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UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENGENHARIA MECANICA

2o ANO, 1o SEMESTRE

Trabalho de Higiene e Segurança no Trabalho

Ameaças e Espaços confinados

Discentes: Docente:

Marcos Lima Eng. Teófilo Zemaonge

Meirim Zaqueu David

Milton Xavier Muronha

Úlpio Ussene Maia Chicra

UNIVERSIDADE LÚRIO

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA


CURSO DE LIENCIATUA EM ENGENHARIA MECANICA

2o ANO, 1o SEMESTRE

Trabalho de Higiene e Segurança no Trabalho

Trabalho de pesquisa em grupo, de carácter


avaliativo da disciplina de Higiene e
Segurança no Trabalho de Licenciatura em
Engenharia Mecânica, da Universidade
Lúrio.

Docente: Eng. Teófilo Zemaonge.

Pemba, Novembro de 2021


RESUMO

No que concerne ao trabalho de investigação científica correlacionada aos estudos de HST fez-se a questão
de trazer o mais conciso possível o tema de ameaças em espaços confinados pela norma 33 que expõe os
requisitos para aderir-se a locais de riscos extremos. E importante determinar o impacto do ambiente externo
sobre o interior do espaço confinado, bem como as condições e actividades realizadas no espaço confinado
que possam afectar as áreas adjacentes, inclusive comunidades vizinhas e o meio ambiente. Desta forma, um
espaço será considerado como confinado quando não for destinado para ocupação humana continua; e
quando possuir meios limitados de entrada e saída, havendo a possibilidade de formação de uma atmosfera
de risco, seja quando fechado durante a preparação da entrada ou durante a entrada e trabalho, quer pela
presença de contaminantes tóxicos, inflamáveis, pela redução do percentual de oxigénio ou enriquecimento
de oxigénio. O conceito de espaços Confinados, a Característica dos Espaços confinados, quando se deve ou
não, entrar nos espaços confinados, norma regulamentadora para o trabalho em espaços confinados, ameaças
e cuidados a ter com os trabalhos em espaços confinados. O desenvolvimento deste trabalho proporcionou
um maior ganho académico pois os aspectos discutidos constituem a base do estudo de HST.

Palavras-chave: HST, espaços confinados, ambiente, riscos.

iii
ABSTRACT
With regard to scientific research work related to HST studies, the issue of threats in confined spaces was
brought up as concisely as possible by norm 33, which sets out the requirements to adhere to places of
extreme risk. It is important to determine the impact of the external environment on the interior of the
confined space, as well as the conditions and activities carried out in the confined space that may affect
adjacent areas, including neighboring communities and the environment. In this way, a space will be
considered as confined when it is not intended for continuous human occupation; and when it has limited
means of entry and exit, with the possibility of formation of a risky atmosphere, either when closed during
entry preparation or during entry and work, or by the presence of toxic, flammable contaminants, by
reducing the percentage of oxygen or oxygen enrichment. The concept of Confined Spaces, the
Characteristic of Confined Spaces, when one should or should not enter confined spaces, a regulatory norm
for work in confined spaces, threats and care to be taken with work in confined spaces. The development of
this work provided a greater academic gain as the discussed aspects constitute the basis of the study of HST.

Keywords: HST, confined spaces, environment, hazards.

iv
Índice de figuras

Figura 1: Espaço confinado (Galeria)...............................................................................................................12


Figura 2: Exemplo de alguns espaços confinados............................................................................................14
Figura 3: Norma regulamentadora 33...............................................................................................................15
Figura 4: Trabalho em galerias subterrâneas....................................................................................................20
Figura 5: riscos de explosões em espaços confinados......................................................................................21
Figura 6: queda em altura.................................................................................................................................23
Figura 7: Indicador de insuficiência de oxigénio e outros gases......................................................................25
Figura 8: Indicador de gás combustível – explosímetro...................................................................................26
Figura 9: Trabalhadores expostos a espaços confinados..................................................................................26
Figura 10: Equipamentos de protecção individual usados em locais confinados param manutenção..............27
Figura 11: Simulação de uma intervencao de trabalhadores em um acidente em espacos confinados............31
Figura 12: Placa de sinalização em espaços confinados...................................................................................32
Figura 13: Técnicas de resgate em espaços confinados....................................................................................34

Índice de tabelaY
Tabela 1:Procedimento para Gestão de Segurança em Espaços Confinados...................................................33

v
Lista de abreviaturas

SST- Segurança e a Saúde no Trabalho.

NR-33 - segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados.


APR- Análise Preliminar de Riscos
SESMT-Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho

CIPA- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes

ASO-Atestado de Saúde Ocupacional

vi
Índice
1. Introdução................................................................................................................................................8

1.1. Objectivos gerais..................................................................................................................................9

1.2. Objectivos específicos..........................................................................................................................9

2.1. Definição de Espaço Confinado.........................................................................................................10

2.2. Características dos espaços confinados..............................................................................................11

2.3. NR 33 – Norma regulamentadora de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados. . .13

2.3.1. Objectivo e Definição.....................................................................................................................14

2.3.2. Responsabilidades..........................................................................................................................14

2.3.5. Disposições Gerais.........................................................................................................................17

2.4. Avaliação das ameaças em espaços confinados.................................................................................18

2.5. Riscos associados aos Espaços Confinados.......................................................................................19

2.5.1. Perda de consciência / asfixia:........................................................................................................19

2.5.2. Submersão por líquidos ou sólidos;................................................................................................19

2.5.3. Incêndio / explosão: Atmosferas inflamáveis.................................................................................19

2.5.4. Intoxicação......................................................................................................................................20

2.5.4.1. Concentração de substâncias tóxicas acima dos limites de exposição permitidos.....................20

2.5.5. Contaminação biológica.................................................................................................................20

2.5.5.1. Exposição a agentes biológicos..................................................................................................20

2.5.6. Exposição ao ruído e às vibrações:.................................................................................................20

2.5.7. Esforços excessivos / posturas em esforço / cortes:.......................................................................20

2.5.8. Soterramento / enclausuramento:...................................................................................................21

2.5.9. Afogamento:...................................................................................................................................21

2.5.10. Queda em altura / queda ao mesmo nível / pancadas / choques / queda de objectos:....................21

2.5.11. Electrização:...................................................................................................................................21

2.5.12. Stresse térmico:...............................................................................................................................21

vii
2.5.13. Esmagamento / pancadas / choques / queimaduras:.......................................................................21

2.5.1. Medidas de Prevenção em espaços confinados..............................................................................21

2.5.2. Medidas gerais................................................................................................................................22

2.5.3. Aparelhos para monitorizar o espaço confinado............................................................................23

2.5.4. Actuação sobre a organização do trabalho.....................................................................................24

2.5.6. Medidas de informação / formação................................................................................................25

2.5.9. Capacitação para trabalhos em espaços confinados.......................................................................27

2.5.10. Sinalização......................................................................................................................................29

2.5.11. Gestão de segurança para acesso em espaço confinado.................................................................29

2.6. Erros Comuns em espaços confinados...............................................................................................31

3. Conclusão...............................................................................................................................................33

4. Referências Bibliográficas.....................................................................................................................34

viii
1. Introdução
No âmbito da criação de um ambiente de trabalho seguro e protegido, optou-se pela necessidade de
criação da HST. Os locais de trabalho, pela própria natureza da actividade desenvolvida e pelas
características de organização, relações interpessoais, manipulação ou exposição a agentes físicos,
químicos, biológicos, situações de deficiência ergonómica ou riscos de acidentes, podem comprometer a
saúde do trabalhador em curto, médio e longo prazo, provocando lesões imediatas, doenças ou morte,
além de prejuízos de ordem legal e patrimonial para a empresa. Os ambientes confinados estão
presentes em diversos ramos de actividades: mineração, indústria petroquímica, construção e serviços,
como a electricidade, gás e saneamento.
O trabalhador tem direito, logo configura como uma obrigação para o empregador, à prestação de
trabalho em condições que respeitem a sua segurança e a sua saúde, nas situações identificadas na lei,
pela pessoa, individual ou colectiva, que detenha a gestão das instalações em que a actividade é
desenvolvida. A prevenção dos riscos profissionais deve assentar numa correta e permanente avaliação
de riscos e ser desenvolvida segundo princípios, políticas, normas e programas que visem,
nomeadamente: princípios gerais e sistema de prevenção de riscos profissionais.
Os espaços confinados e uma parte muito fulcral da HST, visto que e o local onde as probabilidades de
ocorrências de acidentes de trabalho são maiores. Pelo que, o seu estudo e pertinente para o ramo da
Engenharia Mecânica, devido ao envolvimento constante do Mecânico em locais confinados para
efectuar as respectivas manutenções. Sem mais divagações e de salientar que, como fonte de pesquisa
usou-se material extraído da internet e de manuais partilhados por colegas. Para a realização deste
trabalho usou-se a norma APA vigente nesta Universidade.

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1.1. Objectivos gerais
 Descrever os espaços confinados
 Conhecer as ameaças presentes em espaços confinados

1.2. Objectivos específicos


 Analisar os riscos encontrados nos trabalhos em espaços confinados
 Identificar as causas relacionadas com os acidentes em espaços confinados
 Dar a conhecer as formas de prevenção das ameaças em espaços confinados

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2.1. Definição de Espaço Confinado

Segundo António e Martins (2018, pp. 30-31) Qualquer local de trabalho que tenha as aberturas
limitadas de entrada e saída, uma ventilação natural desfavorável, níveis deficientes de oxigénio (antes
ou durante os trabalhos), podendo conter ou produzir contaminantes químicos tóxicos ou inflamáveis e
que não tenha sido concebido para uma ocupação contínua por trabalhadores.
Segundo Garcia e Neto (2013, p. 13) Espaço Confinado é qualquer área ou ambiente não projectado
para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação
existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou
enriquecimento de oxigénio.

Devido a muitos acidentes de trabalho em locais confinados, muitas empresas, por medidas de
segurança, acrescentam outras áreas como espaço confinado caso haja qualquer evidência de que alguns
espaços a bordo possam atender a pelo menos uma característica das indicadas na definição dada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, ou seja, se existir um local com acesso limitado de entrada e saída,
mas com ventilação suficiente para remover contaminantes e fornecer ar respirável, essa empresa pode
considerar esse espaço como um espaço confinado. Ou caso seja um ambiente que possua um fácil
acesso e ventilação constante, mas não tenha sido projectado para a ocupação humana contínua, então
também pode ser considerado um espaço confinado. (Bandeira, 2015, p.14).

Espaço confinado é todo lugar que possui entradas ou saídas limitadas ou restritas, como por exemplo:
vasos, colunas, tanques fixos, tanques para transporte, container, silos, diques, caldeira, etc., que não
está designado para o uso ou ocupação contínua ou ainda que possua uma ou mais das seguintes
características: contém ou conteve potencial de risco na atmosfera, possui atmosfera com deficiência ou
excesso de O2, possui configuração interna tal que possa provocar asfixia, claustrofobia e até mesmo
medo ou insegurança e possui agentes contaminantes agressivos à segurança e à saúde. (Matos 2013,
como citado em Bandeira, 2015, p. 15).
E importante determinar o impacto do ambiente externo sobre o interior do espaço confinado, bem
como as condições e actividades realizadas no espaço confinado que possam afectar as áreas adjacentes,
inclusive comunidades vizinhas e o meio ambiente. Emissões de equipamentos, vazamentos de produtos
perigosos, exaustão de gases, contacto com linhas de forca energizadas, rompimento de tubulações
subterrâneas, trafego de animais, pessoas e veículos, chuvas e ventos, entre outros riscos, devem ser
avaliados. (Garcia e Neto, 2013).

11
2.2. Características dos espaços confinados
Um espaço será caracterizado como confinado quando atendidos todos os requisitos previstos na sua
definição (Caracterização de Espaços Confinados), como mostrado na Figura 1.
Segundo Freitas e Cordeiro (2013, p. 98) os espaços confinados reúnem as seguintes características:

 Não são projectados para ocupação humana contínua;


 Quaisquer locais ou equipamentos que permitam a um trabalhador inserir a cabeça, o tórax ou o
corpo inteiro para efectuar um determinado trabalho;
 Possuem aberturas limitadas de entrada e saída ou acessos difíceis;
 Apresentam ventilação natural insuficiente ou inexistente;
 Contêm, ou pode conter, uma atmosfera perigosa,
 Vapores, gases e/ou poeiras;
 Substâncias inflamáveis, tóxicas e/ou explosivas;
 Deficiência ou excesso de oxigénio;
 Contêm, ou pode conter, material capaz de encobrir totalmente os ocupantes, causando asfixia;
 Possuem configuração interna capaz de aprisionar ou asfixiar os seus ocupantes;
 Possuem potencial para causar sérios danos à saúde e segurança dos seus ocupantes, tais como,
 Contacto com a electricidade;
 Movimentação de equipamentos mecânicos internos;
 Exposição a ambientes severos quentes ou frios.

Figura 1: Espaço confinado (Galeria)


Fonte: António & Martins (2018)

12
Uma sinalização, deverá estar na entrada de todo e qualquer espaço confinado, principalmente se ele for
de acesso fácil, ou seja, um acesso que não demanda esforço algum, como uma porta estanque, por
exemplo (Norma Regulamentadora 33).
Espaços confinados de fácil acesso são os mais perigosos uma vez que a mente do trabalhador
embarcado sempre associa espaço confinado somente a tanques, seja de óleo, lastro, água doce, vazio
ou silos de granéis ao qual tem acesso extremamente restrito e é fechado continuamente por vários
parafusos e porcas (estojos). Por isso acabam entrando em muitos espaços confinados sem saber e acaba
se expondo a um risco que poderia ser facilmente evitado se houvesse uma sinalização apropriada no
acesso. Nem sempre um espaço confinado terá um acesso difícil e restrito.

Infelizmente, devido a falta de treinamento adequado, muitos espaços confinados a bordo não possuem
identificação correta, seja porque a identificação (placa ou adesivo) tenha caído, quebrado ou apagado
ou seja por falhas dos supervisores em manter o local sempre bem sinalizado (falha ou negligência nas
inspecções são frequentes) que acabam ficando sem a sinalização, que como agravante, se for um local
de fácil acesso acaba ficando muito mais perigoso. E também os próprios trabalhadores erram em não
ler os procedimentos para trabalhos em espaço confinado de sua companhia pois, usualmente, nesses
procedimentos são informados quais locais a bordo são considerados espaços confinados. (Bandeira,
2015, p.16)

Como exemplo de espaços confinados constam os seguintes:


a) Câmaras frigoríficas;
b) Armazéns; fornos;
c) Alguns equipamentos industriais, quando em reparação/limpeza;
d) Silos;
e) Cinzeiros industriais;
f) Cisternas;
g) Estufas de pintura, por exemplo, nos sectores automóvel e das madeiras;
h) Porões de escolha e armazenamento de pescado.

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Figura 2: Exemplo de alguns espaços confinados
Fonte: https://www.consigmasst.com.br/treinamentos/treinamento-de-espaco-confinado-nr-33/

Alguns locais podem tornar-se espaços confinados com o decorrer dos trabalhos, durante a construção,
fabricação, modificação ou manutenção, dando como exemplo a cabine de pintura sem sistema de
extracção a funcionar, que foi concebido para utilização permanente mas deixou de ser usado de acordo
com as instruções de segurança. (António e Martins, 2018, p.31)
Em tese, pode ser correto afirmar que para aumentar o grau de segurança e minimizar a probabilidade
de acidentes, qualquer local que atenda a pelo menos uma restrição colocada na definição da NR-33
poderá ser considerada um espaço confinado. Isso ainda gera muitas discussões uma vez que muitos
trabalhadores ainda tenham dúvidas sobre a própria definição do espaço confinado pois sempre
associam primeiramente o acesso restrito para depois pensar na ventilação.
É para evitar esse tipo de confusão que todos os locais aos quais sejam classificados como espaço
confinado, devam ser identificados como tal. Essa identificação deverá ser de forma tal, que qualquer
pessoa, apenas pela imagem saiba identificar os riscos ali presentes. (Bandeira, 2015, p.15)

2.3. NR 33 – Norma regulamentadora de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços


Confinados
Como estas cinco Normas Regulamentadoras são direccionadas para sectores económicos específicos e
são observados espaços confinados nas mais variadas actividades económicas, fazia-se necessária a
publicação de uma NR (Figura 3) que abordasse o tema de forma mais pormenorizada e estruturada. A
NR-33 – Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados - publicada em Dezembro de 2006,
preencheram esta lacuna na legislação de SST. No entanto, a sua compreensão ainda e limitada por
14
parte dos empregadores, trabalhadores e profissionais da área de Segurança e Saúde no Trabalho, o que
dificulta o adequado reconhecimento dos riscos e a adopção de medidas que garantam a entrada e o
trabalho seguro nos espaços confinados, além da protecção ao meio ambiente, as comunidades vizinhas
e ao património das empresas. O presente Guia facilita o entendimento da NR citada, ajudando na
implementação da mesma. (Garcia e Neto, 2013)

Figura 3: Norma regulamentadora 33

Fonte: https://www.amazon.com.br/Seguran%C3%A7a-Trabalhos-Confinados-Principais-
Desafios/dp/8537104302
A Norma 33, de observância obrigatória em todos os estabelecimentos que possuem espaços
confinados, possui cinco itens, indicados a seguir:
 Objectivo e Definição;
 Responsabilidades;
 Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados;
 Emergência e Salvamento;
 Disposições Gerais;

2.3.1. Objectivo e Definição


Segundo Garcia e Neto (2013) Esta Norma tem como objectivo estabelecer os requisitos mínimos para
identificação de espaços confinados e o reconhecimento, avaliação, monitoramento e controle dos riscos
15
existentes, de forma a garantir permanentemente a segurança e saúde dos trabalhadores que interagem
directa ou indirectamente nesses espaços.

O objectivo da NR-33 e garantir a entrada, o trabalho e a saída segura dos espaços confinados, através
da implantação de medidas de protecção, que devem ser estabelecidas a partir dos riscos existentes no
espaço confinado, antes da entrada e dos riscos gerados na actividade a ser realizada.
E importante determinar o impacto do ambiente externo sobre o interior do espaço confinado, bem
como as condições e actividades realizadas no espaço confinado que possam afectar as áreas adjacentes,
inclusive comunidades vizinhas e o meio ambiente. Emissões de equipamentos, vazamentos de produtos
perigosos, exaustão de gases, contacto com linhas de forca energizadas, rompimento de tubulações
subterrâneas, trafego de animais, pessoas e veículos, chuvas e ventos, entre outros riscos, devem ser
avaliados. (Garcia e Neto 2013)

2.3.2. Responsabilidades
Cabe ao Empregador:
a) Indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento desta norma;
b) Identificar os espaços confinados existentes no estabelecimento;
c) Identificar os riscos específicos de cada espaço confinado;
d) Implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em espaços confinados, por medidas
técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e salvamento, de forma a
garantir permanentemente ambientes com condições adequadas de trabalho;
e) Garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre os riscos, as medidas de controle, de
emergência e salvamento em espaços confinados;
f) Garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra após a emissão, por escrito, da
Permissão de Entrada e Trabalho, conforme modelo constante no anexo II desta NR;
g) Fornecer às empresas contratadas informações sobre os riscos nas áreas onde desenvolverão suas
actividades e exigir a capacitação de seus trabalhadores;
h) Acompanhar a implementação das medidas de segurança e saúde dos trabalhadores das
empresas contratadas provendo os meios e condições para que eles possam actuar em
conformidade com esta NR;
i) Interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de suspeição de condição de risco grave e
iminente, procedendo ao imediato abandono do local;
j) E garantir informações actualizadas sobre os riscos e medidas de controle antes de cada acesso
aos espaços confinados.

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Ele deve ter conhecimento e experiencia no assunto, conhecer os espaços confinados existentes na
empresa e os seus respectivos riscos, ter capacidade para trabalhar em grupo e tomar decisões. As
atribuições do Responsável Técnico incluem, entre outras:
 Identificar os espaços confinados;
 Elaborar e coordenar a gestão de segurança e saúde;
 Definir medidas para isolamento e sinalização;
Cabe aos Trabalhadores:
 Colaborar com a empresa no cumprimento desta NR;
 Utilizar adequadamente os meios e equipamentos fornecidos pela empresa;
 Comunicar ao Vigia e ao Supervisor de Entrada as situações de risco para sua segurança e saúde
ou de terceiros, que sejam do seu conhecimento;
 Cumprir os procedimentos e orientações recebidos nos treinamentos com relação aos espaços
confinados.
Estabelecimento de critérios para selecção e uso de todos os tipos de equipamentos e instrumentos, bem
como a avaliação periódica do programa para trabalho em espaços confinados. Para cumprir suas
atribuições legais, o Responsável Técnico deve possuir autoridade para propor e executar acções que
evitem a ocorrência de acidentes, devendo a empresa disponibilizar recursos humanos, materiais e
financeiros para este fim. (Garcia e Neto 2013).

2.3.3. Gestão de segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados


Segundo a Portaria GM n.º 202, (2006) A gestão de segurança e saúde deve ser planejada, programada,
implementada e avaliada, incluindo medidas técnicas de prevenção, medidas administrativas e medidas
pessoais e capacitação para trabalhos em espaços confinados.
As medidas em questão devem ser implementadas de forma articulada e programada, conforme
estabelecido no planeamento. Para a melhoria contínua da gestão de segurança e saúde as medidas
implantadas devem ser avaliadas periodicamente e as inconformidades saneadas.

2.3.3.1. Medidas técnicas de prevenção:


a) Identificar, isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada de pessoas não
autorizadas;
b) Antecipar e reconhecer os riscos nos espaços confinados;
c) Proceder à avaliação e controle dos riscos físicos, químicos, biológicos, ergonómicos e
mecânicos;
d) Prever a implantação de travas, bloqueios, alívio, lacre e etiquetagem;

17
e) Implementar medidas necessárias para eliminação ou controle dos riscos atmosféricos em
espaços confinados;
f) Avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entrada de trabalhadores, para verificar se
o seu interior é seguro;
g) Manter condições atmosféricas aceitáveis na entrada e durante toda a realização dos trabalhos,
monitorando, ventilando, purgando, lavando ou inertizando o espaço confinado;
h) Monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confinados nas áreas onde os trabalhadores
autorizados estiverem desempenhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e
permanência são seguras;
i) Proibir a ventilação com oxigénio puro;
j) Testar os equipamentos de medição antes de cada utilização;
k) Utilizar equipamento de leitura directa, intrinsecamente seguro, provido de alarme, calibrado e
protegido contra emissões electromagnéticas ou interferências de radiofrequência.

2.3.3.2. Medidas Administrativas


Manter cadastra actualizado de todos os espaços confinados, inclusive dos desactivados, e respectivos
riscos. Cabe ao Responsável Técnico pelos espaços confinados da empresa elaborar e manter o cadastro
dos espaços confinados, informando a localização, dimensões, finalidade, acessos, riscos, tarefas
realizadas, Periodicidade da entrada, tempo médio de permanência, iluminação, EPI’s recomendados,
sistema de resgate, entre outras informações relevantes.
Os espaços confinados desactivados também devem possuir cadastro que informe a data da sua
desativação, isolamento, sinalização, bloqueios instalados e medidas necessárias para abertura segura,
quando da sua reactivação. (Garcia e Neto, 2013)

2.3.4. Emergência e Salvamento


O empregador deve elaborar e implementar procedimentos de emergência e resgate adequados aos
espaços confinados, incluindo, no mínimo:
a) Descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos a partir da Análise de Riscos;
b) Descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem executadas em caso de
emergência;
c) Selecção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação, iluminação de emergência,
busca, resgate, primeiros socorros e transporte de vítimas;
d) Accionamento de equipa responsável, pública ou privada, pela execução das medidas de resgate
e primeiros socorros para cada serviço a ser realizado; e

18
e) Exercício simulado anual de salvamento nos possíveis cenários de acidentes em espaços
confinados.
Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exames
médicos específicos para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NR 7 e 31, incluindo
os factores de riscos psicossociais, com a emissão do respectivo Atestado de Saúde Ocupacional (ASO).

2.3.5. Disposições Gerais


O empregador deve garantir que os trabalhadores possam interromper suas actividades e abandonar o
local de trabalho, sempre que suspeitarem da existência de risco grave e iminente para a sua segurança e
saúde ou a de terceiros.
A recusa dos trabalhadores em entrar ou continuar trabalhando no espaço confinado, sempre que
suspeitarem de qualquer condição ambiental de trabalho que possa causar acidente do trabalho ou
doença Profissional com lesão grave a sua integridade física ou a de terceiros, não e passível de
qualquer tipo de punição por parte do empregador. (Garcia e Neto, 2013)
 São solidariamente responsáveis pelo cumprimento desta NR os contratantes e contratados.
 É vedada a entrada e realização de qualquer trabalho em espaços confinados sem a emissão da
Permissão de Entrada e Trabalho.
Como a NR-33 não estabelece categorias de espaços confinados, toda entrada em qualquer espaço
confinado deve ser precedida pela emissão da Permissão de Entrada e Trabalho para garantir a correta
adopção dos procedimentos de segurança.

2.4. Avaliação das ameaças em espaços confinados

A experiência prova que não é apenas o trabalhador que está definido no planeamento de trabalho que
entra no espaço confinado que se encontra em risco. Poderão entrar, a qualquer momento, outros
trabalhadores que se encontrem a apoiar o trabalho, assim como, qualquer pessoa que em situação de
emergência tente ajudar, por último as equipas de resgate.

19
Figura 4: Trabalho em galerias subterrâneas
Fonte: https://conect.online/blog/category/espaco-confinado/page/3/

A fraca condição física, as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias; a fraca acuidade visual
e/ou auditiva, as doenças com cuidados especiais (diabetes – dependência de insulina) e por último, mas
bastante importante, os trabalhadores que tenham dependência de álcool e/ou drogas são factores de
natureza médica a considerar como condicionante para que o trabalhador não possa entrar e executar
uma tarefa dentro do espaço confinado. (António e Martins, 2018, p.31)

20
2.5. Riscos associados aos Espaços Confinados

Figura 5: riscos de explosões em espaços confinados


Fonte: António & Martins (2018)

2.5.1. Perda de consciência / asfixia:


Baixas concentrações de oxigénio
 Ventilação insuficiente;
 Realização de trabalhos de soldadura, corte, limpeza, pintura, etc.

2.5.2. Submersão por líquidos ou sólidos;


 Realização de trabalhos em túneis, poços, valas, condutas, ductos, silos, etc.

2.5.3. Incêndio / explosão: Atmosferas inflamáveis

 Ventilação insuficiente / deficiente;


 Concentrações elevadas de gases e vapores inflamáveis ou nuvens de poeiras podem explodir na
presença de fontes de ignição;
 Realização de trabalhos de soldadura, corte, limpeza, pintura, etc.;
 Realização de trabalhos com utilização de electricidade, etc.;
 Gases combustíveis (gás natural, gases líquidos de petróleo, etc.);
 Gases de decomposição de matéria orgânica (metano, hidrogénio, etc.);
 Vapores de combustíveis e solventes orgânicos (benzeno, gasolina, nafta, etc.);
 Gases e substâncias voláteis formados no interior de condutas industriais.

21
A atmosfera do espaço confinado devera ser continuamente monitorada por meio de detectores portáteis
transportados pelos trabalhadores autorizados e/ou por meio de detectores fixos, instalados próximos as
tubulações, válvulas e demais locais onde possam ocorrer vazamentos ou formação de contaminantes
durante a execução da tarefa.
O monitor deve ter capacidade de detectar todos os gases e vapores existentes no espaço confinado. Os
monitores mais utilizados detectam o percentual de oxigénio, Limite Inferior de Explosividade de
Inflamáveis, monóxido de carbono e o gás sulfídrico. O prazo de garantia e a vida útil dos sensores,
detectores ou células devem ser verificados periodicamente. (Garcia e Neto 2013, p. 13)

2.5.4. Intoxicação
2.5.4.1. Concentração de substâncias tóxicas acima dos limites de exposição permitidos.
As Atmosferas mais comuns são tóxicas, corrosivas e irritantes:
 Ventilação insuficiente;
 Realização de trabalhos de soldadura, corte, pintura, tratamento de superfícies, limpeza;
 Gases tóxicos produzidos em áreas adjacentes- entrada e acumulação nos EC;
 Gases de decomposição de matéria orgânica [metano, hidrogénio] esgotos, fossas, câmaras de
visita, [dióxido de carbono] cubas de fermentação, minas;
 Depósitos de fruta, etc.;
 Vapores de combustíveis e solventes orgânicos- benzeno, gasolina, nafta e outros
hidrocarbonetos;
 Produtos de combustão (monóxido de carbono oriundo do escape de motores);
 Gases e partículas- formados na sequência de incêndios e explosões.

2.5.5. Contaminação biológica

2.5.5.1. Exposição a agentes biológicos


 Transmissão de doenças por via respiratória e infecção de feridas;
 Realização de trabalhos em esgotos, fossas, câmaras de visita, poços, etc.:

2.5.6. Exposição ao ruído e às vibrações:

 Trabalhos realizados no interior dos Espaços Confinados;

2.5.7. Esforços excessivos / posturas em esforço / cortes:


 No acesso aos espaços confinados;
 Resultantes dos trabalhos realizados no interior dos EC - abertura de tampas, passagens estreitas,
contacto com superfícies de acesso, etc.
22
2.5.8. Soterramento / enclausuramento:
 Colapso dos espaços confinados;
 Comunicação intempestiva com instalações adjacentes (terras, areias, etc.).

2.5.9. Afogamento:
 Comunicação intempestiva com instalações próximas (águas de esgotos; de condutas, etc.).

2.5.10. Queda em altura / queda ao mesmo nível / pancadas / choques / queda de objectos:
 No acesso aos EC;
 Trabalhos realizados no interior dos EC - passagens estreitas, contacto com superfícies, etc..
 Superfícies escorregadias.

Figura 6: queda em altura

Fonte: https://prolifeengenharia.com.br/acidentes-comuns-em-altura/

2.5.11. Electrização:
Trabalhos realizados no interior dos EC - com utilização de electricidade.

2.5.12. Stresse térmico:


 Condições térmicas extremas,
 Temperaturas muito baixas - em câmaras frigoríficas;
 Líquidos e solventes frios; temperaturas muito elevadas - em caldeiras;
 Fornos; nos trabalhos de soldadura, etc..

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2.5.13. Esmagamento / pancadas / choques / queimaduras:
 Trabalhos realizados no interior dos EC - manipulação de equipamentos.
2.1. Fontes de ignição mais comuns nos espaços confinados
 Uso de ferramentas eléctricas;
 Electricidade estática;

2.5.1. Medidas de Prevenção em espaços confinados


Para que as empresas adoptem um conjunto de medidas de cariz preventivo, destacando a designação de
um responsável qualificado para a intervenção - a operação deve ser sempre supervisionada e dirigida
no local por um responsável que tenha a competência necessária na matéria. Afetação de, pelo menos,
dois trabalhadores habilitados a este tipo de trabalhos, sendo que um trabalhador é encarregue de vigiar
a intervenção desde o exterior do recinto confinado (António e Martins, 2018).

2.5.2. Medidas gerais

 Os trabalhos em EC só podem ser executados por, pelo menos, 2 trabalhadores instruídos (Um
trabalhador entra no EC, e o segundo trabalhador fica no exterior - Operação de resgate).
 Planear as intervenções cuidadosamente;
 Efectuar reconhecimento, após autorização, do local de trabalho;
 Todos os trabalhadores envolvidos devem:
 Conhecer os perigos que poderão surgir durante os trabalhos;
 Estar treinados na utilização de equipamentos;
 Suspender os trabalhos em caso de condições climatéricas adversas;
 Fornecer equipamentos de trabalho adequados: Atmosferas explosivas, antideflagrantes, anti-
estáticos, etc.;
 Implementar programas de inspecção e manutenção de equipamentos de trabalho;
 Iluminação adequada às tarefas;
 Proibição de fumar;
 Monitorização e controlo da atmosfera no interior dos EC,
- Antes de entrar no EC;
- Durante a realização dos trabalhos;
- Suspender trabalhos se forem excedidos os valores limite de exposição.
 Purga e ventilação dos EC;
 Isolamento e delimitação dos EC;
 Isolamento e imobilização de máquinas e equipamentos:
24
- Cortar circuitos de alimentação de equipamentos e máquinas;
- Retirar componentes mecânicos;
- Inibir fontes de transmissão de energia mecânica;
- Inibindo fontes de energia hidráulicas ou pneumáticas;
- Retirar secções de canalizações;
- Colocar juntas cegas nas canalizações;
- Bloquear e etiquetar válvulas de alimentação;
- Imobilizar e bloquear bombas;
- Isolar canalizações que contenham substâncias perigosas
 Inibição de fontes de energia e Isolamento (separação) dos EC;
 Protecção dentro dos EC;
 Procedimentos de resgate e evacuação, em caso de emergência;
 Meios de comunicação com o exterior dos EC

2.5.3. Aparelhos para monitorizar o espaço confinado


 Indicador de insuficiência de oxigénio;
 Indicador de gás combustível – explosímetro;
 Detector de monóxido de carbono;
 Detector de Sulfureto de hidrogénio.

Figura 7: Indicador de insuficiência de oxigénio e outros gases

25
Fonte:https://impac.com.br/detector-de-gas/oxigenio-detector-espacos-confinados-nr33-
medidor.html

Figura 8: Indicador de gás combustível – explosímetro


Fonte: https://www.rangersms.com.br/multigas-para-espaco-confinado/

2.5.4. Actuação sobre a organização do trabalho


 Promover a avaliação periódica dos riscos profissionais;
 Reduzir o número de trabalhadores expostos, a duração e o grau da exposição:
- Rotatividade dos trabalhadores;
- Redução do tempo de execução de tarefas em EC;
- Alterações nos processos e métodos de trabalho.

Figura 9: Trabalhadores expostos a espaços confinados

26
Fonte:https://docplayer.com.br/73642274-Espacos-confinados-livreto-do-trabalhador-nr-33-seguranca-
e-saude-nos-trabalhos-em-espacos-confinados.html

2.5.5. Equipamentos de protecção individual


 Luvas e calçado de protecção apropriado;
 Capacete de protecção;
 Óculos ou viseira de protecção apropriados;
 Fato de trabalho com protecção apropriada
 Aparelho de protecção respiratória apropriado;
 Arnês antiquadas e uma corda linha de vida;
 Substituir EPI sempre que necessário.

Figura 10: Equipamentos de protecção individual usados em locais confinados param manutenção
Fonte:https://www.manutencaoesuprimentos.com.br/equipamentos-de-seguranca-para-espacos
confinados/#gsc.tab=0

2.5.6. Medidas de informação / formação


 Informar os trabalhadores sobre as características dos Espaços Confinados e sobre a gravidade
dos riscos existentes;
 Formar os trabalhadores sobre os procedimentos e as boas práticas de segurança a adoptar para
minimizar os riscos;
 Também é necessária a formação dos trabalhadores em:
- Procedimentos de resgate e de salvamento;
- Procedimentos de primeiros socorros;
- Utilização de equipamentos de resgate, salvamento e de protecção respiratória;
- Sistemas de comunicação entre o interior e exterior.
27
O procedimento para trabalho deve contemplar, no mínimo: objectivo, campo de aplicação, base
técnica, responsabilidades, competências, preparação, emissão, uso e cancelamento da Permissão de
Entrada e Trabalho, capacitação para os trabalhadores, análise de risco e medidas de controlo.
Os procedimentos para trabalho em espaços confinados e a Permissão de Entrada e Trabalho devem ser
avaliados no mínimo uma vez ao ano e revisados sempre que houver alteração dos riscos, com a
participação do Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho - SESMT e da Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA.

Os procedimentos de entrada em espaços confinados devem ser revistos quando da ocorrência de


qualquer numa das circunstâncias abaixo:
a) Entrada não autorizada num espaço confinado;
b) Identificação de riscos não descritos na Permissão de Entrada e Trabalho;
c) Acidente, incidente ou condição não prevista durante a entrada;
d) Qualquer mudança na actividade desenvolvida ou na configuração do espaço confinado;
e) Solicitação do SESMT ou da CIPA; e
f) Identificação de condição de trabalho mais segura.

2.5.7. Medidas Pessoais


Todo trabalhador designado para trabalhos em espaços confinados deve ser submetido a exames
médicos Específicos para a função que irá desempenhar, conforme estabelecem as NR 07 e 31,
incluindo os factores de riscos psicossociais com a emissão do respectivo Atestado de Saúde
Ocupacional - ASO.
Capacitar todos os trabalhadores envolvidos, directa ou indirectamente com os espaços confinados,
sobre seus direitos, deveres, riscos e medidas de controlo.
O número de trabalhadores envolvidos na execução dos trabalhos em espaços confinados deve ser
determinado conforme a análise de risco.

É vedada a realização de qualquer trabalho em espaços confinados de forma individual ou isolada.


O Supervisor de Entrada deve desempenhar as seguintes funções:
a) Emitir a Permissão de Entrada e Trabalho antes do início das actividades;
b) Executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na Permissão de
Entrada e Trabalho;
c) Assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e que os meios para
accioná-los estejam operantes;

28
d) Cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário; e
e) Encerrar a Permissão de Entrada e Trabalho após o término dos serviços.

2.5.8. O Supervisor de Entrada pode desempenhar a função de Vigia.


O vigia deve desempenhar as seguintes funções:
a) Manter continuamente a contagem precisa do número de trabalhadores autorizados no espaço
confinado e assegurar que todos saiam ao término da actividade;
b) Permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em contacto permanente com os
trabalhadores autorizados;
c) Adoptar os procedimentos de emergência, accionando a equipe de salvamento, pública ou
privada, quando Necessário;
d) Operar os movimentadores de pessoas; e
e) Ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer algum sinal de alarme, perigo,
sintoma, queixa, condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando não puder
desempenhar efectivamente suas tarefas, nem ser substituído por outro Vigia.
f) O Vigia não poderá realizar outras tarefas que possam comprometer o dever principal que é o de
monitorar e proteger os trabalhadores autorizados;
Cabe ao empregador fornecer e garantir que todos os trabalhadores que adentrarem em espaços
confinados disponham de todos os equipamentos param controle de riscos, previstos na permissão de
entrada e trabalho.
Em caso de existência de Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde - Atmosfera IPVS –, o
espaço confinado somente pode ser adentrado com a utilização de máscara autónoma de demanda com
pressão positiva ou com respirador de linha de ar comprimido com cilindro auxiliar para escape.

2.5.9. Capacitação para trabalhos em espaços confinados

Garantir que os trabalhadores sejam detentores das competências adequadas à tarefa que vão
desempenhar. Para além das que sejam da sua formação de base técnica e/ou académica, é essencial
conhecer os riscos, as medidas de prevenção, conhecer e testar o modo de avaliação da qualidade do ar
no interior e utilizar correctamente o equipamento de medição, conhecer e testar o modo de utilização
dos EPI (Equipamento de Protecção Individual), conhecer e testar os equipamentos de comunicação,
conhecer e testar os meios de primeiros socorros, emergência e resgate. (António e Martins, 2018).
É vedada a designação para trabalhos em espaços confinados sem a prévia capacitação do trabalhador.
O empregador deve desenvolver e implantar programas de capacitação sempre que ocorrer qualquer das
seguintes situações:

29
a) Mudança nos procedimentos, condições ou operações de trabalho;
b) Algum evento que indique a necessidade de novo treinamento;
c) Quando houver uma razão para acreditar que existam desvios na utilização ou nos
procedimentos de entrada nos espaços confinados ou que os conhecimentos não sejam
adequados.
Todos os trabalhadores autorizados e Vigias devem receber capacitação periodicamente, a cada doze
meses. A capacitação deve ter carga horária mínima de dezesseis horas, ser realizada dentro do horário
de trabalho, Com conteúdo programático de:
a) Definições;
b) Reconhecimento, avaliação e controle de riscos;
c) Funcionamento de equipamentos utilizados;
d) Procedimentos e utilização da Permissão de Entrada e Trabalho; e
e) Noções de resgate e primeiros socorros.
A capacitação dos Supervisores de Entrada deve ser realizada dentro do horário de trabalho, com
conteúdo Programático estabelecido no subitem 33.3.5.4, acrescido de:

a) Identificação dos espaços confinados;


b) Critérios de indicação e uso de equipamentos param controlo de riscos;
c) Conhecimentos sobre práticas seguras em espaços confinados;
d) Legislação de segurança e saúde no trabalho;
e) Programa de protecção respiratória;
f) Área classificada; e
g) Operações de salvamento.

Todos os Supervisores de Entrada devem receber capacitação específica, com carga horária mínima de
quarenta horas. Os instrutores designados pelo responsável técnico, devem possuir comprovada
proficiência no assunto. Ao término do treinamento deve-se emitir um certificado contendo o nome do
trabalhador, conteúdo programático, carga horária, a especificação do tipo de trabalho e espaço
confinado, data e local de realização do treinamento, com as assinaturas dos instrutores e do responsável
técnico. Uma cópia do certificado deve ser entregue ao trabalhador e a outra cópia deve ser arquivada na
empresa.

30
Figura 11: Simulação de uma intervenção de trabalhadores num acidente em espacos confinados
Fonte: https://www.conexaobombeiro.com/2016/07/entrada-em-espacos-confinados-e.html

Para determinar as condições existentes no interior dos espaços confinados, é necessário conhecer a
composição da atmosfera interior, através de medições, de forma a determinar o grau de perigosidade e
a concentração de contaminantes.
É fundamental ter uma equipa técnica competente, com conhecimentos e preparação técnica, providos
com equipamentos de medição em boas condições de manutenção, devidamente calibrados e
compatíveis com as necessidades de avaliação. (António e Martins, 2018)

Exemplo: Um soldador é considerado, no mundo laboral, um técnico especializado que necessitou, para
tal, de fazer uma formação que lhe desse competências nesta matéria específica. No entanto, para um
soldador conseguir operar numa área fabril de uma empresa petroquímica, não lhe é o bastante que
perceba apenas da sua arte: o soldador está obrigado a perceber de outras especialidades, tais como a
detecção de gases ou os trabalhos em altura, entre outras. (António e Martins, 2018)

2.5.10. Sinalização

Apesar de não existir sinalização específica para trabalhos em espaços confinados na legislação
nacional, pode-se colocar uma placa com informação adicional (figura 2), que pode identificar os
principais riscos e informar quais são as medidas obrigatórias.

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Figura 12: Placa de sinalização em espaços confinados
Fonte: Possebon Amaral (2007)

A autorização de entrada é sempre obrigatória e deve incluir uma inspecção prévia do local onde será
realizada uma análise criteriosa, correta e permanente dos riscos, uma segura definição das condições e
das medidas de controlo, bem como os nomes dos trabalhadores autorizados a aceder ao espaço
confinado e os nomes dos trabalhadores com permissão para a presença no local onde decorrem os
trabalhos (chefe de equipa, vigias e equipa de resgate).

Para se ter um controle operacional deve-se dar prioridade a eliminação dos perigos ou evitar a
existência deles, pois não existindo o perigo, não ocorrerá o acidente. Esta forma de controlo pode
implicar na aplicação de novas tecnologias, mudanças nos processos e investimentos maiores para a
obtenção de resultados satisfatórios. (Araújo; Santos; Mafra, 2000, como citado em Martins, 2014).

A empresa deve identificar quais os processos mais eficientes para eliminação dos perigos ou redução
dos riscos, e estabelecer os controlos necessários levando em consideração os factores: a fonte, o meio e
o indivíduo, o nível de risco existente, a praticidade do controle e a possibilidade de não gerar novos
perigos. Para que sejam eficientes e efectivos as fontes e os controles devem caminhar juntos. (Araújo;
Santos; Mafra, 2000, como citado em Martins, 2014).

2.5.11. Gestão de segurança para acesso em espaço confinado


É de responsabilidade da empresa, programar acções para promover segurança e saúde a quem trabalha
em espaços confinados. É imprescindível adoptar um programa de Gestão de Segurança e Saúde no
Trabalho em Espaços Confinados para garantir que se adopte procedimentos adequados, de acordo com
o que determina a NR 33, subitem 33.3.1. “A gestão de segurança e saúde deve ser planejada,
programada, implementada e avaliada, incluindo medidas técnicas de prevenção, medidas

32
administrativas e medidas pessoais e capacitação para trabalho em espaços confinados.” (BRASIL,
2006).
A NR 33 vê a Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados como um conjunto de
acções preventivas, administrativas, colectivas e de pessoal, essencial para assegurar a segurança no
desenvolvimento das actividades em espaços confinados. A relação de procedimentos, feita por Campos
(2007) para Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho em espaços confinados, conforme a NR 33, pode
ser observada na Tabela 1.
Tabela 1:Procedimento para Gestão de Segurança em Espaços Confinados

Procedimento para gestão em Espaços Confinados

Detecção de gases Ventilação


Movimentação Vertical e Horizontal
Área Classificada
Processos Protecção Respiratória
Equipamentos de Comunicação
Combate a Incêndio
Emergência e Salvamento

Elaborar e Implantar Procedimento de Espaço Confinado Elaborar


e Implantar Procedimento de Protecção Respiratória
Administrativo Cadastro de Espaços Confinados
Capacitação (Competência)
Autorização de Trabalhos

Riscos Psicossociais
Exames Médicos
Pessoal Atestado de Saúde Ocupacional
Promoção de Saúde

Fonte: Campos (2007, conforme citado em Martins, 2014)

2.6. Erros Comuns em espaços confinados


Da análise dos acidentes de trabalho que ocorrem em espaços confinados, identificam-se os seguintes
erros como sendo os mais comuns, tal como não considerar, por ausência de avaliação, o local de
intervenção como um espaço confinado, descurando assim os riscos. (António e Martins, 2018).
33
 Realizar os trabalhos sem planificação de segurança.
 Ignorar as medidas de prevenção, parcial ou completamente, aquando da entrada no espaço
confinado,
 Utilizar equipamentos de protecção individual inadequados.
 Não informar, ou formar, adequadamente os intervenientes.
 Usar uma vela para avaliar a qualidade do ar (vela apaga apenas com <16% de oxigénio).
 Realizar tarefas não previstas nas proximidades do espaço confinado, com influência nas
condições existentes e pré-avaliadas.
 Assumir que a qualidade do ar é aceitável sem proceder ao devido controlo da atmosfera do
espaço confinado.
 Assumir que se consegue suster a respiração o tempo suficiente para entrar no espaço confinado
sem serem tomadas as medidas adequadas.
 Utilizar motores de combustão interna no interior dos poços e das minas para esgotamento da
água.

2.6.1. Resgate em espaços confinados


Quando se analisa os cuidados em espaço confinado, a questão do resgate em espaços confinados pode
não ser levados em consideração, mas é inevitável que o trabalho de resgate também possuem cuidados
a serem observados e por isso será abordado no presente estudo. O resgate em espaços confinados se
difere de outros tipos de resgate pois exige uma necessidade técnica e conhecimentos mais complexos e
ao ser necessário o resgate em espaços confinados, o ambiente será bem mais complexo, devido a todos
os riscos aos quais foram discutidos anteriormente. (Pinto e Martins, 2012, como citado em Bandeira,
2015, p.80)

Figura 13: Técnicas de resgate em espaços confinados

34
https://iaco.com.br/novo/tecnicas-de-resgate-em-locais-de-espaco-confinado-podem-salvar-vidas/

Ainda de acordo com Pinto e Martins (2012) como citado em Bandeira, (2015 p. 80), com tantas
ameaças presentes, nem o uso de todos os equipamentos disponíveis pode garantir a segurança completa
ao resgatista. De acordo com a Norma Regulamentadora 33, o empregador devera elaborar e
implementar procedimentos de emergência e resgate para espaços confinados que devam conter no
mínimo:
1) Descrição dos possíveis cenários de acidentes, obtidos através da APR;
2) Descrição das medidas de salvamento e primeiros socorros a serem executadas em casos de
emergência;
3) Selecção e técnicas de utilização dos equipamentos de comunicação, iluminação de emergência,
busca, resgate, primeiros socorros e transporte de vítimas;
4) Accionamento de equipa responsável, pública ou privada, pela execução de medidas de resgate e
primeiros socorros para cada serviço a ser realizado;
5) Exercício simulado de acidente nos possíveis cenários uma vez por ano.

3. Conclusão
A carência por informações tangentes a HST tem sido cada vez notória no mundo do trabalho em geral,
pelo que foi útil, a elaboração do tema serve para o nosso aprendizado académico tanto quanto para o
nosso futuro como trabalhadores, portanto o tema em apreço é muito eficaz quando cumprido na sua
essência, pois reduz os riscos de danos leves até os mais graves que até podem chegar a tirar a vida do
ser humano. Todavia, a negligência das obrigatoriedades dos empregadores tanto como dos empregados
pode ser fatal, pelo que se pode dizer que é de tamanha importância o cumprimento dos requisitos
tangenciais a HST. Desde já, endereçamos nosso voto de agradecimento pela oportunidade que nos foi
dada de poder desenvolver este tema. Houve dificuldades leves na busca e recolha de informação sobre

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os espaços confinados e suas ameaças, porem tudo cooperou para o nosso crescimento académico na
área de HST.

4. Referências Bibliográficas

António N., & Martins S., (2018), Nível de oxigénio em espaços confinados, risco real ou risco
Percepcionado, Dissertação como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Segurança e
Higiene no trabalho. Instituto Politécnico de Setúbal.

Bandeira, I., C., P., (2015) entrada em espaços confinados a bordo: Riscos e cuidados a serem tomados
rio de Janeiro

Freitas L., & C., Cordeiro T., C., Outubro (2013), Segurança e Saúde do Trabalho Guia para micro,
pequenas e médias empresas, edição Lisboa.

Garcia, S., A., L., & Neto, K., F., (2013), Guia técnico de NR-33 Segurança e Saúde no Trabalho em
espaços confinados Brasília/DF.
36
Martins A., (2014), Análise do trabalho em espaço confinado: descontaminação e manutenção de
vagão tanque ferroviário, Brasil, Curitiba
Portaria GM n.º 202, 22 de dezembro de 2006, NR-33 segurança e saúde nos trabalhos em espaços
confinados

Possebon, F., K., N., Amaral, N., C., (2007), Espaços confinados – livreto do trabalhador Fundacentro
São Paulo

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