizado no estágio básico. Esclareça ao seu leitor a
ideia central do trabalho desenvolvido ao longo do semestre, ex: saúde e doença no
trabalho; a violência no contexto doméstico;

Transferência
Transferência por retorno (psicótico)
Transferência erótica ou sexual
Interpretação
Contratransferência
Entrevistas iniciais
Abstinência e neutralidade
Enquadre e contrato
Associação livre e atenção flutuante
Limites da técnica psicanalítica no contemporâneo

A partir dos temas estudados no período de estágio, escolhemos apresentar o tema


Transferência sexual na relação terapêutica pois vimos que é um tema muito recorrente
durante sessões de terapia e será algo que poderemos vivenciar enquanto profissionais
da área de psicologia. Portanto acreditamos que é importante conhecer mais a fundo os

Esclarecer o ponto de vista sob o qual o tema será apresentado. Destacar a finalidade
(objetivos) e justificativas do trabalho;
Você pode mencionar os autores de referência no texto corrido, não fazer citações
literais (diretas). Ex. “Os autores utilizados para sustentação teórica desse trabalho, tais
como Dejours, Antunes, Sato e Spink oferecem subsídios para reflexões sobre o mundo
do trabalho e sua atual configuração” (lembre-se de que todos os autores mencionados
deverão constar na bibliografia).

Objetivo

(Transcrição do Objetivo apresentado pelo/a Supervisor/a na Proposta de Estágio, que


deverá ser apresentado em anexo) É a “espinha dorsal” do trabalho.
Deve expressar aquilo que o estágio visa alcançar e que também assegurou o eixo das
discussões e das atividades realizadas ao longo do estágio.

Justificativa

Tomando como base a Justificativa da Proposta de Estágio (do/a supervisor/a),


desenvolver a justificativa apresentando as contribuições dos autores lidos e discutidos
no estágio.
Apresentar a importância e/ou relevância do tema;
Benefícios à comunidade? À ciência? Ao ensino-aprendizagem? À prática psicológica?
É oferecer razão suficiente para a realização desse trabalho;

Método

Tomando como base o método apresentado na Proposta de Estágio do/a Supervisor/a,


apresentar as especificidades do trajeto, as mudanças propostas ao longo da efetivação
da proposta inicial.
Como foi realizado esse estágio;
Como foi acessado o conhecimento;
Quais os meios e recursos utilizados;
Encontros semanais? Bibliografia prévia? Debate? Seminários?
OBS.: Lembre-se que a método do relatório poderá variar de acordo com as
especificações da Proposta de Estágio do/a Supervisor/a.

Discussão

Na discussão deve-se articular suas reflexões com os autores adotados em supervisão;


Suas afirmações necessitam ser embasadas por autores referenciados em supervisão;
Desenvolver a ideia central com argumentos científicos (não cabem expressões
coloquiais ou do senso comum);
Mantenha o fluxo narrativo compreensivo, clareza de ideias e argumentos;
Começo, meio e fim conferem coerência ao texto.

Considerações Finais
Finalize o trabalho oferecendo ao leitor considerações sobre o trabalho realizado; • Não
obrigatório citar autores;
Não necessariamente precisa ser conclusivo nas considerações finais. Você pode manter
ou abrir novas perguntas para futuros trabalhos;
Faça dois parágrafos finais relatando: a importância desse trabalho para a prática
psicológica e o que esse trabalho agregou para seu conhecimento.

Referências Bibliográficas

FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria – Breuer e Freud. Edição Standard das
Obras Completas de Sigmund Freud (Vol. II). Rio de Janeiro: Imago. 1969.

FREUD, Sigmund. Fragmento da análise de um caso de histeria. Edição Standard


Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. VII. Rio de Janeiro: Imago,
1996.

FREUD, Sigmund. (1912a) A dinâmica da transferência. Obras Completas. Rio de


Janeiro. Edição Standard Brasileira, Vol. XII. Imago, 1976, 129-143.

FREUD, Sigmund. Observações sobre o amor transferencial. Vol. XII, Imago, 1914

ANTÔNIO, Manoel. PEPSIC. Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto


A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana.
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X1994000200003> Acesso em 10/09/2020 as 17h00.
WINNICOTT, D. W. Contratransferência. Em O ambiente e os processos de maturação
(pp. 145-151). Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

WOLFF, C.; FALCKE, D. A Contratransferência na clínica psicanalítica


contemporânea. Scielo, disponível em: < http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?
pid=S0870-82312011000200002&script=sci_arttext >. Acesso em: 05 de Outubro de
2020, às 22:h00 minutos.
ZIMERMAN, D. Manual de Técnica Psicanalítica. Editora Artmed (p.453), Porto
Alegre, 2004.

Anexos

Proposta de Estágio (Apresentado pelo/a Supervisor/a ao início do Estágio, a partir de


Modelo adotado no Centro de Formação de Psicólogos);

Relatórios e/ou outras produções parciais, como fichamentos, resumos, resenhas,


sínteses, roteiros de entrevista utilizados, roteiros de observação etc.

Folder, cartaz ou outros materiais produzidos ao longo do estágio.


PRIMEIRO RELATÓRIO PARCIAL

Escrevam um texto de apenas três parágrafos:

– No primeiro, apresentem o que é transferência, fazendo citações bibliográficas.


– No segundo, deem exemplo de transferência.
– No terceiro, comentem algo que tenham achado interessante no texto do Freud
“Observações sobre o amor transferencial” (fazendo a devida citação desse texto).

A transferência, independentemente do tipo, se trata de um acontecimento que


surge desde o princípio da terapia. Ela é constituída do desencaixe de sentimentos em
relação ao analista e mesmo que em alguns casos aparente ser de grande valia, não deve
ser usada como bússola para direcionar o progresso do tratamento. Porém não é
necessário se preocupar, desde que a transferência não apresente alterações no
andamento do processo de cura. É importante lembrar que, na transferência o paciente
revive situações retraídas no passado, como algo que acreditam ser inegavelmente parte
do presente. Segundo a psicanálise, a transferência é um conceito essencial, sendo que a
partir do seu estabelecimento na relação paciente e analista e de sua interpretação, ela
viabiliza a este último o acesso às representações inconscientes de seu analisante
(FREUD,1916/1996). No livro Fragmento da análise de um caso de histeria (o caso
Dora), Freud define a transferência como:

“Reedições, reproduções das moções e fantasias que durante o


avanço da análise, soem despertar-se e tornar-se conscientes,
mas com a característica (própria do gênero) de substituir uma
pessoa anterior pela pessoa do médico. Dito de outra maneira:
toda uma série de experiências psíquicas prévia é revivida, não
como algo passado, mas como um vínculo atual com a pessoa
do médico.” (FREUD,1905/1996, p. 313).

Segundo Freud, existem três tipos de transferência: a positiva, a erótica (que


pode apresentar traços da positiva) e a negativa. Ressaltando que a negativa e a erótica
podem ser consideradas como as que dificultam o trabalho do terapeuta, e a positiva
como a que facilita o desenvolvimento terapêutico. (FREUD, 1912). A transferência
positiva, devido à confiança adquirida entre analista e paciente, pode ajudar com que o
paciente expresse de forma mais fácil e aberta, a respeito de assuntos difíceis de serem
abordados pelo terapeuta.
“A transferência sobre a pessoa do analista não representa o
papel de uma resistência, a não ser quando se tratar de uma
transferência negativa, ou então de uma transferência positiva
composta de elementos eróticos recalcados.” (FREUD, 1912, p.
6)
Desse modo, podemos ver que, para Freud, um processo de terapia saudável
pode ser bem-sucedido caso ocorra uma transferência positiva que use como alicerce
atitudes de afinidade e segurança entre psicanalista e paciente. Porém, sempre é bom
lembrar que toda a transferência é composta por fatores negativos e positivos.
Durante o tratamento ocorre uma transferência de sentimentos vivenciados
durante a infância para o presente, gerando uma paixão da paciente pelo analista. O
analista percebendo esse sintoma neurótico deve tratar esse sintoma de forma
acolhedora, mas sem incentiva-lo, fazendo que a paciente perceba que esse sentimento
não se trata de uma paixão real e sim de uma transferência das figuras do passado para a
figura atual, de forma a evitar que o tratamento seja interrompido, mas caso a paciente e
o analista decida pela interrupção a paciente sentirá a necessidade de iniciar um novo
tratamento e a transferência ocorrerá novamente e assim sucessivamente, mas se
trabalhado corretamente essa neurose ira desaparecer e não haverá mais a transferência.

- Abaixo, elaboramos um exemplo de transferência negativa:

Um paciente que iniciou o tratamento, contou ao psicólogo que durante sua infância
seus pais o agrediam física e verbalmente e com 10 anos o abandonaram e ele foi morar
na rua, onde viveu boa parte da sua adolescência até conseguir um emprego. Esse
paciente disse ao psicólogo que não sabia nem porque havia começado a terapia pois
ninguém no mundo é digno de confiança, ele se mostrava sempre fechado e receoso
durante a sessão, ele desconfia do profissionalismo e do comprometimento do analista e
está sempre levantando argumentos a respeito da eficácia do processo terapêutico como
um todo. Durante toda a sessão ele mantém uma distância cautelosa e algumas vezes
acaba afirmando claramente que não acredita no trabalho do terapeuta, criando uma
barreira e dificultando assim a aproximação entre ambos.
- E a seguir demos um exemplo de transferência erótica:

Um paciente deu início a terapia com uma psicóloga com quem logo simpatizou,
porém ele apresentava dificuldades em falar de si, contou que era divorciado, que se
sentia sozinho e afirmava constantemente que não conseguia se relacionar com
ninguém, pois as mulheres que conhecia, logo se afastavam e isso o frustrava muito.
Depois de dois meses na terapia, esse paciente foi mostrando mais afeto e um apego
exagerado pela terapeuta, enviando mensagens, ligando pra ela todos os dias, sempre
elogiando sua aparência física, inteligência e até soltando algumas cantadas, como: -ah
se eu tivesse uma chance de te conhecer melhor fora do consultório, quem sabe um dia
podemos sair pra um barzinho e tomar um bom vinho? Até que um dia esse paciente
chegou na consulta e ao entrar na sala da terapeuta imediatamente a abraçou acariciando
seus cabelos, tentando também beijá-la, e afirmou que ninguém tão linda e sexy nunca o
tratou com tanta atenção e que estava se apaixonando por ela.
Uma das partes do texto de Freud que chamou nossa atenção é a anedota que ele
conta sobre o pastor (terapeuta) corretor de seguros, doente preste a morrer (paciente)
onde o doente está à beira da morte a sua família chama um pastor para convertê-lo, e o
pastor entra no quarto e fica por muitas horas enquanto a família aguarda do lado de
fora já com esperança da conversão do doente, mas o pastor sai do quarto com um
seguro que tinha comprado do corretor moribundo. Essa situação se compara ao
fracasso do terapeuta diante da condição de amor transferencial, quando o mesmo cede
ao desejo da paciente ele falha na sua missão como terapeuta.

O caminho que o analista deve seguir é um caminho para o qual


não existe modelo na vida real. Ele tem de tomar cuidado para
não se afastar do amor transferencial, repeli-lo ou torná-lo
desagradável para a paciente; mas deve, de modo igualmente
resoluto, recusar-lhe qualquer retribuição. (FREUD, 1914, p.4)

BIBLIOGRAFIA

FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria – Breuer e Freud. Edição Standard das
Obras Completas de Sigmund Freud (Vol. II). Rio de Janeiro: Imago. 1969.
FREUD, Sigmund. Fragmento da análise de um caso de histeria. Edição Standard
Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. VII. Rio de Janeiro: Imago,
1996.

FREUD, Sigmund. (1912a) A dinâmica da transferência. Obras Completas. Rio de


Janeiro. Edição Standard Brasileira, Vol. XII. Imago, 1976, 129-143.

FREUD, Sigmund. Observações sobre o amor transferencial. Vol. XII, Imago, 1914

ANTÔNIO, Manoel. PEPSIC. Universidade de São Paulo - Ribeirão Preto


A transferência na clínica psicanalítica: a abordagem freudiana.
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
389X1994000200003> Acesso em 10/09/2020 as 17h00.
SEGUNDO RELATÓRIO PARCIAL

– Ilustrem neutralidade e abstinência, com base na cena de um dos episódios


Sessão de terapia (com a Júlia).
– Imaginem uma situação entre paciente e analista, onde o analista utiliza a
contratransferência para favor do processo terapêutico.
– Ilustrem um fluxo associativo significativo, baseado na cena do Episódio 01 de
Otávio (Sessão de terapia).

A neutralidade a qual Freud propõe seria que o analista adote uma postura que se
assemelhe a um cirurgião, trabalhando minuciosamente, pondo de lado seus
sentimentos. Como vemos no seriado “sessão de terapia” a cena que Théo não responde
quando Júlia declara que o ama. Vemos também outra cena do episódio, onde Théo fala
para Júlia que nunca faria amor com ela, então visto isso, podemos dizer que ele está
usando abstinência, logo após Júlia muda rapidamente de assunto e eles dão
continuidade a sessão. Acreditamos que se Théo tivesse correspondido transferência de
Júlia a sessão de terapia realizada não teria sucesso naquele dia. A cena onde Júlia conta
sobre o caso que teve no bar na noite anterior, ao fazer ao fazê-lo Júlia insinua-se,
olhando de forma sedutora perguntando a ele se tudo que ela estava falando não era
forte demais. Théo age normalmente dando continuidade ao atendimento.
Um paciente que se consulta a alguns meses com o analista e durante esse
período conta ao Psicólogo sobre sua infância, onde sofreu, passou por lares adotivos e
até roubava comida para sobreviver, esses acontecimentos lhe causaram uma sensação
de vazio e solidão muito grandes, a ponto de dizer que ali era o único local onde nunca
iria deixar de ir pois havia ganho um novo pai (se referindo ao Psicólogo) pra quem por
várias vezes ligava ou enviava mensagens contando como estava sendo seu dia. O
Psicólogo sentia muita simpatia e afeto pelo rapaz, que o fazia lembrar do filho que
estava distante, tanto que em alguns momentos até choraram juntos e se abraçaram
durante as sessões. Percebendo a vulnerabilidade que estava vivendo (a
contratransferência), o Psicólogo decidiu abordar o rapaz de forma mais neutra acerca
dos motivos que o faziam sentir aquela carência, usando a si mesmo e as sessões de
terapia como exemplo, perguntando ao paciente como ele se sentia ao ir ao consultório
sabendo que sua vida poderia mudar após o término da terapia, lembrando de que a
relação entre eles era profissional. A princípio o rapaz se chateou muito ao pensar nisso,
mas logo começou a se questionar sobre suas atitudes de apego extremo nos últimos
meses e ao longo de sua vida, tanto com seu Psicólogo quanto com todos que
demonstravam algum interesse por ele, e com essa visão pode dar um novo segmento a
terapia, conciliando a contratransferência com a interpretação do paciente.
Na situação que criamos acima, o Psicólogo usou a contratransferência a favor
do processo de terapia, mesmo diante do impacto emocional causado pelo paciente.
Conforme aprendemos até aqui, sabemos que o analista deve perceber e lidar com a
contratransferência sem orientar o paciente de forma emocional ou direta, sem
influenciar na sua maneira de agir, mas fazendo com que ele reflita por si só a partir de
suas próprias atitudes e sentimentos.

O psicoterapeuta (analista ou psicólogo analista) deve


permanecer vulnerável e ainda assim reter seu papel profissional
durante suas horas de trabalho. Acho que o analista profissional
que mantém comportamento correto está mais à vontade do que
o analista que (ainda que com comportamento correto) retém a
vulnerabilidade que faz parte de uma organização defensiva
flexível (WINNICOTT, 1983, pg. 147).
O conceito de contratransferência é baseado na ideia do redirecionamento de
sentimentos do terapeuta em relação ao paciente ou mesmo do envolvimento emocional
entre ambos. O terapeuta deve previamente compreender e controlar seus próprios
impulsos, antes de exercer alguma intervenção com base em seus sentimentos a respeito
do paciente, sempre refletindo sobre como ambos reagem ao que está sendo sentido.
(WOLFF, 2011).
Em determinada parte do episódio, ao ouvir o problema de Otávio, Théo lhe diz
que o corpo é capaz de transformar esses sentimentos em dor física, e Otávio logo
associa falando que sua filha gostaria de ouvir o que Théo disse, pois sua filha acredita
que existe uma conexão entre o corpo e a alma e contou que a filha estava em um retiro
de meditação e que sentia muito sua falta pois não conseguir ficar sem ela por tanto
tempo. Essa situação levanta a hipótese de que grande parte do que ele está sentindo
pode estar relacionado com o medo de perder o controle sobre a filha, que está distante.
Outra situação de fluxo associativo que observamos foi quando Otávio fala que tem
medo da morte e chega a sonhar com isso e Théo então diz que isso leva a crer que ele
tem medo de perder o controle. Em seguida Otávio diz que sabe que tem um problema e
que não quer perder tempo e fala pra Théo que ele pode receitar um remédio e que
precisa de uma solução concreta. Théo diz que os ataques de ansiedade podem ser
complexos e não acontecem por razões óbvias e que será necessário investigar o que
está acontecendo e diz a Otávio que não existe pílula mágica pois é um processo, ao
ouvir isso Otávio começa a falar de forma alterada, demonstrando ansiedade, angustia e
medo, pede para Théo abrir a janela e vai ao banheiro pois acabou de ter uma crise
naquele momento. Essa situação levanta a hipótese de que muito do que ele está
sentindo também pode estar relacionado com o medo de perder o controle sobre sua
própria vida, já que na terapia ele não poderá controlar o que acontecerá, apenas seguir
o fluxo e aceitar que o processo de cura pode levar um tempo.

BIBLIOGRAFIA

WINNICOTT, D. W. Contratransferência. Em O ambiente e os processos de maturação


(pp. 145-151). Porto Alegre: Artes Médicas, 1983.

WOLFF, C.; FALCKE, D. A Contratransferência na clínica psicanalítica


contemporânea. Scielo, disponível em: < http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?
pid=S0870-82312011000200002&script=sci_arttext >. Acesso em: 05 de Outubro de
2020, às 22:h00 minutos.
TERCEIRO RELATÓRIO PARCIAL

– Deem um exemplo fictício de entrevista aberta.


– Agora explicaremos o que é o contrato psicanalítico, fazendo a devida citação.
– A seguir elaboramos exemplos fictícios onde uma quebra de enquadre por parte
do paciente têm um significado.

A seguir, elaboramos um exemplo fictício de uma entrevista aberta:


Psicóloga: — oi, boa noite João.
Paciente: — boa noite.
Psicóloga: — João me conta o que te trouxe aqui
Paciente: — então, resolvi procurar ajuda porque não dou certo nós meus
relacionamentos, e acho que o problema é comigo
Psicóloga: — me conta mais como são seus relacionamentos?
Paciente: — depois que me assumi como gay pude perceber que meus relacionamentos
não dão certo, me entrego demais.
Psicóloga: — como acha que se entrega?
Paciente: — não sei, acho que faço muito pela pessoa, crio muitas expectativas, e
espero o mesmo da outra parte e depois de um tempo as coisas começam a ficar
conturbadas, o parceiro se afasta de mim e quando vejo já estou sozinho outra vez
Psicóloga: — quantos relacionamentos isso aconteceu?
Paciente: — em que mais marcou, foram 2. Tenho a impressão que sufoquei eles por
ser carinhoso de mais, e as vezes as pessoas não gostam disso. Mas não consigo ser
diferente, quando gosto sou assim, quero dar o meu melhor. Aprendi isso com meus
pais, eles sempre foram muito atenciosos comigo e meus irmãos.
Psicóloga: — me conta mais dessa sua relação com seus pais?
Paciente: — bom, eu sou o filho mais velho de três irmãos, por mais que meus pais
sejam muito carinhosos com os três como eu já disse, as vezes sinto uma diferença de
como sou tratado, me sinto excluído, me deixam de lado, falam que sou chato e tudo
mais no fundo eu até concordo com eles, acho que por isso estou sozinho, ninguém me
aguenta!
Contrato psicanalítico é um contrato verbal realizado ao final da entrevista com o
paciente onde deve ser explicado como se dará o tratamento, quantas seções,
pagamento, falta do paciente deixando-o ciente que neste caso ainda haverá a cobrança
da mesma, deixando claro qual será o objetivo do tratamento.

Na formulação do contrato deve ficar clara a regra fundamental,


que é a associação livre. Além disso, ele deve estipular o
número de sessões por semana, horários, pagamento, se há
mudanças no caso de feriados, faltas do paciente e do terapeuta
e qual é o objetivo do tratamento. (ZIMERMAN, D., 2004)

Pensando no tema quebra de enquadre, podemos dizer que geralmente acontece


quando o paciente está vivenciando algo internalizado que afeta em seu comportamento
externo, fazendo com que ele reaja com a “quebra de enquadre”. Um bom exemplo de
quebra de enquadre é quando o acordo entre paciente e analista já foi formalizado e
durante o decorrer das sessões esse paciente falta sem nenhum aviso e depois retoma a
terapia se recusando a pagar o valor das sessões nas quais ele faltou. Podemos citar
também um dos exemplos dados em aula, sobre quando o paciente chegou atrasado para
a sessão de terapia, pensando estar dentro do horário correto, esquecendo do com o
terapeuta. E outro exemplo que podemos citar é quando um paciente paga um valor a
mais pela sessão de terapia, esquecendo que foi combinado um valor menor.
Basicamente, sempre que o paciente demonstrar um comportamento que fuja do
conjunto de variáveis estabelecidas, isto se caracteriza como uma quebra de enquadre.
Acreditamos que todos os exemplos de quebra de enquadre aqui citados possuem um
significado, pois demonstram algo ainda que ainda pode estar implícito no paciente.
Observar a ocorrência desses fatos é de grande importância para o analista, que
posteriormente poderá utilizar essas quebras de enquadre a favor do tratamento
psicanalítico do paciente em questão.

BIBLIOGRAFIA

ZIMERMAN, D. Manual de Técnica Psicanalítica. Editora Artmed (p.453), Porto


Alegre, 2004.

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