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S
perspectiva Se a escola tem ocupado o centro da
não escolar
Sem realizar um balanço da sociologia da
no estudo
tivos, capazes de enriquecer a compreen-
SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO E
MARILIA PONTES
sociológico
SPOSITO é professora
da Faculdade de Educação
SOCIOLOGIA DA ESCOLA
Apesar da legitimidade da expressão
da escola
na pós-graduação no Brasil, é preciso reite-
plinas, que estudam a ordem existente nas vam sociólogos da educação. Sua interro-
relações dos fenômenos sociais de diver- gação sempre incidiu sobre o modo como
sos pontos de vista irredutíveis, mas com- a sociedade se perpetua e é a partir dessa
plementares e convergentes. Contudo, nada questão de sociologia geral que eles se in-
se disse (até aqui) sobre as chamadas ‘so- teressaram pelos efeitos sociais da escola
Econômica, a Sociologia Moral, a Socio- que o poder explicativo dos paradigmas que
rigor, essa designação é imprópria. Como do próprio Bourdieu reiteram essa orienta-
sociológicos podem ser aplicados à inves- seu objeto particular quando se constitui
tigação e à explicação de qualquer fenô- como ciência das relações entre a reprodu-
meno social particular sem que, por isso, ção cultural e a reprodução social, ou seja,
se deva admitir a existência de uma disci- no momento em que se esforça por estabe-
plina especial, com objeto e problemas lecer a contribuição que o sistema de ensi-
próprios!... Sob outros aspectos o uso mais no oferece com vistas à reprodução da es-
ou menos livre de tais expressões facilita a trutura das relações de força e das relações
o público. Isto parece ser suficiente para Mas uma outra segmentação interna ao
justificar o emprego delas, já que carecem campo de estudos precisa, também, ser
(Fernandes, 1960, pp, 29-30 – grifos meus). dedicar à analise dos processos socializa-
ponto de vista sociológico, os fenômenos Duru-Bellat e Van Zanten (1992, p. 1), uma 1 Ao analisar essa formulação
de Bourdieu, Catani, Catani e
Pereira (2001, p. 128) alertam
educativos e não apenas uma divisão arbi- “verdadeira sociologia da educação” reco- que, para ele, “a questão a
ser pesquisada em cada caso
trária disciplinar que não encontra eco nos briria um campo extremamente vasto, pois particular – entendido sempre
como ‘modalidade do possí-
processos sociais reais. “os mecanismos por meio dos quais uma vel’, isto é, ‘o invariante na va-
riante observada’ – é sempre
Mesmo na França, por exemplo, esse sociedade transmite a seus membros seus a contribuição do sistema de
ensino e a forma específica
pela qual esta se reveste para
recorte institucional de domínios tem sido saberes, o saber-fazer e o saber-ser que ela a reprodução da estrutura das
relações, simultaneamente de
objeto de crítica contemporânea, levando estima como necessários à sua reprodução força e simbólicas, entre todos
os agentes sociais (grupos,
Derouet a afirmar que tanto Pierre Bourdieu são de uma infinita variedade” . classes, instituições)”.
ria silenciada. sociais a ela externas, em seu interior não 23 Talvez um exemplo possa
elucidar essa questão: nem
O conhecimento dessa sociabilidade, ocorre a mera transposição: há recriação, sempre o envolvimento de al-
das formas de solidariedade, de seus con- transformação ou produção de novas rela- guns jovens com o narcotráfico
ou com o crime organizado no
flitos e de suas práticas é, ainda, algo para ções sociais. Por essas razões e a título de bairro implica uma conduta
delinqüente no interior da es-
ser enfrentado pela reflexão sociológica no exemplo, ao menos três modalidades na cola. Comportamentos agres-
Brasil. interação entre a cultura da rua e a vida sivos e violentos na escola não
são decorrentes, necessaria-
De um lado é preciso considerar que escolar podem ser observadas. mente, de atitudes violentas nas
ruas do bairro (Araujo, 2002).
esse empreendimento acadêmico diz res- Em primeiro lugar, alguns estudos evi- Mecanismos de segregação
peito à legitimidade do campo dos estudos denciam que os mecanismos da sociabili- de grupos entre os alunos na
escola não seguem necessaria-
sociológicos sobre infância e juventude. dade e de reconhecimento típicos da rua e do mente o conjunto de valores
Mesmo se considerarmos os estudos pio- bairro não são necessariamente os mesmos expressos no bairro e nas ruas,
operando nesse caso uma
neiros de Marialice Foracchi, houve um que ocorrem no estabelecimento de ensino. ação específica da cultura
escolar que seleciona e identi-
arrefecimento das iniciativas apenas lenta- No ambiente escolar há a criação de formas fica os maus e bons alunos e
mente retomadas a partir da segunda meta- de convivência que podem transformar ou estimula a formulação de con-
dutas desviantes (Van Zanten,
de dos anos 80 (20). opor-se à própria cultura de rua (23). 2000a).
BIBLIOGRAFIA
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ALTHUSSER, L. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. Lisboa, Presença, s/d.
ARAUJO, Carla. A Violência Desce para a Escola. Belo Horizonte, Autêntica, 2002.
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AVANCINE, Sérgio. Daqui Ninguém nos Tira: Mães na Gestão Colegiada da Escola Pública. Dissertação de Mestrado.