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TEMA: EDUCAÇÃO INCLUSIVA EM TEMPOS DE PANDEMIA

REFERENCIAL TEÓRICO

Ciente dos grandes desafios que o Brasil enfrenta na inclusão escolar, seja ela
estrutural, educacional ou social, justifica-se examinar como a educação a distância empodera
o aluno com deficiência e quais são os pré-requisitos a esse público para que seu
desenvolvimento não seja prejudicado.
Dada a situação atual, algumas medidas foram tomadas para evitar a propagação do
vírus e em pouco tempo tudo estava como antes e novas medidas foram tomadas para prevenir
o avanço e as mortes por esta doença. Uma dessas medidas foi o fechamento abrupto de
instituições de ensino e a implantação de cursos online para todos os níveis e modalidades de
ensino.
Nesse momento de pandemia, em que a educação presencial está adaptando
ao uso das mídias digitais para evitar o contágio e a disseminação do COVID-19, existe um
público que requer cuidados extras, como alunos com deficiência.
Diante das limitações e necessidades educacionais, esses alunos necessitam de ações
específicas para que seu processo educacional seja mantido neste cenário de isolamento na
educação a distância. Sem esquecer que o direito à educação inclusiva é garantido tanto pela
Constituição Federal quanto pela Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Pessoa
com Deficiência e pela Lei Brasileira de Inclusão (LBI), n. 13.1 6 / 2015. Em relação ao
contexto específico da pandemia, está expresso no parecer nº. 5º da CNE para a necessidade
de manutenção deste direito, garantindo qualidade e equidade.
Antes de encerrar o debate sobre o tema, sabe-se que existe um grande entrave nesse
processo de inclusão do aluno com deficiência na atual situação educacional. No entanto, de
acordo com a lei brasileira de inclusão LBI:
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema
educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de
forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades
físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e
necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015, p.02).

Para evidenciar esses entraves, o relatório dos deputados, que são membros da
comissão externa da Câmara que fiscaliza os trabalhos do Ministério da Educação e da
Cultura - MEC, estabelece que o governo federal não tem atuado no sentido de promover a
educação na pandemia. O mesmo relatório indica que até à data de julho de de 2020, não
foram adotadas quaisquer medidas de integração destes alunos no atual contexto de educação
a distância.
Somado aos desafios de pensar e articular modalidades educacionais especiais no
contexto do isolamento social e fechamento de escolas, soma-se o silêncio do Ministério da
Educação, como se o órgão não fosse responsável pela criação de diretrizes educacionais para
cada país.
O que se quer dizer é que, neste momento de crise, com os desdobramentos e as
consequências que acompanham uma pandemia, a condição da pessoa com
deficiência pode ser reforçada e/ou ofuscada, deixando a percepção de que sua
existência e vida estão em segundo plano. (PALÚ, SCHÜTZ e MAYER, 2020, p.
180)

Essa omissão do MEC só confirma a desigualdade que existe em relação a pessoas


com deficiência, mesmo depois de tantos avanços legais e acertos no Brasil. De acordo com o
artigo 4º do da LBI “Toda pessoa com deficiência tem direito a oportunidades iguais às
demais e não sofrerá qualquer tipo de discriminação”. (BRASIL, 2015, p. 12). Para Cury et. al
(2020, p. 01) “A pandemia derrubou nosso cotidiano e evidenciou a desigualdade existente na
sociedade e, consequentemente, no sistema educacional. Desigualdade de acesso à informação
e tecnologia, bem como oportunidades foram apresentado na agenda educacional".
As desigualdades no Brasil assumem dimensões ainda maiores neste momento de
pandemia. Pois bem, a longa batalha pela inclusão pelo direito de acessar e permanecer em pé
de igualdade no ensino regular dá uma pausa, junto com uma nova batalha pelos direitos dos
alunos com deficiência começar a vivenciar a educação inclusiva neste novo formato de
ensino.
A inclusão de pessoas com deficiência na resposta e recuperação da COVID19 é
uma parte vital da consecução do compromisso de não deixar ninguém para trás, e
um teste crítico dos compromissos globais da Convenção Internacional sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência (CDPD). (Nações Unidas, 2020).

Portanto, na ausência do MEC em propor ações inclusivas para alunos com


deficiência, cabe à escola promover as modalidades de acesso à educação, ou seja, a escola
deve considerar em suas ações as diferentes situações que envolvem esse processo de
inclusão, além de ser necessário considerar as necessidades educacionais de alunos com
deficiência e oferecer metodologias diversificadas para promover a aprendizagem,
especialmente para que não haja perdas futuras de aprendizagem. Art. I do art. 206 da
Constituição Federal apresenta igualdade de condições e permanência na escola como um dos
princípios didáticos. (BRASIL, 1988). Ou seja, se escolas fossem obrigadas a fechar as portas,
nada mais certo do que permitir o acesso a esses alunos com a mesma qualidade que oferecem
a outros na EAD.
Em relação à garantia de acesso e permanência em educação de qualidade, também é
possível citar o artigo 4º da LBI - Lei Brasileira de Inclusão, que garante à pessoa com
deficiência oportunidades iguais com outras pessoas e não sofrerá tipos de discriminação
(BRASIL, 2015).
Dada a negligência do Ministério da Educação em estabelecer estratégias de educação
a distância para alunos com deficiência, cabe aos educadores e gestores considerar medidas
que levem em conta a necessidade de envolver os alunos no atual contexto de crise do novo
coronavírus. Entre as leis e a discussão parlamentar há uma certeza: Continuidade da
educação para alunos com deficiência, pois não podem perder no seu desenvolvimento.
Nesta perspetiva de manutenção da qualidade do ensino, numa situação normal existe
uma associação positiva entre o professor da sala comum e o professor do AEE, facto que não
pode ser diferente na actual conjectura pedagógica. Esta articulação permite pensar atividades
com todas as características necessárias para continuar a ensinar e aprender.
Durante este processo de inclusão dos alunos com deficiência no ensino online, é
fundamental que os docentes do Serviço de Educação Especializado ativamente participar do
planejamento (MENDES, 2020).
Em última análise, a escola precisa criar e fornecer oportunidades de acesso inclusivas
e ações contínuas para quebrar as barreiras que impedem esses alunos de freqüentarem aulas
remotas.
Segundo Santos (2018, p. 02):
A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com
deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para os superdotados,
para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro
motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na
sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir
com o outro.

Antes de criar ações de acesso às turmas à distância, a escola deve primeiro levar em
consideração as condições socioeconômicas de alunos e suas famílias, pois o é conhecido pela
constante diferença social e talvez nem todos tenham acesso ao digital e à Internet. bem como
as condições emocionais e cognitivas desses sujeitos, já que podem ter sido fortemente
afetados pela pandemia e isolamento social.
O princípio fundamental desta linha de ação é de que as escolas devem acolher todas
as crianças independentes de suas condições físicas, intelectuais, sociais,
emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e
crianças bem dotadas, crianças que vivem nas ruas e que trabalham crianças
minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças e de outros grupos ou zonas
desfavoráveis ou marginalizados (SALAMANCA, 1994, p. 17-18).

Além disso, a escola deve priorizar e levar em consideração os diferentes formatos


metodológicos de forma a promover a aprendizagem de forma significativa, levando em
consideração o estado emocional de alunos e familiares, sendo interrompida e permitindo que
alunos com deficiência estudem e seus as características individuais não são um obstáculo.
Em relação ao que foi descoberto até agora, Galvão Filho e Miranda (2012, p.
20) explicam a importância da escola neste processo inclusivo:
Reconhecemos que há uma orientação nacional, mas como ela se desdobra em cada
espaço local, cabe a cada grupo de profissionais da educação fazê-la, a partir de seu
conhecimento, de suas condições concretas, dos profissionais presentes localmente,
das políticas instituídas por aqueles que fazem.

Perreenoud (2013, p. 20) enfatiza que “diferenciação significa otimizar situações de


aprendizagem, e principalmente aquelas que a escola sugere para alunos que estão mais
distantes dos objetivos ou que têm maior dificuldade de aprendizagem”.
De acordo com Mendes (2020, p. 2 ):
É provável que haja dificuldades de adaptação ao modelo de ensino remoto das mais
diversas ordens, já que as redes de ensino ainda não adotam o uso consistente de
tecnologias e tanto os estudantes quanto os professores têm pouca familiaridade com
as ferramentas de ensino a distância.

Uma vez realizadas as ações relativas, persiste uma grande preocupação com
habilidades didáticas para a utilização dos meios tecnológicos em prol da aprendizagem.
Como tudo aconteceu de repente, os professores não tiveram tempo de preparar para
atuar online, pois essa modalidade de EAD destinava-se apenas ao ensino superior. Mendes
(2020, p. 6) contribui quando relata que “a maioria dos professores brasileiros não possui
conhecimentos técnicos ou pedagógicos para implementar o ensino online”.
Mendes confirma dizendo que o trabalho docente depende de vários fatores,
ainda informa que atualmente não está preparado para o uso dos meios digitais.
Mesmo com as demandas do século 21, formação inicial e continuada de
professores da educação básica em exercício nunca foi pensada, alguns com mais de 15 anos
de docência não manejam facilmente computadores, o que pode atrapalhar esse novo ensino
processo.
Devido a essa constatação, desde o início da pandemia no Brasil em março de de 2020,
as escolas públicas tiveram que se adaptar imediatamente ao contexto das turmas remotas e,
diante desse novo contexto educacional, não receberam um projeto do MEC beneficiando
alunos com deficiência, de modo que as próprias instituições escolares se encarregam de
dedicar iniciativas e projetos para acomodar esses alunos neste novo cenário em que se
enquadra a educação global.
Assim, dado o imediatismo de tudo, pouco se fez para tornar o direito à educação
efetivo para todos de forma indiscriminada.
Devido a esse imediatismo com que os professores tiveram que adaptar
suas práticas ao contexto da educação a distância, eles não estão preparados para fazer justiça
à diversidade e heterogeneidade dos alunos ditos “normais” em relação aos alunos. com
deficiência. . Em suma, a escola, que teve dificuldades em atender o aluno deficiente em
situação normal devido à pandemia, mostrou seu despreparo.
Portanto, acredita-se que grande parte dos alunos brasileiros com algum tipo de
deficiência não estão participando efetivamente da educação a distância, pois não há um
programa de inclusão escolar eficaz para se isolar em tempos de pandemia.
Devido à inclusão de alunos com deficiência no novo formato de ensino, realizado em
decorrência da pandemia do coronavírus, conclui-se que as medidas desenvolvidas para esses
públicos são inconsistentes com as propostas da Lei de Inclusão no Brasil.
Os medos e descuidos desses alunos em lutar pelo que é legalmente correto e o que é
correto não precisam ser combatidos, portanto, desta forma, mesmo em um contexto normal
de inclusão, os desafios para uma educação inclusiva de qualidade, são os que agora
descobrem que as oportunidades oferecidas a alunos com deficiência são mínimas,
impossibilitando que continuem com seu desenvolvimento educacional.
Sem falar que vivemos em um país que foi pioneiro na criação de
leis de inclusão escolar porque levamos em consideração que alunos com necessidades
educacionais e educacionais especiais têm o mesmo diretório de oportunidades que o resto do
mundo e nós temos que continue seus estudos sem perda de tempo ou habilidades cognitivas.
Verifica-se assim a grande diferença de oportunidades em relação a pessoas com
deficiência, e embora tudo tenha acontecido de forma repentina, não se admite que após
vários meses não tenha sido considerado um percurso regulamentado e eficaz, estes alunos no
contexto atual, também não está autorizado a deixar esses alunos para trás. Por trás de algo
que é bom para a lei, para várias leis.
Com a Declaração de Salamanca de 1994, a inclusão das escolas passou a ser discutida
no Brasil, inicialmente com os estudos e a criação de leis, a escola passou a receber alunos da
educação especial (SOUZA, 2014). No início isso foi um grande problema para as escolas,
pois careciam de estrutura física, por falta de adequação e acessibilidade para alunos com
necessidades especiais, além do fato de a formação dos profissionais também ser um
problema para a inclusão escolar ( PADILHA, 2014).

PLANO DE AÇÃO
Tema: Respeito a Diversidade
 Descrição da situação-problema
A escola brasileira se encontra diante de um grande desafio que é a inclusão escolar,
porém a sociedade atual tem se mostrado muito preconceituosa, então dentro da escola a
uma necessidade de diminuir esse preconceito, promovendo o respeito a diversidade.
Nesse sentido Paula (2013) chama atenção que a escola precisa acolher toda essa
diversidade e valoriza-la, pois caso contrário está contribuindo para a formação de uma
sociedade que nao respeita o outro e a diversidade que se apresenta em múltiplas formas.
 Objetivos do plano de ação
Trabalhar com o respeito a diversidade com os alunos, apresentando diversas estratégias
para abordagem desse tema de foma lúdica, e com atividades que envolvam os alunos.
 Percurso Metodologico
Etapa 1 – Pesquisar e refletir sobre todos os aspectos que envolvem a educação inclusiva na
escola.
Etapa 2 – Realizar a semana da inclusão na escola, com atividades em várias disciplinas
voltadas para a inclusão escolar.
Etapa 3 – Dia da inclusão escolar, com a gravação de um DVD em forma de documentários
com a participação dos alunos, professores e familiares.
 Recursos
Cartolina, lápis de cor, desenhos livros que tratam do tema diversidade e respeito,
material para elaboração do mural do respeito a diversidade.
 Avaliação e conclusão
O processo de avaliação vai acontecer ao longo do projeto, inicialmente com a pesquisa e
identificação da necessidade de um projeto de intervenção. Durante o desenvolvimento
será avaliado a participação dos alunos através da observação e conversas para identificar
qual é a motivação dos educandos pela temática. Ao final a uma necessidade de medir os
erros e acertos na montagem do projeto, para que em oportunidades futuras possam ser
realizadas melhorias. Para o fechamento do projeto vai ser montado um mural na escola
com o tema respeito a diversidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial,


1988.

BRASIL, Câmara dos Deputados. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
Diário Oficial da União, p. 43, 2015.

CURY, Carlos Roberto Jamil et al. O Aluno com Deficiência e a Pandemia, 2020.

MENDES, Eva Cristina de Carvalho Souza. Orientação em supervisão escolar e orientação


educacional. – São Paulo, 2013.

MENDES, Rodrigo. Protocolos sobre educação inclusiva durante a pandemia da COVID-


19: Um sobrevoo por 23 países e organismos internacionais. Instituto Rodrigo Mendes, 2020.

MIRANDA, Theresinha Guimarães; GALVÃO FILHO, Teófilo Alves. O professor e a


educação inclusiva: formação, práticas e lugares. 2012.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS [ONU]. Convenção sobre os Direitos das


Pessoas com Deficiência. Doc. A/61/611, Nova Iorque, 2006.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, 2006.

PADILHA, Anna Maria Lunardi. Educação para todos: As muitas faces da inclusão escolar.
– Campinas, SP: Papirus, 2014.

PALÚ, Janete; SCHÜTZ, Jenerton Arlan; MAYER, Leandro. Desafios da educação em


tempos de pandemia, Editora Ilustração, Cruz Alta – Brasil, 2020.

PAULA, Cláudia Regina de. Educar para a diversidade: entrelaçando redes, saberes e
identidades. - Curitiba: InterSaberes, 2013.

PERRENOUD, Philippe. Desenvolver competências ou ensinar saberes?: a escola que


prepara para a vida. Penso Editora, 2013.

SANTOS, Rita de Cassia de Avila. Inclusão escolar: o desafio de uma educação para todos?
2018.

SOUZA, Flávia Daniele de. Educação Inclusiva. Unip – 2014 136p.

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