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ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
Aspectos históricos
Reis de Roma – Rómulo, Numa, Túlio, Anco, Tarquínio Prisco, Sérvio Túlio e
Tarquínio, o Soberbo.
Tarquínio Prisco (616 a.C. – 579 a.C.) – destrói as instituições políticas (Senado e
Assembleias Populares) e passa a governar despoticamente.
Sérvio Túlio (578 a.C. – 539 a.C.) – reinstitucionaliza o poder político no sentido de
favorecimento dos plebeus e ordena o primeiro censo (cria a censura).
Tarquínio, o Soberbo (535 a.C. – 509 a.C.) – reintroduz o poder despótico absoluto,
anulando os efeitos das reformas servianas. O carácter absoluto, tirânico e arbitrário do seu
governo, levou à queda da monarquia através de uma conspiração palaciana promovida por
nobres, em 510 a.C. e que foi imediatamente apoiada pela população romana.
Religiosidade do Rex
As tribos de Roma eram três: Ramnes (matriz latina), Tities (matriz sabina) e Luceres
(matriz etrusca).
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Até ao reinado de Sérvio Túlio, a plebe não fazia parte da organização política de
Roma. Após as reformas servianas, os plebeus ganham cidadania e entram nos comícios
centuriais, pagam impostos e prestam serviço militar.
Até à Lex Canuleia de 445 a.C., os plebeus não podiam casar com patrícios.
Os cliens
A fidelidade (fides) da clientela à sua gens mantinha-a próxima do seu patronus, chefe
da gens. Porque os romanos consideravam os laços de fidelidade entre patronus e cliens de
natureza sagrada, a violação dos laços de proteção pelo patronus podiam levar à aplicação da
pena de morte.
A luta dos plebeus pela paridade na ocupação de cargos e pela igualdade no acesso aos
recursos tem agora condições para ser efectivada com fortes possibilidades de vitória.
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A estrutura política de Roma era família, gens, cúria (10 por tribo), tribo (3), rex.
O pater famílias – homo sui juris –, aquele que é de direito próprio, geria o fundo
familiar (dinheiro), administrava a propriedades da família, decidia a admissão de novos
membros e da saída dos que estão e cuidava dos sacra familiae.
O fillius familiae – homo alieni juris – é o membro da família que não tem quaisquer
direitos face ao pater famílias.
O ordenamento jurídico
A principal prioridade das comunidades era a defesa face aos ataques externos. Daí que
a organização política seja determinada por este pendor militar.
Com as reformas de Sérvio Túlio, o acesso e a ascensão política passam a ser também
determinado pela riqueza das pessoas e pelo prestígio das famílias, assente em critérios de
natureza económica. A cidadania atingia-se pela propriedade de bens.
® O rex não abdicou de nenhum dos seus poderes, apesar do valor político
crescente nos comícios centuriais e da influência das suas deliberações junto do
rex;
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Os poderes públicos eram exercidos pelo rei, pelo senado e pelo populus.
O rex era o supremo sacerdote, chefe do exército, juiz soberano e protector da plebe.
A instituição do Senado era como um conselho, que tinha competência para gerir e
opinar nos negócios de interesse público. O Senado detinha a auctoritas para aconselhar o rei,
quando convocado, e para confirmar as decisões dos comícios. Nomeados pelo rex de entre os
chefes das gens, os senadores, por serem os mais velhos da sua gens, chamava-se patres.
Populus: Reúne-se em assembleias (comitia curiata). A lei, proposta pelo rex, é votada
pelo populus, que vota por cúrias. As leis, assim votadas, recebem o nome de leges curiatae.
Então, o populus era a sociedade romana, constituída, no início, apenas de patrícios. Após
Sérvio Túlio, que deu à plebe a cidadania, também estes passaram a compor o populus. 3 tribos
à 10 cúrias à 30 decúrias.
Os órgãos quiritários
Até ao séc. III a.C., Roma afirma-se como cidade-Estado (civitas): um agrupamento de
homens livres, estabelecidos num pequeno território, todos dispostos a defendê-lo e que
participam nas decisões respeitantes ao interesse comum, através de órgãos políticos
fundamentais.
Rex:
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Senatus:
Comitia Curiata:
Collegia Sacerdotalia:
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® Não são órgão quiritário, mas eram uma importante instituição com forte poder
de influência sobre as decisões políticas;
® Colégio dos Pontífices:
• Fazia moderação das relações entre o rex e os patrícios;
• Fazia os sacrifícios rituais e litúrgicos;
• Desenvolvimento do jus e do fas;
• Exclusivo da interpretação dos mores maiorum e do exercício da
jurisdição;
• Os pontífices estavam presentes em toda a actividade judicial;
• Cargo vitalício com isenção de impostos e serviço militar.
® Colégio dos Áugures:
• A auguria pertencia aos áugures. Dizia as más ações. As decisões dos
áugures eram gerais, nunca demasiado concretas. Valora uma ação em
vez.
≠
• Auspicia (voo das aves) pertencia ao rex e ao interrex. Era um
presságio de boa ou má altura para levar a cabo uma determinada ação
régia.
O cargo do rex era vitalício, mas não hereditário. Quando o rex morria, entrava-se no
período de interregnum. Neste período, o poder de ler os auspicia que pertencia ao rei passava
para o Senado, nomeadamente para o interrex, que era eleito de entre os senadores e tinha a
função de, através da leitura dos sinais transmitidos pelos deuses, indicar o nome do novo rei.
Este nome era, então, proposto aos comitia curiata que, através da lex curiata de imperium
aprovavam ou não o nome, delegando-lhe o poder de imperium.
Nos finais do séc. Vi a.C., os romanos expulsaram Tarquínio, o Soberbo e os seus filhos
de Roma. O poder vitalício e monocrático do rei nunca mais foi admitido em Roma. Assim, os
romanos passaram a ser governados por dois chefes por ano: Praetores ou Consules. Estes
magistrados estavam limitados na sua acção por vários factores, como a temporalidade do cargo
e a colegialidade da magistratura.
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(de auguria, dos provenientes da magistratura, etc.). A luta era pela igualdade política e pela
paridade face ao Direito.
Não se conseguia fugir à parcialidade das sentenças, sendo que a única forma de alterar
a situação era vincular o julgador à aplicação de um conjunto de normas escritas que eram
igualmente aplicadas quer a patrícios quer a plebeus.
Esse momento surgiu em 450 a.C. com a elaboração da Lei das XII Tábuas pelos
decenvirus, com a redução a escrito dos mores maiorum.
Esta lei não teve nenhum impacto no conteúdo do ius romanum, uma vez que se
limitaram a redigir as normas tradicionais dos mores maiorum, consensualizadas já na
comunidade.
Provocatio ad Populum
Era ainda necessário garantir que a aplicação das mais graves e severas medidas
repressivas e penas máximas não ficasse completamente ao arbítrio dos patrícios que exerciam
essa aplicação. Desta forma, foram criados dois órgãos:
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Os Tribunos Militum
A cidade de Roma foi governada, entre 444 a.C. e 367 a.C., ora por cônsules ora por
tribuni militum, em alternância que resultava da abertura de cargos políticos a plebeus.
A atribuição de imperium consulare ao chefe militar, que podia ser um plebeu, tinha
sempre a vantagem de juntar os poderes supremos da política e da guerra, conectando-os.
Permitia, ainda, em caso de conflito militar, afastar um dos principais factores de divisão e
antagonismo entre plebeus e patrícios: o cônsul.
Conceitos fundamentais:
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A partir dos finais do séc. VI a.C., o poder supremo (imperium) já não reside num único
chefe, o rex, mas em dois, os cônsules.
Magistraturas
Censura: potestas
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® Até 367 a.C. (ano da criação da pretura) administra a justiça; depois da criação
da pretura, o cônsul passa a fazê-lo apenas de forma extraordinária.
® Começam por ser meros auxiliares dos cônsules, que os designam; mais tarde,
são eleitos nos comitia tributa, tornando-se uma magistratura própria;
® Administram a justiça criminal;
® Cobram multas e ocupam-se do confisco;
® Governo da tesouraria do Estado.
Magistraturas extraordinárias
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Tribuno da Plebe:
Ditadura:
Comitia Curiata:
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Comitia Centuriata:
Comitia Tributa:
Concilia Plebis:
® Assembleias da plebe;
® Lex Hortensia de 287 a.C. instituiu em definitivo a equiparação entre patrícios e
plebeus e esta assembleia passa a ter funções legislativas na cidade;
® São convocadas pelos magistrados plebeus e presididos pelo tribuno da plebe;
® Elege magistrados plebeus, incluindo tribunos da plebe;
® Votam os plebiscita;
® Exercem o julgamento – ius iudicium – para os crimes puníveis com multa.
O Senado
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Características gerais:
Surgem novas realidade para as quais a Res Publica se torna insuficiente como:
® O alargamento de Roma;
® A romanização crescente dos conquistados que integravam as províncias;
® O descontentamento social perante o regime político;
® Sucessivas guerras civis;
® Escravatura começou a ruir;
® O fim da Republica é marcado pela morte de Júlio César.
O povo volta-se confiante para Octávio César Augusto, considerado o único capaz de
restaurar a paz, a justiça e derrotar o caos económico, social e político.
Octávio César Augusto, o primeiro detentor de poder político deste período, que se
designa Principado, exercera o cargo único de cônsul desde 33 a.C.. Inteligentemente,
aproveita-se de todas as circunstâncias e, em 23 a.C., renuncia ao consulado porque:
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Desta forma, Augusto não cometeu o mesmo erro de Julio César pois, ao contrário
deste, não se assumiu como imperador absoluto, no sentido de tornar Roma uma monarquia
absoluta de cariz personalista, com o culto da personalidade do chefe; Augusto não evitou o
pendor monárquico, criando um regime híbrido da república e monarquia em torno de
elementos muito ligados à personalidade do titular – o Princeps (titular único e absoluto, com a
concentração de todos os poderes).
A sucessão do Princeps
O Princeps, não podendo nomear um sucessor para que não se associasse este regime a
uma monarquia, associa ao poder o seu sucessor, escolhendo um filho adoptivo, para que este
passe a aprender as atribuições de Princeps; desta forma este filho adoptivo vai conseguir a
auctoritas reconhecida pelo Senado, que vai confirmar o novo Princeps.
A jurisprudência criava o ius novum como regras jurídicas por interpretativo das velhas
regras do ius civile e dos mores maiorum para responderem a novos casos. Pedia-se, agora, aos
jurisprudentes que aperfeiçoassem, organizassem e sistematizassem o conjunto de regras e
princípios para a concretização processual do ius romanum.
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Eram opiniões dotadas de imperium, que eram enviadas para o iudex em tábuas
fechadas e seladas que garantia a possibilidade de manipulação da sentença por parte do
Princeps. Não era fonte imediata de direito, mas era importante uma vez que as respostas eram
obrigatórias no caso concerto em que eram produzidas e vinculavam o juiz.
As soluções dadas a cumprir pelo imperium dos magistrados, com o filtro do acesso ao
juiz pelo pretor, através da atividade de dar ou negar actiones, foram paulatinamente destruídas
quando se deixou de resolver os casos pela adaptação das regras do ius pelos jurisprudentes e se
passaram a resolver os casos através das leges do princeps.
Comícios:
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Senado:
Magistraturas:
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® Pretor: este não foi desde logo “substituído”, pois a sua actividade exigia um
elevado conhecimento dos mecanismos processuais e das regras aplicadas na
resolução de litígios, o que veio adiar a sua morte, pois ainda que mais
lentamente, a pretura acabou por desaparecer;
® Magistratura que mais sofreu: tribuno da plebe – pois o Princeps assumiu a
tribunicia potestas; os tribunos da plebe mantiveram o poder de intercessio,
menos contra o Princeps – primeiro dos tribunos;
Princeps:
Poderes:
Propaganda política: Augusto diz-se o “salvador da república” - tudo isto não passava
de propaganda política para que Augusto se fosse apoderando cada vez mais das instituições
republicanas; para “salvar a república” ele intervinha, sempre a pedido dos titulares dos órgãos
constitucionais, de forma permitida; ele é obrigado, contra vontade, a intervir, para colocar “as
coisas em ordem” – base propagandística.
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® Lutas internas, por causa do problema da sucessão dos imperadores e ainda por
causa da exigência manifestada por várias províncias de quererem equiparar-se
a Roma;
® Falta de prestígio da autoridade pública;
® Conflitos entre o Império Romano e o Cristianismo;
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® Crise económica;
® Infiltração dos bárbaros;
® Demasiada extensão do Império.
As divisões sucedem-se.
® Teodósio, em 394, reúne, pela última vez, Oriente e Ocidente; mas em 395,
pouco antes de morrer, divide definitivamente o Império pelos seus dois filhos,
ficando Honório no Ocidente e Arcádio no Oriente.
Roma cai definitivamente – Rómulo Augusto, seu último imperador, é derrotado por
Odoacro, chefe de um grupo misto de bárbaros.
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O consilium principis vai assumindo crescente importância até que, com Adriano, se
transforma num órgão permanente, constituído principalmente por juristas (a que se dá o nome
de stipendiati), que têm sobretudo duas grandes funções:
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O processo burocrático administrativo que tinha o princeps à cabeça, mas que era
exercido em nome da Res Publica romana, sobretudo no que respeita ao governo das províncias,
passa agora a ser, oficialmente, feito em nome do imperador e do império.
FONTES
“Fonte de Direito Romano” é tudo aquilo onde nos aparece algo para o Ius Romanum:
produção, modos de formação ou mero conhecimento.
® Fontes existendi – são os órgãos produtores das normas jurídicas (isto é, onde
se verifica a geração das normas, mas não a sua criação) - o populus, os
comícios, o senado, os magistrados, o imperador e os jurisprudentes;
® Fontes manifestandi – são os modos de produção ou formação das normas
jurídicas
• o costume;
• a lei, num sentido muito amplo, compreendendo não só as leges sensu
stricto mas também as leges sensu lato;
• a iurisprudentia enquanto não foi reconhecida como fazendo parte das
fontes existendi;
® Fontes cognoscendi – são textos onde se encontram as normas jurídicas.
1. Mores Maiorum;
2. Iurisprudentia;
3. Lex Rogata;
4. Plebiscitos;
5. Edito do pretor/ius praectorium – fontes de ius honorarium;
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6. Senatusconsultos;
7. Constituições imperiais.
Da Monarquia à República: marcada pela interpretatio dos pontífices e as leias das XII
Tábuas, até às Leges Liciniae Sextiae;
Durante a Republica: ius civile, ius gentium, ius honorarium, funções dos
jurisprudentes (cavare, agere, respondere) até aos poderes conferidos a Augusto;
MORES MAIORUM
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JURISPRUDÊNCIA
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O jurisprudente tem auctoritas por ser símbolo do saber socialmente reconhecido dos
mores maiorum. O prudente não é apenas conhecedor mas também criador do Direito. Tinha
as seguintes funções:
A interpretatio do ius civile era considerada, desde o início de Roma, uma atividade
exclusiva dos pontífices e situava-se no âmbito religioso. Como a iurisprudentia não tinha
carácter lucrativo, mais do que doutrinários, os juristas romanos eram verdadeiros sacerdotes
da Justiça (eram escolhidos só entre patrícios). Pelo carácter “sacerdotal” (sacrifício,
desinteressado) do jurista e ainda porque, no início, Religião, Moral e Direito constituíam um
todo único, unicamente os sacerdotes pontífices eram juristas.
1. Em 450 a.C. “Lei das XII Tábuas”: positivou, pela primeira vez, o Direito (mores
maiorum) em Roma, divulgando a lei;
2. 304 a.C. “Ius Flavianum”: uma colectânea de fórmulas legais processuais que
até então eram guardadas em segredo: Flávio revela o calendário religioso, em
que divulga os dias favoráveis e os dias nefastos para a tradição romana para a
feitura de qualquer actividade, e mais axiomas dos mores maiorum (leges
acciones). Ápio Cláudio, jurisprudente, por ser cego, pedia ao seu escravo e
escriba, Cnéu Flávio, que lhes registasse as fórmulas de interpretação dos
mores maiorum para posterior recordação. Flávio decide publicar os escritos
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Periodização da iurisprudentia:
Época arcaica (desde a fundação de Roma à consagração das Leges Liciniae Sextiae –
753 a.C. – 367 a.C.):
Época pré-clássica (desde as Leges Liciniae Sextiae até à queda da República – 367 a.C.-
27 a.C.):
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Torna-se importante perceber que com a época clássica, os valores do ius republicano
de liberdade, responsabilidade, opinião, justiça e criação de ius se perdem para valores como a
certeza, a segurança, sistema, obediência, formalismo e instituições de que a nossa ordem
jurídica ainda hoje depende.
Tópica:
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Regulae:
Definitiones:
Rationis decidendi:
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Adriano, depois, avançou mais um pouco. Concede aos jurisconsultos autoridade social
de carácter burocrático. É o triunfo do funcionalismo sobre a aristocracia. É a universalidade
da iurisprudentia.
LEX ROGATA
A lex é uma declaração solene com valor normativo, feita pelo populus romanus que,
reunido nos comitia (primeiro curiata, depois centuriata), aprova a proposta que o magistrado
(detentor do ius agendi cum populo) apresenta e o Senado confirma. Subjaz à lex um acordo
entre os três órgãos constitucionais da Res publica: populus, que vota; magistrados, que
propõem; o Senado que dá a auctoritas patrum.
A lex pode ser rogata (é proposta pelo magistrado à assembleia comicial a que
preside. Depois de aprovada, deve ser referendada pelo Senado que concede a sua auctoritas
patrum) ou data (é dada por um magistrado no uso de faculdade delegadas pelos comitia e
contém normas de carácter administrativo. Com as leges datae estabelece-se o regime
municipal).
Além da lex (publica), fala-se também de lex privata: convenção que acompanha e se
propõe disciplinar um acordo entre particulares. O seu carácter vinculativo deriva do principio
“Conforme o que for expresso em palavras, assim seja direito” da Lei das XII Tábuas.
Lex publica – depois da lex privata é que surgiu a pública; deriva de uma promessa
solene da comunidade social; portanto, baseia-se num negócio público; declaração com valor
normativo, feita pelo povo, pelo facto de aprovar em comum, nos comícios, a proposta
apresentada pelo magistrado;
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® Rogatio: o magistrado rogava aos comitia que aprovasse uma lei por si
proposta; acabava o pedido com a frase “Creias e ordenais cidadãos?”;
® Votação: numa primeira fase, a votação era feita oralmente e com o braço no
ar pelo povo reunido em comício; 131 a.C., com a Lex Papiria Tabellaria, o voto
passou a ser escrito e secreto;
® Aprovação: a aprovação da lex era feita pelo Senado, através da auctoritas
patrum; em 339 a.C., com a Lex Publilia Philonis, a aprovação pelo Senado
passou a ser feita antes da rogatio (aumentado o poder do Senado);
® Afixação: uma vez aprovadas, eram afixadas publicamente em tábuas de
madeira ou bronze ou nas paredes de Roma; a sua afixação dava início ao seu
período de vigência.
Em 242 a.C., até ao século I d.C., a Lex Rogata entrou em decadência, começando a
desaparecer para dar lugar aos senatusconsultos e às constituições imperiais.
PLEBISCITOS
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como leis gerais as deliberações votadas nas suas assembleias. Até porque nesta altura
estamos muito longe de uma equiparação jurídica entre patrícios e plebeus; o mais provável é
que a Lex Valeria Horatia de Plebiscitis tenha atribuído força vinculativa geral apenas a
algumas deliberações votadas nos concilia plebis, provavelmente àquelas que respeitavam à
eleição do tribuno da plebe; mas não impôs uma eficácia vinculativa geral e plena, com
natureza legal, abrangendo os patrícios de qualquer deliberação das assembleias da plebe.
Prova disso: 339 a.C., é promulgada a Lex Publilia Philonis, a determinar, novamente, a
equiparação entre plebiscitos e leges; mesmo assim, não foi respeitada na íntegra tal
igualação. Só com a lex Hortensia de Plebiscitis de 286 a.C., os plebiscitos são finalmente
equiparados às leis comiciais, logo tendo com destinatários também os patrícios; em virtude
dessa equiparação, alguns plebiscita passam a ser designados também como leges (Lex Sive
Plebiscitum).
Isto revela que uma das questões centrais da oposição entre plebeus e patrícios é a
igualdade face à lei.
Ius honorarium é todo o ius non-civile, introduzido pelos edictos de certos magistrados
(onde se inclui o ius praectorium) em oposição ao ius civile que deriva do populus, dos
comícios, do Senado, do princeps e dos jurisprudentes;
O ius praectorium é uma parte tão significativa do ius honorarium que simboliza
praticamente o seu todo. Completa o ius civile, e é adaptado por via de atividade do pretor
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que, baseando-se nos seus poderes de imperium e de iurisdictio, leva a cabo os seus
expedientes.
1) Século IV-meados do século III a.C.: nesta fase, a função do pretor era administrar a
justiça, fundada no ius civile; ele era a vox viva do ius civile. Toda a inovação que
pretendesse fazer no ius civile tinha de ser elaborada sob o pretexto de o estar a
interpretar.
2) Desde fins do século III a.C. a 130 a.C.: O pretor, baseando-se no seu imperium – poder
de soberania, a que os cidadãos não se podiam opor –, usa expedientes próprios para
criar direito (ius praectorium), mas duma forma indirecta: se uma situação social
merecia protecção jurídica e não atinha do ius civile, o pretor colocava-a sob a alçada
do “ius civile”; se, pelo contrário, determinada situação social estava protegida pelo
ius civile e não merecia essa protecção, retirava-a da alçada do “ius civile”. Como se
vê, o pretor não derrogava o ius civile; simplesmente, conforme era justo ou não, (ele)
conseguia que o ius civile se aplicasse ou não.
A missão do pretor era administrar a justiça nas causas civis. Exercia essa missão
através, duma tríplice actividade – a de interpretar, a de integrar e a de corrigir o ius civile.
Toda essa actividade era sempre orientada por aqueles grandes princípios jurídicos:
Não agia arbitrariamente. Tanto mais que a sua actividade podia ser sempre
controlada:
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O pretor (urbano), como qualquer outro magistrado, tinha o ius edicendi, isto é, a
faculdade de fazer comunicações ao povo. Essas comunicações, quando tinham carácter
programático geral, é que, rigorosamente, se denominavam edicta. O edictum do pretor era,
pois, uma comunicação para anunciar ao público as atitudes que tomaria e os actos que
praticaria, no exercício das suas funções; era o seu programa de ação. Os edicta podiam ser:
® Perpetuum (ou anuais): os que eram dados pelo pretor, no início da sua
magistratura, contendo os vários critérios que seguiria, no exercício das suas
funções durante esse ano;
® Repentina: surgem, como actos do imperium do pretor, proferidos em
qualquer altura do ano, para resolver situações novas, surgidas
inesperadamente, e que nem o “ius civile” nem o “edictum perpetuum”
solucionavam.
® Tralaticia: os que permanecem iguais dum ano para o outro, como que
trespassando do pretor anterior para o sucessor
® Nova: são as disposições que o pretor, de determinado ano, acrescenta por
sua própria iniciativa ao édito tralatício.
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O sistema jurídico romano primitivo de processar, e que durou até cerca do ano 130
a.C. como forma única, denominava-se “sistema das legis actiones” (acções da lei). Quer isto
dizer que as actuações processuais tinham de se acomodar rigorosamente ao prescrito na
leges.
Depois da Lex Aebutia de formulis , o sistema passa a ser um sistema de agere per
fomulas, processo escrito, e ter uma actio equivale a uma fórmula: ordem escrita que o pretor
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dava ao iudex para condenar ou absolver. Depois da LAdF, o pretor pode anular os efeitos de
uma actio ou retirar os efeitos, criando actiones próprias:
Análise dos vários expedientes baseados na “iurisdictio”– Para neutralizar uma “actio
civilis”, cuja aplicação redundaria numa injustiça, agora o pretor tem à sua disposição também,
isto é, além duma restitutio in integrum. As várias actiones praetoriae:
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SENATUSCONSULTOS
Até ao séc. I a.C.: meros pareceres do senado ao rei e magistrados que o consultavam
(sem ficarem vinculados); senadores concediam ou não a auctoritas patrum às leis comiciais;
recomendavam os magistrados detentores de ius agendi cum populo relativamente aos
projetos normativos a apresentar aos comícios;
Desde o séc. I a.C.: passam a fonte mediata de direito – senadores sugerem e passam
até a indicar as matérias para editos dos pretores (q tinham actiones praetoriae - ter actio é ter
ius); Só após a proposta ser aceite pelo Senado, podia ser apresentada aos comícios. Quase
todas as aprovações feitas pelo Senado eram aprovadas pelos comícios;
Durante muito tempo não exerceu função legislativa, de que aliás não dispunha
constitucionalmente; por isso, a sua decisão constituía um mero parecer dado a quem o
consultava: senatusconsultum.
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Início do principado: são já fonte imediata de direito: criam dt só por si, s/ recorrer a
pretor ou comícios (estranho pensar q só no principado é q o senado ganha força legislativa,
numa altura em q os poderes se deviam concentrar no princeps: Augusto tinha td pensado:
senado reduzia a atividade política; atividade legislativa passava das mãos do povo p/ senado
e, uma vez neste, princeps + facilmente comandava resoluções senatoriais).
CONSTITUIÇÕES IMPERIAIS
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