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Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Centro de Artes e Comunicação (CAC)


Departamento de Comunicação Social
Curso: Publicidade e Propaganda
Disciplina: Sociologia
Professor: Emílio de Britto Negreiros
Aluno: Fernando Bruno Cavalcanti Ramalho

Resenha do filme “A encantadora de baleias”, dirigido por Niki Caro. 2002.

Desde o começo do filme ele já nos é apresentado mostrando um sentimento machista por
parte do avô da personagem principal Paikea no dia do nascimento da mesma, vemos ele
renegando a neta pois ela havia nascido menina e os antigos costumes diziam que a cidade
deveria ter um sucessor masculino para defender a sua linhagem. O filho dele, pai de Paikea
tinha acabado de perder a mulher e o filho, irmão gêmeo da menina, que acabou por morrer no
parto, e cansado das cobranças do pai, sai do hospital.

Na próxima cena do filme já vemos que com o tempo o avô que a rejeitou no começo
passou aos poucos a reconhecer a neta e a gostar dela, mas ao mesmo tempo percebemos que o
pai de Paikea depois daquele acontecimento fatidico no dia do nascimento da garota havia se
tornado distante, tinha se mudado e quase nunca via a filha, deixando-a para ser cuidada pelos
Avós.

Mesmo com a distância Paikea ainda ama seu pai, e a sua presença a deixa muito feliz,
percebe-se que ela da muito valor aos antigos costumes pregados pelo avô, e que poucas crianças
do vilarejo ainda dão valor a isto, mas logo após a chegada de Pororangi, pai de Paikea, ele tem
uma discussão com o seu pai, Koro e ele mais uma vez renega Paikea pelo fato de esta ser uma
menina e diz que os costumes antigos ditavam que a linhagem deveria ter um “escolhido”
masculino.
Apesar da ignorância, e da rejeição do avô em relação a ela, Paikea ainda o ama e
respeita ao máximo, e tenta de tudo para impressiona-lo e fazer com que aquilo que ele prega
tenha sucesso. Inclusive escondida ela aprende os antigos costumes que ele ensina aos outros
primogênitos da vila, e mesmo com ele favorecendo os garotos ela não desiste de aprender.

Paikea se sente culpada pelo fato de ter nascido menina, e acha que é por causa disso que
a vila está passando por tantos momentos difíceis. Chega-se então em um ponto da historia onde
nenhum garoto consegue passar no teste final para ser o guardião da vila o que coloca Koro em
uma profunda depressão que o leva a expulsar Paikea de casa.

Durante vários momentos Paikea é capaz de escutar o som de uma baleia e ela acredita
ser seus ancestrais tentando entrar em contato com ela, até que um dia várias baleias aparecem
encalhadas na costa do vilarejo, inclusive uma muito maior do que as outras a qual Paikea
denomina ser a baleia que trouxe o seu guardião ancestral para esta terra.

Paikea diz que as baleias queriam morrer, que não tinham mais objetivo de vida, e
mesmo com todo o esforço dos moradores da vila eles não conseguiram colocar as baleias de
volta ao mar, até que Paikea, renegada durante todo o filme, sobe na baleia maior e a guia de
volta as águas. Durante essa cena, vemos Paikea sendo levada pela baleia até o fundo do mar e
ela diz que não sente medo de morrer, então, se afoga.

Encontrada horas depois é levada para um hospital onde seu avô Koro finalmente pede
desculpas por tudo que aconteceu e a reconhece enfim, como líder. Vemos no fim todos unidos
de volta a vila, inclusive o pai de Paikea e a sua nova mulher, mostrando que os acontecimentos
anteriores haviam novamente juntado aquela familia a longo apartada.

A encantadora de baleias é um filme simbólico e tocante, que trata do preconceito


pregado por muitos dos antigos costumes presentes nas sociedades, e do respeito e valores para
com a família. Na minha opnião o filme se utiliza das baleias de uma forma subjetiva, onde elas
simbolizam os antigos costumes, a cultura de um grupo, que os trouxe até ali, mas que encalhada
no tempo acabou por não trazer o avanço ao seu povo, e com isso aos poucos perdeu a razão de
existir. Paikea por sua vez representa o novo, o que antes era renegado, e as atitudes dela
mostram que o novo não necessáriamente é nocivo para os velhos costumes, ele pode ser a
salvação que estes precisam para evoluir e trazer consigo a união e o progresso de um povo
inteiro. Mostra também que o preconceito e a radicalidade muitas vezes nos cegam pra aquilo
que está a nossa volta, e que essas coisas podem as vezes ser exatamente o que precisamos.

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