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INVESTIGAÇÂO CRIMINAL E PSICOLOGIA FORENSE

Luciene Carvalho Andrade

O presente trabalho sobre este módulo Investigação Criminal e Psicologia Forense


tem por objetivo central conceituar a psicologia jurídica e o seu exercício no direito
criminal. É de suma importância evidenciar como a psicologia e o direito interagem
entre si no processo de investigação criminal. Além disso, revelar o vínculo da
psicologia com a criminologia através dos atos mais prevalentes entre os criminosos
e suas possíveis origens. Entre as técnicas de investigação forense, apresentamos o
Criminal Profiling que fornece a avaliação psicológica e social do ofensor, analisa os
objetos encontrados com o autor do crime e cria estratégicos para que sejam
utilizadas na entrevista aos suspeitos. No Brasil, a aplicação desta técnica pode ser
de grande auxílio já que diminuiria, em especial, as taxas de crime sem solução. E
finalmente, esclarece a respeito do exame criminológico, da perícia psicológica, da
criminologia midiática e da psicologia jurídica na esfera do cárcere.

O direito, as ciências humanas e de saúde são convergentes no decurso da história


da humanidade com a intenção de compreender a complexidade do comportamento
humano e suas condutas transgressoras. Aliás, a união entre a psicologia e o direito
aproxima as teorias psicológicas com as leis. Essas primeiras reflexões formulam a
hipótese que o conhecimento sobre a atividade criminal contribui na prevenção do
delito e no incentivo de avanços nas políticas públicas.

A psicologia jurídica surgiu da psicologia do testemunho, ou seja, se organizou a


partir da fidedignidade dos depoimentos. Este fato, beneficiou a consolidação da
psicologia como uma ciência, principalmente com o aprimoramento dos testes
psicológicos na metade do século XX. No Brasil, a psicologia jurídica somente foi
reconhecida no ano 2000 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Apesar disso,
temos registros nos anos 60 de trabalhos voluntários na área criminal por meio da
avaliação de presos e de adolescentes infratores. E no final da década de 70,
estendeu-se à área civil com famílias em situação de vulnerabilidade. Atualmente, a
psicologia jurídica está se difundindo mediante concursos públicos nos Tribunais de
Justiça, Ministérios Públicos, Defensorias Públicas e no sistema penitenciário.
Dentro da Psicologia Jurídica, se sobressaem distintos campos relacionados uns
aos outros: a) Psicologia Judicial, examina as atitudes dos indivíduos em ambientes
jurídicos e a influência de fatores extralegais nas decisões dos órgãos judiciais; b)
Psicologia Criminal ou Criminologia, defende o valor de se avaliar as motivações que
levam o sujeito a cometer atos delituosos, com o entendimento de que o crime é um
fenômeno social, com uma dinâmica própria e etiologia específica. Assim como,
fornece medidas para o seu controle e prevenção; c) Psicologia Forense ou Jurídica,
realiza o parecer técnico em ações judiciais. Seu papel de maior importância é
aclarar as dúvidas dos profissionais da justiça com o intuito de assessorar na
tomada de suas decisões. De modo geral, os termos Psicologia Forense e
Psicologia Legal são considerados equivalentes; d) Psicologia Carcerária, define
testagens psicológicas e estratégias terapêuticas para todos aqueles que estão sob
a custódia no sistema prisional com o propósito de alcançar uma melhor
ressocialização; e) Psicologia Policial, trabalha nas corporações policiais, entre suas
tarefas podemos citar: seleção de pessoal, preparação de aulas nos cursos das
academias de polícia e análise psicossocial dos seus membros. Há uma tendência
de apoiar uma psicologia policial interventiva, ou seja, de ultrapassar a realização
das tarefas cotidianas, sugerindo o melhoramento da imagem da polícia perante a
sociedade bem como melhor qualidade de vida para os seus membros. No Brasil, a
Psicologia Policial e Psicologia Militar, são muito semelhantes e mostram-se ainda
incipientes e por fim, f) Psicologia Criminológica, procede à averiguação dos
aspectos biológicos, familiares, sociais e culturais dos autores envolvidos no
planejamento e na prática de ações criminosas. E assim como a Psicologia Criminal,
preocupa-se em refrear o ato delituoso e em buscar programas preventivos e de
tratamento aos infratores.

Para compreendermos o comportamento humano e suas anomalias faz-se


necessário o estudo das funções mentais superiores. Elas ocorrem efetivamente no
cérebro. Os fenômenos mentais proporcionam aos indivíduos uma organização de
suas imagens mentais e também de tudo o que acontece ao seu redor. Destacamos
que todas as funções mentais se encontram interligadas e sucedem
simultaneamente. Por uma questão didática, abordaremos as funções mentais
superiores separadamente, começando pela sensação e pela percepção. Ambas
compõem um processo contínuo que se estabelece com a recepção do estímulo até
a interpretação da informação pelo cérebro. Pode-se presumir que a sensação é a
operação responsável pela captação de elementos do mundo externo por
intervenção dos órgãos dos sentidos e, em seguida, os transforma em imagens no
sistema nervoso central (SNC). O funcionamento do SNC atua como um centro
integrador, processando todos os dados dos impulsos recebidos. Sem esta atuação,
não seria viável nenhuma atividade física ou mental. A percepção é um processo de
transferência da estimulação física em informação psicológica; recurso mental por
meio do qual os estímulos são trazidos à consciência. Logo, a percepção é o
mecanismo que possibilita o sujeito interpretar os eventos do mundo que o cerca e
do seu mundo interno. Incontestavelmente, o ambiente conflitivo indica um campo
fértil para despertar as mais inesperadas ilusões perceptivas, isto é, deformações de
imagens ou sensações reais. A atenção é o dispositivo que permite a fixação em
alguns impulsos internos ou externos, organizando os conteúdos, associando alguns
e filtrando os restantes. Diversos fatores induzem à atenção seletiva, como por
exemplo, a emoção, os interesses, as necessidades e a personalidade do
observado. Memória é a capacidade que facilita a codificação, o armazenamento e a
recuperação das informações. Acontecimentos que realmente chamam a nossa
atenção são reunidos na nossa memória, não obstante, nem sempre de maneira
consciente. Outrossim, a memória não é apenas reprodução, mas também, uma
reconstrução. Quer dizer que, que as memórias falsas também parecem ser bem
reais. A linguagem propicia que se atravesse do nível dos sentidos ao nível racional,
viabilizando a estruturação do pensamento abstrato. E tem poder de transformação
porque, através dela, conseguimos representar o mundo. Quanto mais rica é a
linguagem, mais evoluído será o pensamento. O pensamento é uma atribuição
mental relacionada ao processamento, à cognição e à transmissão de ideias. O
pensamento estabelece conexão entre os conceitos de acordo com os diferentes
materiais das funções mentais e além do mais, formula novos pensamentos. Porém,
a maioria das pessoas não atinge o potencial pleno da aptidão intelectual, uma vez
que elas manifestam variados graus de desenvolvimento mental. A emoção
caracteriza-se por um estado mental e fisiológico acrescido de uma variedade de
sentimentos, pensamentos e maneiras de agir. Depende de mecanismos cerebrais
estabelecidos de modo inato, embora sofra influências hormonais, culturais e
sociais. Salienta-se que a emoção é um fenômeno que estimula todas as demais
funções mentais, a ponto de ser determinante na maneira de apreciar os impulsos e
reagir a eles. A emoção modifica a sensação e a percepção, ativa a atenção,
intervém na memória e interfere na linguagem e no pensamento. Do contrário, os
mesmos fenômenos produziriam as mesmas emoções em todas as partes. Em
síntese, cada função mental superior trabalha em conjunto para o funcionamento do
todo.

Concluindo, para a apresentação deste módulo foi selecionado o primeiro capítulo,


Psicologia e Direito. A partir da pesquisa deste capítulo dentro deste módulo,
entendo que na investigação criminal, a principal função do psicólogo jurídico é
contribuir no estudo da mente e do comportamento do delituoso, tal como, na
avaliação de sua saúde mental. Ademais, cabe ao psicólogo jurídico levantar o
histórico de vida do sujeito, seu meio social e suas motivações para uma conduta
desviante. É através de suas avaliações psicológicas que elabora relatórios que
servirão como evidências nos processos. Portanto, a psicologia jurídica é de grande
relevância para o direito criminal cujos objetivos são: ampliar a compreensão em
relação ao criminoso e suas ações, como também, buscar alternativas para o seu
bem-estar e sua recuperação. Vale ressaltar, que há ainda um longo caminho a
trilhar no entendimento e na efetivação da Psicologia Jurídica.

Referência Bibliográfica:

EDITORA PROMINAS E ORGANIZAÇÕES. Psicologia Jurídica. In:


Investigação Criminal e Psicologia Forense, Módulo 5. (p.2-23).

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