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Curso de Música

Escola de Artes e Turismo


Universidade do Estado do Amazonas

Disciplina: História da Arte II


2020.02
Prof.ª: Luciane Pascoa
Alunos: Jean Michell F. Pereira ; Marília N. Oliveira

Jean Auguste Dominique Ingres - O Banho Turco

A pintura a óleo em tela que sem sua moldura apresenta a forma redonda inserida
numa tela quadrada, tem 1,10x1,10 e apresenta diversas figuras femininas em planos
diferentes, com cores pálidas e pouco uso de cores mais vibrantes que dão um ar de
clareza, porém ainda numa temperatura fria, as mulheres e os demais elementos da pintura
compõe um banho turco, uma espécie de sauna.

Ingres era famoso por suas pinturas de nu feminino não se interessando pela
anatomia, tinha interesse por mulheres de forma redondas e vivas e não hesitava em
deformar alguns detalhes. Apesar da semelhança com as pinturas clássicas, mas não tão
regulares, visto os corpos das banhistas que apesar do realismo, parecem não terem um
esqueleto, com as suas linhas dando movimento e profundidade à composição. Ingres não
tinha preferência por elementos mitológicos ou se quer por representar mais rigidamente
a arte antiga, sua inspiração vinha principalmente de cartas escritas por Mary Wortley
Montagu sobre o oriente médio. Discípulo de Davi, pintou esta obra em 1862 já aos 82
anos de idade.

Uma outra característica que podemos identificar nas pinturas de Ingres são as
moças com turbantes na cabeça, inspirado ainda nas cartas, vemos nas moças de suas
pinturas os utilizando tanto n’O Banho Turco como também na pintura “A Grande
Odalísca”, “A Banhista” e “A Banhista de Meio Comprimento”.

Já em “Ruggiero Salvando Angelica” cuja inspiração vem de um trecho de


Orlando furioso, poema de Ariosto. LÚCIA (2008) diz que “Ingres não tinha intenção de
fazer uma representação do poema, apenas ressonâncias que fizessem evocações ao
espírito, como comparações entre a beleza do poema do século XVI e a pintura do século
XIX.”. Nesta mesma obra, conseguimos perceber a questão sobre a falta de preocupação
com a perfeição da anatomia, ainda que interessado nesse aspecto, Ingres demonstra nos
seus quadros uma anatomia quase sem esqueletos, vemos nessa obra Angelica com o
pescoço caído, parecendo nem mesmo haver alguma estrutura de sustentação ali.
Também a respeito dessa obra, desde os esboços e primeiras representações até o
resultado, a representação dos pelos e da parte íntima que eram realistas, deixam de ser.

Em duas obras, o pintor dedica mais de uma década em cada, sendo a primeira
“Venus Anadyomene”, onde ele dedica 40 anos e de que reutiliza a mesma silhueta para
segunda obra em questão, “A Fonte” a qual ele passa 30 anos trabalhando em retoques e
onde também observamos a retratação da parte íntima feminina de forma lisa, de acordo
com as normas da esculta e pintura clássicas. Ingres, como desenhista trabalha em
diversos esboços dos quais tira variantes de algumas obras, “Ruggiero Salvando
Angelica”, “A Odalisca com a Escrava” e “A Pequena Banhista” onde retoma a este tema
algumas outras vezes utilizando outras técnicas como por exemplo, desenho aquarelado.
Dessas retomadas e esboços, ele compõe figuras que estarão mais tarde na obra final d’O
Banho Turco.

O Banho Turco foi encomendado por Napoleão para seus aposentos e foi entregue
no final de 1859 e uma parte foi fotografada sobre a direção do próprio pintor. Neste
negativo, é possível ver diversos elementos da obra final como o turbante, a personagem
principal de costas tocando instrumento, as piscinas, porém o número de personagens é
bem menor. Aparentemente, a esposa de Napoleão não teria ficado satisfeita com a obra
com tanta exposição de nus e essa retorna a Ingres que, no ano seguinte, dá em troca ao
príncipe seu autorretrato de quando era jovem do qual nunca havia se separado antes. Ao
receber “O Banho Turco” de volta, retoca o trabalho ao que conhecemos hoje.

Ao fazer isso, já em sua velhice, ele não recorreu ao uso de modelos vivos,
recorreu aos diversos esboços e desenhos que havia acumulado ao longo dos anos e que
sim, em algum momento vieram de modelos vivos, amores e desamores, mas também aos
desenhos inspirados em gravuras, ele acrescentou outros desenhos, braços e formas de
mulheres em diversas posições e em torno de toda uma complexidade, chegou a obra que
hoje é conhecida em formato arredondado.
Eugène Delacroix - A Liberdade Guiando O Povo

Quando Carlos X assumiu o poder em 1827, ele prometeu ao povo francês uma
participação mais popular e liberal no seu governo, porém ele não cumpriu sua promessa,
gerando insatisfação e revolta da população.

A pintura “A Liberdade Guiando o Povo” de Eugène Delacroix faz referência


direta à revolução de 1830, onde a população francesa se reuniu e construiu barricadas
para enfrentar as tropas de Carlos X. Foi um grande caos, uma verdadeira luta campal
onde as pessoas que não estavam nas barricadas atiravam pedras e jogavam mesas,
cadeiras e móveis de suas casas com a intenção de ajuda na construção das barricadas.

Delacroix não participou diretamente da luta nas barricadas, porém, como ele
disse, seu trabalho ali era intelectual e mesmo sem ter lutado ele iria pintar pela memória
do povo francês. Delacroix é um pintor romântico, então as cores e as emoções estão bem
presentes na sua pintura.

O romantismo na arte surgiu no início do século XIX, uma época caracterizada


por transformações sociopolíticas e culturais. Nesse período, o mundo aprendia a lidar
com questões até então desconhecidas, como as mudanças de trabalho originadas pela
Revolução Industrial iniciadas no século XVIII. Isso porque com o advento de máquinas
modernas, muitos trabalhadores tiveram suas jornadas aumentadas consideravelmente, o
que gerou revoltas e deu início ao surgimento de sindicatos.

Ele usa uma composição em pirâmide e podemos ver que no ápice desta pirâmide
está a figura que representa a liberdade, uma moça com os seios à mostra que vem guiando
e caminhando entre os homens. Apesar de ser inspirada na deusa da liberdade, não se vê
traços de delicadeza no seu rosto, mas sim um aspecto de mulher forte, trabalhadora e
brutal. Por conta de a moça estar levantando a bandeira da França muitas pessoas pensam
que esse quadro se refere à Revolução Francesa. No fundo da pintura podemos ver a
catedral de Notre-Dame.

O quadro está claramente dividido em 2 partes: A parte inferior mórbida onde


estão os caídos e mortos e onde predominam as linhas horizontais que passam a ideia de
falta de movimento. A parte superior ocupa mais ou menos dois terços da tela onde
predominam as linhas verticais e diagonais que dão dinamismo e geram a percepção de
tensão e muito movimento.

Na paleta predominam as cores escuras e podemos perceber que em alguns pontos


existe a quebra da paleta com cores mais vibrantes muitas vezes relacionadas com as
cores da bandeira francesa, como podemos ver nas vestimentas de alguns homens na
pintura.

Distinguem-se quatro outros personagens à beira da barricada. Há dois


meninos de rua - um deles, usando uma boina e segurando duas pistolas,
pode ter sido a inspiração para o personagem Gavroche, de Les Misérables
de Victor Hugo; o outro, abaixado, quase rente ao solo, usa um boné de
policial e segura uma espada. Há também um homem de cartola, o que
sugere se tratar de um burguês, e, atrás dele, um proletário, usando uma
boina e com um sabre na mão. Atrás, pode-se ver um estudante da
prestigiosa École Polytechnique, identificado pelo tradicional bicorne.
(Pool 1969, p.33.)

ALBERTO (2004, P.237) diz que o que todos têm em comum é o olhar intenso e
determinado. Ao longe, emergindo da densa névoa, veem-se as torres de Notre-Dame.
(Pool 1969, p.33) acrescenta que a identidade do homem da cartola tem sido amplamente
debatida. A sugestão de que seria um auto-retrato de Delacroix foi eliminada pelos
historiadores da arte moderna. No final do século XIX, foi sugerido o diretor teatral
Étienne Arago; outros têm sugerido o futuro curador do museu do Louvre, Frédéric Villot,
mas não há consenso sobre este ponto. Os principais personagens se inscrevem dentro de
um triângulo em cujo vértice está a bandeira. As cores predominantes são o azul, branco
e vermelho, que se destacam dos tons de cinza e marrom predominantes.

Delacroix pintou esse quadro em 1830 e levou para o salão de 1831, o governo
compro a tela, mas escondeu, pois, ela não agradava nenhum dos bandos, nem o bando
do governo pois a liberdade aparecia suja e andando sobre mortos e nem o bando dos
revolucionários porque apareciam saques na pintura. Um tempo depois a pintura foi
devolvida para Delacroix mas só foi para o Museu do Louvre em Paris depois da sua
morte em 1874 e está lá até os dias de hoje.

Essa tela foi muito importante para história e para a arte, ela passa uma mensagem
de que todo esse movimento revolucionário não tinha um líder específico, mas estava
diretamente associado a ideia de liberdade e de que toda a comunidade parisiense queria
lutar por essa liberdade.

Esta pintura virou a capa do CD “Viva la Vida” do Coldplay que pregava uma revolução
musical.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GALESCO, Wagner: Obra de arte da semana: O Banho Turco de Ingres. Artrianon,


2017. Disponível em: https://artrianon.com/2017/11/07/obra-de-arte-da-semana-o-
banho-turco-de-ingres/ (Último acesso em 08 de junho de 2021).

SÉRIE PALETAS - O Banho Turco-Jean Auguste Dominique Ingres – ep. 23. [S. l.: s.
n.], 2017. 1 vídeo (28:49 min). Publicado pelo canal Professor Linnel. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3889kChgpxQ&list=PLNajtWHfdJed1Ra0qOshcS
hMhQreHEKMa&index=3&t=300s (Último acesso em 09 de junho de 2021).

SÉRIE PALETAS - Eugène Delacroix - A Liberdade Guiando O Povo. [S. l.: s. n.], 2011.
1 vídeo (27:50 min). Publicado pelo canal FORZA. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=3889kChgpxQ&list=PLNajtWHfdJed1Ra0qOshcS
hMhQreHEKMa&index=3&t=300s (Último acesso em 09 de junho de 2021).

CAVALCANTE, Carlos. História das Artes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,


1982. Vol. 2.

Sem Autor: A Liberdade guiando o povo Wikipédia, 2020. Disponível em:


https://pt.wikipedia.org/wiki/A_Liberdade_guiando_o_povo#cite_note-Pool33-6
(Último acesso em 09 de junho de 2021).

GALESCO, Wagner: Obra de arte da semana: O Banho Turco de Ingres. Artrianon,


2017. Disponível em: https://artrianon.com/2017/11/07/obra-de-arte-da-semana-o-
banho-turco-de-ingres/ (Último acesso em 08 de junho de 2021).

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