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Professor: Icaro José Fernandes Santos Bastos

Disciplina: Barragens
Curso: Engenharia Civil
TIPOS DE ACIDENTES

Rupturas
por
Rupturas Percolação
Estruturais

Rupturas
Hidráulicas

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Por que estudar Percolação ?

A Percolação é responsável por 48 a 55% dos acidentes;

Percolação e Galgamento juntos são responsáveis por 70 a 80% dos


acidentes. Vale notar que estes dois modos, são responsáveis por
uma proporção ainda maior dos desastres;

Os dados de desastres brasileiros confirmam este fato posto


que seis dentre sete foram devidos a Percolação e Galgamento;

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Como Resultado do Esforço...

A incidência de acidentes diminuiu bastante, apesar do aumento da altura


das barragens e da complexidade de sua construção;

Apesar de a percolação ser, hoje em dia, o principal modo de acidente, a


incidência de problemas de percolação em maciços diminuiu sensivelmente;

Já a incidência de problemas de percolação na fundação praticamente não


mudou.

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Acidentes / Desastres

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Percolação nas Barragens

As barragens não são obras destinadas a impedir totalmente a


passagem de água quer por suas fundações quer pelos aterros;

A questão que se põe é estabelecer se a percolação coloca em


risco a integridade da obra;

O que se teme é que o fluxo de água promova "erosão interna",


isto é o arraste ou CARREAMENTO de partículas sólidas ou de
material em solução.

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E o Carreamento se dá como ?

De um ponto para outro no interior da barragem ou das fundações


causando COLMATAÇÃO ou entupimento de elementos drenantes
fundamentais à estabilidade da obra;

Da barragem para a fundação ou da barragem para fora ou da


fundação para fora gerando o aparecimento de espaços vazios,
cavernas e "tubos", para o interior dos quais componentes vitais
da obra podem colapsar. Neste caso, o fenômeno é denominado
ENTUBAMENTO (em inglês "piping").

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Complicadores no Carreamento
(Rotas de Fluxo Preferencial)

Falhas, diaclases e outras descontinuidades no material de


fundação;

Cavidades no material de fundação;

Fronteiras hidrogeológicas, como contatos entre formações ou


estratos com permeabilidades diferentes;

Veios e camadas com permeabilidade contrastante com o resto da


massa, como é o caso dos veios quatzosos em rochas granito-
gnáissicas de fundação;

Camadas mais permeáveis em maciços de terra ou enrocamento,


resultantes seja de compactação inadequada seja da utilização de
material diferente do das demais camadas ou, ainda, de
segregação de partículas;

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Percolação em Barragens

Fluxo de Água
Aterro
Interfaces
Fundação

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Qualidade da Compactação

Umidade Densidade Compactação


Ótima Máxima Eficiente

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Aspectos da Qualidade dos Aterros

Compactação Densificação do maciço através da expulsão do


ar contido nos vazios do solo quando de sua
redução

Manutenção das características do solo


Homogeneidade
constantes em todos os pontos do maciço

Garantia de livre atuação dos equipamentos de


transporte, espalhamento e compactação, se
Trafegabilidade constituiu em forte condicionante no
desenvolvimento dos equipamentos de
compactação e das técnicas utilizadas na
construção de aterros.

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Evolução sobre a compactação na
atualidade

A espessura das camadas não se restringe mais a 15cm;

Fica em aberto a espessura, equipamento utilizado e número de


passadas;

Os rolos pé-de-carneiro usados no Brasil estáticos com pesos de 15


a 18 ton vibratório com 9 a 11 ton;

Rolos com pneus com 20 a 35 ton;

Preservação da umidade em limites possíveis de trabalho, ou seja,


em torno da ótima.

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Evolução sobre a compactação na
atualidade

Evitar juntas alinhadas de montante para jusante rotas preferenciais;

Remover camadas ressecadas ou encharcadas;

Evitar segregação de grãos no transporte e espalhamento;

Usar controle tecnológico com inspeção táctil e visual do material


(granulometria e plasticidade);

Padronização dos serviços: tipo de equipamento, número de passadas


e espessura das camadas;

Ensaios de campo para determinação da densidade e umidade.

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Drenagem Interna

A garantia de se ter menos problemas de carreamentos e


fissuramentos;

O fluxo a jusante se concentra em um ponto;

A água tende a “amolecer” o material e facilitar a erosão interna


Não se evita contrastes de permeabilidade fluxo não homogêneo;

Mesmo os maciços terrosos bem compactados aparecimento de


trincas;

O material das paredes das trincas fica sem apoio e, nestas


condições, mesmo um solo bem compactado e coesivo pode
"amolecer" e tornar-se vulnerável ao carreamento.

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Elementos Drenantes

É uma técnica de utilização de um material muito mais permeável


do que o meio no qual está inserido e que visa atrair e conduzir a
água para fora do maciço;

Dreno vertical inclinado

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Propriedades dos Elementos
Drenantes

Condutividade

Filtragem

Cicatrização

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Condutividade

Facilidade para drenar;

Possibilitar baixos gradientes;

O gradiente é função da permeabilidade, da área e da vazão (ver a Lei


de Darcy);

Elemento drenante mais de 100x mais permeável;

Drenos construídos de materiais granulares (areias, britas) sem finos.

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Permeabilidade

Pedregulhos e Britas (diâmetro maior do que 5mm) k maior do que 10


cm/s;

Areias grossas (diâmetro entre 2 e 5mm) 1 a 10 cm/s;

Areias finas e médias (diâmetros entre 0,1 a 2 mm) permeabilidade


em função do D10.

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Filtragem

Impede que os grãos sejam transportados;

Os grãos do maciço não devem circular nos vazios do filtro;

Existem critérios de filtragem em função:


Acadêmico/Laboratorial;
Experiência/Empirismo;

Os critérios se baseiam na granulometria dos materiais


(Muitas concepções diferentes);

Exemplo:

Enfoque teórico o diâmetro da maior esfera que passa através do


vazio formado por 3 esferas iguais em contato é 6,5 vezes menor.

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Filtragem

Entretanto, os filtros não são materiais uniformes estudo complexo


leva a enfoque empírico na prática de barragens;

Para filtrar areias e siltes arenosos D15 do filtro e D85 do filtrado deve
ser menor do que 4 a 5 (critério de Terzaghi-Bertram);

O critério acima pode levar a filtros excessivamente finos.

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Critérios de Filtragem

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Cicatrização

Auto-filtragem o dreno deve ser filtro de si mesmo;

Selagem presença abundante de água não consegue manter


uma fissura aberta;

Neste caso o material do filtro deve ser não-coesivo com menos


de 2% de grãos passando na #200;

No início do século 20 não existia sistema de drenagem interna.

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Fissuramento

Fissuras são trincas no interior do maciço de terra que podem ou não


se manifestar externamente. O fissuramento ocorre mesmo nos
maciços de terra bem compactados.

Este fato só parece ter sido plenamente percebido no fértil período que
se seguiu à Segunda Guerra e nos anos 50.

Talvez o primeiro trabalho publicado levantando diretamente este


aspecto tenha sido o de Casagrande (1950).

O trabalho de Sherard (1973) oferece um amplo panorama sobre o


assunto. Sempre se deve considerar como provável a sua presença.

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Principais Causas de Fissuramento

1) Recalques diferenciais:
* Diferenças de deformabilidade do material de fundação;
* Existência de variações bruscas na topografia do terreno de apoio do
aterro;
* Diminuição de volume da zona de montante do maciço quando do
enchimento do lago (o assim chamado "colapso por submersão").

2) Contração devido ao ressecamento;

3) Redistribuição de tensões:
* Diferenças de rigidez entre os materiais que compõe um maciço
zoneado;
* Diferenças de rigidez entre o material do maciço e estruturas em
contato com ele (galerias, muros, cortinas, etc.);
* Desenvolvimento de tensões cisalhantes em interfaces aterro-muro ou
aterro- ombreira.

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Elementos Drenantes

“ O controle da percolação através do


aterro e da fundação é um requisito
essencial do projeto de barragens.

Percolação sem controle, independente


da quantidade, não deve ser tolerada...”

“Middlebroks”

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Dispositivos de Drenagem

Sua função é reduzir a pressão neutra na área de jusante da barragem e


portanto aumentar a estabilidade de jusante contra o deslizamento e
controlar a percolação da água na face de jusante da barragem de tal
modo que a água não carregue qualquer partícula do maciço, isto é, que
não se desenvolva o fenômeno do "piping“.

A eficiência do dreno ou filtro na redução das pressões neutras


depende em princípio da sua localização e extensão.

Por outro lado, o "piping" ou entubamento é controlado construindo-se


os drenos com um material de granulometria adequada a funcionar
como filtro do solo constituinte do maciço.

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Dispositivos de Drenagem

Existem numerosos tipos de sistemas de drenagem interna em


barragens de terra, sendo que o tipo a ser adotado para uma obra
determinada dependerá de diversos fatores relativos ás
permeabilidades do maciço e da fundação bem como das
características dos materiais drenantes disponíveis.

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Drenos de pé
As barragens homogêneas mais antigas apresentam esse tipo de
drenagem para evitar a diminuição de resistência do material no pé do
talude.

Empregam-se apenas em barragens de pequena altura, constituídas


de solos homogêneos de baixa permeabilidade.

Recomenda-se que o dreno de pé penetre um pouco no terreno de


fundação porque o contato da barragem com a fundação é um
caminho preferencial.

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Drenos de pé

O dreno de pé também pode ser utilizado associado no trecho final de


um tapete drenante.

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Drenos Longitudinais e Tapetes
Drenantes
O mais econômico tipo de dreno para uma barragem é o constituído
por um conduto perfurado envolvido por filtros de transição,
posicionado longitudinalmente com relação ao eixo da barragem, a
meia distancia entre o eixo e o pé de jusante. Esse sistema só deve
ser adotado no caso da barragem ser apoiada sobre uma fundação
relativamente uniforme e do maciço compactado ser constituído por
solos de mesmas permeabilidade vertical e horizontal.

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Drenos Longitudinais e Tapetes
Drenantes
Quanto mais elevado o grau de estratificação do maciço, representado
pela relação entre a permeabilidade horizontal k, e a permeabilidade
vertical k,, mais extenso deve ser o dreno, chegando-se no limite do
tapete drenante que se estende até ao pé do talude de jusante da
barragem.

O comprimento do tapete filtrante basear-se-á na posição que se


pretende para a linha freática, no interior do maciço, devendo-se notar
que a descarga percolada aumenta com o comprimento do tapete.
Esse aumento, entretanto, é recompensado pela melhoria na
estabilidade, pois mantem-se seco grande parte do paramento de
jusante da barragem.

A tentativa inicial na escolha da posição do tapete drenante poderá


ser a recomendada por Creager, adotando um comprimento de 0,3 a 0,5
L, sendo L a distância do eixo da barragem ao pé do talude de jusante.

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Drenos Longitudinais e Tapetes
Drenantes
Uma das principais desvantagens do tapete drenante horizontal resulta do
fato de que o maciço de uma barragem de terra tende a ser estratificada
(k,, > k,) como já mencionado. Pode ainda, ocasionalmente, acontecer
que camadas horizontais muito mais permeáveis do que a média do
material empregado sejam colocadas no maciço, de modo que, a despeito
do dreno horizontal, a água percola horizontalmente na superiície de
uma camada relativamente impermeável e surge no talude do jusante.

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Cortinas Drenantes
Este tipo de drenagem é constituído por um dreno vertical posicionado ligeiramente
a jusante do eixo da barragem e prolongado para jusante por um tapete drenante
horizontal.

Foi adotado pela primeira vez por K. Terzaghi para a barragem de Vigário no Brasil
(atualmente denominada Barragem Terzaghi, em homenagem ao projetista).

O dreno verical tem a grande vantagem de interceptar qualquer fissuração do


maciço e de coletar os fluxos que poderiam percolar através de tais fissuras. São
geralmente projetados com uma espessura variando de 1,0 a 2,0 m, sendo que, na
maioria dos casos, essas espessuras são fixadas por motivos de ordem construtiva.

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Cortinas Drenantes
Em várias barragens mais recentes de maiores alturas, a cortina drenante tem forte
inclinação para montante ou para jusante.

Com a inclinação para montante, tem-se a vantagem de eliminar riscos de trincas


longitudinais na crista no caso da barragem ser apoiada sobre uma fundação
rígida. Por outro lado um dreno inclinado para jusante apresenta a vantagem de
melhorar as condições de estabilidade do talude de jusante durante a operação do
reservatório.

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Até próxima aula...

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