(DELEGADO DE POLÍCIA PCCE 2014 VUNESP) Para a resolução dos
itens a e b, considere o texto legal do art. 163 do CP, e a hipótese a seguir. Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Se o crime é cometido: (...) III - contra o patrimônio da União, Estado, Município, empresa concessionária de serviços públicos ou sociedade de economia mista; (...) Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena correspondente à violência. Imagine que o Prefeito Municipal procure a Delegacia de Polícia noticiando que a Prefeitura teve a vidraça de sua sede histórica quebrada por um indivíduo, que descuidadamente chutou uma bola durante uma partida de futebol. Em face do vultoso prejuízo, o Prefeito pede a instauração de um inquérito policial pela prática do crime de dano qualificado, por ter havido destruição de coisa pública. a) Responda justificadamente: houve crime? Aplica-se a qualificadora supra transcrita? Deve ser instaurado inquérito policial? b) Em continuidade ao item anterior, conceitue dolo e culpa. Diferencie-os e exemplifique a partir de um resultado naturalístico que ofenda o bem jurídico integridade física. Resposta: A situação narrada demonstra que o dano causado à vidraça da Prefeitura foi provocado por um descuido de um indivíduo, ao chutar uma bola. No caso, como se trata de uma imprudência, não há crime de dano, previsto no art. 163 do Código Penal, porque este delito não admite a forma culposa. A qualificadora do dano ao patrimônio público não será aplicada, porque o fato levado ao conhecimento da Delegacia de Polícia pelo Prefeito é atípico, em razão da ausência de previsão do elemento subjetivo culpa nesse delito. Como não há crime de dano, não pode incidir qualificadora alguma. Como o fato é atípico, o Delegado de Polícia não deve instaurar inquérito policial. O procedimento investigatório somente pode ser instaurado para apurar uma infração penal. Como não há infração penal para ser investigada, o Delegado de Polícia deve indeferir o pedido realizado. Dolo, previsto no inciso I do art. 18 do Código Penal, é a vontade livre e consciente dirigida à produção do resultado. Possui elemento volitivo, consistente na vontade; e elemento cognitivo, consistente na consciência da conduta e do resultado. Pode ser direto, quando o agente deseja o resultado; ou eventual, quando assume o risco de produzi-lo. A culpa consiste na conduta humana de inobservância de um dever de cuidado objetivo, por imprudência, negligência ou imperícia, que termina causando um resultado involuntário não previsto. Encontra-se prevista no inciso II do art. 18 do Código Penal. O agente provoca um resultado que não quis e também não assumiu o risco de produzi-lo. A diferença entre dolo e culpa é a previsão no dolo e a ausência de previsão na culpa. Outra diferença é o resultado, porque, no crime doloso, o resultado é desejado ou assumido o risco de causá-lo; no crime culposo, o resultado é involuntário. Como exemplo de dolo que ofende a integridade física de uma pessoa pode ser citado o crime de lesão corporal dolosa, quando um indivíduo aplica um soco em outro. Como exemplo de lesão corporal culposa pode ser citado o caso de uma babá desatenta que termina derrubando dos seus braços uma criança, vindo a machucá-la. Obs1: 30 linhas de redação (resposta entre 20 a 30 linhas). Obs2: respostas direto ao ponto. Obs3: pontos chaves da resposta destacados no enunciado.
26. (AGENTE DE POLÍCIA PCDF 2009 FUNIVERSA) Após o término de um
show musical realizado na Esplanada dos Ministérios, ocasião em que se comemorava o réveillon, Maria e Joana, ambas com 14 anos de idade, aceitaram carona oferecida por Tício e Mévio, uma vez que todos moravam em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. Maria encontrava-se completamente embriagada. Ocorre que Tício e Mévio desviaram-se do caminho de casa rumo a um lugar ermo. Dentro do carro, parado nesse local, Tício manteve relações sexuais com Maria, e Mévio, com Joana. Com base nessa situação hipotética, redija um texto dissertativo que aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: (a) se Tício e Mévio praticaram algum crime e, em caso afirmativo, que crime(s) foi(ram) esse(s); (b) distinção entre os tipos penais de estupro e de atentado violento ao pudor; (c) presunção de violência; e (d) concurso de pessoas para a prática de crime. Resposta: Tício praticou crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal, porque Maria estava completamente embriagada e, portanto, absolutamente incapaz de oferecer resistência, conforme dispõe o parágrafo primeiro do referido dispositivo. Mévio não praticou crime de estupro contra Joana, porque esta tinha 14 anos de idade, quando manteve relações sexuais. Somente seria crime de estupro de vulnerável, previsto no art. 217-A do Código Penal, se Joana tivesse menos de 14 anos, ou apresentasse alguma enfermidade ou deficiência mental que lhe tirasse o discernimento para a prática do ato; ou, se por qualquer outra causa, não pudesse oferecer resistência. Obs: itens (b) e (c) não devem ser respondidos, porque estão desatualizados. Não há mais crime de atentado violento ao pudor. Hoje, a conduta configura estupro. Do mesmo modo, não há mais presunção de violência, porque as situações de vulnerabilidade da vítima passarão a compor o próprio tipo penal. No caso em análise, não é possível afirmar a presença de concurso de agentes entre Tício e Mévio no cometimento do crime de estupro de vulnerável cometido por Tício contra Maria. O concurso de dois ou mais agentes está previsto na alínea a) do inciso IV do artigo 226 do Código Penal e resulta num aumento de pena de um terço a dois terços. No caso, por ausência de informação de vínculo psicológico entre os agentes, não como concluir a existência de concurso de agentes. Obs1: a redação foi de 17 linhas, porque 2 itens não foram respondidos por estarem desatualizados. Na prova, o número de linhas deve ser observado dentro das “regras do jogo”. Obs2: respostas direto ao ponto. Obs3: pontos chaves da resposta destacados no enunciado.
O Futuro de uma Ilusão Sigmund Freud I Quando já se viveu por muito tempo numa civilização específica e com freqüência se tentou descobrir quais foram suas origens e ao longo de que caminho ela se desenvolveu