Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
de Parto
por Wanessa Bastos
1
Olá, primeiramente quero te
agradecer por ter chegado
até aqui, por sua confian-
ça em meu trabalho e por
permitir que eu faça par-
te com você dessa cami-
nhada tão singular que é
a gestação.
Sou graduada em Enfer-
magem e estou comemo-
rando os meus 10 anos acom-
panhando famílias em suas
trajetórias no acompanhamento materno infantil, e tive o privilé-
gio de assistir mais de 1.700 famílias, sempre com o foco na saú-
de física e emocional.
Me especializei como Consultora em Aleitamento Materno e
atuo nos Cuidados Materno Infantil.
Todo conteúdo que disponibilizei nesse e-book foi pensado
com muito carinho para ser um facilitador para as mamães, pa-
pais e cuidadores que buscam informações sobre o período da
gestação.
Esse material que você terá acesso será um grande apoia-
dor, mas ele não substitui o acompanhamento médico. É muito
importante você compartilhar todas as suas dúvidas com o pro-
fissional que está te acompanhando e fazer periodicamente as
consultas pré-natais estabelecidas para você.
2
Índice
Data Provável para p Parto [DPP] 4
Preparo dos Mamilos 6
Informação que Amamenta: Como Fazer Escolhas sem 11
Conhecer as Possibilidades e as Suas Repercussões?
Parto Humanizado 11
Equipe de Parto 13
Tipos de Parto 16
Respeito Durante o Parto 17
Indicações Reais da Cesariana 19
Golden Hour 20
Procedimentos Hospitalares 21
Testes Obrigatórios e Opcionais Para o Recém-Nascido 22
Cartão de Vacina 23
Certidão de Nascimento 24
Uso de Luvas Durante a Estadia Hospitalar 24
Perda de Peso do Recém-Nascido na Alta Hospitalar 25
Plano de Parto 25
3
Data provável
para o parto
Vamos começar falando de um assunto que muitas famílias
conversam logo no início da gravidez?
Quando decidimos aumentar a família, alguns planejamen-
tos são necessários para receber o novo membro que chegará
ao lar. Uma das maiores ansiedades do período gestacional é
saber quando o bebê irá nascer, não é mesmo? Para que consi-
ga realizar todos os preparativos e se organizar da melhor forma
possível.
Não é possível ter garantias de qual data exata o bebê irá
escolher para vir ao mundo, porém existem estimativas aproxi-
madas por meio de cálculos e exames.
Você já ouviu falar em DPP?
Essa é uma sigla que você vai se deparar bastante!
4
DPP é a sigla para Data Provável do Parto, na qual os obs-
tetras estimam a data do nascimento do bebê acrescentando 7
dias ao primeiro dia do último período menstrual e mais nove
meses de calendário.
Além da DPP, contamos também com o ultrassom obstétrico
que irá reafirmar a estimativa da idade gestacional conforme os
cálculos já realizados pelo médico.
Compreendo que o nosso desejo de estar coladinhos com
os nossos filhos faz com que o olho não desgrude do calendário,
contando semana a semana. Mas se posso dar um conselho é:
dentro de uma margem de gestação segura, é possível que seu
filho venha ao mundo algumas semanas antes, ou até mesmo
queira ficar no forninho mais um tempinho, portanto prepare-se
para a grande chegada, esteja em dia com o seu pré-natal para
ter orientações seguras de seu obstetra, e saiba que a data esti-
mada para o parto pode sofrer variações.
Por exemplo:
5
QUANDO MEU BEBÊ VAI NASCER?
QUANDO MEU BEBÊ VAI NASCER?
CURVA DE GAUSS | IDADE GESTACIONAL
DPP
CURVA DE GAUSS | IDADE GESTACIONAL
TERMO PRECOCE TERMO TERMO TARDO
DPP
TERMO PRECOCE TERMO TERMO TARDO
20% 15%
2,5% 2,5%
36 37 39 40 41 42 44
20% 15%
2,5% 2,5%
36 37 39 40 41 42 44
PÓS-TERMO
Preparo dos Mamilos DE 39 SEMANAS A 40 SEMANAS E 6 DIAS
DE 41 SEMANAS A 41 SEMANAS E 6 DIAS
DE 42 SEMANAS EM DIANTE
No período gestacional ouvimos inúmeras orientações, dicas
e sugestões de amigos e familiares. Como é bom saber que es-
tamos sendo cuidadas e que existem pessoas queridas queren-
do compartilhar com a gente aquilo que fez muito sentido para
elas, de conhecidos ou até mesmo antepassados.
Hoje, com o avanço da medicina e dos estudos, sabemos
que muitas dessas informações são aceitas e possuem uma ex-
plicação científica, contribuindo desta forma para o ensinamento
passado de geração em geração, entretanto, algumas destas in-
formações podem ser prejudiciais.
Então, que tal, quando ouvir um conselho, receba-o com gra-
tidão, pois tem alguém preocupado com você, porém logo que
possível, busque sobre a veracidade dessa informação junto a
um profissional especializado?
6
E falando em informações se-
guras, quero conversar com você
sobre um conselho que muitas ges-
tantes recebem: a necessidade de
Preparo dos Mamilos.
Atualmente os estudos científi-
cos nos reafirmaram a capacidade
magnífica do corpo materno de se
preparar sozinho durante o período
gestacional para a amamentação.
“E o que isso quer dizer, Wanessa?”
Isso quer dizer que não precisa-
mos fazer NADA para preparar nos-
so mamilos para a amamentação.
“Nem banho de sol, Wanessa?”
Exato, nem o banho de sol.
Não existem evidências científicas
mostrando benefícios do sol para forta-
lecimento, prevenção de fissuras ou mes-
mo redução da sensibilidade areolar.
“Então não posso tomar banho de sol
nos mamilos?”
Nós sabemos que o sol, quando to-
mado nos horários certos e por um perí-
odo de tempo determinado, pode trazer
inúmeros benefícios para a nossa saúde.
Mas a informação que estou comparti-
lhando com você é que não existe com-
provação científica do benefício do banho
de sol na prevenção de fissuras, fortale-
cimento ou mesmo redução da sensibili-
7
dade areolar. Desta forma, caso você esteja
em companhia do nosso amigo iluminado,
saiba que não há garantias para esses fins
específicos: de prevenção de fissuras, do
fortalecimento da região areolar, ou mes-
mo redução da sensibilidade areolar.
Já no caso de pomadas à base de lanolina, essas são re-
almente contra-indicadas, pois elas aumentam a hidratação da
pele favorecendo o aumento da sensibilidade. Estas pomadas
são indicadas para o período do pós-parto, caso a mãe apre-
sente algum tipo de trauma mamilar e mesmo assim a utiliza-
ção deve ser cautelosa. Eu, particularmente, evito a indicação.
Existem também as conchas de amamentação. Você conhece?
É bastante comum durante as minhas consultorias as mães
me relatarem que essas conchas são parte do seu enxoval. En-
tretanto te pergunto: você acredita que elas são realmente neces-
sárias?
No caso das conchas existem dois tipos vendidos:
8
-parto, assunto para outro momento. Mas já adianto que não é
indicado, tá bom?
A concha de preparo de mamilos não é indicada e não cum-
pre com a promessa oferecida. Essa concha realiza uma com-
pressão areolar que pode gerar edema local e desconforto.
Mas por que ela existe no mercado, Wanessa?
A concha de preparo de mamilos é vendida com a propos-
ta de favorecer o formato do bico do peito, porém isso pode até
acontecer imediatamente quando retiramos a concha, entretanto
após alguns minutos o bico retorna a anatomia fisiológica. Além
disso, te informo que o bebê não necessita de bico para mamar.
Você ficou surpresa com essa informação?
A verdade é que há uma tendência em achar que o bebê deve
mamar no bico do peito, mas essa é uma das grandes confusões
que existem, inclusive isso é o grande fator responsável pelo des-
conforto das mamães ao amamentar, algumas com quadro de
dor profunda, desistindo inclusive da amamentação, pois tentam
realizar a amamentação com a pegada no bico do peito.
O bebê deve sugar a aréola porque é nesta região que ele
consegue extrair o leite com destreza sem machucar a mãe. Então
eu te pergunto, qual seria a função da concha de preparo de ma-
milos? Nenhuma. Não há necessidade, além de poder gerar ede-
ma local e desconforto, o que não contribui para a amamentação.
Agora eu posso arriscar dizer que existe um conselho que
quase toda mãe ouviu, ou vai ouvir. Já adivinhou qual é?
Isso mesmo!!! O esfregaço com buchas ou toalhas. Algumas
mamães inclusive ganham de presente aquelas buchas vege-
tais, esse foi o seu caso?
Vamos entender o motivo dessa indicação?
Acreditava-se que ao “calejar o peito” a mamãe estaria como
os mamilos preparados para amamentar e “mais resistentes”,
9
pois, na região friccionada, em que a mãe realiza o esfregaço, se
forma uma pele mais grossa; antigamente a sabedoria popular
propagava que essa região endurecida ajudaria a mãe a não
sentir dor ao amamentar, pois já não era um local com a pele
macia.
Porém, hoje sabemos que este atrito lesiona a pele favore-
cendo traumas antes mesmo do bebê começar a sugar. Em al-
gumas mulheres essa “casquinha” na pele formada em razão
do atrito, sai quando o bebê inicia a amamentação, sendo que a
pele que está por baixo é mais sensível contribuindo para trau-
mas e desconfortos.
Fez sentido para você?
Já o uso de hidratantes e sabonetes também deve ser
suspenso.
“Mas como assim Wanessa?”
O uso destes produtos deve permanecer fora da região are-
olar, pois ambos hidratam a pele favorecendo a sensibilidade lo-
cal. Caso opte por algum tipo de creme ou óleo nos seios, utilize-o
fora da região areolar. O mesmo vale para os sabonetes.
Agora que sabemos que não precisamos utilizar nenhum
produto ou técnica para preparar os mamilos para amamen-
tar, existe algo indicado para se fazer no período gestacional que
contribua para a amamentação e a gestação?
A resposta é: Sim.
Informação baseada em evidência científica.
10
Informação
que Amamenta
Como fazer escolhas sem conhecer as
possibilidades e as suas repercussões?
Parto Humanizado
Você provavelmente já escutou a expressão “Parto Humani-
zado” em algum lugar. Mas você sabe qual a definição?
Algumas vezes ela vem acompanhada de um “Deus me li-
vre! Não quero sentir dor! Vou querer tomar anestesia! Nada de
Parto Humanizado, parto na água não é comigo!”
11
É bastante comum ouvir frases assim, pois o Parto Humani-
zado está associado erroneamente ao parto sem anestesia, me-
dicamentos, assistência ou realizado na água.
Quero te explicar que todas as mulheres merecem um Parto
Humanizado independente da via de parto (vaginal ou cesárea),
e ao final, tenho certeza que irá concordar comigo.
A definição de Parto Humanizado é bastante simples: se ca-
racteriza por um conjunto de procedimentos e práticas que visam
humanizar a assistência à gestante, bebê e família.
Você pode estar se perguntando “Como assim, Wanessa?”
É simples, no Parto Humanizado os desejos e individualida-
des de cada gestante devem ser respeitados, sempre que essas
escolhas não representem riscos. E, nos casos em que há alguma
intercorrência, é avaliado a possibilidade das condutas ficarem o
mais próximo possível do desejo da família, buscando conciliar
os desejos da mãe, e garantindo a integridade à saúde da mãe
e do bebê.
Assim, ter um Parto Humanizado é estar cercada por práticas
acolhedoras, respeitosas e que individualizam o desejo da partu-
riente, e não se restringe apenas ao parto, mas envolve todo o pe-
ríodo gestacional, parto, puerpério e assistência ao recém-nascido.
É uma prática que deve ser adotada em todas as vias de
parto (normal, natural, cesariana intraparto ou cesariana tradicio-
nal), na assistência pré-natal,puerpério e assistência ao bebê.
Nesse momento você deve estar se perguntando, “Tudo bem,
Wanessa, entendi o conceito, mas COMO na prática posso ter os
meus desejos respeitados, desde que não haja riscos para mim
ou para meu filho?”
Pensando exatamente nessa dúvida, por ser bastante co-
mum, elaborei um Plano de Parto bastante completo para ser o
seu apoio neste momento.
12
Mas o que é um Plano de Parto?
Agora que já sabe o que é um Parto Humanizado, quero
compartilhar com você essa grande ferramenta de apoio: o Pla-
no de Parto.
O Plano de Parto é um grande aliado na comunicação entre
você e seu(a) obstetra, e principalmente para a equipe de assis-
tência ao parto. A grande maioria das mulheres brasileiras irão
parir com a equipe de plantonistas da maternidade escolhida,
e neste casos, mais do que nunca, o plano de parto é essencial.
Com ele os profissionais que irão te acompanhar vão saber quais
são os seus desejos e expectativas para o parto. Lembrando que
o plano de parto deve ser cumprido em acordo com a equipe
da assistência desde que não haja riscos envolvidos para mãe e
bebê.
Ao longo dos anos, atendendo várias mamães e famílias, e
ouvindo os seus relatos, além da minha própria experiência como
mãe, elaborei esse Plano de Parto com tudo que considero ser
necessário para uma condução de um Parto Humanizado.
Mas, antes de apresentar o Plano de Parto, quero conversar
com você sobre as Vias de Parto ( normal, natural, intraparto e ce-
sariana), pois percebo haver dúvidas sobre a diferença entre eles,
e também quero falar um pouquinho sobre a Equipe da Parto,
vamos lá?
Equipe de Parto
As mamães que optam por ter seu bebê diretamente com a
equipe da maternidade recebem o apoio de um obstetra plan-
tonista, pediatra plantonista, anestesista plantonista (caso neces-
sário) e das enfermeiras escaladas pela maternidade. Algumas
poucas maternidades no Brasil contam com o apoio de doulas
voluntárias.
13
Outras mamães tomam a decisão de contratar uma Equipe
de Parto particular, e é sobre ela que quero conversar com você.
A Equipe de Parto é constituída por profissionais que auxiliam
e orientam as mamães ao longo da gestação e parto, sendo que
cada profissional desempenha um papel muito importante nes-
sa caminhada.
No meu caso, contei com o apoio do meu médico obstetra,
de uma doula, enfermeira obstetra e tive como acompanhantes
o meu marido e a minha irmã durante todo o trabalho de parto.
Mas você sabe a função de cada profissional?
Vou te contar!
Doula
A doula, segundo No-
lan (Nolan M. Supporting wo-
men in labour: the doula’s role.
Mod’Midwife 1995;5(3):12-5.), é
uma mulher sem formação
técnica na área da saúde que
orienta e acompanha a nova
mãe durante o parto e nos cui-
dados do bebê, seu papel é
segurar a mão da mulher, res-
pirar com ela, prover encoraja-
mento e tranquilidade.
A doula tem papel fun-
damental para o trabalho de Morgana Guimarães Oliveira
parto e humanização, pois é @morgana0liveira
um profissional que irá exercer
funções de acolhimento e aconchego. Algumas das atividades
realizadas podem ser: massagens, aquecimento da água, su-
porte emocional materno etc.
14
Enfermeira)Obstétrica
O enfermeiro(a)
obstetra atua desde o
planejamento familiar
até o pós-parto pro-
porcionando à partu-
riente a diminuição da
ansiedade, aumento
da coragem e con-
fiança. Este profissio-
nal presta assistência
à gestante e recém- Adrinez Cançado
-nascido sem distócia @adrinezcancado
realizando exames,
diagnósticos e tratamentos, verificando contrações, dilatações,
alterações, notificação de óbitos, promove educação em saúde,
entre outros. É um profissional com olhar holístico, ou seja, presta
uma assistência integral e individualizada, a partir do conceito do
processo natural de parir.
Médico Obstetra
É o médico, com es-
pecialização em gineco-
logia e obstetrícia, que as-
siste a gestante durante
todo pré-natal e atua nos
partos normais e cesárias.
Nos partos normais os
médicos obstetras acom-
panham o parto quan-
do ele está mais evoluído,
pois comumente a mulher
Dr. Hemmerson Magioni
está sendo assistida pela
@institutonascer
enfermeira obstétrica.
Médico ginecologista obstetra diretor técnico do Instituto Nascer
15
Anestesista
É o médico especializado e responsável pela analgesia da
gestante quando a via de parto eleita é o parto normal ou cesá-
rea, sendo ele quem realiza a analgesia peridural ou raquidiana.
Médico Pediatra
É o médico especializado em pediatria responsável por ava-
liar o recém-nascido e realizar os primeiros exames.
Acompanhante
É direito da gestante escolher uma
pessoa para estar ao seu lado no par-
to, comumente a pessoa escolhida é o
pai do bebê, mas não é uma obriga-
toriedade, a parturiente pode escolher
quem ela desejar. Saiba que a esco-
lha de um acompanhante não retira o
direito da doula estar presente na sala
e vice-versa.
É direito da gestante escolher uma pessoa para estar ao seu
lado no parto, comumente a pessoa escolhida é o pai do bebê,
mas não é uma obrigatoriedade, a parturiente pode escolher
quem ela desejar. Saiba que a escolha de um acompanhante
não retira o direito da doula estar presente na sala e vice-versa.
Já vou te apresentar o Plano de Parto que elaborei, mas an-
tes quero compartilhar mais algumas informações que podem
te auxiliar na hora de preenchê-lo.
Tipos de Parto
Conhecer as diferenças entre os tipos de parto é o melhor
caminho para quebrar paradigmas e mitos favorecendo a con-
fiança, reduzindo o medo e a ansiedade para um momento tão
singular como o nascimento de um bebê, por isso quero te ajudar
16
a compreender as principais diferenças entre eles, para, assim, te
auxiliar em uma escolha consciente e confiante.
Parto Normal
O Parto Normal é denominado o nascimento por via vaginal,
ou seja, a mãe entra em trabalho de parto e o bebê nasce pela
vagina. Neste caso podem ser realizados procedimentos médi-
cos, métodos farmacológicos (medicamentos) ou não farmaco-
lógicos para alívio da dor e anestesia.
Parto Natural
O Parto Natural é aquele onde o nascimento também é por
via vaginal, ou seja, a mãe entra em trabalho de parto e o bebê
nasce pela vagina, porém não são realizados procedimentos
médicos, utilização de medicamentos ou anestesia. Para o alívio
da dor são realizados apenas métodos naturais não farmaco-
lógicos como massagens, acupuntura, spinning babies, aroma-
terapia, hypnobirthing, musicoterapia, tens, bola suíça, banheira,
chuveiro, etc.
Cesariana
A Cesariana é quando o nascimento do bebê ocorre por meio
de um procedimento cirúrgico, podendo ter o trabalho de parto
como antecedente, ou não. Desta forma, há situações em que
após o início do trabalho de parto devido a alguma intercorrência
ou desejo da mãe o parto é conduzido para uma cirurgia.
Já no caso da cesariana eletiva esta pode ser denominada
como a escolha de um procedimento cirúrgico sem necessidade
prévia, mas por escolha profissional ou da mãe.
17
cipalmente práticas sem embasamento científico. Práticas que
submetem as mulheres a rotinas e normas muitas vezes des-
necessárias que impedem o seu protagonismo e podem afetar
para sempre a saúde materna e de toda a família.
Por isso, o Plano de Parto é um grande aliado da mulher, pois
ele permite que você expresse suas vontades, sempre observan-
do os limites de segurança, e possibilita que a assistência, e quan-
do for o caso a sua Equipe de Parto, conheçam seus anseios, e
conduzam o parto em respeito aos seus desejos.
Enumerei algumas situações, que por desconhecimento ou
indução, a mulher permite que sejam realizadas, e algumas ve-
zes se arrepende ou sofre posteriormente. Há situações em que a
gestante não é consultada, e são realizadas intervenções em seu
corpo sem seu consentimento e entendimento.
Manobra de Kristeller que consiste na compressão abdomi-
nal para expulsão do bebê;
Episiotomia (famoso “pique”) que consiste no corte realizado
da região vaginal durante o parto para erroneamente favore-
cer o nascimento e reduzir lacerações;
“Ponto do marido” consiste na sutura excessiva da laceração
e/ou episiotomia vaginal para gerar maior prazer sexual para
o parceiro;
Ocitocina sintética sem necessidade;
Impedir que a mulher se expresse;
Impedir que a mulher se movimente e escolha a melhor po-
sição para parir;
Lavagem intestinal antes do parto é desnecessária e incômoda;
Restrição de dieta materna;
Abuso verbal, físico ou sexual;
Omissão de informações, desconsideração dos padrões e
valores culturais;
Divulgações públicas de informações que podem insultar a
mulher;
Falta de recursos (chuveiro, bola, medicamentos, maca, profis-
sionais etc.);
18
Não receber ou negar alívio para dor, ou seja, analgesia me-
dicamentosa.
19
Parada de progressão do parto que não resolve com medi-
das habituais;
Antecedente de cesárea, ruptura uterina e miomectomia.
Golden Hour
20
Quando o recém-nascido apresenta boas condições após
o nascimento não existe razão para não realizar a Golden Hour,
portanto estabelecer o contato pele a pele entre mãe e bebê, esti-
mular a sucção no seio materno e atrasar a realização dos proce-
dimentos de rotina hospitalar favorece a adaptação extra-uterina
e consequentemente a sobrevivência do bebê.
Procedimentos Hospitalares
Os procedimentos hospitalares realizados com o bebê após
o nascimento consistem em testes, aferições, medições e condu-
tas de rotina para avaliar a adaptação e saúde do neonato.
O primeiro teste realizado pelo pediatra presente na sala de
parto é o da Escala de APGAR que consiste em avaliar 5 sinais do
recém-nascido (freqüência cardíaca, tônus muscular, irritabilida-
de reflexa, respiração e cor da pele) pontuando-os de 0 a 2 du-
rante o primeiro e quinto minuto de vida, sendo que o somatório
em cada avaliação pode variar de 0 a 10 e isso resulta no índice
de apgar. Quanto maior a nota melhor a adaptação do bebê no
meio extra-uterino e quanto menor maior a dificuldade.
O corte do cordão umbilical é um procedimento realizado
após ou durante a avaliação do APGAR. Atualmente existem re-
comendações para o clampeamento tardio do cordão umbilical,
ou seja, aguardar o cordão parar de pulsar para cortá-lo. Segun-
do o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia e a Acade-
mia Americana de Ginecologia é importante aguardar de 30 a
60 segundos para o clampeamento. Já no caso da Organização
Mundial de Saúde e American College of Nurse Mindwives a re-
comendação é aguardar de 2 a 5 minutos. Pesquisas recentes
comprovam que o clampeamento tardio favorece o aporte de
ferro para o neonato, favorece fatores de cicatrização, reduz o ris-
co de hemorragias e infecções.
Ausculta pulmonar e cardíaca, pesagem, medição, aspiração
de boca e nariz (quando necessário);
Aplicação de colírio de nitrato de prata é uma prática para
prevenir a incidência de conjuntivite gonocócica que pode ser
21
transmitida de mãe para filho durante o nascimento por meio
da via vaginal ou em casos de cesárea recorrente de bolsa rota,
porém é uma prática utilizada de forma sistêmica nas materni-
dades e pode ser recusada pela gestante.
Vitamina K é uma injeção aplicada após o nascimento para
prevenir a doença hemorrágica neonatal. Esta injeção favorece a
coagulação sanguínea do bebê, sendo uma recomendação do
Ministério da Saúde;
A higienização com óleo ou banho do recém-nascido são
procedimentos rotineiros nas maternidades, porém pesquisas re-
centes comprovam que o vérnix caseoso (camada esbranquiça-
da de gordura que recobre a pele do neonato) é um componen-
te que confere proteção para o bebê, porque hidrata a pele do
bebê, ajuda a manter a temperatura corporal, favorece a ama-
mentação e protege contra infecções. Segundo a recomendação
da Sociedade Brasileira de Pediatria, é importante aguardar pelo
menos 24h para realizar o primeiro banho do bebê.
22
Teste da orelhinha: Realizado por meio de exame eletrofisio-
lógico e fisiológico para identificar acuidades auditivas do bebê.
Obrigatório no Brasil.
Teste do olhinho: Realizado por meio da avaliação ocular
com feixe de luz tem como objetivo diagnosticar transtornos ocu-
lares. Obrigatório no Brasil.
Teste da linguinha: Realizado durante o exame físico para
diagnosticar a anquiloglossia. Obrigatório no Brasil.
Teste da bochechinha: Exame genético capaz de identificar
mais de 300 doenças genéticas da primeira infância. Não é obri-
gatório e não substitui o teste do pezinho.
Teste SCID: Exame que detecta infecções recorrentes e seve-
ras consideradas emergências pediátricas. Não é obrigatório.
Alta Hospitalar
Cartão de Vacina
A caderneta da
criança é fundamen-
tal para o acompanha-
mento do desenvolvi-
mento do bebê e vacinas,
sendo adquirida na pró-
pria maternidade ou no
posto de saúde. A pri-
meira consulta com o
pediatra deve ser reali-
zada entre o 5º e 7º dia
de vida do recém-nasci-
do e os dados coletados
devem ser preenchidos
na caderneta de saúde
da criança.
23
Certidão de Nascimento
O registro do recém-nascido é obrigatório no Brasil e pode
ser realizado em qualquer cartório de registro civil no prazo má-
ximo de 15 dias ou 30 dias para pais que residam a mais de 30
km de um cartório.
Atualmente algumas maternidades contam com cartório em
seu interior, desta forma facilitando o registro do bebê. É funda-
mental que o casal se informe na maternidade escolhida se o
serviço é disponibilizado e se existe taxa. Os documentos neces-
sários para emissão da certidão de nascimento são: documen-
tos pessoais (CPF, RG, certidão de casamento ou nascimento) e a
“declaração de nascido vivo” emitida pelo hospital.
24
Perda de Peso do
Recém- nascido na Alta Hospitalar
O bebê ao nascer vai apresentar um peso diferente do peso
de registro da alta hospitalar e isso ocorre porque é natural o re-
cém-nascido perder até 10% do peso nos primeiros dias de vida,
portanto não precisa entrar em pânico mamãe e papai. Espera-
-se que após a primeira semana de vida o bebê já tenha recupe-
rado o peso perdido por meio do aleitamento materno e o ganho
de peso será acompanhado pelo pediatra na consulta do 5º ou
7ª dia de vida. Caso o bebê apresente dificuldades na recupera-
ção do peso ou apresente perda de peso, o acompanhamento
e avaliação devem ser realizados pelo pediatra e o manejo da
amamentação por um profissional qualificado.
Plano de Parto
Agora que você já compreende a importância da assistên-
cia humanizada durante um momento tão importante, o nasci-
mento de um filho(a), entendeu a diferença sobre as vias de parto,
conheceu um pouco da função de cada profissional que pode
participar do parto, sabe que você deve ser consultada antes da
realização de intervenções no seu corpo, e já deseja ter a sua Gol-
den Hour com o seu bebê, vou deixar aqui o Plano de Parto para
que você possa preencher e discutir ele com o seu obstetra e/ou
sua Equipe de Parto, tá bom?
25
As mamães que optarem pelo parto com a equipe da ma-
ternidade também podem apresentar o Plano de Parto para os
profissionais que irão acompanhá-la.
Estabelecer a apropriação de informações esclarecedoras
e baseadas em evidências científicas será o pilar fundamental
para um parto confiante e respeitoso.
26
Plano de Parto
Nome:
27
2 - Qual parto deseja vivenciar:
Parto Normal.
Parto Natural.
Cesariana.
3 - Situações especiais:
Diabetes Gestacional.
Pré-eclâmpsia.
RH negativo.
Cultura para Streptococos B positivo.
Cesariana anterior recente.
Outras situações:
28
6 - A expectativa para o parto:
Desejo aguardar até 41 semanas para iniciar a indução do
parto.
Desejo aguardar até 42 semanas para iniciar a indução do
parto.
Desejo aguardar o parto espontâneo independente da ida-
de gestacional, desde que esteja tudo bem.
Caso seja necessário adiantar o parto desejo que a primeira
tentativa seja através da indução.
Desejo tentativa de VCE (Versão cefálica externa) caso o bebê
esteja pélvico.
Desejo tentar o parto normal mesmo que o bebê esteja pélvico.
Caso ocorra bolsa rota desejo uma cesariana.
Caso ocorra bolsa rota desejo aguardar um período para
iniciar a indução do parto.
Em caso de bolsa rota, desejo aguardar para iniciar a indução
do parto por quantas horas:
29
8 - Quais métodos para alívio da dor deseja utilizar durante o parto?
Acupuntura.
Aromaterapia.
Hypnobirthing.
Chuveiro.
Banheira.
Tens.
Respiração profunda.
Bola suíça.
Musicoterapia.
Meditação.
Reflexologia.
Hypnose.
Anestesia.
Outros:
30
Pouca luz e estímulos.
Poucas pessoas presentes.
Trilha sonora escolhida.
Não ter limite de tempo para o expulsivo, desde que tudo
esteja bem.
Tocar a cabeça do meu bebê quando coroar.
Ver o nascimento por um espelho.
Ter o períneo amparado.
Outros:
10 - O que você deseja durante o parto caso tenha que ser indu-
zido ou acelerado?
Cesariana.
Rotura de membranas.
Descolamento de membranas.
Métodos naturais (acupuntura, homeopatia, etc).
Métodos farmacológicos.
Outros:
31
12 - Quais procedimentos você autoriza durante o trabalho de
parto e parto?
Tricotomia (raspagem dos pelos pubianos).
Enema (lavagem intestinal).
Episiotomia.
Manobra de Kristeller.
Exames de toque.
Monitoramento fetal contínuo.
Acesso venoso.
Ocitocina sintética.
Perfusão contínua de soro.
Antibioticoterapia.
Rompimento artificial da bolsa.
Fazer força somente quando desejar e sentir vontade.
Analgésicos.
Anestesia.
Outros:
13 - Sobre a episiotomia:
Prefiro o risco de uma laceração.
Prefiro uma episiotomia a uma laceração.
Autorizo uma episiotomia caso o obstetra ache necessário.
32
15 - Sobre a anestesia:
Desejo anestesia.
Não desejo anestesia, mas caso julgue necessário farei a
opção no momento do trabalho de parto.
Desejo anestesia, me ofereçam apenas quando eu solicitar.
Não desejo anestesia e quero que não apliquem, mesmo
que eu a solicite.
33
17 - Você deseja que o cordão umbilical seja:
Cortado quando o médico achar necessário.
Cortado quando parar de pulsar.
Cortado após 2 minutos.
Cortado após dequitação da placenta.
Cortado por mim mesma.
Cortado por:
18 - Após o parto:
Desejo aguardar a expulsão espontânea da placenta.
Desejo guardar/armazenar a placenta.
Desejo ver a placenta.
Desejo que o bebê permaneça o tempo todo comigo duran-
te as avaliações e exames.
Desejo que meu bebê não seja limpo com óleo ou banhado
após o nascimento.
Desejo realizar o contato pele-a-pele imediatamente após o
nascimento.
Desejo amamentar na primeira hora de vida do bebê.
Desejo que meu bebê não seja aspirado após o nascimento
como rotina hospitalar.
Desejo que os procedimentos hospitalares (peso, medidas,
etc ) sejam realizados após a Golden Hour, exceto se o bebê
necessitar de cuidados especiais.
Outros:
34
Não autorizo a oferta de leite artificial e/ou glicose.
Em hipótese alguma autorizo a oferta de bicos artificiais ou
mamadeiras.
Outros:
20 - Amamentação:
Desejo amamentar na primeira hora de vida.
Desejo amamentar após o bebê ser enrolado.
Desejo amamentar exclusivamente.
Desejo amamentar em livre demanda.
Desejo assistência de uma consultora em aleitamento ma-
terno logo após o parto.
Desejo amamentação mista (com o uso de fórmula infantil).
Desejo usar apenas fórmula infantil.
Desejo amamentar com horário pré-determinado.
Não posso amamentar.
Não desejo amamentar.
Outros:
21 - Família e visitas:
Desejo que o acesso para as visitas seja liberado logo após
o parto.
Desejo que meu parceiro (a) tenha visita ilimitada.
Desejo que as visitas sejam liberadas conforme horários es-
tipulados por mim.
Desejo visitas apenas de pessoas estipuladas por mim.
Não desejo visitas.
Desejo que as visitas sejam permitidas após o parto, depois
de um período estipulado por mim.
Período de descanso (horas) após o parto para o início das visitas:
35
Lista de pessoas autorizadas a me visitar:
22 - Outras observações:
36
Obrigada!
@wanessabastosoficial
37