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1 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3

2 DROGAS PSICOTRÓPICAS ...................................................................... 4

2.1 O que seria então uma droga psicotrópica? ......................................... 5

3 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ............. 9

4 BEBIDAS ALCOÓLICAS............................................................................. 9

4.1 Aspectos históricos ............................................................................ 12

4.2 Aspectos gerais .................................................................................. 13

4.3 Efeitos agudos.................................................................................... 13

5 ÁLCOOL E TRÂNSITO ............................................................................. 14

6 ALCOOLISMO .......................................................................................... 16

6.1 Efeitos no resto do corpo.................................................................... 18

6.2 Durante a gravidez ............................................................................. 18

7 SOLVENTES OU INALANTES ................................................................. 19

7.1 Efeitos no cérebro .............................................................................. 21

7.2 Efeitos no resto do corpo.................................................................... 23

7.3 Efeitos tóxicos .................................................................................... 23

7.4 Aspectos gerais .................................................................................. 24

8 TRANQUILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS – BENZODIAZEPÍNICOS ....... 25

8.1 Efeitos no cérebro .............................................................................. 26

8.2 Efeitos no resto do corpo.................................................................... 27

8.3 Efeitos tóxicos .................................................................................... 27

8.4 Aspectos gerais .................................................................................. 28

8.5 Situação no Brasil .............................................................................. 28

9 CALMANTES E SEDATIVOS ................................................................... 29

9.1 Efeitos no cérebro .............................................................................. 30

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9.2 Efeitos no resto do corpo.................................................................... 31

9.3 Efeitos tóxicos .................................................................................... 31

9.4 Aspectos gerais .................................................................................. 32

9.5 Situação no Brasil .............................................................................. 32

10 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES


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10.1 Efeitos no cérebro ........................................................................... 34

10.2 Efeitos no resto do corpo ................................................................ 35

10.3 Efeitos tóxicos ................................................................................. 36

11 XAROPES E GOTAS PARA TOSSE..................................................... 37

12 Efeitos no cérebro.................................................................................. 39

12.1 Efeitos no resto do corpo ................................................................ 40

12.2 Efeitos tóxicos ................................................................................. 40

12.3 Aspectos gerais............................................................................... 40

13 SITUAÇÃO NO BRASIL ........................................................................ 41

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 42

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 43

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2 INTRODUÇÃO

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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3 DROGAS PSICOTRÓPICAS

Fonte: www.cuantas.net

A utilização de substâncias psicoativas é um fenômeno antigo na história da


humanidade. O uso em rituais culturais e religiosos sempre foi tolerado. Nas últimas
décadas, entretanto, em razão do aumento significativo do uso de drogas lícitas e
ilícitas fora desses rituais, transformou-se em um verdadeiro problema de saúde
pública, criando a necessidade de estudos epidemiológicos que subsidiassem o
estabelecimento de políticas de prevenção.

“[...] longe de ter uma natureza genérica, a droga assume diferentes


significados em diferentes ocasiões”, o que equivale a dizer que existem
múltiplos aspectos relacionados à droga, que vão desde o farmacológico, o
psicológico, o social, até o político, econômico e cultural, todos eles
indissociáveis e entrelaçados, de modo muito particular, em cada época e em
cada sociedade. (MAC ERA, 2001, apud FILHO, 2009, p. 292)

Em linguagem comum, de todo o dia, droga tem um significado de coisa ruim,


sem qualidade. Já em linguagem médica, droga é quase sinônimo de medicamento.
O termo droga teve origem na palavra droog (holandês antigo) que significa
folha seca; isto porque antigamente quase todos os medicamentos eram feitos à base
de vegetais. Atualmente, a medicina define droga como sendo qualquer substância
que é capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças
fisiológicas ou de comportamento.
Por exemplo, uma substância ingerida contrai os vasos sanguíneos (modifica a
função) e a pessoa passa a ter um aumento de pressão arterial (mudança na
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fisiologia). Outro exemplo, uma substância faz com que as células do nosso cérebro
(os chamados neurônios) fiquem mais ativas, disparem mais (modificam a função) e
como consequência a pessoa fica mais acordada, perdendo o sono (mudança
comportamental).

3.1 O que seria então uma droga psicotrópica?

Psicotrópica, naturalmente de origem grega nos remete ao psiquismo, ou seja,


à mente e trópico, aqui significa ter atração por. Então psicotrópico significa atração
pelo psiquismo e drogas psicotrópicas são aquelas que atuam sobre o nosso cérebro,
alterando de alguma maneira o nosso psiquismo.
Pode-se encontrar também o termo substância psicoativa como sinônimo de
psicotrópica. Dependendo do tipo, a droga pode atuar aumentando ou diminuindo a
atividade do cérebro ou mesmo provocando mudanças qualitativas, ao fazer o cérebro
funcionar de maneira diferente do normal.
Mas estas alterações do nosso psiquismo não são sempre no mesmo sentido
e direção. Obviamente elas dependerão do tipo de droga psicotrópica que foi ingerida
e sobre esses grupos é que trataremos a partir de agora.
Um primeiro grupo é aquele de drogas que diminuem a atividade do nosso
cérebro, ou seja, deprimem o funcionamento do mesmo, o que significa dizer que a
pessoa que faz uso desse tipo de droga fica “desligada”, “devagar”, desinteressada
pelas coisas. Por isso estas drogas são chamadas de Depressoras da Atividade do
Sistema Nervoso Central (SNC).
Num segundo grupo de drogas psicotrópicas estão aquelas que atuam por
aumentar a atividade do nosso cérebro, ou seja, estimulam o funcionamento fazendo
com a pessoa que se utiliza dessas drogas fique “ligada”, “elétrica”, sem sono. Por
isso essas drogas recebem a denominação de Estimulantes da Atividade do Sistema
Nervoso Central.
Finalmente, há um terceiro grupo, constituído por aquelas drogas que agem
modificando qualitativamente a atividade do nosso cérebro; não se trata, portanto, de
mudanças quantitativas como de aumentar ou diminuir a atividade cerebral. Aqui a
mudança é de qualidade! O cérebro passa a funcionar fora do seu normal, e a pessoa
fica com a mente perturbada. Por esta razão este terceiro grupo de drogas recebe o
nome de Perturbadores da Atividade do Sistema Nervoso Central.
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À medida que a pessoa vai consumindo drogas, o seu organismo começa a
sofrer modificações que podem fazer com que ela tenha necessidade de voltar a
consumi-las.
Antigamente, o termo para isso era vício, sendo tachado de viciado aquele que
não conseguia deixar de utilizar uma determinada droga. Aquele que usava, mas
conseguia deixar, tinha apenas um hábito. Hábito e vício eram dois termos usados
para designar o grau de envolvimento do indivíduo com a droga.
Independentemente da categoria, idade ou cultura, giravam sempre em torno
de concepções verdadeiras, em sua maioria, mas descontextualizadas, explicitando
certo saber comum, para não dizer jornalístico: “por curiosidade”, “para fugir do
cotidiano”, “por falta de fé”, “para não sentir dor”, “por medo”, “para pertencer a um
grupo”, “por causa de amigos”, para citar as mais frequentes.
Atualmente, entende-se que em qualquer uma das duas circunstâncias citadas
acima, o indivíduo tem um transtorno de dependência. A dependência é o impulso que
leva a pessoa a usar uma droga, mesmo tendo, com esse uso, problemas fisiológicos,
comportamentais ou cognitivos significativos. A dependência pode ser psicológica,
quando a interrupção da droga resulta em problemas fisiológicos, como mal-estar e
ansiedade, ou cognitivos, como dificuldades de concentração; e física, quando a
interrupção da droga resulta em síndrome de abstinência.
A síndrome de abstinência é o conjunto de sintomas físicos e comportamentais
que aparece quando o uso da droga é interrompido. Esses sintomas podem ser mais
ou menos graves dependendo do tipo de substância que esteja sendo utilizada.
Algumas substâncias podem levar a situações em que o indivíduo precise aumentar
a quantidade ingerida para obter o mesmo efeito.
O sujeito certamente é o mais complexo dos três elementos que compõem o
fenômeno da dependência. Ele pode ou não se tornar dependente de acordo com a
relação que estabelece com a droga. A maior parte dos usuários de substâncias,
lícitas ou ilícitas, não se torna dependente. A relação com a droga será influenciada,
diretamente, por diversos fatores: sociais, biológicos e psicológicos.
Entre os fatores biológicos, destacamos, inicialmente, os aspectos genéticos.
Vários estudos envolvendo famílias com casos de dependência de drogas vêm
evidenciando a importância do fator genético no desenvolvimento do quadro. Todos
os estudos apontam que apenas parte do fenômeno pode ser explicada pelos genes
em si, ou seja, há outros fatores que são determinantes da manifestação (ou não) da
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dependência. Em alguns casos, os dependentes de drogas possuem menor número
de receptores de dopamina, algo que parece ser geneticamente determinado.
Fatores neurológicos, independentemente da existência de uma predisposição
genética do sujeito, outros aspectos biológicos desempenham um papel importante
no desenvolvimento de uma dependência. Todas as substâncias com potencial de
gerar uso abusivo e dependência agem em diversos locais do cérebro, promovendo
interações complexas entre as várias vias de neurotransmissor (sistemas de
intercomunicação das células nervosas). A ativação da via de recompensa cerebral é
o elemento comum ao uso de todas as substâncias psicoativas, gerando reforço
positivo (sensação agradável e prazerosa), que leva à intensificação do consumo.
Fatores psicológicos, possui o processo de desenvolvimento psicológico de um
sujeito se dá a partir da interação entre fatores pessoais e o meio ambiente. Nesse
processo, sempre vão existir aspectos da personalidade, menos ou mais
desenvolvidos, dificultando ou facilitando sua adaptação ao contexto. Diante das
dificuldades do desenvolvimento da personalidade, o sujeito se transforma
continuamente (o que se denomina processo de individualização). Frente a situações
vivenciais muito dramáticas, que não conseguem ser elaboradas e transformadas,
muitos sujeitos procuram as drogas para fugir dessas dificuldades, o que os coloca
em risco de se tornarem dependentes, já que a sensação de profundo bem-estar
ocasionada pela droga tende a levar ao impulso de consumi-las.
Dentre os elementos que compõem o fenômeno da dependência, existem três
principais categorias de drogas, são elas: as estimulantes, depressoras e
perturbadoras.

As depressoras possuem propriedades capazes de diminuir a atividade


cerebral, os reflexos e a atividade motora. No início causam euforia e
posteriormente causam sonolência. Estas drogas diminuem a fadiga,
induzem a euforia e apresentam efeitos simpaticomiméticos (aumento das
ações do sistema nervoso simpático). O exemplo mais comum de droga
depressora é o álcool, droga lícita conhecida em praticamente todos os
lugares do mundo, muito usada em rituais religiosos e festas familiares, com
efeitos que variam de acordo com a quantidade, tipo e qualidade ingerida
(LENHARO, 2013, apud RECH; et al, 2017, p. 3).

São características, as alterações sensoriais cuja intensidade depende da dose


utilizada, indo de simples aberrações da percepção de cor e forma dos objetos até a
degradação da personalidade. As características das alucinações variam de um
indivíduo para outro, presumivelmente de acordo com sua personalidade e com os

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tipos de interesse que desenvolve. As alucinações podem ser visuais, auditiva, tátil,
olfativa, gustativa ou percepção anestésica na ausência de um estímulo externo.
Há distorção do espaço, e os objetos visualizados agigantam-se ou se
reduzem, inclusive partes do próprio corpo. Pode ocorrer o fenômeno da
despersonalização, com a sensação de que o corpo ou uma de suas partes estão
desligados. Altera-se a sensação subjetiva de tempo, e minutos podem parecer horas.
Nas fases de alucinações mais intensas podem ocorrer ansiedade,
desorientação e pânico. Muitos apresentam depressão grave com tentativa de
suicídio. Os efeitos psíquicos são decorrentes do uso dependente.
As drogas psicoativas alteram o comportamento, humor e cognição, agindo
preferencialmente nos neurônios e afetando o Sistema Nervoso Central. Já as drogas
psicotrópicas vão além das psicoativas, pois possuem grande propriedade
reforçadora, sendo passíveis de autoadministração, ou seja, levam à dependência.
Os Transtornos Relacionados a Substâncias abrangem dez classes distintas
de drogas: álcool; cafeína; cannabis; alucinógenos; inalantes; opióides; sedativos,
hipnóticos e ansiolíticos; estimulantes; tabaco; e outras substâncias. O DSM- 5
removeu a divisão feita pelo DSM-IV-TR entre os diagnósticos de Abuso e
Dependência de Substâncias reunindo-os como Transtorno por Uso de Substâncias
O Transtorno por Uso de Substância somou os antigos critérios para abuso e
dependência conservando-os com mínimas alterações: a exclusão de problemas
legais recorrentes relacionados à substância e inclusão de craving ou um forte desejo
ou impulso de usar uma substância.
O diagnóstico passou a ser acompanhado de critérios para Intoxicação,
Abstinência, Transtorno Induzido por Medicação/Substância e Transtornos Induzidos
por Substância Não Especificados. O DSM-5 exige dois ou mais critérios para o
diagnóstico de Transtorno por Uso de Substância e a gravidade do quadro passou a
ser classificada de acordo com o número de critérios preenchidos: dois ou três critérios
indicam um transtorno leve, quatro ou cinco indicam um distúrbio moderado e seis ou
mais critérios indicam um transtorno grave.
A atual versão do manual passou a incluir os diagnósticos de Abstinência de
Cannabis e Abstinência de Cafeína e excluiu o diagnóstico de Dependência de
Múltiplas Substâncias. O Transtorno por Uso de Nicotina foi substituído pelo
Transtorno por Uso de Tabaco. O DSM-5 removeu os especificadores “Com
Dependência Fisiológica / Sem Dependência Fisiológica” e reorganizou os
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especificadores de remissão, reconhecendo como “Remissão Precoce” um período
de pelo menos três meses no qual nenhum dos critérios para o uso da substância
(exceto o desejo) é atendido e “Remissão Sustentada” quando o período é superior a
doze meses. O manual também incluiu os especificadores que descrevem indivíduos
“em um Ambiente Controlado” e aqueles que estão “em Terapia de Manutenção”.

4 DROGAS DEPRESSORAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL

As drogas depressoras têm como efeito principal a diminuição da atividade do


Sistema Nervoso Central (SNC), podendo levar a delírios. Também chamadas de
psicodislépticas, podem incluir drogas injetáveis, ingeríveis ou inaláveis como: o
álcool; os hipnóticos, que provocam o sono; os ansiolíticos, que diminuem a
ansiedade; os narcóticos, que bloqueiam a dor, como a morfina; os inalantes ou
solventes, como as colas e as tintas.

5 BEBIDAS ALCOÓLICAS

O consumo de bebidas alcoólicas pode ser apontado como um dos principais


fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes automotivos com vítimas.
De uma maneira geral, em vários países, costuma-se considerar que entre
metade e um quarto dos acidentes com vítimas fatais estejam associados ao uso do
álcool.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é o órgão mais rapidamente afetado pelo
álcool, sua intoxicação produz sedação, diminuição da ansiedade, fala pastosa,
ataxia, prejuízo da capacidade de julgamento e desinibição do comportamento.

Vale ressaltar que o consumo de bebidas alcoólicas também é apontado no


Brasil como um dos principais fatores causais de acidentes. Em
aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o
álcool é o principal responsável. De acordo com estatísticas do Grupo de
Socorro Emergencial (GSE) do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 30,9%
dos motoristas que precisaram de socorro exibiam sinais da presença de teor
alcoólico no organismo (LIMA, 2003, apud ABREU, 2006, p. 88).

É importante observar que qualquer bebida contém a mesma quantidade de


álcool puro por dose padrão e, ao beber um copo de 300 ml ou uma “latinha” (350 ml)
de cerveja, estaremos ingerindo a mesma quantidade de álcool puro, ou seja, em torno
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de 12 gramas, a mesma quantidade que há em uma taça de vinho ou dose de
cachaça/ uísque, alcançando a taxa de 0,2g/l (alcoolemia). Portanto, uma pessoa
pode atingir 0,6g/l de álcool ao consumir três latas de cerveja ou três doses de uísque,
variando um pouco conforme a massa corporal e a sensibilidade ao álcool do
organismo.
A alcoolemia em torno de 0,4-0,6g/l pode representar efetivo fator de risco ao
provocar manifestações neurocognitivas e comportamentais em algumas pessoas a
depender de certos fatores individuais.
Acima dessa taxa, o álcool pode promover euforia, desinibição, impulsividade,
agressividade ou passividade. Tais considerações são importantes no que tange à
possibilidade de riscos com níveis mais baixos do que é habitualmente permitido
(0,5g/l de sangue). O simples fato de ingerir níveis de alcoolemia acima do permitido
é insuficiente, em tese, para garantir ausência dos acidentes.
O álcool é um depressor de muitas ações no Sistema Nervoso Central, e esta
depressão é dose-dependente. Apesar de ser consumido especialmente pela sua
ação estimulante, esta é apenas aparente e ocorre com doses moderadas, resultando
da depressão de mecanismos controladores inibitórios. O córtex, que tem um papel
integrador, sob o efeito do álcool é liberado desta função, resultando em pensamento
desorganizado e confuso, bem como interrupção adequada do controle motor.

As bebidas alcoólicas por um lado são produtos que transbordam


significados, por outro, o uso exagerado dessas bebidas origina um grave
transtorno de saúde pública. Esse comportamento é associado a uma busca
imediata de prazer, com uso em grandes quantidades em uma única ocasião
ou a longo tempo. Enfim, a mesma substância que traz alegria e comunga,
dependendo da sua quantidade e tempo de uso, estimula a discórdia,
violência, e a dor, rompendo laços de família, amigos e trabalho. (GIGLIOTTI,
2004, apud CARVALHO; et al, 2013, p. 4).

Os efeitos associados ao consumo de álcool implicam na redução da


capacidade: de percepção da real velocidade desempenhada, de observar potenciais
obstáculos ao longo da via e de manter o controle do veículo. Como consequência, o
condutor tem maior dificuldade em visualizar, por exemplo, uma motocicleta ao seu
lado ou um pedestre que atravessa a via. Além disso, o condutor sob os efeitos do
álcool enxerga apenas o que há a sua frente, tendo sua visão periférica reduzida, o
que dificulta ainda mais a sua reação quando se depara com alguma situação adversa
ou alguma eventualidade, o que pode ocasionar, na pior das hipóteses, um acidente
de trânsito com vítimas fatais.
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Grande parte dos acidentes acontece em decorrência de condutores
alcoolizados. Dentre as causas comportamentais de acidentes tem-se:
 Subavaliação da probabilidade de acidente;
 Desatenção;
 Cansaço;
 Deficiências (visual, auditiva ou motora);
 Consumo de álcool;
 Consumo de droga;
 Excesso de velocidade;
 Desrespeito à distância mínima entre veículos;
 Ultrapassagem indevida;
 Outras infrações de motoristas;
 Não-uso de cinto, de capacete, de proteção para criança;
 Imprudência de pedestres, de ciclistas, de motociclistas.
Essas causas potenciais de acidentes são extremamente bem conhecidas e
foram combatidas eficazmente em muitos países pelas seguintes etapas:
 Conscientização;
 Regulamentação (se for o caso);
 Repressão (se for o caso).
Anualmente, milhares de pessoas são vítimas de acidentes de trânsito
provocados por motoristas irresponsáveis que associam bebida alcoólica e direção de
veículo automotor. Esta combinação entre álcool e direção, devido ao seu grande
poder destrutivo, gera comoção entre os indivíduos que presenciam tal fato, por essa
razão, notícias relacionadas a este tema são amplamente divulgadas pela mídia. A
sociedade cansada de tantas tragédias envolvendo este tema exigiu do Poder Público
uma solução para o problema. Com isso, o governo se mobilizou e após de diversas
discussões sobre o assunto, publicou a Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008,
popularmente conhecida como “Lei Seca”, cujo objetivo era combater o problema da
embriaguez ao volante, utilizando como uma de suas ferramentas o caráter punitivo
da nova lei.

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5.1 Aspectos históricos

Toda a história da humanidade está permeada pelo consumo de álcool.


Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool
pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 a.C., sendo, portanto, um costume
extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção de álcool
como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em inúmeros
exemplos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsáveis pela manutenção
do hábito de beber ao longo do tempo.
Estudos sobre a história do consumo do álcool na Antiguidade Clássica relatam
que gregos e romanos bebiam vinho à noite, depois das refeições como forma de
estímulo à sociabilidade. Na época, beber antes do final do dia era considerado uma
excentricidade.
Inicialmente, as bebidas tinham conteúdo alcoólico relativamente baixo, como,
por exemplo, o vinho e a cerveja, já que dependiam exclusivamente do processo de
fermentação. Com o advento do processo de destilação, introduzido na Europa pelos
árabes na Idade Média, surgiram novos tipos de bebidas alcoólicas, que passaram a
ser utilizadas na sua forma destilada. Nesta época, este tipo de bebida passou a ser
considerado como um remédio para todas as doenças, pois “dissipavam as
preocupações mais rapidamente do que o vinho e a cerveja, além de produzirem um
alívio mais eficiente da dor”, surgindo então a palavra whisky (do gálico usquebaugh,
que significa “água da vida”).
A partir da Revolução Industrial, registrou-se um grande aumento na oferta
deste tipo de bebida, contribuindo para um maior consumo e, consequentemente,
gerando um aumento no número de pessoas que passaram a apresentar algum tipo
de problema devido ao uso excessivo de álcool.

Consumido durante os rituais de passagem e de sedução, em festas, nos


momentos que antecediam as guerras, o álcool também tem registrada sua
eficiência terapêutica. As propriedades medicinais da cachaça eram
reconhecidas como, por exemplo, na prevenção da malária, picadas de
cobra, sífilis, para combater o frio podendo ser, além de ingerida, também
aplicada no corpo do doente (FIDELIS DIAS, 2008, apud ACSELRAD; et al,
2016, p.34).

Seu uso pela manhã protegia o corpo contra as doenças, ajudava a espantar o
corpo dos males, era considerada milagrosa, boa para tudo. O vinho era considerado

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como tônico cardíaco e recomendado na prevenção da tuberculose. A cachaça com
mel e limão curava qualquer gripe.

5.2 Aspectos gerais

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool


também é considerado uma droga psicotrópica, pois ele atua no sistema nervoso
central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de
ter potencial para desenvolver dependência.
O álcool é uma das poucas drogas psicotrópicas que tem seu consumo
admitido e até incentivado pela sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual ele é
encarado de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas.
Apesar de sua ampla aceitação social, o consumo de bebidas alcoólicas,
quando excessivo, passa a ser um problema. Além dos inúmeros acidentes de trânsito
e da violência associada a episódios de embriaguez, o consumo de álcool a longo
prazo, dependendo da dose, frequência e circunstâncias, pode provocar um quadro
de dependência conhecido como alcoolismo.
O uso excessivo do álcool progride de forma lenta e insidiosa, acarretando
inúmeros problemas e prejuízos no processo saúde doença do indivíduo e da família,
entre eles destacam-se, redução da qualidade de vida, alterações comportamentais
da pessoa que faz uso e abuso do álcool levando a desestruturação familiar,
acidentes, mortes, suicídios, gastos excessivos com tratamentos médicos, entre
outros
Desta forma, o consumo inadequado do álcool é um importante problema de
saúde pública, especialmente nas sociedades ocidentais, acarretando altos custos
para sociedade e envolvendo questões, médicas, psicológicas, profissionais e
familiares.

5.3 Efeitos agudos

A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases


distintas: uma estimulante e outra depressora.
Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos
estimulantes como euforia, desinibição e loquacidade. Com o passar do tempo,
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começam a aparecer os efeitos depressores como falta de coordenação motora,
descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito depressor se
agrava, podendo até mesmo provocar o estado de coma.
A pessoa consumidora nociva de bebida alcoólica não se reconhece como
doente/dependente, assim como sua família também, pelo sofrimento, vergonha,
medo do estigma, até por não considerar o alcoolismo uma doença, buscam ocultar
essa situação, dificultando o tratamento e a reintegração da pessoa na sociedade.
Os efeitos do álcool variam de intensidade de acordo com as características
pessoais. Por exemplo, uma pessoa acostumada a consumir bebidas alcoólicas
sentirá os efeitos do álcool com menor intensidade, quando comparada com uma
outra pessoa que não está acostumada a beber. Um outro exemplo está relacionado
a estrutura física; uma pessoa com uma estrutura física de grande porte terá uma
maior resistência aos efeitos do álcool.
O consumo de bebidas alcoólicas também pode desencadear alguns efeitos
desagradáveis, como ruborizar a face, dor de cabeça e um mal-estar geral. Esses
efeitos são mais intensos para algumas pessoas cujo organismo tem dificuldade de
metabolizar o álcool. O oriental, em geral, tem uma maior probabilidade de sentir
esses efeitos.

6 ÁLCOOL E TRÂNSITO

Fonte: www.avnutrition.webnode.com.br

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A ingestão de álcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a coordenação
motora e os reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veículos, ou operar
outras máquinas. Pesquisas revelam que grande parte dos acidentes são provocados
por motoristas que haviam bebido antes de dirigir.
Desde a publicação da Lei nº 9.503/1997 do Código de Trânsito Brasileiro, está
previsto, no artigo 165, que dirigir sob a influência de álcool é uma infração de natureza
gravíssima.
Na redação original do CTB, caracterizava como infração apenas a constatação
de mais de 0,6 gramas de álcool por litro de sangue no motorista abordado.
Isso mudou a partir da Lei nº 11.705/2008, que estabeleceu que qualquer
quantidade de álcool presente no sangue do motorista o sujeita às penalidades do
CTB.
Iniciou-se a chamada “Lei Seca”, pois deixou de existir a tolerância e, hoje,
mesmo uma pessoa que tomou apenas um copo de cerveja antes de dirigir pode ser
multado.
Além do maior rigor no texto legal, nos anos seguintes, os governos estaduais
começaram a criar programas para planejar ações de fiscalização com foco na Lei
Seca. Ou seja, as blitzen e com bafômetro aumentaram significativamente.
Detalhes dos dispositivos infracionais do CTB mudaram mais uma vez, desde
então, com a Lei Nº 12.760/2012.
Mas a essência continua a mesma: é proibido dirigir sob a influência de álcool,
e qualquer quantidade da substância no organismo caracteriza essa condição.
A redação da infração descrita no artigo 165 é a seguinte:
“Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância
psicoativa que determine dependência:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze)
meses.
Medida administrativa – recolhimento do documento de habilitação e retenção
do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei no 9.503, de 23 de
setembro de 1997 – do Código de Trânsito Brasileiro.
Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de
reincidência no período de até 12 (doze) meses. ”

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Note que não há menção à quantidade de álcool na corrente sanguínea,
diferentemente do que havia na redação original de 1997.
Mas com base em que, então, a autoridade pode considerar que qualquer
quantia de álcool no sangue caracteriza a infração?
A resposta está no artigo 276 do CTB, outro que sofreu alterações de 97 para
cá:
“Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar
alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165.
Parágrafo único. O Contran disciplinará as margens de tolerância quando a
infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação
metrológica. ”
Esses são os dois principais artigos do Código de Trânsito Brasileiro que
compõem a Lei Seca.

7 ALCOOLISMO

Fonte: www.dicassobresaude.com.br

A palavra alcoolismo surgiu e se estabeleceu na Europa do século XIX, quando


transformações sociais promoviam a higienização das cidades, a industrialização e o
nacionalismo, com as respectivas demandas por disciplina, majoração econômica e
adestramento político das massas.

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A pessoa que consome bebidas alcoólicas de forma excessiva, ao longo do
tempo, pode desenvolver dependência do álcool, condição esta conhecida como
“alcoolismo”. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados, podendo ser de
origem biológica, psicológica, sociocultural ou ainda ter a contribuição resultante de
todos estes fatores.
Apesar do alcoolismo não ser hereditário, alguns autores apontam que existe
uma predisposição orgânica para o desenvolvimento do mesmo, sendo então
indiretamente transmissível de pai para filho.
A dependência do álcool é uma condição frequente, atingindo cerca de 5 a 10%
da população adulta brasileira.

Muito utilizado por seus efeitos desinibidores, antidepressivo e de fácil


acesso, tornando-se um dos maiores problemas de saúde pública que afetam
homens e mulheres em todas as idades e classes sociais, o alcoolismo,
descrito por estar associado ao forte desejo de beber e dificuldade em
controlar o consumo e a utilização insistente apesar das consequências
negativas que o álcool produz (MANSUR, 2004, apud SILVA e LUZ, 2015,
p.2)

A transição do beber moderado ao beber problemático ocorre de forma lenta,


tendo uma interface que, em geral, leva vários anos. Alguns dos sinais do beber
problemático são: desenvolvimento da tolerância, ou seja, a necessidade de beber
cada vez maiores quantidades de álcool para obter os mesmos efeitos; o aumento da
importância do álcool na vida da pessoa; a percepção do grande desejo de beber e
da falta de controle em relação à quando parar; síndrome de abstinência
(aparecimento de sintomas desagradáveis após ter ficado algumas horas sem beber)
e o aumento da ingestão de álcool para aliviar a síndrome de abstinência.
A síndrome de abstinência do álcool é um quadro que aparece pela redução ou
parada brusca da ingestão de bebidas alcoólicas após um período de consumo
crônico. A síndrome tem início 6-8 horas após a parada da ingestão de álcool, sendo
caracterizada pelo tremor das mãos, acompanhado de distúrbios gastrointestinais,
distúrbios de sono e um estado de inquietação geral (abstinência leve). Cerca de 5%
dos que entram em abstinência leve evoluem para a síndrome de abstinência severa
ou delirium tremens que, além da acentuação dos sinais e sintomas acima referidos,
caracteriza-se por tremores generalizados, agitação intensa e desorientação no tempo
e espaço.

17
Discutir o alcoolismo é um assunto bastante relevante devido ao fato das
complicações com os portadores desta patologia, em relação à conscientização de
que o mesmo é uma doença e precisa ser devidamente tratada como qualquer outra.

7.1 Efeitos no resto do corpo

O álcool diferente das demais drogas é rapidamente absorvido pelo organismo,


isso torna o álcool extremamente nocivo, principalmente pelo fato que ele ataca
diretamente o sistema nervoso central de forma rápida, levando o indivíduo que o
ingeriu passar para um estado alterado de sua consciência, essa rápida absorção do
álcool pelo organismo leva também a uma rápida eliminação desta substância tóxica
do corpo, gerando no indivíduo uma sensação de necessidade de beber ainda mais,
levando o indivíduo a consumir outras doses da bebida tornando-se dependente
químico do mesmo.
Os indivíduos dependentes do álcool podem desenvolver várias doenças. As
mais frequentes são as doenças do fígado (esteatose hepática, hepatite alcoólica e
cirrose). Também são frequentes problemas do aparelho digestivo (gastrite, síndrome
de má absorção e pancreatite), no sistema cardiovascular (hipertensão e problemas
no coração). Também são frequentes os casos de polineurite alcoólica, caracterizada
por dor, formigamento e câimbras nos membros inferiores.

7.2 Durante a gravidez

Fonte: www.ultracurioso.com.br

18
O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer
consequências para o recém-nascido, sendo que, quanto maior o consumo, maior a
chance de prejudicar o feto. Desta forma, é recomendável que toda gestante evite o
consumo de bebidas alcoólicas, não só ao longo da gestação como também durante
todo o período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do
leite materno.
Além disso, crianças expostas ao álcool no período fetal apresentam maiores
chances de desenvolvimento de transtornos mentais (transtorno comportamental
relacionado ao uso de substâncias psicoativas e depressão) e comportamentais
(personalidade antissocial e hiperatividade) na adolescência e vida adulta.
Cerca de um terço dos bebês de mães dependentes do álcool, que fizeram uso
excessivo durante a gravidez, são afetados pela Síndrome Fetal pelo Álcool. Os
recém-nascidos apresentam sinais de irritação, mamam e dormem pouco, além de
apresentarem tremores (sintomas que lembram a síndrome de abstinência). As
crianças severamente afetadas e que conseguem sobreviver aos primeiros momentos
de vida, podem apresentar problemas físicos e mentais que variam de intensidade de
acordo com a gravidade do caso.

8 SOLVENTES OU INALANTES

A palavra solvente significa substância capaz de dissolver coisas e inalante é


toda substância que pode ser inalada, isto é, introduzida no organismo através da
aspiração pelo nariz ou boca.
Via de regra, todo o solvente é uma substância altamente volátil, isto é, se
evapora muito facilmente sendo daí que pode ser facilmente inalada. Outra
característica dos solventes ou inalantes é que muitos deles (mas não todos) são
inflamáveis, isto é, pegam fogo facilmente.
No século XIX, o oxido nitroso (utilizado em forma de gás,) era utilizado nas
anestesias por exemplo nos dentistas; e seus efeitos eufóricos ganhavam
popularidade como substancia recreativa.
A inalação da substancias é uma pratica que vem desde a antiguidade
(cerimonias sociais e rituais religiosos). A cannabis; o Ópio; e o tabaco e alguns
alucinógenos são exemplos de drogas consumidas por inalação.

19
Um grande número de produtos comerciais, como esmaltes, colas, tintas,
thinners, propelentes, gasolina, removedores, vernizes, etc., contém estes solventes.
Eles podem ser aspirados tanto involuntariamente (por exemplo, trabalhadores de
indústrias de sapatos ou de oficinas de pintura, o dia inteiro expostos ao ar
contaminado por estas substâncias) ou voluntariamente (por exemplo, a criança de
rua que cheira cola de sapateiro; o menino que cheira em casa acetona ou esmalte,
etc.). Após a inalação os solventes alcançam os alvéolos e capilares pulmonares
depois de 15 a 30 minutos o efeito começa a surgir.
Todos estes solventes ou inalantes são substâncias pertencentes a um grupo
químico chamado de hidrocarbonetos, tais como o tolueno, xilol, n-hexana, acetato de
etila, tricloroetileno, etc. Para exemplificar, eis a composição de algumas colas de
sapateiro vendidas no Brasil:
 Cascola - mistura de tolueno + n-hexano;
 Patex Extra - mistura de tolueno + acetato de etila + aguarrás mineral;
 Brascoplast - tolueno + acetato de etila + “solvente para borracha”.
Um produto muito conhecido no Brasil é o cheirinho ou loló ou ainda o cheirinho
da loló. Este é um preparado clandestino (isto é, fabricado não por um
estabelecimento legal, mas sim por pessoal do submundo), à base de clorofórmio
mais éter e utilizado só para fins de abuso. Mas já se sabe que quando estes
fabricantes não encontram uma daquelas duas substâncias eles misturam qualquer
outra coisa em substituição. Assim, em relação ao cheirinho da loló não se sabe bem
a sua composição, o que complica quando se tem casos de intoxicação aguda por
esta mistura.
Ainda, é importante chamar a atenção para o lança-perfume. Este nome
designa inicialmente aquele líquido que vem em tubos e que se usa em carnaval; é a
base de cloreto de etila ou cloretila e sendo proibido a sua fabricação no Brasil ela só
aparece nas ocasiões de carnaval, contrabandeada de outros países sul-americanos.
Mas cada vez mais o nome lança-perfume está também sendo utilizado para designar
o cheirinho da loló; por exemplo, os meninos de rua de várias capitais brasileiras já
usam estes dois nomes - cheirinho e lança - para designar a mistura de clorofórmio e
éter.

20
8.1 Efeitos no cérebro

Fonte: revistagalileu.globo.com

O vício nas drogas é uma doença crônica e recorrente que se caracteriza pela
procura e o consumo compulsivo dessas substâncias, apesar do conhecimento de
suas consequências nocivas. Considera-se uma doença mental porque as drogas
modificam a estrutura e o funcionamento do cérebro, condicionando e limitando
seriamente a vida do doente.
O vício muda o cérebro de maneira fundamental, já que interrompe a hierarquia
normal das necessidades e os desejos e os substitui por novas prioridades
relacionadas à obtenção e ao consumo de drogas.
Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de ação particular, mas todas elas
atuam, direta ou indiretamente, ativando uma mesma região do cérebro: o sistema de
recompensa cerebral. Esse sistema é formado por circuitos neuronais responsáveis
pelas ações reforçadas positiva e negativamente. Quando nos deparamos com um
estímulo prazeroso, nosso cérebro lança um sinal: o aumento de dopamina,
importante neurotransmissor do sistema nervoso central (SNC), no núcleo
accumbens, região central do sistema de recompensa e importante para os efeitos
das drogas de abuso.
O início dos efeitos, após a aspiração é bastante rápido, vai de segundos a
minutos no máximo em 15-40 minutos já desaparecem; assim o usuário repete as
aspirações várias vezes para que as sensações durem mais tempo.

21
Os efeitos dos solventes vão desde uma estimulação inicial seguindo-se uma
depressão, podendo também aparecer processos alucinatórios. Vários autores dizem
que os efeitos dos solventes (qualquer que seja ele) lembram aqueles do álcool sendo,
entretanto, que este último não produz alucinações, fato bem descrito para os
solventes. Dentre esses efeitos dos solventes o mais predominante é a depressão.
Entretanto os principais efeitos dos solventes são caracterizados por uma
depressão do cérebro.
De acordo com o aparecimento dos efeitos após inalação de solventes, eles
foram divididos em quatro fases:
Primeira fase: é a chamada fase de excitação e é a desejada, pois a pessoa
fica eufórica, aparentemente excitada, ocorrendo tonturas e perturbações auditivas e
visuais. Mas pode também aparecer náuseas, espirros, tosse, muita salivação e as
faces podem ficar avermelhadas.
Segunda fase: a depressão do cérebro começa a predominar, com a pessoa
ficando em confusão, desorientada, voz meio pastosa, visão embaçada, perda do
autocontrole, dor de cabeça, palidez; a pessoa começa a ver ou ouvir coisas.
Terceira fase: a depressão se aprofunda com redução acentuada do alerta,
ausência de coordenação ocular (a pessoa não consegue mais fixar os olhos nos
objetos), falta de coordenação motora com marcha vacilante, a fala enrolada, reflexos
deprimidos; já pode ocorrer evidentes processos alucinatórios.
Quarta fase: depressão tardia, que pode chegar à inconsciência, queda da
pressão, sonhos estranhos, podendo ainda a pessoa apresentar surtos de convulsões
(“ataques”). Esta fase ocorre com frequência entre aqueles usuários que usam saco
plástico e após um certo tempo já não conseguem afastá-lo do nariz e assim a
intoxicação torna-se muito perigosa, podendo mesmo levar ao coma e morte.
Problemas musculares, hepáticos, renais e relacionados à medula óssea e
nervos também podem ocorrer devido à intoxicação. Vale ressaltar, também, que tais
substâncias deixam o coração mais sensível à ação da adrenalina: uma das
responsáveis pelo aumento dos batimentos cardíacos em situações de sobrecarga,
como impactos emocionais, ou um grande esforço físico. Assim, em situações tais
como estas, o usuário pode sofrer problemas cardíacos agudos.
Entretanto, sabe-se que a aspiração repetida, crônica, dos solventes pode levar
a destruição de neurônios (as células cerebrais) causando lesões irreversíveis do

22
cérebro. Além disso pessoas que usam solventes cronicamente apresentam-se
apáticas, têm dificuldade de concentração e déficit de memória.
Assim, as drogas de abuso, além de agirem sobre muitas estruturas do sistema
nervoso central, agem também sobre o sistema mesolímbico e o sistema
mesocortical, que juntos constituem o sistema de recompensa cerebral, sendo essa
relação de fundamental importância.

8.2 Efeitos no resto do corpo

O principal órgão do corpo humano afetado pela inalação dos solventes, é o


cérebro. Ele é o que mais sofre as consequências quanto aos efeitos da inalação dos
solventes, seja esporadicamente ou cronicamente.
Entretanto, apesar do cérebro ser o mais afetado, os efeitos dessa inalação
também atingem outros órgãos.
Eles tornam o coração humano mais sensível a uma substância que o nosso
corpo fabrica, a adrenalina, que faz o número de batimentos cardíacos aumentar. Esta
adrenalina é liberada toda vez que o corpo humano tem que exercer um esforço extra,
por exemplo, correr, praticar certos esportes, etc. Assim, se uma pessoa inala um
solvente e logo depois faz esforço físico, o seu coração pode sofrer, pois ele está
muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura médica já
conhece vários casos de morte, por síncope cardíaca, principalmente de
adolescentes, devido a estes fatos.

8.3 Efeitos tóxicos

A inalação crônica dos solventes, ou seja, com maior frequência e quantidade,


leva seus efeitos a atingirem outros órgãos do corpo, além do cérebro. Existe um
fenômeno produzido pelos solventes que pode ser muito perigoso. Os solventes,
quando inalados cronicamente, podem levar a efeitos tóxicos que atingem outros
órgãos, causando lesões:
 Lesões da medula óssea,
 Dos rins
 Do fígado e dos nervos periféricos que controlam os músculos.

23
Por exemplo, verificou-se em outros países que em fábricas de sapatos ou
oficinas de pintura os operários, com o tempo, acabavam por apresentar doenças
renais e hepáticas. Tanto que naqueles países há uma rigorosa legislação sobre as
condições de ventilação dessas fábricas; o Brasil também tem leis a respeito.
Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza, o
benzeno, mesmo em pequenas quantidades, pode haver diminuição de produção de
glóbulos brancos e vermelhos pelo organismo.
Um dos solventes bastante usados nas nossas colas é o n-hexano.
Essa substância é muito tóxica para os nervos periféricos, produzindo
degeneração progressiva, a ponto de causar transtornos no marchar (as pessoas
acabam andando com dificuldade, o chamado “andar de pato”), podendo até chegar
à paralisia. Há casos de usuários crônicos que, após alguns anos, só podiam se
locomover em cadeira de rodas.

8.4 Aspectos gerais

A dependência naqueles que abusam cronicamente de solventes é comum,


sendo os componentes psíquicos da dependência os mais evidentes, tais como:
desejo de usar, perda de outros interesses que não seja o de usar solvente.
A síndrome de abstinência, embora de pouca intensidade, está presente na
interrupção abrupta do uso dessas drogas, aparecendo ansiedade, agitação,
tremores, câimbras nas pernas e insônia.
Em relação à tolerância mostra que ela pode ocorrer, embora não tão dramática
quanto outras drogas (como as anfetaminas, por exemplo, os dependentes passam a
tomar doses de 50-70 vezes maiores que as iniciais). Dependendo da pessoa e do
solvente, a tolerância se instala ao fim de 1 a 2 meses.
Os solventes são as drogas mais usadas entre os meninos (as) de rua e entre
os estudantes da rede pública de ensino, quando se exclui da análise o álcool e o
tabaco.
Outras substâncias podem desencadear um efeito inverso ao da tolerância: ao
invés de uma redução do efeito, ocorre um aumento do efeito após repetidas
administrações. Esse processo é chamado de sensibilização e ocorre com drogas
estimulantes, como anfetamina e cocaína, ou com doses baixas de álcool. Sabe-se
que a tolerância e a sensibilização estão relacionadas, pelo menos em parte, com a
24
forma de uso da droga (intervalo entre as doses e via de uso). A sensibilização pode
ser mensurada de forma comportamental pelo aumento progressivo dos efeitos
motores (e locomotores) causados pela administração repetida das drogas de abuso.

9 TRANQUILIZANTES OU ANSIOLÍTICOS – BENZODIAZEPÍNICOS

Fonte: www.dentcare.odo.br

Existem medicamentos que têm a propriedade de atuar quase que


exclusivamente sobre a ansiedade e tensão. Estas drogas foram chamadas de
tranquilizantes, por tranquilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente,
prefere-se designar estes tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja,
que destroem a ansiedade. De fato, este é o principal efeito terapêutico destes
medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia
as funções psíquicas e motoras.
Antigamente o principal agente ansiolítico era uma droga chamada
meprobamato que praticamente desapareceu das farmácias com a descoberta de um
importante grupo de substâncias: os benzodiazepínicos.

Ao longo do tempo, o homem vem utilizando substâncias químicas que


podem gerar alterações em seu organismo. Mudanças no nível de
consciência são alterações possíveis e podem produzir reações físicas e
mentais que muitas das vezes geram sensações temporariamente
prazerosas (FORSAN, 2010, apud HERNANDEZ, 2016, p. 8).

25
Neste contexto, os medicamentos psicotrópicos ganham um lugar
preponderante e em especial os BZDs, estão entre os mais prescritos no mundo,
inclusive no Brasil.
Para se ter ideia atualmente há mais de 100 remédios no nosso país à base
destes benzodiazepínicos. Estes têm nomes químicos que terminam geralmente pelo
sufixo pam. Sendo assim, é relativamente fácil a pessoa, quando toma um remédio
para acalmar-se, saber o que realmente está tomando tendo na fórmula uma palavra
terminando em pam, é um benzodiazepínico.
Exemplos: diazepam, bromazepam, clobazam, clorazepam, estazolam,
flurazepam, flunitrazepam, lorazepam, nitrazepam, etc.
A única exceção é a substância chamada clordizepóxido que também é um
benzodiazepínico. Por outro lado, estas substâncias são comercializadas pelos
laboratórios farmacêuticos com diferentes nomes “fantasia”, existindo assim dezenas
de remédios com nomes diferentes.

9.1 Efeitos no cérebro

Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos no


nosso cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim,
quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas
áreas do nosso cérebro funcionam exageradamente resultando num estado de
ansiedade, os benzodiazepínicos exercem um efeito contrário, isto é, inibem os
mecanismos que estavam hiperfuncionantes e a pessoa fica mais tranquila como que
desligada do meio ambiente e dos estímulos externos.

Os psicotrópicos segundo a OMS (2014) são drogas que agem no Sistema


Nervoso Central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição
e, geralmente, levam a dependência. Existem três grupos: os depressores da
Atividade do Sistema Nervoso Central, os estimulantes e os perturbadores.
Os benzodiazepínicos (BZDs) pertencem ao primeiro grupo e por ter a
propriedade de agir quase exclusivamente sobre a ansiedade e a tensão, são
denominados ansiolíticos. Os efeitos dos BZDs se caracterizam por
diminuição da ansiedade, indução do sono, relaxamento muscular e redução
do estado de alerta (MINISTERIO DE SAÚDE, 2006, apud HERNANDEZ,
2016, p.1).

Além desses efeitos principais, os BZDs podem produzir efeitos adversos de


longa duração, como a dificuldade dos processos de aprendizagem e memória,

26
chegando a produzir atrofia cerebral e Alzheimer, O uso dos BZDs podem dar também
osteoporose e, como consequência, acidentes por quedas com fraturas espontâneas.
É importante notar que estes efeitos dos ansiolíticos benzodiazepínicos são
grandemente alimentados pelo álcool, e a mistura álcool + estas drogas pode levar
uma pessoa ao estado de coma. Além desses efeitos principais os ansiolíticos
dificultam os processos de aprendizagem e memória, o que é, evidentemente,
bastante prejudicial para as pessoas que habitualmente utilizam-se destas drogas.
Finalmente, é importante ainda lembrar que estas drogas também prejudicam
em parte nossas funções psicomotoras, prejudicando atividades como dirigir
automóveis, aumentando a probabilidade de acidentes.

9.2 Efeitos no resto do corpo

Os benzodiazepínicos são drogas muito específicas em seu modo de agir: têm


predileção quase que exclusiva pelo cérebro. Desta maneira, nas doses terapêuticas
não produzem efeitos dignos de nota sobre os nossos vários outros órgãos.
Mesmo que os BZDs sejam considerados fármacos relativamente seguros,
podem gerar efeitos colaterais nos usuários que os consumem, fundamentalmente ao
início do tratamento entre eles estão: a sonolência excessiva, a piora da coordenação
motora, a perda da memória, a tontura, os zumbidos e as quedas e fraturas.

9.3 Efeitos tóxicos

Do ponto de vista orgânico ou físico os benzodiazepínicos são drogas bastante


seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas que as
habituais) para trazer efeitos mais graves: a pessoa fica com hipotonia muscular
(mole), dificuldade grande para ficar de pé e andar, a pressão do sangue cai bastante
e pode desmaiar. Mas mesmo assim a pessoa dificilmente chega a entrar em coma e
a morrer. Entretanto, a situação muda muito de figura se a pessoa, além de ter tomado
o benzodiazepínico, também ingeriu bebida alcoólica. Nestes casos a intoxicação
torna-se séria, pois há grande diminuição da atividade do cérebro podendo levar ao
estado de coma.

27
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por
mulheres grávidas. Suspeita-se que estas drogas tenham um poder teratogênico
razoável, isto é, que possam produzir lesões ou defeitos físicos na criança por nascer.
Assim, antes de iniciar a prescrição destes remédios para aliviar os sintomas
de ansiedade e insônia, recomenda-se procurar outras alternativas terapêuticas, as
quais estão disponíveis em algumas Estratégia Saúde da Família (ESF) do Brasil.

9.4 Aspectos gerais

Estima-se que seu consumo dobra a cada cinco anos e seu uso excessivo está
relacionado com o período turbulento que caracteriza as últimas décadas da
humanidade. A diminuição progressiva da resistência das pessoas para tolerar o
estresse, a introdução profusa de novas drogas, a pressão crescente de propagandas
por parte da indústria farmacêutica e os hábitos de prescrição inadequada por parte
dos médicos podem ter contribuído ao aumento da procura deles.
Os benzodiazepínicos quando usados por alguns meses seguidos podem levar
as pessoas a um estado de dependência. Como consequência, sem a droga o
dependente passa a sentir muita irritabilidade, insônia excessiva, sudoração, dor pelo
corpo todo podendo, nos casos extremos, apresentar convulsões. Se a dose tomada
já é grande desde o início a dependência ocorre mais rapidamente ainda. Há também
desenvolvimento de tolerância, embora esta não seja muito acentuada, isto é, a
pessoa acostumada à droga não precisa aumentar a dose para obter o efeito inicial.

9.5 Situação no Brasil

Conforme já foi dito existem muitas dezenas de remédios no Brasil à base dos
ansiolíticos benzodiazepínicos. Até recentemente era comum os médicos chamados
de obesologistas (que tratam a obesidade) colocarem nas receitas estes
benzodiazepínicos para tirar o nervoso produzido pelas drogas que tiram o apetite.
Atualmente, a legislação não permite essa mistura.
Além disso, há um verdadeiro abuso por parte dos laboratórios nas indicações
destes medicamentos para todos os tipos de ansiedades, mesmo aquelas que são
normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana.

28
Não é, portanto, surpreendente que, em um levantamento sobre o uso não
médico de drogas psicotrópicas por estudantes em dez capitais brasileiras, em 1997,
os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na preferência geral, sendo esse uso
muito mais intenso nas meninas do que nos meninos.
O medicamento, incluído também no contexto médico-industrial, influi na
percepção da saúde e da doença e passa a ser visto como uma solução adequada,
“mágica “para os problemas no dia a dia. Nessa perspectiva, é assumido o conceito
de bem de consumo, em detrimento ao de bem social e o medicamento não se
apresenta apenas como uma substancia química isolada, mas bem acompanhada por
uma grande publicidade, informação, brindes, estudos entre outras coisas que
interferem na forma de pensar.
Os benzodiazepínicos são controlados pelo Ministério da Saúde, isto é, a
farmácia só pode vendê-los mediante receita especial do médico, que fica retida para
posterior controle, o que nem sempre acontece.

10 CALMANTES E SEDATIVOS

Fonte: www.farmaceuticas.com.br

Sedativo é nome que se dá aos medicamentos capazes de diminuir a atividade


de nosso cérebro, principalmente quando ele está num estado de excitação acima do
normal. O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante.

29
Quando um sedativo é capaz de diminuir a dor ele recebe o nome de
analgésico. Já quando o sedativo é capaz de afastar a insônia, produzindo o sono, ele
é chamado de hipnótico ou sonífero. E quando um calmante tem o poder de atuar
mais sobre estados exagerados de ansiedade, ele é denominado de ansiolítico.
Finalmente, existem algumas destas drogas que são capazes de acalmar o cérebro
hiperexcitados dos epilépticos. São as drogas antiepilépticas, capazes de prevenir as
convulsões destes doentes.
Neste tópico será abordado um grupo de drogas - tipo sedativos-hipnóticos -
que são chamados de barbitúricos. Alguns deles também são úteis como
antiepilépticos.
Os barbitúricos pertencem à família de fármacos derivados do ácido barbitúrico
(combinação de ureia e ácido malônico) responsáveis pela depressão do sistema
nervoso central (SNC).
Estas drogas foram descobertas no começo do século XX e diz a história que
o químico europeu que fez a síntese de uma delas pela primeira vez - grande
descoberta - foi fazer a comemoração em um bar. E lá, encantou-se com a garçonete,
linda moça que se chamava Bárbara. Num acesso de entusiasmo, o nosso cientista
resolveu dar ao composto recém-descoberto o nome de barbitúrico.
Os barbitúricos se dissolvem facilmente na gordura do organismo, assim, estão
preparados para ultrapassar a barreira hematoencefálica e alcançar o cérebro.
O consumo prolongado de barbitúricos causa tolerância e grande dependência
física, assim sendo, a retirada destes medicamentos deve ser feita de maneira
gradual. A diferença entre a dose terapêutica e a tóxica é muito pequena, e a
intoxicação por estas substâncias constitui um problema clínico grave, visto que em
alguns casos a pessoa pode morrer.

10.1 Efeitos no cérebro

Os barbitúricos são capazes de deprimir várias áreas do nosso cérebro; como


consequência as pessoas podem ficar mais sonolentas, sentindo-se menos tensas,
com uma sensação de calma e de relaxamento. As capacidades de raciocínio e de
concentração ficam também afetadas.
Com doses um pouco maiores do que as recomendadas pelos médicos, a
pessoa começa a sentir-se como que embriagada (sensação mais ou menos
30
semelhante à de tomar bebidas alcoólicas em excesso): a fala fica “pastosa”, a pessoa
pode sentir-se com dificuldade de andar direito.
Os efeitos acima descritos deixam claro que quem usa estes barbitúricos tem
a atenção e suas faculdades psicomotoras prejudicadas; assim sendo, fica perigoso
operar máquina, dirigir automóvel, etc.

10.2 Efeitos no resto do corpo

Os barbitúricos são quase que exclusivamente de ação central (cerebral), isto


é, não agem nos nossos demais órgãos. Assim, a respiração, o coração e a pressão
do sangue são afetados quando o barbitúrico, em dose excessiva, age nas áreas do
cérebro que comandam as funções dos órgãos acima citados.
Entre as estrelas que sofreram do vício nesta substância, está Elvis Presley,
que morreu aos 42 anos. A causa oficial da morte foi arritmia cardíaca, mas o exame
toxicológico comprovou a existência de 14 outras substâncias prescritas em seu
corpo, incluindo morfina, barbitúricos, codeína e diazepam.
A dosagem indicada, geralmente, se limita a 100 e 200 miligramas ao dia.
Dosagens que ultrapassam tais valores, utilizadas por período contínuo, propiciam a
tolerância, causando também dependência física e psicológica, e problemas como
anemia, depressão, falta de coordenação motora, irritabilidade e confusão mental;
sendo que, aliados ao álcool e a anfetaminas, o risco de morte é muito alto.

10.3 Efeitos tóxicos

Os barbitúricos são drogas perigosas porque a dose que começa a intoxicar as


pessoas está próxima da que produz os efeitos terapêuticos desejáveis. Com estas
doses tóxicas começam a surgir sinais de falta de coordenação motora, um estado de
inconsciência começa a tornar conta da pessoa, ela passa a ter dificuldade para se
movimentar, o sono fica muito pesado e por fim aparece um estado de coma. A pessoa
não responde a nada, a pressão do sangue fica muito baixa e a respiração é tão lenta
que pode parar. A morte ocorre exatamente por parada respiratória.
É muito importante saber que estes efeitos tóxicos ficam muito mais intensos
se a pessoa ingere álcool ou outras drogas sedativas. Às vezes intoxicação séria pode
ocorrer por este motivo.
31
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso por
mulheres grávidas. Estas drogas têm potencial teratogênico, além de provocarem
sinais de abstinência (tais como dificuldades respiratórias, irritabilidade, distúrbios de
sono e dificuldade de alimentação) em recém-nascidos de mães que fizeram uso
durante a gravidez.

10.4 Aspectos gerais

Existem muitas evidências de que os barbitúricos levam as pessoas a um


estado de dependência; com o tempo a dose tem também que ser aumentada, ou
seja, há o desenvolvimento de tolerância. Estes fenômenos se desenvolvem com
maior rapidez quando doses iniciais grandes são usadas desde o início. Quando a
pessoa está dependente dos barbitúricos e deixa de tomá-los, passa a ter a síndrome
de abstinência. Esta vai desde insônia rebelde, irritação, agressividade, delírios,
ansiedade, angústia, até convulsões generalizadas. A síndrome de abstinência requer
obrigatoriamente tratamento médico e hospitalização, pois há perigo de a pessoa vir
a falecer.
O consumo contínuo facilita a instauração de tolerância e dependência. Existe
uma tolerância cruzada com outros depressores do Sistema Nervoso Central,
incluindo o álcool e as benzodiazepinas, que obedece, em grande medida, à indução
das enzimas hepáticas que os metabolizam. No entanto, a tolerância é menos intensa
em relação a estas substâncias do que a que ocorre com os opiáceos, pelo que os
problemas por overdose são mais frequentes com barbitúricos do que com morfina ou
heroína.

10.5 Situação no Brasil

Os barbitúricos eram usados de maneira até irresponsável no Brasil. Vários


remédios para dor de cabeça, além de aspirina, continham também um barbitúrico
qualquer. Assim, os antigos Cibalena, Veramon, Optalidom, Florinal etc., tinham o
butabarbital ou secobarbital (dois tipos de barbitúricos) em suas fórmulas. O uso
abusivo que se registrou no Brasil - muita gente usando grandes quantidades,
repetidamente - de medicamentos como o Optalidon e o Fiorinal, levaram os

32
laboratórios farmacêuticos a modificarem as fórmulas destes medicamentos, retirando
os barbitúricos das mesmas.
Hoje em dia existem apenas alguns produtos, usados como sedativos-
hipnóticos, que ainda apresentam o barbitúrico butabarbital. Por outro lado, o
fenobarbital é bastante usado no Brasil (e no mundo) pois é um ótimo remédio para
os epilépticos. Finalmente, um outro barbitúrico, o tiopental é usado por via
endovenosa, exclusivamente por anestesistas, para provocar a anestesia em
cirurgias.
A lei brasileira exige que todos os medicamentos que contenham barbitúricos
em suas fórmulas só sejam vendidos nas farmácias com a receita do médico, para
posterior controle pelas autoridades sanitárias.

11 ÓPIO E MORFINA – PAPOULA DO ORIENTE, OPIÁCEOS, OPIÓIDES

Fonte: www.redaccionmedica.com

Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas


de uma planta chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome
de papoula do oriente. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda verde,
obtém-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio em grego quer dizer suco).
Quando seco este suco passa a se chamar pó de ópio. Nele existem várias
substâncias com grande atividade. A mais conhecida é a morfina, palavra que vem do
deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos.

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Pelo próprio segundo nome da planta somniferum, de sono, e do nome morfina,
de sonho, já dá para fazer uma ideia da ação do ópio e da morfina no homem: são
depressores do sistema nervoso central, isto é, fazem nosso cérebro funcionar mais
devagar. Mas o ópio ainda contém mais substâncias sendo que a codeína é também
bastante conhecida. Ainda, é possível obter-se outra substância, a heroína, ao se
fazer pequena modificação química na fórmula da morfina. A heroína é então uma
substância semissintética (ou seminatural).
Atualmente, o ópio é ilegal e considerado uma das substâncias mais viciantes
que existem, no entanto possui propriedades anestésicas, e por milhares de anos foi
utilizado como sedativo e tranquilizante, e também ministrado como remédio para
diarreia, gota, diabetes, disenteria, tétano, insanidade e ninfomania.
Estas substâncias todas são chamadas de drogas opiáceas ou simplesmente
opiáceos, ou seja, oriundas do ópio; podem ser:
Opiáceos naturais quando não sofrem nenhuma modificação (morfina,
codeína) ou, Opiáceos semissintéticos quando são resultantes de modificações
parciais das substâncias naturais (como é o caso da heroína).
Mas o ser humano foi capaz de imitar a natureza fabricando em laboratórios
várias substâncias com ação semelhante à dos opiáceos: a meridiana, o propoxifeno,
a metadona são alguns exemplos. Estas substâncias totalmente sintéticas são
chamadas de opióides (isto é, semelhantes aos opiáceos). Estas substâncias todas
são colocadas em comprimidos ou ampolas, tornando-se então medicamentos.

11.1 Efeitos no cérebro

Todas as drogas tipo opiáceos ou opióides têm basicamente os mesmos efeitos


no SNC: diminuem a sua atividade. As diferenças ocorrem mais num sentido
quantitativo, isto é, são mais ou menos eficientes em produzir os mesmos efeitos; tudo
fica então sendo principalmente uma questão de dose. Assim temos que todas essas
drogas produzem uma analgesia e uma hipnose (aumentam o sono): daí receberem
também o nome de narcóticos que significa exatamente as drogas capazes de
produzir estes dois efeitos: sono e diminuição da dor. Recebem também por isto o
nome de drogas hipnoanalgésicas. Agora, para algumas drogas a dose necessária
para este efeito é pequena, ou seja, elas são bastante potentes como, por exemplo, a

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morfina e a heroína; outras, por sua vez, necessitam doses 5 a 10 vezes maiores para
produzir os mesmos efeitos como a codeína e a meperidina.
Algumas drogas podem ter também uma ação mais específica, por exemplo,
de deprimir os acessos de tosse. É por esta razão que a codeína é tão usada como
antitussígeno, ou seja, é muito boa para diminuir a tosse. Outras têm a característica
de levarem a uma dependência mais facilmente que as outras; daí serem muito
perigosas como é o caso da heroína.
Além de deprimir os centros da dor, da tosse e da vigília (o que causa sono)
todas estas drogas em doses um pouco maior que as terapêuticas acabam também
por deprimir outras regiões do nosso cérebro como, por exemplo, os que controlam a
respiração, os batimentos do coração e a pressão do sangue.
Via de regra as pessoas que usam estas substâncias sem indicação médica,
ou seja, abusam das mesmas, procuram efeitos característicos de uma depressão
geral do nosso cérebro: um estado de torpor, como que isolamento das realidades do
mundo, uma calmaria onde realidade e fantasia se misturam, sonhar acordado, um
estado sem sofrimento, o afeto meio embotado e sem paixões. Enfim, um fugir das
sensações que são a essência mesma do viver: sofrimento e prazer que se alternam
e se constituem em nossa vida psíquica plena.

11.2 Efeitos no resto do corpo

De um modo geral todos os opiáceos e opióides são depressores do SNC


(Sistema Nervoso Central), ou seja, diminuem o seu funcionamento, produzindo uma
hipnose e uma analgesia, mas, estão diretamente relacionados às doses
administradas, pois quando utilizadas em doses maiores que a terapêutica poderá
deprimir algumas outras regiões cerebrais, como por exemplo, a frequência cardíaca,
a respiração, pressão sanguínea, etc.
As pessoas sob ação dos narcóticos apresentam uma contração acentuada da
pupila dos olhos (menina dos olhos): ela às vezes chega a ficar do tamanho da cabeça
de um alfinete. Há também uma paralisia do estômago e a pessoa sente-se
empachada, com o estômago cheio como se não fosse capaz de fazer a digestão. Os
intestinos também ficam paralisados e como consequência a pessoa que abusa
destas substâncias geralmente apresenta forte prisão de ventre. É baseado neste

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efeito que os opiáceos são utilizados para combater as diarreias, ou seja, são usados
terapeuticamente como antidiarreicos.
Algumas dessas drogas tem efeito farmacológico, quando administradas
corretamente, e sob prescrição médica, como é o caso da codeína, muito eficiente
como antitussígeno (contra a tosse). No caso de uso de substâncias ilícitas ou sem
indicação médica flagra-se o que se chama de abuso, onde o indivíduo estará sujeito
a ações indiscriminadas e imprevisíveis da droga.

11.3 Efeitos tóxicos

Os narcóticos sendo usados através de injeções dentro das veias, ou em doses


maiores por via oral, podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. A
pessoa perde a consciência, fica de cor meio azulada porque a respiração muito fraca
quase não mais oxigena o sangue e a pressão arterial cai a ponto de o sangue não
mais circular direito: é o estado de coma que se não for atendido pode levar à morte.
Literalmente centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo ano na Europa e
Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. Além disso, como muitas vezes
este uso é feito por injeção, com frequência os dependentes acabam também por
pegar infecções como hepatites e mesmo aids.
Aqui no Brasil, uma destas drogas tem sido utilizada com alguma frequência
por injeção venosa: é propoxifeno (principalmente o Algafan). Acontece que esta
substância é muito irritante para as veias, que se inflamam e chegam a ficar
obstruídas. Existem vários casos de pessoas com sérios problemas de circulação nos
braços por causa disto. Há mesmo descrição de amputação deste membro devido ao
uso crônico de Algafan.
Outro problema com estas drogas é a facilidade com que elas levam à
dependência, ficando as mesmas como o centro da vida das vítimas. E quando estes
dependentes, por qualquer motivo, param de tomar a droga, ocorre um violento e
doloroso processo de abstinência, com náuseas e vômitos, diarreia, câimbras
musculares, cólicas intestinais, lacrimejamento, corrimento nasal, etc., que pode durar
até 8-12 dias.
Além do mais o organismo humano se torna tolerante a todas estas drogas
narcóticas. Ou seja, como o dependente destas não mais consegue se equilibrar sem

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sentir os seus efeitos ele precisa tomar cada vez doses maiores, se enredando cada
vez mais em dificuldades, pois para adquiri-la é preciso cada vez mais dinheiro.
Para se ter uma ideia de como os médicos temem os efeitos tóxicos destas
drogas basta dizer que eles relutam muito em receitar a morfina (e outros narcóticos)
para cancerosos, que geralmente têm dores extremamente fortes. E assim milhares
de doentes de câncer padecem de um sofrimento muito cruel, pois a única substância
capaz de aliviar a dor, a morfina ou outro narcótico, tem também estes efeitos
indesejáveis. Nos dias de hoje a própria Organização Mundial da Saúde tem
aconselhado os médicos de todo o mundo que nestes casos, o uso contínuo de
morfina é plenamente justificado.
Felizmente, são pouquíssimos os casos de dependência com estas drogas no
Brasil, principalmente quando comparado com os problemas de outros países.
Entretanto, nada garante que esta situação não poderá modificar-se no futuro.

12 XAROPES E GOTAS PARA TOSSE

Fonte: www.medclick.com.br

Os remédios são vitais para todo ser humano, pois são eles que ajudam na
cura de uma doença ou, em grande parte dos casos, cura sozinho diferentes
enfermidades. O xarope é um dos tipos de remédios mais usados principalmente
pelas as crianças, por que a maioria deles tem um gosto doce isso se deve a grande
quantidade de açúcar que contém esses medicamentos. A tosse é um mecanismo de

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proteção das vias aéreas e também o sintoma respiratório mais comum em crianças
e adultos. Pode decorrer de inúmeras causas infecciosas e não infecciosas, ser
caracterizada como seca ou produtiva, e classificada, de acordo com a duração, em
aguda (menos de 3 semanas), subaguda (3-8 semanas) ou crônica (mais de 8
semanas).
Os medicamentos são apresentados ao público com uma determinada forma.
Para se chegar a esse formato, a essa forma final, designada habitualmente, por forma
farmacêutica há um longo processo de investigação e um rigoroso processo de
produção. Essa forma final é designada por forma farmacêutica.
Toda a substância ou associação de substâncias apresentada como possuindo
propriedades curativas ou preventivas de doenças em seres humanos ou dos seus
sintomas ou que possa ser utilizada ou administrada no ser humano com vista a
estabelecer um diagnóstico médico ou, exercendo uma ação farmacológica,
imunológica ou metabólica, a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas.
Muitos fatores afetam a estabilidade de um produto farmacêutico, incluindo a
estabilidade dos ingredientes ativos, a interação potencial entre ingredientes ativos e
inativos, o processo de fabricação, a forma farmacêutica, o recipiente de sistema
fechado, as condições do ambiente encontradas durante transporte, armazenamento,
manipulação, e o período de tempo entre fabricação e uso
A palavra xarope vem do árabe de charab que significa bebida. Pode ser
proveniente do francês sirop ou do italiano sciroppo que por sua vez têm origem no
latim sirupus ou syrupus.
Os xaropes são formas farmacêuticas muito antigas e tradicionalmente
estavam ligados a esta forma farmacêutica outras formas farmacêuticas como os
melitos, os oximelitos e os loochs ou lambedores.
Os xaropes são formulações farmacêuticas que contêm grande quantidade de
açúcares, fazendo com que o líquido fique viscoso, meio grosso. Neste veículo ou
líquido coloca-se então a substância medicamentosa que vai trazer o efeito benéfico
desejado pelo médico que a receitou. Assim, existem xaropes para tosse onde o
medicamento ativo é geralmente a codeína ou o zipeprol.
Mas também existem outras maneiras de preparar tais remédios. Ao invés de
colocá-los num xarope, faz-se uma solução aquosa, às vezes com um pouco de
álcool, tendo-se assim as chamadas gotas para tosse. A substância ativa contida nas
gotas é também geralmente a codeína ou o zipeprol. Estas duas substâncias, codeína
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e zipeprol, estão entre os remédios mais ativos para combater a tosse: são por isto
chamadas de antitussígenas ou béquicas.
O xarope de codeína é usado para tratar a tosse tendo quase sempre resultado
positivo nas pessoas que usam esse medicamento, esse xarope só pode ser usado
com receita médica, pois da mesma forma que ele é eficaz ele também é muito forte.
Muitas pessoas tomam xarope que tem em sua formulação a codeína sem indicação
médica, isso é muito perigoso, por que mesmo que a tosse seja curada, ele pode
alterar alguma parte do corpo.
Lembremos que a codeína conforme já explicado é uma substância que vem
do ópio; trata-se, desta maneira, de um opiáceos natural.
O zipeprol é uma substância sintética, isto é, fabricado em laboratório. Devido
a sua grande toxicidade, o zipeprol foi recentemente banido no Brasil; isto é, está
proibido fabricar ou vender remédios à base desta substância no território nacional.

13 EFEITOS NO CÉREBRO

O cérebro humano possui uma certa área - a chamada Centro da Tosse - que
comanda os nossos acessos de tosse. Isto é, toda vez que ele é estimulado há a
emissão de uma “ordem” para que a pessoa venha tossir.
A codeína e o zipeprol são drogas capazes de inibir e bloquear o centro da
tosse, no cérebro. Assim, mesmo que haja um estímulo para retirá-lo, o centro não
reage, estando bloqueado pela droga. Também agem em mais regiões do cérebro,
inibindo outros centros que comandam as funções de nossos órgãos. Com a codeína,
a pessoa sente menos dor (é analgésico), e pode ficar sonolenta. A pressão do
sangue, o número de batimentos do coração e a respiração podem ficar diminuídos.
O zipeprol pode atuar no cérebro, fazendo a pessoa sentir-se aérea, flutuando,
sonolenta, vendo ou sentindo coisas diferentes. Com frequência, leva também a
acessos de convulsão. A codeína, quando tomada em doses maiores do que a
terapêutica produz uma acentuada depressão das funções cerebrais. Como
consequência, a pessoa fica apática, a pressão do sangue cai muito, o coração
funciona com grande lentidão e a respiração torna-se muito fraca. A pele fica fria, pois
a temperatura do corpo diminui, e meio azulada, por respiração insuficiente. A pessoa
pode ficar em estado de coma, inconsciente, e se não for tratada, pode morrer.

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A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Assim, não
é incomum saber-se de casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de
gotas para continuar sentindo os mesmos efeitos. E, se deixam de tomar a droga, já
estando dependentes, aparecem os sintomas da chamada síndrome de abstinência.
Calafrios, cãibras, cólicas, nariz escorrendo, lacrimejamento, inquietação,
irritabilidade e insônia são os sintomas mais comuns da abstinência.

13.1 Efeitos no resto do corpo

Podem-se destacar ainda como efeitos colaterais: hepatite, intestino preso e


intoxicação. Esta última é rara, mas pode acontecer. Já os xaropes naturais podem
causar desde ingestão inadequada de calorias em pessoas acima do peso até
hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue), em diabéticos. Além disso, certos
produtos naturais poderem causar doença no fígado.
A codeína possui os vários efeitos das drogas do tipo opiáceas. Assim, é capaz
de dilatar a pupila, de dar uma sensação de má digestão e produzir prisão de ventre.
O zipeprol, além da possibilidade de produzir convulsões, já discutida, pode
também produzir náuseas.

13.2 Efeitos tóxicos

A codeína quando tomada em doses maiores do que a terapêutica produz uma


acentuada depressão das funções cerebrais. Como consequência a pessoa fica
apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande lentidão e a
respiração torna-se muito fraca. Como consequência a pele fica fria (a temperatura do
corpo diminui) e meio azulada (cianose) por respiração insuficiente.

13.3 Aspectos gerais

A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Isto


significa que a pessoa que vem tomando xarope à base de codeína, como “vício”,
acaba por aumentar cada vez mais a dose diária. Assim, não é incomum saber-se de
casos de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de gotas para continuar
sentindo os mesmos efeitos. E se elas deixam de tomar a droga, estando já
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dependentes, aparecem sintomas da chamada síndrome de abstinência. Calafrios,
câimbras, cólicas, nariz escorrendo, lacrimejando, inquietação, irritabilidade e insônia
são os sintomas mais comuns da abstinência.
Com o zipeprol há também o fenômeno da tolerância embora em intensidade
menor.
O pior aspecto do uso crônico (repetido) dos produtos à base do zipeprol é a
possibilidade de ocorrência de convulsões.

14 SITUAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, atualmente, enfrenta-se um sério problema denominado por alguns


pesquisadores “tráfico de drogas lícitas”. Trata-se do grande consumo de remédios.
Apesar de só ser permitida a compra sob prescrição médica e de apenas alguns
laboratórios terem a licença para produzi-los, muitos farmacêuticos e médicos têm o
costume de comercializar estes xaropes sem tomarem qualquer cuidado com a
situação da pessoa que fará uso dos mesmos. Como existe uma grande procura, há
também uma grande facilidade de encontrá-los.
O registro do primeiro anúncio de Xarope no Brasil, foi em 1900 o Xarope São
João, veiculado na “Revista da Semana” no Rio de Janeiro, utilizava-se da imagem
de um homem, como se estivesse amordaçado, significando a ameaça da tosse,
bronquite e rouquidão. Neste contexto, o xarope era o grande salvador.
Com o Código de Defesa do Consumidor e o Conselho Nacional de Auto
regulação Publicitária (CONAR), um anúncio com ameaças ao consumidor e tantas
promessas e certezas de cura, certamente não seria veiculado.
Existe um número muito grande de produtos comerciais a base de codeína.
Assim, Belacodid, Belpar, Codelasa, Gotas Binelli, Pambenyl, Setux, Tussaveto, etc.,
são remédios contra tosse que contêm esta substância como principal de suas
fórmulas. Os xaropes e gotas à base de codeína só podem ser vendidos nas
farmácias brasileiras com a apresentação da receita do médico, que fica retida nas
farmácias para posterior controle. Infelizmente isto nem sempre acontece.
Remédios antitussígenos feitos com zipeprol também existiam no Brasil até o
ano de 1991 (quando foram tirados do comércio) como por exemplo, Eritós, Nantux,
Silentós e Tussiflex.

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Os remédios à base de zipeprol foram banidos, isto é, não existe mais para a
venda. Isto ocorreu pelo fato de que houve várias mortes de jovens que abusaram
destas substâncias, principalmente crianças de rua.
Dessa forma, podemos perceber uma variação das mesmas devido às
substâncias que o xarope pode causar no corpo. Ao ingerirmos determinada
substância o nosso metabolismo interrompe a produção da mesma, já que a
quantidade existente no corpo é suficiente. Com o tempo, caso a substância continue
sendo ingerida, o corpo para de produzi-la, e caso ela deixe de ser introduzida no
sistema metabólico, o corpo não voltará imediatamente a produzi-la. É nesse intervalo
de tempo que acontecem as crises de abstinência, tão comuns para quem está
deixando de consumir determinada droga.

15 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As drogas são, em grande parte, as responsáveis pela degeneração do campo


psicofisiológicos do usuário. As consequências e mutações na fisiologia são
desastrosas, pois alteram além do sistema nervoso, todos os outros: digestivo,
respiratório, hepático, como também provoca lesões psicológicas que modificam toda
a atividade cerebral em raciocínio e aprendizagem.
No campo social, também é desastrosa, pois o indivíduo ao tornar-se
dependente perde a sua identidade e comete atos que compromete a sua conduta.
Este uso abusivo apesar de pesquisas que comprovam que a minoria de nossa
população é usuária dessas substâncias entorpecentes continuam sendo um fato
polêmico, por provocar esses efeitos degenerativos.
As abordagens terapêuticas devem ser planejadas de acordo com o histórico
de cada paciente. Existem várias terapias que ajudam o paciente a enfrentar,
reconhecer, elaborar e trabalhar esses sentimentos, evitando situações nas quais eles
usariam drogas. Quando a intervenção é feita na fase inicial, há mais chances de
recuperação. Para isso, faz-se necessário a implantação de serviços preventivos e
educacionais para impedir a experimentação dessas substâncias, evocando a
valorização da vida.
Portanto, o melhor que se tem a fazer é evitar o primeiro contato, para que se
possa ter um percentual e qualidade de vida com mais saúde física e mental. Em

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casos de contato e, por conseguinte dependência, o indivíduo pode optar para mudar
esse quadro indo buscar ajuda em órgãos que oferecem um atendimento de resgate
de vidas. O processo de tratamento em qualquer cenário envolve intervenção,
otimização do funcionamento físico e psicológico, aumento da motivação, amparo da
família e uso das primeiras semanas de tratamento como período de ajuda intensiva.

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