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PLANO DE PESQUISA

1. IDENTIFICAÇÃO

Título: A construção do sujeito escritor: Da narrativa à produção científica na Escola Estadual de Ensino em Tempo
Integral Maria do Carmo Viana dos Anjos – Macapá - AP

Instituição: Escola Estadual de Ensino em Tempo Integral Maria do Carmo Viana dos Anjos

Nível de Ensino: Ensino médio

Identificação do grupo

NOME FORMAÇÃO FUNÇÃO

Nilva Oliveira dos Licenciada em Letras (UFMS). Especialista em Metodologia do Professora


Santos Ensino da Língua Portuguesa (UNINTER). orientadora

Liandra Beatriz Ensino Médio Estudante


Chaves Pimentel pesquisadora

Mariana de Fátima R. Ensino Médio Estudante


Dalmacio pesquisadora

Local de execução: Escola Estadual de Ensino em Tempo Integral Maria do Carmo Viana dos Anjos.

1. Descrição da Inovação apresentada:


Esse trabalho serve para apresentar alguns procedimentos discursivos e metodológicos quanto à produção
textual para estudantes do último ano do Ensino Médio, constituídos de práticas que retornem à narrativa em 1ª pessoa
até chegar em produções científicas, como o artigo científico, normalmente escritos em 3ª pessoa.

Retornar no 1º Bimestre à produção de narrativas em 1ª pessoa, como temas como “Relato de uma emoção
forte” ou “Relato de uma aprendizagem”, permitem aos estudantes da 3ª série do Ensino Médio reviverem, por meio
de memórias, algumas situações que podem desencadear o processo de escrita de maneira mais significativa e menos
artificial. Começar narrando alguma experiência marcante pode auxiliar na construção de uma importante identidade
nessa fase da vida, a identidade como sujeito-escritor. E aqui esse sujeito difere daquele perfil que apenas cumpre um
papel meramente escolar com finalidade de receber uma nota final. Esse sujeito está de fato se envolvendo com seu
processo de escrita e reescrita.

Revivendo a vontade, tão existencial, de compartilhar emoções ou aprendizagens experimentadas, tal sujeito-
escritor pode ir percebendo as possibilidades de construir relações com os leitores, realizar a construção coerente de
unidade temática, produzir personagens interessantes para o leitor, propor a descrição de espaços, do fluxo narrativo
e ganhar mais familiaridade com a norma padrão da língua.

Dessa forma, pode-se considerar a possibilidade de ir para produções em que se pede um maior distanciamento
entre o narrador e o objeto do ponto de vista, ou seja, os discursos em 3ª pessoa; como textos argumentativos-
dissertativos (como a famosa redação para o ENEM) e textos científicos (como projetos e artigos científicos). Assim,
é pertinente desenvolver um processo que permita ao estudante do último ano do Ensino Médio, veja-se como escritor,
com a possibilidade de ter leitores reais para seu texto, revisitando a narrativa antes de produzir textos mais distantes
discursivamente, além de experienciar a escrita científica antes da graduação.

2. Título do Projeto.
A CONSTRUÇÃO DO SUJEITO-ESCRITOR: DA NARRATIVA À PRODUÇÃO CIENTÍFICA NA
ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO EM TEMPO INTEGRAL MARIA DO CARMO VIANA DOS ANJOS-
MACAPÁ- AP

3. Nome do(s) aluno(s).


Liandra Beatriz Chaves Pimentel
Mariana de Fátima Ramos Dalmacio

4. Definição do Problema.

Esse trabalho surgiu da necessidade de construir a identidade de sujeito-escritor, mais protagonista em


comparação ao estudante meramente cumpridor de tarefa no feitio textual. Além disso, muitos desses estudantes
relataram a dificuldade de escrever e a pressão que a produção textual recai sobre os mesmos nessa etapa que antecede
o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Para esse fim, o estudo procurou relatar o próprio processo de
construção textual das pesquisadoras e de alguns estudantes da Escola Estadual de Ensino em Tempo Integral Maria
do Carmo Viana dos Anjos.
Alguns teóricos da linguagem, especialmente relacionados à produção textual, apontam acerca da
necessidade de se construir, com os textos – inclusive orais, uma relação não de apropriação de regras isoladas, mas
relação de interação entre escritor e leitor. Mas é preciso se assumir nesse papel, o que não se constrói tão somente
entregando um papel escrito para receber uma nota final, completamente desarticulado com a vida real dos discursos.
Numa caracterização da famosa “redação Escolar”, que fora da escola possui pouco ou nenhum valor.

5. Objetivo
5.1.Objetivo geral
Incentivar a identidade do sujeito-escritor por meio de metodologia que revisite a produção de narrativas de
1ª pessoa antes da prática de produções em 3ª pessoa, de forma que se parta de textos mais próximo do estudante até
chegar aos textos distantes, e se aproximar dos momentos de letramento científico.

5.2.Objetivos Específicos
• Propor uma metodologia que permita a produção textual de relatos em 1ª pessoa, com temas como
“Relato de uma emoção forte” ou “Relato de Aprendizagem”;
• Construir elementos discursivos importantes na produção textual, como o papel de um sujeito-escritor
que estabelece diálogo real com o leitor;
• Estimular o avanço para textos mais distantes do sujeito-escritor, como o modelo mais solicitado pelo
ENEM, a dissertação-argumentativa; e textos científicos, como projetos e artigos.
6. Justificativa

É real a angústia que muitos estudantes passam no momento em que são solicitados para produzir um texto.
Essa solicitação, muitas vezes banalizadas por alguns professores, tem se tornado uma prática vazia de sentido, num
ritual persistido comumente no ambiente escolar.

Fora desses momentos de cobrança pedagógica, o estudante usa a língua escrita com muita frequência.
Embora com a qualidade dessas escritas seja questionável, não se pode negar que as situações de fala são bem mais
interessantes na interação escritor-leitor. Em outras palavras, os estudantes são sujeitos desses textos (mesmo cheios
de problemas). O que refuta a ideia de desconhecer o papel de escritor.

Então o que acontece com as folhas em branco, a fuga do tema, os índices ruins comprovados nas notas e nas
qualidades das produções textuais em jovens no último ano do Ensino Médio? Muitos se sentem incapazes de dar uma
opinião, estão tão desmotivados e com baixa estima para se expor ainda mais.

E se a proposta de produção retorne aos primeiros momentos escolares, quando eram convidados a falarem
de si um pouco? Em outras palavras, ainda que estejam inseridos no último ano do Ensino Médio, e às vésperas do
famoso teste do Ministério da Educação, revisitar elementos da narrativa pode despertar a vontade de escrever e se
ver no papel de escritor. Dessa forma, então, caminhar para textos menos subjetivos, cuja tipologia pode ser de
argumentar.

Assim, a narrativa – sobretudo em 1ª pessoa – pode servir para despertar o desejo de escrever e se envolver
com o enredo e o leitor, desejo perdido em meio às cobranças cada vez maiores de redações estéreis. Entretanto, esse
mesmo sujeito convidado a falar um pouco de si precisa dar continuidade em seu desenvolvimento textual ao se
permitir escrever textos em que a neutralidade da 3ª pessoa possa ajudar na construção de conhecimentos acerca do
outro e do mundo que o cerca.

7. Revisão Bibliográfica
Produzir um texto não se trata de um ato mecanizado, alguns fatores corroboram para que haja uma construção verbal,
e sobre isso Koch (2003) se dedicou parte considerável de pesquisa, chegando a alguns fatores que desencadeiam a
intervenção verbal, a saber: motivação, normalmente não única; a situação, conjunto de influências internas e externas
ao texto; probabilidades, que apontam alguns mecanismos de escolha; tarefa-ação, escolha de uma ação específica
para ter êxito comunicativo e interacional.

Para essa autora de clássicos da Linguística Textual, diversos fatores devem ser levados em consideração no
momento em que se produz os discursos, orais ou escritos. E sua definição de texto é, ao mesmo tempo pertinente a
esse projeto de pesquisa e atual em relação aos seus pares na teoria acerca da produção de textos. De acordo com
Koch (2003), um texto pode ser compreendido como sendo “(...) resultado parcial de nossa atividade comunicativa,
que compreende processos, operações e estratégias que têm lugar na mente humana, e que são postos em situações
concretas de interação social” (KOCH, 2003, p.26).

Percebe-se que o indivíduo age socialmente nos/sobre/pelos textos, e essa atitude ativa e consciente permite
o que foi considerado nesse trabalho como sujeito-escritor, em contraponto ao aspecto passivo historicamente
construído nas salas de aula em geral, em especial nas produções textuais. Sem antes desenvolver essa atitude de
compreensão dos processos, tal qual propõe Koch, o estudante tende entender que fazer texto é a finalidade de uma
causa meramente escolar e artificial, isto é, para receber notas bimestrais.

Um monte de palavras não constitui um texto, de modo que se faz necessário que esse trabalho comece pela
tentativa de definir o que seja um texto. De acordo com Costa Val (1999) “Pode-se definir texto ou discurso como
ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e
formal. Antes de mais nada, um texto é uma unidade de linguagem em uso, cumprindo (...) dado jogo de atuação
sociocomunitativa” (COSTA VAL, 1999, p. 3-4). Somam-se a esse fator uma unidade semântica coerente e uma
estrutura material, em seus elementos constituintes estabeleçam relações coesa.

Ainda de acordo com autora citada, sete fatores garantem a qualidade necessária para dar textualidade à
produção textual. São importantes fatores de aprendizagem para o sujeito-escritor, a saber: coerência e coesão,
intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade, intertextualidade e a coerência pragmática.

Na tentativa de “escrever bonito”, muitos estudantes consomem esses esquemas sem de fato se desenvolver
como sujeito-escritor, consciente das escolhas semânticas e discursivas de sua produção textual. Alguns chegam ao
gramaticalmente correto, mas permeado de clichê, com baixa originalidade.
O livro didático adotado, pela escola onde se desenvolveu essa pesquisa, explica de forma simples a definição
das pessoas do discurso. Para Abaurre (2016) “Foco narrativo é a perspectiva a partir da qual uma história é contada.
[Ele] pode ser de 1ª pessoa ou de 3ª pessoa” (ABAURRE, PONTARA, 2016, p.285).

Desse modo, esse narrador consegue propor detalhes por conta de sua aproximação com as cenas dais quais
precisa narrar. E o leitor, por sua vez, pode ampliar seu conhecimento acerca do Outro e do mundo que o cerca,
identificando-se ou não com o narrador. Em diversas situações essas relações podem ser contraditórias, mas não raras
as situações em que escritores e leitores estabelecem laços de cumplicidade e trocas significativas.

Termo “letramento” surge na década de 1980 com o texto de Magda Soares e o conceito de alfabetização x
letramento. O letramento é o uso da escrita em práticas sociais, e o letramento acadêmico envolve não apenas o
conhecimento sobre a ciência e a tecnologia, mas especialmente sua inter-relação com a sociedade (SOARES, 2002).
Uma visão de empoderamento dos sujeitos por meio da aquisição mais ampliada da língua permite estudantes atuarem
socialmente e avançarem em seus estudos.

Compartilha-se, aqui, o pensamento proposto pelo grupo de Novos Estudos do Letramento (New Literacy
Studies), cuja fundamentação teórica realizada por Street “(...) propõe uma visão etnográfica dos estudos do
letramento como prática social de poder e de empoderamento” (LOPES, 2018, p.232). Dessa forma, avançar na
aprendizagem de novos conhecimentos e métodos narrativos, com o uso da 3ª pessoa, facilitam na produção de textos
dissertativos-argumentativos e científicos.

E quais orientações previstas nos documentos oficiais de ensino quanto à produção textual? Para a BNCC a
“(...) participação mais plena dos jovens nas diferentes práticas socioculturais que envolvem o uso das linguagens”
(BNCC, p.483). E dentre as muitas habilidades, pode citar a de identificação (EM13LGG104), cujo objetivo é
“Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produção de textos
e discursos em diversos campos de atuação social” (BNCC, p.493). Semelhante à relação estabelecida lá nas narrativas
de 1ª pessoa, textos objetivos do universo cientifico podem (e devem) dialogar com o leitor. Enfim, pressupõe que a
esse conhecimento é processual e principalmente, possível.

8. Hipótese(s).
É real a angústia que muitos estudantes passam no momento em que são solicitados para produzir um texto.
Essa solicitação, muitas vezes banalizadas por alguns professores, tem se tornado uma prática vazia de sentido, num
ritual persistido comumente no ambiente escolar.

Fora desses momentos de cobrança pedagógica, o estudante usa a língua escrita com muita frequência.
Embora com a qualidade dessas escritas seja questionável, não se pode negar que as situações de fala são bem mais
interessantes na interação escritor-leitor. Em outras palavras, os estudantes são sujeitos desses textos (mesmo cheios
de problemas). O que refuta a ideia de desconhecer o papel de escritor.

Então o que acontece com as folhas em branco, a fuga do tema, os índices ruins comprovados nas notas e nas
qualidades das produções textuais em jovens no último ano do Ensino Médio? Muitos se sentem incapazes de dar uma
opinião, estão tão desmotivados e com baixa estima para se expor ainda mais.

E se a proposta de produção retorne aos primeiros momentos escolares, quando eram convidados a falarem
de si um pouco? Em outras palavras, ainda que estejam inseridos no último ano do Ensino Médio, e às vésperas do
famoso teste do Ministério da Educação, revisitar elementos da narrativa pode despertar a vontade de escrever e se
ver no papel de escritor. Dessa forma, então, caminhar para textos menos subjetivos, cuja tipologia pode ser de
argumentar.

Assim, a narrativa – sobretudo em 1ª pessoa – pode servir para despertar o desejo de escrever e se envolver
com o enredo e o leitor, desejo perdido em meio às cobranças cada vez maiores de redações estéreis. Entretanto, esse
mesmo sujeito convidado a falar um pouco de si precisa dar continuidade em seu desenvolvimento textual ao se
permitir escrever textos em que a neutralidade da 3ª pessoa possa ajudar na construção de conhecimentos acerca do
outro e do mundo que o cerca.

9. Procedimentos Metodológicos.
Para desenvolver esse projeto, contou-se com a participação de duas turmas de 3ª séries, cerca de 50 estudantes. Além
da professora de Língua Portuguesa, orientadora nesse processo, que auxiliou nas etapas de levantamento de hipóteses,
assim como a observação dos processos, incentivo para a descrição dos casos e acompanhamentos diversos na
produção de narrativas e do texto científico. Algumas etapas foram prejudicadas devido ao período pandêmico, como
a ausência do encontro presencial em quase todo o processo e a baixa estrutura de navegação de internet para coleta
de alguns dados.

O trabalho foi iniciado no momento em que as aulas começaram permanecendo no modo remoto por conta
dos decretos governamentais (e a própria situação de riscos) que regiam as atividades sociais em geral, as educacionais
em especial. Nas primeiras aulas do 1º Bimestre a professora de língua portuguesa propôs a prática de produção
textual. Antes de apresentar um tema, foi dado um momento de recordações das atividades executadas na escola
quando as aulas eram presenciais, e desse modo as fotos e comentários emocionados e cheios de saudades tomavam
conta do grupo virtual, na plataforma do Telegram.

Depois de muitas memórias, foi proposta a ideia desse projeto, de que os estudantes produziriam Relato de
uma emoção forte ou Relato de Aprendizagem, como forma de iniciar as produções textuais na 3ª série. Pode-se
perceber uma certa euforia na possibilidade de falar de uma situação julgada especial. No caso da estudante Liandra,
pesquisadora integrante desse processo, “surgiram dúvidas acerca de qual emoção seria registrada, pois todas emoções
vivenciadas são importantes”. Acabou por pensar em escrever sobre sua primeira experiência de dançar em público
para a escola. Relatou que essa emoção foi tão impactante, que a dança passou ser parte da sua existência. Entretanto,
na condição de escritora de apenas uma emoção, achou melhor falar sobre a experiência vivenciada durante a sua
Eletiva Mundo da Lua.

Para sair da passividade de executar uma mera atividade escolar e poder ser um sujeito-escritor de sua própria
história, as memórias serviram para construir a história da própria escola e das experiências vivenciadas, numa época
em que era possível encontros presenciais. Do mesmo que emoções envolvendo familiares, como da estudante
Mariana, servem para escrever a história da própria família.

Além disso, durante esse processo se apresentou os elementos da narrativa, tais como: espaço, tempo,
personagens, e a caracterização da emoção da protagonista. Como o próprio estava estabelecendo uma relação de um
sujeito-escritor e a professora seria uma leitora real, foi sugerido (sim, o texto pode ser um jogo, “jogado” com duas
pessoas ou mais). As sugestões durante as correções serviam de guia de releitura para a reescrita, numa atuação
constante enquanto sujeitos das narrativas.

Para a etapa da escrita em 3ª pessoa, em formato de artigo científico, foi dada a incumbência inicial de realizar um
processo de pesquisa, conforme modelo que poderia servir de apoio para esse fim. A pesquisa seria realizada com
autores da 2ª Geração do Modernismo, assunto previsto para o 2º bimestre. Os mesmos poderiam fazer escolhas de
nomes e obras diversas desse grupo artístico para formação estética e cultural dos mesmos. A ideia era dar uma
oportunidade de pensar em um produto que pudessem entregar, produzido em dupla. Poderia ser leitura dramatizada,
pintura, HQs, releituras etc. Além da produção textual científica em si.

Nesse momento do trabalho, houve a vontade de fazer com que todos saíssem de uma situação cômoda (por isso
passiva) e perigosa de prática de copiar algo da web e entregar, pensando – ainda – que isso seja fazer pesquisa. Seria
preciso primeiro despertar o sujeito-escritor de ciência nos mesmos. Foi então proposto uma possibilidade de
letramento científico, em que a escrita fosse assumida para partir por processo real de escrita. O texto não adiantava
ser “bonitinho”, mas que não tivesse a autoria deles.

Por conta do isolamento social, os primeiros encontros, ainda virtuais, desse processo visava tratar sobre
plágio e como usar o texto encontrado na web juntamente com a importância de se fazer cientista. Desmitificando
esse papel, normalmente considerado somente aos interessados em atividades laboratoriais e das ciências exatas e da
natureza. A produção textual, inclusive dessas áreas, é um assunto linguístico e com possibilidade de aprendizado nas
aulas.

Quanto a compreensão acerca de objeto de pesquisa, objetivos, justificativa, metodologia e referências foram
abordados com o fim de motivar o conhecimento acerca das estruturas mais comuns nesse gênero, além de criar o
processo aos poucos para que servisse de corpo para o próximo passo, o artigo científico. Além desses aspectos
estruturais, foram apresenta uma razão prática para conhecer o gênero artigo científico: seu uso frequente na graduação
e pós-graduação.
As estudantes-pesquisadoras consideram que o processo de escolha por um autor já ocorreu dentro de uma
iniciativa de pesquisa prévia, decidido, de muitas visitas em sites, pela poeta Cecília Meireles. Em seguida delimitaram
a pesquisa por uma obra da mesma, o poema Motivo.

A primeira solicitação da professora foi pedir uma justificativa da escolha da dupla. Era necessário apresentar,
por escrito, os motivos que haviam em preferir falar sobre Cecília Meireles. Aqui pode mencionar o fato de que ao
fazer uma escolha e não outra, quem pesquisa tem seus parâmetros. Como o trabalho foi em dupla, havia necessidade
de constante comunicação. Um grupo do Telegram foi criado para esse fim, separado dos demais da turma (também
com grupos separados), também receberam orientações sobre o uso do templete e alguns artigos escritos para que as
leituras ajudassem com conhecimentos acerca da estrutura. Nessa etapa, do texto científico, a produção foi se tornando
cada vez mais colaborativa, e os processos de leitura e correção as versões permitiam um movimento de vai-e-vem
constante. As próprias autoras exerciam o papel de leitora e avaliadora antes mesmo da professora.

Depois de conhecer os aspectos estruturais, foi apresentado um importante processo para a construção do
texto em 3ª pessoa foi a inserção da opinião de outras pessoas, assim já não bastava colocar a própria opinião somente,
o uso de citação mesclando o foco narrativo com outros sujeitos-escritores serviriam para reforçar as ideias das
autoras.

Esse mundo novo da escrita científica causava um misto de preocupação e estranheza, com regras para tudo,
conforme os próprios relatos. Muitos momentos de desânimo, apesar de compreenderem que esse trabalho tinha
recompensas. Ainda assim muitos estudantes desistiram no processo, apesar de grande parte entregar pelo menos a
pesquisa. Esse aspecto negativo foi amenizado com a proposta de substituir o texto científico pela redação dissertativo-
argumentativa. Também em 3ª pessoa, esse gênero tradicional das provas do Enem, permitiria o mesmo trabalho com
o texto de maior grau de objetividade.

De forma que a etapa com o texto científico foi realizada predominante com as autoras desse trabalho, por
conta da execução de todas as fases do trabalho: escolha do tema, pesquisa e artigo científico. Embora a ideia de dar
continuidade no letramento científico para os estudantes no 3º bimestre, esse projeto não foi descartado pelo alcance
qualitativo do produto final. A construção da identidade de sujeito-escritor em jovens nessa fase da vida mostrou-se
ser pertinente e passível de execução, ainda que de forma remota ou híbrida.

10. Cronograma

Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
Atividade
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Criação do diário de bordo
Definição do
problema/criação do tema
Produção 1ª pessoa:
RELATO DE UMA
EMOÇÃO FORTE OU
RELATO DE
EXPERIÊNCIA/Processos
de reescrita
Elaboração dos objetivos
Revisão da literatura
Temas para pesquisa
científica (autores do
Modernismo)/ letramento
científico
Aplicação dos
questionários aos
estudantes, sobre a
dificuldade em produzir
textos
Produção 3ª pessoa: Texto
científico
Análise dos resultados
Revisão e redação final

11. Materiais utilizados.


Cadernos, folhas fotocopiadas, canetas, celulares, aplicativos e programas de mídia, internet,
vídeos.
12. Análise de Dados.
Assim que terminou o período das férias escolares do mês de julho, as atividades com a produção em 3ª pessoa foram
retomadas, inclusive com a possibilidade de os estudantes poderem trocar o artigo científico com a redação
dissertativa-argumentativa. O retorno gradativo em parte do Ensino Médio, e integralmente com as 3ªs séries, permitiu
a possibilidade de atendimentos mais eficiente na troca de ideias e as aulas estavam com estudantes eufóricos com o
retorno e com o reencontro com os colegas.

As atividades, com todas disciplinas, estavam precisando de revisão e de possibilidades de nivelamento, com
reorganização do próprio conteúdo programático. Muitas situações precisam de respostas imediatas, como a condução
da parte diversificada. De todo modo, os estudantes compareceram em sua grande maioria, e com disposição para
produzirem, inclusive os textos.

Nesse momento foi realizado uma pesquisa com três perguntas: 1 - Produção textual para você significa
(dificuldade, não escrevo muito; razoável escrevo pouco; tranquilo, escrevo com frequência); 2 – Começando por
uma redação em 1ª pessoa (considerei mais fácil, continuo achando difícil escrever textos, não sei opinar); 3 – O que
você acha do tema “Relato de uma emoção forte” ou “Relato de uma aprendizagem”?

Esse questionário serviria de subsídio para que as pesquisadoras vissem se houve alguma relação entre o
processo metodológico e as possibilidades de observar a identidade de sujeitos-escritores, além de coletar opinião
sobre o que os mesmos achavam de produzirem narrativas de 1ª pessoa e narrar com alto grau de subjetividade. Foram
34 entrevistados, com estudantes das duas turmas. 11 admitiram pouco contato com a escrita, daí terem dificuldades
com a escrita. 18 estudantes acham que são razoáveis, e 5 estudantes se sentem tranquilos e tem uma produção
frequente.

Nesses dados, pode-se inferir que é sempre pertinente propor a elaboração textual, e que (do ponto de vista
dos próprios estudantes) existe uma produção razoável. Isso implica considerar que poucos processos poderiam servir
para melhorar a qualidade, já que não consideram dificultosa a tarefa de escrever.

Quanto ao processo de iniciar com a narrativa de 1ª pessoa, a maioria declarou considerar mais fácil,
totalizando um número de 23 estudantes de 34 do total. Esse número colabora na iniciativa de usar esse foco narrativo
como iniciativas de propostas textuais. Embora 7 estudantes admitissem continuar achando difícil produzir textos, e
4 não terem opinião sobre esse aspecto, essa pesquisa auxiliou para avaliar a pergunta subjetiva do questionário,
focada no tema proposto para narrar. Ao término desse trabalho, essas autoras acreditam que a narrativa facilitou o
processo de interação em textos científicos, pois foram estimuladas a fazer textos, e mesmo em momentos de
desânimo, pode dar continuidade.

13. Considerações finais.


O trabalho permitiu uma experiência de aprendizado, em situações que foi possível refletir sobre as dificuldades de
ser estudante durante a forma remota, em que as atividades domésticas disputavam tempo com atividades escolares,
amigos morrendo, a própria infecção com o vírus. Em meio a todo esse caos, pouca estrutura de internet e aparelhos
com custo elevado, mudanças impostas pela rotina de isolamento e distanciamento social. Ainda assim, muitos
estavam estudando, uns de modo remoto e outros pelo kit pedagógico. Alguns desistiram, ainda que com o retorno
presencial, de forma gradativa estão retornando à escola. Desse modo, esse projeto se desenvolveu nesse cenário, e
isso deu uma significação ainda maior, uma vez que muitos não tiveram essa oportunidade. Iniciar o ano letivo falando
e emoções e experiências vivenciadas foi muito importante para estabelecer um contato mais próximo com a
professora, perceber alguns pontos fortes e se animar para reescrever e dar para alguém ler. Na medida que os textos
eram escritos toda a memória era reativada, e dava maior vontade de contar. Além dessas experiências com a narrativa
de 1ª pessoa, a oportunidade de aprendizado do texto em 3ª pessoa, permitiu o progresso para narrar, ampliando para
escrever sobre eventos, pessoas e objetos externos, por meio do processo científico. Certamente tais experiências
auxiliarão na continuidade acadêmica e social, contribuído para escrever a própria história e a história do mundo.
14. Referências Bibliográficas.
ABAURRE, Maria Luiza M., PONTARA, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. 3ª ed. São Paulo:
Moderna, 2016.

COSTA VAL, Maria da Graça. Redação e Textualidade. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

KOCH, Ingedore G. Villaça. O texto e a construção de sentidos. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2003.

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