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VI CBGDP Belo Horizonte, MG, Brasil, 27 a 29 de agosto de 2007

O Processo de Levantamento dos Fatores de Influência no Projeto


de Máquinas Agrícolas: Fundamentos e Níveis de Modelagem
Vinicius Kaster Marini, Eng. Mec.. (UFSM) marinivk@gmail.com
Leonardo Nabaes Romano, Dr. Eng. (UFSM) romano@smail.ufsm.br
Arno Udo Dallmeyer, Dr. Agr. (UFSM) arnod@ct.ufsm.br

Resumo
As máquinas agrícolas são expostas a várias ações de elementos externos, de características
diversas e de comportamento variável. Tal característica requer atenção especial para o
desenvolvimento desses produtos, no qual o levantamento de informações claras sobre esses
elementos fornece critérios importantes para as tomadas de decisão. O objetivo deste artigo é
demonstrar a possibilidade de realizar esse processo de forma sistemática, gerenciável, para
que as informações obtidas possam ser rastreadas ao longo do projeto. A partir das
considerações gerais apresentadas para o processo de desenvolvimento de máquinas
agrícolas, a metodologia empregada para a pesquisa deste tema consiste na realização das
seguintes etapas: (a) o levantamento das diretrizes e dos requisitos de caráter geral para a
modelagem de processos; (b) a descrição da abordagem empregada para a modelagem e a
representação do processo; e, (c) a exibição da forma sugerida para a representação das
informações levantadas. Resulta, então, um modelo para o levantamento dos fatores de
influência no projeto da MA, que auxilia na definição dos pacotes de trabalho e das
informações do processo. Tais entregas, reunidas ao sistema de documentação do projeto,
poderão ser rastreadas e recuperadas ao longo do processo de desenvolvimento da MA.

Palavras chave: Processo de Desenvolvimento, Modelagem, Fatores de Influência.

1. Introdução
O caráter instável dos ambientes de operação, a quantidade de elementos desses ambientes, e
a variabilidade e/ou dispersão das propriedades desses elementos durante a execução das
tarefas, são considerações importantes a tomar em empreendendo o desenvolvimento de
máquinas agrícolas (RICHEY et al., 1961). Essas características fazem com que o projeto
desse tipo de máquina seja encarado como uma atividade cujo grau de desafio é diferenciado
no contexto da engenharia (KEPNER et al. 1972). Por isso, obrigam os projetistas à
consideração de vários fatores nas tomadas de decisão ao longo do desenvolvimento dessas
máquinas, de modo a garantir que o produto desenvolvido alcance o desempenho apropriado
às necessidades dos clientes. Tais características constituem um conjunto importante de
fatores de influência no projeto (CHRISTIANSON e ROHRBACH, 1986).
No processo de desenvolvimento de máquinas agrícolas (PDMA), eles são levantados
mediante análises sobre diferentes elementos, como parte do processo de coleta de
informações que definem linhas-guia para a atuação dos projetistas no desenvolvimento da
MA (ROMANO, 2003). As informações obtidas consistem em propriedades de elementos que
permeiam o ciclo de vida da MA como características dos ambientes em que esta se insere ao
longo desse processo. Esses ambientes guardam, então, elementos que interferem no
andamento do projeto quanto ao estabelecimento de características necessárias ao alcance da
satisfação dos clientes (MARINI et al., 2006a). Tais informações guardam um alto nível de
complexidade, e possuem importantes implicações sobre o andamento do desenvolvimento da
MA. Dessa forma, é fundamental que esse processo seja entendido de forma compartilhada
entre os agentes envolvidos, quanto ao gerenciamento das tarefas e à organização das
informações armazenadas, que devem ser recuperadas posteriormente.
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O levantamento dessas características é contextualizado na fase de projeto informacional do


PDMA, em acordo com a ilustração da Figura 1.
Apresentação
plano do projeto

Monitoramento do mercado / planejamento de marketing

Fatores de influência
Fatores de influência
na manufatura
no Projeto da
Máquina Agrícola
Envolvimento de
fornecedores

Necessidades Requisitos Requisitos Máquinas disponíveis Especificações Informações de Lições Aprovação das
dos clientes dos clientes de projeto no mercado de projeto segurança aprendidas especificações projeto

Metas de
dependabilidade Análise econômica
financeira
Custo meta
da máquina
Atualização do
Avaliação das plano do projeto
especificações

Monitoramento do progresso do projeto Fase 3

Figura 1 – Contexto do levantamento dos fatores de influência no projeto da MA. Fonte: Romano (2003).
Considerando que os fatores de influência no projeto, conforme descritos a priori, interferem
sobre o desempenho pretendido da MA, este trabalho tem o objetivo de demonstrar a
formalização dessa atividade, contextualizada no modelo de referência (MR-PDMA)
(ROMANO, 2003). Tal modelagem, servindo de marco referencial para as demais atividades
de desenvolvimento, serve em favor do entendimento da importância de se levantar tais
fatores, reconhecendo os prováveis obstáculos ao alcance das metas de satisfação dos clientes.

2. Definição dos Fatores de Influência no Projeto


Os fatores de influência no projeto consistem, inicialmente, na totalidade das informações que
determinam o andamento do projeto da MA (CHRISTIANSON e ROHRBACH, 1986). Na
visão dos autores, três conjuntos de elementos são considerados: as necessidades dos clientes;
as obrigações legais e os tributos econômicos; e, as características de produção e de mercado
da empresa. Como é constatada a existência de conceitos mais específicos e de metodologias
apropriadas nas pesquisas sobre projeto e desenvolvimento de produtos industriais, a
definição dos fatores de influência no projeto deve ter seu escopo reavaliado. No contexto do
MR-PDMA, os fatores de influência no projeto consistem em informações que, armazenadas
em sua maior parte na forma de medidas, interferem no desenvolvimento da solução técnica
que será produzida, comercializada e utilizada, quanto ao alcance das metas de desempenho,
confiabilidade, mantenabilidade e segurança (ROMANO, 2003).
Nesse enfoque, é de grande importância a caracterização do meio operatório, que se trata das
características do ambiente que, interagindo com as características de produção da MA,
resultam na definição das características operacionais da máquina (MIALHE, 1996). Para a
caracterização dos fatores de influência, do ponto de vista do projeto da MA, o meio
operatório é considerado somente quanto ao seu âmbito físico. Este abrange os elementos
físicos e os demais recursos que fazem parte dos ambientes do ciclo de vida da MA.
Esclarecer as fases desse ciclo que interessam à equipe de projeto é outro aspecto importante
que contribui para a consolidação da definição dos fatores de influência no contexto do MR-
PDMA. Tendo em mente as características dos elementos que compõem a definição dos
fatores de influência (ROMANO, 2003), é possível entender que sua interferência sobre o
projeto se manifesta a partir da expedição e daí durante todo o intervalo de vida útil da MA.
Tal abrangência concorda com a definição de meio de inserção para os ambientes do ciclo de
vida que originam fatores de influência no projeto (MARINI et al., 2006a).
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3. Modelagem dos Processos de Projeto


Modelar um processo trata-se de definir um conjunto de atividades organizadas em uma
ordem específica, com entradas e saídas claramente identificadas, cujo resultado pode ser um
produto ou um serviço (DAVENPORT apud ZAKARIAN e KUSIAK, 2000). Segundo os
autores, cada uma das atividades consiste em uma transformação que recebe um conjunto de
entradas e as transforma em um conjunto de saídas que tem algum valor para os clientes.
Empreender essa prática significa conhecer e deixar clara a maneira pela qual um conjunto
qualquer de atividades é conduzido na prática. Não se trata apenas de identificar as atividades
e mostrar as respectivas conexões. É necessário ir mais além, identificando e descrevendo
cada uma delas (ARAÚJO et al., 2001).
Especificamente em relação aos processos de projeto, por sua natureza não-determinística,
torna-se necessária a captura de informações incompletas que evoluem com o tempo. Manter
a consistência entre os elementos pode ser bastante complicado se considerado todo o ciclo de
vida de um projeto (PARK e CUTKOSKY, 1999). Para atingir os propósitos relacionados à
modelagem (VERNADAT apud ROMANO, 2003), é importante que a abordagem dos
processos seja realizada em atenção a uma série de requisitos. Esses podem ser formalizados
em dois conjuntos básicos: os requisitos de modelagem; e, os requisitos de representação.
3.1 Requisitos de Modelagem
A modelagem de processos tem a complexidade como característica intrínseca, que advém de
razões ligadas aos seguintes aspectos (ARAÚJO et al., 2001):
• O grau de profundidade da análise;
• O nível de inter-relacionamento entre as atividades; ou,
• A maneira de executar as atividades na prática.
Em função desse caráter intrínseco dessa abordagem sobre os processos, a partir de seus
componentes e das respectivas relações, uma abordagem modular e incremental constitui
recomendação importante para modelar esses sistemas. (BERIO e VERNADAT, 1999). Os
autores abordam critérios básicos para definir os requisitos mínimos para a modelagem de
sistemas organizacionais, em função das características inerentes aos processos:
• Fluxos de entidades: os processos devem ser descritos quanto aos elementos que
os caracterizam, na forma de fluxos de materiais, informações e de controles e/ou
decisões;
• Visões de modelagem: a organização deve ser caracterizada em quatro visões
básicas, considerando o que tem de ser feito, quais são os elementos processados,
quem ou o que deve fazer cada coisa, e as unidades de responsabilidade e suas
dependências; e,
• Níveis de modelagem: os processos e/ou sistemas modelados podem ser analisados
considerando os níveis de requisitos dos usuários, de especificações de projeto
(soluções que satisfazem os requisitos) e de descrição da sua implementação.
Tais elementos fornecem linhas-guia que devem ser examinadas e interpretadas para a análise
dos processos e a constituição dos modelos, à luz das necessidades particulares que motivam
tais esforços em consideração a um processo específico. Em relação aos fatores de influência
no projeto da MA, a necessidade estabelecida pode ser interpretada a partir dos critérios já
mencionados, tendo em mente as seguintes questões: caracterizar os elementos de
informação; classificá-los em uma ordem hierárquica quanto à afinidade; definir as inter-
dependências entre as informações; definir os papéis básicos dos agentes e dos elementos
envolvidos; e representar esse processo na forma de um modelo de procedimentos.
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3.2 Requisitos de Representação


A modelagem de processos em diferentes graus de detalhe impõe desafios, especialmente
para processos que envolvem várias pessoas e vários domínios de conhecimento. Outra
característica que requer atenção nesse tipo de abordagem é a maneira de representar as
informações uma vez que elas são capturadas. Muitas vezes uma representação considerada
adequada para análises detalhadas se torna pouco acessível quando se trata de visualizar um
processo inteiro (PARK e CUTKOSKY, 1999). O objetivo da modelagem de processos
organizacionais é a unificação semântica, ou seja, o alcance de uma interpretação única e
compartilhada por todos os agentes envolvidos. Tendo em mente a complexidade inerente a
essa abordagem, é possível que a modelagem de processos possa ser feita através da
montagem de vários modelos. Esses devem ser constituídos considerando as necessidades dos
domínios de conhecimento presentes nas organizações (VERNADAT, 2004).
Restringindo o foco para a abordagem específica dos processos de projeto, tal assertiva
continua a ser verdadeira, pois a complexidade das informações envolvidas é potencializada
pelo caráter dinâmico do ambiente que se procura retratar. Por conta disso, a representação de
processos acaba por necessitar ser realizada em várias etapas, tendo em mente as necessidades
específicas de reprodução e de interpretação das informações. Romano (2003) define vários
requisitos de representação para a modelagem de processos. Em função deles, houve a
necessidade de elaborar uma estrutura específica para representar os processos que compõem
o MR-PDMA. Daqueles requisitos, os que trazem maiores contribuições à definição da
modelagem de informações para os fatores de influência seguem:
• Representar o desenvolvimento com base na visão de processo;
• Possibilitar o entendimento a partir da unificação da identidade de representação
gráfica e descritiva dos componentes;
• Declarar as subdivisões do modelo nos respectivos componentes e indicar a
seqüência lógica envolvida para sua elaboração;
• Indicar os domínios de conhecimento envolvidos para realizar as tarefas; e,
• Indicar as informações necessárias à realização das atividades.
Tais requisitos motivam à necessidade de utilizar uma estrutura semelhante, com abordagem
descritiva apropriada, para representar os processos de elaboração das informações para
definir os fatores de influência no projeto da MA. Tendo em consideração as questões
levantadas anteriormente, que definem o conjunto de necessidades para a modelagem do
processo de levantamento dos fatores de influência, a estrutura de representação (ER) do
PDMA serve de meio para definir e configurar os elementos que compõem essa atividade.

4. Modelo para o Levantamento dos Fatores de Influência


Em se tratando de informações cujo papel é esclarecer as características que podem interferir
no alcance das metas de desempenho da MA, o seu levantamento organizado é fundamental
para garantir a eficácia dos procedimentos de busca e de seleção. Além disso, a divisão
adequada dos pacotes de trabalho também é importante para que o gerenciamento do processo
se faça com o emprego de acompanhamento e de controle adequados.
4.1 Metodologia de Abordagem
Conhecidas as motivações que determinam a realização do esforço de modelagem, o processo
do levantamento dos fatores de influência no projeto é analisado através da leitura e da
interpretação das informações contidas na declaração inicial em unidades de informação de
nível macro.
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A partir dessa definição inicial, é possível interpretar a existência de quatro categorias básicas
de informações que compõem os fatores de influência: (1) exame do escopo do projeto da
MA; (2) avaliação das máquinas agrícolas existentes; (3) definição dos critérios de
homologação da MA; e, (4) levantamento de aspectos da operação executada pela MA
(MARINI et al., 2006b). Essa decomposição motivou à proposição de uma abordagem
descritiva da atividade. Cada elemento dessa abordagem corresponde a um nível de
decomposição hierárquica das informações que compõem o modelo de fatores de influência
no projeto. A decomposição do processo de levantamento dos fatores de influência progride
desde as categorias, passando pelas classes, até chegar ao nível de propriedade, que pode
conter descrições verbais ou medidas.
As classes tratam dos grupos de informações pertinentes a cada elemento que pertence a uma
dada categoria, e as propriedades correspondem às características individuais desses
elementos que, inicialmente descritas de forma qualitativa, podem ser desdobradas na forma
de especificações de projeto. Isso significa que a classe tem o propósito de caracterizar um
dado elemento em suas respectivas propriedades. Estas, por sua vez, são as unidades
elementares do modelo de levantamento dos fatores de influência no projeto.
4.2 Modelagem das informações
Por conta disso, a definição do modelo foi feita com o objetivo de exprimir claramente cada
característica individual do conjunto de fatores de influência, tanto na interpretação verbal da
definição quanto na contextualização de cada característica dentro do universo abordado.
Procurando atender a esses dois critérios, as descrições das classes e das propriedades foram
elaboradas segundo o formato do Quadro 1.

Axx Axxx O formato da descrição descreve a [“a”]


[Categoria, comunicação feita (destaque no Nomes ou qualidades
[Categoria, Classe]
Classe, verbo) e a coisa tratada (destaque [++]
Nome da Propriedade] no substantivo). Medidas ou quantidades
classe Propriedade [“a”] Æ [++]
Qualidades que devem ser
derivadas em medidas ou quantidades

Quadro 1 – Representação básica das classes e das propriedades dos fatores de influência no projeto da MA.
Tendo em mente o caráter assertivo das atividades em coletar, levantar e descrever
características de vários elementos que influenciam no desempenho do projeto da MA no
mercado, as propriedades são constituídas de maneira que cada um delas é descrita na forma
de uma função. Dessa forma, estas constituem unidades elementares do processo de
levantamento dos fatores de influência. Tal abordagem cumpre os objetivos de caracterizar os
elementos de informação como tarefas básicas de um processo organizacional e de classificá-
los em uma ordem hierárquica quanto à afinidade, conforme abordado a priori. Entretanto,
enquanto descreve os elementos e os caracteriza quanto ao grau de afinidade das informações,
não trata das interdependências, quanto aos relacionamentos e aos papéis desempenhados.
Em razão da necessidade de conhecer esses relacionamentos, colaborando para a completeza,
torna-se fundamental adotar uma abordagem de processo que permita atingir os objetivos
relacionados ao alcance de uma representação consolidada. Tal representação constitui
requisito importante à configuração dos modelos de processo, na medida em que colabora
para cumprir a meta de obter interpretação única e compartilhada, conforme Vernadat (2004).
As propriedades foram modeladas como funções, que precisam ser modeladas não somente
quanto às interdependências, mas também quanto ao papel exercido por cada uma delas.
Dessa forma, as prescrições de modelagem e representação passam a ser atendidas por uma
plataforma cuja capacidade descritiva é maior e mais complexa.
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Considerando as conclusões de outras análises sobre modelagem de processos


(MALMSTRÖM et al., 1999; ZAKARIAN e KUSIAK, 2000), justifica-se a adoção de uma
estrutura de representação que adote como base a caracterização de processos com base no
conjunto de metodologias IDEF. Sendo que a modelagem de tal processo vem a constituir
parte de um modelo de referência como é o MR-PDMA, é fundamental que a abordagem de
análise dos processos tenha capacidades que possibilitem a descrição completa das práticas
envolvidas. Em razão desse requisito, reconhece-se na ER-PDMA (ROMANO, 2003) –
exibida na Figura 4 – uma ferramenta importante para a descrição dos elementos que
compõem os fatores de influência.

Figura 4 – Elementos da Estrutura de Representação do PDMA. Fonte: Romano (2003)


O uso dessa abordagem de representação deve atender aos objetivos de reprodução do
processo de levantamento dos fatores de influência, representando com adequação e
completeza as interdependências entre as informações, os papéis desempenhados e os
domínios de conhecimento envolvidos. Em razão disso, a abordagem de representação dos
fatores de influência no projeto segue o formato proposto no Quadro 2.

Axy Entrada Propriedade Domínio Mecanismo Controle Saída

Informações Axy1 XX Meio de obter Informação de Informação


de entrada Dimensões Agentes Axx1 e Axx2 controle para pertinente ao
físicas típicas envolvid Axx1 somente propriedade
os Axx1

Axy2 XX, YY Informação de


Obstáculos ao controle para
deslocamento Axx1 e Axx2

Informação
Classe

pertinente ao
propriedade
Axx2

Meio de obter Informação de


Axx2 somente controle para
Axx2 somente

Informações ... ... ... ... ...


de entrada
Axyn ZZ Técnica de Informação
Medida dos trabalho Axxn
obstáculos

Quadro 2 – Representação funcional das classes e das propriedades dos fatores de influência no projeto da MA.
Tal abordagem possibilita descrever cada propriedade quanto às informações necessárias e os
respectivos papéis em seu levantamento, aos agentes diretamente envolvidos em relação ao
conhecimento necessário, às práticas empregadas para seu levantamento e aos resultados de
informação obtidos. Com esse recurso, conclui-se que passam a ser atendidos os requisitos de
definição das interdependências entre as informações e dos papéis dos entes envolvidos.
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4.3 Definição dos procedimentos


A última etapa da modelagem do processo de levantamento dos fatores de influência trata da
síntese das informações levantadas nos modelos funcionais na forma de diagramas de fluxo.
Busca-se assim representar as possibilidades de interdependência, de paralelismo e de
seqüenciamento, relacionadas à execução das atividades de levantamento das informações.
Com esse objetivo, dois níveis de representação são adotados para reproduzir o conjunto de
tarefas que compõe o levantamento dos fatores de influência. O primeiro nível toma como
elemento-base cada categoria de informação levantada para os fatores de influência, e sua
representação é exibida na Figura 5.

Figura 5 – Modelo de procedimento para o levantamento dos fatores de influência, por categoria.
Esse conjunto trata cada categoria como unidade de procedimento no diagrama de fluxo, em
que cada uma delas deve ter suas informações verificadas ao final do levantamento. Ao final
do processo, as informações são validadas em comparação com as diretrizes do projeto. Se
pertinentes, as informações são aprovadas e anexadas ao sistema de documentação do projeto,
procedimento com o qual o levantamento dos fatores de influência se dá por encerrado.
O segundo nível toma como elemento-base cada uma das classes que compõe uma categoria
de informação em particular. Sua representação é exibida na Figura 6, tomando como
exemplo a categoria de exame do escopo do projeto (A1).

Figura 6 – Modelo de procedimento para o levantamento dos fatores de influência, por classe.
Os elementos mostrados em uma mesma posição horizontal consistem em conjuntos de
informações que podem ser levantados simultaneamente, na presença de recursos humanos e
materiais que possibilitem tal tática. A proposição de ordem temporal das tarefas é baseada
nos resultados obtidos a partir das representações funcionais das classes, que demonstram a
interdependência entre as informações envolvidas. Ao final do levantamento da categoria, as
informações são verificadas e aprovadas de forma preliminar, sendo então registradas para
recuperação no procedimento de validação final dos fatores de influência. Só então, se
aprovadas e consolidadas, as informações serão anexadas ao sistema de documentação do
projeto, servindo de base para a definição de especificações de projeto.
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5. Considerações Finais
Certamente não é tarefa simples levantar os fatores de influência no projeto, principalmente
pela complexidade do processo e pelos obstáculos colocados a partir da logística de busca de
informações. Também a estrutura e a abordagem do modelo proposto, conforme descritas
neste trabalho, podem vir a impor certo grau de desafio em sua interpretação e entendimento.
Apesar disso, sua utilidade em descrever as informações necessárias à caracterização dos
fatores de influência no projeto da máquina agrícola supera potenciais dificuldades que
podem surgir ao início de sua adoção. O alcance do entendimento compartilhado dessa
proposta pelos agentes envolvidos no projeto deve proporcionar vantagens significativas para
o alcance do sucesso no desenvolvimento de máquinas agrícolas.
Agradecimentos
Os autores agradecem aos Engenheiros Lucas Arend, Cledir Colling e Marcelino Knob, pelas
contribuições repassadas no interesse da realização deste trabalho.

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