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JADSON PEREIRA DOS SANTOS

PONTES ESTAIADAS:
MÉTODOS
seu trabalho seráCONSTRUTIVOS
invalidado em qualquerPARA uma dasBALANÇO SUCESSIVO
atividades. Antes de começar o
trabalho, leia o Manual do Aluno e Manual do Plágio para compreender todos itens
obrigatórios e os critérios utilizados na correção.

Maceió

2018
JADSON PEREIRA DOS SANTOS

PONTES ESTAIADAS:
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA BALANÇO SUCESSIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

Orientador:  Ubiracy de Albuquerque Cavalcanti

Maceió
2018
JADSON PEREIRA DOS SANTOS

PONTES ESTAIADAS:
MÉTODOS CONSTRUTIVOS PARA BALANÇO SUCESSIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


à Faculdade Pitágoras, como requisito parcial
para a obtenção do título de graduado em
Engenharia Civil.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)

Cidade, dia de mês de ano (Fonte Arial 12)

Substitua as palavras em vermelho conforme o


local e data de aprovação.
Dedico este trabalho ao meus pais,
Quitério Ambrózio e Rosilene Pereira,
pelo incentivo inestimável aos meus
estudos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente, tenho que agradecer à Deus por sempre me dar muita sabedoria e
discernimento para lutar e afim de vencer os obstáculos que vão aparecendo ao
longo de nossa existência, e por jamais me deixar desistir e sempre lembrar que
seria capaz de conquistar os meus sonhos.

Agradeço ao Professor Ubiracy pela disponibilidade em ajudar orientando para que


tomasse o rumo certo, pela experiência transmitida e de uma forma geral sua
contribuição tem sido fundamental durante este trabalho de conclusão de curso.

Agradeço aos Professores do qual fizeram parte de toda grade curricular do curso
de Engenharia Civil pela disponibilidade na troca de conhecimentos durante o
processo de aprendizado e funcionários da Faculdade Pitágoras pela colaboração e
convivência.

Agradeço a toda minha família que sempre foram incentivadores na minha carreira
acadêmica, com maior importância meus pais Quitério e Rosilene, pela paciência,
compreensão, carinho e amor em todos os momentos da minha vida.

Agradeço a todas as pessoas que sempre me apoiaram na minha vida: as minhas


grandes amizades por me possibilitarem instantes únicos de muita alegria e
descontração. Agradeço de forma geral a todos meus amigos que me deram muita
força, incentivo e determinação.
SANTOS, Jadson Pereira. Pontes Estaiadas: métodos construtivos para balanço
sucessivo. 2018. 43 pag. Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil –
Faculdade Pitágoras, Maceió, 2018.

RESUMO

Na criação de uma ponte estaiada possuem inúmeras possibilidades estruturais, por


exemplo, pode-se usar um ou dois planos de cabos em diferentes arranjos, mastros
e tabuleiros com seções transversais de vários tipos de vinculação externa. Para
qualquer problema sempre há ao menos uma solução viável para sua construção,
entretanto, algumas configurações construtivas terão maior eficiência e eficácia da
perspectiva do consumo de insumos, tempo de execução e atuação da estrutura. O
desenvolvimento progressivo das pontes estaiadas leva à justificativa para a
realização deste trabalho como resultado da elevada utilização deste tipo de
estrutura de ponte no Brasil e no mundo, sobretudo, ao seu adequado
comportamento estrutural e pela alternativa do uso de uma estrutura mais leve,
esbelta e econômica. A princípio, foi realizada uma pesquisa ampla sobre os
componentes estruturais e concepções de projetos mais utilizados no intuito de
apresentar a evolução das pontes estaiadas com seus aspectos de trajetória,
novidades em tecnologias utilizadas nos projetos e distintas formas de geometria da
estrutura e o método construtivos para balanços sucessivos aplicados nestas obras
de arte. Enfim, foram apresentados os elementos estruturais de uma ponte
estaiadas, tais como: disposição dos estais, alguns modelos de seções transversais
dos tabuleiros, algumas formas, das inúmeras possibilidades geométricas, das torres
e a explicação do método construtivo para balanços sucessivos.

Palavras-chave: Balanço Sucessivo; Estrutura; Métodos construtivos; Ponte


estaiada;
SANTOS, Jadson Pereira. Static Bridges: constructive methods for successive
balance. 2018. 43 pages. Completion of a Civil Engineering Course - Pitágoras
College, Maceió, 2018.

ABSTRACT

In the creation of a cable-stayed bridge have numerous structural possibilities, for


example, one or two cable planes can be used in different arrangements, masts and
trays with cross-sections of various types of external bonding. For any problem there
is always at least one feasible solution for its construction, however, some
constructive configurations will have greater efficiency and effectiveness from the
perspective of the consumption of inputs, execution time and structure performance.
The progressive development of the staied bridges leads to the justification for this
work because of the high utilization of this type of bridge structure in Brazil and in the
world, above all, its adequate structural behavior and the alternative of using a
lighter, slender structure and economical. At first, a broad research was carried out
on the structural components and conceptions of the most used projects to present
the evolution of the staied bridges with their trajectory aspects, novelties in
technologies used in the projects and different forms of structure geometry and the
constructive method for successive balances applied in these works of art. Finally,
we have presented the structural elements of a stationary bridge, such as: layout of
the stains, some models of cross sections of the trays, some forms of the numerous
geometric possibilities of the towers and the explanation of the constructive method
for successive balances.
 
Key-words: Successive Balance; Structure; Constructive methods; Static bridge;
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Embarcação egípcia construída com estais sustentando vigas..............15


Figura 2 – Ponte de madeira com estais...................................................................16
Figura 3 – Ponte Donzére, França 1952...................................................................16
Figura 4 – Sistema de pontes estaiadas com correntes proposto por Navier..........17
Figura 5 – Concepções estruturais: (a) categoria 1, (b) categoria 2, (c) categoria 3
....................................................................................................................................19
Figura 6 – Elementos estruturais..............................................................................21
Figura 7 – Componentes dos Estais.........................................................................22
Figura 8 – Exemplos de seção de cordoalhas..........................................................22
Figura 9 – Sistema de ancoragem e proteção do estai............................................23
Figura 10 – Um plano vertical central........................................................................24
Figura 11 – Seção transversal do plano vertical central...........................................24
Figura 12 – Dois planos verticais de apoio...............................................................25
Figura 13 – Seção transversal de dois planos verticais de apoio.............................25
Figura 14 – Dois planos inclinados...........................................................................26
Figura 15 – Interferência dos estais no gabarito da via............................................26
Figura 16 – Içamento de tabuleiro pré-moldado.......................................................27
Figura 17 – Seção vazada de concreto protendido..................................................28
Figura 18 – Ponte Stonecutters, em Hong Kong......................................................28
Figura 19 – Construção da Ponte Stonecutters .......................................................29
Figura 20 – Ponte da Passagem, Estado de Espirito Santo.....................................30
Figura 21 – Exemplos de torres com mastro único...................................................31
Figura 22 – Exemplos de torres com dois mastros...................................................32
Figura 23 – Ilustração da atuação das cargas..........................................................33
Figura 24 – Sequência construtiva de aduelas da ponte sobre o Rio Paranaíba....35
Figura 25 – Ponte Hoover Dam em arco sendo construída em balanços sucessivos
que são sustentados por cabos ancorados em uma torre provisória........................36
Figura 26 – Execução de um trecho de uma ponte em balanços sucessivos que
avançam simultaneamente para ambos os lados de um único apoio.......................37
Figura 27 – Ilustra o içamento de uma aduela pré-moldada, executado por meio de
caminhão com guindaste...........................................................................................37
Figura 28 – Ilustração de três formas distintas de execução do sistema construtivo
em aduelas pré-moldadas: A primeira por meio de caminhão com guindaste, a
segunda por meio de balsa e a terceira por meio de treliça lançadeira....................38
Figura 29 – Vista aérea da Ponte Octavio Frias de Oliveira.....................................39
Figura 30 – Ponte Octavio Frias de Oliveira em construção....................................40
Figura 31 – Ponte Octavio Frias de Oliveira em construção....................................41
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................13
2. CONCEPÇÃO DE UMA PONTE ESTAIADA.....................................................15
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS..................................................................................15
2.2 EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS ADOTADOS PONTES ESTAIADAS..................17
2.3 SISTEMAS ESTRUTURAIS................................................................................19
3. DESCCRIÇÃO DE CADA ELEMENTO CONSTITUINTE DAS PONTES
ESTAIADAS COM SUAS RESPECTIVAS FUNCIONALIDADES............................21
3.1 OS ESTAIS..........................................................................................................21
3.2 O TABULEIRO.....................................................................................................27
3.3 AS TORRES........................................................................................................30
4. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DE PONTES ESTAIADAS PARA BAANÇO
SUCESSIVO................................................................................................................33
4.1 SISTEMA DE BALANÇO SUCESSIVO...............................................................34
4.1.1Ponte Octávio Frias de Oliveira - São Paulo......................................................39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................42
REFERÊNCIAS...........................................................................................................43
13

1. INTRODUÇÃO

A construção de pontes sempre foi um indicativo importante do


desenvolvimento de uma sociedade humana. Devido a sua principal
funcionalidade de transpor obstáculos, interligando um determinado lugar a outro,
as pontes ajudam no crescimento do progresso social e econômico. É possível
estreitar as relações comerciais entre cidades vizinhas, separadas por grandes
rios ou vales profundos, dinamizando, assim, o transporte de seus produtos.
As primeiras pontes foram surgindo naturalmente pela queda das árvores
por cima dos rios, assim facilitando sua travessia de obstáculos. De tal modo
como a engenharia e a arquitetura progridem, pode-se construir diversos tipos de
pontes sendo cada vez mais longas e com menos suportes de apoios. O homem,
portanto, possui muitos conhecimentos sobre as forças que atingem esses corpos
e usa métodos para minimizá-las ou, então, transferi-las para pontos mais
resistentes da estrutura, como é o caso das pontes estaiadas.

Do modo que número de pessoas e veículos vem aumentando, as ruas e


as rodovias dos centros urbanos não suportarão tal demanda, mas quais
tipologias e métodos para essas obras? As pontes estaiadas, que por sua vez
permitem vencer compridos vãos, e estas obras de artes vêm sendo projetadas e
executadas com essa resolução estrutural, que tem como objetividade principal a
sustentação do tabuleiro através de estais, que por sua vez também ligados às
torres de suporte.
O presente trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo
bibliográfico focando essencialmente nos principais sistemas construtivos de
pontes estaiadas em balanço sucessivo, e, notadamente, abordar para a
comunidade científica com diversas referências seguindo os aspectos
cronológicos analisando os avanços das pontes estaiadas, demonstrar as partes
constituintes da modelagem de uma ponte estaiada, conhecer a importância do
método construtivo em balanço sucessivo para toda estrutura.
Foram realizadas pesquisas em várias bases de dados bibliográficos, ao
finalizar as pesquisas em cada base, as referências duplicadas foram excluídas.
Não foi selecionado um limite cronológico e foram selecionados artigos escritos
em português e em outras línguas. Optou-se pela busca por termos livres, sem o
14

uso de vocabulário controlado (descritores). Com essa estratégia, houve uma


recuperação de um número maior de referências, garantindo a detecção da
maioria dos trabalhos publicados dentro dos critérios pré-estabelecidos. Definido
sistema para análise, aplicaram-se uma pesquisa nos diversos materiais em
estudo para elucidar a aplicação deles com relação ao processo de montagem da
estrutura.
15

2. CONCEPÇÃO DE UMA PONTE ESTAIADA

A modelagem estrutural dos estais não é tão atual quanto as pontes estaiadas
propriamente ditas, em algumas estruturas, como tendas, passarelas e até mesmo
embarcações, já se usavam os cabos de sustentação. As pontes estaiadas
apareceram como uma solução eficiente para transpor grandes vãos com estruturas
mais esbeltas, econômica e mais leves.

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

É bem longa a data o princípio de pontes estaiadas, tais estruturas


suportadas por cordas ou correntes vêm se mostrando uma solução bastante útil
desde das primeiras civilizações. A Figura 1 demonstra a utilização de cordas
pelos egípcios para a sustentação dos mastros nas suas embarcações e dos
povos indígenas, norte americanos, que chegaram também a construir pequenas
pontes de madeiras sustentadas por cordas (TROITISKY, 1997).

Figura 1- Embarcação egípcia construída com estais sustentando vigas

Fonte: Troitisky, (1997)

Uma das primeiras pontes construídas com estais e documentada, data de


1784 e foi construída toda em madeira, como mostra a Figura 2, inclusive os estais,
por um carpinteiro alemão de nome Löscher na cidade de Fribourg na Suíça, o seu
vão era de 32 m (TROITISKY, 1997).
16

Figura 2- Ponte de madeira com estais

Fonte: Troitisky, (1997)

As primeiras pontes estaiadas modernas foram construídas por Eduardo


Toroja, em 1920 sobre Aqueduto Tampul, e por Albert Caquot, em 1952 sobre o
canal Donzére. A Alemanha contribuiu significativamente no desenvolvimento das
pontes estaiadas com os artigos publicados por Franz Dischinger e com as séries
de pontes executadas sobre o Rio Rhine, (VIRGOGEUX 1997) mostrada na
Figura 3 .
Figura 3- Ponte Donzére, França 1952
17

Fonte: Virlogeux, (1997)

Segundo Troistsky (1977) as pontes estaiadas poderia ter sido uma forma
usual de construção, mas também uma séria de acidentes ocorridos na Inglaterra,
França e Alemanha, em 1823, desencadeou uma manifestação de C. L. Navier.
No artigo publicado Mémories sur les Ponts Suspendus. Nesse trabalho, ele
propôs um sistema de pontes sustentadas por correntes inclinadas e comparou
dois modelos. A Figura 4 mostra que o primeiro sistema os cabos estavam
ancorados no topo, já no segundo sistema apresentava os cabos ancorados ao
longo do comprimento do mastro.

Figura 4- Sistema de pontes estaiadas com correntes proposto por Navier


18

Fonte: Troitisky, (1997)

A conclusão de Navier foi que, para um determinado vão e altura do


mastro, o custo dos dois modelos era, basicamente, igual. No entanto, esse tipo
de estrutura não foi bem compreendida; tratando-se dos cabos, ou seja, a área
transversal era insuficiente e estes não eram protendidos durante a construção,
que consequentemente, os estais tinham um bom rendimento se, e somente se,
os cabos atingissem uma deformação considerável. Essa característica das
pontes estaiadas e alguns acidentes ocorridos até aquele tempo foi o que levou a
Navier a considerar as pontes pênseis melhores e mais confiáveis que as
estaiadas (TROITSKY, 1977).

2.2EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS ADOTADOS PARA PONTES ESTAIADAS

Pontes por balanço sucessivo é uma técnica geralmente usada para


facilitar a execução do projeto sobre rios, vales e vias de trafego intenso, isto é,
em áreas onde há um impedimento de montar escoramento. Foi criado em 1930
pelo engenheiro Emílio Baumgart, no qual o mesmo realizou tal processo
construtivo na Ponte Herval sobre o Rio do Peixe, Santa Catarina, com
comprimento de 68m (EQUIPE SH, 2015).
Este método, frequentemente se inicia a partir de um pilar com
seguimentos denominados aduelas são postas de tal forma que vão formando o
tabuleiro. Em situações será necessário segurar as aduelas com os estais
19

ligando-as a um mastro principal, tendo em vista que sua funcionalidade é


suportar os esforços de toda estrutura (NAKAMURA, 2011).
Então, de seguimento em seguimento, vai se formando o tabuleiro e cada
seção destes elementos tem uma função primordial, com enorme resistência, e
para contribuir, aumenta a interação dos estais com o mastro e realiza uma flexão
longitudinal razoável do tabuleiro, isso ocorre na etapa de construção e é
importante na etapa de operação da ponte, dessa forma, o levantamento axial do
tabuleiro também requer do mesmo, rigidez a torção (NAKAMURA, 2011).
Com o aprimoramento tanto do aço quanto do concreto, materiais bastante
prescindíveis para construção de uma ponte, vem ocorrendo um considerável
aumento do número de pontes estaiadas pelo mundo. Estas condições apenas
têm contribuído e vislumbraram uma imensa perspectiva para a engenhosidade
dos projetistas, utilizando este sistema construtivo (EQUIPE SH, 2015).
Existem vários aspectos que diferenciam as pontes estaiadas das demais,
primeiramente é a estética, pois possuem uma arquitetura sofisticada. Além disso,
é a tecnologia mais aprimorada de projeto e construção de pontes do mundo.
Mediante a isso, é de extrema importância a presença de hardwares e de
programas de cálculo, foram criados e outros corrigidos tendo em vista que
contribuíram para aumentar a vida útil da obra exigindo menos manutenção que
as outras, ela deve durar mais de 100 anos (NAKAMURA, 2011).
Com o passar do tempo, Cláudio (2010) diz que as pontes estaiadas ficaram
mais alongadas e menos rígidas. No início as pontes possuíam poucos estais e
eram muito espaçados, que suportavam tabuleiros muito rígidos. Tais tabuleiros
eram responsáveis por suportar às solicitações de flexão entre os pontos de apoio
dos cabos.
Antigamente as pontes estaiadas apresentavam um maior número de
estais, mas agora houve uma leve mudança, onde os estais são poucos,
espaçados, e passaram a expor múltiplos estais com suspensão total do tabuleiro,
inclusive próximo às torres (CLÁUDIO, 2010).

2.3SISTEMAS ESTRUTURAIS

As pontes estaiadas são estruturas que consistem basicamente de um


tabuleiro (em concreto armado, protendido ou em estrutura metálica), suportado
20

por cabos de aço retos e inclinados, chamados de estais, que são fixados nas
torres. Entre suas vantagens estão a capacidade de vencer grandes vãos,
esbeltez da seção transversal, economia em material, e estética diferenciada,
tornando-se, em muitas cidades, um belo atrativo turístico (LAZZARI, 2016).
Segundo Mason (1977), em comparação com as pontes pênseis, as pontes
estaiadas possuem pendurais mais rígidos, dando maior eficiência em relação à
carga móvel sem apresentar instabilidade aerodinâmica. O tabuleiro pode ser de
estrutura metálica, de concreto armado ou protendido e apresentam menores
flechas, em comparação com as pontes pênseis.
Comenta, Torneri (2002), que as pontes estaiadas são mais econômicas
para vãos inferiores a 1.500 m, devido à maior eficiência dos estais. Em pontes
com vão superior a 1.500 m, os esforços normais transferidos ao tabuleiro pelos
estais são muito elevados, aparecendo obstáculos construtivos. Para estes casos
recomenda-se a aplicação de pontes pênseis.
Figura 5- Concepções estruturais: (a) categoria 1, (b) categoria 2, (c) categoria 3

Fonte: Walther et al. (1999)


Nesta categoria 1, o tabuleiro é muito rígido e o espaçamento longitudinal
dos estais é grande, fazendo com que grande parte da carga caminhe pelas vigas
longitudinais, causando elevados momentos fletores, (WALTHER et al. 1999).
Na categoria 2 os estais têm uma responsabilidade maior pelo
carregamento atuante no tabuleiro, pois apresentam espaçamento menor entre os
pontos de ancoragem. Como a flexão longitudinal atuante é reduzida, o tabuleiro
21

passa a ter uma geometria mais leve e esbelta, contribuindo significativamente


com o fator estético (WALTHER et al. 1999).
As pontes da categoria 3 são caracterizadas por não apresentarem
simetria. As cargas atuantes nestas estruturas são transmitidas para um elemento
externo capaz de garantir estabilidade ao conjunto. Estes elementos são
chamados de blocos de ancoragem e recebem o carregamento pelos estais de
retaguarda, responsáveis por estabilizar a estrutura (WALTHER et al. 1999).
22

3. DESCRIÇÃO DE CADA ELEMENTO CONSTITUINTE DAS PONTES


ESTAIADAS COM SUAS RESPECTIVAS FUNCIONALIDADES

As obras de artes, referidas aqui, podem variar sua geometria de diversas


maneiras, dependendo das necessidades e da estética desejada. Há diversas
maneiras de se organizar os seus componentes estruturais: distribuição longitudinal
e transversal dos estais, tipos de vinculações, ancoragem dos cabos, seção e
geometria de torres e tabuleiros, metodologias construtivas, materiais empregados e
aspectos visuais, fazendo das pontes estaiadas um ícone de orgulho e cartão postal
das cidades onde são construídas (MAZARIM 2011).

Figura 6 - Elementos estruturais

Fonte – Mazarim 2011

Para melhor entendimento do funcionamento e comportamento das pontes


estaiadas será feita uma análise de maneira isolada de cada componente estrutural
que compõe esse sistema.

3.1OS ESTAIS

Segundo Mazarim (2011), este é o elemento estrutural encarregado pela


suspenção dos carregamentos atuantes do tabuleiro para as torres. Basicamente
composto por unidades de tensionamento, sistemas de ancoragem e sistemas de
proteção como apresenta a Figura 7 a seguir.
23

Figura 7 – Componentes dos Estais

Fonte - Mazarim 2011

Os componentes de tensionamento de uma ponte estaida tem como


responsabilidade pela elevação das cargas, que geralmente são compostos de
barras rígidas ou conjuntos de cordoalhas, formando os estais, essa última sendo
ilustrada na Figura 8 abaixo.
Figura 8- Exemplos de seção de cordoalhas

Fonte - Rusbridge, 2010


24

No entanto, Mazarim (2011) diz que a utilização de cordoalhas, ao invés de


barras rígidas, tem sido a solução mais bem aceita e adotada. As cordoalhas são
compostas por um feixe de fios que são dispostos circundando um núcleo central em
uma ou mais camadas.
Na Figura 9 mostra os sistemas de ancoragem são responsáveis pelos
ajustes durante o processo de execução da ponte, com o maior objetivo de
suportar as tensões e realizar o nivelamento dos estais e tabuleiro, dessa forma
permitindo uma pratica manutenção e troca dos estais quando preciso. Além
disso, tendo a capacidade de realizar ajustes nos sistemas de ancoragem
podendo obter um isoalongamento dos estais, garantindo um melhor
funcionamento do conjunto.

Figura 9 - Sistema de ancoragem e proteção dos estais

Fonte - Rusbridge, 2010

Sistemas de proteção: reveste os cabos de aços dos estais e tem a função


de proteger o aço contra corrosão, ou seja, as intempéries de um modo geral. A
seguir será demonstrado a análise geométrica da distribuição transversal dos
cabos.
25

Figura 10- Um plano vertical central

Fonte - Mazarim 2011

Segundo Mazarim (2011) este método, apresentado na Figura 10 acima, com


um plano central de cabos mostra-se a estrutura mais limpa e mais esbelta. Logo, da
análise estrutural esta solução é menos vantajosa, tendo em vista que os efeitos de
torção e de estabilidade ficam dependentes da rigidez do tabuleiro.

Figura 11 – Seção transversal do plano vertical central

Fonte - Mazarim 2011


26

Figura 12 - Dois planos verticais de apoio

Fonte – Mazarim 2011

Já esta solução é mais interessante, quando os tabuleiros são mais largos,


dessa forma os efeitos de torção já não são tanto significativos quanto no primeiro
método. Outra vantagem é que pode-se utilizar o sistema de proteção transversal
para reduzir os efeitos de flexão utilizando assim, tabuleiros mais leves (MAZARIM
2011).

Figura 13 – Seção transversal de dois planos verticais de apoio


27

Fonte – Mazarim 2011

Figura 14 - Dois planos inclinados

Fonte - Mazarim 2011

Mazarim (2011) ressalta que as torres com geometria de A, ligando duas


partes do tabuleiro em uma única parte superior, existe uma possível interferência
dos cabos com o gabarito rodoviário da ponte, isso ocorre devido à inclinação dos
cabos em relação ao tabuleiro e é mais visível nos casos dos tabuleiros curvos, em
pontes com maiores dimensões ainda mais quando os pilares são baixos.
Figura 15 - Interferência dos estais no gabarito da via
28

Fonte – Mazarim 2011

3.2O TABULEIRO

É a parte por onde transitam os veículos e pode ser executado de diferentes


formas e maneiras, assim como também podendo ter várias geometrias, sempre
buscando a eficiência e eficácia do projeto realizado.
Os tabuleiros podem ser de diferentes materiais: concreto, metal e misto de
concreto e aço.
Tabuleiros de concreto – vem sendo usado no método dos balanços
sucessivos utilizando peças pré-fabricada in loco ou não, as mesmas são içadas no
local fazendo-se as devidas ligações com as peças já instaladas na ponte ganhando
bastante tempo na execução (MAZARIM 2011).
Figura 16 - Içamento de tabuleiro pré-moldado
29

Fonte – Mazarim 2011

Outro fator que permitiu quas as seções se tornassem mais esbeltas foi o
concreto protendido adotando estruturas de concreto vazadas. São de grande
vantagem devido a economia de material e diminui o peso próprio da estrutura
(MAZARIM 2011).

Figura 17 – Seção vazada de concreto protendido

Fonte – Mazarim 2011

Tabuleiro metálico – usualmente o metal utilizado é o aço que torna até 80%
mais leves em relação ao de concreto, pois são mais caros que os tabuleiros de
30

concreto. A diferença do peso torna os tabuleiros metálicos mais leves o peso total
da estrutura assim uma redução dos estais, pilares e fundações (MAZARIM 2011).
A utilização do aço em tabuleiros é muito importante levar em consideração a
ação do vento, por ser mais leve torna a estrutura mais suscetíveis a oscilações.

Figura 18 – Ponte Stonecutters, em Hong Kong

Fonte – Mazarim 2011

Figura 19 – Construção da Ponte Stonecutters

Fonte – Mazarim 2011


31

A ponte de Stonecutters, em Hong Kong, dimensionada para resistir à ação


de ventos aproximadamente 95 m/s, com um vão livre de 1018 m, o material
utilizado no tabuleiro foi o aço assim aumentando sua resistência e diminuindo o
peso próprio da estrutura (MAZARIM 2011).
Tabuleiro misto de concreto e aço – existem inúmeras vantagens: redução no
peso da seção devido à utilização e instalação de perfis metálicos, facilidade no
transporte e instalação dos perfis metálicos, durabilidade da laje de concreto,
rapidez na execução (MAZARIM 2011).
Figura 20 – Ponte da Passagem, Estado de Espirito Santo
32

Fonte – Mazarim 2011

3.3AS TORRES

As torres ou pilares ou mastros são elementos de grande altura, sendo


solicitados pelo esforço de compressão, gerado pelo peso próprio e pela
componente vertical dos estais. Estas torres devem ser projetadas para resistir aos
esforços de aceleração e frenagem de veículos, forças do vento e ações sísmicas,
garantindo a estabilidade global da estrutura. O comportamento da torre depende de
sua interação com todos os demais elementos, como por exemplo: conexão com o
tabuleiro, ligação com o sistema de cabos e condições de vinculação externa de
toda a estrutura (LAZZARRI 2016).
Lazzarri (2016) ainda comenta que no estudo da conexão com o tabuleiro,
uma torre esbelta tem pouca resistência às solicitações de momentos fletores
longitudinais e necessita de um tabuleiro mais rígido. Já, para uma torre mais rígida,
podem-se adotar tabuleiros mais esbeltos, desde que sejam dispostos um número
suficiente de estais, de modo que não fiquem submetidos a grandes esforços de
flexão.
A ligação entre o sistema de cabos e a torre também é um detalhe importante
que deve ser analisado. Para o sistema de cabos em harpa, normalmente utilizam-
se torres com rigidez à flexão mais elevadas para resistir a cargas assimétricas no
tabuleiro. Já no sistema em leque, os momentos fletores longitudinais são
transferidos aos cabos de ancoragem, tendo pouca influência a rigidez longitudinal
das torres (TORNERI, 2002).
Segundo Walther et al. (1999), a definição da altura da torre está diretamente
ligada à configuração dos cabos, ou seja, à inclinação dos estais. Aconselha-se que
o ângulo de inclinação entre o cabo mais longo e a horizontal seja superior a 25º,
caso contrário, as deflexões no tabuleiro se tornarão muito altas e adota-se uma
altura de torre de 20% a 25% do vão central.
A seção transversal da torre depende basicamente da solicitação normal a
que ela estará sujeita, sendo predominante sobre as demais. É usual a utilização de
seções caixão com elevadas espessuras das paredes.
Segundo DNER (1996), existem dois tipos principais de torres: com mastro
único ou com dois mastros. As torres com mastro único são utilizadas em geral para
33

pontes de pequenos e médios vãos. Nas torres com dois mastros recomenda-se o
alinhamento do plano de cabos com o eixo do mastro, evitando-se a introdução de
flexão transversal na torre e grandes deslocamentos.

Figura 21 - Exemplos de torres com mastro único

Fonte – DNER 1996

Figura 22 - Exemplos de torres com dois mastros

Fonte – DNER 1996

Em relação à vinculação da torre, existem três tipos básicos. O primeiro


corresponde à torre fixa na base, onde são gerados elevados momentos fletores,
exigindo um aumento da rigidez da estrutura global. O segundo tipo corresponde à
34

fixação da torre na superestrutura, sendo utilizado em pontes com um único plano


de estais e com tabuleiro de seção caixão. E, na terceira condição de apoio, a torre
é articulada na base na direção longitudinal, reduzindo os seus momentos de flexão,
utilizado normalmente em estruturas com más condições de solo de fundação
(LAZZARRI 2016).
35

4. CONCEPÇÃO ESTRUTURAL DE PONTES ESTAIADAS PARA BALANÇO


SUCESSIVO

Basicamente a ideia para a concepção dessas obras de artes constitui-se em


ancorar os tirantes inclinados em torres ou pilares e fazê-los sustentar o tabuleiro,
produzindo assim apoios intermediários ao longo do vão. Esse sistema estrutural
pode ser dividido em quatro partes fundamentais.
 As vigas de rigidez e a laje (tabuleiro);
 O sistema de cabos que suporta o tabuleiro;
 As torres que suportam o sistema de cabos na vertical;
 Os blocos de ancoragem que suportam o sistema de cabos
vertical e horizontalmente ou os pilares de ancoragem que
oferecem apenas suporte vertical (TORNERI 2002).

Figura 23 – Ilustração da atuação das cargas

Fonte: Vargas 2007


36

Torneri (2002) afirma que o modelo estrutural da ponte estaiada é


basicamente uma série de triângulos sobrepostos constituídos com os elementos
citados acima, todos esses componentes estão solicitados predominantemente por
forças axiais, com os cabos em tração, os pilares e o tabuleiro em compressão.

4.1 SISTEMA DE BALANÇO SUCESSIVO

A primeira ponte construída neste sistema construtivo foi projetada pelo


engenheiro brasileiro Emílio Baumgart, para a construção do vão central da Ponte
de Herval sobre o rio Peixe em Santa Catarina, em 1930 (LEONHARDT, 1979).
Segundo Rosenblum (2009) o processo consiste na construção da obra em
segmentos, denominados aduelas, que podem ser pré-moldadas ou moldadas no
local, constituindo balanços que avançam sobre o obstáculo a ser vencido.
As aduelas pré-moldadas são fabricadas no canteiro e transportadas
verticalmente por meio de treliças metálicas até a extremidade do balanço, onde são
protendidas longitudinalmente. Entre as aduelas pode-se usar ou não cola à base de
resina epóxi, que serve para lubrificar a superfície, diminuir os efeitos das
imperfeições das juntas entre as aduelas, impermeabilizar a junta e contribuir para a
transmissão das tensões cisalhantes (ALMEIDA 1986).
Quando as aduelas são moldadas no local, a concretagem é executada com
o auxílio de fôrmas deslizantes escoradas nos trechos já construídos e, na idade
apropriada, as aduelas são protendidas. Mesmo no sistema de aduelas pré-
moldadas, o primeiro trecho do balanço, denominado arranque ou aduela de partida,
é moldado no local e o escoramento de sua fôrma é feito sobre o apoio
(ROSENBLUM 2009).
O vão é construído em balanços sucessivos, partindo-se de cada apoio do
vão até a metade do vão, veja a Figura 24 abaixo, onde é feito o fechamento central
evitando articulações que seriam locais de possíveis patologias futuras. A execução
deve ser muito bem controlada, principalmente com relação às deformações, para
que os trechos cheguem ao centro do vão simultaneamente e coincidentemente.
Normalmente, a concretagem do trecho central é realizada nos períodos com menor
variação de temperatura, para que os efeitos térmicos não provoquem esforços no
trecho até o endurecimento do concreto (ALMEIDA 1994).
37

Figura 24 - Sequência construtiva de aduelas da ponte sobre o Rio Paranaíba

Fonte – Golebiewski 2008

Após a concretagem do fechamento central surge um esforço denominado


momento de restituição ou hiperestático da deformação lenta. Este esforço ocorre
em função da alteração do sistema estrutural que impede a deformação diferida do
concreto que prosseguiria até sua estabilização final. Com a continuidade do trecho
central, o aumento da rotação diferida na seção fica impedido surgindo assim o
esforço hiperestático. Este esforço é nulo no instante da ligação, crescendo
38

progressivamente até um limite em função do fenômeno da relaxação (MASON,


1977).
Segundo as afirmações de Almeida (1986) sempre que possível, projeta-se a
obra para que os balanços sejam feitos simetricamente em relação ao apoio,
evitando grandes desequilíbrios entre as cargas. Quando os balanços são desiguais
ou há balanço em apenas em um vão, pode-se utilizar lastro no vão anterior ao
balanço ou até mesmo estais ajustáveis ao desenvolvimento do vão, suportados por
torres provisórias e ancorados no apoio anterior, melhor ilustrado na Figura seguinte.

Figura 25 - Ponte Hoover Dam em arco sendo construída em balanços


sucessivos que são sustentados por cabos ancorados em uma torre provisória.

Fonte: Mazarim (2011)


39

Figura 26 - Execução de um trecho de uma ponte em balanços sucessivos


que avançam simultaneamente para ambos os lados de um único apoio.

Fonte- Mattos, (2001).

O sistema construtivo em aduelas pré-moldadas é recomendado quando


ocorrem os seguintes fatores: dificuldades de escoramento direto (rios profundos,
greides elevados); necessidade de grandes vãos, por imposição de gabaritos ou
para evitar fundações muito dispendiosas (vãos entre 60 e 240m); execução de
viadutos sem a interdição do trânsito em zona urbana. O comprimento das aduelas
deve ser constante para facilitar a fôrma, sendo determinado em função da
capacidade portante da treliça de escoramento (MATTOS 2001).

Figura 27 - Ilustra o içamento de uma aduela pré-moldada, executado por meio de


caminhão com guindaste.

Fonte- Mattos (2001).


40

A execução em aduelas pré-moldadas pode ser feita por dois processos


distintos: o sistema SHORT-LINE no qual as aduelas são fabricadas com o uso de
apenas uma fôrma metálica, sendo esta fôrma muito sofisticada e cara, para atender
a todas as diferenças e mudanças entre as seções transversais das aduelas, assim
como as conformações em planta e perfil do projeto geométrico da estrutura; e o
sistema LONG-LINE é fabricada uma fôrma para todo o vão, podendo ela ser
reaproveitada para outros vãos que sejam iguais. A fôrma e a armação são
montadas sobre um escoramento metálico ou sobre uma pista de concreto que
poderá servir de fôrma de fundo. As aduelas são concretadas de maneira a garantir
60 a perfeita acoplagem entre si, onde cada aduela concretada na etapa anterior
serve de forma para a próxima (ALMEIDA, 2000).

Figura 28 - Ilustração de três formas distintas de execução do sistema


construtivo em aduelas pré-moldadas: A primeira por meio de caminhão com
guindaste, a segunda por meio de balsa e a terceira por meio de treliça lançadeira

Fonte- Mattos (2001).


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4.1.1 Ponte Otávio Frias de Oliveira – São Paulo

Durante a concepção de projeto era previsto a execução de duas pontes


estaiadas uma do lado da outra, devido a vários fatores que ocasionariam
intervenções visuais e técnicas no em torno da construção. Logo, ainda em
projeto, decidiram-se executar uma única ponte com dois tabuleiros. Haja vista
que a geometria prescrita era para ligar as vias desta localidade, sendo assim, os
dois tabuleiros foram construídos em curva (MAZARIM, 2011).

Realizou-se a Ponte Octavio Frias de Oliveira como a pioneira ponte


estaiada do mundo com dois tabuleiros em curva do mundo e apenas apoiada em
uma excêntrica torre (MAZARIM, 2011).

Figura 29 - Vista aérea da Ponte Octavio Frias de Oliveira

Fonte- Mazarim (2011).

A Construtora OAS foi a responsável pela construção, já o projeto estrutural


ficou incumbida por três empresas a Enescil Engenharia e Projetos, a ANTW
Engenharia e Projetos e a Antraing Murandian com as responsabilidades dos
seguintes engenheiros Catão Francisco Ribeiro, Heitor Afonso Nogueira Neto e
Antraing Murandian (MAZARIM, 2011).
O preço para execução da ponte foi cerca de 184 milhões de reais, com um
adicional de mais 40 milhões de reais para drenagem, sinalizações viárias e
pavimentação. Os tabuleiros foram construídos pelo método dos balanços
sucessivos, iniciando da única torre até a unção das alças de acesso. Nos pontos de
42

ancoragem doa estais foi instalada células de cargas apropriadas para monitoras as
cargas aplicadas com o objetivo de regular as tensões de montagem, para um
melhor desempenho do tabuleiro (MAZARIM, 2011).

Figura 30 - Ponte Octavio Frias de Oliveira em construção

Fonte- Mazarim, (2011).

O Tabuleiro foi construído em concreto protendido e tem uma extensão


de 290 metros com 16 metros de largura. Já a torre possui uma altura de 138
metros, foi configurada com essa altura para que os estais não interferissem na
parte interna do tráfego da ponte (MAZARIM, 2011).
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Figura 31 - Ponte Octavio Frias de Oliveira em construção.

Fonte- Mazarim (2011).

Foram instalados 18 pares de estais em cada um dos vãos da ponte, para dar
melhor suporte ao tabuleiro, somando em 144 estais com um peso de 462 toneladas
de aço. Os cabos ficaram arranjados de forma espacial, e com a curvatura do
tabuleiro causou um cruzamento de cabos próximo da ancoragem dos estais na
torre. Eles são preservados dentro de um tubo amarelo de polietileno e alta
resistência mecânica, que é também altamente resistente a corrosão e á ação dos
raios ultravioleta. Foi feito análise realizada no túnel de vento do LAC (Laboratório
de Aerodinâmica das Construções) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul –
UFRGS, após os ensaios a ponte foi capaz de resistir a ventos com a velocidade de
até 250 km/h (MAZARIM, 2011).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O grande progresso que as pontes estaiadas tiveram, consolidou-se devido


ao aperfeiçoamento dos materiais empregados na sua construção e uma gama de
ferramentas tecnológicas sendo utilizadas nos projetos para dimensionamentos.
Com essa evolução impulsionou a economia possibilitando a execução das
pontes com maior segurança na sua atuação estrutural. Portanto, na fase inicial,
de projetos, é de extrema importância que o calculista e/ou projetista tenha
conhecimentos das várias configurações dos estais, assim como tabuleiros e as
torres visando um comportamento como um todo para atender um melhor
desempenho da estrutura.
Além disso, vale lembrar que as novidades nos métodos construtivos têm
tornado mais prático, rápido e eficiente criando demasiada formas de execução,
sendo um deles o método construtivo para balanços sucessivos. Em consonância
com os avanços da tecnologia tem-se e aumentado o número de pontes
construídas deste tipo pelo mundo que houve também uma grande melhoria no
aspecto visual tornando as estruturas mais leves e esbeltas, assim muitas das
vezes tornando um cartão postal da cidade que foi construída fazendo assim jus a
sua terminação: obra de arte.
Este estudo propiciou um breve entendimento da atuação global para este
tipo de estrutura com esse método construtivos para balanços sucessivos e pode-
se analisar a grande importância de se estudar este tema, logo trata-se do modelo
de ponte com a maior demanda de execução nos dias atuais. Dentre os avanços
analisados, pode-se concluir que atualmente há havendo desenvolvimento
tecnológico, principalmente no que diz respeito aos materiais, softwares e
métodos construtivos, alavancou o crescimento das pontes estaiadas de maneira
exponencial desde meados do século passado.
Apesar que o Brasil se encontra num patamar muito avançado em relação
as pontes estaiadas, sabe-se que há muito ainda que se descobrir tanto nas
novidades de materiais quanto com avanços tecnológicos por isso ainda há muito
espaço para avançar nas construções dessas estruturas.
45
46

REFERÊNCIAS

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continuidade. 1 Congresso de Engenharia Civil da Universidade de Juiz de Fora,
Juiz de Fora, 1994.

ALMEIDA, Sérgio Marques Ferreira de; SOUZA, Vicente Custódio Moreira de;
CORDEIRO, Thomas José Ripper. Processos construtivos de pontes e viadutos
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Federal do Ceará, Fortaleza, 2010.

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Desenvolvimento Tecnológico. Divisão de Capacitação Tecnológica. Manual de
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DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRAESTRUTURA E TRANSPORTE (DNIT).


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http://www.sh.com.br/blog/2015/o-que-e-o-metodo-balanco-sucessivo/. Acesso em
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– Divisa MG-MS – BR 497, Simpósio Internacional de Pontes e Grandes
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47

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estaiadas através do método dos elementos finitos. 2016. 301p. Tese de
doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
2016.

LEONHARDT, Fritz. Construções de Concreto: Princípios Básicos da


Construção de Pontes de Concreto, v. 6, Rio de Janeiro: Interciência, 1979. 241 p.

MASON, J. Pontes em concreto armado e protendido: princípios do projeto e


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MATTOS, Tales Simões. Programa para Análise de Superestruturas de Pontes


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