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UMA BREVE HISTÓRIA DO ALFABETO

O primeiro alfabeto consonantal foi protosinaítico (1500 a.C.), originado a partir


da adaptação de hieróglifos egípcios, empreendida por mineiros que trabalhavam na
Península do Sinai. O proto-sinaitico se espalhou para Canaã e deu origem ao
alfabeto fenício.

Formação do alfabeto fenício a partir do protosinaítico

O fenício é um tronco importante na árvore do alfabeto. Muitos idiomas modernos se


originaram a partir dele, como o árabe, hebraico, latim e grego.

Formação do alfabeto hebraico a partir do fenício

Por volta do ano 900 a.C. os gregos adaptaram o alfabeto fenício acrescentando as
vogais. A partir de 800 a.C., os etruscos adequaram o alfabeto grego à sua escrita,
dando origem ao alfabeto romano (latino), que por sua vez deu origem aos
alfabetos ocidentais1. Observe que o alfabeto grego inverte o sentido da leitura,
dispondo as letras da esquerda para a direita.

Formação do alfabeto grego a partir do fenício

1
GOSCIOLA, Vicente. Roteiro para as novas mídias: do game à TV interativa, p. 40.

2
Uma das mais importantes evidências do hebraico antigo é o calendário de
Gezer, escrito por volta do século 10 a.C. Ele é um registro das atividades agrícolas
ao longo do ano e foi descoberto em 1907 nas proximidades da cidade de Gezer, na
Palestina. Esta forma inicial de hebraico antigo é graficamente muito semelhante ao
alfabeto fenício. Um achado importante descoberto recentemente é o óstraco de
Qeiyafa encontrado em 2009 perto do vale de Elah, em Israel. Não houve consenso
entre os especialistas se a inscrição foi feita em fenício ou hebraico antigo. Sua
datação tem sido proposta para os séculos IX ou X.

Como o fenício primitivo, inscrições em hebraico antigo não possuem vogais. Durante
o exílio na Babilônia (século 6 a.C.), os hebreus passaram a usar o aramaico como
língua falada e escrita. O hebraico continuou sendo usado apenas em liturgias
religiosas. Entre os séculos V e X d.C. um grupo de estudiosos judeus chamados
massoretas, introduziu sinais vocálicos na escrita, com o objetivo de preservar a
vocalização do hebraico.

Calendário de Gezer – período salomônico.


Numas das linhas se lê: “seu mês é colher
cevada” (cf. W. F. Allbright apud
THOMPSON, John A. A Bíblia e a
arqueologia, p. 133).

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Consoantes e vogais
São em número de 22, mas podem chegar a 31 quando somadas às

U, S, O, M, J), às que tem som modificado pelo daguesh (s, m, d) e a


formas finais (

que tem som modificado pelo sinal diacrítico ([ ou \). O som das letras presentes
na tabela abaixo está de acordo com a pronúncia sefardita.

consoante L J, K I H G F E D C B A @
translit. l kh k y t h z v h d g v b ´
pronúncia lamed ráf káf yod tet ret záyn vav hê dálet guímel vet bet álef
em
hebraico
C£N¡L S¢¢K S¢¢m C]I ZI¤H ZI¤G O¦I¢F E¡E @¤D Z£L¡f L£NI¦e ZI¤A ZI¤d S£L¡@

Consoante Z \ [ X W U, V S, T R Q O, P M, N
Translit. t S š r q c f p ` s n m
pronúncia táv sin shin resh qof tzade fe pe áyn samer nun mem
em
hebraico
E¡x OI¦\ OI¦[ [I¤X S]W I¤C¢V @¤T @¤s O¦I¢R `£N¡Q OhP M¤N

O hebraico antigo era escrito sem sinais


vocálicos. A pronúncia das palavras era transmitida oralmente, passando de
geração em geração. Os massoretas (séc. V a X d.C.) introduziram sinais no texto,
permitindo que a vocalização das palavras fosse preservada.

Os sinais vocálicos são divididos em vogais cheias (som bem perceptível) e


semivogais (pronunciadas de maneira sutil):
Vogais que utilizam matres lectiones
(W A yiayea ) são consideradas
1) As vogais cheias se dividem em: invariavelmente longas.

a) longas: @ (u) @ @ (o) @ (i) @@ (e) @ (a)


shureq holem / holem vav Hireq yod Tzere yod / tzere qametz gadol

b) breves: @ (u) @ (o) @ (i) @ (e) @ (a)


qibutz qametz hatuf hireq segol qametz hatuf

(*) O leitor deve observar que as duas vogais acima indicadas com uma seta, qametz gadol (som de
“a”) e qametz hatuf (som de “o”), são graficamente iguais. O qametz hatuf apenas ocorre quando o
holem sofre redução vocálica. As situações onde isso ocorre serão vistas mais adiante.

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2) As semivogais se dividem em:
a) simples: Esta categoria de semivogal possui um único representante: o shva
simples. Ele tem som de “e” e é transliterado assim: bereshit (um “e” elevado).
Quanto à sonoridade os sheva simples são
classificados em mudos e sonoros. Quando
¥
aparecem no início de uma sílaba são sempre
audíveis. No meio de uma palavra podem ser mudos
e
b reshit (no princípio) ou sonoros (consulte “separação de sílabas”). No final
das palavras são sempre mudos, como no caso abaixo:
 O J (khaf sofit) geralmente recebe um shva mudo ( ) para que seja `
diferenciado do O (nun sofit). Um exemplo onde ele ocorre é a palavra `£L£N
(melekh – rei).

b) compostas: Quando as vogais breves ( ¢¡A¢A£A ) são combinadas com o


shva audível, elas formam shvas compostos. Estes shvas são sempre
audíveis.

¨ ,© ,ª
Os shvas compostos surgiram diante da dificuldade de
se pronunciar um shva audível com consoantes
guturais ( @ D G R e, às vezes, X), por isso,
normalmente um shva simples não aparecerá sob
“o” “a” “e” essas consoantes.
e a e a
- Algumas consoantes hebraicas
tem uma característica especial, elas recebem um daguesh (ponto dentro da letra)
quando não precedidas por de som vocálico audível. Para facilitar a memorização,
elas serão chamadas de BeGaD KePaT:

x (t) (p) (k) f (d) e (g) (b) BeGaD KePaT

Sem daguesh, som diferente T (f) K (r) A (v)

Isso pode acontecer quando iniciam uma palavra (exemplo 1) ou aparecem


depois de um shva mudo (exemplo 2).

Exemplo 1: @¡X Exemplo 2: O¡ ¥[¦N


Não há nenhum sinal O sinal vocálico antes do
vocálico antes do bet, kaf é uma semivogal
já que ele está muda (um shva), por isso
iniciando a palavra. o ele recebe daguesh.

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Consoantes especiais

consoantes modificadas que aparecem no final das


palavras.

ZYXW RQ L IHGFEDCBA@
Numa mesma palavra,
ZYXW RQ L IHGFEDCBA@ o khaf e khaf sofit:

_£Z¡K¥X¦d
consoantes pronunciadas na garganta. Essas vogais nunca recebem
daguesh.
Hê - Som de “h” como na palavra inglesa
Ayn - Sem som hot. É muda no final da palavra.

ZY WVT QPNLKIH FE CBA


Resh - Som de “r” Hêt - Som de “rr” como na
Alef - Sem som
como em “caro”. palavra espanhola Alejandro.

Exercícios:
1) Agora que você já conhece as consoantes e os sinais vocálicos do hebraico, tente
decifrar as palavras em português escritas com o alfabeto hebraico listadas abaixo.
Lembre-se que o “guimel” de som de “gu” e o “qof” tem som de “qu”.

L¡Q = sal @¡Ld


§ = @«X¥Z£N =
@«X¤W = @¤ZI¤L = @«m¡Q =
@«Z¤B = @«HI¦N = L«Z©@ =
2) Utilizando a tabela da página 5, translitere o texto hebraico abaixo. Lembre-se que
agora o texto não será inteligível, pois estamos lidando com um texto hebraico.

:I¦H¥L¢T¥Nh I¦Z¡C§V¥Nh I¦R¥L¢Q D¡ED¥I X¢N@«l¢E – 2 Sm 2,22


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“E disse: o Senhor é meu rochedo, minha fortaleza e meu libertador”.


Comece
aqui!

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