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Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Fernanda Anraki Vieira

Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Fonte: Getty Images


Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos:
• Metodologia de Avaliação;
• Reconhecimento ou Caracterização Básica;
• Avaliação Qualitativa e Priorizações;
• Estratégia de Avaliação Quantitativa;
• Metodologia Analítica;
• Interpretação de Resultados e Análise Estatística;
• Periodicidade dos Monitoramentos –Reavaliações.

Objetivo
• Capacitar a realização da avaliação quantitativa de agentes químicos.

Caro Aluno(a)!

Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.

Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.

No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões


de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e
auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados.

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.

Bons Estudos!
UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Contextualização
Como você já sabe, a Norma Regulamentadora 15 (NR-15), que trata das atividades e
operações insalubres, em seus anexos 11, 12 e 13, relaciona os agentes químicos e ati-
vidades e operações envolvendo agentes químicos que podem ocasionar danos à saúde
dos trabalhadores. Os anexos 11 e 12 são de caráter quantitativo, enquanto o anexo 13
é qualitativo (BRASIL, 2014).

Para atender aos requisitos de avaliação quantitativa dos agentes relacionados nos
Anexos 11 e 12 e outros agentes químicos não especificados nas normas nacionais, é
necessário ter domínio sobre as estratégias de coleta e análise de agentes químicos.

Uma avaliação de agentes químicos bem realizada e registrada adequadamente serve


como base para a elaboração de diversos documentos de segurança, inclusive, para
apresentação aos órgãos fiscalizadores e outros aos quais interessar.

De modo contrário, uma avaliação de agentes químicos mal feita pode acarretar di-
versos prejuízos às partes interessadas, resultando em doenças e acidentes envolvendo
os trabalhadores, comprometimento da imagem e credibilidade da empresa e do profis-
sional responsável pela avaliação, entre outras possibilidades.

Todas as etapas que compõem as estratégias de amostragem e análises são determi-


nantes para que o resultado obtido seja confiável e possa guiar o profissional de seguran-
ça na tomada de medidas de controle mais adequadas ao caso em questão.

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Metodologia de Avaliação
A avaliação quantitativa de riscos químicos contempla o conjunto de ações necessá-
rias para a caracterização de um ambiente de trabalho ou da exposição ocupacional a
determinado agente químico.

Segundo a Norma Regulamentadora 09 (NR-09), que trata do Programa de Preven-


ção de Riscos Ambientais (PPRA):
A avaliação quantitativa deverá ser realizada sempre que necessária para:

a) comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos iden-


tificados na etapa de reconhecimento;

b) dimensionar a exposição dos trabalhadores;

c) subsidiar o equacionamento das medidas de controle. (BRASIL, 2014)

São etapas da avaliação quantitativa:


• Reconhecimento ou caracterização básica:
» Referentes ao processo produtivo e ao local;
» Referentes aos trabalhadores e aos processos de trabalho;
» Referentes a avaliações anteriores;
• Avaliação qualitativa e priorizações;
• Estratégia de avaliação quantitativa;
» Amostra ou coleta pessoal;
» Amostra ou coleta estacionária;
» Amostras por duração;
» Critérios NIOSH e AIHA para grupos de trabalhadores;
» Avaliação inicial;
» Distribuição de amostras no tempo;
• Metodologia analítica;
• Interpretação de resultados e análise estatística;
• Periodicidade dos monitoramentos – reavaliações (BRASIL, 2018).

As etapas da avaliação quantitativa devem ser minuciosamente executadas e devida-


mente registradas para que tenha validade legal e possa retratar efetivamente as condi-
ções avaliadas.

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Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Reconhecimento ou Caracterização Básica


A etapa de reconhecimento ou caracterização básica consiste no levantamento ini-
cial de dados relativos ao que se deseja avaliar. Contempla a visita ao local de trabalho,
observação dos processos e atividades envolvidas e a participação dos trabalhadores
(BRASIL, 2018).

Referentes ao local e ao processo produtivo


Com relação ao local avaliado, deve-se buscar:
• Descrição física do local (ambiente aberto, fechado, área, pé direito, ventilação na-
tural ou artificial, existência de equipamentos de proteção coletiva etc.);
• Dados climáticos (temperatura ambiente, umidade relativa do ar, direção e veloci-
dade dos ventos etc.);
• Se existe interferência de áreas vizinhas (BRASIL, 2018).

Com relação ao processo produtivo, deve-se buscar:


• Descrição do processo produtivo;
• Relação dos equipamentos que processam agentes químicos e sua localização
no processo;
• Relação das possíveis fontes de emissão e geração de agentes químicos;
• Informações relativas aos agentes químicos (propriedades físico-químicas, parâ-
metros relativos à segurança, parâmetros de saúde e higiene ocupacional etc.),
geralmente obtidas através das Fichas de Informações de Segurança de Produtos
Químicos – FISPQ;
• Quantidade de agentes químicos processados (matérias-primas, insumos, produtos etc.).
• Parâmetros de operação (temperatura, pressão etc.) (BRASIL, 2018).

Referentes aos trabalhadores e aos processos de trabalho


Com relação aos trabalhadores, deve-se buscar:
• Duração da jornada e regime de trabalho;
• Descrição das funções, procedimentos e atividades que envolvam trabalhadores,
com respectivos locais, frequências e tempos de execução;
• Levantamento do número de trabalhadores expostos, possíveis grupos homogêne-
os de exposição e trabalhadores com maior risco de exposição, se houver;
• Identificação das zonas de trabalho, posição ou distâncias dos trabalhadores em
relação às fontes dos agentes químicos;

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• Dados indicativos de possíveis danos à saúde originados pela exposição a agentes
químicos (BRASIL, 2018).

Referentes a avaliações anteriores


Deve-se reunir os resultados de medições já realizadas, sejam elas amostras pessoais,
estacionárias, nas fontes de emissão, situações de emergência ou o que houver de inte-
resse para a análise (BRASIL, 2018).

Avaliação Qualitativa e Priorizações


A avaliação qualitativa precede a quantitativa e busca constituir e priorizar a seleção das
medidas de controle para as situações identificadas como de risco para a saúde, em espe-
cial as de risco grave e iminente. Ainda, serve para auxiliar na determinação dos agentes
químicos e situações que serão submetidos à avaliação quantitativa (BRASIL, 2018).

Estratégia de Avaliação Quantitativa


A estratégia de avaliação quantitativa é o planejamento das amostragens e das medições.
Nela se definem os métodos de coleta e medições, a duração da amostragem e medição,
o número mínimo de medições, a escolha dos períodos e momentos para a realização das
coletas e das medições e a realização do diagnóstico inicial (BRASIL, 2018).

A estratégia a ser adotada deve considerar:


• A capacidade de coleta do dispositivo coletor (volume máximo de ar admitido pelo
método analítico);
• O tempo necessário para realizar cada medição com o instrumento de leitura direta;
• O tipo de valor de referência para ambientes de trabalho (VRAT) que está sendo ava-
liado (média ponderada no tempo para 08h; curta duração – 15min; ou valor teto);
• O objetivo da avaliação (ex.: conhecer o perfil da exposição; verificar a eficiência de
medidas de controle adotadas etc.) (BRASIL, 2018).

Quantidade mínima de resultados


Como é inviável monitorar as condições de trabalho diariamente, é necessário reali-
zar um número mínimo de medições cujos resultados sejam representativos da exposi-
ção avaliada. Para a American Industrial Hygiene Association (AIHA), uma estimativa
válida do perfil de exposição é obtida a partir de seis a dez resultados. A partir daí, no
Brasil, o número mínimo de resultados (n) necessários para o julgamento da exposição
ou da contaminação dos ambientes de trabalho é de seis (n ≥ 6) (BRASIL, 2018).

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Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Amostra ou coleta pessoal


A amostra ou coleta pessoal é uma amostra de ar coletada com o equipamento po-
sicionado na zona respiratória do trabalhador (Figura 1). O resultado obtido representa
uma estimativa da exposição via inalação. Nos casos onde o trabalhador se movimen-
ta nos locais de trabalho, os resultados podem não refletir a contaminação do local
(BRASIL, 2018).

Figura 1 – Coleta de amostra pessoal


Fonte: BRASIL, 2018

Amostra ou coleta estacionária


A amostra ou coleta estacionária é realizada em um ponto fixo do local avaliado.
O dispositivo geralmente é posicionado à altura média da zona respiratória, a 1,60m do
chão (Figura 2) (BRASIL, 2018).

Figura 2 – Coleta de amostra estacionária


Fonte: BRASIL, 2018

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A amostra ou medição pessoal pode ser considerada estacionária quando o trabalha-
dor permanece parado no ponto de medição, durante todo o período de coleta. A amos-
tra ou medição estacionária é a mais apropriada para avaliar as condições ambientais.
Os pontos de coleta de amostras ou medições estacionárias devem ser determinados
considerando o número e localização das fontes do agente químico, direção dos ventos,
zonas ou locais de trabalho e arranjo físico do local (BRASIL, 2018).

Amostras por duração


As amostras podem ser classificadas em amostra única, amostras consecutivas,
amostras consecutivas em período parcial e amostras aleatórias, conforme sua duração
(Figura 3). O Quadro 1 resume algumas das características de cada tipo de amostra.

PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE
DADOS PARA A UTILIZADO

A PERÍODO COMPLETO
AMOSTRA ÚNICA

A B
PERÍODO COMPLETO
A B AMOSTRA
CONSECUTIVAS
A B C
TIPO DE AMOSTRA

A B
AMOSTRAS CONSECUTIVAS
A B EM PERÍODO PARCIAL
A B C

A B C D E
(ALEATÓRIA)
AMOSTRAS ALEATÓRIAS
A B C D

0 1 2 3 4 5 6 7 8
HORAS APÓS INÍCIO DO TURNO
Figura 3 – Quadro de referência dos tipos de medições de exposição que
poderiam ser tomadas para um padrão de exposição média de 08 horas
Fonte: NIOSH, 1977

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Quadro 1 – Características das amostras


Amostra Características
· Menor custo;
· Menos incômodo para o trabalhador;
Única · Não registra variações de concentração;
· Pode saturar o amostrador.

· Úteis em casos com atividades variadas;


· Permite avaliar variações de concentração;
Consecutiva · Reduz o risco de saturação do amostrador;
· Maior custo;
· Mais incômodo para o trabalhador.

· Pode ser única ou consecutiva;


Período parcial · Deve registrar, no mínimo, 70% do período de avaliação;
· Deve-se atentar à representatividade da amostra.

· Utilizada para avaliações de exposições de curta duração;


Aleatória · Deve ser realizada na pior condição de trabalho;
· Pode ser única ou consecutiva de amostras instantâneas.

Fonte: Adaptado de BRASIL, 2018

Critérios NIOSH e AIHA para grupos de trabalhadores


Na seleção de quais trabalhadores serão avaliados, pode-se utilizar os critérios
do Instituto Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional (National Institute for
Occupational Safetyand Health – NIOSH) ou da Associação Americana de Higiene
Industrial (American Industrial Hygiene Association – AIHA). O NIOSH propõe que
o trabalhador mais exposto ou de maior risco seja avaliado, ainda que dentro de um
grupo homogêneo de exposição. Já a AIHA propõe que o grupo de trabalhadores deve
ser o mais similar possível, inclusive quanto ao perfil de exposição. Logo, caso sejam
identificados trabalhadores de funções ou cargos idênticos, mas visivelmente identificados
como mais expostos, estes devem ser separados dos demais (BRASIL, 2018).

Saiba mais sobre as aplicações de cada tipo de amostra e sobre os critérios NIOSH e AIHA
para grupo de trabalhadores no Guia Técnico sobre Estratégia de Amostragem da Funda-
centro, páginas 45-65, disponível em: http://bit.ly/2wh019w

Avaliação inicial
As avaliações iniciais devem contemplar, obrigatoriamente, os locais de trabalho, as
situações e os grupos de exposição classificados como críticos. As avaliações devem ser
realizadas nos dias de exposição efetiva ou mais críticos (BRASIL, 2018).

Distribuição de amostras no tempo


Não existe uma regra para distribuição das amostras no período de avaliação. A dis-
tribuição deve ser definida considerando as características do processo analisado (contí-
nuo ou intermitente), características das atividades realizadas (repetitiva ou concentrada

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em determinado momento), objetivos da avaliação, quantidade de jornadas a serem ava-
liadas e se há dispersão das concentrações do agente químico ao longo do período.
A escolha das jornadas de trabalho a serem avaliadas devem ser aleatórias, sendo
excluídos os dias atípicos ou não representativos da condição que se deseja avaliar
(BRASIL, 2018).

Equipamentos de Medição
Os equipamentos de medição utilizados para a avaliação de riscos químicos são co-
nhecidos por “bombas de amostragem”. Trata-se de um instrumento portátil e leve,
que utiliza bateria recarregável, onde se ajusta a vazão definida pelo método analítico.
As bombas de amostragem devem ser intrinsecamente seguras e possuir um sistema
automático de controle de vazão com capacidade para mantê-la constante, dentro de um
intervalo de ±5%, durante o tempo de coleta (BRASIL, 2018).

As figuras a seguir mostram um modelo de bomba de amostragem – Gillian BDX-II.

• Bomba de amostragem Gillian BDX-II: http://bit.ly/2Q8mgYa


• Posicionamento da bomba de amostragem Gillian BDX-II: http://bit.ly/2Q8CwbC

Saiba mais sobre o funcionamento da bomba Gillian BDX-II em: http://bit.ly/2wekewr

Metodologia Analítica
A metodologia analítica é composta pelos procedimentos de coleta, medição e análises
laboratoriais. Alguns conceitos devem ser esclarecidos para compreensão da metodologia.
• Volume amostrado [m³], conforme equação 1:

V=Q×T (Eq. 1)

Sendo Q a vazão [m³/min] e T o tempo de amostragem [min].

Obs.: Se a vazão Q da bomba for dada em litros por minuto, deve-se proceder a
conversão de unidades através da equação 2.

Q xT
V= (Eq. 2)
1.000

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Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

• Concentração [mg/m³], conforme equação 3:

m
C= (Eq. 3)
V
Sendo m a massa da amostra [mg] e V o volume amostrado [m³].
• Concentração ppm, conforme equação 4:

1 cm3 1 cm3
1 ppm = = (Eq. 4)
1 m3 1.000.000 cm3

• Conversão de unidades mg/m³ para ppm (equação 5) e de ppm para mg/m³ (equação 6):

24, 45 x éëê mg / m3 ùûú


ppm = (Eq. 5)
PM
mg [ ppm ] x PM
= (Eq. 6)
m3 24, 45
Sendo PM o peso molecular da substância em questão.
• Brief & Scala: os limites de tolerância brasileiros são referentes à exposição de
48 horas semanais. Caso sejam utilizados os limites de exposição ocupacional da
American Conference of Governmental Industrial Higyenists (ACGIH), baseados
na exposição de 40 horas semanais, estes devem ser corrigidos através do fator de
redução (FR) Brief & Scala exposto na equação 7. Após determinar FR, o limite
de tolerância reduzido será resultado da multiplicação de FR pelo limite da ACGIH.

40 168 - h
FR = x (Eq. 7)
h 128
Sendo h a jornada de trabalho em horas.

Ainda, algumas recomendações devem ser seguidas para garantir a qualidade dos
dados obtidos, tais como:
• Utilizar uma bomba de amostragem devidamente calibrada para realizar a coleta;
• Após a coleta, medir a vazão final da bomba, sendo que amostras realizadas em
bombas que apresentem variações nas vazões inicial e final superiores a 5% devem
ser descartadas;
• Analisar as amostras em laboratórios confiáveis, que possuam equipamentos de
análise calibrados e controle de qualidade etc. (BRASIL, 2018).

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Comumente são utilizadas as metodologias analíticas de organismos e instituições
internacionais de renome como NIOSH (EUA), OSHA (EUA), ACGIH (EUA), ASTM
(EUA), EPA (EUA), HSE (UK), entre outras (BRASIL, 2018).

Para ilustrar os métodos analíticos, segue parte do método NIOSH 7602, para análi-
se de sílica cristalina (Figura 4). Nos métodos analíticos é possível verificar as condições
que a amostra deve ser coletada, tais como tipo do amostrador, vazão, volumes mínimo
e máximo de ar coletado, entre outras informações (destaque em vermelho na Figura 4).
Também é possível verificar as condições da análise da amostra (destaque em verde na
Figura 4) dentre outras referências pertinentes ao método.

Figura 4 – Parte do método analítico NIOSH 7602


Fonte: Adaptado de NIOSH, 2003

Explore a técnica de amostragem NIOSH 7602 em: http://bit.ly/2wh1QmS

Na dúvida, o laboratório que realizará a análise deve ser consultado. O resumo do


método analítico realizado pelo Laboratório SGS Group para análise de sílica.

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Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Resumo do método analítico para análise de sílica


SÍLICA LIVRE DE CRISTALINA
Método: NIOSH 7602 - Espectrofotometria de Infravermelho
Amostrador: cassete com filtro de PVC com porosidade de 5,0 μm pré-pesado em
microbalança eletrônica com sensibilidade de 0,001 mg referência SKC 225-8-01
Vazão de amostragem: 1,7 L/min
Volume de ar amostrado: mínimo de 600 L (nota 3) e máximo de 800 L
Brancos de Campo recomendados: 10% do número de amostras
Condicionamento: de rotina
Estabilidade: não determinada
Valor de Análise: CONSULTAR
Limite de quantificação: 5μg
OBSERVAÇÃO: A fim de determinar o limite conforme a NR15, é necessária a deter-
minação de Poeira Respirável e Poeira Total.
NOTAS: 1) O solicitante deve informar se a amostra pode conter os seguintes ma-
teriais que constituem interferentes e deverão ser removidos durante a análise: ci-
mento, sílica amorfa (este interferente não pode ser removido), calcita (acima de
20% da massa de poeira), grafite e silicatos. A falta dessa informação implica no não
tratamento da amostra com possível prejuízo do resultado.
2) A presença de material particulado colorido em alta concentração poderá impos-
sibilitar a leitura no espectrofotômetro de infravermelho e o resultado não será rela-
tado. O custo de análise neste caso será de CONSULTAR.
3) Para atender ao nível de ação para o TLV da ACGIH, é necessário pelo menos vo-
lume de 600 L.
Fonte: SGS Group, 2016

• Explore o resumo completo de métodos analíticos do SGS Group.


Disponível em: http://bit.ly/2VVzOwi
• Explore a 4ª Edição do Manual de Métodos Analíticos do NIOSH.
Disponível em: http://bit.ly/2JA0Pie

Interpretação de Resultados
e Análise Estatística
Comparar os resultados obtidos nas medições com os valores de referência para os
ambientes de trabalho pode não ser suficiente para se chegar a uma conclusão confiável.
Também é necessário avaliar a probabilidade e a confiança de que os limites estabele-
cidos não serão ultrapassados em momentos não monitorados. Para isso, é necessário
demonstrar a confiabilidade estatística do seu julgamento através da realização de testes
de conformidade com os valores de referência (BRASIL, 2018).

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Se os resultados obtidos se situam no, ou abaixo do, nível de ação (metade do limite
de exposição ocupacional) e a dispersão é razoavelmente baixa (Desvio Padrão Geomé-
trico – DPG<2), a análise estatística validará as medições realizadas (BRASIL, 2018).

Análise preliminar dos dados


Em posse dos resultados (n ≥ 6) deve-se:
• Verificar se um ou mais resultados ultrapassaram os limites de tolerância ou de ex-
posição ocupacional. Se sim, medidas de controle deverão ser tomadas para reduzir
as concentrações e posteriormente novas medições deverão ser realizadas (n ≥ 6);
• Se não, os resultados deverão ser submetidos ao procedimento estatístico para
serem validados.

Tratamento estatístico dos dados para jornada integral


Quando se tratar de dados que representam a média ponderada no tempo para
08h, deve-se:
• Calcular a Média Aritmética (MA) pela equação 1:

C1 + C2 + Cn
MA = (Eq. 1)
n

Sendo C1 a Cn os resultados das concentrações obtidos e n o número de resultados.


• Calcular o Desvio Padrão (DP) da Média Aritmética (MA) pela equação 2:

1 n 2
DP = å
n -1 i=1
(ci - MA) (Eq. 2)

• Calcular o logaritmo neperiano (ou natural) de cada resultado de concentração


obtido (Y = lnCi), a MA dos logaritmos (MA(lnCi), ou MAY) e o respectivo desvio
padrão (DP(lnCi), ou DPY);
• Calcular a Média Geométrica (MG) e o Desvio Padrão Geométrico (DPG) a partir
dos resultados da média dos logaritmos (MAY) e do desvio padrão da média dos
logaritmos (DPY), obtendo-se o exponencial (ou função inversa) de cada um deles,
conforme equações 3 e 4:

MG = exp(MAY) = eMAY (Eq. 3)

DPG = exp(DPY) = eDPY (Eq. 4)

• Obter o Limite Superior de Confiança Land’s Exato (LSCLE, 95%) para um inter-
valo de confiança a partir da equação 5:

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

æç DPY 2 CPY 2 ö÷÷


ççç MAY + 2 + C ÷
LSCLE ,95% = e è n =1ø÷÷ (Eq. 5)

Em que C é o fator obtido no gráfico da Figura 5 como função do número de re-


sultados (n) e o desvio padrão da média dos logaritmos das concentrações (DPY),
identificado como S.

Figura 5 – Fator C do LSCLE,95% (95% UCL), como função do número de resultados (n) e do DPY (S)
Fonte: BRASIL, 2018, apud HEWETT & GANSER, 1997

• A partir do LSCLE,95%, calcular o índice de julgamento para a média verdadeira do


perfil de exposição (IMV) pela equação 6:

LSCLE ,95%
I MV = (Eq. 6)
VRATMPT

Sendo VRATMPT o valor de referência para ambiente de trabalho média podenrada


no tempo.
• Se IMV > 1,0, a situação é de não conformidade, pois não é possível garantir que
a média verdadeira dos dados observados esteja abaixo do VRATMPT, com 95% de
confiança. É necessário rever a caracterização básica (tarefas executadas, procedi-
mentos operacionais, fontes de emissões fugitivas, falhas ou vazamentos nos equi-
pamentos do processo etc.), adotar medidas de controle que eliminem ou reduzam
as concentrações de modo a atingir a conformidade e reavaliar (n ≥ 6 resultados);
• Se IMV ≤ 1,0, a situação é de conformidade, pois é possível afirmar que a concen-
tração média verdadeira do perfil de exposições é inferior ao VRATMPT, com 97,5%
de confiança (BRASIL, 2018).

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Tratamento estatístico dos dados de curta duração ou
instantâneos (curta duração – 15 min ou valor teto)
Quando se tratar de dados que representam curta duração – 15 min ou valor teto,
deve-se:
• Calcular a Média Aritmética (MA), Desvio Padrão (DP), Média Geométrica (MG) e
Desvio Padrão Geométrico (DPG), conforme as equações 1 a 4;
• Calcular o percentil 95% (P95%) do Limite Superior de Tolerância (LSTP95%,95%,n)
através das equações 7 e 8:

P95% = MG × (DPG)1,645 (Eq. 7)

LSTP95%, 95%, n = MG × (DPG)k (Eq. 8)

Sendo K = K(0,95,0,95,n), obtido na Figura 6, para uma proporção igual a 95% (P=0,95),
um nível de confiança de 95% (γ = 0,95) e n resultados.

Figura 6 – Fatores K de tolerância para cálculo do LST(P95%,95%,n)


Fonte: BRASIL, 2018, apud BULLOCK & IGNACIO, 2006

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

• Calcular os índices de julgamento do Percentil 95% (IP95%) e do Limite Superior de


Tolerância (ILST), através das equações 9 e 10:

P95%
I P 95% =
VRATCD , VRATTETO ouVMP
LSTP 95%,95%
I LST =
VRATCD , VRATTETO ouVMP

Sendo: VRATCD – valor de referência para ambientes de trabalho, curta duração;


VRAT TETO – valor de referência para ambientes de trabalho, valor teto e VMP -valor
máximo permissível;
• Se IP95% ou ILST > 1,0, a situação é de não conformidade, pois não é possível garantir
que 95% da distribuição das concentrações ou exposições estejam abaixo do limite,
com 95% de confiança. É necessário rever a caracterização básica (tarefas executa-
das, procedimentos operacionais, fontes de emissões fugitivas, falhas ou vazamen-
tos nos equipamentos do processo etc.), adotar medidas de controle que eliminem
ou reduzam as concentrações de modo a atingir a conformidade e reavaliar (n ≥ 6
resultados). Por se tratar de exposições agudas, configura-se uma situação de risco
grave e iminente à saúde;
• Se ILST ≤ 1,0, a situação é de conformidade, pois é possível garantir que 95%
da distribuição das concentrações estão abaixo do limite, com 95% de confiança
(BRASIL, 2018).

Para saber mais sobre o tratamento estatístico, estude o Apêndice I do Guia Técnico sobre
Estratégia de Amostragem da Fundacentro, páginas 92-98, disponível em: http://bit.ly/2wh019w

Periodicidade dos Monitoramentos –


Reavaliações
Na ausência de orientação específica na legislação, sugere-se que as condições de
trabalho sejam reavaliadas conforme segue:
• IMV, ou IP95% ou ILST > 1,0: Situação de não conformidade. Deverá ser monitorada
conforme necessidade para avaliação das medidas de controle adotadas;
• 0,50 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 1,0: Após 4 meses;
• 0,25 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,50: Após 8 meses;
• 0,10 < IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,25: Após 12 meses;
• IMV, ou IP95% ou ILST ≤ 0,10: Após 24 meses (BRASIL, 2018).

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Saiba mais sobre a exposição ocupacional a agentes químicos e a instrumentação para ava-
liação destes em: https://youtu.be/hnIjys-Cmxg

• Método de ensaio da coleta e análise de fibras na Norma de Higiene Ocupacional 04 –


NHO 04, disponível em: http://bit.ly/2wi7lS0
• Procedimento técnico de coleta de materiais particulados sólidos suspensos na Norma de
Higiene Ocupacional 08 – NHO 08, disponível em: http://bit.ly/2weEHkL
• Método de ensaio da análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos na Norma de Hi-
giene Ocupacional 03 – NHO 03, disponível em: http://bit.ly/2weEXQL

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UNIDADE
Avaliação Quantitativa de Riscos Químicos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Instrumentação Agentes Químicos
https://youtu.be/hnIjys-Cmxg

Leitura
Guia técnico sobre estratégia de amostragem e interpretação de resultados de avaliações
quantitativas de agentes químicos em ambientes de trabalho
http://bit.ly/2wh019w
Norma de Higiene Ocupacional 03 – NHO 03
Método de Ensaio: Análise Gravimétrica de Aerodispersóides Sólidos Coletados Sobre
Filtros e Membrana.
http://bit.ly/2weEXQL
Norma de Higiene Ocupacional 04 – NHO 04
Método de Ensaio: Método de Coleta e a Análise de Fibras em Locais de Trabalho.
http://bit.ly/2wi7lS0
Norma de Higiene Ocupacional 08 – NHO 08
Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de Ambientes de Trabalho.
http://bit.ly/2weEHkL
NIOSH Manual de métodos analíticos – 4ª Edição
http://bit.ly/2JA0Pie
NIOSH 7602
http://bit.ly/2wh1QmS
SGS GROUP – Resumo dos métodos
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