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História Do Telejornalismo No Brasil
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ao ar todos os dias, às 21 horas. Mas, como orais e passaram a ter mais ilustrações. Esta
registrado em momento anterior, o “Repórter possibilidade aumentou o ‘poder de sedução’
Esso”, que foi considerado o marco do tele- dos noticiários sobre o telespectador.
jornal na história da televisão brasileira, en- As emissoras brasileiras intensificaram a
traria no ar mais tarde, primeiramente, com presença dos telejornais em sua grade de pro-
transmissão da Tupi do Rio de Janeiro, ap- gramação somente na década de 1960. Na
resentado por Gontijo Teodoro e depois, em época, mais avanços tecnológicos entravam
1953, passa a ser transmitido pela Tupi de nas emissoras e o país inaugurava a sua nova
São Paulo. capital, Brasília. No âmbito dessa mudança,
Por 18 anos, ‘O Repórter Esso’ foi refer- entra o “Jornal de Vanguarda” pela TV Ex-
ência para os telejornais implantados em out- celsior. Os jornalistas eram os produtores
ras emissoras. No início, o telejornal ap- do jornal e na sua apresentação havia cro-
resentava as notícias no formato do pro- nistas especializados em cada editoria. Entre
grama de rádio que originou a sua criação. eles, destacavam-se Newton Carlos, Villas-
Como os profissionais não estavam ambi- Boas Correia, Millôr Fernandes, João Sal-
entados com a televisão e os equipamentos danha, Gilda Muller e Stanislaw Ponte Preta
para gravar e transmitir imagens boas eram – com seus comentários satíricos sobre a re-
raros, o telejornal não era interessante em alidade brasileira, entre outros (REZENDE,
seu começo. Isso porque era composto ba- 1985, p. 107).
sicamente de textos e com poucas imagens. Vindos do jornal impresso, esses profis-
Estas chegavam com até 12 horas de atraso sionais levavam a sua experiência para a tele-
e, quando davam suporte à notícia, o tele- visão. Surgiam também as vozes de Luis Ja-
spectador, muitas vezes, já tinha se desinter- tobá e Cid Moreira que marcavam e comple-
essado pelo assunto. Barbosa Lima (1985, mentavam a qualidade do telejornal. Neste
p. 9) registra que “todos os telejornais eram universo, a qualidade da seleção das im-
parecidos: uma cortina de fundo, uma mesa agens, o texto dinâmico e o formato que
e uma cartela com o nome do patrocinador”. se diferenciava dos outros telejornais, fiz-
Como se sabe, a televisão exerceu fascínio eram do ‘Jornal de Vanguarda’ um grande
sobre os brasileiros, mas apesar disso, os sucesso de audiência na década de 1960. Por
noticiários não se destacavam na progra- seu formato inovador, o programa recebeu,
mação das emissoras. A televisão perdia em 1963, o reconhecimento internacional
para o rádio na rapidez da notícia. Naquela com a conquista do prêmio “Ondas” (Es-
época, os aparelhos de televisão eram raros panha), sendo destacado como um dos mel-
(um luxo) e, por essa razão, as críticas feitas hores telejornais daquele ano. Considerado
aos telejornais ficavam restritas a uma pe- um dos maiores teóricos da comunicação, o
quena parcela da população. Mas, o cenário canadense Marshall MacLuhan usou o tele-
começou a mudar quando o patrocinador do jornal como exemplo em suas aulas de co-
‘Repórter Esso’ firmou apoio ao jornal junto municação.
a uma agência de notícias norte-americana, a Por esbarrar em questões políticas e mil-
United Press Internacional. Com o acordo, itares que ferviam nos tempos da Ditadura
as matérias deixaram de ser basicamente Militar, o Jornal de Vanguarda saiu do ar
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por decisão de seus produtores depois do o fim do “”Repórter Esso” da grade da pro-
Ato Institucional n° 5, antes que morresse gramação da TV Tupi, que na época estava
aos poucos, a exemplo de outros telejor- próxima da falência. O jornal que marcou
nais da época. A censura colocou locutores uma época encerrou a sua trajetória em 31
no lugar dos jornalistas nos telejornais. O de dezembro de 1970. Era um tempo em que
texto jornalístico passou a ser simplesmente o telejornalismo brasileiro vivia um dilema
lido e não fugia do modelo que chegava nas – crescer ou morrer. Das primeiras transmis-
redações. O modelo norte-americano passa a sões de notícias, havia passado 20 anos e a
ser copiado de forma integral. força do Jornal Nacional contrastava com a
Mesmo com o surgimento de câmeras decadência do Repórter Esso.
mais leves e do videotape, prevalecia, ainda, A TV ‘Bandeirantes’ apresentou o tele-
uma forte influência radiofônica e, como jornal “Titulares da Notícia”, na década de
apontam os historiadores, isso “atrapalhava” 1970. Era um formato em que a princi-
o desenvolvimento do principal potencial da pal atração não era em tempo integral as
televisão: a imagem. Tratando da qualidade notícias, apresentadas por Tonico e Tinoco,
oferecida pelos produtores dos telejornais, no interior de São Paulo. Na busca de
Luís Beltrão (REZENDE, 1985, p. 1008), vencer os problemas vividos com fim de O
critica: Repórter Esso, a TV Tupi criou a Rede Na-
cional de Notícias. O programa era trans-
Esta forma de expressão da TV – pela im- mitido diariamente para várias capitais do
agem e só subsidiariamente pela palavra país. A identidade do programa se traduzia
– é que tem sido ignorada pelos ed- no cenário que colocava os apresentadores
itores do telejornalismo brasileiro, re- em primeiro plano, destacando ao fundo a
duzido a um rádio jornalismo televisado sala de redação.
pela leitura de notícias ou a um misto Com a preocupação de selecionar assun-
de jornalismo falado, impresso e cin- tos voltados para os problemas da sociedade
ematográfico. (BELTRÃO, 1967, p. e com atenção ao depoimento de pessoas,
1003). o noticiário tinha como expectativa a con-
quista do público. Fernando Pacheco Jordão
Quanto à falta de interesse dos produtores foi o editor do noticiário que, em pouco
e das emissoras em explorar o potencial da tempo, se tornou o programa líder de au-
televisão, vale destacar a posição do crítico diência da emissora. Naquela época, a in-
de TV Luís Lobo que condena as emisso- tolerância política minava as iniciativas que
ras, dizendo que “ler um papel em frente às contrariavam o regime. O telejornal visava
câmeras não é informar. Mostrar uma foto ao interesse popular nas áreas sociais, políti-
que todo mundo já viu também não é. Jor- cas e econômicas. Em substituição a Fer-
nalismo de televisão tem de ser muito mais. nando Pacheco, a emissora trouxe Wladimir
(LOBO, 1969, in REZENDE, 1985, p. 108). Herzog que assumiu a editoria do telejornal,
Para o final da década de 1960, dois fa- em 1974. Mas, no ano seguinte, o jornalista
tores seriam significativos para o jornalismo pagou com a vida por ousar praticar os seus
brasileiro: a criação do “Jornal Nacional” e ideais na profissão em tempos de ditadura.
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Naquela época, ainda, a equipe de jornal- Apesar de não estar na história como a
ismo da TV Cultura reformulou o telejornal “criadora” do telejornalismo brasileiro, a
“Os Titulares da Notícia” . No jornal, além Globo acabou ditando as regras de como
do espaço para os depoimentos populares e fazer o telejornalismo. A emissora ligou
a preocupação com o interesse público, a re- o texto à imagem, e traduziu nos telejor-
forma permitia que os jornalistas produzis- nais um formato mais interessante para o
sem as notícias que iriam apresentar. Foi um público. Nessa adequação, o fator princi-
momento importante para o telejornal que pal foi que a emissora introduziu as modi-
tinha mais credibilidade. Mais do que a pre- ficações sem improvisos. Outro ponto fun-
sença de um locutor, as informações eram damental para a ascensão da Rede Globo
transmitidas por que acompanhou e registrou refere-se aos horários rígidos para a exibição
os fatos. dos seus programas.
A emissora que mais se beneficiou dos Para manter a audiência do Jornal Na-
avanços tecnológicos introduzidos na tele- cional que antecedia o horário da novela das
visão brasileira, na década de 1970, foi a “oito” , a Globo escolhia um apresentador de
Rede Globo, que na época implementou o boa voz e com aparência de galã, para captar
“padrão global”. Dos programas veiculados a atenção das mulheres que representavam
pela emissora, o que mais destacava essa ori- a maioria dos telespectadores. Era manter
entação era o “Fantástico – o Show da Vida”, o público feminino fiel durante e depois do
que iniciou a sua história em 1973. Criado JN. Para tanto, a emissora contratou o ex-
por Bonifácio de Oliveira, o programa, que periente Cid Moreira, que, havia destacado
venceu o tempo, era uma combinação ho- o seu potencial na apresentação do ‘Jornal
mogênea de entretenimento e jornalismo e Vanguarda’. Ele permaneceu à frente do JN
se traduziu numa mudança na programação por mais de 15 anos.
televisiva para as noites de domingo.
Nos anos 1970, a Globo investiu no ap- Cabelos prematuramente grisalhos, ar
rimoramento de sua linha de programação. concernido, voz de barítono a baixo con-
Entretanto, a preocupação com a beleza dos forme as necessidades, a presença diária
cenários e dos apresentadores comprometia de Cid é um exemplo raro de neu-
o desenvolvimento do jornalismo na emis- tralidade no sentido de constância, ho-
sora. mogeneidade e monotonia (único tom)
que ele “imprime” a qualquer notícia,
[...] Porém o cuidado com a forma de ressaltando o tomo pela rigidez de pos-
apresentação das notícias – visível na tura. À leitura, os olhos postos no miolo
escolha dos cenários, dos locutores, na da lente da câmera, ou seja, no telespec-
qualidade das imagens e na edição das tador em casa. (GLEISER, 1983, p. 31-
matérias – tinha, por seu lado, suas com- 32, in: REZENDE, 1985, p. 114).
pensações. A mais importante era a pos-
sibilidade de cada vez mais adequar-se Com a rígida censura militar dos anos
às potencialidades de linguagem da tele- 1960 e 1970, as emissoras que mantinham
visão. (REZENDE, 1985, p. 113) telejornais em sua grade eram forçadas a
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ocupar a falta de notícias com programas de e teve reconhecimento com o prêmio da As-
entretenimento, a exemplo da Rede Globo. sociação de Críticos de Arte de São Paulo.
Por não ter liberdade para a produção das Enquanto isso a Globo investia no tele-
notícias, o jornalismo brasileiro estava per- jornalismo e aumentava seus lucros com a
dendo o contato com a realidade brasileira. publicidade. Nesse esforço, a criação de
Diante desse quadro, Luís Fernando Mar- novos telejornais foi imediata. Surgiram,
condes, editor de jornalismo da Globo, dizia nesta época, o “Hoje” que era transmitido no
que “em telejornalismo não se podia esperar horário do almoço; e outra atração da área
conteúdo, mas sim superficialidade. Infor- que era apresentada no final da noite e que
mações que dessem apenas para uma con- teve vários títulos, a exemplo de “Amanhã”,
versa banal entre as pessoas”. (ECA/USP, “Painel”, “Jornal da Globo” e “Segunda
1978). Edição do Jornal Nacional”.
Na busca de driblar a censura do regime Para o começo da manhã, a emissora criou
militar, a emissora reforçava as coberturas o “Bom dia São Paulo”. A partir dessa ini-
internacionais. A situação de patrulha rígida ciativa, as afiliadas da Globo criaram os seus
somente iria começar a mudar e lentamente, telejornais regionais. Depois de alguns anos,
no início dos anos de 1980. Fernando entra no ar o “Bom dia Brasil” que é trans-
Barbosa Sobrinho transformou o programa mitido até hoje.
semanal da TV Tupi “Abertura” em um Para aprofundar mais os assuntos de in-
marco desse novo tempo. No ‘Abertura’, teresse público, ainda na década de 1970, a
a emissora tinha como principal atração a Globo criou o “Globo Repórter” que, em lin-
presença de exilados políticos pela força do guagem jornalística, aprofunda assuntos que
regime militar, como Darci Ribeiro, Luís não têm o espaço necessário para detalhes
Carlos Prestes e Leonel Brizola. O programa nos telejornais da emissora, principalmente
tinha uma audiência homogênea e um desta- no JN. Nessa linha, surgiram o já extinto
cado estilo jornalístico, mas acabou desa- “TV Mulher” e o “Globo Rural” que tem um
parecendo com a falência da Tupi, em agosto público fiel nas manhãs de domingo.
de 1980. À medida que a censura ia perdendo força,
Neste mês, ainda, Fernando Barbosa no início dos anos de 1980, outros pro-
Lima, na busca de manter o jornalismo que gramas jornalísticos marcavam o seu tempo
era a sua referência, criou o “Canal Livre”, na história, como o “Vox Populli”, na TV
na Bandeirantes, mediado por Roberto Cultura, o “Encontro com a Imprensa”, na
D’Ávila. Também passaram pelo programa Bandeirantes; e o “Diário Nacional, na TV
Marília Gabriela e Sílvia Popovic. O ‘Canal Record. Entre os programas de entrevistas e
Livre’ tinha, também. a participação de Sar- debates ao vivo, a Globo registra uma tenta-
gentelli, em off. Em tempos em que a cen- tiva frustrada, o semanal “Globo em Revista”
sura ainda não tinha acabado, pelo menos que saiu do ar após alguns meses.
na prática, o ‘Canal Livre’ levava, semanal- A Bandeirantes abriu espaço para novos
mente, um entrevistado do ambiente político. programas jornalísticos, em 1981, o “Va-
O programa ficou no ar até setembro de 1983 riety”, “ETC”, “Outras Palavras”, “Basti-
dores”, “Nova Mulher” e “Crítica e Au-
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tava, comentava e dava opinião sobre as notí- popular. O formato era do “Nueverdiano”,
cias, além de fazer entrevistas durante o tele- programa argentino com características de
jornal. Para alguns jornalistas, ele deturpava programas populares de rádio, principal-
o trabalho do âncora. mente na linguagem. Sucesso imediato, o
As mudanças conquistaram o público e o Aqui Agora chegou a marca de 20 pontos
TJ Brasil, como era chamado, superou os no Ibope, em pouco mais de um ano de
índices de audiência de outros programas exibição.
do SBT. O jornal perdia em publicidade so- Para o telejornalismo brasileiro, a pre-
mente para o programa de auditório coman- sença de jornalistas no comando dos pro-
dado por Sílvio Santos. Na TV Cultura, o gramas foi determinante para impor um
telejornalismo também ganhou um novo for- novo estilo de apresentar as notícias para o
mato. O “Jornal da Cultura” passou a ser público. Os locutores perderam a força no
apresentado por Carlos Nascimento que se telejornalismo porque os novos formatos exi-
destacou na cobertura da doença e morte de giam mais do que vozes bonitas. Na sua
Tancredo Neves, o presidente das Diretas – caminhada ruma à qualidade, as emissoras
Já. O telejornal da Cultura trazia as editorias investiam em equipamentos e profissionais,
de economia, política, geral e internacional. criando telejornais e programas jornalísticos
Em março de 1989, Carlos Nascimento foi que se comparam a “revistas eletrônicas”,
para a Rede Record onde ficou até o começo como o Fantástico.
dos anos 1990. Hoje, os conteúdos dos telejornais estão
Sem entrar no campo da opinião, por con- nas páginas da internet. É um outro espaço
siderar antiético, Marília Gabriela foi âncora de aproximação do público com as notícias.
do “Jornal Bandeirantes”. A jornalista gan- Na trajetória do telejornalismo brasileiro, a
hou destaque na apresentação do “Cara a estratégia de se colocar o Jornal Nacional –
Cara”, programa de entrevistas. A combi- JN entre duas telenovelas do horário nobre
nação audácia e ética de Marília Gabirela, na da televisão brasileira – deu à Globo a segu-
Bandierantes; com a ousadia de Boris Casoy, rança de um público fiel ao jornal da “oito”
no SBT, contribuiu para que a Globo não fi- da emissora. “Em 1979, o JN alcançava a
casse como única na preferência do público marca de 79,9% da audiência nacional, o
da época. que correspondia a 11.985 mil televisores e
No telejornalismo, o SBT seguia 59.925 mil telespectadores ligados no noti-
avançando. Para tanto, trouxe da Globo ciário, (ÁVILA, 1982, p. 60; In: REZENDE,
o jornalista Hermano Henning para atuar 1985, p. 117). Como principal produto jor-
como âncora do jornalismo internacional, nalístico da Rede Globo, O Jornal Nacional
em Washington. Ele foi o último a apresen- (JN), atualmente, é assistido por cerca de 80
tar o TJ Brasil. Para ancorar o “TJ Brasil - milhões de brasileiros todos os dia.
Segunda Edição”, o SBT contratou Lilian
Witte Fibe. O jornal era apresentado às
2. Referências Bibliográficas
21h20 e durava cerca de 30 minutos. Gil
Gomes chegou no SBT, em março de -------, BARBOSA LIMA, Fernando. Televisão e
com o “Aqui Agora”, um telejornalismo vídeo. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
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